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Volta Redonda: história de uma cidade ou de uma usina?

MEMÓRIA

Volta Redonda:
história de uma cidade ou de uma usina?*
Ângela Maria Mesquita Fontes** e Sérgio Tadeu de Niemeyer Lamarão***

Resumo – A história de Volta Redonda marca-se como um núcleo urbano surgido em


função da implantação e da expansão do primeiro complexo siderúrgico brasileiro: a
Companhia Siderúrgica Nacional, controlada pelo Estado. O desenvolvimento da cidade
foi, desde sua fundação, condicionado pelas necessidades de ampliação da usina, baseadas
em dois elementos fundamentais: a circulação de capital e a reprodução da força de
trabalho.
Palavras-chave
Palavras-chave: Volta Redonda; Companhia Siderúrgica Nacional; expansão urbana;
Rio de Janeiro.

Numa sociedade caracterizada pelo modo de dominante; em segundo lugar – o que lhe confere
produção capitalista, o sistema econômico é o especificidade –, por se constituir num núcleo
sistema dominante da estrutura social, e a esfera urbano criado e desenvolvido em função de uma
da produção serve de base à organização do unidade de produção, a usina da Companhia
espaço. Essa organização reflete-se na cidade, Siderúrgica Nacional (CSN), implantada por
expressão concreta de cada momento histórico iniciativa do Estado. O contato com a realidade
da sociedade, e é revelada através da estrutura de Volta Redonda – através de visitas à cidade,
física, do espaço da urbs. entrevistas com membros da comunidade e com
No caso de Volta Redonda, nosso objeto de profissionais ligados à CSN e a órgãos municipais
estudo, essa afirmação adquire um duplo caráter: e estaduais de planejamento – permitiu-nos
em primeiro lugar, por tratar-se de cidade de um traçar um quadro de posições tomadas pelo
país onde o modo de produção capitalista é o Estado, representado pela CSN e pela Prefeitura

* Este artigo é resultado de pesquisa realizada em 1979 por Ângela Fontes, Luís Pimenta, Margareth Pimenta, Sérgio Lamarão, Thaís
Susini e Victor Zveibil, no IPPUR/UFRJ. O texto foi originalmente publicado na Revista Rio de Janeiro, n.4, set.-dez. de 1986.
** Doutora em Geografia pela UFRJ e Mestre em Planejamento Urbano e Regional pela UFRJ. E-mail: angela@ibam.org.br.
*** Doutor em História pela UFF e Mestre em Planejamento Urbano e Regional pela UFRJ. E-mail: slamarao@hotmail.com.

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e, por outro lado, das respostas da população Antecedentes à criação da CSN


e das suas organizações. A fundação – e o posterior desenvolvimento
Três períodos, claramente diferenciados, urbano – de Volta Redonda estão, como já
marcam a evolução político-industrial e urbana vimos, intimamente ligados à instalação da
do município. Num primeiro momento, que se usina da Companhia Siderúrgica Nacional, que
estende de 1941 a 1954, a CSN centraliza e dirige foi e continua sendo o principal motor de
o desenvolvimento de Volta Redonda, implantando expansão da cidade. Julgamos conveniente, pois,
e administrando a usina e o núcleo urbano, o qual, discorrer sucintamente sobre a evolução da
durante esses anos, não passava de um distrito do siderúrgica brasileira a partir do século XX,
município de Barra Mansa. Em seguida, entre detendo-nos mais pormenorizadamente no
1954 e 1967, com a emancipação político- contexto de criação da CSN.1
administrativa do distrito e a conseqüente criação As primeiras tentativas de dotar o país de
do município de Volta Redonda, proprietários de uma indústria siderúrgica de certo porte
terras e comerciantes fazem valer mais livremente remontam à década de 1910. Em maio de 1910,
seus interesses; a expansão “natural” da cidade face à crescente importação de ferro e aço
ganha novo ímpeto, ao mesmo tempo em que a manufaturado, o Congresso aprovou uma lei que
CSN continua mantendo sob controle seu vasto concedia certos favores (redução de fretes e
patrimônio urbano. E, finalmente, a partir de 1967, isenção de impostos) às empresas que se
a Companhia dá início à transferência de seu dispusessem a explorar esse setor. As medidas
patrimônio e encargos urbanos à Prefeitura tomadas pelo governo estimularam a siderurgia
Municipal, redefinindo suas responsabilidades na nacional. A produção de ferro-gusa passou de
evolução urbana de Volta Redonda. 3.000 toneladas, em 1914, para 10.000
A elaboração do presente texto levou em conta toneladas, em 1919. A produção de aço, no
dois pontos fundamentais: a ação da CSN, em cada entanto, continuou insignificante, e após a
período da história de Volta Redonda, no sentido Primeira Guerra Mundial quase todo o
de atender às necessidades de ampliação física, consumo de laminados de aço ainda era
de circulação de capital e de reprodução da força satisfeito via importação. Nesse período, a
de trabalho, intervindo no ambiente construído produção brasileira se concentrava em pequenas
que lhe serve de base; e as articulações entre a fundições – a maioria em Minas Gerais – e o
CSN e a Prefeitura, avaliando a complementaridade setor encontrava-se totalmente nas mãos da
dos interesses dessas duas instâncias de iniciativa privada.
representação estatal e tendo como pano de fundo Embora os anos 1920 tenham se caracte-
as características de cada momento histórico rizado por um declínio na taxa de crescimento
vivido no país. da indústria brasileira em seu conjunto devido à

