O documento discute os efeitos da regulamentação da profissão de engenheiro de software pelo CREA. A regulamentação é criticada por enquadrar erroneamente a engenharia de software como eletricista e por limitar a multidisciplinaridade essencial à área de TI, prejudicando profissionais e o mercado.
O documento discute os efeitos da regulamentação da profissão de engenheiro de software pelo CREA. A regulamentação é criticada por enquadrar erroneamente a engenharia de software como eletricista e por limitar a multidisciplinaridade essencial à área de TI, prejudicando profissionais e o mercado.
O documento discute os efeitos da regulamentação da profissão de engenheiro de software pelo CREA. A regulamentação é criticada por enquadrar erroneamente a engenharia de software como eletricista e por limitar a multidisciplinaridade essencial à área de TI, prejudicando profissionais e o mercado.
Rafael Vaz da Costa Matheus Rigolão Sequís de Souza
Efeitos a partir da regulamentação da profissão Engenharia de
Software.
Universidade de Ribeirão Preto
Ribeirão Preto 18 de abril de 2021 Resumo Após a publicação da Resolução Nº 1.100, a profissão de Engenheiro de Software foi inserida na Tabela de Títulos Profissionais do Sistema CONFEA/CREA para fiscalização do exercício profissional. Profissionais da área das tecnologias são novas no mercado de trabalho e há vários profissionais que não possuem raízes na área, mas que exercem atividades relacionadas. Esse processo acontece devido ao carácter multidisciplinar em que a tecnologia está inserida. O que torna complicado a exigência de uma formação ampla dos profissionais de TI ao sair da faculdade. Entretanto, a regulamentação da profissão limita e burocratiza, a capacidade humana e o processo de aprendizado, respectivamente. Outro questionamento da regulamentação é que ela enquadra a Engenharia de Software na modalidade de eletricista, com apenas uma página, a resolução não detalha nada sobre a fiscalização. Diante desses fatos, a regulamentação do CREA para área de engenharia de software não só é prejudicial, mas como errônea e pode se tornar nociva a longo prazo. Texto Após a primeira Revolução Industrial, que representou um marco na história da humanidade – transformando as relações sociais, as relações de trabalho, o sistema produtivo – foram estabelecidos novos paradigmas através da implementação de tecnologias e suas inovações. De lá pra cá, as tecnologias assumiram um papel imprescindível no cotidiano das pessoas, resultando em uma multidisciplinaridade e abrangência no qual a área de TI está inserida. Embora esse processo ter resultado na formação de novas profissões, ligadas a tecnologias, de maneira direta ou indireta, os órgãos regulamentadores de profissões, decidiram regulamentar os profissionais da área de Engenharia de Software a partir da Resolução Nº 1.110 do dia 24 de março de 2018. Entretanto, essa resolução faz o enquadramento equivocado de Engenharia de Software na modalidade “Eletricista”, que absolutamente nada tem nada a ver com a área. Além disso, a regulamentação fere com o princípio da multidisciplinaridade, essencial para o desenvolvimento de novas tecnologias, e burocratizando o processo de aprendizagem. Diante desses fatos, a regulamentação do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) para área de engenharia de software não só é prejudicial, mas como errônea e pode se tornar nociva a longo prazo. A necessidade de o profissional Engenheiro de software estar de acordo com regulamentação de Resolução Nº 1.110, fere os conceitos da multidisciplinaridade que está dentro da área de TI, pois a partir de agora para se trabalhar neste segmento a pessoa é obrigada a ter a formação acadêmica de engenharia de software. Hoje, muitos dos profissionais que trabalham neste segmento não tem este requisito, portanto muitos profissionais acabariam perdendo seus empregos, sendo que, muitas vezes estes são formados dentro de uma das áreas de TI, mas não necessariamente como um engenheiro de software. Além do problema causado para os profissionais atuais existe a possibilidade de uma estagnação do mercado, dado que uma das maiores qualidades de quem trabalha nesta área seria a criatividade, portanto, todo e qualquer tipo de sistema ou projeto, precisa ter suas especificidades e, quanto mais profissionais plurais trabalhando, maior vai ser a quantidade de ideias e, consequentemente, maior vai ser a diferenciação de produtos; quando se concentra o nicho em um área específica, diminui as possibilidades de ideias inovadoras, apresentando grande impacto no meio social e econômico. Com a classificação dos profissionais que exercem a função de engenheiro de software, além de adicionar altas taxas tributárias na implementação de projetos, automaticamente aumenta-se a demanda por pessoas que tenham formação acadêmica. Essa demanda aumenta o teto salarial de maneira potencialmente prejudicial as micro empresas do ramo de T.I, que eventualmente não suportarão pagar salários tão altos. Em primeiro lugar, as chances de se criar uma monopolização são altas, dada a vantagem competitiva de grandes empresas que conseguiriam lidar com esse alto teto salarial. Esse efeito causaria um impacto nos preços cobrados pelos produtos e serviços, deixando o mercado na mão de algumas empresas que, acabariam por comprar companhias menores. Em segundo lugar, profissionais capacitados perderiam lugar no mercado de trabalho, sendo que, todos os cursos da computação registrados e aprovados pelas diretrizes curriculares desenvolvem nos alunos a capacidade e competência de criar softwares e sistemas complexos, impondo uma exigência limitadora que gera a exclusão de profissionais também qualificados mediante suas formações. Diante disso, é de extrema necessidade que toda a comunidade relacionada a computação, discuta os efeitos a partir da regulamentação da profissão engenharia de software, tanto nas faculdades como na internet. O processo de regulamentação das novas profissões é natural e legitimo, entretanto, é necessário ouvir e manter característica própria da profissão, a meio, que não afete toda cadeia profissional. Dessa forma, a regulamentação precisa ser corrigida, para que não ocorra prejuízo ao profissional e ao mercado, impactando diretamente no desenvolvimento da tecnologia nacional. Bibliografia BRASIL, Resolução nº 1.100, de 24 de maio de 2018. Discrimina as atividades e competências profissionais do engenheiro de software e insere o respectivo título na Tabela de Títulos Profissionais do Sistema Confea/Crea, para efeito de fiscalização do exercício profissional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 jun. 2018. Secção 109, p. 239. YAMASHITA, Claudio. Monopólio do mercado e suas consequências. SS&C, 28 de agosto de 2017. Disponível em: < https://www.intralinks.com/pt/blog/2017/08/monopolio-mercado-e-suas- consequencias>. Acesso em: 18 de maio de 2021. COMPUTAÇÃO, Sociedade Brasileira. [Carta] 21 set. 2017, Porto Alegre [para] AGRONOMIA, C., São Paulo. 4f. Posicionar contrária ao anteprojeto de Resolução nº 005/2017 do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA).