A Descoberta do

Advento
HÁ MUITO TEMPO ATRÁS UM MENINO, DE
NOME EMANUEL, ESTAVA BRINCANDO NAS
REDONDEZAS DE SUA FAZENDA QUANDO
VIU, MUITO LONGE, UMA GRUTA, TODA
ESCURA, E LÁ DE DENTRO, UMA RELUZENTE
LUZ.

O MENINO FICOU OLHANDO, OLHANDO,

QUERENDO SABER O QUE ERA AQUELA
GRUTA QUE ATÉ AQUELE DIA ELE SEQUER
TINHA VISTO.

CHAMOU-LHE ATENÇÃO AQUELA LUZ

RELUZENTE, DOURADA, DO TAMANHO DE
UMA NOZ, QUE NÃO PARAVA DE BRILHAR.

O MENINO ENTÃO COLOCOU-SE A

CAMINHAR SEM NOTAR QUE, NA VERDADE,
A GRUTA ESTAVA BEM MAIS DISTANTE DO
QUE IMAGINAVA.

ELE ANDOU DURANTE ALGUMAS HORAS,

QUANDO ENTÃO PAROU PRÓXIMO A UM
RIACHO, MOLHOU SEUS CABELOS, SE
REFRESCOU, BEBEU ÁGUA E ENCHEU O
CANTIL QUE TRAZIA COM ELE.
ELE SABIA QUE O SOL JÁ TINHA PASSADO
DO PINO, E ALÉM DE ESTAR MAIS A OESTE,
INDICANDO QUE O DIA JÁ PASSAVA DA
METADE, SUA BARRIGA TAMBÉM LHE DAVA
SINAIS DE QUE O TEMPO PASSAVA E QUE
ELE PRECISAVA SE ALIMENTAR.

FOI QUANDO OLHOU E, NA BEIRA

DAQUELE RIACHO, ENCONTROU UM VELHO
PESCADOR, QUE ESTAVA ALI RECOLHENDO
SEUS MATERIAIS DE PESCA. O CHEIRO DE
PEIXE FRESCO ESTAVA PRESENTE.

EMANUEL SE DIRIGIU AO VELHO E DISSE:

-SENHOR! CONHECE AQUELA GRUTA? SABE

QUE LUZ É AQUELA QUE VEM DE LÁ?

O VELHO RESPONDEU, UM TANTO

RABUGENTO:

- AQUELA É A GRUTA DOS TEMORES E NÃO

TEM LUZ ALGUMA LÁ. O QUE HÁ POR LÁ É
SOMBRA E ESCURIDÃO. NÃO TEM ÁGUA,
NEM ALIMENTO. NÃO SE ENGANE MENINO,
NADA TEM LÁ QUE POSSA LHE SERVIR.

MAS O MENINO REPARAVA QUE ENQUANTO

O VELHO RESPONDIA, APENAS OLHAVA
PARA OS PEIXES, PARA A REDE E EM
MOMENTO ALGUM LEVANTOU O OLHAR
PARA VER AQUELA BRILHANTE LUZ,
DESCONHECIDA.
O MENINO INSISTIU:

-MAS SENHOR!

ANTES MESMO DE TERMINAR, O VELHO

INTERROMPEU:

- ORA NÃO ME AMOLE. O DIA FOI

EXAUSTIVO E TUDO O QUE QUERO É LEVAR
MEUS PEIXES PARA CASA!

ENTÃO O VELHO SE LEVANTOU, COM

DIFICULDADE, PEGOU TODOS OS SEUS
PERTENCES, OS POUCOS PEIXES, E FOI
EMBORA.

O MENINO VIU QUE O VELHO TINHA

DEIXADO CAIR UM PEIXE NO BARRO, E
GRITOU:

-SENHOR!

O VELHO SEQUER OLHOU PARA TRÁS E FEZ

SINAL COM A MÃO COMO SE NOVAMENTE
DISSESSE: - NÃO ME AMOLE.

O MENINO ENTÃO PEGOU O PEIXE E, ALI

MESMO, USANDO ALGUMAS PEDRAS E
PAUS, FEZ UMA PEQUENA FOGUEIRA,
ASSOU O PEIXE E PÔS FIM AQUELE
DESCONFORTO QUE SENTIA E LHE FAZIA
PENSAR EM DESISTIR.
SEGUIU SEU CAMINHO LEMBRANDO QUE
SUA MÃE HAVIA FEITO UMA PEQUENA
VIAGEM E QUE TINHA DOIS DIAS ATÉ A SUA
VOLTA.

ELE SEGUIU SEU CAMINHO. QUANTO MAIS

O SOL SE PUNHA, MAIS FORTE A LUZ
BRILHAVA.