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normalização do mercado mundial, a indústria de O golpe de estado em 1937, o Estado Novo


ferro e aço continuou a crescer, e em meados da – que implicou uma concentração ainda maior
década foram instaladas as primeiras unidades de de poderes decisórios nas mãos do Estado –,
laminação. Nos primeiros anos da década 1930, intensificou as iniciativas governamentais visan-
elas supriam mais de 10% do consumo total de do resolver o problema siderúrgico. Em abril
laminados de aço. de 1938, Vargas declarou haver três opções
Com a vitória da Revolução de 1930, a para o estabelecimento da grande siderurgia
siderurgia brasileira ingressou numa nova fase. no Brasil: uma empresa financiada pelo Esta-
A preocupação do novo Governo voltava-se para do, através da captação de capitais estrangei-
a criação de uma grande indústria siderúrgica. ros ou através de financiamento com base no
Em discurso pronunciado em 1931, o Presidente minério exportado; uma empresa mista brasi-
Getúlio Vargas afirmava que o problema básico leira, reunindo capitais privados e estatais; ou
da economia brasileira era o siderúrgico e uma empresa privada com participação estran-
defendia a nacionalização do setor. geira, mas sob controle e supervisão estatais.
O empenho governamental na implantação Em janeiro de 1939, o tenente-coronel
de uma indústria de base vital como a Edmundo de Macedo Soares viajou à Europa com
siderurgia, vinculava-se ao padrão de acumu- a incumbência de atrair capitais para o
lação formulado para a economia brasileira financiamento da grande siderurgia. Contudo, a
no período 1930-1945. Esse projeto fundava- iminência da guerra dificultou maiores
se na expansão do setor de bens de produção entendimentos. Ao mesmo tempo, Osvaldo
e resultou do afrouxamento dos laços de Aranha iniciou contatos nos Estados Unidos com
dependência da economia nacional com o a United States Steel, que se mostrou interessada
capitalismo internacional, ocasionado pela em associar-se a capitais nacionais. Em junho
Grande Depressão iniciada em 1929. Durante daquele ano, a empresa norte-americana
esse período, a produção industrial brasileira enviou uma missão técnica ao Brasil para
apresentou elevadas taxas de crescimento real, estudar a viabilidade da construção de uma
chegando à média de 11% ao ano entre usina siderúrgica de grandes dimensões, com
1933 e 1938. A conjuntura favorável capitais mistos, privados e do Estado. Macedo
foi reativada pela eclosão da Segunda Guerra Soares chefiou um grupo de especialistas bra-
Mundial em 1939, quando, na impossibilidade sileiros que participou desses estudos. Em ou-
de abastecer-se de bens de capital e de pro- tubro, foi apresentado um relatório conjunto
dução no exterior, a economia brasileira às autoridades brasileiras.
procurou satisfazer internamente suas Em seus aspectos técnicos e econômicos, o
necessidades de expansão.2 relatório foi muito bem recebido. Porém, quanto

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ao aspecto jurídico, houve muita oposição. Aprovados os planos de construção da si-


