SUMÁRIO
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2
UNIDADE 2 – NOÇÕES BÁSICAS DO DIREITO ADMINISTRATIVO ....................... 4
2.1 ESTADO E GOVERNO: FORMAS, PODERES, SISTEMA ................................................. 5
2.2 CONTRIBUIÇÕES DO DIREITO FRANCÊS E INGLÊS .................................................. 10
2.3 O DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO .............................................................. 12
2.4 AS FONTES E OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO .............................................. 17
2.5 CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................... 19
2.5 SENTIDOS E ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ....................................... 21
UNIDADE 3 –EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL 23
3.1 PATRIMONIALISMO .............................................................................................. 23
3.2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BUROCRÁTICA.............................................................. 25
3.3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL .................................................................. 27
UNIDADE 4 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
.................................................................................................................................. 33
4.1 PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS ....................................................................................... 36
4.2 OUTROS PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS .......................................................................... 50
4.3 PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS ....................................................................................... 53
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 60
2
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO
Vale lembrar e ressaltar que, embora falemos que a função do Executivo seja
administrativa, os demais poderes também desempenham essa função e ambos os
três legislam e julgam, só que como funções secundárias, atípicas ou acessórias.
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Fica aqui a sugestão para leitura do capítulo 1 “Origem, Objeto e Conceito do Direito Administrativo”
. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24 ed. São Paulo: Atlas, 2011.
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Deve, ainda, ficar claro que, mesmo após o início do processo administrativo,
por iniciativa do administrado, esse pode abandoná-lo em qualquer etapa e recorrer
ao Poder Judiciário, a fim de ver decidida nessa esfera sua questão.
Muitas das tendências vêm sendo apontadas por parte da doutrina brasileira
que se empolga com inovações impostas pela Comunidade Europeia aos países
membros, sem grandes preocupações em avaliar se essas inovações se amoldam
ao direito brasileiro. São mais propostas de inovações (de lege ferenda) do que
inovações efetivamente concretizadas.
É importante realçar também que muitas das inovações que se busca trazer
para o direito brasileiro já começam a reverter:
Essas decisões judiciais com efeitos vinculantes ou com eficácia erga omnes
não podem ser consideradas meras fontes secundárias de direito administrativo, e
sim fontes principais, uma vez que alteram diretamente nosso ordenamento jurídico
positivo, estabelecendo condutas de observância obrigatória para toda a
administração pública e para o próprio Poder Judiciário.
2
No caso Blanco, a menina Agnès Blanco foi atropelada por uma vagonete da Companhia Nacional
de Manufatura de Tabaco, de exploração do Estado, em 1873, em Bordeaux, na França. O pai da
menina acionou a justiça, com um pedido de indenização, alegando a responsabilidade civil do
Estado por prejuízos causados a terceiros, em face das atividades de seus agentes. O pedido chegou
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ao Conselho de Estado Francês, que decidiu pela responsabilização do Estado pela reparação dos
danos causados à menina atropelada.
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ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas
jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade
jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a
consecução de seus fins, de natureza pública (DI PIETRO, 2011, p. 48).
Desde sua colonização podemos inferir que o Brasil passou por três modelos
de administração pública, os quais discorremos abaixo tendo por objetivo levá-los a
entender que as mudanças são necessárias e acontecem na medida em que a
administração deixa de satisfazer aos anseios da grande massa da população que
espera por eficiência e eficácia.
3.1 Patrimonialismo
Para fazer cumprir essas regras, fazia-se necessário uma grande burocracia e
as pessoas empregadas na administração colonial eram conhecidas como “filhos da
folha” que significava vivendo às custas da folha de pagamento do Estado
(MARTINS, 1985).
