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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1- Introdução à Bíblia

CAPÍTULO 2- Línguas Originais da Bíblia

CAPÍTULO 3- Inspiração da Bíblia

CAPÍTULO 4- Teorias da Inspiração da Bíblia

CAPÍTULO 5- Autenticidade da Bíblia

CAPÍTULO 6- Os Livros Apócrifos

CAPÍTULO 7- As Traduções da Bíblia

CONSIDERAÇÕES FINAIS

BIBLIOGRAFIA

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INTRODUÇÃO

Não podemos nos esquecer jamais, de que a bíblia é o Livro dos livros. A verdade de Deus
escrita. O mapa do cristão, rumo aos céus. O maior tesouro de conhecimentos do mundo.

E o principal:

“A Bíblia não contém a palavra de Deus, ela é a Palavra de Deus!”

Jesus disse em Mateus 24:35: “Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras não
hão de passar”.

O pastor Claudionor de Andrade citando o grande teólogo Wayne Gruden, define a


importância das escrituras assim:

A bíblia contém todas as palavras divinas que Deus quis dar ao seu povo em cada
estágio da história da redenção e que hoje contém todas as palavras de Deus que
precisamos para a salvação, para que, de maneira perfeita, nele possamos confiar
e a ele obedecer.
(Andrade, Claudionor de. Teologia Sistemática Pentecostal, página 44, Rio de
Janeiro, CPAD).

E de maneira brilhante o saudoso teólogo brasileiro Raimundo de Oliveira diz:


A existência das escrituras é a prova mais do que plausível dos esforços de Deus
no sentido de aproximar o homem de seu meigo coração. O testemunho milenar
das escrituras é que “Deus de dá a conhecer”.
A nossa crença na bondade de Deus há de nos conduzir, necessariamente, à
compreensão de que através da sua palavra, Ele se revela pessoalmente àqueles
que Ele criou.
Deus fez o homem capaz e desejoso de conhecer a realidade das coisas. Será
que Ele ocultaria uma revelação que satisfizesse esse anelo? Pelo contrário. Diz o
profeta de Deus: “conheçamos, prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva
será a sua saída; e ele nos virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a
terra”. A revelação de Deus é possível, é progressiva, é certa.
(Oliveira, Raimundo de. As Grandes Doutrinas da Bíblia, página 16, Rio de janeiro,
CPAD).
Deus se revela a nós por intermédio de sua santíssima Palavra, a Bíblia, tendo em vista nossa
salvação por meio da fé nela como a Palavra de Deus. Por essa razão todo ser humano nasce
com o grande anseio de conhecer, e cada um busca esse conhecimento de uma maneira.
Nós, servos e servas de Deus, buscamos na Bíblia sagrada.
Nesta apostila, iremos estudar a história da Bíblia, sua formação, sua inspiração, suas línguas
originais, o cânon e suas respectivas traduções, baseados principalmente nas obras de dois
dos autores que mais admiro, um brasileiro, o pastor Antonio Gilberto, e outro americano, o
doutor Norman Geisler, as quais eu recomendo que todos adquiram.

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Convido-te então, para mergulhar nesse oceano de conhecimentos, para glória de Deus.
Vamos?!

Capitulo 1- INTRODUÇÃO À BÍBLIA

Etimologia do termo “Bíblia”

Bem, em primeiro lugar é necessário analisarmos a origem desse nome tão conhecido e
utilizado por todos nós diariamente, então vejamos:

A etimologia da palavra bíblia é muito interessante, por nos remeter a Fenícia, tendo em vista
que uma de suas cidades mais importantes era chamada exatamente de “biblos” (atual Gebal,
cerca de quarenta quilômetros ao norte de Beirute). Biblos foi uma cidade muito conhecida
na época por ser uma cidade comercial, onde se vendia de tudo um pouco, madeiras,
perfumes, tecidos, couros e papiro. E é pelo fato de o papiro ser um dos produtos mais
procurados no comércio, que aos poucos foi sendo chamada de biblos, em homenagem e
referência a cidade com o mesmo nome.
Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado "biblion" e vários destes eram uma
"bíblia". Portanto, literalmente, a palavra bíblia quer dizer "coleção de livros pequenos". Com
a invenção do papel, desapareceram os rolos, e a palavra biblos deu origem a "livro", como
se vê em biblioteca, bibliografia, bibliófilo, etc.

Aproximadamente no ano 400 é que os escritores cristãos gregos começaram a chamar a


Bíblia de “Os livros”, no plural indicando uma série de escritos da revelação divina. Mais
tarde, no século XIII, o plural foi mudado para o singular, concordando com a concepção de
que a Bíblia é uma expressão vocal de Deus.

A Bíblia também é conhecida por Escrituras, que é um termo usado no N.T. para os
livros sagrados do A.T., que eram considerados inspirados por Deus. (2ª Tm. 3.16; Rm. 3.2).
Este termo também é usado no N.T. com referência a outras porções do N.T. (2ª Pe. 3.16). A
Bíblia também é conhecida por Palavra de Deus, este termo é usado em relação a ambos
os testamentos em sua forma escrita (Mt 15.6; Jo. 10.35; Hb. 4.12).

Ora, se a Bíblia é a palavra de Deus escrita, então é de extrema importância para nós
o estudo e o exame de todos os escritos que nela estão contidos.

Nas palavras do teólogo Antonio Gilberto no livro “A Bíblia através dos Séculos”, pág.9:

“A necessidade desse estudo é que, sendo a Bíblia um livro divino, veio a


nós por canais humanos, tornando-se, assim, divino-humana, como também o é a
Palavra Viva - Cristo -, que se tornou também divino-humano (Jo 1.1; Ap 19.13)”.
Pela Bíblia, Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-
lo. Por essa razão, a Bíblia faz alusão a tudo que é terreno e humano. Ela
menciona países, montanhas, rios, desertos, mares, climas, solos, estradas,
plantas, produtos, minérios, comércio, dinheiro, línguas, raças, usos, costumes,
culturas, etc. Isto é, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bíblia da nossa
linguagem, bem como do nosso modo de pensar. Se Deus usasse sua linguagem,
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ninguém o entenderia. Ele, para revelar-se ao homem, adaptou a Bíblia ao modo
humano de perceber as coisas. Destarte, o autor da Bíblia é Deus, mas os
escritores foram homens. Na linguagem figurada dos Salmos e das diversas outras
partes da Bíblia, Deus mesmo é descrito e age como se fosse homem. A Bíblia
chega a esse ponto para que o homem compreenda melhor o que Deus lhe quer
dizer. Isto também explica muitas dificuldades e aparentes contradições do texto
bíblico.
Inúmeros fatores fazem da Bíblia um livro fantástico e maravilhoso. Sua formação é
um destes fatores, cerca de 40 escritores em aproximadamente 1500 anos escreveram sob
orientação do próprio Deus.

A Bíblia divide-se em duas partes principais: ANTIGO e NOVO TESTAMENTO,


tendo ao todo 66 livros: sendo 39 no AT e 27 no NT. Estes 66 livros foram escritos num
período de 15 séculos e tiveram cerca de 40 escritores. Aqui está um dos milagres da Bíblia.

Esses escritores pertenceram às mais variadas profissões e atividades, viveram e


escreveram em países, regiões e continentes distantes uns dos outros, em épocas e
condições diversas, entretanto, seus escritos formam uma harmonia perfeita. Isto prova que
um só os dirigia no registro da revelação divina: Deus.

A divisão dos testamentos

A palavra testamento vem do termo grego "diatheke", e significa: a) Aliança ou


concerto, e b) Testamento, isto é, um documento contendo a última vontade de alguém
quanto à distribuição de seus bens, após sua morte. Esta é a palavra empregada no Novo
Testamento, como por exemplo em Lucas 22.20. No Antigo Testamento, a palavra usada
é "berith" que significa apenas concerto. O duplo sentido do termo grego nos mostra que a
morte do testador (Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliança, garantindo-nos toda a herança
com Cristo (Rm 8.17; Hb 9.15-17).

O Antigo Testamento

Tem 39 livros, e foi escrito originalmente em hebraico, com exceção de pequenos


trechos que o foram em aramaico. O aramaico foi a língua que Israel trouxe do seu exílio
babilônico. Há também algumas palavras persas. Seus 39 livros estão classificados em 4
grupos, conforme os assuntos a que pertencem: LEI, HISTÓRIA, POESIA, PROFECIA. O
grupo ou classe poesia também é conhecido por devocional.

Os livros por cada grupo.

a. LEI. São 5 livros: Gênesis a Deuteronômio.

b. HISTÓRIA. São 12 livros: de Josué a Ester.

c. POESIA. São 5 livros: de Jó a Cantares de Salomão

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d. PROFECIA. São 17 livros: de Isaías a Malaquias. Estão subdivididos em:

• Profetas Maiores: Isaías a Daniel (5 livros).

• Profetas Menores: Oséias a Malaquias (12 livros).

A lei (Pentateuco) – 5 livros Poesia – 5 livros


1. Gênesis 1. Jó
2. Êxodo 2. Salmos
3. Levítico 3. Provérbios
4. Números 4. Eclesiastes
5. Deuteronômio 5. O Cântico dos Cânticos

História – 12 livros Profetas – 17 livros


1. Josué A. Maiores B. Menores
2. Juízes
3. Rute 1. Isaías 1.
Oséias
4. 1Samuel 2. Jeremias 2.
Joel
5. 2Samuel 3. Lamentações 3. Amós
6. 1Reis 4. Ezequiel 4.
Obadias
7. 2Reis 5. Daniel 5.
Jonas
8. 1Crônicas 6.
Miquéias
9. 2Crônicas 7.
Naum
10. Esdras 8.
Habacuque
11. Neemias 9.
Sofonias
12. Ester 10. Ageu
11. Zacarias
12. Malaquias

A classificação dos livros do AT, por assunto, vem da versão Septuaginta, através
da Vulgata, e não leva em conta a ordem cronológica dos livros, o que, para o leitor menos
avisado, dá lugar a não pouca confusão, quando procura agrupar os assuntos
cronologicamente. Na Bíblia hebraica (que é o nosso AT), a divisão dos livros é bem
diferente.

Nas Bíblias de edição católico-romana, os livros de 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis são


chamados 1,2,3 e 4 Reis, respectivamente. 1 e 2 Crônicas são chamados 1 e 2
Paralipômenos. Esdras e Neemias são chamados 1 e 2 Esdras. Também, nas edições
católicas de Matos Soares e Figueiredo, o Salmo 9 corresponde em Almeida aos Salmos
9 e 10. O de número 10 é o nosso 11. Isso vai assim até os Salmos 146 a 147, que nas
nossas Bíblias são o de número 147. Deste modo, os três salmos finais são idênticos em
qualquer das versões acima mencionadas. Essas diferenças de numeração em nada
afetam o texto em si, e não poderia ser doutra forma, sendo a Bíblia o Livro do Senhor!

O Novo Testamento

Tem 27 livros. Foi escrito em grego; não no grego clássico dos eruditos, mas no do povo
comum, chamado Koiné. Seus 27 livros também estão classificados em 4 grupos, conforme

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o assunto a que pertencem: BIOGRAFIA, HISTÓRIA, EPÍSTOLAS, PROFECIA. O terceiro
grupo é também chamado DOUTRINA.

a. BIOGRAFIA. São os 4 Evangelhos.

b. HISTÓRIA. É o livro de Atos dos Apóstolos.

c. EPÍSTOLAS. São 21 as epístolas ou cartas. Vão de Romanos a Judas.

• 9 são dirigidas a igrejas (Romanos a 2 tessalonicenses)

• 4 são dirigidas a indivíduos (1 Timóteo a Filemom)

• 1 é dirigida aos hebreus cristãos

• 7 são dirigidas a todos os cristãos, indistintamente (Tiago a Judas)

As últimas sete são também chamadas universais, católicas ou gerais, apesar de duas delas
(2 e 3 João) serem dirigidas a pessoas.

d. PROFECIA. É o livro de Apocalipse ou Revelação.

LIVROS DO NOVO TESTAMENTO


Evangelhos História
1. Mateus 1. Atos dos Apóstolos
2.
Marcos
3.
Lucas
4.
João

Epístolas
1.
Romanos 12. Tito
2.
1Coríntios 13. Filemom
3.
2Coríntios 14. Hebreus
4.
Gálatas 15. Tiago
5.
Efésios 16. 1Pedro
6.
Filipenses 17. 2Pedro
7.
Colossenses 18. 1João
8.
1Tessalonicenses 19. 2João
9.
2Tessalonicenses 20. 3João
10. 1Timóteo
21. Judas
11. 2Timóteo

Profecia
1. Apocalipse

Os livros do Novo Testamento também não estão situados em ordem cronológica, pelas
mesmas razões expostas ao tratarmos do Antigo Testamento.

(Gilberto, Antonio, páginas 9, 18-23, A Bíblia através dos séculos Rio de Janeiro, CPAD).

A importância da escrita

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Várias alternativas estavam abertas diante de Deus, quando decidiu escolher um meio de
transmitir sua verdade aos homens (Hb 1,1). Ele poderia ter usado um ou mais dos veículos
empregados em várias ocasiões, ao longo dos tempos bíblicos. Por exemplo, Deus usou
anjos nos tempos da Bíblia (v. Gn 18,19; Ap 22.8-21). O lançar sorte, além do Urim e do
Tumim, também foi empregado, a fim de procurar saber a vontade de Deus (Êx 28.30; Pv
16.33), da mesma forma que se ouvia a voz da consciência (Rm 2.15) e da criação (SI 19.1-
6). Além disso, Deus usou vozes audíveis (1Sm 3) e milagres diretos (Jz 6.36-40).

Todos esses veículos sofriam algum tipo de limitação ou deficiência. Enviar um anjo para que
entregasse cada mensagem de Deus, a cada ser humano, em cada situação, ou empregar
vozes audíveis e milagres diretos, tudo isso seria difícil de administrar e repetitivo. Lançar
sorte ou a simples resposta positiva ou negativa advinda do Urim e do Tumim eram limitados
demais, em comparação com outros veículos de comunicação de massa com maior amplitude
e melhores recursos, sendo capazes de prover descrições minuciosas. Outros meios de
comunicação, como visões, sonhos e as vozes da consciência ou da criação, em certas
ocasiões sofriam a influência do subjetivismo, da distorção cultural e até da corrupção. Era o
que se verificava sobretudo ao compará-los com alguns meios mais objetivos de
comunicação, os quais faziam uso da linguagem escrita.

As vantagens da mensagem escrita

Seria incorreto dizer que todos aqueles meios de comunicação, sem exceção, não eram bons,
uma vez que de fato foram meios que Deus usou para comunicar-se com os profetas. No
entanto, havia um "caminho mais excelente", mediante o qual o Senhor se comunicaria com
os seres humanos de todas as eras por meio dos profetas. Deus decidiu fazer que sua
mensagem se tornasse algo permanente e se imortalizasse por meio de um registro escrito
entregue aos homens. Tal registro seria mais preciso, mais permanente, mais objetivo e mais
facilmente disseminável do que qualquer outro meio.

Precisão

Uma das vantagens da linguagem escrita sobre os demais veículos de comunicação é a


precisão. Para que um pensamento seja captado e expresso por escrito, é preciso que tenha
sido claramente entendido pelo autor. O leitor, por sua vez, pode entender com mais precisão
um pensamento que lhe tenha sido comunicado mediante a palavra escrita. Visto que os
conhecimentos entesourados pelo ser humano, até o presente, têm sido preservados na
forma de registros escritos e de livros, pode-se compreender por que Deus escolheu esse
processo a fim de comunicar-nos sua verdade.

Permanência

Outra vantagem da linguagem escrita é sua permanência. Constitui meio pelo qual se pode
preservar o pensamento ou a expressão, sem que os percamos por lapso da memória, por
vacilação mental ou por intrusão em outras áreas. Além disso, o registro escrito estimula a
memória do leitor e instiga sua imaginação, de modo que passa a incluir inúmeras implicações
latentes nas palavras e nos símbolos do registro. As palavras são maleáveis e permitem o
enriquecimento pessoal do leitor.

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Objetividade

A transmissão de uma mensagem por escrito também tende a torná-la mais objetiva. A
expressão escrita carrega consigo uma marca de irrevocabilidade extrínseca a outras formas
de comunicação. Esse caráter definitivo transcende a subjetividade de cada leitor, o que
complementa a precisão e a permanência da mensagem transmitida. E mais: a palavra escrita
combate a má interpretação e a má transmissão da mensagem.

Disseminação

Outra vantagem da linguagem escrita sobre os demais meios de comunicação é sua


capacidade de propagação, ou disseminado. Independentemente do cuidado com que se
processa uma comunicação oral, sempre existe uma probabilidade maior de corrupção e de
alteração das palavras utilizadas em relação à comunicação escrita. Em resumo, a tradição
oral tende a sofrer corrupção, em vez de preservar uma mensagem. Na disseminação de sua
revelação à humanidade, de modo especial às gerações futuras, Deus escolheu um modo
exato de transmitir sua Palavra.