A proposta apresentada implicava a construção derúrgica, a embaixada brasileira em Washing-
de uma companhia brasileira, mas controlada ton entrou em contato com o governo ameri-
pela United States Steel, que deteria a maior cano e com o Export Import Bank
parte das ações. Os setores nacionalistas do (Eximbank), deixando claro que o projeto
Exército não aceitaram a idéia de uma indústria siderúrgico era considerado fundamental para
vital para a economia do País ficar sob o controle o desenvolvimento do Brasil e também um tes-
de um grupo estrangeiro. Em janeiro de 1940, te para a cooperação entre os dois países. Jo-
esses setores conseguiram fazer aprovar um gando com as rivalidades germano-america-
Código de Minas que proibia a participação de nas, o Presidente Vargas convidou os alemães
capitais estrangeiros na mineração e na para fazerem uma proposta. Do seu lado, os
metalurgia. Os norte-americanos recuaram, EUA condicionaram sua participação no pro-
levando o governo brasileiro a pensar na criação jeto a determinados pontos de natureza políti-
de uma empresa nacional, com a ajuda de capitais ca e militar, especialmente a permanência de
estrangeiros sob a forma de empréstimos. tropas americanas em locais estratégicos do
litoral brasileiro.
Em março de 1940, o Presidente Vargas criou
a Comissão Executiva do Plano Siderúrgico Em setembro de 1940, o Eximbank conce-
Nacional, que lançou as bases para a estruturação deu um empréstimo de US$ 20 milhões para
da futura usina. Em julho, a comissão escolheu financiar a siderúrgica. Ao que tudo indica, os
Volta Redonda para a instalação da siderúrgica. alemães perderam a concorrência porque não
Situada no Estado do Rio de Janeiro, a puderam garantir a entrega imediata dos equi-
aproximadamente 100km do Rio e 350km de São pamentos e porque exigiam que metade dos
Paulo, em Volta Redonda as matérias primas pagamentos fosse efetuada a curto prazo e em
poderiam ser reunidas a um custo relativamente matérias-primas, antes da entrega dos
baixo e de lá os produtos acabados poderiam ser equipamentos ao governo brasileiro.
facilmente enviados para os dois principais Pelo Decreto-Lei n° 3.002, de 30 de janeiro
mercados consumidores do país. Também foi de 1941, Vargas aprovou o plano para a instalação
levado em consideração o fato de Volta Redonda da usina, autorizando a Comissão Executiva do
estar localizada no Vale do Paraíba do Sul, região Plano Siderúrgico Nacional a criar a Companhia
onde os salários eram, na época, cerca de 30% Siderúrgica Nacional. A companhia foi efetivamente
mais baixos do que no Rio. Apresentava ainda a fundada em 9 de abril do mesmo ano, contando
vantagem de poder contar com os serviços da com um capital social de 500 milhões de cruzeiros
Estrada de Ferro Central do Brasil, que obteria antigos. Embora formalmente a CSN tenha sido
bons rendimentos com os fretes pagos pela usina. criada como uma empresa de direito privado,

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pertencendo à categoria de sociedade de econo- Logo após a criação da CSN, ainda em


mia mista, na prática construiu uma empresa de 1941, foram iniciados os trabalhos de cons-
propriedade e direção governamentais. trução da usina, de acordo com o projeto da
empresa norte-americana Arthur G. McKee &
A Cidade-Usina Co. No início de 1942, começaram as obras
das vilas residencial e comercial, projetadas
A área que representa o patrimônio da pelo arquiteto Atílio Correia Lima, obedecendo
Companhia Siderúrgica Nacional, na qual foram ambas a um mesmo plano diretor. O plano
construídos a usina e os bairros para seus previa loteamentos bem cuidados, estrutura
operários e funcionários, foi formada por viária hierarquizada, amplos espaços abertos
algumas fazendas desapropriadas pelo Governo com áreas ajardinadas, equipamentos urbanos
Federal em março de 1941 e pelas fazendas centralizados, além de um cinturão verde de
Santa Cecília e Retiro, adquiridas pelo Governo preservação.5 Nos bairros residenciais, foram
do Estado do Rio e por ele doada à empresa.3 estabelecidas diferenças quanto ao tamanho dos
Essas fazendas situavam-se em Santo lotes, às taxas de ocupação e aos tipos de
Antônio de Volta Redonda, distrito do município residências, criando espaços estratificados por
de Barra Mansa, que comportava, pelo menos categorias profissionais e por faixas salariais.
desde 1890, dois núcleos urbanos definidos, Obedecendo a esses critérios, seriam cria-
ambos localizados às margens do Paraíba do dos, ao longo dos anos, bairros para as categori-
Sul. O núcleo instalado na margem esquerda as profissionais superiores, como Vila Santa
corresponde ao atual bairro de Niterói; o núcleo Cecília (1942), Laranjal e Bela Vista (1945), bem
situado na margem direita compreende o atual como bairros para os funcionários e trabalha-
centro de comércio da avenida Amaral Peixoto. dores menos qualificados, primeiramente Con-
Este último contava em 1890 com alguns forto (1942) e, posteriormente, Jardim Paraíba,
equipamentos urbanos, como uma estação Nossa Senhora das Graças, Sessenta e Monte
ferroviária, uma agência de correios, duas Castelo, entre 1952 e 1962. Com a conclusão
escolas, uma linha de bondes de tração animal da usina em 1946, parte da força de trabalho
e algumas casas comerciais. Entreposto de empregada nas obras – cerca de 7.000 traba-
importância secundária no comércio com lhadores no momento de “pico” – foi mantida,
Minas Gerais, Santo Antônio de Volta Redonda sendo utilizada em diversas seções da side-
sofreu poucas alterações nas primeiras décadas rúrgica. Par tal, esses trabalhadores tiveram de
do século XX. Em 1940, sua população mal receber treinamento especial, já que nunca
chegava a 3.000 habitantes, dedicados em sua haviam trabalhado com máquinas. Parcela
maior parte a atividades agropecuárias.4 significativa da mão-de-obra não aproveitada