O MENINO ENTÃO, DE TANTO OLHAR A LUZ,

TROPEÇOU. E OUVIU:

- EI! OLHA POR ONDE ANDA!

ELE PROCURA, PROCURA E NÃO SABE DE

ONDE VEM A VOZ.

NOVAMENTE UMA VOZINHA ESTRIDENTE

DIZ:

-OLHA POR ONDE ANDA!

ELE ENTÃO OLHA PARA CHÃO E PERCEBE

QUE HAVIA UMA PEDRA EM SEU CAMINHO.

EMANUEL NÃO ACREDITA NO QUE ESTÁ

VENDO E CHEGA BEM PERTO, BEM PERTO
DAQUELA PEDRA ESTRANHA E FALANTE!

-OLÁ! - DISSE O MENINO - QUEM É VOCÊ?

- ORA QUEM SOU EU?! EU SOU CRISA!

-BOA TARDE CRISA - DIZ O MENINO!

- BOA TARDE PEQUENO! O QUE FAZ POR

AQUI? A NOITE SE APROXIMA E VOCÊ DEVE
TER CASA E PARENTES TE ESPERANDO
VOLTAR.

- SIM, EU TENHO! MAS ESTOU À PROCURA

DE UMA RESPOSTA! VI UMA GRUTA LOGO À
FRENTE E NELA UM BRILHO DIFERENTE DE
TUDO QUE JÁ VI ANTES! QUERO MUITO
SABER O QUE É AQUELA LUZ E PORQUE
ESTÁ LÁ!

- ORA MENINO, ME DIGA SEU NOME E ME

LEVE COM VOCÊ. EU SOU UMA PEDRA, QUE
POSSO ATRAPALHAR, LHE FAZER
TROPEÇAR, MAS TAMBÉM POSSO LHE
AJUDAR. A MINHA PRESENÇA LHE TRARÁ
MAIS ESPERANÇA! VOCÊ VERÁ QUE
TROPEÇOU, CONTINUOU E O QUANTO MAIS
PARA FRENTE JÁ CHEGOU. ME LEVE E SE
LEMBRARÁ, SEJA PELO MEU PEQUENO
PESO, SEJA POR MINHA PRESENÇA, QUE
ESTÁ NO CAMINHO CERTO E QUE MUITO JÁ
PERCORREU.

- CERTO! SE ASSIM QUER...SIM! EU LEVO

VOCÊ COMIGO.

EMANUEL CONTINUOU A ANDAR E VIU A

NOITE CHEGAR. COM ELA, MUITAS
ESTRELAS QUE BRILHAVAM CINTILANTES
COMO A LUZ DA GRUTA, MAS NENHUMA
DELAS TINHA AQUELE TOM DOURADO
ENCANTADOR!

O MENINO VIU UM PEQUENO ESTÁBULO,

ONDE HAVIA UM BURRINHO E NADA MAIS.
PENSOU: - SERÁ QUE É MANSO?

NEM MESMO TERMINOU DE PENSAR

QUANDO O BURRO RELINCHOU:

- O QUE FAZES AQUI, MENINO OUSADO?

MAIS UMA VEZ O MENINO SE ASSUSTOU.

MAS SE ELE TINHA OUVIDO UMA PEDRA
FALANTE, POR QUE NÃO UM BURRINHO? E
ELE RESPONDE:

- ESTOU EM BUSCA DAQUELA GRUTA E DE

SEU MISTÉRIO!

APONTOU PARA A LUZ ADIANTE E

CONTINUOU:

- OLHE! VÊ AQUELA LUZ? É UMA LUZ

CINTILANTE E RELUZENTE E PRECISO COMO
NUNCA DESCOBRIR O QUE É.

O BURRO RESPONDEU:

- VEJO SIM! NOSSA COMO É BELA! COMO EU

NÃO A VI ANTES?
- POIS É! - RESPONDE O MENINO - PENSEI
O MESMO PELA MANHÃ.

- MENINO, ESSE MISTÉRIO AGORA TAMBÉM

ME PERTENCE. ME LEVE CONTIGO E TE
DAREI DESCANSO EM MEU DORSO. ME
ESFORÇAREI PARA SER ÚTIL E DESCOBRIR
DO QUE SE TRATA TAMANHA
FOSFORESCÊNCIA!

O MENINO PENSOU MAS NADA DISSE:

- BURRO ENGRAÇADO DE PALAVRAS

DIFÍCEIS. NUNCA IMAGINEI ENCONTRAR UM
QUE FALASSE. AGORA QUE FALASSE COM
TANTA DESTREZA, DE FATO SEQUER EU
PODERIA SONHAR.

