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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO I
TURMAS: SEMESTRE 2021.2
PROFESSORA: DANIELA DE ANDRADE BORGES
ESTUDANTE: PRISCILLA DA MATA
PRAZO DE ENTREGA: 29/09/2021.

ESTUDO DIRIGIDO 04

1°) O(A) aluno(a) deverá responder o estudo dirigido com base em pelo menos
dois autores, indicando as obras em que pesquisou para responder o estudo
dirigido.
2º) O(A) aluno(a) deverá observar os critérios abaixo no momento da elaboração
do estudo dirigido:
(a) respostas fundamentadas e adequadas ao que foi questionado;
(b) escrita clara e correta;
(c) demonstração da pesquisa em pelo menos 2 (duas) obras para responder o
estudo dirigido;
(d) indicação dos dispositivos legais, quando for o caso;
(e) indicação da existência de súmulas, quando for o caso.

1) Explique o que são as limitações constitucionais ao poder de tributar e


como elas devem ser aplicadas e interpretadas.
Há os limites gerais e específicos. Os gerais é o cuidado e observação à toda a
Constituição Federal. O tributo não poderá ser criado em desacordo com a Constituição.
Os específicos é sobre respeitar artigos específicos da CF. São eles os arts. 150 a 152,
145, §1º. Eles versam sobre os princípios e imunidades tributárias.
A imunidade corresponde a um limite do poder de tributar. É uma dispensa
constitucional do dever de pagar o tributo. Alguns autores se referem como
“incompetência tributária” pois a majoração de tributos é a competência tributária. A
imunidade tributária não deve ser confundida com a isenção e a não-incidência.

2) Considerando as limitações constitucionais ao poder de tributar,


explique:
a. Legalidade
A constituição prevê por meio do art. 5º, II, que “ninguém será obrigado a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Por este motivo não
poderá qualquer ente federativo exigir ou aumentar tributo sem lei que o
estabeleça.
i. Formal;
É quando a lei é criada pelo poder competente de acordo com
a CF.
ii. Material;
iii. Há exceções? Se houver, quais?
Há matérias que não estão sujeitas ao princípio da legalidade
e por isso poderão ser disciplinadas por ato infralegal. São
exemplos do caso: atualização do valor monetário da base de
cálculo do tributo (atualização não confunde-se com aumento,
pois este último só poderá ocorrer por lei) e a fixação do
prazo pra recolhimento.
iv. É necessário lei para exonerar tributos? Bem como o poder de
criar, é necessário também lei específica para a exoneração dos tributos.
v. Cabe medida provisória em matéria tributária? Sim. Elas
podem criar ou majorar tributos desde que não seja aqueles que necessitam de lei
complementar.
b. Não-surpresa;
É ligado intimamente ao princípio da segurança jurídica. Está ligado à “certeza do
direito”. As relações devem estar juridicamente asseguradas. É necessário não apenas
haver segurança com os fatos passados, mas também haver um mínimo de
previsibilidade sobre o futuro. É indispensável a existência de um prazo razoável para a
ciência e organização do contribuinte. Desta forma foi incluída uma nova alínea no art.
150, III dispondo que é vedado cobrar tributos antes de decorridos noventa dias da data
em que fora publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Ainda deverá observar o
princípio da anterioridade, descrito abaixo.

c. Anterioridade;
É vedada aos entes a cobrança de tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou” por força do art. 150, III, b. O marco
é o da publicação (e não vigência) da lei.
O princípio existe para proteger o contribuinte e, por isso, poderá haver aplicação
imediata de mudanças que diminuam a carga tributária (extinção/redução de tributos) ou
a que não tenham nenhum impacto sobre a carga tributária. O STF entende, por meio da
Súmula Vinculante nº 50, que, normas que restringem-se à mudança de prazo para
pagamento de tributos (já existentes), ainda que os antecipe, não lesa o contribuinte e,
portanto, não está sujeita à regra da anterioridade.
Também não se aplica o princípio em casos onde há a mera atualização monetária do
valor do tributo ou de sua base de cálculo, uma vez que tais atos não são considerados
“majoração” do mesmo.
i. Há exceções? Se houver, quais?
O art. 150, §1º dispõe sobre as exceções ao princípio. 1) II,
IE, IPI e IOF por possuírem características meramente
extrafiscais de intervenção ao domínio econômico. 2)
Empréstimos compulsórios guerra e calamidade, devido a
urgência e impossibilidade de espera. 3) Contribuições para
financiamento da seguridade social que estão sujeitos à regra
da não-surpresa mas não à da anterioridade. 4) ICMS e CIDE-
combustível.
d. Noventena;
A CF prevê a obediência ao prazo mínimo de 90 dias da data da publicação da lei (que
majore ou crie tributo). É chamado também por princípio da anterioridade nonagesimal.
A EC 42/2003 exige o prazo em situações de instituição ou majoração de tributo. O STF
entende que a noventena foi instituída para proteger o patrimônio do contribuinte.
Assim, um novo (ou maior) tributo só poderá ser cobrado após, no mínimo, 90 dias da
publicação e se atingido o início do exercício subsequente.
i. Há exceções? Se houver, quais?
Não estarão sujeitos à noventena: 1) II, IE e IOF. 2) Impostos
extraordinários de guerra. 3) Empréstimos compulsórios
guerra e calamidade. 4) Imposto de renda (só obedece a
anterioridade do exercício). 5) Base de cálculo do IPTU e
IPVA.
e. Irretroatividade;
É vedado aos entes cobrar quaisquer tributos que estão relacionados a fatos geradores
que ocorreram antes do início da vigência da lei que os instituiu ou aumentou. Esta
disposição está presente no art. 150, III, a da Constituição Federal.
Assim, o CTN dispõe que “a legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos
geradores futuros e aos pendentes”.

