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Filosofia
Aula 1
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Conversa Inicial
Olá! Este é o nosso primeiro encontro para o estudo da Metafísica. E,
para começo de conversa, iniciamos pela fala de José Ortega y Gasset num
curso de Metafísica proferido entre 1932 e 1933 na Universidade de Madri. Ao
iniciar o curso, Ortega y Gasset afirma que “estudar Metafísica (...) é uma
falsidade”. Parece estranho começar o estudo de algo afirmando que o mesmo
é uma falsidade. À primeira vista, isso parece ser um convite a não realizar tal
tarefa. No entanto, continuando a refletir com o filósofo espanhol, estudar algo
só não será uma falsidade se o fizermos porque sentimos necessidade de
aprender e apreender esse mesmo algo.
Corroborando com essa ideia, Agnes Heller (1983) em sua obra Filosofia
Radical, também fala de “carecimentos radicais”, quais sejam: o saber pensar,
saber viver e saber agir. Tais carecimentos somente serão atendidos por meio
de uma recepção completa da Filosofia. Assim, para que o estudo que ora
iniciamos não se confirme como uma falsidade, faz-se necessário que o mesmo
seja feito a partir de uma necessidade de aprender os conteúdos a partir de
agora expressos.
A mesma necessidade que tem movido os cientistas e investigadores em
seus processos de descobertas. Da mesma forma que pela necessidade de
satisfazer os carecimentos radicais apontados por Heller.
O percurso desta aula será o seguinte: iniciaremos por compreender
alguns conceitos básicos de Metafísica, conhecendo um pouco sobre algumas
questões metafísicas já apontadas pelos filósofos pré-socráticos chegando até
a metafísica platônica.
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O professor Rui Valese, no material online, nos explica sobre o estudo
da Metafísica, destacando sua importância na compreensão do que seja
filosofia. E você entenderá o porquê nos cursos de Filosofia ela acaba sendo
tratada como uma disciplina incompreensível, que trata de questões por
demais abstratas e sem “pé” na realidade.
Contextualizando
Quem sou eu? Diante desta questão, normalmente as pessoas tendem a
dizer o próprio nome, como se o mesmo tivesse vindo antes de nós mesmos e,
em certo sentido, já nos definisse. No entanto, quando nos perguntamos quem
somos nós, não se trata de se perguntar por qual nome nos chamam, mas de
refletirmos sobre o que nos define. Outra possibilidade de resposta é aquela que
a escola nos fez decorar: um animal racional, como se com essa definição
satisfizesse o que a pergunta inicial nos provoca a refletir. Ao longo desta rota,
refletiremos sobre algumas questões que nos ajudarão a compreender a
complexidade da pergunta “Quem sou eu?” ao mesmo tempo em que poderemos
formular algumas respostas para a mesma.
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Sobre a pergunta inicial “Quem sou eu?”, quais elementos podemos
fazer uso para responder à pergunta? Quais são as possibilidades de resposta
a partir de diferentes perspectivas? Confira a contextualização pelo professor
Rui no conteúdo online.
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Em sua edição, Andrônico separa as obras de Aristóteles em dois grupos:
os tratados que investigam as questões da física ou da natureza – em grego, tà
physica – e aquelas que se referem às questões investigadas após, isto é,
“depois de”, “após” – em grego, tà meta. Assim, à Metafísica – tà meta tà physica
– caberia investigar as questões ou, nos dizeres de Reale, das “realidades-que-
estão-acima-das-realidades-físicas”.
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No entanto, não são definições distintas, mas complementares. Ao se
perguntar sobre o Ser enquanto Ser, podemos partir, por exemplo, do Ser
sensível. Porém, em oposição a este, podemos nos perguntar também do Ser
supra-sensível, divino e, nesse ponto, se perguntar sobre Deus, ao mesmo
tempo em que se perguntar qual é a substância do Ser.