A PEDRA, QUIETA, SÓ OBSERVAVA. NADA

DISSE. E OS TRÊS PUSERAM-SE A
REPOUSAR E ESPERAR QUE O SOL LHES
ACORDASSE NOVAMENTE.

NA ESPERA POR DORMIR, AO SOM DOS

GRILOS, O MENINO MEDITAVA: - QUE HÁ DE
SER AQUELA LUZ? MAL POSSO ESPERAR
PARA DESCOBRIR.

E EM SEUS PENSAMENTOS, FOI EMBALADO

NO SONO ATÉ QUE, COMO QUE SACUDIDO
FOSSE, ACORDOU AOS PRIMEIROS RAIOS
DE SOL.

NÃO TEVE DÚVIDA, PEGOU SEU CANTIL,

SUA PEQUENA PEDRINHA E CHAMOU SEU
AMIGO BURRO:

-VAMOS BURRO?

E ELE, SERELEPE E JÁ DESPERTO, DISSE:

-CLARO! MAS NÃO ANTES DE EU TE

REVELAR UM PEQUENO MISTÉRIO!

O MENINO FICOU ESPERANDO, ACHANDO

QUE ELE LHE CONTARIA ALGO SOBRE A
GRUTA, A LUZ, MAS ELE SEGUIU FALANDO:

- MEU NOME NÃO É BURRO. MEU NOME É

IMPETU! MAS PODE ME CHAMAR DE IMP!

-CERTO IMP! EU SOU EMANUEL, MAS PODE

ME CHAMAR DE MANO.

OS DOIS RIRAM E SEGUIRAM PELO

CAMINHO QUE LEVARIA À GRUTA.

- TAMBÉM DEVO LHE CONTAR UM SEGREDO

IMP. - E CONTINUOU - NO CAMINHO
ENCONTREI UMA PEDRA FALANTE E A
TROUXE COMIGO.

CRISA NEM ESPEROU O FINAL DA

APRESENTAÇÃO: - OLÁ! MEU NOME É
CRISA.
- PRAZER EM CONHECÊ-LA, PEQUENA
PEDRA! ESTA JORNADA A CADA MOMENTO
SE TORNA MAIS INTERESSANTE - DISSE IMP
SORRINDO.

A LUZ CONTINUAVA BRILHANDO NA GRUTA

E A IMPRESSÃO DE DAVA É QUE QUANTO
MAIS SE APROXIMAVA, MAIS ELA RELUZIA.
E QUANTO MAIS RELUZIA, MAIS MENINO
SENTIA A NECESSIDADE DE CONHECER
AQUELE MISTÉRIO.

EMANUEL NÃO ERA EXATAMENTE UM

MENINO MUITO FALANTE. MAS O BURRO
ALEGRAVA A VIAGEM E SEMPRE COLOCAVA
EMANUEL A PENSAR:

- MANO, PENSE SÓ: SERÁ QUE AQUELA LUZ

SEMPRE ESTEVE LÁ E NÓS SÓ AGORA A
VIMOS?

O MENINO COLOCOU-SE A PENSAR. OUVIA

O BARULHO DAS PATAS DO BURRO
BATENDO NAQUELE CHÃO DE PEDRA E POR
UM INSTANTE FICOU EM SILÊNCIO. MAS
ENTÃO DISSE:

- TALVEZ IMP. QUEM SABE ESSA LUZ SEJA

MAIS FORTE EM ALGUMA ÉPOCA DO ANO?
ESTAMOS NOS APROXIMANDO DO NATAL E
MEU PAI SEMPRE ME DISSE QUE ESSA DATA
MARCA O FINAL DE UM CICLO E INÍCIO DE
OUTRO. NÃO APENAS NO CALENDÁRIO,
SABE? ELE SEMPRE DIZ QUE MARCA EM
NOSSOS CORAÇÕES. EU NÃO ENTENDO
MUITO BEM O QUE ISSO SIGNIFICA, MAS
TALVEZ A RESPOSTA ESTEJA NAQUELA
GRUTA.

-INTERESSANTE! - DISSE CRISA.

- EU SABERIA DIZER SE EU TIVESSE UM

CORAÇÃO. MAS COMO PEDRA QUE SOU, SÓ
SIRVO MESMO PARA ATRAPALHAR OS
CAMINHOS OU ENTÃO, PARA UM
CAMINHANTE ATENTO COMO VOCÊ, PARA
MARCAR O CAMINHO E QUEM SABE SER
ÚTIL.

O BURRO, REFLETINDO ALTO, EMENDOU:

- É NO CORAÇÃO HUMANO, CRISA, QUE

TAIS CICLOS SÃO MARCADOS. ASSIM É
DESDE QUE DEUS NOS CRIOU!

