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E.I.E. Caminhos da Tradição * Tradição da Serpente Negra * Lave - Teté
Monografia 01
INTRODUÇÃO
As lições e as práticas que são descritas neste manual de Vodu Esotérico são
o produto de um sincretismo feito dos elementos esotéricos diversos que estudei
datando fim do século XIX que teve sua origem na Europa e no Haiti, acrescidos de
minha gnose pessoal com a Umbhanda Gnóstica do Babalaô Odilon Carneiro - Mestre
Vodun e com o meu mestre e instrutor de Magia e Feitiçaria o libanês de nascença,
criado no Egito e depois radicado no Brasil, George Zab.
Um pouco de história...
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Papus autorizou a Lucien François Jean Maine que dessa forma fundasse a
sua própria Ordem esotérica no Haiti e nas Antilhas Francesas. Não obstante, Jean
Maine não pode viajar ao Haiti até o ano 1921. Neste ano tanto a Ordo Templi Orientis
Antiqua (O.T.O.A.) já tinha uma filial Haitiana da O.T.O., demonstrando nas Lojas o
trabalho do mago ocultista famoso Mr. Aleister Crowley. Ao contrário do O.T.O.
européia, que teve dez graus, a O.T.O.A. de Jean Maine foi estruturado em 16 graus.
Ainda sendo a O.T.O.A. uma ordem templária, que teve acrescida elementos internos de
Magia e do Vodu. Um ano após seu início de trabalho na O.T.O., Jean Maine criou a
ordem mágicka COULEUVRE NOIRE (A Serpente Negra) com elementos puramente
voduistas e incluía quatro graus com um grau precedente de membro na aprovaçã0 e
em um outro de natureza administrativa. A Tradição da Serpente Negra era
desenvolvida progressivamente no Haiti e começava a absorver a O.T.O.A. de Michael
Bertiaux, americano de descendência francesa e residente em Chicago, que viajou ao
Haiti em 1963, e após muitos anos dos estudos do Vodu recebe de Jean Maine as
iniciações do Vodu e faz uma ligação direta com o Loá ou o deus Haitiano Legbha
Maior. Após estas iniciações, Bertiaux começou a trabalhar na criação de um
sincretismo mágicko das lições e das práticas do Vodu e nas tradições esotéricas
ocidentais do Martinismo e do Gnosticismo.
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da religião Shinto. Esta experiência junto com precedente no Vodu, produziu nele um
conhecimento completo da energia espiritual, que é o objetivo final da instrução do
gnóstica.
Francisco Marengo
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Vodu, vudu, voodoo, vodun, vaudou ou, ainda, woodoo e hoodoo são apenas
algumas das inúmeras grafias, que sugere este sincretismo, sendo que na língua “fon”
se diz vodun, vudu na língua “ewe”.
Na verdade, a razão parece estar com quem afirma ser a expressão vodu
oriunda do fongbe, dialeto de origem daomeana. Neste, a palavra - designa as
divindades boas e maléficas, abrange toda a vida moral e religiosa dos fon e é raiz de
grande número de vocábulos.
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Assim podemos dizer que “0 Vodu” é uma religião porque como Iniciados
acreditamos na existência de seres espirituais que vivem em parte no Universo, em
parte no estreito contato com seres humanos, cujas atividades influenciam para o
bem ou para o mal. Estes seres invisíveis constituem um Olimpo, dos quais os
maiores levam o título de Papá ou Grande Senhor e gozam de particular veneração. O
Vodu é uma religião porque o culto desenvolvido para honrar as suas divindades
exige um corpo sacerdotal hierárquico, uma comunidade de crentes, templos, altares,
cerimônias e, finalmente, uma tradição oral que desde logo não chegou inalterada até
nós, mas que, por felicidade, conservou a parte essencial do culto. O Vodu é uma
religião, porque do emaranhado de lendas e fábulas deformadas, é possível separar
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uma teologia, um sistema de idéias com ajuda do qual nossos antepassados africanos
explicavam de maneira primitiva os fenômenos naturais, com que se criou o
fundamento para a fé anarquista em que repousa o catolicismo corrompido de nossas
massas populares. O Vodu é uma religião bastante primitiva que se fundamenta em
parte na crença em seres espirituais onipotentes - deuses, demônios, almas
desmaterializadas - e em parte na fé na feitiçaria e na magia. Em vista deste caráter
dúplice devemos ter em conta que tais concepções religiosas haviam sido mais ou
menos puras em seu país de origem e que em nosso país foram modificadas, através
de um século de contato com a religião católica.
Com o declínio da dominação dos brancos, o Vodu evoluiu de tal forma, que se
tornou a própria religião nacional do Haiti, em que pese à ascendência oficial do
catolicismo. O Vodu, antes de ser uma vontade de volta à África, ele é a expressão
que a população rural do Haiti tem de original e de específico.
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Outro dado curioso atinente ao Vodu é aquele, assinalado por Roger Bastide,
qual seja, os efeitos das migrações humanas sobre as religiões afro-americanas. A
população negra é tremendamente móvel, assinala este autor, e grande parte dos
trabalhadores do canal do Panamá vêm das Antilhas anglo-saxônias, ao que os negros
do sul dos Estados Unidos sobem para as plantações ou para as metrópoles do sul.