(Geisler e Nix, Introdução Bíblica, páginas 123-125, São Paulo, Vida Acadêmica).

Capitulo 2- LÍNGUAS ORIGINAIS DA BÍBLIA

O hebraico e o aramaico para o Antigo Testamento, e o grego para o Novo Testamento, são
as línguas originais da Bíblia.

a. O hebraico.

Todo o Antigo Testamento foi escrito em hebraico, o idioma oficial da nação israelita,
exceto algumas passagens de Esdras, Jeremias e Daniel, que foram escritas em aramaico.
A mais extensa é em Daniel, que vai de 2.4 a 7.28.

O hebraico faz parte das línguas semíticas, que eram faladas na Ásia (mediterrânea), exceto
em bem poucas regiões. As línguas semíticas formavam um ramo dividido em grupos, sendo
o hebraico integrante do grupo cananeu. Este compreendia o litoral oriental do Mediterrâneo,
incluindo a Síria, a Palestina e o território que constitui hoje a Jordânia. Integrava também o
grupo cananeu de línguas, o ugarítico, o fenício e o moabítico. O fenício tem muita
semelhança com o hebraico. O primitivo alfabeto hebraico é oriundo do fenício, segundo a
opinião dos versados na matéria. Tudo leva a crer que Abraão encontrou este idioma em
Canaã, ao chegar ali, em vez de trazê-lo da Caldéia. Em Gênesis 31.47, vê-se que Labão, o
sobrinho de Abraão, vivendo em sua terra, a Caldéia, falava aramaico; ao passo que Jacó,
recém-chegado de Canaã, falava o hebraico.

A língua hebraica é chamada no AT "Língua de Canaã" (Is 19.18) e "língua judaica" ou


"judaico" (2 Rs 18.26,28; Is 36.13). Como a maior parte das línguas do ramo semítico, o
hebraico lê-se da direita para a esquerda. O alfabeto compõe-se de 22 letras, todas
consoantes. Há sinais vocálicos, sim, mas não podemos chamá-los de letras.
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Sabe-se agora que a forma primitiva dos caracteres hebraicos estava em uso na Palestina
1.800 anos antes de Cristo. Exemplos mais recentes das letras hebraicas há no Calendário
de Gézer (950-920 a.C), na Pedra Moabita (850 a.C); na inscrição de Siloé (702 a.C); nas
moedas do tempo dos irmãos Macabeus (175-100 a.C), e nalguns fragmentos dos escritos
achados junto ao mar Morto, a partir de 1947. Esta forma primitiva do hebraico passou por
modificações com o correr do tempo. Após o exílio, teve início a chamada "escrita quadrada",
que, por fim, foi pelos massoretas convertida na atual forma do alfabeto hebraico - uma forma
quadrada modificada.

A escrita hebraica dos tempos antigos só empregava consoantes sem qualquer sinal de
vocalização. Os sons vocálicos eram supridos pelo leitor durante a leitura, o que dava origem
a constantes enganos, uma vez que havia palavras com as mesmas consoantes, mas com
acepções diferentes. Quer dizer, a pronúncia exata dependia da habilidade do leitor, levando
em conta o contexto e a tradição. É por causa disso que se perdeu a pronúncia de muitas
palavras bíblicas.

Após o século VI, os eruditos judeus residentes em Tiberíades, passaram a colocar na escrita
sinais vocálicos, perpetuando, assim, a pronúncia tradicional. Esses sinais são pontos
colocados em cima, em baixo e dentro das consoantes. Os autores desse sistema de
vocalização chamavam-se massoretas - palavra derivada de "Massorah", que quer dizer
tradição, isto porque os massoretas, por meio desse sistema, fixaram a pronúncia tradicional
do hebraico. Qualquer texto bíblico posterior ao século VI é chamado "Massorético", porque
contém sinais vocálicos. Os mais famosos eruditos massoretas foram os judeus Moses ben
Asher; e seus filhos Arão e Naftali, que viveram e trabalharam em Tiberíades, na Galiléia.

Além do texto Massorético, há outro texto hebraico das Escrituras, o do Pentateuco


Samaritano, que emprega, os antigos caracteres hebraicos. É do tempo pré-cristão. São,
portanto, dois tipos de textos que temos em hebraico: o Massorético e o Pentateuco
Samaritano.

b. O Aramaico.

É um idioma semítico falado desde 2.000 a.C, em Arã ou Síria, que é a mesma região. (Arã
é hebreu; Síria é grego.) Nas Escrituras, o território da Síria não é o mesmo de hoje, o que
acontece também com outras terras bíblicas. O primitivo território estendia-se das montanhas
do Líbano até além do Eufrates, incluindo Babilônia, Mesopotâmia Superior (conhecida na
Bíblia por Arã-Naaraim; e Padã-Arã - Gn 25.20), e outros distritos. Era ainda falado numa
grande área da Arábia Pétrea.

Os trechos escritos em aramaico são:

O Esdras 4.8 a 6.18; 7.12-26.

O Daniel 2.4 a 7.28.

O Jeremias 10.11.

A influência do aramaico foi profunda sobre o hebraico, começando no cativeiro do reino de


Israel, em 722 a.C. na Assíria, e continuando através do cativeiro do reino de Judá, em 587,
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em Babilônia. Em 536, quando Israel começou a regressar do exílio, falava o aramaico como
língua vernácula. É por essa razão que, no tempo de Esdras, as Escrituras, ao serem lidas
em hebraico, em público, era preciso interpretá-las, para compreenderem o seu significado
(Ne 8.5,8).

No tempo de Cristo, o aramaico tornara-se a língua popular dos judeus e nações vizinhas;
estas foram influenciadas pelo aramaico devido às transações comerciais dos arameus na
Ásia Menor e litoral do Mediterrâneo. Em 1.000 a.C, o aramaico já era língua internacional do
comércio nas regiões situadas ao longo das rotas comerciais do Oriente. O aramaico é
também chamado "siríaco", no Norte (2 Rs 18.26; Ed 4.7; Dn 2.4 ARC), e também "caldaico",
no Sul (Dn 1.4). Tinha o mesmo alfabeto que o hebraico, diferia nos sons e na estrutura de
certas partes gramaticais. Do mesmo modo que o hebraico, não tinha vogais; a partir de 800
d.C, é que os sinais vocálicos lhe foram introduzidos. É muito parecido com o hebraico.

O aramaico foi a língua do Senhor Jesus, seus discípulos e da igreja primitiva, em Jerusalém.
Em Mateus 5.18, quando Jesus diz que a menor letra é o jota (aramaico iode), Ele tinha em
mente o alfabeto aramaico, pois somente neste é que se verifica isto. (A letra iode originou o
nosso i). Nos dias de Jesus, o aramaico já se modificara um pouco na Palestina, resultando
no "aramaico palestinense", como o chamam os eruditos. Também em Marcos 14.36, o uso
da palavra aramaica "abba", por Jesus, é outra evidência de que Ele falava aquela língua.
Que Ele também falava o hebraico é evidente em Lucas 4.16-20, uma vez que os rolos
sagrados eram escritos em hebraico.

O hebraico foi de fato absorvido pelo aramaico, mas continuou sendo a língua oficial do culto
divino no templo e nas sinagogas, dos rolos sagrados, e dos rabinos e eruditos.

Havia escolas de rabinos, inicialmente em Jerusalém, e, depois da queda da cidade, em


Tiberíades. Havia escolas semelhantes noutros centros judaicos. As conquistas árabes e a
propagação do islamismo em largas áreas da Ásia, África e Europa, reduziu e por fim destruiu
a influência do aramaico. Por sua vez, o hebraico, sendo língua morta, começou a ressurgir.
Para que se cumprissem as profecias referentes a Israel, era necessário que a língua
revivesse e assumisse a posição que hoje desfruta na família das nações modernas.

Devido aos hebreus terem adotado o aramaico como uma língua, este passou a chamar-se
hebraico, conforme se vê em Lucas 23.38; João 5.2; 19.13,17,20; Atos 21.40; 26.14; 72
Apocalipse 9.11. Portanto, quando o N.T., menciona o hebraico, trata-se, na realidade, do
aramaico. Marcos, escrevendo para os romanos, põe em aramaico 5.41 e 15.34 do seu livro;
já Mateus, que escreveu para os judeus, escreve a mesma passagem em hebraico (Mt 27.46).

c. O Grego.

Esta é a língua em que foi originalmente escrito o Novo Testamento. A única dúvida paira
sobre o livro de Mateus, que muitos eruditos afirmam ter sido escrito em aramaico. O grego
faz parte do grupo das línguas arianas. Vem da fusão dos dialetos dórico e ático. Os dóricos
e os áticos foram duas das principais tribos que povoaram a Grécia. É língua de expressão
muito precisa, e, das línguas bíblicas, é a que mais se conhece, devido a ser mais próxima
da nossa.

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O grego do Novo Testamento não é o grego clássico dos filósofos, mas o dialeto popular do
homem da rua, dos comerciantes, dos estudantes, que todos podiam entender: era o "Koiné".
Este dialeto formou-se a partir das conquistas de Alexandre, em 336 a.C. Nesse ano,
Alexandre subiu ao trono e, no curto espaço de 13 anos, alterou o curso da história do mundo.
A Grécia tornou-se um império mundial, e toda a terra conhecida recebeu influência da língua
grega. Deus preparou, deste modo, um veículo lingüístico para disseminar as novas do
Evangelho até os confins do mundo, no tempo oportuno.

Até no Egito o grego se impôs, pois aí foi a Bíblia traduzida do hebraico para o grego - a
chamada Septuaginta, cerca de 285 a.C. Nos dias de Jesus, os judeus entendiam quase tão
bem o grego como o aramaico, haja vista que a Septuaginta em grego era popular entre os
judeus. Nos primórdios do cristianismo, o Evangelho pregado ou escrito em grego podia ser
compreendido pelo mundo todo. Só Deus podia fazer isso! Ele não enviaria o seu Filho ao
mundo enquanto este não estivesse preparado, e esse preparo incluía uma língua conhecida
por todos. (Ver Marcos 1.15 e Gálatas 4.4.)

A língua grega tem 24 letras; a primeira é alfa e a última ômega. Quando, em Apocalipse 1.8,
Jesus diz que é o Alfa e o ômega, está afirmando que é o primeiro e o último. Os gregos
receberam seu alfabeto através dos fenícios, conforme mostram estudos a respeito.

Ninguém vá supor que por não conhecer essas línguas originais das Escrituras, não
compreenderá a revelação divina. Sim, o conhecimento e a compreensão dos originais
auxiliará muito, mas não é o essencial. Na Bíblia, como já dissemos, vêem-se duas coisas
principais: o texto e a mensagem. O principal é a mensagem contida no texto. É
especialmente a mensagem que o Espírito Santo vitaliza, revela e maneja como sua espada
(Ef 6.17).

(Gilberto, Antonio, páginas 69-74, A Bíblia através dos séculos Rio de Janeiro, CPAD).

Os materiais de escrita

Os autores das Escrituras empregaram os mesmos materiais em uso no mundo antigo. Por
exemplo, as tabuinhas de barro eram usados não só na antiga Suméria, já em 3500 a.C,
como também por Jeremias (17.13) e por Ezequiel (4.1). As pedras também eram usadas
para fazer inscrições na Mesopotâmia, no Egito e na Palestina, para gravação, por exemplo,
do Código de Hamurábi, dos textos da pedra de Roseta e da pedra moabita. Foram
empregadas também na região do rio do Cão, no Líbano, e em Behistun, na Pérsia (Irã), como
também por escritores bíblicos (v. Êx 24.12; 32.15,16; Dt 27.2,3; Js 8.31,32).

O papiro foi usado na antiga Gebal (Biblos) e no Egito por volta de 2100 a.C. Eram folhas de
uma planta, que se prensavam e colavam para formar um rolo. Foi o material que o apóstolo
João usou para escrever o Apocalipse (5.1) e suas cartas (2Jo 12). Velino, pergaminho e
couro são palavras que designam os vários estágios de produção de um material de escrita
feito de peles de animais. O velino era desconhecido até 200 a.C, pelo que Jeremias teria
tido (36.23) em mente o couro. Paulo se refere a pergaminhos em 2Timóteo 4.13. Outros
materiais para escrita eram o metal (Êx 28,36; Jó 19.24; Mt 22.19,20), a cera (Is 8.1; 30.8;

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Hb 2,2; Lc 1.63), as pedras preciosas (Êx 39.6-14) e os cacos de louça (óstracos), como
mostra Jó 2.8. O Linho era usado no Egito, na Grécia e na Itália, embora não tenhamos
indícios de que tenha sido usado no registro da Bíblia.

Os instrumentos utilizados

Vários instrumentos básicos foram empregados para que se produzissem os registros


escritos nos materiais mencionados acima. Dentre eles estava o estilete, instrumento em
formato de pontalete triangular com cabeçote chanfrado, com que se escrevia. Era usado de
modo especial para fazer entalhes em tabuinhas de barro ou de cera, sendo às vezes
denominado pena pelos escritores bíblicos (v. Jr 17.1). O cinzel era usado para fazer
inscrições em pedra, como em Josué 8.31,32. Jó refere-se ao cinzel denominando-o "pena
de ferro" (19.24), com a qual se poderiam fazer gravações na rocha. A pena era usada para
escrever em papiro, em couro, em velino e em pergaminho (3Jo 13).

Outros instrumentos eram usados pelo escriba para desempenhar as tarefas escriturárias.
Jeremias refere-se a um canivete que alguém usou a fim de destruir um rolo (Jr 36.23). Seu
uso mostra que o rolo teria sido feito de um material mais forte que o papiro, que podia ser
rasgado. O canivete também era usado quando o escritor desejava afiar a pena, quando esta
começasse a ficar rombuda ou gasta pelo uso. A tinta era o material que acompanhava a
pena e ficava no tinteiro. A tinta era usada para escrever em papiro, em couro, em
pergaminho ou em velino. Vê-se, desse modo, que todos os materiais e instrumentos
disponíveis aos escritores no mundo antigo também estavam à disposição dos escritores da
Bíblia. (Geisler e Nix, páginas 128,129).

Os Autógrafos e os Manuscritos

A história da Bíblia e como chegou até nós, é encontrada em seus manuscritos. Manuscritos
são rolos ou livros da antiga literatura, escritos à mão. O texto da Bíblia foi preservado e
transmitido mediante os seus manuscritos. Nos tratados sobre a Bíblia, a palavra
manuscritos é sempre indicada pela abreviatura MS, no plural MSS ou MSs.

Os originais saídos das mãos dos escritores (autógrafos), não há nenhum conhecido. É
provável que se houvesse algum, os homens o adorassem mais do que ao seu divino Autor.
Lembremos a adoração da serpente de metal pelos israelitas (2 Rs 18.4) e da cruz de Cristo
e da virgem Maria, pelos católico-romanos; e o caso de João querer adorar o mensageiro
celestial (Ap 22.8,9).

Razões para a ausência de MSS originais:

1) O costume dos judeus de enterrar todos os MSS estragados pelo uso ou qualquer outra
coisa; isto para evitar mutilação ou interpolação espúria.

2) Os reis idolatras e ímpios de Israel podem ter destruído muitos, ou contribuído para isso.
(Veja o episódio de Jeremias 36.20-26.)

3) O monstro Antíoco Epifânio, rei da Síria (175-164 a.C), dominou sobre a Palestina durante
seu reinado. Foi extremamente cruel, sádico; tinha prazer em aplicar torturas. Decidiu

13
exterminar a religião judaica. Assolou Jerusalém em 168, profanou o templo e destruiu todas
as cópias que achou das Sagradas Escrituras.

4) Nos dias do feroz imperador Diocleciano (284-305 d.C), os perseguidores dos cristãos
destruíram quantas cópias acharam das Escrituras. Durante dez anos, Diocleciano mandou
vasculhar o Império para destruir todos os escritos sagrados. Ele chegou a julgar que tivesse
destruído tudo, pois mandou cunhar uma moeda comemorando tal "vitória".

A literatura judaica diz que a missão da Grande Sinagoga, presidida por Esdras, foi reunir e
preservar os MSS originais do AT, e que os MSS de que se serviram os setenta, foram esses
preservados pela Grande Sinagoga, que encerrou o cânon do AT.

(Gilberto, Antonio, página 76).

