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Débora Pimenta trabalhou como auxiliar de coveiro na sociedade

empresária Morada Eterna Ltda., de 30/03/2018 a 07/01/2019, quando foi


dispensada sem justa causa, recebendo, por último, o salário de R$ 1.250,00
mensais, conforme anotado na CTPS. Em razão disso, ela ajuizou reclamação
trabalhista em face da sociedade empresária. A ação foi distribuída ao juízo da 90ª
Vara do Trabalho de Teresina/PI, recebendo o número 0050000-
80.2019.5.22.0090. 

Débora formulou vários pedidos, que assim foram julgados:

o juízo declarou a incompetência material da Justiça do Trabalho para apreciar o


pedido de recolhimento do INSS do período trabalhado;

foi reconhecido que a jornada se desenvolvia de 2ª a 6ª feira, das 10 às 16 horas,


com intervalo de 10 minutos para refeição, conforme confessado pelo preposto em
interrogatório, sendo, então, deferido o pagamento de 15 minutos com adicional de
50%, em razão do intervalo desrespeitado, e reflexos nas demais verbas salariais;

não foi reconhecido o salário oficioso de mais R$ 2.000,00 alegado na petição


inicial, já que o julgador entendeu não haver prova de qualquer pagamento “por
fora”;

foi deferido o pagamento de horas extras pelos feriados, conforme requerido pela
trabalhadora na inicial, que pediu extraordinário em “todo e qualquer feriado
brasileiro”, sendo rejeitada a preliminar suscitada na defesa contra a forma
desse pedido;

foi deferida indenização de R$ 6.000,00 a título de dano moral por acidente do


trabalho em razão de doença degenerativa da qual a trabalhadora foi vítima,
conforme laudos médicos juntados aos autos;

foi indeferido o pagamento de adicional noturno, já que a autora não comprovou


que houvesse enterro, ou preparação para tal fim, no período compreendido entre
22 e 5 horas;

foi deferido o pagamento do vale-transporte em todo o período trabalhado, sendo


que, na instrução, o magistrado indeferiu a oitiva de duas testemunhas trazidas
pela sociedade empresária, que seriam ouvidas para provar que ela entregava o
valor da passagem em espécie diariamente à trabalhadora;

foi julgado procedente o pedido de devolução em dobro, como requerido na


exordial, de 5 dias de faltas justificadas por atestados médicos, pois a preposta
reconheceu que a empresa se negou a aceitar os atestados porque não continham
CID (Classificação Internacional de Doenças);

foi deferido o pagamento correspondente a 1 cesta básica mensal, porque sua


entrega era prevista na convenção coletiva que vigorou no ano anterior (de janeiro
de 2017 a janeiro de 2018) e, no entendimento do julgador, uma vez que não
houve estipulação de uma nova norma coletiva, a anterior foi, automaticamente,
prorrogada no tempo;
foram deferidos honorários advocatícios em favor do advogado da autora na razão
de 20% da liquidação e, em favor do advogado da ré, no importe de 10% em
relação aos pedidos julgados improcedentes.

Diante disso, na condição de advogado da ré, redija a peça prático-profissional


para a defesa dos interesses da sua cliente em juízo, ciente de que, na
sentença, não havia vício ou falha estrutural que comprometesse sua
integridade. (Valor: 5,00)

Obs.:  a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para
dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação. Nos casos em que a lei exigir liquidação de valores, não será necessário que o
examinando a apresente, admitindo-se que o escritório possui setor próprio ou contratado
especificamente para tal fim.  

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EXMO. SR. JUIZ DA 90ª VARA DO TRABALHO DE


TERESINA/PIAUÍ.

Processo nº 0050000-80.2019.5.22.0090

MORADA ETERNA LTDA., empresa já qualificada


nos autos da reclamação trabalhista movida por DÉBORA PIMENTA,
vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, por seu procurador
signatário, com fulcro no artigo 895, I, da CLT, interpor

RECURSO ORDINÁRIO

contra a sentença proferida, requerendo o


recebimento do presente apelo e a remessa de suas razões para o
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho, para fins de conhecimento e
julgamento, na forma da Lei.

Segue no anexo o comprovante de recolhimento


dos valores correspondentes ao preparo recursal.

Nestes Termos,

Pede deferimento.
Local, data e assinatura.

AO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO

RECORRENTE: MORADA ETERNA LTDA.

RECORRIDA: DÉBORA PIMENTA

Processo nº 0050000-80.2019.5.22.0090

RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO

I – Síntese da sentença proferida

II – Dos pressupostos de admissibilidade

III – Preliminar recursal

III-1 – Cerceamento de prova /

Cerceamento de defesa

A recorrente argui a nulidade da sentença, por


cerceamento de defesa, tendo em vista o indeferimento a prova
testemunha requerida.

Em audiência de instrução, a recorrente pretendia


ouvir duas testemunhas para comprovar sua tese de defesa de que o
vale-transporte, cujo pagamento fora postulado na inicial, era
fornecido em dinheiro.

