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mestre
do
seu
sistema
Capa
André Morganti
sobre foto de Freeze Frame Studio/Istockphoto
Preparação de texto
Margô Negro
Revisão
Marina Mariz
Impressão
Bartira Gráfica e Editora S/A
Moretto, Máera
O mestre do seu sistema : o caminho de volta da ansiedade e da
síndrome do pânico / Máera Moretto. – Barueri : Sá Editora, 2010 .
ISBN 978-85-88193-55-0
10-06741 CDD-615.89
Máera Moretto
Prólogo 9
Novos caminhos
O Tao originou-se do vazio e o vazio
produziu o Universo. O Universo pro-
duziu o Qi. O que era leve e limpo le-
vantou-se para tornar-se o céu. O que
era pesado e turvo solidificou-se para
tornar-se a terra.
Figura 1
Meridiano dos
pulmões
S-circulação
meridiano
Meridiano
do coração
Meridiano
do baço
Meridiano
dos rins
Meridiano
do fígado
Meridiano
do intestino delgado
Meridiano
do estômago
Meridiano
Meridiano do intestino
da vesícula grosso
Meridiano
do triplo
aquecimento
Meridiano
da bexiga
Figura 2
Lua Sol
Frio Quente
Mulher Homem
Escuro Claro
Fraqueza Força
Molhado Seco
Sistema nervoso Sistema nervoso
parassimpático simpático
Oeste e Norte Leste e Sul
Outono e Inverno Primavera e Verão
Baixo/ interior Alto/ exterior
Crônico Agudo
Pesado Leve
Os caminhos,
do desequilibrio
Disse Quibo: o paciente é a raiz e o
médico é o ramo; ambos devem ser
compatíveis. Naturalmente, é neces-
sária a cooperação do paciente, mas
apenas a cooperação do paciente, sem
um bom médico, não basta; também
se pode falar da incompatibilidade da
raiz com o ramo, e o mal tambem não
pode mais ser removido.
O imperador amarelo,
Bing Wang, cap. 14
Manuela e o Mestre
Quando chegou ao mestre, Manuela parecia muito
assustada. Olhava ao seu redor com ar de desconfiança.
Tinha na face uma expressão de cansaço misturada com
Pedro e o Mestre
Depois de várias tentativas de cura pela Medicina Oci-
dental, Pedro acabou buscando a Medicina Chinesa por
intermédio de um grande amigo. Por mais que tentasse es-
conder seu sofrimento, as crises começaram a vir com tanta
intensidade que seus esforços acabaram sendo inúteis.
Figura 3
Figura 4
Rim
Fígado
Amanda e o Mestre
AMA N D a Minha mente não para e isso me deixa louca.
Entro em um estado de ansiedade e tristeza, parece que
vou ter um colapso. Sinto falta de ar, o corpo formiga,
estou fraca e não consigo ficar sozinha nem mais para
estudar ou trabalhar. Só quero chorar e nem sei por que
estou chorando. Por que isso acontece comigo?
Figura 5
Alimentos de Alimentos de
sabor picante sabor amargo
Alimentos de
sabor azedo
Pulmão e Coração e
Intestino grosso Intestino delgado
Alimentos de Alimentos
sabor salgado de sabor doce
Fígado
Órgãos e sabores
AMA N DA E a tristeza?
MESTRE A tristeza ocorre porque como o Qi está dimi-
nuído diminui também o Qi do pulmão. O pulmão está re-
lacionado à emoção da tristeza. Se o Qi do pulmão for fra-
co, o paciente é triste. E, como é o pulmão que impulsiona
AMA N DA Isso sem falar que nos dias atuais somos bom-
bardeados por informações positivas e negativas cons-
tantemente.
Para eles, uma boa pessoa tem que ter estudo e ser re-
conhecida por isso. Por imposição de meus pais fui fazer
medicina”, confessa.
Nunca se deu bem com a mãe, uma pessoa muito
racional, que dificilmente o abraçava, nunca expressava
amor e cobrava o tempo todo, desde a responsabilida-
de com o estudo até o compromisso com as pessoas da
família. Suas conversas eram sobre cobranças e respon-
sabilidades. A vida toda ele tentou fazer tudo certo, de
acordo com o que a mãe considerava certo. Passava por
cima de si mesmo para agradar a mãe. Percebia que nun-
ca era o suficiente, mas, mesmo assim, se esforçava para
ser o melhor em tudo. Tirava as melhores notas, passou
na melhor faculdade, mas nunca se sentia totalmente
reconhecido em seus esforços.
