O conjunto de normas jurídicas vigentes em um país determinadas para
vivência em sociedade é definida como “direito”, em um estado com a ausência do direito, como a Venezuela, com instituições instáveis e um ordenamento débil, o advogado perde sua importância. O cidadão está à mercê do desportismo e o advogado nada pode fazer se não lutar contra o sistema injusto. Segundo os próprios advogados do país “Atuar como advogado na Venezuela é muito difícil, pois além da Economia estar em crise, há muito atraso processual nos tribunais, e existe dificuldade de acessos básicos, como quando precisamos imprimir um documento e não há material (documentos legais), não há luz, ou ainda não a internet” Nos registros e notários lhes são colocados muitos obstáculos, pelos falsos ditadores da lei, e oferecem a opção de acelerar o processo utilizando meios antiéticos, o que é o pano de fundo (a corrupção) é por isso que uma coisa é o que está escrito nos códigos processuais venezuelanos e outra coisa o que se passa realmente no país. O fator que mais contribuiu para esse aumento da corrupção no meio jurídico é o fato de não existir um estado de direito e justiça no país. Segundo a advogada Rhóde Blanco: “o estado controla órgãos públicos e os funcionários não ganham um salário digno, comprar um quilo de queijo ou um litro de leite é um luxo, um funcionário não pode comprar”. Ainda segundo ela: “Existem direitos fundamentais, como saúde, alimentação, moradia, liberdade de expressão, entre outros, que é uma luta de Davi contra Golias; de nossa posição, fazemos o trabalho da maneira possível, por exemplo, podemos ajudar a garantir o direito identificar os tribunais através da retificação da certidão de nascimento, mas o direito de uma pessoa com diabetes de comprar insulina ou assistência médica está fora de nosso controle”, quando foi perguntada se é possível, para um venezuelano, gozar de seus direitos. A Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela de 2017, proposta para elaborar uma nova Constituição da Venezuela, é na verdade um organismo que está ajudando o presidente a fazer o que bem entende sem o Estado de Direito, e até os dias atuais não debateu uma nova constituição. De acordo com o advogado Argenis Rodrígez, associado ao escritório jurídico BOFRAS da capital venezuelana: “Vencer o estado em um julgamento é quase impossível, porque o judiciário não é independente; está a serviço do governo”. Que Nicolas Maduro usurpou o poder dos poderes legislativo e judiciário, não é nenhuma novidade, quanto ao legislativo, convocou uma Assembléia Nacional Constituinte (indevidamente) e ela serviu como um parlamento paralelo, promulgando leis. E quanto ao judiciário, está a serviço dos interesses do governo. A maioria dos juízes é provisória, ou seja, eles podem ser removidos livremente pelo governo se tomarem uma decisão que o governo não gosta. Diante ao exposto, termino fazendo uma alusão histórica aos séculos XII e XVII onde era utilizado o modelo feudal clássico, no qual os tribunais eram formados pelo próprio senhor feudal, onde exercia a autoridade máxima, seria Nicolas Maduro a “autoridade máxima” nos tribunais venezuelanos? Precisaria a Venezuela de um Renascimento Jurídico?