Contudo, nem todos concordam que metafísica seja o termo mais
adequado para tratar das questões de Filosofia Primeira. É o que pensa, por
exemplo, o filósofo alemão Jacobus Thomasius (1622-1684), que propõe a
palavra ontologia – onto e logia – como mais apropriada, uma vez que tà onta
significa “as coisas realmente existentes”. Assim, a palavra que melhor expressa
o estudo do Ser enquanto Ser e das coisas ou dos entes tais como são em si
mesmos é Ontologia.
Segundo Thomasius, o próprio Aristóteles afirmou que a Filosofia Primeira
estuda os princípios e causas primeiras dos seres e, portanto, tal estudo deve
vir antes de todos os outros já que é condição sine qua non dos mesmos. Assim,
o “vir antes” significa as investigações que estão acima das demais, e não
meramente o lugar no catálogo de determinadas obras escritas pelo estagirita.
Dessa forma, a palavra ontologia é a mais adequada, pois a mesma significaria
o estudo da essência das coisas.
A periodização mais aceita da história da metafísica é a que a divide em
três períodos. Cada período possui características próprias e, num sentido
dialético, podemos dizer que se propõem superar o anterior, conservando certas
terminologias ressignificadas.
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constituindo um coerente sistema de ideias interligadas. Além disso, distingue
ser de aparência.
O primeiro período termina quando David Hume (1711-1776) afirma que
os conceitos são o resultado de hábitos mentais ou psíquicos por meio dos quais
associamos ideias a sensações, a percepções e a impressões dos sentidos,
quando os mesmos se nos apresentam de maneira constante, frequente e
regular. E, portanto, não correspondem a nenhuma realidade externa e
independente de nós, existindo por si mesma.
3. Contemporânea (XX)
No terceiro período – Contemporâneo – a metafísica passa a ser chamada
de ontologia, procurando superar tanto a metafísica antiga, quanto a concepção
kantiana. No seu horizonte de investigação, coloca a relação mundo-ser
humano como seu objeto ontológico.
Possui as seguintes características: investiga os modos diferentes pelos
quais os entes ou seres existem, bem como sua estrutura, sentido ou essência;
que relações necessárias há entre a existência e a essência dos entes, bem
como o modo como os mesmos aparecem à nossa consciência. Manifestação
essa que se dá por diferentes e distintas maneiras.
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Por oferecer uma descrição das estruturas do mundo, bem como do nosso
pensamento, alguns filósofos consideram que melhor seria chamá-la de
descritiva, mais do que metafísica ou ontologia.
Uma primeira questão a respeito do Ser está na sua própria origem grega
que, ao ser traduzido pelos latinos, causou certa confusão e acabou
determinando um sentido para a palavra metafísica, como Filosofia Primeira, que
não corresponderia à sua real atividade investigativa.
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Antes de continuarmos, porém, faz-se necessário observar que os gregos
não foram os únicos, nem os primeiros a elaborarem uma concepção de Ser em
sentido abstrato. O pensamento filosófico indiano, por exemplo, já apresentava,
muito antes dos primeiros filósofos gregos, três conceitos metafísicos
relacionados ao ser humano enquanto Ser.
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A palavra karma, aliás, tem sido usada no Ocidente, pelo senso comum
inclusive, com significado completamente pervertido, uma vez que por aqui o
entendemos como castigo, punição e/ou peso a ser carregado em vida pela
vontade de alguma divindade que resolveu nos castigar. Porém, seu significado
se aproxima à terceira lei de Newton: para toda ação corresponde uma reação
de mesma força e em sentido contrário. Tanto o pensamento teológico que dá
sustentação às religiões de matriz africana, quanto a Filosofia Espírita possuem
o mesmo fundamento: a lei do retorno. Assim, minhas ações devem ser
realizadas em sentido de libertar-se e não de aprisionar-se. Ou seja, colhemos
os frutos das ações que realizamos.
Somos o que fazemos... Dessa forma, nosso existir é um aprendizado.
Quando aprendermos nossas lições, nos libertaremos. Enquanto não as
aprendermos, precisaremos de outras vidas para realizar o aprendizado
necessário.