Os mais importantes manuscritos da Bíblia

Os escritos clássicos da Grécia e de Roma ilustram de modo extraordinário o caráter da


preservação dos manuscritos bíblicos. Em contraposição ao número total de mais de 5 mil
manuscritos, do Novo Testamento conhecidos hoje, outros livros históricos e religiosos do
mundo antigo praticamente desaparecem. Só 643 exemplares da Ilíada de Homero
sobreviveram em forma de manuscrito. Da História de Roma, de Tito Lívio, restaram apenas
20 exemplares, e a obra Guerras gálicas, de César, só se conhece mediante 9 ou 10
manuscritos. Da obra de Tucídides, Guerra do Peloponeso, dispomos em apenas 8
manuscritos; as Obras de Tácito só podem ser encontradas em 2 manuscritos. Uma pesquisa
das evidências em manuscritos do Antigo Testamento, embora não sejam tão numerosas
como as do Novo, revela a natureza e a comprovação documentária dos textos originais da
Bíblia hebraica.

Os manuscritos do Antigo Testamento

Em comparação com o Novo Testamento, há relativamente poucos manuscritos antigos do


texto do Antigo Testamento. Era o que se verificava, sobretudo antes da descoberta, em 1947,
dos rolos do mar Morto. Mas esse acontecimento proporcionou ensejo para nosso estudo das
tradições do Texto massorético e dos rolos do mar Morto.

O Texto Massorético

O número relativamente reduzido de antigos manuscritos do Antigo Testamento, com


exceção do Cairo Geneza, pode ser atribuído a vários fatores. O primeiro e mais óbvio é a
própria antigüidade dos manuscritos, combinada com sua inerente destrutibilidade; esses
dois fatores concorrem para o desaparecimento dos manuscritos. Outro fator que militou
contra a sobrevivência dos manuscritos foi a deportação dos israelitas à Babilônia e ao
domínio estrangeiro após o retorno à Palestina. Jerusalém foi conquistada 47 vezes, em sua
história, só no período de 1800 a 1948 d.C. Isso também explica por que os textos
massoréticos foram descobertos fora da Palestina. Outro fator que influi na escassez de
manuscritos do Antigo Testamento diz respeito às leis sagradas dos escribas, que exigiam
que os manuscritos gastos pelo uso ou com erros fossem enterrados. Segundo uma tradição
14
talmúdica, todo manuscrito que contivesse erro ou falha e todo aquele que estivesse
demasiado gasto pelo uso eram sistemática e religiosamente destruídos. Tais práticas sem
dúvida alguma fizeram diminuir o número de manuscritos que se poderiam encontrar algures.
Por fim, durante os séculos V e VI d.C, quando os massoretas (escribas judeus) padronizaram
o texto hebraico, acredita-se que de modo sistemático e completo destruíram todos os
manuscritos que discordassem do sistema de vocalização (adição de letras vocálicas) e de
padronização do texto das Escrituras. Muitas evidências arqueológicas e a ausência de
manuscritos mais antigos tendem a dar apoio a esse julgamento. O resultado é que o texto
massorético impresso do Antigo Testamento, como o temos hoje, baseia-se nuns poucos
manuscritos, nenhum dos quais com origem anterior ao século X d.C.

Ainda que haja relativamente poucos manuscritos massoréticos primitivos, a qualidade dos
manuscritos disponíveis é muito boa. Isso também se deve atribuir a vários fatores. Em
primeiro lugar, há pouquíssimas variantes nos textos disponíveis, visto serem todos
descendentes de um tipo de texto estabelecido por volta de 100 d.C. Diferentemente do Novo
Testamento, que baseia sua fidelidade textual na multiplicidade de cópias de manuscritos, o
texto do Antigo Testamento deve sua exatidão à habilidade e à confiabilidade dos escribas
que o transmitiram. Com todo o respeito às Escrituras judaicas, só a exatidão dos escribas,
no entanto, não basta para garantir o produto genuíno. Antes, a reverência quase
supersticiosa que dedicavam às Escrituras é de primordial importância. Segundo o Talmude,
só determinados tipos de peles podiam ser utilizados, o tamanho das colunas era
controlado por regras rigorosas, o mesmo acontecendo com respeito ao ritual que o
escriba deveria seguir ao copiar um manuscrito. Se se descobrisse que determinado
manuscrito continha um único erro, a peça era descartada e destruída. Tão severo
formalismo dos escribas foi responsável, pelo menos em parte, pelo extremo cuidado
aplicado no processo de copiar as Escrituras Sagradas.

Outra categoria de evidências quanto à integridade do texto massorético encontra-se na


comparação de passagens duplas do próprio texto massorético do Antigo Testamento. O
salmo 14, por exemplo, reaparece de novo como salmo 53; grande parte de Isaías 36— 39
reaparece em 2Reis 18.20; Isaías 2.2-4 corresponde a Miquéias 4.1-3, e grande parte de
Crônicas se encontra de novo em Samuel e em Reis. Um exame dessas passagens, bem
como de outras, revela não só substancial acordo textual, mas também, em certos casos,
igualdade quase absoluta, palavra por palavra. Resulta disso a conclusão de que os textos
do Antigo Testamento não sofreram revisões radicais, ainda que as passagens paralelas
tenham origem em fontes idênticas.

Os rolos do mar Morto

Essa grande descoberta ocorreu em março de 1947, quando um jovenzinho árabe


(Muhammad adh-Dhib) estava perseguindo uma cabra perdida nas grutas, a doze
quilômetros ao sul de Jerico e um e meio quilômetro a oeste do mar Morto. Numa das grutas
ele descobriu umas jarras que continham vários rolos de couro. Entre esse dia e fevereiro de
1956, onze grutas que continham rolos e fragmentos de rolos foram escavadas próximo a
Qumran. Nessas grutas, os essênios, seita religiosa judaica que existiu por volta da época de

15
Cristo, haviam guardado sua biblioteca. Somando tudo, os milhares de fragmentos de
manuscritos constituíam os restos de seiscentos manuscritos.

Estimulados por essas descobertas originais, os beduínos insistiram nas buscas e


descobriram outras grutas a sudoeste de Belém. Aqui, em Murabba'at, descobriram alguns
manuscritos que traziam a data e alguns documentos da segunda revolta judaica (132-135
d.C). Esses documentos ajudaram a confirmar a antigüidade dos rolos do mar Morto.
Descobriu-se também outro rolo dos profetas menores (de Joel a Ageu), cujo texto se
aproxima muito do texto massorético. Além disso, descobriu-se ali um palimpsesto, o papiro
semítico (o primeiro texto havia sido raspado) mais antigo de que se tem notícia. O segundo
texto nele gravado era em hebraico antigo, dos séculos VII e VIII a.C.

Vários tipos de evidências tendem a dar apoio às datas dos rolos do mar Morto. Em primeiro
lugar está o processo do carbono 14, que dá a esses documentos a idade de 1917 anos, com
margem de variação de 200 anos (10%). Isso significa que tais documentos datam de 168
a.C. a 233 d.C. A paleografia (estudo da escrita antiga e de seus materiais) e a ortografia
(redação correta das palavras) marcam a data de alguns desses manuscritos anterior a 100
a.C. A arqueologia trouxe mais algumas evidências paralelas, mediante o estudo da cerâmica
encontrada nas grutas: descobriu-se que era da baixa Era Helenística (150-163 a.C.) e da
alta Era Romana (63 a.C-100 d.C). For fim, as descobertas de Murabba'at corroboraram as
descobertas de Qumran.

Manuscritos do Novo Testamento

A integridade do Antigo Testamento foi confirmada em primeiro lugar pela fidelidade do


processo de transmissão, posteriormente confirmada pelos rolos do mar Morto. Por outro
lado, a fidelidade do texto do Novo Testamento baseia-se na multiplicidade de manuscritos
existentes. É fato que do Antigo Testamento restaram apenas alguns manuscritos completos,
todos muito bons; mas do Novo possuímos muito mais cópias, em geral de qualidade mais
precária. Chama-se manuscrito um documento escrito a mão, em contraste com uma cópia
ou exemplar impresso. Como dissemos no capítulo anterior, o Novo Testamento foi escrito
em letras de imprensa, conhecidas pelo nome de unciais (ou maiúsculas). A partir do século
vi esse estilo caiu em desuso, sendo gradualmente substituído pelos manuscritos chamados
minúsculos. Estes predominaram no período que vai do século IX ao XV.

Outros testemunhos sobre a fidelidade do texto do Novo Testamento procedem de outras


fontes básicas: manuscritos gregos, antigas versões e citações patrísticas. Os manuscritos
gregos são a fonte mais importante, e podem ser divididos em três categorias. Essas
categorias de manuscritos comumente recebem o nome de papiros, unciais e minúsculos, em
vista de suas características diferenciadas.

Os Papiros

Os Unciais

O Códice Vaticano (B

O Códice sinaítico (a, Álefe)

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O Códice alexandrino (A)

O Códice efraimita (c)

O Códice Beza (D

O Códice claromontano (d2 ou dp2

O Códice washingtoniano(w)

Os minúsculos

As datas dos manuscritos minúsculos (do século IX ao XV) mostram que em geral são de
qualidade inferior, se comparados aos manuscritos em papiros ou unciais. A importância
desses manuscritos está no relevo dispensado às famílias textuais e não à sua quantidade.
Somam 4 643, dos quais 2 646 são manuscritos e 1 997, lecionários (livros antigos que a
igreja usava no culto). Alguns desses manuscritos minúsculos mais importantes estão
identificados abaixo.

Os minúsculos da família alexandrina são representados pelo ms. 33, "rei dos cursivos",
datado do século IX ou X. Contém todo o Novo Testamento, menos o Apocalipse. É
propriedade da Biblioteca Nacional de Paris.

O texto cesareense emprega um tipo que sobreviveu na Família 1, dentre os manuscritos


minúsculos. Essa família contém os manuscritos 1, 118,131 e 209, e todos datam do século
XII até o XIV.

A subfamília italiana do tipo cesareense é representada por cerca de doze manuscritos


conhecidos por Família 13. Tais manuscritos haviam sido copiados entre os séculos XI e XV.
Incluem os manuscritos 13,69,124, 230, 346, 543, 788, 826, 828, 983, 1689 e 1709. Julgava-
se de início que alguns desses manuscritos tinham texto de tipo sírio.

Muitos dos demais manuscritos minúsculos podem ser colocados em uma ou outra das várias
famílias textuais, mas sustentam-se por seus próprios méritos e não por pertencerem a uma
das famílias de manuscritos mencionadas acima. Entretanto, no todo, foram copiados de
manuscritos minúsculos ou manuscritos unciais primitivos, e poucas evidências novas
acrescentam ao Novo Testamento. Proporcionam uma linha contínua de transmissão do texto
bíblico, enquanto os manuscritos de outras obras clássicas apresentam brechas de
novecentos a mil anos entre os autógrafos e suas cópias manuscritas, como se pode ver nos
exemplos das Guerras gálicas, de César, e das Obras, de Tácito. (Geisler e Nix, pags. 135-
145).

17
Capitulo 3- INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

Definições:

“É A operação divina que influenciou os escritores bíblicos, capacitando-os a


receberem mensagem divina, e que os moveu a transcrevê-la com exatidão, impedindo-os
de cometerem erros e omissões, de modo que ela recebeu autoridade divina e infalível,
garantindo a exata transferência da verdade revelada de Deus para a linguagem humana
inteligível (1° Co. 10:13; 2ª Tm. 3:16: 2ª Pe. 1:20, 21)”.

“Inspiração é o ato de inspirar. A palavra é derivada de duas latinas “in”, e “spiro” que
significam inspirar. Nós encontramos esta palavra em Jó. 32:8 e 2ª Tm. 3:16. A palavra
significa uma influência de fora produzindo ações que estão além de forças naturais. É Deus
respirando. Portanto a palavra é“ Espírito e Vida ”(Jo 6:63, Hb. 4:12)”.

Para nós Inspiração Divina é a influência sobrenatural do Espírito Santo que vinha
como um sopro, sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os a receber e transmitir a
mensagem divina sem nenhuma margem de erro.

Todo estudioso da Bíblia sabe que ela reivindica para si a inspiração de Deus, pois, em suas
páginas temos repetidas vezes à expressão “Assim diz o Senhor”. Como um selo da
autenticidade divina, esta frase ocorre mais de 2600 vezes ao longo de seus 66 livros, além
de outras expressões similares. Não há duvidas de que foi o Espírito de Deus quem falou
através dos escritores da Bíblia. (Ez. 11:5, 2° Cr. 20:14, 24-20).

O termo Inspiração se estende a toda a Escritura, e podemos dividir este assunto em classes:
revelação e fatos conhecidos.

Por Revelação se entende a obra de Deus pela qual Ele transmite fatos e verdades
desconhecidos. Os primeiros capítulos de Gênesis são exemplos de história dada por
revelação. Não se pode precisar quanto da Bíblia chegou até nós por revelação de Deus.
(Gn. 40:8, 41:16, Dn. 2:28,Gl. l: 11; Ef. 3:35; 1° Co. 2:10; Ap. 1:1).

Já os Fatos conhecidos podem vir através de observação pessoal; documentos existentes.


Um bom exemplo disto é Lucas, ele foi inspirado a registrar o que presenciou no Livro de
Atos. Veja At. 20:6 e At 27, diversos versículos o emprego de “nós”, isto é, ele estava
presente. Mas no Evangelho que escreveu, ele o fez examinando trabalhos já conhecidos Lc.
1:1-4.

Ao estudarmos a Bíblia devemos ter uma coisa em mente, nem toda a Bíblia foi revelada por
Deus aos escritores, mas, isto não quer dizer que a Bíblia toda não seja inspirada por Deus,

18
pois, toda a Escritura é inspirada por Deus como nos diz o apóstolo Pedro (2° Pe 1:20, 21).
A Bíblia contém revelação de Deus, e ao mesmo tempo ela é inspirada por Deus.

Por Profecia, entendemos que a mesma é a mensagem de Deus através de um profeta. Um


profeta por sua vez era uma pessoa que recebia uma mensagem de Deus e a transmitia ao
povo. Ele tinha uma inspiração vinda direta do próprio Deus, sua palavra quanto profecia, era
infalível, e objetivava instruir o povo de Deus quanto à Sua vontade.

Exigia-se do profeta que o mesmo falasse a mensagem de Deus fielmente,


independentemente das consequências, ou de para quem fosse destinada a profecia (Jr.
1:17, 23:28; Ez. 2:7 Jn. 3:2), quando isto não acontecia, ele pagava o preço pela
desobediência (Is. 6:5).

Quando estudamos a Palavra de Deus com oração e temor, recebemos a Iluminação


Espiritual do texto em que estamos lendo. Isto não tem a ver com inspiração. Iluminação
Espiritual é o discernimento da Palavra de Deus que cada crente pode ter do Espírito Santo.

Autoria Dual:

Com este termo indicamos dois fatos: Autoria Divina e Autoria Humana. Vejamos, portanto:

Do lado divino as Escrituras são a Palavra de Deus no sentido de que se originaram nEle e
são as expressões de Sua mente. Paulo faz menção a esta realidade em 2ª Tm. 3:16, onde
encontramos a referência a Deus: “Toda Escritura é divinamente inspirada”(o termo grego
theopneustos - soprada ou expirada por Deus, a referência aqui é ao escrito).

Do lado humano certo homens foram escolhidos por Deus para a responsabilidade de receber
a Palavra e passá-la para a forma escrita. Já, Pedro em 2ª Pe. 1:21, faz referência aos
homens: “Homens santos de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo”(o termo grego pherô
- movidos ou conduzidos- é uma referência ao escritor).

O Termo “Logos”

Cerca de 200 vezes este termo grego foi utilizado no N.T. referindo-se a Palavra de Deus
Escrita, e as outras 7 vezes referindo-se ao Filho de Deus (Jo 1:1-14; 1ª Jo 1:1; 5:7; Ap 19:13).
Eles são para Deus o que a expressão é para o pensamento, e o que a fala é para a razão,
portanto o Logos de Deus é a expressão de Deus, quer seja na forma escrita ou viva
(Compare Jo. 14:6 com Jo. 17:17). Cristo é a Palavra Viva, é o Logos, ou seja, a fala, a
expressão de Deus.

A Bíblia é a Palavra Escrita, mas também é o Logos de Deus, e da mesma forma como em
Cristo há duas naturezas (divina e humana), da mesma forma na Palavra de Deus estes dois
elementos aparecem unidos sobrenaturalmente.

Provas da Inspiração Divina da Bíblia

Os críticos da inspiração da Bíblia nos acusam de tentar provar a inspiração pela Bíblia e de
provar a verdade da Bíblia pela inspiração, e, assim, de argumentar num círculo interminável
e vazio. Mas em uma coisa todos concordam, o processo parte com base na evidência. Esta,

19
por sua vez, primeiro prova a veracidade ou credibilidade da testemunha, e então aceita o
seu testemunho.

A veracidade das Escrituras é estabelecida de vários modos, e, tendo constatado a sua


veracidade, ou a validade do seu testemunho, bem podemos aceitar o que elas dizem de si
mesmas. As Escrituras afirmam que são inspiradas, ou aceitamos os seus testemunho neste
particular ou rejeitamos em sua totalidade.