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permaneceu na cidade, à margem do mercado Governo Vargas, “o padrão de acumulação


de trabalho, defrontando-se com sérias dificul- intentado para a economia brasileira funda-
dades para sobreviver. A favela do Morro de São va-se numa prévia expansão do setor produ-
Carlos, surgida no final dos anos 1940, é um tor de bens de produção, que poderia – aten-
exemplo bastante revelador dessa situação. de-se para o condicional – fundar as bases
Nas áreas fora da responsabilidade da para uma expansão industrial mais equili-
CSN, Volta Redonda experimentou, desde o brada entre os três departamentos básicos:
início, um processo de desenvolvimento o produtor de bens de produção, o produ-
“autônomo” – vale dizer, desvinculado dos tor de bens de consumo não-duráveis, e o
interesses imediatos da companhia, mas por produtor de bens de consumo duráveis”.7
ele direcionado. Nas terras da margem es- A realização desse padrão de acumula-
querda do Paraíba, em pouco tempo, espa- ção esbarrou, porém, em alguns obstáculos
lhava-se uma outra Volta Redonda, conhe- de difícil superação. O financiamento exter-
cida por Cidade Velha (em oposição à Ci- no só era viável quando as exportações agrí-
dade Nova dos bairros planejados), ocupa- colas se expandiam e/ou melhoravam os ter-
da, de forma não planejada, por pequenos mos de troca. O financiamento interno con-
comerciantes e por aquela massa de traba- sistia principalmente na apropriação, pelo
lhadores dispensada pela CSN. setor industrial, dos excedentes gerados no
Os dois núcleos originais de Santo Antô- setor exportador. A aliança de classes que
nio de Volta Redonda tornaram-se o eixo revestia o pacto populista implementado pelo
de ligação entre a Cidade Nova e os bairros Estado impossibilitava-o duplamente de
surgidos nesse processo de crescimento, promover a acumulação: pelo lado do capital,
como Retiro, São Lucas e outros. Face à cres- o Estado via-se impedido de realizar a reforma
cente demanda de terras para habitação e fiscal; pelo lado do trabalho, o Estado não
comércio, os grandes proprietários da re- dispunha de condições políticas para cumprir
gião passaram à condição de loteadores e o salário real.8
especuladores de terrenos. Em dez anos – Esse modelo de desenvolvimento econô-
de 1940 a 1950 –, respondendo à presen- mico reforçou as características da população
ça da usina, Santo Antônio de Volta Redon- de Volta redonda – classe operária com
da apresentou um enorme incremento razoável poder aquisitivo e beneficiada pelo
demográfico, atingindo em 1950 um total baixo custo de moradia e de outros equipa-
de 33.110 habitantes.6 mentos urbanos –, atraindo comerciantes e
Na primeira metade dos anos 1950, que prestadores de serviços, ou seja, dinamizando
correspondeu grosso modo ao segundo o setor terciário.

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O binômio Prefeitura-Usina prefeito eleito do novo município, foi a abertu-


ra de uma avenida, que serviu de via de pene-
Até 1954, Volta Redonda constituía o 8º Dis-
tração ao bairro do Retiro, loteamento de sua
trito do Município de Barra Mansa. Os tributos
propriedade, o que permitia o acesso a novos
arrecadados pela Prefeitura de Barra Mansa à
loteamentos: os futuros bairros do Açude, Vila
CSN eram aplicados, em sua maior parte, no
Brasília, Coqueiros, Pau d’Alho, entre outros.
distrito-sede, não se destinando, por conseguinte,
Na segunda metade dos anos 1950, a eco-
a solucionar ou atenuar os graves problemas
nomia brasileira passava por uma profunda al-
gerados pelo rápido desenvolvimento da nova
teração no seu padrão de acumulação.
cidade. À medida que o núcleo original
O ambicioso programa econômico do Governo
implantado pela Companhia para servir de apoio
Juscelino Kubitschek (1956-1961) – conhe-
à usina extravasava tal função, configurando uma
cido como o dos “50 em 5” – teve grande re-
cidade com certa autonomia de expansão,
percussão na vida de Volta Redonda. Como
comerciantes e proprietários de Volta Redonda
isso se deu?
começaram a reivindicar a emancipação do
Estimulando a produção no País de bens de
distrito, visando a aplicação, no local, dos
capital e bens de consumo duráveis, Kubitschek
tributos ali produzidos.
aprofundou a abertura da economia brasileira
O movimento emancipacionista não se
ao capital estrangeiro, iniciada por Eugênio
chocava com os interesses da CSN; muito pelo
Gudin, Ministro da Fazenda do Governo Café Fi-
contrário. Afinal, a entrada em cena de uma
lho (1954-1956). Os investimentos das grandes
administração local própria, empreendida
empresas monopolistas internacionais dirigiam-
por uma prefeitura, tenderia a reduzir as
se basicamente para as indústrias de eletrodo-
responsabilidades da Companhia no tocante
mésticos e de aparelhos eletrônicos e, sobretudo,
à manutenção das condições de reprodução
para a indústria automobilística. O Estado, por
da força de trabalho por ela empregada, bem
seu turno, investiu maciçamente nas indústrias
como a diminuir seus investimentos diretos em
de base e na rede de transportes rodoviários.
infra-estrutura para uma rápida circulação da
Visando atender a uma demanda cada vez
sua produção.
maior da indústria automobilística e de outros
Assim, em 17 de julho de 1954, concretizou-
ramos industriais, a CSN implementou o plano
se a emancipação político-administrativa, com de expansão C da usina de Volta Redonda, que
a criação do município de Volta Redonda. previa a produção de 1 milhão de toneladas de
Os interesses dos grupos dominantes locais logo aço já em 1960.
se fizeram sentir. A primeira obra da A ampliação da usina afetou diretamente o
administração de Sávio Gama, o primeiro meio urbano de Volta Redonda. Entre 1958 e

