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FATESA – Faculdade de Tecnologia em Saúde

Curso de pós-graduação Lato Sensu

Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia

Monografia de conclusão de curso

Ultrassonografia no câncer de endométrio

 Aluno: Eduardo Wittmann

 Orientador: Francisco Mauad Filho

Ribeirão Preto, 2021


Título

Ultrassonografia no câncer de endométrio

Título em inglês

Ultrasound in endometrial carcinoma

Título curto

Câncer endometrial

Nome

Eduardo Wittmann

Endereço

Ribeirao preto – SP
Resumo

O câncer de endométrio é geralmente considerado o tipo de câncer ginecológico mais

comum em pacientes na pós-menopausa. Seu grande potencial de gerar complicações,

implica em um elevado número de vidas que podem ser salvas em face à um

diagnóstico precoce. A ultrassonografia é o método de escolha para a investigação

inicial do câncer endometrial, sendo acessível e seguro. O presente trabalho tem como

objetivo revisar as indicações da ultrassonografia em frente à suspeita de câncer

endometrial, bem como descrever os principais achados ultrassonográficos.

Palavras chaves: ultrassonografia, endométrio, câncer de endométrio.


Abstract

Endometrial cancer is generally considered the most common gynecological cancer in

postmenopausal women. Its great potential to generate complications implies a large

number of lives that can be saved due to an early diagnosis. Ultrasonography is the

method of choice for the initial investigation of endometrial cancer, being affordable

and safe. The present work aims to review the indications for ultrasonography in the

face of suspected endometrial cancer, as well as to describe the main ultrasonographic

findings.

Keywords: Ultrasound, endometrium, endometrial carcinoma.


Introdução

O câncer de endométrio é uma das doenças do trato genital feminino mais comuns em

países desenvolvidos1. Os casos reportados de novos diagnósticos na Europa foi de

100.000 em 2012, com uma incidência anual de 14.7 para cada 100.000 mulheres1. O

prognóstico depende da idade da paciente, tipo histológico da lesão, invasão linfo-

vascular, tamanho do tumor, tamanho da invasão miometrial, invasão do estroma

cervical e envolvimento do segmento uterino inferior2-3. O prognóstico é excelente na

maioria das mulheres no estádio I, com taxa de sobrevida de 5 anos de

aproximadamente 96%. Entretanto, o prognóstico é pior em mulheres com alto risco de

câncer endometrial (grau 3 ou Estágio >= IB, devido ao fato dessas mulheres terem

risco aumentado de metástase linfonodal e maior recorrência tumoral 4. Tamanho do

tumor, profundidade de invasão miometrial e envolvimento de estroma cervical não

podem ser avaliados apenas com um exame clínico. Entretanto, o ultrassom e

ressonância magnética vem sendo usado para melhorar a avaliação pré-operatória 5-6.

De acordo com a Sociedade Europeia de Ginecologia Oncológica, a Sociedade Europeia

de Medicina Oncológica e a Sociedade Europeia de Radioterapia e Oncologia, a rotina

pré-operatória deve incluir uma avaliação pélvica, ultrassom transvaginal ou transretal,

e biópsia do endométrio5.
Fatores de risco

Os fatores de risco para o câncer de endométrio estão diretamente relacionados a

exposição de estrógeno7.

-Terapia de reposição hormonal com estrógeno;

-Síndrome do ovário policístico e ciclos anovulatórios;

-Tamoxifeno;

-Obesidade;

-Nulíparas;

-Diabetes mellitus;

-Menacme precoce ou menopausa tardia;

-Tumores secretores de estrógeno;


Patologia

O câncer de endométrio é divido em dois subtipos- tipo I e tipo II.

Tipo I

O tipo I corresponde por aproximadamente 80% dos casos de câncer de endométrio,

sendo em sua grande maioria os adenocarcinomas. Mais frequente em mulheres obesas,

nulíparas e tabagista, na faixa de 55-65 anos e é um tumor com uma taxa de progressão

relativamente lenta e bom prognóstico10. A mutação no gene PTEN ocorre entre 30-80%

dos casos

Tipo II

O tipo II corresponde cerca de 20% dos casos, sendo mais frequente o carcinoma

seroso, e é descrito como estrógeno não dependente, sendo mais frequente em mulheres

de 65 a 75 anos. Uma mutação no gene P53 ocorre em cerca de 50% dos casos. Esse

tipo de câncer costuma ser de prognóstico mais restrito, com rápida metástase via

sistema linfático ou pelas trompas para o peritônio11.