A Bíblia Afirma sua Inspiração:

Como veremos a seguir, a Bíblia afirma sua inspiração:

O A.T. afirma sua Inspiração:

(Dt. 4:2,5; 2° Sm. 23:2; Is. 1:10; Jr. 1;2, 9; Ez. 3:1,4; Os. 1:1; Jl.l:1; Am. 1:3;3:1; Ob. l:1; Mq.
1:1).

O N.T. afirma sua Inspiração:

(Mt. 10:19; Jo. 14:26; 15:26,27; Jo. 16:13; At. 2:33; 15:28; lª Ts. 1:5; l° Co. 2:13; 2° Co. 13:3;
2ª Pe. 3:16; lª Ts. 2:13; l° Co. 14:37);

O N.T. afirma a Inspiração do A. T.

(Lc. 1:70; At. 4:25; Hb. 1:1, 2ª Tm. 3:16; 1ª Pe. 1:11; 2ª Pe.1:21).

A Bíblia faz declarações científicas, que foram descobertas posteriormente:

(Jo. 26:7; Sl. 135:7; Ec. 1:7; Is. 40:22).

A Aprovação da Bíblia por Jesus:

a) Jesus leu a Bíblia (Lc 4:16-20);

b) Jesus ensinou a Bíblia (Lc. 24:27);

c) Jesus chamou-a de “A Palavra de Deus”(Mc 7:13);

d) Jesus afirmou que elas eram a verdade (Jo 1 7:1 7);

e) Jesus viveu e procedeu de acordo com ela (Lc 18:31);

f) Jesus declarou que o escritor Davi falou pelo Espírito Santo (Mc 12:35, 36);

g) Jesus derrotou Satanás usando a Bíblia (Dt. 8:3; 6:13, 16);

h) Jesus cumpriu a Bíblia (Lc. 24:44).

O Senhor Jesus aprovou todas as Escrituras do Antigo Testamento, ao referir-se a elas como
“Leis, Salmos e Profetas” que eram as três divisões da Bíblia em sua época.
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O Testemunho do Espírito Santo dentro do Crente

O papel do Espírito Santo é o de colocar dentro do homem no momento de sua conversão, a


certeza quanto a autoria da Bíblia. É uma coisa automática. Não é preciso ninguém ensinar
isso. É impossível alguém crer em Cristo sem crer em sua Palavra. Quando uma pessoa
aceita a Jesus de fato, aceita também a Bíblia como a Palavra de Deus, sem reservas.

Jesus nos ensina em Jo7:17, como podemos ter dentro de nós o testemunho do Espírito
Santo quanto à autoria divina da Bíblia. Da mesma forma que o Espírito Santo testifica com
o nosso espírito que somos filhos de Deus, também testifica que a Bíblia é a mensagem de
Deus para nós.

O Fiel Cumprimento das Profecias da Bíblia.

Por exemplo:

Sobre Ciro o Persa – Is 44:28; 45:1

Profecias Messiânicas – Gn. 49:10, Is. 7:14; 53; Dn. 9:24-26; Mq. 5:2; Zc. 9:9; Sl. 22.

Profecias sobre Israel – Lv. 26:14, 32,33; Dt. 4:25-27; 28:15, 64; Is. 66:8: Jr. 23:3, 30:3; Ez.
11:17; 36; 37; Is. 60:9, 61:6.

Os quatro últimos impérios mundiais – Dn. Capítulos: 2 e 7.

21
O que Deus disse sucederá – Jr. 1:12 - Glória a Deus.

A Influência da Bíblia nas Pessoas e Nações.

Ao olharmos para a história da humanidade, com seus êxitos e fracassos, e se formos


sinceros, reconheceremos o papel fundamental da Bíblia em cada época, quer na formação
do caráter, quer no cuidado com a saúde, tanto física como espiritual, das pessoas que se
deixaram influenciar por ela. Nenhum outro livro tem poder de influenciar e transformar
beneficamente não só os indivíduos, mas nações inteiras, conduzindo-os a Deus. E não há
um argumento mais convincente a favor da Bíblia do que o caráter que ela forma.

A Bíblia Muda por Completo nosso Modo de Viver.

Se não fosse pela influência da Bíblia em nós, seríamos iguais aos incrédulos. Não há
filosofia, legislação ou sistema educacional que possa mudar o interior do homem. Somente
a Bíblia tem este poder. Apesar de seus ensinamentos serem tão simples, eles têm uma
profundidade tão imensurável que guia homens e nações a uma vida feliz, produtivas e a
certeza de salvação por Cristo.

A Bíblia é Sempre Atual e Inesgotável.

Nenhum outro livro subsistiu a tantas tentativas de destruição. Há mais de dois mil anos, o
ódio do homem pela Bíblia tem sido persistente, determinado, incansável e assassino. Mas
nada, nem ninguém poderá afetar a Bíblia. Ela é o livro mais antigo do mundo e ao mesmo
tempo o mais moderno. A Bíblia é mais atual que o jornal que sairá nas bancas amanhã.
Durante um período de mais de 20 séculos o homem vem tentando em vão, melhorar a Bíblia,
e toda a tentativa tem se mostrado frustrada.

O segredo para tal insucesso está na origem da Bíblia. Sua origem é divina e não humana,
pois, se fosse o contrário ela já estaria desatualizada. A Bíblia jamais se tornará um livro
antigo, apesar de estar cheia de antiguidades. Outro fator que faz da Bíblia um livro fantástico
é a diversidade de sua mensagem, pois, a mesma satisfaz à criança, ao jovem e ao velho.
Pode-se lê-la vezes sem conta, sem nunca perder o interesse e sem nunca sondar suas
profundezas.

A Bíblia se Aplica a cada Povo ou Indivíduo em qualquer Lugar e Tempo.

Todos os livros escritos até aqui, mesmo quando traduzidos para outros idiomas, sempre
estão ligados ao país ou região em que foram escritos, mas isto não acontece com a Bíblia.
Nenhum crente considera a Bíblia um livro estrangeiro, como acontece com os demais livros
traduzidos. O alcance universal da Bíblia é impar, isto se deve ao Fato de que este livro
nasceu do coração de Deus, não para o judeu, mas para cada homem de toda raça, nação e
língua.

A Superioridade da Bíblia em Relação aos demais Livros quanto ao Seu Conteúdo.

Comparando-se a Bíblia com os ensinos do Alcorão, Livro dos Mórmons, os Clássicos de


Confúcio, os escritos de Sócrates, Marco Aurélio dentre outros escritos pagãos, o ensino da
22
Bíblia sobrepuja o desses escritos em todos os pontos imagináveis. A Bíblia contém mais
verdade do que todos eles juntos, e acima de tudo, a Bíblia contém só a verdade.

A Bíblia é Imparcial.

A imparcialidade da Bíblia está intimamente ligada a sua origem. Se ela fosse originada no
homem, ela não poria a descoberto as faltas e falhas dele. Outra questão digna de nota é
que, os homens jamais produziriam um livro como a Bíblia, que dá toda a glória a Deus, ao
mesmo tempo em que mostra a fraqueza do homem (Jó 27; Sl. 50:21, 22; 51:5; 1° Co. 1:19-
25; Jó. 17:1; 14).

A Bíblia tanto fala que Davi era um homem segundo o coração de Deus, como revela seus
pecados de assassinato, adultério, má criação dos filhos. E também o caso da embriaguez
de Noé, da dissimulação de Abraão, o caso de Ló, a idolatria e luxúria de Salomão. Isto tudo
está escrito para que não cobicemos as coisas más e para demonstrar a imparcialidade da
Bíblia.

Capitulo 4- TEORIAS DA INSPIRAÇÃO

Podemos ter revelação sem inspiração (Ap. 10:3, 4), e podemos ter inspiração sem revelação,
como quando os escritores registram o que viram com seus próprios olhos e descobriram
pela pesquisa (1ª Jo. 1:1 -4; Lc. 1:1-4). Aqui nós temos a forma e o resultado da inspiração.

A forma é o método que Deus empregou na inspiração, enquanto que o resultado indica a
conseqüência da inspiração. Portanto, as chamadas teorias da intuição, da iluminação, a
dinâmica e a do ditado, todas descrevem a forma de inspiração, enquanto que a teoria verbal
plenária indica o resultado. Vejamos cada uma destas teorias separadamente:

Falsas Teorias:

1-Teoria da Inspiração Dinâmica

A base desta teoria consiste em afirmar que:

“Deus forneceu a capacidade necessária para a confiável transmissão da verdade que os


escritores das Escrituras receberam ordem de comunicar. Isto os tornou infalíveis em
questões de fé e prática, mas não nas coisas que não são de natureza imediatamente
religiosa, isto é, a inspiração atinge apenas os ensinamentos e preceitos doutrinários, as
verdades desconhecidas dos autores humanos. Esta teoria tem muitas falhas: Elas não
explicam como os escritores bíblicos poderiam mesclar seus conhecimentos sobrenaturais
ao registrarem uma sentença, e serem rebaixados a um nível inferior ao relatarem um fato de
modo natural. Ela não fornece a psicologia daquele estado de espírito que deveria envolver
os escritores bíblicos ao se pronunciarem infalivelmente sobre matérias de doutrina, enquanto
se desviam a respeito dos fatos mais simples da história. Ela não analisa a relação existente
entre as mentes divina e humana, que produz tais resultados. Ela não distingue entre coisas

23
que são essenciais à fé e à prática e aquelas que não são. Erasmo, Grotius, Baxter, Palev,
Doellinger e Strong compartilham desta teoria”.

2- Teoria do Ditado ou Mecânica:

Esta teoria afirma que:

“Os escritores bíblicos foram meros instrumentos (amanuenses), não seres cujas
personalidades foram preservadas. Se Deus tivesse ditado as Escrituras, o seu estilo seria
uniforme. Teria a dicção e o vocabulário do divino Autor, livre das idiossincrasias dos homens
(Rm. 9:1-3; 2ª Pe. 3:15, 16). Na verdade o autor humano recebeu plena liberdade de ação
para a sua autoria, escrevendo com seus próprios sentimentos, estilo e vocabulário, mas
garantiu a exatidão da mensagem suprema com tanta perfeição como se ela tivesse sido
ditada por Deus. Não há nenhuma insinuação de que Deus tenha ditado qualquer mensagem
a um homem além daquela que Moisés transcreveu no monte santo, pois Deus usa e não
anula as suas vontades. Esta teoria, portanto, enfatiza sobremaneira a autoria divina a ponto
de excluir a autoria humana”.

3- Teoria da Inspiração Natural ou Intuição:

A teoria da Inspiração Natural ou Intuição tem como tese a seguinte afirmação: “a inspiração
é simplesmente um discernimento superior das verdades moral e religiosa por parte do
homem natural. Assim como tem havido artistas, músicos e poetas excepcionais, que
produziram obras de arte que nunca foram superadas, também em relação às Escrituras
houve homens excepcionais, com visão espiritual que, por causa de seus dons naturais,
foram capazes de escrever as Escrituras. Esta é a noção mais baixa de inspiração, pois
enfatiza a autoria humana a ponto de excluir a autoria divina. Esta teoria foi defendida pelos
pelagianos eunitarianos”.

4- Teoria da Inspiração Mística ou Iluminação:

Esta teoria afirma que: “inspiração é simplesmente uma intensificação e elevação das
percepções religiosas do crente. Cada crente tem sua iluminação até certo ponto, mas alguns
têm mais do que outros. Se esta teoria fosse verdadeira, qualquer cristão em qualquer tempo,
através da energia divina especial, poderia escrever as Escrituras”. Schleiermacher foi quem
disseminou esta teoria. Para ele inspiração é “um despertamento e excitamento da
consciência religiosa, diferente em grau e não em espécie da inspiração piedosa ou
sentimentos intuitivos dos homens santos”. Lutero, Neander, Tholuck, Cremer, F.W.
Robertson, J.F. Clarke e G.T. Ladd defendiam esta teoria, segundo Strong.

5- Inspiração dos Conceitos e não das Palavras:

Esta teoria pressupõe: “pensamentos à parte das palavras, através da qual Deus teria
transmitido idéias, mas deixou o autor humano livre para expressá-las em sua própria
linguagem. Mas ideias não são transferíveis por nenhum outro modo além das palavras. Esta
teoria ignora a importância das palavras em qualquer mensagem. Muitas passagens bíblicas
dependem de uma das palavras usadas para a sua força e valor. O estudo exegético das
Escrituras nas línguas originais é um estudo de palavras, para que o conceito possa ser
alcançado através das palavras, e não para que palavras sem importância representem um
24
conceito. A Bíblia sempre enfatiza suas palavras e não um simples conceito (I° Co. 2:13: Jo
6:63; 17:8; Ex. 20:1; G1. 3:16)”.

6- Graus de Inspiração:

E por últimos os que defendem a teoria de que há graus de Inspiração, afirmam que: “há
inspiração em três graus. Sugestão, direção, elevação, superintendência, orientação e
revelação direta, são palavras usadas para classificar estes graus. Esta teoria alega que
algumas partes da Bíblia são mais inspiradas do que outras. Embora ela reconheça as ditas
autorias, dá margem à especulação fantasiosa”.

A Verdadeira Doutrina da Inspiração

Inspiração Verbal Plenária:

A teoria correta da inspiração da Bíblia é chamada Teoria da Inspiração Plenária ou Verbal.


Ela ensina que todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas; que os escritores não
funcionaram como máquinas inconscientes, que houve cooperação contínua entre eles e o
Espírito Santo que os capacitava. Afirma que homens santos escreveram a Bíblia com
palavras dos seus vocabulários, porém sob uma influencia tão poderosa do Espírito Santo,
que o que eles escreveram foi a Palavra de Deus. Ela é o poder inexplicado do Espírito Santo
agindo sobre os escritores das Sagradas Escrituras, para orientá-los (conduzi-los) na
transcrição do registro bíblico, quer seja através de observações pessoais, fontes orais ou
verbais, ou através de revelação divina direta, preservando-os de erros e omissões,
abrangendo as palavras em gênero, número, tempo, modo e voz, preservando, desse modo,
a inerrância das Escrituras, e dando a ela autoridade divina. Jesus Cristo reconheceu a
inspiração verbal plenária quando declarou que nem um til (a menor letra do alfabeto
hebraico) seria omitido da lei (Mt. 5:18 e Lc. 16:17).

Tentar explicar como Deus agiu no homem, não é uma tarefa fácil. Explicar como funciona
no ser humanos os entrosamentos do espírito com o corpo é um mistério de difícil explicação
até para os mais sábios, pensemos como seria explicar o entrosamento do Espírito de Deus
com o espírito do homem.

A única coisa da qual sabemos é, que quando aceitamos a Jesus como Salvador, aceitamos
também a Palavra Escrita como a revelação de Deus. Aceitam-se a Ele, aceitamos também
a sua Palavra. A inspiração plenária cessou ao ser escrito o último livro do Novo Testamento.
Depois disto, nem os mesmos escritores, nem qualquer outro servo de Deus pode ser
chamado inspirado no mesmo sentido.

Capitulo 5 – AUTENTICIDADE DA BÍBLIA

Autoridade, Credibilidade, Infalibilidade, Genuinidade, Animação e Preservação da


Bíblia.

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Autoridade da Bíblia

A autoridade da bíblia está intimamente ligada à capacidade de influenciar, o prestígio e acima


de tudo sua credibilidade. Isto confere a Bíblia um poder sobrenatural. Esta autoridade está
vinculada a sua inspiração, canonicidade e credibilidade, sem as quais a autoridade da Bíblia
não se estabeleceria. Sendo assim, por ser inspirado, determinado trecho bíblico possui
autoridade; por ser canônico, determinado livro bíblico possui autoridade, e por ter
credibilidade, determinadas informações bíblicas possuem autoridade, sejam históricas,
geográficas ou científicas.

É digno de nota que, nem tudo aquilo que é inspirado é autorizado, pois a autoridade de um
livro trata de sua procedência, de sua autoria, e, portanto, de sua veracidade. Deus é o Autor
da Bíblia, e como tal ela possui autoridade, mas nem tudo que está registrado na Bíblia
procedeu da boca de Deus: o que Satanás disse para Eva foi registrado por inspiração, mas
não é a verdade (Gn. 3:4, 5); o conselho que Pedro deu a Cristo (Mt. 16:22); as acusações
que Elifaz fez contra Jó (Jó 22:5-11), etc.

Nenhuma dessas declarações representam o pensamento de Deus ou procedem dEle


(procedem apenas por inspiração), e por isso não têm autoridade. Outra forma de um texto
perder sua autoridade é quando o retiramos de seu contexto, e lhe atribuímos um significado
totalmente diferente daquele que tem quando inserido no contexto. As palavras continuam
sendo inspiradas, porém o novo significado não tem autoridade.

