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De onde o Senhor Jesus tirou o termo “apóstolo” e em que sentido ele o usou
para nomear os doze que escolheu? O mais provável é que encontremos a
resposta nas Escrituras do Antigo Testamento e no mundo do judaísmo antigo.
Vejamos abaixo.
Há alguns episódios no Antigo Testamento que nos mostram que a
representação autorizada era uma instituição conhecida no Antigo Oriente e
entre os judeus. Os reis de Israel costumavamenviar súditos como seus
representanteslegais para o cumprimento de uma missão. Lemos que o rei
Josafá, durante o grande avivamento espiritual em Israel em seus dias, “enviou”
vários de seus príncipes para ensinarem a lei do Senhor nas cidades de Judá (2C r
17,7-9). O verbo “enviou”, que ocorre no v. 7, é de onde vem o nome
("enviado”), Esses príncipes enviados representavam Josafá e tinham autoridade
para ensinar a lei de Deus, conforme designação do rei de Judá. Eles saíram de
Jerusalém e foram até as cidades, em cumprimento de sua missão. A iniciativa
foi totalmente do rei Josafá e era isto que dava autoridade aos enviados (cf.
também 2C r 30.1).
Outro episódio é o envio de emissários pelo rei Davi para buscar Abigail para ser
a sua esposa. Abigail recebeu os enviados do rei como se fosse o próprio rei (lS m
25.40-41). De acordo com o relato, os servos de Davi foram “mandados” (v. 40)
por ele, isto é, enviados como seus representantes para cumprir uma missão. E
Abigail reconheceu neles os representantes oficiais do rei e os honrou como se
fossem o próprio Davi. “Enviados” de um rei eram considerados como o rei em
pessoa, a ponto de que as ofensas feitas a eles eram consideradas como ofensas
feitas ao próprio rei, como fica claro no episódio entre Davi e o rei Hanum, que
desonrou os enviados de Davi para consolá-lo acerca da morte de seu pai.
Hanum rapou metade da barba deles e cortou suas túnicas à altura das nádegas
e os mandou de volta a Davi (2Sm 10.1-6). A ofensa feita aos enviados de Davi
foi tomada como ofensa contra ele, Não foi ignorada e deu origem a uma guerra
violenta e implacável de Davi contra os amonitas. Obviamente, a representação
autorizada era uma instituição também conhecida em outras culturas do Antigo
Oriente. O episódio da invasão de Judá pelo rei assírio Senaqueribe, que enviou
como seu representante ao rei Ezequias o general Rabsaqué, com cartas e
ameaças em nome do rei (Is 36.1-10), é um exemplo.
A familiaridade de Jesus com este conceito se reflete em algumas das instruções
que ele passou aos doze. Ele lhes disse que aqueles que os recebessem estariam
recebendo a ele próprio (M t 10.40; Mc 9.37; Lc 9.48); quem os escutasse
estariam escutando ao próprio Jesus e quem os rejeitasse rejeitariam a ele
mesmo (Lc 10.16). Jesus lhes deu poderes para fazerem as mesmas coisas que
ele fazia, como expelir demônios, curar doentes e pregar a chegada do Reino de
Deus (M c 3.14; 6.7; Lc 9.2). Desta forma, seria natural que o termo “apóstolo,"
que traduz o aramaico shaliah, fosse usado pelo Senhor para designar os doze
que ele havia escolhido para que levassem adiante a obra que ele havia
começado, como seus representantes autorizados
.
Os profetas como enviados de Deus.
Os profetas de Israel eram considerados como enviados de Deus, autorizados
para falar em nome dEle. Receber a mensagem do profeta era receber a própria
palavra de Deus. Podemos ver estes elementos na chamada dos profetas, como
por exemplo, Isaías. N o relato da visão divina, em que ele foi chamado (Is 6 ,1-
10), Isaías é comissionado por Deus a falar ao povo de Israel, como seu enviado.
Após contemplar a santidade de Deus e perceber seu próprio pecado, Isaías é
purificado e então ouve o comissionamento divino, sob a forma de uma
pergunta: “A quem enviarei, e quemhá de ir por nós?” (Is 6,8). “Enviarei” é uma
tradução do hebraico,respondido nos mesmos termos pelo profeta, “envia- me”.
Como enviado de Deus, Isaías é encarregado de ser a boca de Deus diante do
povo e a transmitir-lhe a mensagem de que foi encarregado, a ponto de poder
dizer, “assim diz o Senhor”. Rejeitar a mensagem de Isaías — que era o que
haveria de acontecer — implicaria em rejeitar o próprio Deus, que o havia
enviado. Isaías não foi enviado por si mesmo, mas por Deus.
CONCLUSÃO:
Não encontramos nos registros canônicos que depois de Paulo mais alguém
tenha reivindicado ter visto Jesus depois da ressurreição, nem mesmo pessoas
como Timóteo, Tito, Lucas, Marcos ou outros dos colaboradores dos apóstolos,
que inclusive escreveram alguns dos livros do Novo Testamento.
Assim, com o término das aparições pessoais do Cristo ressurreto, fica faltando
a mais conspícua das marcas de um apóstolo do calibre dos doze e de Paulo aos
demais apóstolos mencionados no Novo Testamento e, certamente, a todos os
demais que têm reivindicado este título ao longo dos séculos, até nossos dias.
O que queremos dizer é que não existe mais hoje testemunhas oculares da
ressurreição de Cristo. A última foi Saulo de Tarso. Logo, não existem mais
apóstolos hoje como ele e os doze. O ofício de apóstolo cessou com a morte do
último deles.