Você está na página 1de 3

BIOQUÍMICA CELULAR

Os organismos existentes no planeta, embora diferentes entre si, possuem como


semelhança a sua constituição química. Diversos átomos e moléculas se agrupam em
ligações específicas sintetizando grandes constituintes químicos que se relacionam
formando o indivíduo. A quantidade específica de cada constituinte varia de uma espécie
para outra, mas também até dentro da mesma espécie, quando se consideram fatores
como idade ou características genéticas. Dessa forma, é possível dividir os constituintes
químicos dos seres vivos em dois grandes grupos.

CONSTITUINTES INORGÂNICOS: Aqueles que geralmente não possuem carbono em


sua estrutura, como a água e os sais minerais.

CONSTITUINTES ORGÂNICOS: Aqueles que estabelecem e formam funções orgânicas


no organismo, formados predominantemente por carbono (C) e outros elementos
como hidrogênio (H), oxigênio (O), nitrogênio (N), fósforo (P) e enxofre (S). Juntos, esses
átomos formam as proteínas, ácidos nucléicos, carboidratos, lipídios e
vitaminas presentes nos seres;

ÁGUA
A água é o mais abundante constituinte dos indivíduos. Aproximadamente 70% do corpo
humano é constituído de água, enquanto que em criaturas como cnidários ou
celenterados a água é aproximadamente 90% do corpo. Essa abundância de água em um
organismo está relacionada com suas variadas funções que, por sua vez, estão
relacionadas principalmente com a estrutura química que a água apresenta.

FUNÇÕES DA ÁGUA
SOLVENTE UNIVERSAL: A água atua dissolvendo a maioria dos solutos que passam a
ter suas partículas mais afastadas. Ao se movimentarem em uma solução, esses solutos
dissolvidos aumentam suas possibilidades de interagirem com outras partículas,
promovendo o choque entre partículas que é essencial para a ocorrência das reações
metabólicas.
MEIO PARA REAÇÕES: Devido a essa capacidade de dissolver substâncias, a água
também funciona como meio onde as reações ocorrem, garantindo o movimento entre as
partículas dissolvidas, que se chocam umas com as outras para darem início às reações.
TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS: Atuando como solvente, a água consegue carregar
partículas dissolvidas. Por isso, em locais com função de transporte de substâncias há
uma grande concentração de água fazendo com que o meio adquira características
fluídicas, como a seiva nos vegetais e o sangue nos animais.
CONTROLE TÉRMICO: a água possui grande contribuição para o controle da
temperatura de um organismo devido à sua ação na dissipação de calor. Em termos
físicos, a água possui um elevado calor específico que, resumidamente, quer dizer que ela
consegue absorver ou suportar uma grande quantidade de calor sem alterar muito sua
temperatura. Isso garante que animais endotérmicos possuam temperatura constante ou
com pouca variação.
LUBRIFICANTE: lubrifica as articulações e olhos, além de compor a saliva que se
mistura aos alimentos auxiliando já no início da digestão.

ÁGUA E O ENVELHECIMENTO: A própria quantidade e distribuição de água em um


organismo apresentam variação e, devido a isso, é possível estabelecer uma relação entre
a quantidade de água em um tecido e sua atividade metabólica ou jovialidade.
Geralmente tecidos mais novos apresentam uma elevada concentração de água e uma
alta atividade metabólica. Em contrapartida, tecidos mais velhos apresentam baixa
quantidade de água e pouca atividade metabólica.
SAIS MINERAIS
São compostos minerais que podem ser encontrados de duas formas no organismo. Cada
forma está relacionada com a sua função:
ÍONS DISSOLVIDOS: Localizados em pequenas concentrações no interior. Atuam na
regulação metabólica;
ESTRUTURAIS: encontrados em grandes concentrações. Possuem função plástica
compondo a estrutura de macromoléculas e tecidos.
PRINCIPAL FUNÇÃO DOS ÍONS INORGÂNICOS: é atuar na regulação e ativação
enzimática agindo como cofatores. Muitas enzimas ou proteínas, para desempenhar suas
funções, necessitam serem ativadas por outras moléculas, geralmente cofatores. Por
exemplo, a hemoglobina, complexo protéico que atua transportando oxigênio pela
corrente sanguínea, só consegue desempenhar sua função quando possui um íon de ferro
ligado em cada uma das suas quatro subunidades. O ferro atua auxiliando na ligação do
oxigênio na macromolécula protéica.