MANO, APENAS OUVIU A CONVERSA E,

APÓS OUTRO LONGO SILÊNCIO COMPLETOU:

- SIM, MAS TODAS AS CRIATURAS,

ABSOLUTAMENTE TODAS, QUE PERMITEM
QUE O CORAÇÃO HUMANO FLORESÇA. DEUS
TAMBÉM QUIS ASSIM.

- DE FATO MANO! ESTAMOS AQUI PARA

SERVIR O HOMEM E NADA MAIS
OGRATIFICANTE DO QUE OUVIR DE UM
PEQUENO HOMEM, PALAVRAS DE TAMANHA
GENTILEZA.

TODOS ESTAVAM SE SENTINDO ALEGRES

COM A CONVERSA QUANDO O MENINO
ENTÃO OLHOU PARA A LUZ E VOLTOU A
FALAR:

- ESTÁ TUDO CERTO, MAS SERIA AINDA

MELHOR SE MEUS PAIS ESTIVESSEM AQUI.
MEU PAI É MERCANTE E CHEGARÁ APENAS
NO NATAL E MINHA MÃE FOI À CIDADE E
VOLTARÁ AMANHÃ. SERIA MUITO ESPECIAL
TÊ-LOS AQUI.

IMP INTERROMPEU E DISSE:

- O ESPECIAL DA VIDA É MESMO

COMPARTILHARMOS DOS MOMENTOS
ESPECIAIS COM QUEM AMAMOS. MAS VOCÊ
PODERÁ CONTAR PARA ELES O QUE VIU NA
GRUTA E ELES SE ALEGRARÃO COM SUA
JORNADA! OS PAIS SEMPRE SE ALEGRAM
COM AS VITÓRIAS DE SEUS FILHOS. SEI
DISSO PORQUE CONVIVO HÁ MUITO NO
MUNDO DOS HOMENS E DE FATO, SE
EXISTE ALGO ESPLÊNDIDO, É O AMOR
ENTRE PAIS E FILHOS.

- ESPLÊNDIDO… PENSOU MANO.. ESTE

BURRO É MESMO INTERESSANTE!
A CONVERSA ESTAVA TÃO BOA QUE NÃO
OBSERVARAM QUE A PEQUENA ESTRADA
DE PEDRA TERMINAVA ALI E QUE AGORA
TERIAM QUE SUBIR UM MORRO SINUOSO
ATÉ A GRUTA, POR UMA ESTRADA DE CHÃO
QUE NÃO ERA NADA FÁCIL PARA BURROS,
NEM PARA PEQUENOS HOMENS. FÁCIL
MESMO SÓ PRA CRISA, QUE IA CARREGADA
A TODO MOMENTO.

MANO DISSE BRINCANDO:

- ESSA VIDA DE PEDRA É MESMO MUITO

FÁCIL!

CRISA RETRUCOU:

- MENINO, O FÁCIL PARA UM É DIFÍCIL

PARA O OUTRO. AH! COMO EU GOSTARIA
DE ANDAR POR ESSA ESTRADA E APRECIAR
O CAMINHO.

FOI QUANDO MANO TEVE A IDEIA DE

PENDURAR CRISA NO PESCOÇO, EM UM
PEQUENO PEDAÇO DE BARBANTE MARROM.

- MUITO LHE SOU GRATA PEQUENO HOMEM.

VOCÊ AINDA É PEQUENO, MAS DOTADO DE
GRANDE CORAÇÃO. POR MAIS QUE EU NÃO
TENHA UM CORAÇÃO HUMANO CONSIGO ME
ALEGRAR COM TAL ATITUDE E AGORA SIM,
PODEREI APRECIAR O CAMINHO!
- ENTÃO VAMOS!! - DISSE IMP.

ANDARAM, POIS, POR MAIS DE TRÊS HORAS

QUANDO MANO COMEÇOU A SENTIR FOME.
IMP LHE OFERECEU UM POUCO DE CAPIM E
LHE GARANTIU SER NUTRITIVO MAS MANO
CONTINUOU A PROCURAR NAS
REDONDEZAS ALGO MAIS HUMANO PARA
COMER.

FOI QUANDO, OLHANDO AO REDOR, VIU

UMA MENINA SENTADA, COM UMA CESTA
DE FRUTAS E COM MUITAS FLORES.

- BOM DIA! - DISSE MANO.

-BOM DIA! - RESPONDEU A MENINA.

- O QUE FAZES POR AQUI NESTE LUGAR

TÃO AFASTADO? EU COSTUMO VIR COLHER
FLORES DO CAMPO TODOS OS DIAS, MAS
RARAMENTE VEJO OUTRAS CRIANÇAS. POR
AQUI SÓ MESMO OS GRILOS DE DIA E VAGA
LUMES A NOITE EU ENCONTRO. E QUANDO
TENHO MUITA SORTE VEJO TAMBÉM
BORBOLETAS VOANDO E ABELHAS
TRABALHADORAS.