Rotina de exame

Coletar uma breve história do paciente, bem como palpar o abdome antes de realizar o

exame, são procedimentos recomendáveis e que complementam as informações obtidas


5-6
pela ultrassonografia . O útero deve ser visualizado preferencialmente através do

exame transvaginal, caso tenha alguma contraindicação, por exemplo, pacientes virgens

ou que se recusam realizar o exame transvaginal, pode-se obter uma visualização

através da via supra púbica, com adequada repleção vesical, ou através da via transretal.

Em pacientes obesos, nos quais há aumento de espessura do panículo adiposo, ocorre

atenuação do feixe de ultrassom, obscurecimento das estruturas a serem avaliadas e,

consequentemente, pode haver resultados falso-negativos e erros de diagnóstico 8. Pela

via supra púbica, o paciente é inicialmente examinado em posição supina e com

adequada repleção vesical. Na aquisição transvaginal, o paciente é colocado em

posição dorsal; a seção dos pés da mesa cirúrgica é abaixada completamente, e os

membros inferiores são elevados e abduzidos em perneiras metálicas, para haver

exposição da região perineal, o transdutor é coberto com gel e preservativo adequado,

lubrificado com gel ou lubrificantes a base de água.


O papel da ultrassonografia

A ultrassonografia desempenha hoje papel de rotina na prática diária, tanto para o

rastreamento de pacientes assintomáticos quanto para a avaliação de pacientes com

quadros suspeitos. É um método que permite ao médico avaliar a pelve feminina em

busca de sinais suspeitos de doença, recomendado como método de imagem diagnóstico


5-6
inicial . Além da acurácia, tem como vantagens ser exame não invasivo, desprovido

de radiação ionizante, de baixo custo, capaz de avaliar órgãos adjacentes e possível de

ser realizado à beira do leito. O treinamento de médico para a realização de

ultrassonografia à beira do leito tem servido de importante auxílio, havendo inclusive

resultados comparáveis aos de exames realizados por médicos radiologistas A

ultrassonografia pode ainda indicar outras complicações como cistos ovarianos, miomas

e pólipos. Como fatores limitadores do método estão situações como obesidade,

distensão abdominal por presença de gás intestinal ou constipação e a experiência do

ultrassonografista8. Para o diagnóstico de câncer endometrial, a ultrassonografia tem

papel relevante, visto que nenhum achado clínico é isoladamente suficiente para

estabelecer ou excluir essa complicação. A presença de espessamento endometrial, é um

dos fatores chave para a suspeita de câncer endometrial. Coleção liquida intrauterina,

espessamento endometrial irregular e heterogêneo, invasão miometrial, descontinuidade

endometrial, pólipo com halo periférico, são sinais que podem indicar uma maior

suspeita do câncer endometrial9. Em pacientes em idade fértil, a espessura endometrial

irá depender da fase do ciclo menstrual. Em pacientes pós-menopausa, o espessamento

endometrial é diagnosticado como sendo maior que 5mm, e no caso de reposição

hormonal ou uso de tamoxifeno, maior que 8mm. Os achados benignos ou inespecíficos

do espessamento endometrial mais frequentes são a proliferação endometrial benigna,

pólipo endometrial, mioma submucoso e hiperplasia endometrial. O diagnóstico de


hiperplasia endometrial é sempre histológico, não sendo possível diferenciar de um

carcinoma endometrial inicial.


Considerações finais

O avanço tecnológico dos aparelhos de ultrassonografia, bem como a redução de custos

dos exames e a alta disponibilidade dos métodos, nos permitem concluir que a

ultrassonografia é um método inicial seguro para casos de suspeita de câncer de

endométrio. Uma abordagem precoce, nos permite uma intervenção cirúrgica e ou

oncológica de forma a reduzir possíveis danos posteriores, assim favorecendo a saúde

feminina e redução dos custos hospitalares para tratamentos em fases tardias.


Referências

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2- Benedetti Panici P, Basile S, Maneschi F, Alberto Lissoni A, Signorelli M,

Scambia G, Angioli R, Tateo S, Mangili G, Katsaros D, Garozzo G,

Campagnutta E, Donadello N, Greggi S, Melpignano M, Raspagliesi F, Ragni N,

Cormio G, Grassi R, Franchi M, Giannarelli D, Fossati R, Torri V, Amoroso M,

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Gynecol 54: 278– 291,
Figura 1- Vista com espessamento anteroposterior e múltiplas áreas císticas com

bordos indistintos.
Figura 2- Carcinoma endometrial com aumento uterino

Figura 3 – Espessamento com invasão miometrial.

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