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Certa vez, divindades católicas foram invocadas para favorecer a vinda dos Loas, que
teimavam em não baixar. Subitamente, uma jovem se lançou ao solo, gritando e se
contorcendo. Uma sacerdotisa (Mamaloi ou Mamaloa) tentou ajudá-la a se erguer,
mas, a fiel caiu novamente. No instante seguinte, porém, como que impulsionada por
uma mola, pôs-se em pé, de olhos esbugalhados, fez um enorme sinal da cruz e
gritou, trêmula: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Virgem Maria, ajude-
nos! Entrou novamente em transe e foi incorporada por um bom tempo ...
DIVINDADES DO VODU
Desde sua chegada ao Caribe, os negros perceberam que suas crenças não
eram bem vistas pelos senhores brancos. Para evitar sua irritação e represálias,
adotaram curioso expediente para preservar o culto de seus deuses tradicionais:
identificaram-nos com as divindades cristãs propriamente ditas! Assim, Obatalá
passou a ser a Virgem das Mercês, Aleguá identificou-se com as almas do purgatório.
Há, porém, uma entidade superior no vodu haitiano: é Bon Dieu, criador dos
deuses e dos homens, dos quais se desinteressou por completo, a ponto de rir da
miséria humana. Esta entidade maior encontraria correspondente no Olorum afro-
cubano.
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Exu, Esú, ou como se diz em Cuba, Echu ou Elegguá, foi identificado ao diabo
dos cristãos, O termo é de origem ioruba, significando divindade buliçosa. No Brasil,
Exu tem fetiches laborados em barro, ferro ou madeira, sempre com acentuadas
características fálicas. A assimilação de Exu ao diabo fez com que esta figurinha do
sincretismo negro fosse apresentada como o próprio mal, interpretado este como a
eterna luta entre o bem e o seu oposto, vale dizer, dentro de nossos tradicionais
padrões de moral. Entretanto, o pensamento Ioruba não apresenta o mundo como
fruto exclusivo desta dualidade, mas, sim, reconhece a existência de poderes
construtivos e destrutivos, forças que, à deriva tanto podem ser invocadas para o bem
como vara os malefícios. O segredo da vida e o verdadeiro sentido da adoração e do
respeito aos orixás consiste em estabelecer uma relação construtiva entre estes
poderes latentes.
Quando alguém que revele qualidades notáveis vem a falecer. Sua alma pode
se tornar um Loa. Assim, o panteão do Vodu cresce indefinidamente, nacionalizando-
se cada vez mais. Por ele desfilam heróis nacionais, sacerdotes e até piratas famosos...
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nova oportunidade, como poderá, também, ser tido como um espião e entrar em
maus lençóis...
Abaixo dos Loás propriamente ditos, e do Vodu stricto sensu, existem duas
outras categorias de espíritos menos cotados: os Zaka e os Guedé. Aqueles concedem
à fertilidade do solo, divindades agrícolas que são, e costumam dizer pesados gracejos
pela boca de seus cavalos. Um de seus mais significativos representantes é Zaka,
também chamado Azaka-Méde ou Azaka-Tonnerre (Azaka-Trovão). Como um
camponês, Azaka é avaro, desconfiado e hostil ao pessoal da cidade. E desencadeia o
raio e o trovão, a exemplo de Heviossos. Os Guedé são divindades Daomeanas;
criadas pelo Guedé-vi, povo conquistado pelos fon e que era aferrado, ao que parece,
por mórbida inclinação, para coisas fúnebres, pois no Haiti estes espíritos são
patronos dos cemitérios e da morte. Surgem vestidos como agentes funerários,
portando velhas sobrecasacas e cartola, como o faz, por exemplo, Baron Cemitière ou
Barão de Samedi. Também gostam de dizer obscenidades, pelo que a cerimônia se
divide, sempre, em duas partes: uma dramática (possessão dos fiéis pelos espíritos
refinados), outra, cômica (possessão dos fiéis pelos Zaka e pelos Guedé). Baron
Samedi (samedi, sábado, vale dizer, o último dia da Criação), colocado sob o signo de
Saturno e simbolizado pela cor negra, tem parceiro certo no Exu Caveira, da
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Zaka e Guedé são espíritos violentos e de bom ou mau caráter, que se prestam a toda
sorte de feitiços para conseguir as oferendas de consulentes, promovendo o sucesso
dos malefícios, benefícios e das poções mágicas. Marinette-bwa-chèch, Petit-Jean-
pieds-fins, Ezilli-jé-rouge (Erzulie-zieux-rouges) são deste tipo, bem como o já citado
Baron Samedi e sua mulher, Madame Brigitte que, a exemplo do marido, é a
autoridade máxima sobre os cemitérios, principalmente naqueles em que a primeira
pessoa sepultada tenha sido uma mulher...
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Mais que um Loá, propriamente dito, Legba (Papa Legba ou Atibon Legba) é
um intermediário entre espíritos e humanos, e que encontra correspondente no Exu
dos iorubas. Seu símbolo é uma cruz que nada tem a ver com aquela que identifica o
cristianismo: o travessão vertical representa o caminho que une as profundezas e as
alturas, trajeto certo dos Loas. Uma das pontas deste eixo repousa nas águas abissais,
onde se acha a África, pátria legendária e reino dos espíritos, que de lá partem rumo
ao mundo dos vivos. O travessão horizontal representa o mundo terreno, humano. No
cruzamento dos travessões se estabelece o contato entre homens e divindades, cujo
intérprete, afinal, é Legba, incumbido de abrir a barreira (abrir o caminho) que os
separa, mediante a invocação que segue:
No ritual rada, Legba é um espírito fálico que abre as barreiras; no rito petro,
Legba é o sol, sem o qual nenhuma forma de vida poderia se desenvolver.
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Fraternalmente;
O mestre de sua classe
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