- QUE LEGAL. PERCEBI LOGO ABAIXO

ALGUMAS FLORES BEM LINDAS,
SEMELHANTES A ESTA QUE TRAZES, MAS
SÓ QUE AZUIS.
- AZUIS? PERGUNTOU A MENINA. SÃO AS
FLORES DA ESTAÇÃO. ANUNCIAM A
CHEGADA DO NOVO CICLO DA NATUREZA.
SÃO ESTAS FLORES QUE PROCURO, MAS,
POR MAIS QUE TENHA OLHADO, EU NÃO AS
VI. ONDE ESTÃO?

- VEJA, EU POSSO TE LEVAR ATÉ LÁ. MAS

CONFESSO QUE ESTOU COM MUITA FOME…

NEM COMPLETOU A FRASE A MENINA FOI

LHE MOSTRANDO AS UVAS, MAÇÃS E
PÊSSEGOS QUE TRAZIA CONSIGO NA
CESTA. MANO COMEÇOU COMENDO O
PÊSSEGO, MAS A FOME ERA TANTA QUE
LOGO DEVOROU TAMBÉM AS OUTRAS QUE
LHE FORAM DADAS.

- QUAL É SEU NOME? - PERGUNTOU ELE

PARA A PEQUENA MENINA QUE PARECIA
TER POR VOLTA DE UNS 7 ANOS.

- MEU NOME É ROSA. ACHO QUE POR ISSO

GOSTO TANTO DE FLORES. - DISSE
SORRINDO PARA O NOVO AMIGO.

- E O MEU É EMANUEL! ESTOU INDO ATÉ

AQUELA GRUTA, APONTOU COM O DEDO E
RELATOU TUDO SOBRE A LUZ CINTILANTE E
DOURADA.

- BOM, ENTÃO VAMOS JUNTOS? ADORO

AVENTURAS E ESSA PARECE SER UMA DE
ENCHER O CORAÇÃO! MAS ANTES, VOCÊ ME
AJUDA A ENCONTRAR AS FLORES AZUIS?

OS MENINOS SEGUIRAM E O BURRINHO

PERMANECEU QUIETO ALI, AGUARDANDO
SUA VOLTA.

-OLHA, LÁ ESTÃO! - DISSE MANO.

- NOSSA, EU PASSEI TANTAS VEZES POR

AQUI, CHEGUEI A COLHER FLORES, MAS
NÃO VI ESSAS FLORES BEM DEBAIXO DO
MEU NARIZ!

- ÀS VEZES, AS FLORES MAIS BELAS ESTÃO

TÃO PRÓXIMAS QUE NÃO REPARAMOS.
SEGUIMOS O CAMINHO E AS DEIXAMOS
PARA TRÁS.

- É VERDADE! - CONCORDOU A PEQUENA

MENINA - PEGAREI ALGUMAS E DEIXAREI
OUTRAS PARA QUE POSSAM CONTINUAR A
EMBELEZAR OS CAMPOS E DAR ORIGEM A
MAIS E MAIS FLORES AZUIS DE FIM DE
ANO.

- CERTO! - DISSE MANO.

E VOLTARAM CONVERSANDO SOBRE AS

FLORES, SUAS ESTAÇÕES E SUAS CORES.
QUANDO CHEGARAM ATÉ O BURRINHO, IMP
FALOU:
- ATÉ QUE FIM. JÁ NÃO AGUENTAVA MAIS
ESPERAR.

A MENINA LEVOU UM BAITA SUSTO

QUANDO VIU QUE O BURRO ERA FALANTE.

MANO DISSE:

-CALMA ROSA. ESSE BURRO É MESMO

ESPECIAL. É O IMP, MEU AMIGO DE
JORNADA QUE AGORA SE TORNA SEU
AMIGO TAMBÉM.

- E EU? NINGUÉM VAI APRESENTAR? -DISSE

CRISA COM SUA VOZ SEMPRE FINA E
ESTRIDENTE.

- DE ONDE VEIO ESSA VOZ? - PERGUNTOU

ROSA.

- SOU EU, CRISA… A PEDRINHA AZUL AQUI

DO PESCOÇO DO MANO.

-NOOOOSSSAA! - IMPRESSIONOU-SE ROSA -

QUE LEGAL! ESTE DIA ESTÁ CADA VEZ MAIS
IMPRESSIONANTE.

-ENTÃO VAMOS SEGUIR, PORQUE

PRECISAMOS CHEGAR LOGO ATÉ A GRUTA E
DESCOBRIR QUAL O MOTIVO DA LUZ
DOURADA - DISSE EMANUEL.

