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Universidade do Estado do Pará

Curso de Licenciatura Plena em Geografia


Disciplina: Geografia Política (80 h)
Prof. Me. Dérick Lima Gomes

Discente: Natalia Barros Oliveira

1) “[...] da mesma forma que Maquiavel, Ratzel era um intelectual do seu tempo, e para
ele o nacionalismo, como estratégia de consolidação do império alemão, era bem mais
importante do que a adesão a uma ética política de defesa dos povos e dos Estados mais
fracos” (CASTRO, 2005, p. 67).
Considerando o livro de Iná Elias de Castro, discorra sobre o contexto da obra de Ratzel
e as possíveis comparações entre as ideias deste autor e as de Maquiavel, conforme
sugere Castro.

Segundo Castro (2005) é necessário ressaltar duas dimensões do ambiente em que


Ratzel viveu. A primeira nos séculos XVIII e XIX, em que a Alemanha encontrava
dificuldades no que se referia a organização do espaço geográfico e a segunda dimensão
seria a de uma Alemanha em um ambiente filosófico influenciado pelas obras de Hegel,
pelo ambiente científico influenciado pelas construções teóricas de Darwim e do
nascimento da Sociologia como resultado das transformações causadas pela Revolução
Industrial.

Como reflexo de sua época, Ratzel elaborou sua geografia política ressaltando a
importância do território paras as nações, partindo da ideia do Estado como um
organismo ligado diretamente ao solo, no qual viveriam sobre ele grupos sociais unidos
por laços comuns e seria tarefa do Estado a de proteger o território contra ataques
externos e de expandir seu domínio sobre outros territórios mais enfraquecidos. Assim
para Ratzel não existiria Estado sem território.

Para Castro (2005) é possível encontrar paralelismos entre algumas questões centrais da
obra de Ratzel e a de “O Príncipe” de Maquiavel, pois ambos acreditavam na
centralização político-territorial como um meio que garantiria o Estado como instituição
duradoura. Enquanto Maquiavel afirmava somente através da centralização do poder
político nas mãos de um príncipe a Itália teria sucesso em resistir as invasões e
fragmentações de seu território dos ataques externos, Ratzel considerava o solo como
essencial para um Estado forte com a adesão do povo à ideologia do nacionalismo.

2) “Pode-se afirmar com relativa segurança que a geopolítica, tal como foi exposta pelos
principais teóricos, é antes de tudo um subproduto e um reducionismo técnico e
pragmático da geografia política, na medida em que se apropria de parte de seus
postulados gerais para aplicá-los na análise de situações concretas interessando ao jogo
de forças estatais projetado no espaço” (COSTA, 1992, p. 55).
Considerando a obra de Wanderley Messias da Costa, faça uma síntese sobre as ideias
centrais de três dos principais teóricos da geopolítica clássica: Mahan, Mackinder e
Haushofer. Como reflexão final, responda: por que a geopolítica, como afirma Costa, é
um “subproduto e um reducionismo técnico pragmático da geografia política”?

Segundo Costa (1992), Alfred T. Mahan é reconhecido como um autêntico teórico do


expansionismo ao incentivar o envolvimento de toda a população de um país em
participar de atividades econômicas relacionadas com atividades marítimas, isto é, na
construção de um poder marítimo. Especialmente os Estados Unidos ao propor que a
“abertura de um canal da América Central provavelmente estimularia o país para o
fortalecimento de sua armada e até mesmo ‘impulsos agressivos’, já que o comércio
marítimo se expandiria consideravelmente.” (p. 71). Para ele, o poder marítimo de uma
nação dependeria de sua capacidade da sua capacidade em instalar e manter em
funcionamento uma “rede de pontos de apoio” ao longo dos litorais do mundo.

Halford John Mackinder destaca-se dentro da geopolítica por seus estudos pragmáticos
e por influir uma ampla área do pensamento geopolítico. Ele defendia a ideia de que a
disputa pela hegemonia em escala global dependia da importância cada vez maior do
“poder terrestre”. Mackinder alertou sobre a importância de um “coração continental”
que compreenderia terras na Eurasia que coincidiam o Império Russo. Por essa razão,
ele se preocupava de uma possível aliança russa-alemã, pois para ele quem controlasse a
Eurasia, controlaria a “Ilha Mundial” e quem controlasse a “Ilha Mundial” controlaria o
mundo.

Segundo Costa (1992), Karl Ernst Haushofer integraria a mais famosa e controvertida
escola de geopolítica de todos os tempos. Na Alemanha em um período de entreguerras,
Haushofer inspirando-se em Kjéllen e articulando-o com as ideias de Ratzel, delineou
boa parte de estratégias geopolíticas germânicas para estabelecer o poder da Alemanha
sobre os demais países. Ele pontificou sobre a necessidade do “espaço vital” em que o
Estado necessitaria de uma área proporcional à sua população para obter recursos
necessários para se tornar desenvolvido, com o qual Hitler se utilizaria para estimular
sua pregação expansionista.

A geopolítica é um subproduto e reducionismo técnico e pragmático da geografia


política em virtude de seus estudos não científicos que seriam guiados pela ideologia do
Estado para elaborar estratégias voltadas para aquisição de poder sobre determinado
território.

Referências

CASTRO, Iná Elias de. Relações entre território e conflito. In: CASTRO, Iná Elias de.
Geografia e Política: território, escalas de ações e instituições. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2005. Cap. 2, p. 59-79.

COSTA, Wanderley Messias da. Geografia política e geopolítica: discursos sobre


território e o poder. São Paulo: HUCITEC; EDUSP, 1992.

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