SOCIOANTROPOLÓGICOS
AULA 2
O homem como ser
cultural e social e
sua relação
com a sociedade
Abertura
Olá!
O ser humano não é político, espiritual, trabalhador, social ou qualquer outra coisa, pois
ultrapassa os conceitos e definições. Ele não se distingue dos demais seres pela vida social nem
por trabalhar, mas porque, ao trabalhar, relaciona-se com outros seres, seus semelhantes.
Porque, ao trabalhar, deixa sua marca intencional no mundo e, portanto, produz cultura.
Percebe-se no mundo, mas almeja algo além do mundo – daí a dimensão da espiritualidade.
Nesta aula, abordaremos o ser humano como ser cultural e sua relação com a
sociedade.
BONS ESTUDOS!
Referencial Teórico
BOA LEITURA!
1.3 O homem como ser cultural e social e sua relação
com a sociedade
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Um caso trazido por Reinaldo Dias (2008) em seu livro “Introdução à
Sociologia” é representativo para um exercício etnocêntrico. O caso é o seguinte:
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Atender às regras impostas pela sociedade da qual faz parte, às vezes não
se revela tarefa fácil, principalmente se o que for exigido do indivíduo com potencial
seja a manutenção do status quo (situação vigente). Permanecer no mesmo nível da
pirâmide social em que nasceu, exige, de alguns, principalmente dos que estão no
topo, um constante investimento, seja educacional, seja financeiro, tecnológico ou
em novas ideias, e, do indivíduo que está na base, a total apatia.
Em sua obra “A sociedade dos indivíduos” (1994), o mesmo Norbert
Elias deixa claro que a sociedade é formada por indivíduos e estes constituem a
sociedade, estando ambas irremediavelmente entrelaçadas, não sendo possível
considerar os termos separadamente. Afirma ele que não há sociedade sem in-
divíduos e, consequentemente, não há indivíduos sem sociedade.
Como a sociedade é composta de indivíduos, necessário se faz centrar-
se no indivíduo. E acredito que seria muito significativo tentar problematizar o
papel do indivíduo, restituindo-lhe seu caráter ativo, mutável, inconstante e de
alteridade. Levar em conta o vínculo existente entre as maneiras de sentir, de se
comportar, de aceitar, de negar, de ver, de ouvir, é um exercício bastante per-
tinente, principalmente se o que estiver em jogo for o entendimento da relação
entre o indivíduo e a sociedade.
Diante da crescente industrialização e da consequente troca do homem
pelas máquinas, diante das exigências cada vez mais rígidas de aperfeiçoamento e
especialização, diante dos novos e disponíveis meios de comunicação, diante das
novas doenças sociais, diante do baixo salário, diante da carestia, diante dos impos-
tos por vezes abusivos, diante das epidemias, diante da liberdade sexual, diante do
uso abusivo das drogas, enfim, diante de tantos problemas sociais, fica mais fácil
conceber as formas de diferenciação social e suas implicações. Não é verdade?
A procura do entendimento entre tais diferenciações e implicações faz ruir
a barreira entre a Antropologia e a Sociologia. Parafraseando Costa (2007, p. 166):
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Para ajudá-lo a sedimentar o que pensa, sugiro que leia em sua integralidade:
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mesma maneira pela qual eles os veem (isso é, em função das signifi-
cações do grupo em apreço) cada conceito, cada significado concreto
é resultante das experiências de um determinado grupo. Em qualquer
definição todo conteúdo substancial, toda avaliação não mais susce-
tível de merecer um consenso sofre uma reinterpretação em termos
funcionais. (MANNHEIM, 1950, p. 20).
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formação para que convivam socialmente, estabelecendo relações. É assim que a
família se constitui o primeiro grupo que media as relações indivíduo e sociedade,
sendo a responsável, inclusive, pelas primeiras noções de cidadania. Tanto é assim
que quando a criança por algum motivo não pode ter sua família genética, ela tem
que ser amparada por outra ou por uma instituição que a transmita e ensine valores
e condições para sua inserção na vida social. Afinal as crianças precisam de modelos
para saber como se comportar, como ser homem ou mulher e é justamente nesse
ponto que encontramos a estreita relação entre a família e a cultura.
