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Fernando Pessoa (ortónimo e heterónimos) - Resumo

Português (Ensino Secundário (Portugal))

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12º Português

Fernando Pessoa – ortónimo


Inquietação perante o enigma indecifrável do mundo;
Falta de impulsos afetivos, desânimo perante a vida.
1. O fingimento artístico: essencial para a arte poética de Fernando Pessoa
 Intelectualização das emoções e sensações experienciadas/
vivências de estados imaginários
 A imaginação sobrepõe-se ao coração
 Recusa da espontaneidade literária
 Relaciona-se com a noção de heteronímia
 Não se trata de falta de autenticidade por parte do poeta
 Transforma a dor que experiencia numa dor intelectualizada
que vai ser interpretada por cada leitor (“sentir? Sinta quem
lê!”)

* O que em mim sente está pensando

2. A dor de pensar:
 A intelectualização excessiva causa sofrimento, angústia e
frustração
 Dicotomia consciência/ inconsciência; pensar/sentir
 Desejo de evasão: ser inconsciente e feliz (gato, ceifeira) --»
 Impossibilidade de ser conscientemente inconsciente
Gato: Livre, espontâneo, natural, descontraído, inconsciente
O gato, enquanto ser irracional age conforme os seus impulsos e,
como o sujeito poético expõe, as “leis fatais*”; não tendo por isso
consciência da sua existência – o que Fernando Pessoa inveja.
O poeta, sendo consciente e racional, conhece-se e questiona a sua
própria identidade, o que o conduz à dor de pensar.
A inconsciência presente no gato é, deste modo, vista como uma
saída da dor de pensar e questionar para felicidade que o poeta procura.
*Destino

Gato:
3. Sonho e realidade:
 Transmutação* entre a realidade e o mundo onírico
 Sonho como refúgio e evasão
 Indistinção entre estados ilusórios e reais
4. Nostalgia da infância:
 A nostalgia de uma infância idealizada e ~aperfeiçoada
 Infância como paraíso perdido

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12º Português

 Saudade de um passado feliz (fingindo artisticamente) “Eu tive


pouco na vida. Mas dói-me tê-lo perdido”
 Infância como símbolo da inocência, inconsciência e felicidade
 Desejo frustrado de reviver a infância no presente
“Fui-o outra agora” v.12: Embora o sujeito lírico não tenha a certeza
de ter vivido uma infância feliz, da associação entre o “outrora” e o “agora”
experienciados em simultâneo, resulta a expressão de felicidade a que o
poeta acede através da memória, presentificada através da melodia da
canção.

Bernardo Soares – semi-heterónimo


Bernardo Soares  Mutação* da sua personalidade
1. Perceção e transfiguração poética do real:
 Supremacia do ato de sonhar: “Eu nunca fiz senão sonhar”
 Focalização de pormenores banais do quotidiano e seu
desdobramento
2. O quotidiano:
 A massa humana, a azáfama das ruas da cidade de Lisboa
 Ruas da cidade de Lisboa como uma extensão do próprio Bernardo
Soares que surge como uma materialização daquilo que sente
3. Deambulação e sonho, observador acidental:
 Facilidade de entrega ao devaneio
 Focalização dos pormenores da realidade que o circunda
 Deambulação

Alberto Caeiro –
Álvaro de
O Guardador de Ricardo Reis
Campos
Rebanhos
15 De outubro
Nascimento 1889 – 1915, em
de 1890 às 1.30
(local e data) Lisboa
da tarde, Tavira
Formação e Sem profissão ou Educado num Educação vulgar
profissão instrução “quase colégio de de liceu; foi
alguma”; só jesuítas; é mandado para a
instrução médico; Escócia estudar
primária; Expatriou por ser engenharia;
Vive de uns monárquico e Está em Lisboa
pequenos vive no Brasil em inatividade
rendimentos desde 1919
Características Estatura média, “Um pouco, mas “Alto (1,75 m de
físicas não parecia tão muito pouco, altura, mais 2
frágil como era; mais baixo, mais cm do que eu) ”;
louro sem cor, forte, mas seco”; magro e
olhos azuis “vago moreno tendente a
mate” curvar-se;

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12º Português

Entre branco e
moreno, tipo
judeu português;
cabelo liso e
apartado ao
lado, monóculo
Contexto de
escrita
heteronímica
Características Poeta bucólico Latinista
estilísticas (campestre, Semi-helenista
relativo às coisas (entendido na
simples da vida) língua e cultura
Escrevia mal da Grécia
português antiga);
Índole pagã

Alberto Caeiro – O Guardador de Rebanhos


 Está presente a dicotomia sentir/ pensar
1. O fingimento artístico: o poeta “bucólico”
 Deambulação e contemplação da Natureza
 Integração, comunhão e harmonia com os elementos naturais e
afastamento social
 Simplicidade e felicidade primordiais
 Vivência tranquila no tempo presente/ O presente é encarado como
uma dádiva
 Bucolismo como máscara poética
2. Reflexão existencial: o primado das sensações
 Sensacionismo: sensação sobrepõe-se ao pensamento
 Importância do olhar
 Observação objetiva da realidade
 Rejeição do pensamento abstrato e da intelectualização
 “Filosofia” da antifilosofia
3.Linguagem, estilo e estrutura
 Simples, familiar, objetiva (ex.: pouca adjetivação)
 Tom oralizante
 Vocabulário concreto
 Predomínio do presente do indicativo
 Verso livre (por norma longos)
 Versos soltos (ausência de rima)
 Recursos expressivos predominantes: comparação, metáfora,
anáfora, repetição
 Predomínio de construções sintáticas coordenadas e subordinadas
adverbiais
 Irregularidade estrófica, rítmica e métrica