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1963, registrou-se uma aprovação maciça de de ocupação de Volta Redonda gerou uma
loteamentos, devido ao aumento da demanda malha urbana descontínua e rarefeita, com
de terrenos para moradia e comércio, gerado grandes vazios e áreas urbanas enquistadas,
pelas obras de expansão da siderúrgica. subindo os morros e instalando-se em pequenas
Surgiram, igualmente, loteamentos clandestinos áreas de baixada.9 Não apenas as características
em áreas de propriedades da Prefeitura e físicas definem tal ocupação, mas também, e
mesmo em terrenos particulares. Essa forma principalmente, o fato de as melhores terras
de ocupação do solo urbano ganhava maior estarem nas mãos da CSN e de alguns poucos
peso nos períodos de ampliação da usina, fazendeiros. Estes proprietários beneficiavam-se
quando grande quantidade de mão-de-obra era de uma legislação incipiente, baseada ainda na
atraída para a cidade. Com o término do estágio de Barra Mansa, que permitia o parcelamento
de expansão, contudo, um número elevado de de terras desvinculado da continuidade e da
trabalhadores era dispensado, acarretando, existência de infra-estrutura. Assim, eram
com isso, toda uma série de conseqüências loteados os terrenos mais distantes do núcleo
sociais (inchamento de favelas, fechamento de central, ao mesmo tempo que se retinham os
estabelecimentos comerciais surgidos na fase mais próximos, à espera de valorização.
de expansão etc.). A configuração física da cidade espelha, de
Nos momentos de atração de mão-de-obra, modo claro, o processo de organização do
por razões político-eleitorais, a própria espaço. A conformação linear, preconizada pelas
prefeitura e/ou os vereadores subscreviam esse condições de sítio, acabou convertida numa
processo de ocupação tão necessário à conformação radiocêntrica, tendo como foco a
reprodução momentânea da força de trabalho, siderurgia.10 A praça, com a sede da Prefeitura e
deixando para depois a solução do problema a a igreja – símbolos em torno dos quais
regularização da moradia. Observa-se, assim, tradicionalmente as cidades do interior do Brasil
uma vinculação entre o poder municipal e os se desenvolvem – foi substituída em Volta
interesses da CSN, fazendo o primeiro “vista Redonda pela onipresente usina.
grossa” à ocupação de áreas indevidas, Com a emancipação, as relações sociais
atenuando latentes tensões sociais, desobrigando passaram a se dar em dois universos distintos,
a usina de absorver todo o contingente de mas intimamente ligados, representados pela CSN
trabalhadores atraídos e permitindo a repro- e pela Prefeitura e suas respectivas áreas de
dução, ainda que em condições precárias, desse atuação. A Cidade Nova e a Cidade Velha
exército industrial de reserva. expressavam – e ainda expressam – esses dois
Não levando em conta as características universos e seu inter-relacionamento. Os
topográficas e ecológicas da região, o processo moradores de Volta Redonda entendem por