No quinto ano, quando já cursava residência médica,
foi considerado um dos alunos mais brilhantes. Até des-
cobrir que nem tudo dependia dele – e a responsabilida-
de era enorme. “Cheguei a perder pacientes que morre-
ram por vários motivos que fugiam ao meu controle. Por
exemplo: por não haver leito suficiente no hospital; não
haver medicamento necessário; e não ter quem tomasse
decisões importantes no momento preciso de uma ocor-
rência”, desabafa.
Além disso, se relacionava com pessoas que se tor-
naram frias para poder superar aquelas situações. Trata-
va-se de uma defesa. E ele não conseguia entender essa
atitude como uma simples saída para contornar as difi-
culdades.
Foi nesse momento que as fobias vieram à tona. Ele
se isolou das pessoas, não conseguia conversar com nin-
guém. Ficava 24 horas trancado em casa. Sua mente
trabalhava sem cessar. Tinha um sono incontrolável e
passava os dias dormindo e se alimentando mal.
,
Mario e o Mestre
Quando Mário chegou ao mestre, já tentara várias
formas de tratamento por cerca de dois anos mais ou
menos. Fez terapia cognitiva, usou medicamentos, ele-
trochoque, etc. E nada havia proporcionado uma me-
lhora significativa. Por períodos curtos, vivia momentos
de bem-estar, mas nunca duradouros e efetivos.
Abandonou todos os tratamentos e há dois anos se
fechou em casa. Foi quando sua mãe pediu encarecida-
mente que conversasse com o mestre Shen Menn. De-
pois de muito relutar – uma vez que, como estudante de
medicina, cheio de princípios da alopatia, não acredita-
va que a acupuntura pudesse fazer alguma diferença no
quadro emocional –, consentiu.
A desconfiança era tanta que a primeira pergunta
que fez ao mestre foi:
,
M a RIO Shen, por que por mais que eu me esforce
não consigo engordar?
Figura 6
Rim
Bexiga
Intestinos
Estômago
Vesícula
biliar Fígado
Baço
Pulmão
Coração
A solidao
˜
e suas armadilhas
Solidão – essa palavra, por si só, é forte e temida. As
pessoas se relacionam, passam por cima delas mesmas,
constroem amizades frágeis, tudo para evitar essa sensa-
ção de vazio e falta de proteção.
Vivemos e construímos uma falsa relação com amigos
e com as demais pessoas que nos cercam. Tudo isso em
busca de nos sentirmos amados. Isso é uma coisa comum
no nosso trabalho, no estudo, no prédio onde moramos,
Gabriela e o Mestre
GABRIELA A acupuntura ou os ensinamentos tradicio-
nais chineses podem fazer algo pelo meu sofrimento?
A doacao
,
˜
e suas armadilhas
Por que você acha que veio a este mundo?
Uns diriam: “Eu estou aqui a passeio”. Outros acredi-
tam que estão constantemente aprendendo algo. E exis-
tem aqueles que garantem terem chegado até aqui para
resgatar alguma coisa.
O propósito pode ser diferente, mas, no fundo, em
todos esses exemplos existe a troca ou a doação. Estamos
sempre compartilhando alguma coisa, já que esse é o
sentido de vivermos em grupo, em sociedade.
Os caminhos
da cura
Disse Quibo: a acupuntura somen-
te pode conduzir a energia e o sangue,
mas não pode fazer nada com o espíri-
to e a consciência do paciente.
o Imperador Amarelo,
Bing Wang, cap. 14
,
Exercicio 1 - Conhecendo a sua respiracao
,
˜
Fase 1
d Deite-se sobre uma superfície confortável de barriga
para cima. Coloque uma das mãos no tórax, na região
superior do peito, e a outra mão no abdome, três dedos
abaixo do umbigo.
d Simplesmente perceba a sua respiração: respire normal-
mente e observe os movimentos do tórax, conforme o ar
entra e sai completando assim o ciclo respiratório.
d Perceba qual das suas mãos se movimenta mais e em
que fase da respiração: na inspiração ou na expiração?
d Depois de identificar sua respiração, concentre-se em
respirar de forma eficiente.
d Quando inspirar o ar pelo nariz, sinta seu abdome subir
de forma que seu umbigo aponte para o teto.