SEGUIRAM ALEGRES PELO ENCONTRO, PELO

DIA, PELAS FLORES, MAS UM POUCO
CANSADOS TAMBÉM COM A JORNADA.

O SOL JÁ ESTAVA A PINO. AS SOMBRAS

ESTAVAM DEBAIXO DOS PÉS. TODOS
CONVERSAVAM, CANTAVAM E
CONTINUAVAM A MIRAR A GRUTA QUE
AGORA PARECIA MAIS PERTO DO QUE
NUNCA.

- ESTAMOS QUASE, FALOU CRISA.

-MAS ISSO NÃO SIGNIFICA NADA -

RETRUCOU IMP.

-COMO NÃO? -FALOU CRISA - SIGNIFICA

QUE FALTA POUCO!

- MAS É EXATAMENTE AÍ QUE MORA O

PERIGO. MUITOS PARAM NO CAMINHO OU
DESISTEM QUANDO POUCO FALTA PARA
CHEGAR. CONSIDERAM QUE CHEGARAM
LONGE DEMAIS E SE CONTENTAM COM A
ALEGRIA FUGAZ, SEM NUNCA VIVER A
VERDADEIRA E EXTASIANTE ALEGRIA DA
VITÓRIA - CONTINUOU IMP.

CRISA SE CALOU E FOI QUANDO ROSA

FALOU:

- EU MESMO ESTAVA A PROCURAR AS

FLORES AZUIS, MAS ME ENCANTEI COM AS
OUTRAS E NÃO PERCEBI A PRESENÇA
DAQUILO QUE PROCURAVA.

-CERTO! - DISSE MANO - MAS PODEMOS

TAMBÉM USAR AS PALAVRAS DE CRISA E
ESTA ALEGRIA INSTANTÂNEA E GENUÍNA
PARA NOS COLOCARMOS EM PASSOS MAIS
FIRMES. -FAÇAMOS ASSIM, PONDEROU O
MENINO.

IMP CONCORDOU COM A CABEÇA E TODOS

SEGUIRAM, JÁ UM TANTO EXAUSTOS. OS
CAMPOS IAM FICANDO PARA TRÁS E TUDO
QUE SE VIA ERA UM IMENSO DESERTO,
ILUMINADO PELO SOL. PARECIA SAIR
FAÍSCA DO CHÃO DE TERRA DE TÃO
QUENTE QUE ESTAVA. IMP COMEÇAVA A
SENTIR FORTEMENTE O CALOR EM SUAS
PATAS.

ROSA TEVE UMA IDÉIA:

- E SE SEGUIRMOS APENAS DE SAPATOS

MANO, E COLOCARMOS NOSSAS MEIAS NO
IMP? PODEMOS MOLHÁ-LAS UM
POUQUINHO E REFRESCAR O POBRE
BURRO.

-É UMA ÓTIMA IDÉIA! - DISSE O GAROTO.

E ASSIM FIZERAM.

IMP, QUE COSTUMAVA A CEDER SEU DORSO

PARA OS HUMANOS E SUAS CARGAS,
AGORA RECEBIA A ATENÇÃO E O CUIDADO
DIGNO DE UM REI.

FEITO ISSO SEGUIRAM A JORNADA, NEM

TÃO ALEGRES, NEM TÃO FALANTES POIS
ESTAVAM VERDADEIRAMENTE
EXTENUADOS. ROSINHA SEGUIA NO BURRO
E LEVAVA SUA CESTA E O CANTIL DE MANO,
QUE SEGUIA AO LADO, SEMPRE COM CRISA
NO PESCOÇO.

AGORA A GRUTA ESTAVA REALMENTE

PERTO. OUVIU-SE O BARULHO DE ÁGUA E,
NA PRÓXIMA SUBIDA DO MORRO SE VIU UM
RIO LARGO, COM MUITAS PEDRAS
SEMELHANTES À CRISA.

O GRUPO SE APROXIMOU DO RIO, PASSOU

PELA PONTE E LÁ DE CIMA VIRAM TANTAS
OUTRAS PEDRINHAS AZUIS.

- OLHE CRISA! SÃO TODAS PARECIDAS COM

VOCÊ.

- SIM SÃO! DEVEM TER VINDO DO MESMO

LUGAR QUE EU, MESMO QUE EU NÃO SAIBA
QUE LUGAR É ESSE. MAS DE FATO DE
ALGUMA MANEIRA SOMOS IRMÃS, ASSIM
COMO AS ESTRELAS DO CÉU O SÃO.

-ESPEREM! EMANUEL CORREU,

ATRAVESSOU A PONTE E LÁ NA BEIRINHA
ENCONTROU OUTRA PEDRINHA TÃO
LINDINHA QUANTO CRISA.

