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Agronomia | Artigos Científicos

14-17 minutos

Série Leguminosas Subtropicais - Gênero Medicago


(Medicago sativa - Alfafa)

HERBERT VILELA
Engenheiro Agrônomo e Doutor

1 - INTRODUÇÃO

Medicago sativa L. c.v. Crioula charqueana, é uma leguminosa


originária da Argentina; é perene, apresenta folhas trifoliadas,
suas flores, normalmente são de cor roxa. É uma forrageira
rica em proteína, vitaminas e sais minerais. Adapta-se ao
clima temperado e quente, e suporta quedas de temperatura;
apresenta grande resistência à seca, pois possui um sistema
radicular que pode atingir grande profundidade; exige solos
férteis, profundos com alto teor de matéria orgânica e cálcio;
não suporta excesso de umidade, mas, em quantidade
controlada, é um dos maiores fatores de produção, sendo uma
espécie que melhor responde à irrigação.

O principal atributo desta forrageira é sua alta produção de


proteína associada a muitos minerais e ainda a uma vasta
adaptação a condição do meio. Produz excelente feno
artificialmente desidratado, silagem e forragem.

Os principais pontos negativos são: pouca persistência a


pragas e doenças, não suporta pastejo intenso, causa
timpanismo em ruminantes, o estrogênio reduz a fertilidade e
saponinas podem atuar, causando hemólises.
2 - CARACTERIZAÇÕES BÁSICAS

Nome científico: Medicago sativa L.


Ciclo vegetativo: perene.
Origem: Argentina.
Fixação de nitrogênio: estima-se que fixa por ano 85 a 360
kg N/ha, com variação entre áreas.
Forma de crescimento: rasteiro.
Altura da planta: crescimento livre até 1,0 m.
Formas de uso: produção de feno e eventualmente
pastejo.
Digestibilidade: ótima.
Palatabilidade: ótima.
Fatores adversos: timpanismo em pastejo (uso de
antiespumante), reprodução reduzida do animal (presença
de estrógeno).
Precipitação pluviométrica requerida: 700 mm/ano.
Fotoperíodo: planta de dia longo.
Água necessária: consome na evapotranspiração 50 a 90
mm/ha de água por tonelada da matéria seca produzida.
Teor de proteína na matéria seca: 15% no fim do ciclo
vegetativo e 20% no início do ciclo.
Níveis críticos de nutrientes: fósforo 2,1 – 3,0g; potássio
8,0 – 22,0g; cálcio 15g; magnésio 2,0 – 3,5g; enxofre 1,0
–2,2g; boro 18mg; molibdênio 0,5 – 0,9mg; zinco
4.0-5.0mg/kgMS.
Produção da matéria seca: acima de 20 t MS/ha/ano.
Número de cortes: varia de 6 a 8 cortes por ano, com
irrigação.
Tolerância a solos salinos: alta.
FOTO1 - Plantas de Alfafa em florecimento.

3 - RECOMENDAÇÕES AGRONÔMICAS

Fertilidade do solo: alta fertilidade e pH acima de 6,0 e 6,5.


Tipo de solo: bem drenados e permeáveis.
Inoculação: A inoculação é essencial quando se faz o
primeiro plantio na área, usar o Rhizobium meliloti.
Forma de plantio: sementes.
Modo de plantio: a lanço.
Número de sementes: 500.000/kg.
Sementes necessárias: 20 a 25 kg/ha.
Profundidade de plantio: 2 cm.
Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após a germinação.
Tolerância à seca: baixa.
Tolerância ao frio: alta.
Temperatura ótima: 27°C.
Umidade no solo: não tolera solos úmidos.
Tolerância a solos mal drenados: baixa.
Adubação: de acordo com as recomendações técnicas
determinadas pela análise de solo.
Dormência das sementes: Inexistente.
Pureza: mínima 95%.
Germinação: mínima 70%.

4 - PRINCIPAIS DOENÇAS E PRAGAS

Doenças   Agentes (Nome científico)


Mancha bacteriana da
Xanthomonas alfalfa
folha
Mancha comum da folha Pseudopeziza medicaginis
Pintas amarelas das
Leptotrochila medicaginis
folhas
Stemphylium Stemphylium botryosum
Leptosphaerulina leaf
Leptosphaerulina briosianna/trifolii
spot
Míldio Peronospora trifoliorum
Phoma medicaginis var.
Caule marron
medicaginis
Alternaria Alternaria solani
Mancha  Bacteriana  do Pseudomonas medicaginis or
caule syringae
Stagonospora da folha Stagonospora meliloti
Ferrugem Uromyces striatus
 Caule preto do verão Cercospora medicaginis
Caule preto da primavera Phoma medicaginis
Fusário Fusarium oxysporum
Verticilio Verticillium albo-atrum
Clavibacter michiganense subsp.
Bacteriose
insidiosum
Sclerotinia Sclerotinia trifoliorum
Rhizoctonia Rhizoctonia solani
Phytophthora da raiz Phytophthora megasperma
Antracnose Colletotrichum trifolii
Fusariose da raiz Fusarium spp.
Aphanomyces da raiz Aphanomyces euteiches
Virose: O principal vírus é alfalfa mosaic alfavírus, causando
perdas de 24 a 67%. O principal controle é a eliminação do
vetor infestante e o uso de cultivares resistentes.