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Cidade Nova os bairros planejados, com seu parte de seu patrimônio urbano através de
traçado retilíneo, sua unidade visual, o cuidado dois processos concomitantes: por um lado,
especial dado pela CSN à pintura das casas, aos entregou seu patrimônio privado – casas e
jardins, à infra-estrutura a ela pertencente e por terrenos – a uma imobiliária por ela criada, a
ela mantida em bom estado de funcionamento. Imobiliária Santa Cecília, para ser vendido ou
A Cidade Velha compreende aqueles bairros que administrado; por outro lado, passou seu
tiveram um desenvolvimento não-planejado, patrimônio público – ruas, praças, serviços
entregue aos construtores e incorporadores urbanos etc. – à Prefeitura Municipal. A CSN
privados, e cuja manutenção esteve a cargo da reteve apenas os terrenos previsíveis para a
Prefeitura. ampliação da usina, desvencilhando-se de
Apesar de a administração municipal po- todo o patrimônio voltado à vida do trabalha-
der contar com um considerável montante de dor fora da fábrica.
tributos arrecadados à usina, a maior parte destes Na realidade, a Companhia não precisava
recursos acaba revertendo para a própria mais garantir a atração ou a fixação de mão-
siderúrgica, uma vez que é empregada em obras de-obra. Num primeiro momento, a siderúr-
de apoio que visam uma circulação e um gica, que se instalara numa área relativamente
escoamento mais rápidos da produção. Desse despovoada, teve de oferecer atrativos para
modo, fica em segundo plano a solução, pelo um grande número de trabalhadores. Neces-
poder local, dos problemas trazidos pelo sitou também imobilizar parte da mão-de-obra
crescimento acelerado e desordenado da cidade. empregada na construção do complexo inici-
al, treinando-a e reaproveitando-a no traba-
Volta Redonda: a sobrevivência lho metalúrgico, entre outros fatores, por
aqueles de ordem política, advindos do pacto
de uma cidade
populista. Este treinamento e esta especializa-
“(. . .) Em Volta Redonda quem merece viver ção representavam um capital investido que
é a Usina; à cidade cumpre acomodar-se ou deveria ser compensado através da garantia
retirar-se de sua proximidade.”11. No ano de de que esta força de trabalho permaneceria à
1967, a CSN promoveu mudanças significativas sua disposição por um longo período.
em seu patrimônio urbano, acarretando Devido à concorrência com os mercados
profundas conseqüências para a cidade, tanto mais atrativos de São Paulo e Rio, na época
no que concerne às atribuições da Prefeitura carentes de mão-de-obra especializada, a
Municipal, quanto no que tange às condições CSN, além de pagar salários relativamente
de reprodução da força de trabalho dos ope- maiores, ofereceu uma série de benefícios
rários da empresa. A Companhia desfez-se de a seus trabalhadores: moradia de qualidade

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superior à média das habitações operárias força de trabalho. A política empreendida pelo
brasileiras, dispondo de rede de esgoto, água Banco Nacional de Habitação e a lei da
encanada, luz, arborização; aluguéis baixos; denúncia vazia devem ser consideradas nesse
proximidade do local de trabalho; hospitais, plano.
escolas, clubes, entre outros serviços. Quanto ao quadro econômico mais geral,
Com a constituição de um centro urbano assistiu-se, a partir de 1967, à retomada do
de importância regional, formou-se um exército crescimento da economia, com novas bases no
industrial de reserva com base na população padrão de acumulação. O ingresso maciço de
sobrante dos períodos de expansão da usina, capitais estrangeiros, sob a forma de investi-
alimentado pelo processo de imigração campo- mentos diretos, a concentração das decisões
cidade. A formação deste exército industrial de econômicas nas mãos do Estado, a utilização
reserva, somada ao adensamento industrial de da capacidade ociosa existente e, fundamen-
toda a região do Vale do Paraíba no eixo Rio- talmente, o arrocho salarial propiciaram o
São Paulo (especificamente no ramo metal- chamado “milagre brasileiro”. O Estado pro-
mecânico), permitiu que a oferta de força de curou desvencilhar-se do que lhe era possível
trabalho se tornasse “natural”. em termos de encargos sociais, como saúde e
Outro elemento fundamental que deve ser educação, incentivando a penetração da ini-
levado em conta para se entender as mudanças ciativa privada nesses setores, liberando re-
promovidas pela CSN foi o golpe militar de cursos para a aplicação em atividades produ-
março de 1964. O golpe representou uma tivas e em financiamento direto, subsidiando
profunda derrota da classe operária e criou a atuação do capital privado monopolista.
condições para o estabelecimento de um novo O quadro acima exposto constituiu o pano
tipo de aliança entre a burguesia nacional, de fundo para as medidas postas em prática
unificada em torno dos militares, e o pela CSN em Volta Redonda a partir de 1967,
capitalismo internacional. Rompia-se, assim, o centradas na recuperação de um capital “oci-
pacto social instaurado pelos governos oso”, através da alienação de casas e terre-
populistas, vigentes até aquele momento. nos, e no rebaixamento do custo da força de
Devido à repressão às organizações operárias trabalho.
e de massas que se seguiu ao golpe, inaugurou- A venda das casas da CSN, transferidas ao
se um período em que o poder de barganha da Centro de Estudos de Ciências Sociais Aplica-
classe trabalhadora ficou reduzido a nada, das (Cecisa), pegou os operários despreveni-
vendo-se o operariado privado de conquistas dos. O fato de ter sido dada preferência de com-
anteriormente obtidas, tanto no plano sindical pra dos imóveis aos seus moradores de pouco
quanto no das condições de reprodução da adiantou, uma vez que muitos não dispunham