- OLÁ DONA PEDRA!

- OLÁ! - DISSE A PEDRINHA COM VOZ

TAMBÉM ESTRIDENTE, MAS UM POUCO
MAIS BAIXA.

- EU NÃO SABIA QUE VOCÊ TINHA O DOM

DE CONVERSAR COM PEDRAS.

- EU TAMBÉM DESCOBRI NESSA JORNADA!

QUAL SEU NOME?

- MEU NOME É GRISA E O SEU?

- EMANUEL! E ESTES SÃO MEUS AMIGOS

ROSA, IMP E CRISA. - DISSE MOSTRANDO
OS COMPANHEIROS QUE SE APROXIMAVAM
E OUVIAM A CONVERSA.

O MENINO PEGOU UM NOVO PEDAÇO DE

BARBANTE MARROM, NO SEU CANTIL,
COLOCOU GRISA E PERGUNTOU À ROSA:

- O QUE VOCÊ ACHA DE LEVAR GRISA COM

VC? ELA LHE FARÁ SEMPRE LEMBRAR
DESSE PONTO DO CAMINHO. SERÁ UM
PEQUENO PESO, SEM DÚVIDAS, MAS
TAMBÉM PODE LHE SER ÚTIL EM ALGUM
MOMENTO!
- MUITO OBRIGADA, MANO! SERÁ UMA
EXCELENTE LEMBRANÇA DA JORNADA!

ELA FEZ UM PEQUENO ACENO PARA GRISA

QUE CONCORDOU EM OCUPAR O PESCOÇO
DA MENINA.

SEGUIRAM ENTÃO AGORA EM GRUPO MAIS

FORTALECIDO, AGORA REFRESCADOS PELA
ÁGUA E COM CANTIL ABASTECIDOS. A
NOVA AMIGA PARECE MESMO TER DADO
ÂNIMO NOVO PARA TODOS, QUE
TERMINARAM A SUBIDA DO MORRO E
CHEGARAM À GRUTA NUM PISCAR DE
OLHOS.

NA ENTRADA DA GRUTA JÁ SE VIA A LUZ.

AGORA EM UMA INTENSIDADE AINDA
MAIOR. PERCEBERAM QUE PARA CHEGAR
ATÉ A LUZ TERIAM QUE ADENTRAR NA
GRUTA, O QUE CAUSOU UM POUCO DE
MEDO, ESPECIALMENTE PARA ROSA.

- EU NÃO VOU ENTRAR! - DISSE ROSA.

- MAS POR QUÊ? - PERGUNTOU MANO.

- ORA, LÁ DENTRO É TUDO ESCURO E A

LUZ, AINDA QUE CINTILANTE E RELUZENTE
NÃO ESTÁ ILUMINANDO O CAMINHO.
TENHO MEDO.
O GAROTO PENSOU, PENSOU. A NOITE SE
APROXIMAVA. ELE PEDIU PARA QUE A
MENINA EMPRESTASSE UM PEQUENO
RECIPIENTE DE VIDRO QUE TINHA NA
CESTA, FOI ATÉ O LADO DE FORA DA
GRUTA E POUCO TEMPO DEPOIS VOLTOU.

- EIS AQUI A SUA LANTERNA! - DISSE O

GAROTO EMPOLGADO.

ROSA OLHOU E VIU O RECIPIENTE CHEIO

DE VAGA-LUMES. ELA AGRADECEU O
MENINO, POIS AGORA SEGUIRIA NÃO MAIS
NO ESCURO.

ANDARAM UM POUCO E SE APROXIMARAM

MUITO DA LUZ. VIRAM UMA FRESTA POR
CIMA DA GRUTA, QUE REFLETIA A LUZ DA
LUA E MOSTRAVA UMA PAREDE DE PEDRA,
QUE MOSTRAVA CLARAMENTE POR ONDE
AQUELA LUZ DOURADA PASSADA. O
PEQUENO BURACO NAQUELA PAREDE
FAZIA COM QUE A LUZ PASSASSE E FOSSE
ATÉ FORA DA GRUTA, E ALÉM E ALÉM.

MANO ENTÃO COLOCOU O OLHO NO

BURACO, NA ESPERANÇA DE VER DE ONDE
VINHA A LUZ. MAS NESTE MOMENTO A LUZ
OFUSCOU A VISÃO DE MANO, QUE FICOU
UM TEMPO SEM NADA CONSEGUIR
ENXERGAR.
ROSA AUXILIOU MANO A SE SENTAR E ALI,
ONDE A LUA ILUMINAVA, TODOS SE
ANINHARAM E DECIDIRAM DESCANSAR UM
POUCO.