Figura 7
Fase 2
d Quando esse processo estiver sob o seu total domínio
– coisa que não é tão fácil como você imagina, pois são
movimentos contrários aos nossos hábitos respiratórios –,
, ,
Exercicio 2 - Respirando em pe
d Quando você já estiver dominando o Exercício 1 nas
fases 1 e 2, de forma harmônica, vamos praticá-lo de
modo mais eficiente, na posição em pé.
d Fique em pé; afaste os pés de modo que estes permane-
çam alinhados ao seu quadril.
d Mantenha os dedos dos pés apontando para frente e le-
vemente para fora.
d Sinta o peso do corpo nas plantas dos pés, igualmente
distribuído em ambos os lados.
d Os joelhos devem permanecer levemente flexionados.
d A coluna lombar deve estar levemente retificada de
modo que seu quadril fique encaixado confortavelmen-
Figura 8
Pessoa respirando em pé
,
Exercicio 3 - Aprendendo a nao
˜
desejar
Uma das formas de poupar energia é aprender a iden-
tificar se sua atitude tem ou não o poder de modificar
uma determinada situação. Se você não tiver como in-
terferir para resolver o caso, como, por exemplo, a aber-
tura do farol quando lhe interessa ou parar a chuva ao
sair do trabalho, assuma para você mesmo que esse pro-
blema não merece sua preocupação e diminua a impor-
tância que deu a ele. Aprenda a respeitar que tudo tem
um tempo e isso não pode se transformar num grande
desgaste para você.
Durante sete dias, vamos treinar o “não se preocu-
par” e o “não desejar excessivamente”. Para isso adota-
mos três comandos: PARE, QUESTIONE E RESPEITE.
,
Exercicio 4 - Projeto Samurai
O Projeto Samurai pretende ensiná-lo a reorganizar
o tempo a seu favor e a potencializar suas capacidades
naturais. Nesse caso, a disciplina é fundamental. A ideia
é que você se coloque como prioridade no centro do seu
dia. Assim, você vai perceber o quanto gasta de energia
desnecessária. E aos poucos vai usar essa energia – que
antes era desperdiçada – em combustível para realiza-
ções e concretizações tornando assim o seu dia mais efi-
ciente e menos desgastante.
Este exercício deve ser praticado por sete dias con-
tínuos. Organize-se antes de iniciar sua prática, pois o
mais importante é que ela não seja interrompida no
meio do caminho. Se por acaso isso acontecer, você deve
reiniciar o projeto por mais sete dias até que a realização
do exercício seja completa. Vamos a ele:
Aprendendo a meditar
Da mesma forma que você exercita seu corpo em
busca de saúde, é através da meditação que treinamos a
mente em busca de equilíbrio.
Quando você faz exercício físico, deve aquecer o cor-
po preparando-o para a ação. A meditação também deve
ser precedida por uma espécie de aquecimento, só que
este tem a intenção da não ação, do silenciar. Vamos
mergulhar no mundo interior para compreender que
existe quietude também no mundo exterior.
Se você nunca meditou, existem alguns exercícios
que podem treinar a sua concentração para isso.
,
Exercicio 5 - Contando palavras
Um aquecimento para silenciar a mente é o exercício
de contar as palavras de um livro. Vamos a ele:
,
Exercicio 6 - Imaginacao
,
˜
e visualizacao
,
˜
,
Exercicio 7 - Uma meditacao
,
˜
Figura 9
Pessoa meditando
,
M a RIO Sabe, mestre, eu tentei sentar e desligar a
minha mente como disse que faria. Mas acho que para
mim esse é um exercício impossível. É que minha mente
não para; a perna dói e a minha respiração, ao invés de
se acalmar, acelera demais.
,
M a RIO Voltei para o vazio da minha mente. Vez ou
outra, um pensamento tentava aparecer. Mas eu já esta-
va ficando craque em deixá-los passar. No final, estava
tão bem, tão confortável que não queria despertar. Por
mim ficaria mais tempo na meditação. Agora me sin-
to relaxado, mas presente. Estou muito bem e não me
lembro de ter me sentido assim antes. Vou repetir esse
exercício em casa mais vezes.
,
A familia e os amigos na crise
Quando você estiver sentindo o seu coração acelera-
do e achar que vai infartar, é importante ter alguém em
quem você confia ao seu lado, segurando na sua mão e
repetindo: “Calma, isso já aconteceu antes, é só uma an-
siedade que logo vai passar”, ou mesmo repetir: “Calma
está tudo bem, estamos seguros”; ou “Estamos a cami-
nho do hospital e logo tudo ficará bem, respire que logo
tudo vai passar”.
Essa seria a atitude ideal em um momento de crise.
Mas nem sempre é o que encontramos, pois a desinfor-
mação da família e dos amigos, na maioria dos casos,
somente agrava os sintomas tornando muito difícil a re-
cuperação do paciente.