Já na filosofia chinesa, por exemplo, a preocupação não é com o Ser,
mas, com o processo. Assim, não existe uma categoria “tempo” que faz a divisão
entre presente, passado e futuro, mas, no sentido de um devir, de um processo
que é kairós – tempo propício. Diferente da tradição ocidental, que toma o tempo
e o divide em partes, pedaços, um intervalo entre dois momentos, por exemplo
– o presente é o intervalo entre o passado e o futuro – para o pensamento chinês,
o tempo é um processo, assim como o mundo não foi criado num determinado
tempo, mas é um processo autorregulado, isto é, que se desenvolve de acordo
com um momento propício e por si mesmo.
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Ou, em termos metafísicos clássicos: um Ser é um Ser, junto com outros
Seres. Isto é, não se funda na exclusão, mas na inclusão, na interdependência.
O filósofo Martin Buber (1878-1965) em sua obra “Eu-Tu” afirma algo
semelhante: o Eu somente tem sentido e existência na presença de um Tu; não
o Tu dominando, não o Tu explorando, não o Tu violentando, mas existindo com
ele, (co)existindo.
Emanuel Levinas (1906-1995) e Enrique Dussel (1934-) refletem sobre o
conceito de alteridade na mesma perspectiva de Martin Buber.
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E outra questão relativa ao Ser é o sentido que o mesmo é tomado: se
verbo ou se substantivo. No primeiro caso, o Ser é aquilo que faz com que o
sentido substantivo do Ser – o ente, seu segundo sentido – seja.
Por exemplo: sou alto ou sou baixo, sou homem ou sou mulher,
sou brasileiro ou sou sul-africano e, assim por diante.
Já o sentido substantivo diz respeito a identificar que características
possuo e que me diferenciam de qualquer outro Ser. Isto é, que características
cada Ser possui que o torna único, não se confundindo, mas diferenciando-o dos
demais Seres. O que o torna distinto e caracteristicamente próprio, não se
assemelhando ou se confundido com outros Seres. O que lhe é inerente, isto é,
que é próprio dele, Ser em si, e de mais nenhum outro Ser. Que lhe é intrínseco.
Em outras palavras, a identidade de um Ser é aquilo que é próprio dele e que
não depende de nenhum outro ser ou circunstâncias para sê-lo tal qual é.
Tomemos, para ilustrar a reflexão sobre o que é o Ser, o conceito de ser
humano em alguns períodos históricos e distintos pensadores.
No pensamento platônico, por exemplo, o ser humano é constituído de
um corpo e uma alma. O primeiro é um entrave para que a segunda contemple
as Ideias. O objetivo da existência humana é controlar o corpo e elevar a alma
ao Mundo das Ideias. Já na Europa medieval, por exemplo, muito influenciada
pela cultura judaico-cristã, o ser humano é entendido como filho de Deus, porém,
possuindo um corpo, que é fonte de pecado e que, portanto, deve renegá-lo para
salvar a alma, que é perecível. Para Descartes (1596-1650), por exemplo, o ser
humano é constituído de uma mente – substância pensante – e um corpo –
constituído de matéria, que pode ser explicada por meio de leis científicas e
fórmulas matemáticas. Já para o sistema capitalista iniciado com a Revolução
Industrial no século XVIII, segundo Marx (1818-1883), o ser humano é uma
máquina de produzir mercadorias com vistas à produção do lucro, por meio da
extração de mais-valia.
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O conceito de ser humano, que pode ser pensado em termos
metafísicos, assume significados objetivos e diferenciados quando o
analisamos em determinado período histórico ou num determinado pensador.
Veja o que o professor Rui tem a nos dizer sobre essas questões no material
online!
SUBSTÂNCIA
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Se pegarmos as primeiras imagens da divisão celular e a compararmos
com as demais fases, observaremos várias “qualidades” que foram se
modificando, aparecendo ou desaparecendo, da fase celular até a fase adulta.
Se as qualidades mudam, o mesmo não ocorre com a essência dessa pessoa,
que constitui o seu Ser.