A participação da mulher no mercado de trabalho, as grandes distân-
cias que são percorridas até chegar ao trabalho, a carga horária extensa em bus-
ca de um melhor salário no final do mês, são alguns dos inúmeros motivos que
demandaram a criação de instituições acolhedoras e educacionais a exemplo
das creches, hoteizinhos, maternais, pré-escolas e escolas que junto ou no lugar
da família são os novos formadores de cidadãos. Não é raro uma criança surpre-
ender os pais com conhecimentos que não foram passados por eles, da mesma
forma que não nos surpreende o fato de a escola ser hoje a instituição social
de maior importância quando o assunto é a mediação cultural. Hoje as escolas
contemplam em seus currículos, além dos conteúdos tradicionais, temas como
orientação sexual, economia domestica, ecologia, ética, valores morais dentre
outros temas que compõem o cotidiano do indivíduo, mas que antes era atribui-
ção da família, o seu ensinamento.
E o Estado, onde entra nessa história?
A organização da sociedade conta além da família com o Estado, pois é
ele, como afiançou Max Weber, o responsável pela organização e controle social, na
medida em que é ele, o único detentor da coerção legítima. O primeiro autor que
se dedicou ao estudo do Estado foi Nicolau Maquiavel (1469-1527). Ao escrever “O
Príncipe”, em 1513 Maquiavel estudou as formas de poder e os tipos de governo:
monarquia e república. Ao analisá-los Maquiavel tece os passos que devem ser se-
guidos por um governante para que tenha sucesso em seu governo.
A essa época o que hoje denominamos de Estado, ou seja, o conjunto de
instituições que regulam a vida social, era comandado pelos reis e o seu poder
era considerado divino porque segundo as doutrinas cesaropapista bizanti-
na3, na França, e protestante, na Inglaterra, o direito de governar era emanado
3 Entendido aqui como um sistema de relações entre a Igreja e o Estado, no qual o líder do
Estado estava no poder por vontade de Deus e legitimado pela Igreja Católica.
O Estado, através da Polícia, é a única instituição que pode fazer uso da força,
legitimamente.
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A Paz de Vestfália ou Tratados de Munster e Osnabruck nomeia uma série
de tratados que pôs fim a guerras como a Guerra dos Trinta Anos e também
reconheceu oficialmente as Províncias Unidas e a Confederação Suíça e que
deu início ao moderno Sistema de Relações Internacionais, acatando consen-
sualmente as noções e os princípios de soberania estatal e o de Estado nação.
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Leia as obras:
Neste livro, Karl Marx e seu companheiro Friedrich Engels incitam os proletários
a unirem-se no que eles chamaram “Revolução Socialista”. Vale a pena conferir.
Este livro, condenado pela Igreja e mal visto por muitos intelectuais durante mui-
tos anos, lhe será muito útil, pois é na verdade composto por uma série de conse-
lhos acerca de como se deve governar um Estado. No livro, Maquiavel descreve
os distintos tipos de Estado e como cada tipo exige uma forma de governo.
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Portfólio
ATIVIDADE
Uma vez entendido os modos de governo, que tal pensar em outra forma de governo que difere
do comunismo e do capitalismo?
OBS: Para redigir sua resposta, use uma linguagem acadêmica. Faça um texto com
no mínimo 20 linhas e máximo 25 linhas. Lembre-se de não escrever em primeira
pessoa do singular, não usar gírias, usar as normas da ABNT: texto com fonte tamanho
12, fonte arial ou times, espaçamento 1,5 entre linhas, texto justificado.
Pesquisa
AUTOESTUDO
Para ampliar seu conhecimento, faça uma pesquisa e responda as questões abaixo descritas.