Credibilidade/Veracidade

A credibilidade de um livro está em relatar veridicamente os assuntos como aconteceram ou


como eles são: e na concordância de seu texto atual com o escrito original. Assim sendo,
credibilidade inclui tanto as idéias de veracidade de registro como a pureza do texto. Está
relacionada tanto ao conteúdo do livro (original), como com a pureza do texto atual (cópia ou
tradução).

Credibilidade do A.T.

A credibilidade do A.T. é estabelecida por vários fatores:

Autenticado por Jesus Cristo: A forma como Cristo recebeu o A.T. é a principal prova de
sua autenticidade. Cristo o recebeu como relato verídico. Ele ratificou grande número de
ensinamentos do A.T., como, por exemplo:

A criação do universo por Deus (Mc. 3:19), a criação do homem (Mt. 19:4, 5), a existência de
Satanás (Jo. 8:44), o dilúvio (Lc. 17:26, 27), a destruição de Sodoma e Gomorra (Lc. 17:28-
30) a revelação de Deus a Moisés na sarça (Mc. 12:26), a dádiva do maná (Jo. 6-32), a
experiência de Jonas dentro do grande peixe (Mt. 12:39, 40).

Como Jesus era Deus manifesto em carne, Ele conhecia os fatos, e não podia se acomodar
a idéias errôneas, e, ao mesmo tempo ser honesto. Seu testemunho deve, portanto, ser aceito
como verdadeiro ou Ele deve ser rejeitado como Mestre religioso.

Prova Histórica, Arqueológica e de Integridade:

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a- Histórica: A exatidão das descrições Bíblicas como as temos, são endossadas pelas
provas fornecidas pela história. Sabe-se que Salmanezer IV sitiou a cidade de Samaria, mas
o rei da Assíria, que sabemos ter sido Sargom II, carregou o povo para a Assíria (2° Rs. 17:3-
6). A história mostra que ele reinou de 722-705 a.C. Ele é mencionado pelo nome apenas
uma vez na Bíblia (Is. 20:1).

b- Arqueológica: Assim como as provas históricas são de suma importância para provar a
credibilidade do Antigo Testamento, as provas arqueológicas não são menos importante.

“Através da arqueologia, a batalha dos reis registrada em Gn. 14, não pode mais ser posta
em dúvida, já que as inscrições no Vale do Eufrates mostram indiscutivelmente que os quatro
reis mencionados na Bíblia como tendo participado desta expedição não são, como era dito
displicentemente, ‘invenções etnológicas’, mas sim personagens históricos reais. Anrafel é
identificado como o Hamurábi cujo maravilhoso código de leis foi tão recentemente
descoberto por De Morgan em Susa”. (Geo. F. Wright, O Testemunho dos Monumentos a
Verdade das Escrituras).

“As tábuas Nuzi esclarecem a ação de Sara e Raquel ao darem suas servas aos seus
maridos” (Jack Finegan, Ligth from the Ancient Past - Luz de um Passado Antigo).

“Os hieróglifos egípcios indicam que a escrita já era conhecida mais de 1.000 anos antes de
Abraão” (James Orr, The Problem of the Old Testament - O Problema do Velho Testamento).

“A arqueologia também confirma o fato de Israel ter vivido no Egito, como escravo, e ter sido
liberto” (Melvin G. Kyle, The Deciding Voice ofthe Monuments - A Voz Decisória dos
Monumentos).

“A data bíblica para o êxodo foi confirmada recentemente pelas pesquisas de John Garstang.
Ele dá a data como 1447 a.C.” “Jonh Garstang (Os Fundamentos da História Bíblica: Josué
e Juízes)”.

Poderíamos citar muitas outras provas da veracidade dos relatos das Escrituras, mas cremos
que os acima citados são suficientes para despertar aos desavisados e descrentes. Quanto
àquelas que não temos ainda confirmação, cremos que tela-e-mos a qualquer momento.

c- Prova da Integridade das Escrituras.

Podemos dividir em cinco as provas da Integridade das Escrituras, como se segue:

Integridade Topográfica e Geográfica;

Integridade Etnológica ou Racial;

Integridade Cronológica;

Integridade Histórica;

Integridade Canônica.

Integridade Topográfica e Geográfica:

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As descobertas arqueológicas provam que os Povos, línguas, lugares e os eventos
mencionados nas Escrituras são encontrados justamente onde as Escrituras os localizam, no
local exato e sob as circunstâncias geográficas exatas descritas na Bíblia.

Integridade Etnológica ou Racial:

Todas as afirmações bíblicas sobre raças têm sido demonstradas como corretas com os fatos
etnológicos revelados pela arqueologia.

Integridade Cronológica:

A identificação bíblica de povos, lugares e acontecimentos com o período de sua ocorrência


é corroborada pela cronologia Síria e pelos fatos revelados pela arqueologia.

Integridade Histórica:

O registro dos nomes e títulos das leis está em harmonia perfeita com os registros seculares,
conforme demonstrado por descobertas arqueológicas.

Integridade Canônica:

A aceitação pela igreja em toda a era cristã dos livros incluídos nas Escrituras que hoje
possuímos representa o endosso de sua integridade.

Credibilidade do N.T.

A credibilidade do N.T. é estabelecida por quatro fatos:

Competência de seus escritores;

Honestidade de seus escritores;

Harmonia dos escritos;

Concordância com a História e Arqueologia.

Competência de seus Escritores:

Eram possuidores das qualificações necessárias para dar testemunho e ensinar as verdades
divinas, isto, através do poder do Espírito Santo. Escreveram não somente guiados pela
memória, apresentações de testemunho oral e escrito e discernimento espiritual, mas como
escritores qualificados pelo Espírito Santo.

Honestidade de seus Escritores:

“O tom moral de seus escritos, sua preocupação com a verdade, e a circunstância de seus
registros indicam que não eram enganadores intencionais, mais sim homens honestos”.O
testemunho destes homens colocou em risco seus interesses materiais, posição social, além
é claro de suas próprias vidas. Porque razões inventariam uma estória que condena a
hipocrisia e é contrária a suas crenças herdadas, pagando com suas próprias vidas? A única

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resposta possível a esta pergunta é que eles eram pessoas comprometidas com a moral e a
honestidade de seus escritos, pois, uma testemunha falsa jamais agiria assim em defesa de
seus ensinamentos.

Harmonia dos Escritos:

Uma prova da harmonia do Novo Testamento são os Evangelhos sinóticos, eles não se
contradizem, mas suplementam um ao Outro. Os detalhes a mais do Evangelho de João
encaixam nos primeiros em um todo harmonioso. Dez das epístolas de Paulo encontram seus
antecedentes históricos no 1ivro de Atos. De maneira que, os vinte e sete livros do N.T.
apresentam um quadro harmonioso de Jesus Cristo e Sua obra.

Concordância com a História e Arqueologia

a- Histórica:“Há muitas referências à história contemporânea do N. T. tais como:


recenseamento quando Quirino era Governador da Síria (Lc. 2:2), os atos de Herodes o
Grande (Mt. 2:16-18), de Herodes Antipas (Mt. 14:1-12), de Agripa 1 (At. 12:1), de Gálio (At.
18:12-17), de Agripa II (At. 25.13-26-32) etc; mas até agora ninguém conseguiu mostrar que
o relato Bíblico é contradito por um único fato derivado de outras fontes dignas de confiança”.

b- Arqueológica: Quanto às descobertas arqueológicas, as mesmas confirmam a veracidade


do N.T. “Quirino (Lc. 2:2) foi Governador da Síria duas vezes (16-12 e 6-4 a.C.), sendo que
Lucas se refere ao segundo período. Lisânias, o Tetrarca é mencionado em uma inscrição no
local de Abilene na época a que Lucas se refere. Uma inscrição em Listra registra a dedicação
da estátua Zeus (Júpiter) e Hermes (Mercúrio), o que mostra que esses deuses eram
colocados no mesmo nível, no culto local, conforme descrito em At. 14:12. Uma inscrição de
Pafos faz referência ao Procônsul Paulo, identificado como Sérgio Paulo (At. 13:7)”.

Infalibilidade/Inerrância das Escrituras

Por infalibilidade entendemos que a verdade é transmitida em palavras que, entendidas no


sentido em que foram empregadas, ou seja, no sentido que realmente se destinavam a ter,
não expressam erro algum. A garantia da inerrância da Bíblia é a sua inspiração. Inerrância
não significa necessariamente que os escritores eram semideuses, que não tinham faltas em
suas vidas, mas que os mesmos foram preservados de erros nos seus ensinos. É
perfeitamente aceitável que eles pudessem ter concepções errôneas acerca de muitas
coisas, mas não as ensinaram, por exemplo: quanto a terra, as estrelas, as leis naturais, a
geografia, a vida política e social etc.

A infalibilidade não nega a flexibilidade da linguagem enquanto veículo de comunicação. É


muitas vezes difícil transmitir com exatidão um pensamento por causa desta flexibilidade de
linguagem ou por causa de possível variação no sentido das palavras. Deus é a fonte de onde
emanou a Bíblia. Sendo assim, Ele jamais nos daria um livro de instrução religiosa repleto de
erros.

É difícil pensar que um Deus Santo adicionaria o seu nome a algo que não fosse a expressão
exata da verdade

Autenticidade/Genuinidade das Escrituras


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Dizemos que um livro é genuíno ou autêntico quando ele é escrito pela pessoa ou pessoas
cujo nome ele leva, ou, se anônimo, pela pessoa ou pessoas a quem a tradição antiga o
atribui, ou, se não for atribuído a algum autor ou autores específicos, à época que a tradição
lhe atribui.

“As Homilias de Clementinas são atribuídas a Clemente de Roma, mas a crítica é


praticamente unânime em afirmar que não foram escritas por Clemente. A Revelação de
Paulo é inscrita ao “Santo Apóstolo Paulo”, mas sabemos que é espúria ou forjada. O
Evangelho de Tomé diz ter sido de autoria do Apóstolo Tomé, mas não é genuína. O Credo
Apostólico não é genuíno porque não foi composto pelos apóstolos. As Viagens de Gulliver é
genuíno, tendo sido escrito por Dean Swift, embora seus relatos sejam fictícios. Atos de Paulo
não é genuíno, pois foi escrito por um sacerdote contemporâneo de Tertuliano. Desse modo
a autenticidade relaciona-se ao autor e a época do livro, e todos os livros da Bíblia possuem
autenticidade comprovada pela tradição histórica e pela arqueologia (Gl. 6:11; Cl. 4:18)”.

a- Genuinidade dos Livros do A.T.

As descobertas arqueológicas, a tradição judaica, o Novo Testamento e acima de tudo o


testemunho do próprio Jesus são provas contundentes da genuinidade dos livros do A.T.

b- Genuinidade dos Livros do N.T.

A história, a arqueologia, a tradição oral, o testemunho dos pais da igreja, e sua harmonia
com os escritos do Antigo Testamento, provam a genuinidade dos escritos do N.T.

Cânon e Canonicidade

Canonicidade é a regra pela qual cada livro deve ser provado antes de ser admitido como
uma parte das Escrituras Sagradas. Quando falamos de canonicidade das Escrituras, nos
referimos aos “padrões” determinados e fixos, nos quais os livros incluídos são considerados
partes integrantes de uma revelação completa e divina, a qual, portanto, é autorizada e
obrigatória em relação a fé e a prática.

O Cânon Sagrado é o nome dado aqueles livros, genuínos, autênticos e inspirados que
tomados juntos formam as Escrituras Sagradas.

Significado do nome:

A palavra kanon vem do grego, e deriva da palavra em hebraico kaneh cujo significado é
junco ou vara de medir (Ap. 21:15); daí tomou o sentido de norma, padrão ou regra (Gl. 6:16;
Fp 3:16), significando uma decisão autorizada de um concílio da Igreja.

Seu significado em relação às Escrituras, são aqueles livros que foram medidos, e foram
declarados satisfatórios e aprovados como sendo inspirados por Deus, sendo admitido como
uma parte das Escrituras Sagradas.

Provas da canonicidade:

Quatro provas eram aplicadas para provar se um livro era canônico ou não, são elas:
Autoria Divina; Autoria Humana; Genuinidade e Veracidade.

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a- Autoria Divina:

Sua fonte de inspiração veio de Deus? Veio do homem ou de Deus através do Espírito Santo?

b- Autoria Humana:

Seu escritor era um profeta ou um arauto de Deus? Foi editado ou endossado por um porta-
voz de Deus?

c- Genuinidade:

É autêntico? Há prova histórica quanto à autoria, origem e data? Ou se o escritor não pode
ser nomeado positivamente, pode-o mostrar que contém o mesmo assunto, como continha
quando foi escrito?

d- Veracidade.

É verídico? Registra fatos reais?

A Necessidade do Cânon das Escrituras.

O cânon das Escrituras é necessário para que o povo tenha uma revelação completa de Deus,
para que hoje tivéssemos a Palavra de Deus escrita, para que os manuscritos possam ser
preservados da destruição e corrupção e para que possamos saber quais livros são realmente
inspirados.

A Formação do Cânon do Antigo Testamento.

A forma do cânon do Antigo Testamento deu-se num espaço de cerca de 1046 anos. Teve
início com Moisés por volta do ano 1451 a.C. (Nm. 33:2, Jo. 5:46-47). Outros escritores
sequenciaram a escrita da Bíblia: Josué em 1445 a.C. escreveu uma obra e a colocou perante
o Senhor (Js. 24:26); Samuel (1095 a.C.) escreveu colocando seus escritos perante o Senhor
(1º Sm. 10:25), isto é, na arca do concerto com os demais livros sagrados (Ex. 25; 21; Hb.
9:4); Isaías (770 a.C.) fala do Livro do Senhor (Is. 34:16) e “Palavras do livro” (Is. 29:18); Em
726 a.C. os salmos já eram cantados (2º Cr. 29:30); Jeremias, chamado para o ministério em
626 a.C. registrou a revelação divina num livro que foi queimado em 607 a.C. Deus o mandou
preparar um novo rolo, o que foi feito (Jr. 36:1, 2, 28, 32; 45:1). No tempo do rei Josias (621
a.C.) Hilquias achou o “Livro da Lei” (2º Rs. 22:8-10); Daniel (553 a.C.) refere-se aos livros
(Dn 9:2); Zacarias declara que os profetas que o antecederam falaram da parte do Espírito
Santo (Zc. 7:12); Neemias (445 a.C.) achou os livros das genealogias dos judeus que haviam
voltado do exílio (Ne. 7:5).

Certamente havia outros livros; Nos dias de Ester, o Livro estava sendo escrito (Et. 9:32);
Esdras, foi hábil escriba e leu o livro do Senhor para os judeus já estabelecidos na Palestina,
de regresso do cativeiro babilônico (Ne. 8:1-5). Sob a presidência de Esdras, a Grande
Sinagoga selecionou e preservou os rolos sagrados, determinando desta maneira o cânon
das Escrituras do Antigo Testamento; Encontramos profeta citando profeta donde se infere
31
haver mensagem escrita, por exemplo, Mq. 4:1-3 com Is. 2:2-4. N. Filo, escritor de Alexandria
(30 a.C. a 50 d.C.) possuía todo o cânon do Antigo Testamento. Em seus escritos ele cita
quase todo o Antigo Testamento. O Josefo, o historiador judeu (37-100 d.C.), da mesma
época de Paulo, fala em seus escritos a respeito dos livros aceitos como divinos, relatando
que desde os dias de Artaxerxes ninguém se aventurou a acrescentar, tirar ou alterar uma
única sílaba; Os escritores do Novo Testamento reconhecem como canônicos os livros do
Antigo Testamento, pois este é citado cerca de 300 vezes direta ou indiretamente. O Novo
Testamento refere-se ao Antigo Testamento como sendo oráculos divinos (Rm. 3:2; Hb 5:12;
2ª Tm. 3:16); Em 90 d.C. em Jâmnia, perto da moderna Jafa, na Palestina, os rabinos num
concílio sob a presidência de Johanan Ben Kazai, reconheceram e fixaram o cânon do Antigo
Testamento, ratificando aquilo que já era aceito por todos os judeus através dos séculos.

Existem outros livros mencionados na Bíblia, que se julga que estejam desaparecidos, são
eles: Livro das Guerras do Senhor (Nm. 21:14), Livro dos Justos (Is. 10:13 com 2º Sm. 1:18);
Livro da história de Salomão (lº Rs. 11:4); história do rei Davi (1º Cr. 27:24); Crônicas de
Samuel, Natã e Gade (lº Cr. 29:29); Livros, profecias de Natã, Aías e Ido (2º Cr. 9:29); Livro
de Semaías e registro das genealogias (2º Cr. 12:15, ver também 13:22, 26:22, 33:19).