E quando há mudança de substância, o que ocorre é a passagem de uma
substância a outra. A substância é aquilo sem o qual o Ser não é, nem é o que
é. Nesse sentido, substância equivale à essência do Ser; sua realidade
constante de necessária.
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7. a posse: armado;
8. a ação: cortar, andar, ferir;
9. a passividade: estar machucado, estar cortado.
Quanto à substância, Aristóteles distingue dois tipos: uma, que ele identificou
como Substância Primeira, e outra, como Substância Segunda, que deriva da
primeira.
A Substância Primeira é o que predica o primeiro Ser, de onde derivam
todos os indivíduos que fazem parte desse Ser. Entenda melhor com o exemplo
a seguir.
Ao triângulo primeiro posso aplicar-lhe o nome “triângulo”, com o
qual afirmo algo do triângulo individual – figura geométrica constituída de
três ângulos. Porém, se o triângulo primeiro constitui sua substância
primeira, o nome “triângulo” não é mais sua substância primeira. As
características apontadas da figura geométrica acima indicada dão
substancialidade ao triângulo. Dizer-se que o mesmo é feito de metal,
mineral ou apenas desenhado sob uma superfície qualquer constitui os
predicados acidentais do mesmo. Enquanto as qualidades acidentais têm
seus respectivos opostos – branco-negro, alto-baixo, pequeno-grande, etc.
– as substâncias primeiras não têm nenhum contrário.
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Quando se afirma que Maria é ser humano, a
humanidade que afirma de Maria não constitui
uma parte sua. No entanto, se afirmo que
Maria é afro-brasileira, ou professora, ou líder
sindical, ou empresária, isso que afirmo dela
constitui uma parte sua.
Fonte da imagem:
http://www.revistaforum.com.br/2015/07/25/mulheres-sobre-o-25-de-julho-a-luta-
contra-a-invisibilidade-e-constante/
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No entanto, se digo que Mônica é ser humano, estou afirmando um
predicado essencial de si. No entanto, outros seres existentes – Pedro, José,
Maria, Lúcia – também são seres humanos.
Viu só? Afirmar que Mônica é ser humano não é ainda afirmar dela algo
que é só dela. Isso reside no fato de que é difícil afirmar a essência de um
indivíduo. Nesse caso, o mais comum é reunir uma classe de indivíduos e afirmar
uma essência que seja comum aos indivíduos dessa classe: Pedro, José, Maria,
Lúcia são seres humanos, isto é, partilham entre si a humanidade. Quando ainda
afirmo que os seres humanos são seres racionais, estou distinguindo-os dos
demais seres ou classe de seres.
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Para o filósofo alemão, a essência desenvolve-se, dialeticamente, em três
fases: em primeiro lugar, ela aparece em si como reflexão; num segundo
momento, emerge como existência; já num terceiro momento, forma uma
unidade com sua existência, chamada por Hegel também de efetividade.
Enquanto a essência é o que é, a existência é “o que está aí”. A
existência, para Aristóteles, é a substância primeira e, quando essa se une
essência, temos um ser. O que podemos saber de um ser, sabemo-lo porque
sabemos que ele é. Enquanto alguns filósofos consideram a existência um
predicado da essência, Kant (1724-1804) afirma o contrário. Uma coisa é dizer
de algo que o mesmo é vermelho, alto, pesado; outra coisa é dizer que a
existência é o predicado de uma essência.
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Antes de prosseguirmos, cabe esclarecer, primeiro, o que os gregos
antigos entendiam por physis. Esta não tem relação com a Física Moderna, que
tem como objeto de investigação as relações entre sistemas materiais e entre
esses e os campos de força. Busca também reconhecer as propriedades de tais
sistemas e estabelecer as leis de comportamento que os regulam.
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Vamos ver e analisar pelo menos alguns dos principais nomes. Para uma
melhor compreensão, vamos fazê-lo a partir das escolas que os agrupam: Escola
Jônica, Escola Itálica, Escola Eleática, Escola Atomística. Além do espaço
geográfico, os respectivos filósofos compartilham os mesmos problemas
discutidos por eles.