i. Há exceções? Se houver, quais?


f. Isonomia;
O princípio da isonomia tem acepção horizontal e vertical. A horizontal está relacionada
às pessoas que estão niveladas, leia-se, em mesma situação e, portanto, deverão ser
tratadas da mesma forma. A vertical é sobre pessoas em situações distintas, devendo
estas serem tratas de maneira diferenciada e de acordo com a forma em que se
diferenciam. Um clássico exemplo é o imposto de renda. Enquanto algumas pessoas
estão isentas ao seu pagamento, outras pagam e, dentre estas que pagam, existem
alíquotas diferentes.

g. Capacidade Contributiva;
Como citado anteriormente, a capacidade contributiva está intimamente ligada à
isonomia. O Estado entende que pessoas com salário menor tem uma capacidade
contributiva menor pois seus rendimentos estarão comprometidos com suas
necessidades básicas, havendo pouca ou nenhuma disponibilidade do dinheiro,
sobretudo para a contribuição com o Estado.

h. Vedação ao confisco;
O tributo não deve ser entendido como uma punição. Além disso, um tributo
confiscatório seria aquele que tem incidência exagerada sobre o contribuinte,
absorvendo parcela considerável de forma que este o entendesse como uma sanção. Por
este motivo o princípio pode ser entendido também como “proporcionalidade da carga
tributária”. O poder de tributar deverá ocorrer de forma razoável e moderada. Não
deverá confundir este conceito com a pena de perdimento de bens que tem caráter
punitivo.

i. Unidade nacional;
i. Art. 151, I, CF/88;
Não poderá a União “instituir tributo que não seja uniforme
em todo o território nacional ou que implique distinção ou
preferência em relação a Estado, DF ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos
fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões
do país”. Logo, não serão instituídas alíquotas diferentes para
o imposto de renda, por exemplo.
ii. Art. 150, V, CF/88;
O artigo proíbe os entes de “estabelecer limitações ao tráfego
de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela
utilização das vias conservadas pelo Poder Público”. As taxas
de trânsito, antes comuns, não podem configurar afronta ao
art. 5º, XV. Tal regra encontra-se excetuada na possibilidade
de cobrança do ICMS interestadual e o pedágio.
iii. Art. 152, CF/88;
É o princípio da não discriminação baseada em procedência
ou destino. Não se aplica à União e é regra importante do
pacto federativo. Não seria lícito, por exemplo, um Estado dar
preferências criando adicionais ou redutores tomando por
base a procedência ou o destino do bem.
iv. Art. 151, II, CF/88;
O artigo diz que é vedada à união tributar renda das
obrigações da dívida pública dos entes. Se não ocorresse
desta forma os títulos federais concorreriam de forma desleal
face aos outros. Essa restrição é ligada apenas ao IR.
v. Art. 151, III, CF/88;
O artigo trata sobre a vedação à isenções, por parte da União,
de tributos da competência dos Estados, DF e Municípios.
Entretanto se a isenção decorrer de tratado internacional
firmado pela República (e não em nome da União) não haverá
afronta à CF.
j. Progressividade e Seletividade;
A progressividade dispõe que a elevação dos tributos deve ocorrer de maneira gradual.
A seletividade está ligada ao aumento e diminuição da carga tributária, onde deve-se
observar também a essencialidade dos bens e serviços. Tais princípios mantém relação
íntima por pensarem na capacidade contributiva e não lesiva ao contribuinte.
k. Não-cumulatividade.
Baseia-se na compensação onde todo o tributo que já foi cobrado em operações
anteriores poderá ser compensado na operação seguinte.

FONTES:

PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo. Saraiva. 2020.

SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. Saraiva. 2018.

ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. Editora Juspodivm. 2018.

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