A formação do Cânon do Novo Testamento:

A formação do cânon do N. T. levou apenas 100 anos, e parece ter sido formado sozinho.
Nenhum concílio discutiu este assunto, e não houve interferência da autoridade da igreja na
sua constituição. O fato da não interferência é notável, pois é uma forte evidência da sua
genuinidade. Não dependeram de qualquer autoridade adventícia, mas sim de seu próprio
peso, que foi mais que suficiente para colocar por terra todos os seus opositores. Pedro
chama as cartas de Paulo de “Escrituras” 2ª Pe. 3:15, 16. Em 1ª Tm. 5:18 Paulo cita Mt. 10:10
e Lc. 10:7 (ver também 1º Co 9:14). Paulo chama os evangelhos de Escritura.

Os livros do Novo Testamento só foram reconhecidos e aceitos como canônicos no III Concílio
de Cartago, no ano 397 d.C. Há muitas evidências históricas da veracidade dos livros do Novo
Testamento. Os manuscritos e referências a eles chegam a centenas oriundos do primeiro
século, conservados em museus.

Como o A.T., o N.T., também faz referência a outros livros que não constam de seu cânon.
Com base nas passagens seguintes, inferimos que haja outros livros: 1º Co. 5:9; Cl. 4:16; At.
20:35.

Provas do Cânon do Novo Testamento:

A Canonização de um livro da Bíblia não significa que a nação judaica ou a igreja tenha dado
a esse livro a sua autoridade canônica; antes significa que sua autoridade, já tendo sido
estabelecida em outras bases suficientes, foi consequentemente reconhecida como
pertencente ao cânon e assim declarado pela nação judaica e pela igreja cristã. Pelo menos
por cinco provas um livro tinha que passar parar constar no cânon do Novo Testamento:
Apostolicidade; Universalidade; Conteúdo; Inspiração e Leitura em Público

a- Apostolicidade:

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Foi o livro escrito por um dos apóstolos ou, senão, tinha o autor do livro um relacionamento
tal com um apóstolo de modo a elevar seu livro ao nível dos livros apostólicos? (imprimatur
apostólico).

b- Universalidade:

Se a autenticidade apostólica era difícil de demonstrar, o critério de uso e circulação do livro


na comunidade cristã universal era considerado para sua aferição canônica. A pergunta era:
era o livro recebido universalmente na igreja? O livro deveria ser aceito universalmente pela
igreja para dela receber o seu imprimatur. Este teste foi o que mais ajudou a eliminar os livros
apócrifos e pseudoepigráficos.

c- Conteúdo do Livro:

Era o conteúdo de um determinado livro de tal natureza espiritual que lhe fosse conferido o
direito a esta categoria? O livro deveria possuir qualidades espirituais, e qualquer ficção que
nele fosse encontrada tornava o escrito inaceitável.

d- Leitura em Público:

O livro possui características para ser lido em público? Nenhum livro seria admitido para
leitura pública na igreja se não possuísse características próprias. Muitos livros eram bons e
agradáveis para leitura particular, mas não podiam ser lidos e comentados publicamente,
como se fazia com a lei e os profetas na sinagoga. É a esta leitura que Paulo exorta Timóteo
a praticar (1ª Tm. 4:13).

e- Inspiração:

Mostrava o livro evidência de ter sido divinamente inspirado? Este era o teste final. Tudo tinha
que cair diante dele. O livro deveria possuir evidências de inspiração.

Sobre a questão da canonicidade dos livros do N.T., é digno de nota que, já no final do
segundo século, todos os livros, com exceção de sete (Hebreus, 2ª e 3ª João, 2ª Pedro,
Judas, Tiago e Apocalipse) os chamados “antilegomena”, eram reconhecidos como
apostólicos, e no final do quarto século, todos os vinte sete livros de nosso cânon atual haviam
sido reconhecidos por todas as igrejas do ocidente, e no oriente a partir do ano 500 d.C.,
apesar de ainda hoje haver indivíduos ou grupos menores que tem questionado o direito de
alguns livros estarem incluídos no cânon do Novo Testamento.

Animação

Quando falamos de animação nos referimos ao poder inerente da Palavra de Deus para
transmitir vitalidade ou vida ao ser humano. Poder este, que não se encontra em nenhum
outro livro. Estes atributos no A.T. encontram-se representados em dois Salmos: Salmo 19,
onde lemos no verso 7: “a lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma...” e no versículo 8 diz
que “os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração...” E no Salmo 119, encontramos
outros sete, são eles: verdadeira (v 86); iluminada (v 96); reta (v 128); admirável (v 129);
puríssima (v 140); eterna (v 160); e justa (v 172). Já no N. T., a Palavra de Deus é apresentada
como: a verdade (Jo. 17. 17); útil (2ª Tm. 3:16); viva e eficaz (Hb. 4.12).

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A Palavra de Deus é o agente pelo qual a fé é gerada. Só algo que tem vida pode transmitir
vida, e isto faz da Bíblia um livro diferente dos demais, pois Ela sendo a Palavra de Deus é
viva: “A Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que espada alguma de dois
gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito e das juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4:12).

a- A Palavra de Deus é Viva:

Isto é evidenciado no poder que somente a Palavra de Deus tem de influenciar tanto os salvos
como os não salvos. E o elemento da vida aqui declarado é muito mais do que aquilo que
agora tem autoridade, em contraste com o que já se tornou letra morta; é mais do que alguma
coisa que fornece nutrição. “Mas as Escrituras são vivas porque é o hálito (espírito) do Deus
Vivo (Jo. 6:63: Jó. 33:4). Assim tanto a Palavra Escrita (Logos) como a Palavra Falada (rêma)
são possuidoras de vida. Não há diferença essencial entre elas, pois são apenas duas formas
diferentes dela existir”.A mesma ideia do escritor aos Hebreus, encontramos em 1ª Pedro,
onde lemos que a Palavra de Deus vive e permanece para sempre (1ª Pe. 1.23).

b- A Palavra de Deus é Eficaz:

A palavra grega usada neste trecho é energês de onde temos a palavra energia. Trata-se da
energia que a vida fornece. Por isso a Palavra de Deus e comparada a uma poderosa espada
de dois gumes com poder para cortar, penetrar e discernir. Quando o Espírito Santo empunha
a Sua espada (Ef. 6:17) uma energia é liberada dela para animar e realizar o seu propósito
(Is. 55:10, 11). E com este poder inerente a Palavra de Deus que o Espírito Santo convence
os contradizentes (Jo. 16:8; 1º Co. 2:4) porque a Palavra de Deus é como uma dinamite com
poder (dínamos, Rm. 1:16) para salvar e destruir (2º Co. 10:4, 5; 2º Co. 2:14, 17; 1ª Jo. 2:14;
Jr. 23:24).

Quando falamos da eficácia da Palavra de Deus nos referimos ao seu poder regenerador,
santificador e edificante, sendo assim a Palavra de Deus: é eficaz na regeneração: (Jo. 3:5;
Ef. 5:26; 1ª Pe. 1:23; Tt. 3:5; Jo.15:3; Ez. 36:25-27; Jo.6:63; Tg. 1:18, 21; 1º Co. 4:15; Rm.
1:16); é eficaz na santificação: (Jo. 17:17; Ef. 5:26; Ez 36:25, 27; 2ª Pe. 1:4; Sl. 37:31; 119:11;
At. 15:9 e 26:18; Rm. 10:17); e é eficaz na edificação: (1ª Pe. 2:2; At. 20:32; 2ª Pe. 3:18).

Preservação

Com base na Aliança de Deus, de que a sua Palavra permanecerá para sempre, temos a
garantia da permanência da Palavra Escrita (Sl. 119:89, 152; Mt. 24:35; 1ª Pe. 1:23; Jo.
10:35). Jesus disse que: “Os céus e a terra passarão(Hb. 12:26, 27; 2ª Pe. 3:10),mas a
Palavra de Deus permanecerá(Mt. 24:35; Hb. 12:28; Is. 40:8; 2ª Pe. 1:19)”.

A preservação das Escrituras, como o cuidado divino para a sua criação e formação do cânon,
não foi acidental, nem incidental, mas sim o cumprimento de uma promessa divina. A Bíblia
é eterna, ela permanece porque nenhuma Palavra que Jeová tenha dito pode ser removida
ou abalada; nem uma vírgula ou um ponto do testemunho divino pode passar até que seja
cumprido. “Quando pensamos no fato da Bíblia ter sido objeto especial de infindável
perseguição, a maravilha da sua sobrevivência se transforma em milagre... Por dois mil anos,
o ódio do homem pela Bíblia tem sido persistentes, determinados, incansáveis e assassinos.

34
Todo esforço possível tem sido frito para corroer em fé na inspiração e autoridade da Bíblia,
e inúmeras operações têm sido levadas a efeito para fazê-las desaparecer”.

Decretos imperiais têm sido passados ordenando que todas as cópias existentes da Bíblia
fossem destruídas, e quando essa medida não conseguiu exterminar e aniquilar a Palavra de
Deus, ordens foram dadas para que qualquer pessoa que fosse encontrada com uma cópia
das Escrituras fosse morta

Foi predito que a Bíblia permanecerá para sempre, e se ela permanece até hoje é porque o
próprio Deus tem se empenhado em preservá-la. O compromisso de Deus em preservar sua
Palavra se refere somente a sua Palavra inspirada, ou seja, aquilo que deve ser considerado
como revelação de Deus (1º Cr. 29:29; 2º Cr. 9:29; 12:15; l3: 22; 20:34; 2º Cr. 24:27; 26:22;
33:19). A Bíblia é eterna pelos seus próprios méritos. Nenhuma vírgula ou um ponto do
testemunho divino pode passar até que seja cumprido. Aleluia!

Capitulo 6- OS LIVROS APÓCRIFOS

O Termo “apócrifos”

Na realidade, os sentidos da palavra ‘apocrypha’ refletem o problema que se manifesta nas


duas concepções de sua canonicidade. No grego clássico, a palavra apocrypha significava
“oculto” ou “difícil de entender”. Posteriormente, tomou o sentido de “esotérico” ou algo que
só os iniciados podem entender; não os de fora. Na época de Irineu e de Jerônimo (séculos
III e IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado aos livros não-canônicos do Antigo
Testamento, mesmo aos que foram classificados previamente como “pseudepígrafos”. Desde
a era da Reforma, essa palavra tem sido usada para denotar os escritos judaicos não-
canônicos originários do período intertestamentário. A questão diante de nós é a seguinte:
verificar se os livros eram escondidos a fim de serem preservados, porque sua mensagem
era profunda e espiritual ou porque eram espúrios e de confiabilidade duvidosa.

Natureza e Número dos Apócrifos do Antigo Testamento

O significado figurado é regra ou critérios que comprovam a autenticidade e inspiração dos


livros bíblicos; lista dos Escritos Sagrados; sinônimo de Escrituras como regra de fé e ação
investida de autoridade divina.

Outros significados: credo formulado (a doutrina da Igreja em Geral); regras eclesiásticas


(lista ou série de procedimentos).

Canônico– Aquilo que está de acordo com o cânon.

Pseudepígrafho – Literalmente significa “escritos falsos”. Os apócrifos não são


necessariamente escritos falsos, mas sim não canônicos, embora também contenham
ensinos errados ou hereges.

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Diferenças básicas entre as bíblias Hebraica, Protestante e Católica

1. Bíblia Hebraica

a) Contém somente os 39 livros do Antigo Testamento.

b) Rejeita os 27 livros do N. T. como inspirados, assim como rejeitou a Cristo.

c) Não aceita os livros apócrifos incluídos na Vulgata (versão Católico-Romana).

2. Bíblia Protestante

a) Aceita os 39 livros do A.T. e também os 27 do N.T.

b) Rejeita os livros apócrifos incluídos na Vulgata, considerados não canônicos.

3. Bíblia Católica

a) Contém os 39 livros do A.T. e os 27 do N.T.

b) Inclui na versão Vulgata os livros apócrifos, ou não canônicos, que são: 3Esdras, 4Esdras,
Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de Macabeus, seis capítulos e dez
versículos acrescentados no livro de Ester e dois capítulos em Daniel. A seguir a lista dos
livros apócrifos que se encontravam na Septuaginta:

3Esdras (O livro canônico Esdras aparece como 1Esdras; Neemias aparece como 2Esdras)

4Esdras

Tobias

Judite

Adições a Ester (10:4 a 16:22)

Sabedoria de Salomão

Eclesiástico

Baruque (contém a Carta de Jeremias)

Acréscimos a Daniel (Oração de Azarias; Canto das Três Jovens; Susana; Bel e o Dragão

Oração de Manassés, II Cr 33:11-13

1Macabeus

2Macabeus

Como os apócrifos foram aprovados

A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 8 de Abril de 1546, como meio de combater a


Reforma Protestante. Nessa época os protestantes combatiam violentamente as doutrinas

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romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, etc. Os romanistas viam
nos apócrifos base para tais doutrinas, e apelaram, para eles aprovando-os como canônicos.

Houve prós e contras dentro da própria igreja católica, durante o concílio e também depois.
Nesse tempo os jesuítas exerciam muita influência no clero. Os debates sobre os apócrifos
motivaram ataques dos dominicanos contra os franciscanos. O biblista católico John L.
Mackenzie em seu “Dicionário Bíblico”, sob o verbete cânone, comenta que no Concílio de
Trento houve várias “controvérsias notadamente candentes” sobre a aprovação dos
apócrifos.

Mas o cardeal Pallavacini, em sua “História Eclesiástica”, declara mais nitidamente que, em
pleno Concílio, 40 bispos dos 49 presentes travaram luta corporal, agarrado às barbas e
batinas uns dos outros. Foi nesse ambiente “ESPIRITUAL” que os apócrifos foram aprovados.
A primeira edição da Bíblia católico-romana com os apócrifos deu-se em 1592, com
autorização do papa Clemente VIII.

Os reformadores protestantes publicaram a Bíblia com os apócrifos, colocando-os entre o


Antigo e Novo Testamentos, não como livros inspirados, mas bons para a leitura e de valor
literário histórico. Isto continuou até 1629. A famosa versão inglesa King James (Versão do
Rei Tiago) de 1611 ainda os trouxe. Porém, após 1629, as igrejas reformadas excluíram
totalmente os apócrifos das suas edições da Bíblia, e “induziram a Sociedade Bíblica Britânica
e Estrangeira, sob pressão do puritanismo escocês, a declarar que não editaria Bíblias que
tivessem os apócrifos, e de não colaborar com outras sociedades que incluíssem esses livros
em suas edições.” Melhor assim, tendo em vista, evitar confusão entre o povo simples, que
nem sempre sabe discernir entre um livro canônico e um apócrifo e também pelo fato do que
aconteceu com a Vulgata! “Melhor editá-los separadamente”.

Razões porque os protestantes rejeitam os Apócrifos

Há várias razões porque os protestantes rejeitam os Apócrifos. Eis algumas delas:

1. Porque com o livro de Malaquias o Cânon bíblico havia sido encerrado.

Depois de aproximadamente 435 a.C. não houve mais acréscimos ao cânon do Antigo
Testamento. A história do povo judeu foi registrada em outros escritos, tais como os livros dos
Macabeus, mas eles não foram considerados dignos de inclusão na coleção das palavras de
Deus que vinham dos anos anteriores.

Quando nos voltamos para a literatura judaica, fora do Antigo Testamento, percebemos que
a crença de que haviam cessado as palavras divinamente autorizadas da parte de Deus é
atestada de modo claro em várias vertentes da literatura extrabíblica.

• 1º Macabeus (cerca de 100 a.C.): O autor escreve sobre o altar: “Demoliram-no, pois, e
depuseram as pedras sobre o monte da Morada conveniente, à espera de que viesse algum
profeta e se pronunciasse a respeito” (1Mac. 4.45-46).

Aparentemente, eles não conheciam ninguém que poderia falar com a autoridade de Deus
como os profetas do Antigo Testamento haviam feito. A lembrança de um profeta credenciado
no meio do povo pertencia ao passado distante, pois o autor podia falar de um grande
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sofrimento “qual não tinha havido desde o dia em que não mais aparecera um profeta no meio
deles” (1Mac. 9.27; 14.41).

• Josefo explicou: “Desde Artaxerxes até os nossos dias foi escrita uma história completa,
mas não foi julgada digna de crédito igual ao dos registros mais antigos, devido à falta de
sucessão exata dos profetas” (Contra Apião 1:41). Essa declaração do maior historiador judeu
do primeiro século cristão mostra que os escritos que agora fazem parte dos “apócrifos”, mas
que ele (e muitos dos seus contemporâneos) não os consideravam “digno de créditos igual”
ao das obras agora conhecidas por nós como Escrituras do Antigo Testamento. Segundo o
ponto de vista de Josefo, nenhuma “palavra de Deus” foi acrescentada às Escrituras após
cerca de 435 a.C.