Dentre os principais sais minerais presentes no corpo, o sódio (Na) e o potássio (K)


desempenham papel na membrana plasmática atuando nas chamadas “bombas de sódio-
potássio” que auxiliam no equilíbrio osmótico e na condução do impulso nervoso através
dos neurônios.

PROTEÍNAS
Devido a essas inúmeras funções desempenhadas, as proteínas podem ser classificadas
quanto a sua funcionalidade em classes:
 PROTEÍNAS ESTRUTURAIS: possuem função constitutiva e construtiva em
diversas células e tecidos;
 PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS: carregam substâncias específicas de um ponto a
outro no interior celular;
 PROTEÍNAS MECÂNICAS: estão relacionadas aos processos de mobilidade, contração
e relaxamento celular e muscular;
 PROTEÍNAS NUTRITIVAS: nutrem ou armazenam conteúdo nutritivo em células
específicas;
 PROTEÍNAS DE DEFESA: são os anticorpos que protegem o organismo contra
agentes estranhos;
 PROTEÍNAS COORDENADORAS: atuam mediando determinadas reações específicas;
 ENZIMAS: são classes proteicas que possuem função catalítica acelerando reações
bioquímicas.
As proteínas são sintetizadas utilizando as informações contidas no material genético,
armazenadas no DNA, transcritas e transportadas no RNA. O processo de síntese proteica,
também chamado de tradução, ocorre nos ribossomos, sendo necessário além do RNAm,
o RNAt, aminoácidos e ATP.

DESNATURAÇÃO PROTEICA: Entende-se por desnaturação proteica o processo de


alteração da forma de uma proteína sem que ocorra alteração na sua sequência de
aminoácidos. Essa desnaturação pode ocorrer com a exposição da proteína a “agentes
desnaturantes” como elevadas temperaturas, alterações de pH, radiação ultravioleta, etc.
As proteínas, para poderem operar adequadamente, dependem de condições físico-
químicas bem estabelecidas. Uma proteína que opera em pH ácido não consegue
desempenhar sua função em pH neutro ou básico, por exemplo.

Enzimas são classes de proteínas que catalisam as reações metabólicas no organismo. Ou seja, aumentam a


velocidade em que uma determinada reação ocorre, de modo que o produto dessa reação seja formado em
menos tempo.

Uma das características mais básicas desses biocatalisadores é sua alta especificidade pelo substrato. Isso
significa que uma enzima específica, para desempenhar sua função em alguma reação metabólica, precisa se
ligar em um substrato também específico.
Além disso, as enzimas não podem ser consumidas ao longo da reação, o que significa que a enzima atuante
estará presente no início e no final do processo catalisado.

Mecanismo de ação enzimática

Sendo um tipo de proteína, a função enzimática está totalmente relacionada com sua estrutura. A conformação
da enzima precisa ser precisa para que o reagente da reação (aqui chamado de substrato) consiga se ligar na
região chamada de sítio ativo ou centro ativo. 

Algumas enzimas precisam ser ativadas por outras moléculas, chamadas de cofatores quando são íons
inorgânicos e de coenzimas quando são moléculas orgânicas, como as vitaminas. Esses ativadores enzimáticos
agem alterando a conformação protéica, de modo que o sítio ativo tenha afinidade pelo substrato a se ligar.

Uma vez ligados, o complexo enzima + substrato reage para a formação do(s) produto(s), com a enzima
acelerando essa reação.

O encaixe entre enzima e substrato é fundamental para a eficácia da atividade enzimática. Por isso, a reação é
específica. É importante ressaltar que a enzima NÃO promove a reação, ela apenas acelera uma reação que
aconteceria naturalmente.

Você também pode gostar