Pragas: as principais são aphideos (Therioaphis


maculata/trifolii, Acyrthosiphon pisum, Acyrthosiphon kondoi,
Sitona spp, Melanophus spp., Agromyza frontella, Empoacea
fabae, Philaenus spumarius) ; nematóides da raiz
(Meloidogyne hapla, Pratylenchus penetrans, Ditylenchus
dipsaci, Sitona hispidulus, Otiorhynchus ligustici,Tipula spp.) ;
larva (Bruchophagus roddi); mirídeos (Lygus spp.) e cupins.

5 – VALOR NUTRITIVO  DA FORRAGEM DE ALFAFA

1 - Composição bromatológica  da forragem verde de Alfafa

Composição bromatológica %
Estádios de crescimento
MS PB FB MM EE FDN Ca P
Forragem ao primeiro
20,9 14,4 30,6 8,1 2,9 44,0 1,74 0,17
corte
Forragem ao segundo
20,9 14,8 27,3 8,6 4,3 45,0 1,53 0,25
corte
Forragem à pré-floração 17,0 25,3 23,5 11,8 2,9 36,5 2,41 0,35
Forragem ao princípio da
22,7 22,9 26,0 11,5 3,5 36,1 2,56 0,31
floração
Forragem a metade da
29,0 19,0 30,0 10,3 3,4 37,3 1,76 0,24
floração 
2 - Composição bromatológica da farinha, do feno e da
silagem da forragem de Alfafa

Estádios de Composição bromatológica %


crescimento e/ou forma MS PB FB MM EE ENN Ca P
Farinha de folhas 90,1 21,7 20,1 17,0 2,4 38,8 1,44 0,20
Farinha integral 88,1 11,5 30,4 7,7 1,0 49,4 0,51 0,34
Feno na pré-floração 89,6 18,7 34,4 9,8 2,6 34,5 1,26 0,18
Feno ao princípio da
- 17,0 38,2 8,7 2,5 33,6 1,20 0,18
floração
Feno à metade da
90,2 15,4 40,1 8,6 2,1 33,8 1,09 0,16
floração
Silagem 24,6 20,4 20,9 12,6 8,9 37,2 - -
3 - Coeficientes de digestibilidade de alguns componentes da
forragem verde, da farinha e do feno de Alfafa
Coeficientes de digestibilidade e
Estádio de crescimento
energia metabolizável
e/ou forma
PB FB EE ENN EM
Forragem verde na pré-
89,0 45,0 50,0 76,0 2,47
floração
Forragem verde no
79,0 49,0 38,0 78,0 2,36
princípio da floração
Forragem verde na
69,0 45,0 50,0 61,0 2,01
metade da floração
Farinha de folhas 79,4 59,9 0,0 77,7 2,27
Feno na pré-floração 75,9 50,6 29,6 71,4 2,19
Feno no início da
74,1 51,0 25,4 68,1 2,12
floração 
Feno na metade da
74,2 51,0 21,0 68,7 2,10
floração
4 - Composição em aminoácidos da parte aérea da alfafa

Conteúdo de aminoácidos da parte aérea da alfafa (expresso


em % de proteína)
Arg Cis Gli Hys Ils Leu Lis Met Tre Tri Tir Val
4,5 1,1 4,5 1,8 3,9 6,6 4,3 0,9 4,0 1,5 3,3 5,1
6 – LITERATURA CONSULTADA

BOGDAN, A. V. Tropical pasture and fodder plants – Grasses


and legumes. London and New York, 475 p., 1977.

FAO – 2004a  http://www.fao.org/ag/AGP/AGPC/doc/Gbase


/Latin.htm

FAO – 2004b http://www.fao.org/ag/AGA/AGAP/FRG/afris


/es/Data/31.HTM

VALADARES FILHO, SEBASTIÃO DE CAMPOS. Nutrição,


Avaliação de Alimentos e Tabelas de  Composição de
Alimentos para Bovinos. XXXVII Reunião Anual da SBZ, 37,
Viçosa, 2000,  Anais... Viçosa: 2000. P.

VILELA, H. Formação e adubação de Pastagens. CPT. Viçosa.


98p. 1998.
ILELA, H. Forragicultura. Departamento de Zootecnia da
Escola de Veterinária da UFMG. 68p. 1977.

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