1. Hierarquia de autoridade;
2. Divisão do trabalho;
3. Competência técnica;
para a crise do Estado contemporâneo no final dos anos de 1970 que, por
conseguinte, levaram ao novo modelo:
A palavra princípio, em sua raiz latina última, significa “aquilo que se toma
primeiro” (primum capere), designando início, começo, ponto de partida. Princípios
de uma ciência, segundo JOSÉ CRETELLA JÚNIOR (1989, p. 129), “são as
proposições básicas, fundamentais e típicas que condicionam todas as estruturas
subsequentes”. Correspondem, mutatis mutandis, aos axiomas, teoremas e leis em
outras determinadas ciências.
ÉDIS MILARÉ (2004) bem nos lembra que, entre ciências afins, um princípio
pode não ser exclusivo, cabendo na fundamentação de mais de uma ciência; o que
ocorre, sabidamente, quando os princípios são mais gerais e menos específicos.
Com esta advertência, interessa destacar, aqui, não apenas os princípios
fundamentais expressamente formulados nos textos de um sistema normativo
específico, como também os decorrentes do sistema de direito positivo em vigor, a
que a doutrina apropriadamente chama de princípios jurídicos positivados.
É com base nos princípios jurídicos que são feitas as leis, a jurisprudência, a
doutrina e os tratados e convenções internacionais, já que eles traduzem os valores
mais essenciais da Ciência Jurídica (FARIAS, 2006).
Com efeito, pode ser que não exista lei, costumes, jurisprudência, doutrina ou
tratados e convenções internacionais, mas em qualquer situação os princípios
jurídicos poderão ser aplicados (FARIAS, 2006).
Para Bobbio não há dúvida: os princípios gerais são normas como todas as outras.
E esta é também a tese sustentada por Crisafulli3 (1952).
Para sustentar que os princípios gerais são normas, os argumentos são dois,
e ambos válidos:
1º. Antes de mais nada, se são normas aquelas das quais os princípios gerais
são extraídos, através de um procedimento de generalização sucessiva, não
se vê por que não devam ser normas também eles: se abstraio da espécie
animal obtenho sempre animais, e não flores ou estrelas.
3
Advogado e um dos maiores constitucional italianos da segunda metade do século XX, falecido em
1986.
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Outras leis como a Lei que trata das licitações e contratos (Lei nº 8.666/93) e
a lei que trata das concessões e permissões do serviço público (Lei nº 8.987/95)
fazem referências aos princípios específicos.
Podemos tomar como exemplo o art. 3º da Lei nº 12.349/10 que alterou a Lei
nº 8.666/93 para mostrar normas especiais ao contido no art. 37 da CF.
Isto porque a lei, como bem afirma MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO
(2011), ao mesmo tempo em que define os princípios, estabelece também os limites
da atuação administrativa que tenha por objeto a restrição ao exercício de tais
direitos em benefício da coletividade.
Consta no artigo 5º, II, da CF que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude da lei. Como este artigo trata de direitos
individuais, sobretudo os inicialmente delineados pelo Liberalismo do século XVIII,
voltados essencialmente, portanto, à proteção dos particulares contra o Estado,
temos como corolário do inciso II que aos particulares é lícito fazer tudo que a lei
não proíba (ALEXANDRINO; PAULO, 2011).
Administração Pública, de sorte que ele é o autor institucional do ato. Ele é apenas o
órgão que formalmente manifesta a vontade estatal.
moral, numa aceitação ampla do brocardo segundo o qual non omne quod licet
honestum est (nem tudo que é legal é honesto).
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
Vale dizer que existe o sigilo como direito fundamental, ao qual corresponde o
dever de sigilo imposto a todos aqueles, sejam particulares, sejam agentes públicos,
que tenham conhecimento de dados sigilosos que não lhes pertencem e em relação
aos quais fica vedada a divulgação ou publicidade. O Código Penal tipifica como
crime o fato de “revelar alguém, sem justa causa, segredo de que tem ciência em
razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir
dano a outrem”.