Gabriela por muitas vezes relatou que no auge de
algumas crises, com falta de ar, palpitação e tonturas,
pedia ajuda de seu marido para buscar as crianças em
uma festa ou compromisso, evitando sair e dirigir na-
quele estado. O marido, por sua vez, de forma grosseira,
repetia que, segundo os resultados dos seus exames, ela
não tinha nada. E então que parasse de frescura e fosse
buscar as crianças, pois todas essas sensações eram so-
mente coisas da sua cabeça.
Isso é um exemplo do despreparo da família em re-
lação a tal desequilíbrio. Esse tipo de atitude só reforça
a insegurança, os medos e, consequentemente, os sinto-
mas que a pessoa está sentindo.
Nessa hora, o correto seria convencê-la de que está
tudo bem e acompanhá-la no compromisso. Assim, com
o passar do tempo, depois de algumas vezes que esse fato
se repetisse, ela mesmo iria começar a se sentir segura e
deixaria de desencadear os sintomas de mal-estar.
,
Reconhecendo o desequilibrio
Segundo a MTC, existem alimentos que aumentam
o calor interno do corpo e outros que o esfriam interna-
mente. Isso quer dizer que, se você ingerir pimenta, por
exemplo, a propriedade inerente desse alimento fará seu
corpo esquentar. Assim como a hortelã tende a esfriar o
organismo, mesmo em forma de chá quente.
Há ainda alimentos especiais para equilibrar o Qi dos
principais órgãos. Por exemplo, existem alguns que nu-
trem o Qi do baço e favorecem a função primordial do
sistema baço/pâncreas, que é retirar energia dos alimen-
tos e enviar para os demais órgãos. Outros ainda equili-
bram o Qi do fígado, coração e rim.
Conhecer as propriedades dos alimentos certamente
transformará seu prato em fonte natural de saúde. Para
isso devemos saber quando cada alimento deve ou não
ser usado. E o que vai direcionar seu uso são os estados
de equilíbrio ou desequilíbrio em que se encontram os
,
Figado
Segundo a MTC, o fígado representa a madeira, o nas-
cimento e o movimento. Seu órgão correspondente é a
,
Alimentos que equilibram o figado
O sabor azedo equilibra o fígado; o picante dispersa a
energia nesse órgão. Todos esses sabores em quantidade
moderada beneficiam o fígado. Mas qualquer um deles em
excesso prejudica o órgão. Por exemplo, o abuso do alimen-
to azedo faz o fígado se sobrecarregar e exaurir o baço.
Exemplos de alimentos para agradar o fígado: iogur-
te, canela, gergelim, amendoim. Temperos como salsa,
coentro, canela e vinagre. Frutas como maçã, lichia,
tomate, abacaxi, kiwi, ameixa, cereja, uvas, tangerina,
framboesa. Legumes e verduras como alho-poró, espi-
nafre, folhas, batata-doce, ervilha, vagem, arroz, cebo-
la, cogumelo shitake, cana-de-açúcar, girassol, repolho,
valeriana e verbena. Carnes ou peixes como camarão,
lagosta, carpa, caranguejo, enguia, escargot, carne de por-
co, fígado de boi, carneiro, galinha, moela de galinha,
ostra, rã, fígado de porco e fígado de vitela.
Coracao
,
˜
Deficiencia
ˆ
do Qi do coracao
,
˜
Baco
,
Deficiencia
ˆ
do Qi do baco
,
Pulmao
˜
Deficiencia
ˆ
do Qi do pulmao
˜
Rim
O rim representa o elemento água, o órgão acopla-
do é a bexiga. A cor correspondente é preta. Está rela-
cionado ao Inverno, quando ele mais pode sofrer. Não
gosta do clima seco e o sabor correspondente é o sal-
gado. No organismo, ele rege os ossos. Sua virtude é a
sabedoria.
A função principal do rim é estocar essência e go-
vernar o nascimento, crescimento e reprodução. A emo-
ção relacionada ao rim é o medo. Mas tanto a ansiedade
como o choque também estão relacionados a ele. Uma
situação de medo na criança pode fazer o Qi descer e ela
urinar durante o sono. Já no adulto, uma situação de
ansiedade prolongada pode atingir o rim causando boca
seca, agitação mental e insônia. Isto é, um rim fortaleci-
do significa uma pessoa segura, sem medos.
Deficiencia
ˆ
do Qi do rim
O Qi do rim é enfraquecido pela velhice, fadiga e por
doenças de longa duração. Retenção de urina, micção
repetitiva, micções noturnas, incontinência, ejaculação
precoce, corrimentos e risco de abortos.