ESCOLA JÔNICA
Tales também afirma, num de seus fragmentos, que “tudo está cheio de
deuses”.
Com essa afirmação, queria dizer que todas as coisas eram animadas,
isto é, possuíam alma e, por isso, estavam vivas. Usa o exemplo do imã que atrai
o ferro para justificar sua tese: a alma seria a força do imã atraindo o ferro.
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Para Anaximandro, um princípio (arché) para tornar-se todas as coisas,
as quais são diferentes entre si, tanto por qualidade, quanto por quantidade
precisa ser indefinido qualitativamente e infinito espacialmente. Assim, o
conceito que congrega essas qualidades é o ápeiron. Para ele, a água já é uma
derivação. Enquanto o princípio é infinito e indefinido. Assim, o ápeiron – palavra
grega que significa “o que está privado de limites” – é o princípio que pode dar
vida a todas as coisas.
Anaxímenes, discípulo de Anaximandro, porém, irá afirmar que o princípio
(arché) de tudo é o ar. A razão pela qual rejeita tanto o ápeiron de seu mestre,
quanto a água como elementos primordiais, está no fato de que ele considera
que o ar é um elemento que está mais suscetível “às variações e transformações
necessárias para fazer nascer as diversas coisas” (REALE, 2003, p. 21).
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Escola Itálica
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Parmênides: o segundo filósofo dessa escola e, talvez o mais importante,
é Parmênides. Para ele, “o ser existe e não pode não existir”, e, como
consequência, “o não-ser não existe”. Como para ele é impossível pensar o
nada, fora do ser, não existe nada. Afirma também que o ser é não-gerado e
incorruptível. Caso contrário, seria gerado pelo não-ser ou acabaria por se tornar
não-ser. Como não tem passado e nem futuro, vive um eterno presente e,
portanto, é imóvel, homogêneo, perfeito e uno.
Escola Atomística
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Agora, acompanhe no material online a explicação do professor Rui
sobre alguns fragmentos dos filósofos pré-socráticos sobre o elemento
fundante.
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Para Platão existem dois mundos: o mundo das ideias (ou Mundo
Inteligível) e o mundo das aparências ou representações (ou Mundo
Sensível). No mundo das ideias encontram-se as essências de todas as coisas.
Essas são perfeitas e imutáveis e só podem ser alcançadas por meio do uso da
razão, isto é, do exercício filosófico. Transcendem a experiência e são
universais. As ideias são classificadas hierarquicamente e, no topo, está a ideia
do Bem, considerado por Platão, a realidade suprema. Todas as demais ideias
dependem dela.
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O verdadeiro conhecimento é aquele alcançado por meio do uso da
razão. O mundo das aparências é corruptível, imperfeito, mutável e particular.
Assim, quando vejo um animal qualquer – um cavalo, por exemplo – não vejo o
cavalo, mas um cavalo. Quando vemos ou ouvimos a palavra cavalo, cada um
de nós pensa num cavalo particular: grande/pequeno,
branco/malhado/marrom/preto/cinza ou outra cor qualquer, que é captado por
meio de um dos nossos órgãos dos sentidos. Porém, nenhum desses é o cavalo,
que seria o conceito que está presente no mundo das ideias e ao qual chegamos
por meio de um exercício racional.
Entre o mundo das ideias e o mundo das aparências, estão o Demiurgo e
as almas. No diálogo Timeu, Platão defende a ideia de que um ser inteligente,
belo e bom, ordenou o caos e criou a vida cósmica. A esse ser, chamou de
Demiurgo. Para Platão, esse último é superior à matéria, porém, inferior às
ideias. No entanto, faz uso do modelo das mesmas para ordenar a matéria e
transformar o caos em cosmos.
O Mundo Sensível é criado por Demiurgo a partir do Mundo Inteligível.
Dessa forma, o que Demiurgo cria no Mundo Sensível, que consideramos como
Bom ou Belo, os são por participarem tanto do Bom e do Belo em si, que se
encontram no Mundo Inteligível. Para Platão, então, as coisas e as formas em si
dão realidade ao Mundo Sensível. Da mesma forma, se alguma coisa que existe
no Mundo Sensível não encontrar uma contrapartida no Mundo Inteligível é falso
ou inexistente.