IMP LEVOU UM SUSTO. POR ONDE PASSAVA

A LUZ DA LUA AGORA ESTAVA A LUZ DO
SOL. A GRUTA ESTAVA ILUMINADA E A
PAREDE COM O PEQUENO BURAQUINHO,
TOTALMENTE ILUMINADA.

FICOU CLARO QUE SE TRATAVA DE UMA

PORTA, E NÃO UMA PAREDE. UMA PORTA
DE PEDRA.

TODOS LEVANTARAM (MENOS CRISA E

GRISA) QUE CONTINUAVAM CARREGADAS
NOS PESCOÇOS. ROSA COMPARTILHOU AS
POUCAS FRUTAS QUE AINDA RESTAVAM EM
SUA CESTA E, AINDA QUE FOSSE POUCO,
TODOS SE SATISFIZERAM.

COLOCARAM-SE A ESTUDAR A PORTA.

TENTARAM EMPURRAR. IMP DEU ATÉ
MESMO UM COICE. E NADA DELA SE ABRIR.
AQUELA LUZ LINDA E DOURADA PASSAVA
PELO BURAQUINHO E NÃO DEIXAVA COM
QUE OS MENINOS DESISTISSEM.

NADA ADIANTOU. TODA FORÇA, TODA

INSISTÊNCIA SÓ MESMO RESULTOU EM
CANSAÇO.
RENTÃO MANO PENSOU: -SE É UM
MISTÉRIO DEVE TER ALGUMA INSÍGNIA. O
QUE SERÁ?

ENQUANTO FALAVA, MANO OLHOU PARA A

PAREDE, E VIU QUE LOGO ABAIXO DO
BURAQUINHO QUE PASSAVA, A LUZ TINHA
MAIS DOIS BURAQUINHOS, DESENHADOS, E
QUE PARECIAM TER ALGUM SENTIDO.

- OLHOU, OLHOU E PENSOU. SERÁ QUE É O

LOCAL DE COLOCAR UMA CHAVE?

-MAS QUE CHAVE? - PERGUNTOU ROSA. -

QUE CHAVE SERIA ESSA E ONDE ESTARIA?

- OLHE! O FORMATO PARECE COM O

FORMATO DE UMA PEDRA - DISSE IMP.

- PEDRA? - DISSE CRISA E GRISA AO

MESMO TEMPO.

-SIM, PEDRA!

O GAROTO COMEÇOU A PROCURAR

PEDRINHAS QUANDO ENTÃO LEMBROU QUE
AS AMIGAS ERAM… PEDRAS!!!

PEGOU CRISA DO SEU BARBANTE E GRISA

DO BARBANTE DE ROSA, E COLOCOU NOS
PEQUENOS BURACOS. ELAS SE
ENCAIXARAM PERFEITAMENTE! E ASSIM
QUE ENCAIXARAM, O GAROTO CONSEGUIU
EMPURRAR A PORTA, SEM NENHUM
ESFORÇO.

DO LADO DE DENTRO UMA SALA, TODA DE

CRISTAL. AO FUNDO VINHA A LUZ. ELES SE
APROXIMARAM E VIRAM QUE ALI ESTAVA
UM BAÚ. UM BAÚ DOURADO, FECHADO,
MAS QUE, PELO LOCAL DA CHAVE, PASSAVA
A LUZ.

DESSA VEZ FOI ROSA QUE ADIVINHOU A

CHARADA. A CHAVE ESTAVA FIXADA NO
PRÓPRIO BAÚ, NA SUA LATERAL. ELA DEU A
CHAVE PARA O GAROTO QUE ABRIU E TEVE
UMA GRANDE SURPRESA.

DENTRO DO BAÚ BRILHAVA UM DIÁRIO,

COM UMA ESTRELA DOURADA, QUE
BRILHAVA ENCANTADORAMENTE!

ELE ABRIU O LIVRO E LEU:

- ESTE LIVRO VEM SENDO GUARDADO A

2020 ANOS. É UM LIVRO INCRÍVEL QUE
CONTA A HISTÓRIA DO NATAL. O DIA EM
QUE JESUS NOSSO SALVADOR NASCEU. E
DESDE ENTÃO ESSE LIVRO VEM PASSANDO
DE FAMÍLIA EM FAMÍLIA QUE AQUI
COLOCAM A SUA VIVÊNCIA NATALINA.
- AQUI VOCÊ VAI ENCONTRAR MUITAS
HISTÓRIAS! E A MAIS IMPORTANTE DELAS:
A HISTÓRIA DE JESUS!

- CUIDE DESSE DIÁRIO COM CARINHO E

VIVA COM A SUA FAMÍLIA ESSA HISTÓRIA
DE NATAL.

-BEM-VINDO AO ADVENTO!