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de recursos suficientes para arcar com os custos muito mais longe da usina, em bairros des-
da operação. Para os operários, a questão da providos de serviços básicos e em residênci-
habitação não se colocava, pois na prática tinham as menores e de qualidade inferior. Por sua
a moradia garantida até a aposentadoria, quan- vez, os imóveis de onde foram expulsos fo-
do seus filhos já deveriam estar trabalhando na ram ocupados por famílias de classe média,
usina. Por conseguinte, a casa permaneceria de visto estarem situados em áreas que já em
posse da família. 1967 eram praticamente centrais, apresen-
Com as alterações introduzidas pelo Fundo tando um alto valor imobiliário.
de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), em Outra face da estratégia da CSN foi o
1967, os trabalhadores não só perderam a desvencilhamento do seu patrimônio público,
garantia de estabilidade no emprego, como transferido à Prefeitura a responsabilidade
também tiveram reduzida sua poupança, fruto da pela manutenção dos bairros operários plane-
indenização prevista na legislação trabalhista jados. Os trabalhos de manutenção não
anterior. Em outras palavras, no caso da CSN, o receberam a atenção devida por parte da
operário que “optou” pelo novo vínculo Prefeitura, que, de um hora para a outra, viu-
empregatício e teve liberado seu FGTS para a se às voltas com um patrimônio urbano
aquisição de moradia recebeu uma quantia multiplicado, o que a empobreceu relati-
menor do que teria direito sob o regime anterior vamente. Acrescente-se isso o empobre-
e insuficiente para a compra de um imóvel, cujo cimento geral dos municípios brasileiros,
preço era fixado pela Cecisa de acordo com o determinado basicamente por uma reforma
mercado. A estratégia levada a cabo por vários tributária que, instituída por essa época, con-
trabalhadores foi a de conseguirem um terceiro centrou os recursos arrecadados nas mãos
comprador que lhes adiantasse uma quantia do Governo Federal. O aspecto mais
capaz não apenas de permitir a realização do aberrante desse processo é que a água
negócio, como também de proporcionar um fornecida aos bairros planejados passou a
saldo com o qual adquiriam uma nova casa, ser comprada pela Prefeitura à CSN, pois o
localizada geralmente na periferia da cidade. reservatório pertence à usina.
A “expropriação” da moradia teve conse- A passagem dos terrenos e imóveis da
qüências deterioradoras nas condições de CSN à Cecisa alterou o mercado imobiliário
reprodução da força de trabalho. Os operários do município. Comportando-se como uma
foram obrigados a despender uma parte muito empresa monopolista, a imobiliária tornou-
maior do seu salário em habitação (nos bairros se proprietária de grande parte dos terrenos
operários, as taxas pagas pela moradia e pelos da cidade e sua prática é, até hoje, igual à de
serviços eram reduzidas), passando a residir qualquer empresa capitalista típica: retém

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Memória

terrenos no centro à espera de valorização; (PTB), um dos partidos que formavam a base
cria loteamentos em áreas longínquas, de sustentação do Estado populista até 1964. É
valorizando a terra que ficou sem utilização difícil imaginar um Getúlio Vargas, um João
no percurso da infra-estrutura estendida; Goulart ou mesmo um Juscelino Kubitschek
constrói bairros para moradia de operários desfechando um golpe tão duro sobre a maior
que, pela qualidade da urbanização planejada, parte da população (os operários e suas famí-
logo são expulsos pela pressão da valorização lias) de Volta Redonda, a filha dileta da ideolo-
imobiliária (como é o caso do bairro gia nacionalista-desenvolvimentista. O segundo
Siderópolis). Além disso, aluga imóveis elemento a ser contemplado é o papel desem-
residenciais e comerciais que ficaram sob sua penhado pelo atuante sindicato dos meta-
propriedade na área central. lúrgicos de Volta Redonda, tanto na esfera da
As transformações sofridas por Volta Redon- produção quanto na do consumo, durante es-
da a partir de 1967 tiveram um sentido muito ses anos. Com o golpe militar, o sindicato foi
claro. Dadas as condições de reprodução da invadido, caiu sob intervenção e, nos anos se-
força de trabalho, bem acima do nível geral do guintes, viu seus ativistas e lideranças serem
restante da indústria brasileira, a nova fase de perseguidos pela repressão.
acumulação não podia conviver com a cidade A atuação do sindicato no nível do con-
planejada, que, em função de injunções sumo merece algumas palavras. Quando uma
econômicas e políticas, organizou-se como um empresa mantém uma vila operária em área
núcleo urbano diferenciado. O Estado interveio, por ela administrada, a questão da habita-
pela necessidade imperiosa de que Volta ção, envolvendo os equipamentos coletivos
Redonda fosse transformada em uma cidade que a cercam, é levada pelo sindicato para
como outra qualquer, sendo os operários da discussão junto aos patrões. Assim, as rei-
CSN submetidos ao mesmo grau de exploração vindicações no nível do consumo urbano en-
imposto ao conjunto da classe operária brasileira. contram, nesse caso, seus atores sociais – os
Levando em conta que, pelas necessidades operários – já agrupados numa organização
concretas da usina, a CSN poderia ter e livrado dos no nível da produção, o sindicato. Resulta
encargos sociais alguns anos antes de 1967, daí uma dupla concentração dos atores so-
procuraremos analisar agora porque essa mudança ciais em termos espaciais: na produção e no
de linha de atuação foi postergada. Dois elementos consumo. No caso de Volta Redonda, esse
essenciais concorreram para a ocorrência desse dado é elevado à mais alta potência, pois a
descompasso. maior parte da cidade era, até 1967, uma
Volta Redonda foi sempre um forte reduto grande vila operária, administrada por uma
eleitoral do Partido Trabalhista Brasileiro só indústria – a CSN.