No entanto, o Juízo de 1º Grau não só indeferiu a


produção de prova, como condenou a recorrente ao pagamento do
pedido formulado.
Ora, resta evidente o cercamento de prova e de
defesa, vez que a recorrente não teve a oportunidade provar suas
alegações, demonstrando violação à ampla defesa prevista no inciso
LV, do artigo 5º, da CF.

Portanto, a recorrente requer seja decretada


a nulidade da sentença proferida, quanto ao item em questão,
para que seja determinada a reabertura da instrução e o
retorno dos autos à Vara de origem para a produção da prova
testemunhal requerida e indeferida.

IV – Mérito

IV.1 – Dos intervalos de 15 minutos

Merece reforma a sentença que deferiu 15


minutos, como extras, relativos aos intervalos para refeição gozados
parcialmente.

Não obstante a confissão real quanto ao gozo do


intervalo de 10 minutos, nos termos do §4º, do artigo 71 da CLT, a
recorrida faz jus apenas ao período faltante para o gozo integral, no
caso, apenas 5 minutos.

Ainda, não há o que se falar em reflexos, vez que


tal pagamento possui caráter indenizatório, na forma prevista no
mesmo dispositivo acima citado.

Assim, a sentença deve ser reformada para


que a condenação seja limitada a 5 minutos extras, bem como
para que seja afastada a condenação ao pagamento de
reflexos nas verbas salariais.

IV.2 – Feriados trabalhados –

Inépcia da inicial

Merece reforma a sentença que rejeitou a


preliminar de inépcia do pedido de pagamento de horas extras em
“todo e qualquer feriado brasileiro”.

A decisão a quo impôs a condenação da reclamada


sem que a petição inicial declinasse e limitasse quais os feriados em
que houve trabalho, e qual a jornada desempenhada em tais dias, o
que resta exigido pelo §1º, do artigo 840 da CLT.

Ora, a alegação de uma causa de pedir genérica,


sem elementos que impedem o exercício de defesa, configura a
inépcia da petição inicial, em relação ao referido pedido, nos termos
do artigo 330, §1º, I, do CPC.

Com efeito, a recorrente requer seja


reformada a decisão para que seja acolhida a prefacial de
mérito arguida, e para que seja extinto o processo, sem
resolução do mérito, em relação ao pedido de pagamento de
horas extras por trabalho em feriados, nos termos do artigo
485, I, do CPC.

IV.III – Indenização por danos morais

Merece reforma a sentença que condenou a


recorrente ao pagamento de uma indenização por danos morais, no
valor de R$ 6.000,00, em razão de acidente do trabalho.

Isto porque, os laudos médicos juntados aos autos


concluem que a recorrida é acometida de doença degenerativa.

Ora, em se tratando de doença degenerativa, não


há o que se falar em nexo causal entre o trabalho desenvolvido e a
moléstia em questão, tendo em vista o que prevê o artigo 20,
parágrafo primeiro, letra a, da Lei 8.213/1991.

Com efeito, em se tratando de doença


degenerativa, não há o que se falar em responsabilidade civil da
recorrente, nos termos dos artigos 186 e 927 do Código Civil.

Assim, a decisão a quo merece reparo para


absolver a reclamada da condenação imposta.

IV.4 – DAS FALTAS INJUSTIFICADAS

Em que pese a confissão da preposta quanto à


negativa de aceitação dos atestados apresentados pela recorrida,
em função de não conterem o CID, não há previsão legal de
devolução em dobro dos dias descontados, razão pela qual a
sentença merece reforma para reduzir a condenação ao pagamento
de 5 dias, de forma simples.

IV.5 – DA CESTA BÁSICA MENSAL


Merece reforma a decisão proferida, a qual
determinou o pagamento de uma cesta básica mensal, sob o
fundamento de que sua entrega era prevista na convenção coletiva
que vigorou no ano anterior (de janeiro de 2017 a janeiro de 2018)
e, portanto, uma vez que não houve estipulação de uma nova
norma coletiva, a anterior foi, automaticamente, prorrogada no
tempo.

Contudo, não poder mantida a condenação, uma


vez que, nos termos do §3º, do artigo 614 da CLT, resta vedada a
ultratividade das normas coletivas, razão pela qual, em não
havendo nova norma coletiva, não há o que se falar em direito
adquirido da categoria.

IV.6 – DOS HONORÁRIOS DE


SUCUMBÊNCIA

Considerando o provimento do presente recurso


e a improcedência de todos os pedidos postulados, a reclamada
requer seja absolvida do pagamento de honorários de
sucumbência.

SUCESSIVAMENTE, caso mantida a condenação,


a recorrente requer seja arbitrado percentual de honorários entre
5% e 15% sobre a condenação, e não 20%, conforme prevê o
artigo 790-A da CLT.

V – Conclusão

FACE AO EXPOSTO, a recorrente requer seja


acolhida a preliminar recursal arguida e, no mérito, que seja provido
o presente recurso ordinário.

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Local, data e assinatura.

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