• A literatura rabínica reflete convicção semelhante em sua frequente declaração de que o


Espírito Santo (em sua função de inspirador de profecias) havia se afastado de Israel: “Após
a morte dos últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo afastou-se de
Israel, mas eles ainda se beneficiavam do bath qôl” (Talmude Babilônico, Yomah 9b repetido
em Sota 48b, Sanhedrín 11 a, e Midrash Rabbah sobre o Cântico dos Cânticos, 8.9.3).

• A Comunidade de Qumran (seita judaica que nos legou os Manuscritos do Mar Morto)
também esperava um profeta cujas palavras teriam autoridade para substituir qualquer
regulamento existente e outras declarações semelhantes são encontradas em outros trechos
da literatura judaica antiga (veja 2Baruc 85.3, Oração de Azarias 15). Assim, escritos
posteriores a cerca de 435 a.C. em geral não eram aceitos pelo povo judeu como obras
dotadas de autoridade igual a do restante das Escrituras.

• O Novo Testamento: não temos nenhum registro de alguma controvérsia entre Jesus e os
judeus sobre a extensão do cânon. Ao que parece, Jesus e seus discípulos de um lado, e os
lideres judeus ou o povo judeu de outro, estavam plenamente de acordo em que acréscimos
ao cânon do Antigo Testamento tinham cessado após os dias de Esdras, Neemias, Ester,
Ageu, Zacarias e Malaquias. Esse fato é confirmado pelas citações do Antigo Testamento
feitas por Jesus e pelos autores do Novo Testamento.

Segundo uma contagem, Jesus e os autores do Novo Testamento citam mais de 295 vezes
várias partes das Escrituras do Antigo Testamento como palavras autorizadas por Deus, mas
nem uma vez sequer citam alguma declaração extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro
escrito como se tivessem autoridade divina. A ausência completa de referência à outra
literatura como palavra autorizada por Deus e as referências muito frequentes a centenas de
passagens no Antigo Testamento, como dotadas de autoridade divina, confirmam com grande
força o hiato de que os autores do Novo Testamento concordavam em que o cânon
estabelecido do Antigo Testamento, nada mais nada menos, devia ser aceito como a
verdadeira palavra de Deus.

2. Porque a inclusão dos apócrifos foi acidental.

Esta tradução, que se conhece com o nome de Septuaginta ou Versão dos Setenta (por terem
sido 70, em número redondo, seus tradutores), foi aceita pelo Sinédrio judaico de Alexandria;
mas, não havendo tanto zelo ali como na Palestina, e devido às tendências helenistas
contemporâneas, os tradutores alexandrinos fizeram adições e alterações e, finalmente, sete
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dos Livros Apócrifos foram acrescentados ao texto grego, como Apêndice do Velho
Testamento. Os estudiosos acham que foram unidos à Bíblia por serem guardados
juntamente com os rolos de livros canônicos, e quando foram iniciados os Códices, isto é, a
escrituração da Bíblia inteira em um só volume, alguns escribas copiaram certos rolos
apócrifos juntamente com os rolos canônicos.

Todos estes livros, com exceção de Judite, Eclesiástico, Baruque e 1Macabeus estavam
escritos em grego, e a maioria deles foi escrita muitíssimos anos depois do profeta Malaquias,
o último dos profetas da dispensação antiga, escrever o livro que leva o seu nome. O que se
pode concluir daí é que, quando a Septuaginta era copiada, alguns livros não canônicos para
os judeus eram também copiados. Isso também poderia ter ocorrido por ignorância quanto
aos livros verdadeiramente canônicos. Pessoas não afeiçoadas ao judaísmo ou mesmo
desinteressadas em distinguir livros canônicos dos não canônicos tinham por igual valor todos
os livros, fossem eles originalmente recebidos como sagrados pelos judeus ou não. Mesmo
aqueles que não tinham os demais livros judaicos como canônicos certamente também
copiavam estes livros, não por considerá-los sagrados, mas apenas para serem lidos. Por
que não copiar livros tão antigos e interessantes? Estes livros, entretanto, têm a importância
de refletir o estado do povo judeu e o caráter de sua vida intelectual e religiosa durante as
várias épocas que representam, particularmente, a do período chamado intertestamentário
(entre Malaquias e João Batista, de 400 anos); é, talvez, por estas razões, que os tradutores
os juntaram ao texto grego da Bíblia, mas os judeus da Palestina nunca os aceitaram no
cânon de seus livros sagrados.

3. Temos testemunhas contra os apócrifos.

Traremos agora o depoimento de várias personagens históricas que depõe contra a lista
canônica “Alexandrina”, como consta na Septuaginta, na Vulgata e em todas as versões das
Bíblias católicas existentes. Pelo peso de autoridade que representam esses vultos, são
provas mais do que suficientes e esmagadoras contra a inclusão dos Apócrifos no cânon
bíblico. Vejamos:

Josefo: A referência mais antiga ao cânon hebraico é do historiador judeu Josefo (37-95
a.C.). Em Contra Apion ele escreve: “Não temos dezenas de milhares de livros, em
desarmonia e conflitos, mas só vinte e dois, contendo o registro de toda a história, os quais,
conforme se crê, com justiça, são divinos”. Depois de referir-se aos cinco livros de Moisés,
aos treze livros dos profetas, e aos demais escritos (os quais “incluem hinos a Deus e
conselhos pelos quais os homens podem pautar suas vidas”), ele continua afirmando: “Desde
Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido registrado, mas não tem sido
considerado digno de tanto crédito quanto aquilo que precedeu a esta época, visto que a
sucessão dos profetas cessou. Mas a fé que depositamos em nossos próprios escritos é
percebida através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo, ninguém
jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles coisa alguma, nem alterar
neles qualquer coisa que seja”.

Josefo é suficientemente claro. Como historiador judeu, ele é fonte fidedigna. Eram apenas
vinte e dois os livros do cânon hebraico agrupados nas três divisões do cânon massorético.
E desde a época de Malaquias (Artaxerxes, 464-424) até a sua época nada se lhe havia sido

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acrescentado. Outros livros foram escritos, mas não eram considerados canônicos, com a
autoridade divina dos vinte e dois livros mencionados.

Orígenes: No terceiro século d.C., Orígenes (que morreu em 254) deixou um catálogo de
vinte e dois livros do Antigo Testamento que foi preservado na História Eclesiástica de
Eusébio, VI: 25. Inclui a mesma lista do cânone de vinte e dois livros de Josefo (e do Texto
Massorético) inclusive Ester, mas nenhum dos apócrifos é declarado canônico, e se diz
explicitamente que os livros de Macabeus estão “fora desses [livros canônicos]”.

Tertuliano: Aproximadamente contemporâneo de Orígenes era Tertuliano. (160-250) o


primeiro dos País Latinos cujas obras ainda existem. Declara que os livros canônicos são
vinte e quatro.

Hilário: Hilário de Poitiers (305-366) os menciona como sendo vinte e dois.

Atanásio: De modo semelhante, em 367 d.C, o grande líder da igreja, Atanásio, bispo de
Alexandria, escreveu sua Carta Pascal e listou todos os livros do nosso atual cânon do Novo
Testamento e do Antigo Testamento, exceto Ester. Mencionou também alguns livros dos
apócrifos, tais como a Sabedoria de Salomão, a Sabedoria de Sirac, Judite e Tobias, e disse
que esses “não são na realidade incluídos no cânon, mas indicados pelos Pais para serem
lidos por aqueles que recentemente se uniram a nós e que desejam instrução na palavra de
bondade”.

Jerônimo: (340-420) propugnou, no Prologus Galeatus. A citação pertinente de Prologus


Galeatus é a seguinte: “Este prólogo, como vanguarda (principium) com capacete das
Escrituras, pode ser aplicado a todos os Livros que traduzimos do Hebraico para o Latim, de
tal maneira que possamos saber que tudo quanto é separado destes deve ser colocado entre
os Apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus, filho
de Siraque, e Judite e Tobias e o Pastor (supõe-se que seja o Pastor de Hermas), não fazem
parte do cânon. Descobri o Primeiro Livro de Macabeus em Hebraico; o Segundo foi escrito
em Grego, conforme testifica sua própria linguagem”.

Jerônimo, no seu prefácio aos Livros de Salomão, menciona ter descoberto Eclesiástico em
Hebraico, mas declara em sua convicção que a Sabedoria de Salomão teria sido
originalmente composta em Grego e não em Hebraico, por demonstrar uma eloquência
tipicamente helenística.

Melito: A mais antiga lista cristã dos livros do Antigo Testamento que existe hoje é a de Melito,
bispo de Sardes, que escreveu em cerca de 170 d.C. “Quando cheguei ao Oriente e encontrei-
me no lugar em que essas coisas foram proclamadas e feitas, e conheci com precisão os
livros do Antigo Testamento, avaliei os fatos e os enviei a ti. São estes os seus nomes: cinco
livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Números, Levítico, Deuteronômio; Josué, filho de Num;
Juízes; Rute; quatro livros dos Reis; os dois livros de Crônicas; os Salmos de Davi; os
Provérbios de Salomão e sua Sabedoria; Eclesiastes; o Cântico dos Cânticos; Jó, os profetas
Isaías e Jeremias; os Doze num único livro; Daniel; Ezequiel; Esdras”.

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É digno de nota que Melito não menciona aqui nenhum livro dos apócrifos, mas inclui todos
os nossos atuais livros do Antigo Testamento, exceto Ester. Mas as autoridades católicas
passam por cima de todos esses testemunhos para manter, em sua teimosia, os Apócrifos!

4- Porque os apócrifos contêm várias heresias

Uma das grandes razões, talvez a principal delas, porque nós evangélicos rejeitamos os
Apócrifos, é devido à grande quantidade de heresias que tais livros apresentam. Fora isso,
existem também lendas absurdas e fictícias e graves erros históricos e geográficos, o que
fazem os Apócrifos serem desqualificados como palavra de Deus. A seguir daremos um
resumo de cada livro e logo a seguir mostraremos seus graves erros.

TOBIAS (200 a.C.) – É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e
alguns milagres preparados pelo anjo Rafael. Apresenta:

• justificação pelas obras – 4:7-11; 12:8;

• mediação dos Santos -12:12;

• superstições – 6:5,7-9,19;

• um anjo engana Tobias e o ensina a mentir 5:16 a 19.

JUDITE (150 a.C.) - E a história de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade
enganando um general inimigo e decapitando-o. Grande heresia é a própria história onde os
fins justificam os meios.

BARUQUE (100 a.D.) – Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta
Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. Porém, é de data
muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo. Traz, entre
outras coisas, a intercessão pelos mortos em 3:4.

ECLESIÁSTICO (180 a.C.) – É muito semelhante ao livro de Provérbios, não fossem as


tantas heresias:

• justificação pelas obras – 3:33,34;

• trato cruel aos escravos – 33:26 e 30; 42:1 e 5;

• incentiva o ódio aos Samaritanos – 50:27 e 28.

SABEDORIA DE SALOMÃO (40 a.D.) – Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra
a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era Cristã). Apresenta:

• o corpo como prisão da alma – 9:15;

• doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma 8:19 e 20;

• salvação pela sabedoria – 9:19.

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1MACABEUS (100 a.C.) – Descreve a história de três irmãos da família “Macabeus”, que no
chamado período interbíblico (400 a.C. 3 a.D) lutam contra inimigos dos judeus visando a
preservação do seu povo e terra.

2MACABEUS (100 a.C.) – Não é a continuação do 1Macabeus, mas um relato paralelo, cheio
de lendas e prodígios de Judas Macabeu. Apresenta:

• a oração pelos mortos – 12:44 – 46;

• culto e missa pelos mortos -12:43;

• o próprio autor não se julga inspirado -15:38-40; 2:25-27;

• intercessão pelos Santos – 7:28 e 15:14.

ADIÇÕES A DANIEL:

Capítulo 13 “A História de Suzana” – segundo esta lenda Daniel salva Suzana num
julgamento fictício baseado em falsos testemunhos.

Capítulo 14 – Bel e o Dragão – Contém histórias sobre a necessidade da idolatria.

Capítulo 3:24-90 – o cântico dos três jovens na fornalha.

Lendas, erros e heresias

1. Histórias fictícias, lendárias e absurdas:

Tobias 6.1-4 – “Partiu, pois, Tobias, e o cão o seguiu, e parou na primeira pousada junto ao
rio Tigre. E saiu a lavar os pés, e eis que saiu da água um peixe monstruoso para o devorar.
A sua vista, Tobias, espavorido, clamou em alta voz, dizendo: Senhor, ele lançou-se a mim.
E o anjo disse disse-lhe: Pega-lhe pelas guelras, e puxa-o para ti. Tendo assim feito, puxou-
o para terra, e o começou a palpitar a seus pés”.

2. Erros Históricos e Geográficos:

Os Apócrifos solapam a doutrina da inerrância das Escrituras, porque esses livros incluem
erros históricos e de outra natureza. Assim, se os Apócrifos são considerados parte das
Escrituras, isso identifica erros na Palavra de Deus. Esses livros contêm erros históricos,
geográficos e cronológicos, além de doutrinas obviamente heréticas; eles até aconselham
atos imorais (Judite 9.10,13). Os erros dos Apócrifos são frequentemente apontados em obras
de autoridade reconhecida.

Por exemplo: O erudito bíblico D.L. René Paehe comenta: “Exceto no caso de determinada
informação histórica interessante (especialmente em 1Macabeus) e alguns belos
pensamentos morais (por exemplo Sabedoria de Salomão), Tobias contém certos erros
históricos e geográficos, tais como a suposição de que Senaqueribe era filho de Salmaneser
(1.15) em vez de Sargão II, e que Nínive foi tomada por Nabucodonosor e por Assuero (14.15)
em vez de Nabopolassar e por Ciaxares. Judite não pode ser histórico, porque contém erros
evidentes. Em 2Macabeus há também numerosas desordens e discrepâncias em assuntos
cronológicos, históricos e numéricos, os quais refletem ignorância ou confusão”.
42
3. Ensinam Artes Mágicas ou de Feitiçaria como método de exorcismo

a) Tobias 6.5-9 – “Então disse o anjo: Tira as entranhas a esse peixe, e guarda, porque estas
coisas te serão úteis. Feito isto, assou Tobias parte de sua carne, e levaram-na consigo para
o caminho; salgaram o resto, para que lhes bastassem até chegassem a Ragés, cidade dos
Medos. Então Tobias perguntou ao anjo e disse-lhe: Irmão Azarias, suplico-lhe que me digas
de que remédio servirão estas partes do peixe, que tu me mandaste guardar: E o anjo,
respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um pedacinho do seu coração sobre brasas acesas ,
o seu fumo afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem como da mulher, de sorte
que não tornam mais a chegar a eles. E o fel é bom para untar os olhos que têm algumas
névoas, e sararão”.

b) Este ensino que o coração de um peixe tem o poder para expulsar toda espécie de
demônios contradiz tudo o que a Bíblia diz sobre como enfrentar o demônio.

c) Deus jamais iria mandar um anjo seu, ensinar a como usar os métodos da macumba e da
bruxaria para expulsar demônios.

d) Satanás não pode ser expelido pelos métodos enganosos da feitiçaria e bruxaria, e de fato
ele não tem interesse nenhum em expelir demônios (Mt. 12.26).

e) Um dos sinais apostólicos era a expulsão de demônios, e a únicas coisas que tiveram de
usar foi o nome de Jesus (Mc. 16.17; At. 16.18).

4. Ensinam que Esmolas e Boas Obras limpam os pecados e salvam a alma.

a) Tobias 12.8, 9 – “É boa a oração acompanhada do jejum, dar esmola vale mais do que
juntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da morte (eterna), e é a que apaga os pecados,
e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna”.

b) Eclesiástico 3.33 – “A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados”.

c) Este é o primeiro ensino de Satanás, o mais terrível, e se encontrar basicamente em todas


as seitas heréticas.

d) A salvação pelas obras destrói todo o valor da obra vicária de Cristo em favor do pecador.
Se caridade e boas obras limpam nossos pecados, nós não precisamos do sangue de Cristo.

Porém, a Bíblia não deixa dúvidas quanto o valor exclusivo do Seu sangue como um único
meio de remissão e perdão de pecados:

• Hb. 9.11,12,22 – “Mas Cristo… por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo
lugar, havendo obtido uma eterna redenção …sem derramamento de sangue não há
remissão”.

• 1Pe. 1.18,19 – “sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas
com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo”.

e) Contradiz Bíblia toda. Ela declara que somente pela graça de Deus e o sangue de Cristo o
homem pode alcançar justificação e completa redenção:
43
• Romanos 3.20, 24 e 29 – “Ninguém será justificado diante dele pelas obras da lei, sendo
justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. A
quem Deus propôs no seu sangue... Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé,
independentemente das obras da lei”.