3) O inciso XXXIII estabelece que todos têm direito a receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; essa
norma deve ser combinada com a do inciso LX, que garante o sigilo dos atos
processuais quando necessário à defesa da intimidade e proteção do interesse
social. A parte final do inciso XXXIII está disciplinada pela Lei nº 11.111/05.
pelos órgãos públicos possa implicar uma situação adversa à paz social, à ordem
pública, à independência do país, à soberania nacional, ou ofensa a qualquer
daqueles fundamentos da República referidos no artigo 12, assim como a seus
objetivos fundamentais definidos no artigo 32, podemos dizer que o sigilo se impõe.
Muitas vezes só o exame do caso concreto pode estabelecer a necessidade de
manter em sigilo as informações e, com base nisso, ser denegada a sua prestação
ao requerente”.
Quando a certidão é pedida para outros fins, como, por exemplo, a proteção
de interesses coletivos, ainda assim ela é devida pela Administração, sob pena de
tornar-se inviável a propositura de ação popular, de ação civil pública ou de
mandado de segurança coletivo só que, nessa hipótese, a certidão, ou mesmo o
direito à informação, não será gratuita.
Tem-se, pois, que a ideia de eficiência administrativa não deve ser apenas
limitada ao razoável aproveitamento dos meios e recursos colocados à disposição
dos agentes públicos. Deve ser construída também pela adequação lógica desses
meios razoavelmente utilizados aos resultados efetivamente obtidos, e pela relação
apropriada desses resultados com as necessidades públicas existentes
(SERESUELA, 2002).
Desse modo, pode-se definir esse princípio como sendo aquele que
determina aos órgãos e pessoas da Administração Direta e Indireta que, na
busca das finalidades estabelecidas pela ordem jurídica, tenham uma ação
instrumental adequada, constituída pelo aproveitamento maximizado e
racional dos recursos humanos, materiais, técnicos e financeiros
disponíveis, de modo que possa alcançar o melhor resultado quantitativo e
qualitativo possível, em face das necessidades públicas existentes.
Este princípio pode ser definido como aquele que determina como regra o
dever jurídico da Administração de celebrar ajustes negociais ou certos atos
unilaterais mediante prévio procedimento administrativo que, por meios de critérios
preestabelecidos, públicos e isonômicos, possibilite a escolha objetiva da melhor
alternativa existente entre as propostas ofertadas pelos interessados (CARDOZO,
1999).
Quer dizer que a responsabilidade por qualquer dano causado por um agente
público, no exercício da função pública, é do Estado, enquanto pessoa jurídica,
mesmo se o agente tenha agido com culpa ou dolo.
Este princípio permite algo inusitado segundo alguns juristas, entre eles,
JOSÉ AFONSO DA SILVA (1998), que constata a criação de uma forma de contrato
satisfazer ao público o que for legal, mas razoável às suas necessidades e às suas
competências.
XXXV da CF/88 explicita a garantia do controle dos atos administrativos pelo poder
judiciário. Nem a lei poderá evitar este controle.
que capacidade jurídica. Além de requerer que o agente capaz detenha capacidade
jurídica, exige-se, autorizações atribuíveis ao agente público a fim de que esse
possa agir.
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS BÁSICAS
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24 ed. São Paulo: Atlas,
2011.
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
ARAUJO, Luiz Alberto David. NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito
Constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo; 18 ed. Rio
de Janeiro: Lúmen, 2007.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr,
2005.
EQUIPE RIDEEL. Dicionário Rideel de expressões latinas. São Paulo: Rideel, 2009.
FARIAS, Talden. Princípios gerais do direito ambiental. Revista prim@ facie – ano 5,
n. 9, jul./dez. 2006, pp. 126-148.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito administrativo. 7. ed. São
Paulo: Malheiros, 1981.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1980, 1992.
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente. 3 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
PAULA, Ana Paula Paes de. Por uma Nova Gestão Pública. São Paulo: FGV
Editora, 2005.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 15 ed. São Paulo:
Malheiros, 1998.