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Volta Redonda: história de uma cidade ou de uma usina?

A presença do sindicato em duas frentes as primeiras tentativas de organização de mora-


de atuação – produção e consumo – ajuda- dores de bairros pobres, sob inspiração da Igre-
nos a compreender porque, ainda hoje,12 ja, visando a discussão de seus problemas mais
praticamente não se encontram associações imediatos.
de moradores em Volta Redonda. Afinal, até Em 1979, através da campanha salarial pro-
1967 essas organizações não se faziam movida pela oposição sindical, o sindicato dos
necessárias para a maioria dos operários, metalúrgicos iniciou a retomada das suas ativida-
vale dizer, para a maioria da população da des enquanto verdadeiro órgão de classe. No
cidade. Quando, em 1967, o problema da entanto, o sindicato agora não mais atuava nas
moradia passou a atingir frontalmente os duas frentes, concentrando seus esforços na es-
trabalhadores, o sindicato já estava sob forte fera da produção, representando os interesses
controle das autoridades. Neutralizada a dos trabalhadores junto à direção da CSN e
atividade sindical, quer no espaço da fábrica, reorganizando a categoria. As reivindicações no
quer no espaço da cidade, Volta Redonda nível do consumo passaram a ser encaminhadas
atravessou alguns anos de virtual paralisia em pelas associações de moradores e por outras
termos de movimento social. Só em meados entidades de sociedade civil, diretamente ao
dos anos 1970 é que começaram a ocorrer poder local, i.e., à Prefeitura.

Abstract – The history of Volta Redonda has been told as that of an urban center that
emerged with the setting up and the expansion of the first Brazilian metallurgic complex:
the Companhia Siderúrgica Nacional - CSN, controlled by the Union. Urban development
was conditioned by the expansion needs of the plant since its foundation, based on two
main elements: capital circulation and workforce reproduction.
Keywords
Keywords: Volta Redonda; CSN; urban expansion; Rio de Janeiro.

Resumen – La historia de la ciudad de Volta Redonda se enmarca cómo un núcleo


urbano florecido en función de la implantación y expansión del primer complejo siderúr-
gico brasileño: la Compañía Siderúrgica Nacional, bajo control federal. El desarrollo de la
ciudad fue, desde su fundación, determinado por las demandas de ampliación de la
usina, basadas en dos elementos fundamentales: la circulación de capital y la reproducción
de la fuerza de trabajo.
Palabras-clave
Palabras-clave: Volta Redonda; Compañía Siderúrgica Nacional;

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Memória

Notas
1
Esta seção do artigo foi baseada no verbete, de autoria de Alzira Alves de Abreu, “Companhia Siderúrgica Nacional”. In: Dicionário
Histórico Biográfico Brasileiro - 1930-1983. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1984, v.1, p. 857-858; e BAER, Werner. Siderur-
gia e desenvolvimento brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1970, p. 81-89; 94-105.
2
OLIVEIRA, F. A economia da dependência imperfeita. Rio de Janeiro: Graal, 1977, p.78-79.
3
ATHAYDE, J.B. Volta Redonda. A cidade do aço. Rio de Janeiro: Aurora, s/d, p. 42.
4
IPPU-VR. Instituto de Pesquisas e Planejamento de Volta Redonda. Volta Redonda. Um desafio. Volta Redonda: 1978, p.1 [mimeo].
5
Idem, p. 1-2.
6
ATHAYDE, J.B. Op. cit., p.46.
7
OLIVEIRA, F. Op. cit., p. 77.
8
Idem, p. 80-82.
9
IPPU-VR, Op. cit., p.3.
10
Idem, ibidem.
11
PAIVA, Glycon de. PEDI-VR. Plano Estrutural de Desenvolvimento Integrado de Volta Redonda.
12
Convém destacar que a pesquisa foi realizada em 1979, não dando conta, por conseguinte, dos rumos tomados pelo movimento
social de Volta Redonda após essa data.

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