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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas


Departamento de História

AVALIAÇÃO
1) Caio Prado Jr. inicia seu capítulo “O sentido da colonização” em “Formação do Brasil
Contemporâneo” com a seguinte afirmação: “Todo povo tem na sua evolução, vista à
distância, um certo ‘sentido’”. Segundo esse autor, portanto, é possível identificar qual seria
o “sentido da colonização” do Brasil. Discorra sobre a noção de “sentido da colonização”
de Caio Prado e suas consequências no debate historiográfico sobre o período colonial.
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Caio Prado Jr. (1907 - 1990) foi historiador paulista, responsável por vários debates
historiográficos - de preceito marxista - sobre a formação da sociedade brasileira. Em seu
livro “A Formação do Brasil Contemporâneo” publicado em 1942, é responsável por
explicar o período colonial da América portuguesa. Para Prado Jr., a história sobre a
formação do que hoje conhecemos como Brasil é um pouco equivocada. Os discursos
construídos sobre o período não atribuem o protagonismo histórico aos colonos, por exemplo.
É sobre a Europa e para a Europa. O autor critica a ideia de que a ordenação e
estabelecimento da América Portuguesa foi descrita como um empreendimento comercial
voltado para a Europa, anulando os sujeitos históricos presentes na colônia. O sentido da
colonização para Prado Jr. é construído a posteriori, e ocorre quando o sujeito tem
conhecimento. Essa visão altera as produções historiográficas acerca do período porque,
como autores buscam explicar a fase apenas relatando casos específicos que se alteraram em
benefício do europeu - como a agricultura, escravidão - esquecendo de todo o “restante”,
fazendo com que essas produções descrevam apenas o que ocorria em interesse dos
portugueses, portanto não havia essência sobre os que eram frutos diretos do período
colonial. Era posto em evidência uma América portuguesa “sem autonomia e dependente”,
não existe um rompimento de fato da América portuguesa (ou Brasil colonial) mesmo após
sua independência no século XIX, o trabalho livre ainda não estava estruturado, ainda
funcionava uma grande empresa comercial que, mesmo com a passagem do século, ainda
dependia do mercado europeu.
2) A partir do texto de Maria Fernanda Bicalho, discorra de que forma as relações entre a
colônia e a metrópole foram repensadas.
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Como toda produção epistemológica, teorias elaboradas durante o decorrer da História podem
ser superadas. Em seu debate historiográfico, a professora Maria Fernanda Bicalho¹ produz
um diálogo acerca das produções epistemológicas realizadas para que se debatesse a
administração europeia no período colonial da América portuguesa. Para a autora, o período
de administração colonial - em sua maioria - é retratado na historiografia como um processo
uniforme e de poder centralizado, ignorando a autonomia dos demais presentes na colônia.
Historiadores como Pedro Cardim² e Caio Prado Jr., também produziram debates sobre o
assunto. Inicialmente, Cardim critica a visão unitária do poder real, para ele, a coroa
significava uma série de instituições de poder, sugerindo que essas instituições sejam mais
descentralizadas enquanto protagonistas. Caio Prado Jr. diz que a “administração colonial via
o Brasil apenas como uma empresa”, onde Portugal apenas estendeu ao Brasil suas estruturas
de organização. Para o autor, os lusitanos não criaram uma identidade. Além desses autores
há, também, Antônio Manuel Hespanha³, que critica a homogeneidade feita também pela
historiografia sobre a administração colonial. Esse papel não era só descrito pela
historiografia. A coroa também se impunha enquanto uma instituição absoluta à margem dos
demais, para que não houvesse dúvidas sobre sua legitimidade e fidedignidade. Bicalho
descreve a importância de estudar a “cultura política do período”, pois assim podemos
explicar as perspectivas sobre o governo e sua administração de forma eficaz, apesar das
limitações de acesso às informações sobre a época e precariedade dos documentos datados,
sem contar a tarefa quase impossível de saber o que é crível ou não.
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Bibliografia:
PRADO, Caio Jr. “O sentido da colonização”. In: Formação do Brasil Contemporâneo. Colônia. 15ª
ed. São Paulo: Brasiliense, 2000.

BICALHO, Maria Fernanda. “Entre a teoria e a prática: dinâmicas político-administrativas em


Portugal e na América portuguesa (séculos XVII e XVIII)”. In: Revista de História, nº 167. São
Paulo: Ed. USP, 2012.

¹ Professora Associada no Departamento de História da Universidade Federal Fluminense.


² Professor associado da Universidade Nova de Lisboa.
³ Professor catedrático aposentado da Universidade Nova de Lisboa, professor do Centro
Universitário Internacional, Curitiba.

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