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12º Português

Ricardo Reis – o poeta “clássico”


1. O fingimento artístico: o poeta “clássico”
Influências filosóficas

oEfemeridade da vida/ inevitabilidade da morte


oAtaraxia: busca da ausência de sofrimento
oRelativização da felicidade e prazer
Epicurismo
oAltivez e indiferença perante as emoções
excessivas – egoísmo epicurista
o Perceção direta da realidade e do ciclo da Natureza
o Aceitação das leis do Destino e do Tempo
o Supressão do desejo, do prazer, da angústia e do
Estoicismo lamento
o O acaso* inabilita a providência (felicidade)
o Autodisciplina e despojamento
o Renascimento da essência pagã, pela eliminação
da racionalidade abstrata e pela rejeição da
Neopaganism
metafísica ocidental
o/
o Cosmovisão (conceção do mundo) hierárquica
Neoclassicism
ascendente – animais, homens, deuses e Fado
o
o (Re)aparecimento dos antigos deuses na arte ou na
literatura, a partir do século XVIII
o Visão estoico-epicurista da existência
o Transitoriedade temporal +
o Inutilidade do esforço e da averiguação sobre o
Horacianismo futuro
o Apelo à entrega moderada ao prazer
o Mínimo de dor ou gozo
o Locus amoenus: lugar ameno, tranquilo, bucólico
Classicismo como máscara poética
2.Reflexão existencial: a consciência e a encenação da realidade
o Tragicidade da vida humana
o A vida como “encenação” da hora fatal (previsão e preparação da
morte): despojamento de bens materiais, negação de sentimentos
excessivos e de compromissos
o Intelectualização de emoções
o Contenção de impulsos
o Vivência moderada do momento

3. Linguagem, estilo e estrutura


o Culta, latinizante
o Estilo e forma complexos
o Tom didático e moralista – uso do imperativo e conjuntivo com valor
exortativo (que
o Tom coloquial (informal) na presença de um interlocutor

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12º Português

o Regularidade estrófica, rítmica e métrica (versos predominantemente


decassilábicos e hexassilábicos)
o Versos soltos
o Preferência pela composição poética em ode
o Recursos expressivos predominantes: anástrofe, metáfora, aliteração,
apóstrofe
o Influência da sintaxe latina (alteração da ordem padrão dos
constituintes frásicos)
o Uso predominante do presente do indicativo e da 1ª pessoa do plural
o Uso do gerúndio com valor aspetual imperfetivo

Anástrofe – inversão direta dos elementos da frase


Aliteração – repetição da mesma consoante
Ex.: “Mais possuirei a existência total do universo, / Mais completo serei
pelo espaço inteiro fora…”
Hipérbato –
Apóstrofe – chamamento de alguém
Ex.: “Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio”
Gramática – Valor aspetual
- Valor perfetivo – representa situações concluídas
O pretérito perfeito simples está associado a este valor, assim como os
verbos auxiliares acabar de, deixar de, parar de.
Ex.: A Ana comeu…
Gostei muito de ti

- Valor imperfetivo – “ não concluída


Pretérito imperfeito e os verbos auxiliares aspetuais estar a ou andar a
Ex.: Os alunos andavam quando…
Ando a ler um livro

- Situação genérica – situação descrita é atemporal, atribui propriedade


permanente

Fernando Pessoa (ortónimo) versus Alberto Caeiro (heterónimo)


Fernando Pessoa manifesta a dor de pensar que sente, causada pela
excessiva intelectualização das emoções (“tudo o que em mim sente está
pensando”).
O desejo de evasão – desejo de ser inconsciente e feliz, é uma tentativa
frustrada de pôr fim a este sofrimento sentido pelo ortónimo.
Alberto Caeiro revela ser a personificação do desejo de evasão, pois este
recusa a intelectualização e sobrepõe as sensações ao pensamento. É,
talvez, por isso que é considerado o mestre: é simples, vive em harmonia
com a Natureza, encara o presente como uma dádiva, deixando-se
deslumbrar e acima de tudo é feliz.

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12º Português

Álvaro de Campos
1.O fingimento artístico: o poeta da modernidade
o Rutura com os cânones tradicionais; insubmisso e rebelde das
vanguardas do início do séc. XX
o Postura provocatória e transgressora da moral --» propósito de
escandalizar e chocar
o Futurismo: apologia da civilização contemporânea moderna, industrial
e tecnológica
o Sensacionismo: sensação como método cognitivo da realidade
o Apologia da “vertigem sensorial” (“sentir tudo de todas as maneiras”)
o Tensão, insatisfação e frustração perante a incapacidade de abarcar a
totalidade das sensações
1ª Fase – Decadentista
sentimentos de tédio, cansaço, abatimento e necessidade de novas
sensações
2ª Fase – Futurista e Sensacionista
futurismo (de Marinetti) e sensacionismo (de Walt Whitman); Álvaro de
Campos, para além de celebrar o triunfo da máquina, da energia mecânica
e da civilização moderna, canta também os escândalos e corrupções da
sociedade contemporânea; Esta fase está também marcada pela
intelectualização das sensações.
3ª Fase – Intimista
O poeta vive rodeado pelo sono e pelo cansaço, revelando desilusão,
revolta, inadaptação, devido à incapacidade das realizações
2. Exaltação do modernismo:
o Elogio do cosmopolitismo
o Exaltação eufórica da máquina, da agressividade, velocidade e do
excesso
o “Pujança da sensação” (poderio, abundância) com pendor épico

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