5. Ensinam o Perdão dos pecados através das orações

a) Eclesiástico 3.4 – “O que ama a Deus implorará o perdão dos seus pecados, e se absterá
de tornar a cair neles, e será ouvido na sua oração de todos os dias”.

b) O perdão dos pecados não está baseado na oração que se faz pedindo o perdão, não é fé
na oração, e sim fé naquele que perdoa o pecado, a oração por si só, é uma boa obra que a
ninguém pode salvar. Somente a oração de confissão e arrependimento baseadas na fé e no
sacrifício vicário de Cristo traz o perdão (Pv. 28.13; IJo. 1.9; IJo. 2.1,2).

6. Ensinam a Oração Pelos Mortos

a) 2Macabeus 12:43-46 – “e tendo feito uma coleta, mandou 12 mil dracmas de prata a
Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifícios pelos pecados dos mortos, sentindo bem e
religiosamente a ressurreição (porque, se ele não esperasse que os que tinham sido mortos,
haviam um dia de ressuscitar, teria por uma coisa supérflua e vã orar pelos defuntos); e
porque ele considerava que aos que tinham falecido na piedade estava reservada uma
grandíssima misericórdia. É, pois, um santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para
que sejam livres dos seus pecados”. É neste texto falso, de um livro não canônico, que
contradiz toda a Bíblia, que a Igreja Católica Romana baseia sua falta e herege doutrina do
purgatório.

b) Este é novamente um ensino satânico para desviar o homem da redenção exclusiva pelo
sangue de Cristo, e não por orações que livram as almas do fogo de um lugar inventado pela
mente doentia e apóstata dos teólogos católicos romanos.

c) Após a morte o destino de todos os homens é selado, uns para perdição eterna e outros
para a Salvação eterna – não existe meio de mudar o destinos de alguém após a sua morte.
Veja Mt. 7:13,13; Lc. 16.26.

7. Ensinam a Existência de um Lugar Chamado PURGATÓRIO

a) Este é o ensino herético e satânico inventado pela Igreja Católica Romana, de que o
homem, mesmo morrendo perdido, pode ter uma segunda chance de Salvação: Sabedoria
3.1-4 “As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte.
Pareceu aos olhos dos insensatos que morriam; e a sua saída deste mundo foi considerada
como uma aflição, e a sua separação de nós como um extermínio; mas eles estão em paz
(no céu). E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de
imortalidade”.

b) A Igreja Católica baseia a doutrina do purgatório na ultima parte deste texto, onde diz: “E,
se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de imortalidade”.
Eles ensinam que o tormento, em que o justo está, é o purgatório que o purifica para entrar
na imortalidade. Isto é uma deturpação do próprio texto do livro apócrifo. De modo que a igreja
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Católica é capaz de qualquer desonestidade textual, para manter suas heresias, até porque,
ganha muito dinheiro com as indulgências e missas rezadas pelos mortos.

c) Leia atentamente os seguinte textos das Escrituras, que mostram a impossibilidade do


purgatório: IJo. 1.7; Hb. 9.22; Lc. 23.40-43; 16.19-31; ICo. 15.55-58; ITs. 4.12-17; Ap. 14.13;
Ec. 12.7; Fp. 1.23; SI. 49.7-8; 2Tm. 2.11-13; At. 10.43.

8. Nos Livros Apócrifos Os Anjos Mentem

a) Tobias 5.15-19 – “E o anjo disse-lhe: Eu o conduzirei e to reconduzirei. Tobias respondeu:


Peço-te que me digas de que família e de tribo és tu? O anjo Rafael disse-lhe: Procuras saber
a família do mercenário, ou o mesmo mercenário que vá com teu filho? Mas para que te não
ponhas em cuidados, eu sou Azarias, filho do grande Ananias. E Tobias respondeu-lhe: Tu
és de uma ilustre família. Mas peço-te que te não ofendas por eu desejar conhecer a tua
geração.

b) Um anjo de Deus não poderia mentir sobre a sua identidade, sem violar a própria lei santa
de Deus. Todos os anjos de Deus foram verdadeiros quando lhes foi perguntado a sua
identidade. Veja Lc. 1.19.

9. Mulher que Jejuava Todos os Dias de Sua Vida

a) Judite 8:5,6 – “e no andar superior de sua casa tinha feito para si um quarto retirado, no
qual se conservava recolhida com as suas criadas, e, trazendo um cilício sobre os seus rins,
jejuava todos os dias de sua vida, exceto nos sábados, e nas neomênias, e nas festas da
casa de Israel”. Este texto legendário tem sido usado pelos católicos romanos relacionado
com a canonização dos “santos” de idolatria. Em nenhuma parte da Bíblia jejuar todos os dias
da vida é sinal de santidade. Cristo jejuou 40 dias e 40 noites e depois não jejuou mais.

b) O livro de Judite é claramente uma produção humana, uma lenda inspirada pelo Diabo,
para escravizar os homens aos ensinos da igreja Católica Romana.

10. Ensinam Atitudes Anticristãs, como Vingança, Crueldade e Egoísmo

a) Vingança – Judite 9:2. Contraria Rm. 12.17-19.

b) Crueldade e Egoísmo – Eclesiástico 12:6. Contraria Pv. 25.21,22; Mt. 6.44-48; Jo 6.5 e
Rm. 12.20.

c) A igreja Católica tenta defender a IMACULADA CONCEIÇÃO baseando em uma


deturpação dos apócrifos (Sabedoria 8.9,20) que contradiz SI. 51.5; Lc. 1.30-35; Rm. 3.23.

Diante de tudo isso, perguntamos: Merecem confiança os livros Apócrifos? A resposta obvia
é NÃO. (informações do site CACP- Centro Apologético Cristão de Pesquisas).

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Capítulo 8- TRADUÇÕES DA BÍBLIA

Era preciso a tradução da Bíblia para dar cumprimento às palavras do Senhor Jesus após
ressuscitar: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15). Ora, o
mundo está dividido em nações, tribos e povos, cada qual com suas línguas. Hoje, quando
vemos as Escrituras traduzidas em centenas de línguas, sabemos que aquele que
comissionou os discípulos para tão grande obra, proveria também os meios para a sua
realização.

a. Versões semíticas.

1) O Pentateuco Samaritano.

2) Os Targuns.

b. Versões gregas.

1) A Septuaginta.

1ª O texto hebraico

2ª O texto grego traduzido do hebraico

3ª A versão de Áquila

4ª A versão de Símaco

5ª A Septuaginta

6ª A versão de Teodocião

c. Versões siríacas.

1) A Peshita.

2) A versão Filoxênia.

d. Versões latinas.

1) A Antiga Versão Latina.

2) A ítala.

3) A Revisão de Jerônimo

4) A Vulgata.

e. Outras versões orientais. Entre estas podemos mencionar:

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1) As versões egípcias ou cópticas. São 3 as de primeira ordem. Foram feitas até o ano
500 d.C.

2) A Etíope, feita em 330, abrangendo ambos os Testamentos, com base na LXX.

3) A Gótica, feita em 350, de ambos os Testamentos também, com base na LXX.

4) A Armênia, feita no Século V. Base: os LXX.

5) A Georgina, feita no Século V. Preparada por meio de cópias da versão Armênia.

6) A Eslavônica, feita no Século IX. Base: os LXX. É ainda hoje usada pelos eslavos orientais
e meridionais. Ambos os Testamentos. Foi preparada por dois irmãos missionários
tessalonicenses à Bulgária e Morávia: Cirilo e Metódio.

Além destas versões orientais, há ainda as versões árabes, mas, de pouca importância para
a crítica textual.

f. Versões européias.

Das versões européias, vamos destacar apenas três, devido à sua importância, que
são:

1) Versões inglesas

As quatro principais versões recentes inglesas são:

a) A Versão Autorizada ou Versão do Rei Tiago

b) A Versão Revisada.

c) A Versão Revisada Americana (American Standard Version).

d) A Versão Padrão Revisada (Revised Standard Version).

2) Versão alemã.

3) Versões em português.

Agora vejamos as traduções completas.

a) A Versão de Almeida.

João Ferreira d'Almeida foi ministro do Evangelho da Igreja Reformada Holandesa, em


Batávia, então capital da ilha de Java, na Oceania. (Batávia é agora a moderna Djakarta,
capital da Indonésia) Java era então domínio holandês, conquistada aos portugueses.
Almeida traduziu primeiro o Novo Testamento, terminando-o em 1670; em 1681 foi ele
impresso em Amsterdam, Holanda, isto é, 100 anos antes da primeira edição católica da
Bíblia - a de Figueiredo, 1781! Almeida traduziu o Antigo Testamento até Ezequiel 48.21,
quando então faleceu em 1691. Missionários seus amigos completaram a
tradução,especialmente Jacob Opden Akker. Almeida fez sua tradução do grego e hebraico,
línguas que estudou após abraçar o Evangelho. Utilizou também as versões holandesa (de

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1637) e a espanhola (de Valera, 1602). Seu Antigo Testamento foi publicado em 1753, em
Amsterdam. A Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira começou a publicar o texto de
Almeida em 1809, publicando a Bíblia completa pela primeira vez, em 1819. O texto de
Almeida não era muito bom por ele ter deixado Portugal muito cedo e não ter cultura profunda.

O texto de Almeida foi revisado em 1894 e 1925. Em 1951, a Imprensa Bíblica Brasileira
(organização batista independente) publicou a "Edição Revista e Corrigida", abreviadamente
ARC.

Uma comissão de especialistas brasileiros trabalhando de 1945 a 1955 apresentou a "Edição


Revista e Atualizada" de Almeida (ARA). É uma obra magnífica com linguagem qualificada e
de melhor tradução. O NT foi publicado em 1951 e o AT em 1958. A publicação é da
Sociedade Bíblica do Brasil. A comissão revisora compôs-se de 30 elementos dos mais
abalizados de várias denominações. Foram membros, figuras como Sinésio Lira, A.C.
Gonçalves, Crabtree, R.G. Bratcher, W. C. Taylor. Foi usado o texto grego de Nestle para o
NT, e o hebraico de Letteris, para o AT. Fez-se o melhor possível. Há uma comissão
permanente de revisão acompanhando os progressos da crítica textual.

Alguns dados pessoais de Almeida. Nasceu em Torre de Tavares, em Portugal, em

1628. Emigrou para a Holanda, e daí seguiu para Java, achando-se aí em 1641. Converteu-
se na Igreja Reformada Holandesa em 1642 por meio de um folheto que tratava sobre a
“Diferença da Cristandade entre a Igreja Reformada e a Igreja Romana". Casou-se em 1651
com a filha de um pastor. Foi ordenado ao santo ministério em 16 de outubro de 1656.
Aprendeu grego e hebraico e começou a traduzir o Novo Testamento, tendo como base o
"Textus Receptus" dos irmãos Elzevirs, segunda edição de 1633. Faleceu em 6 de agosto de
1691. A Igreja Católica, através do tribunal da Inquisição, queimou-o em estátua, em Gôa,
antiga possessão portuguesa na índia. A Igreja Romana, nem mesmo agora, no chamado
Ecumenismo, se desculpou de tais coisas...

b) A Versão de Figueiredo.

c) A Tradução Brasileira.

d) A Versão de Rhoden.

e) A Versão de Matos Soares.

Alguns outros informes sobre a Bíblia em português.

• A Bíblia foi impressa a primeira vez no Brasil, em 1944, pela Imprensa Bíblica Brasileira.

• Entre as Bíblias mais populares do mundo está a em português. As outras são: a Vulgata,
a de Lutero, e a Versão Autorizada (inglesa).

• Há no Brasil três entidades evangélicas publicadoras e distribuidoras de Bíblias. A primeira


é a Imprensa Bíblica Brasileira fundada em 1940. A segunda é a Sociedade Bíblica do Brasil
fundada em 10-06-1948, resultante da fusão das agências da SBA e SBBE que funcionavam
no Brasil. A terceira é a Sociedade Bíblica Trinitariana, com sede em São Paulo.

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• A primeira agência distribuidora de Bíblias no Brasil foi a da SBBE, em 1856; a segunda foi
a da SBA, em 1876, ambas na cidade do Rio de Janeiro. Antes disso, vinham Bíblias para o
Brasil através de comandantes de navios, que as entregavam a casas comerciais para
revenda. A mais antiga Sociedade Bíblica do mundo é a SBBE fundada em 1804; a segunda
é a SBA, fundada em 1816.

• Na distribuição de Bíblias em todo o mundo, o Brasil ocupa o segundo lugar!

Algumas peculiaridades das traduções:

1) As palavras em itálico. Não constam do original. Foram introduzidas na tradução para


completar o sentido do texto. Em português, a única versão protestante com itálicos é a ARC.

2) O uso da margem. Muitas Bíblias tem na sua margem em determinados trechos, a


tradução literal do hebraico ou do grego. Às vezes, tem uma tradução diferente quando o caso
é duvidoso. São muito úteis essas notas marginais.

3) Datas impressas no texto. Muitas Bíblias antigas, em português, bem como noutras
línguas, trazem datas impressas no texto. São datas da chamada "Cronologia Aceita"
elaborada pelo arcebispo Ussher (anglicano) e inseridas pela primeira vez no texto bíblico em
1701. Depois de Ussher, surgiram outras cronologias como a de Calmet, Hales, etc. As
investigações modernas e descobertas arqueológicas têm alterado em muitos pontos a
cronologia tradicional. A cronologia é terreno movediço, especialmente quanto aos primeiros
milênios da História.

4) O sumário dos capítulos. São preparados pelos editores, e nada tem com a inspiração e
o texto original. As exceções são algumas frases introdutórias de certos salmos, como o 4, 5,
6, 7, 8, 9, 22, 32, 45, 46, 53, 56, 69, 75, etc. Tais sumários nem sempre correspondem aos
capítulos aos quais se referem. Há casos até negativos, como a parábola dos "Dez
Talentos", quando não são dez; a "Parábola do Rico e Lázaro", quando não se trata de
parábola, e assim por diante.

5) A divisão do texto bíblico em capítulos e versículos. Não vem do original. A primeira


Bíblia que trouxe essa divisão foi a Vulgata, em 1555. Em muitos casos, a divisão tanto em
capítulos como em versículos, quebra o sentido, biparte o texto e altera toda a linha do
pensamento. Exemplo de capítulos: Isaías 53, que devia começar em 52.13; João capítulo 8,
devia começar em 7.53; 2 Rs 7 devia começar em 2 Rs 6.24; o capítulo 3 de Colossenses
devia terminar 4.1; o capítulo 10 de Mateus devia começar em 9.35; Atos 5 devia começarem
4.36, etc.

Com a divisão em versículos, acontece a mesma coisa, por exemplo: Efésios 1.5 devia
começar com as duas últimas palavras de 1.4; 1 Coríntios 2.9,10 devia ser um só versículo;
o mesmo devia ocorrer com Jo 5.39,40. Na Epístola aos Romanos, bem como em Efésios,
há diversos casos desses. Também a divisão em versículos não é a mesma em todas as
versões; por exemplo Daniel 3.24-30 da ARC, corresponde a 3.91-97 em Matos Soares;
Lucas 20.30 na ARC, corresponde a Lucas 20.30,31 na "Tradução Brasileira". Marcos 9.49
deve ficar ligado ao versículo 48, e não como está na ARA, tendo a epígrafe entre os dois
versículos. (Gilberto, Antonio, paginas 83-95).

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Considerações finais

O significado da Bíblia deve-se a sua importância. Ela fala a todas as gerações e


esta verdade só é possível pelo fato de ela ser a Palavra de Deus, eterna e imutável.

A bíblia é um livro singular em todos os aspectos. É o único livro do mundo que


sempre é lido na presença de Seu Autor. É o Livro dos livros. A revelação maior. O guia do
cristão. É a Palavra de Deus, viva e eficaz. Portanto, sigamos o conselho de Deus para Josué:
“Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas
cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o
teu caminho, e serás bem-sucedido.” (Js 1:8).

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Bibliografia Consultada e Citada

Geisler, Norman & Nix, Wilhiam. Introdução bíblica; como a Bíblia chegou até
nós. São Paulo: Vida, 1997.

Miller, Stephen M. & Huber, Robert V. A Bíblia e sua história; o surgimento e o


impacto da Bíblia. Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.

Gilberto, Antonio. A Bíblia através dos séculos; A história e formação do Livro


dos livros. Rio de Janeiro: CPAD, 1992.

________. A Bíblia; o livro, a história, a mensagem. Rio de Janeiro: CPAD,


1982.

Thiessen, Henry Clarence. Palestras Introdutórias à Teologia Sistemática. São


Paulo: Batista Regular, 2014.

Strong, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática, 2 vols. São Paulo: Hagnos,


2003.

Grudem, Wayne. Teologia Sistemática; Atual e Exaustiva. São Paulo: Vida


Nova, 1999.

Oliveira, Raimundo de. As Grandes Doutrinas da Bíblia. Rio de janeiro: CPAD,


2013.

Sites consultados

http://www.cacp.org.br/

http://www.sbb.org.br/

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Você também pode gostar