Quanto às almas, essas também têm papel mediador entre as ideias e a
matéria; por meio da ação do Demiurgo, a alma transmite, para a matéria,
movimento, vida, ordem e harmonia. Concebe-a como eterna, possuindo
natureza espiritual e inteligível. Para Platão, a alma é prisioneira do corpo, ao
qual foi submetido e do qual precisa libertar-se. No Livro X de A República,
Platão narra o Mito de Er, onde expõe de que maneira a alma habita um corpo e
o que acontece com a mesma após a sua morte.
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Da mesma forma, argumenta a importância da Filosofia como forma de
realizar esse processo de libertação da alma, já que é ela quem conhece o
mundo das ideias e não nosso corpo.
Platão também concebe três tipos distintos de almas, as quais ele
relaciona com cada um dos tipos de cidadãos que deveriam formar a cidade
ideal. Veja:
Alma racional
Está localizada na cabeça e, na cidade ideal, seria representada pelos
magistrados e reis filósofos. O objetivo da alma racional é controlar as outras
duas, alcançando assim a sabedoria e a prudência, características fundamentais
de um bom governante.
Alma irascível
Localiza-se no coração e simboliza a força, a coragem e a impetuosidade,
correspondendo aos soldados e guardiões que devem proteger os cidadãos dos
ataques estrangeiros.
Alma concupiscente
Localizada no baixo-ventre e que é responsável por satisfazer os apetites
e desejos sexuais e alimentares, correspondendo àqueles cidadãos
encarregados de proverem todas aquelas coisas necessárias ao sustento da
cidade ideal.
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Conduzindo bem as duas almas, isto é, agindo com equilíbrio e
moderação, a alma racional alcançará a felicidade. Caso contrário,
encontrará somente sofrimento e infelicidade, ficando escravo de suas
paixões e vícios.
Trocando ideias
Nessa rota de aprendizagem, vimos algumas questões centrais e iniciais
sobre a Metafísica, bem como de que maneira os pré-socráticos e Platão
refletiram as questões do Ser. Da mesma forma, procuramos refletir sobre
pensamentos filosóficos não helênicos. Agora acesse o Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) e poste sua resposta à pergunta:
Debata e aprenda!
Na Prática
Discutindo sobre amor e diversidade sexual a partir do “Mito da Origem
da Humanidade” e do “Mito de Eros” presentes no diálogo “O Banquete”, a
questão da diversidade sexual é um tema bastante interessante e, ao mesmo
tempo, de bastante polêmica.
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Discuti-lo em sala de aula, a partir de conceitos filosóficos e de referências
clássicas da Filosofia, é uma forma de romper os preconceitos com relação ao
tema; tanto os impregnados por algumas religiões/religiosos, quanto pelo senso
comum/tradição.
A ideia central a ser discutida é o conceito de amor. Qual é a essência do
amor? Não se pode perder de vista este foco, sob pena de se ficar nos
“achismos”, bem como na reprodução de preconceitos, sejam do senso comum,
sejam religiosos. Assim, podemos iniciar esta prática com a pergunta:
Síntese
Quem sou eu? Como podemos nos definir? Quando nos colocamos esta
questão, nossa tendência inicial foi responder a partir das reflexões do senso
comum, “da doxa”, como diriam os gregos. Porém, quando a refletimos em
termos ontológicos, percebemos que as características individuais inicialmente
apontadas – nome, filho de quem, o que faço, como sou, do que gosto, de onde
vim, idade, peso, altura, etc. – não dão conta de responder à pergunta “quem
sou eu?”.
Assim, para darmos um tratamento ontológico a essa questão, é preciso
se concentrar naquilo que me define enquanto Ser, qual é a minha essência,
aquilo que me define e ao mesmo tempo me diferencia de todos os demais seres.
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Que me torna único, com uma substância que é própria de minha identidade, de
minha existência.
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Referências
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