Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PESSOA COM
DEFICIÊNCIA
Introdução
As deficiências sensoriais envolvem dificuldades relacionadas à captação
dos estímulos visuais, auditivos ou ambos. De acordo com Farrell (2008),
essas dificuldades podem variar conforme o grau de comprometimento
sensorial, exigindo diferentes níveis de intervenção, que vão desde o
acesso às oportunidades e aos equipamentos adaptados até a necessi-
dade de intervenções educacionais e sociais mais complexas.
Neste capítulo, você terá oportunidade de construir conhecimentos
acerca das dificuldades sensoriais relacionadas às deficiências visuais e
auditivas.
É importante destacar que os conceitos de surdez e deficiência
auditiva não são sinônimos, da mesma forma que a cegueira e a
2 Alunos com necessidades educativas especiais: surdez, deficiência auditiva, cegueira e baixa visão
Art. 2º – Considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compre-
ende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando
sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras.
Parágrafo único: Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial
ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas
frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.
Surdez leve: perda auditiva de até 40 dB. Essa perda impede a per-
cepção perfeita de todos os fonemas da palavra, mas não impede
a aquisição normal da linguagem. Pode, no entanto, acusar algum
problema articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita.
Surdez moderada: perda auditiva entre 40 e 70 dB. Esses limites se
encontram no nível da percepção da fala, sendo necessário uma voz
de certa intensidade para que seja claramente percebida. A pessoa
apresenta maior dificuldade de discriminação auditiva em ambientes
ruidosos. Ela identifica as palavras mais significativas, mas tem
dificuldade na compreensão de certos termos de relação e/ou frases
gramaticais complexas.
Surdez severa: perda auditiva entre 70 e 90 dB. Essa perda permite a
identificação de alguns ruídos familiares e apenas a percepção da voz
de timbre mais forte. A compreensão verbal vai depender da utiliza-
ção da percepção visual e da observação do contexto das situações.
Surdez profunda: perda auditiva superior a 90 dB. Essa perda é
muito grave e pode privar a pessoa da percepção e identificação da
voz humana, impedindo-a de adquirir naturalmente a linguagem oral.
Alunos com necessidades educativas especiais: surdez, deficiência auditiva, cegueira e baixa visão 7
Causa da deficiência
Aceitação da deficiência
Estudos indicam que a forma como a pessoa lida com a evidência da perda
visual é fundamental para que os programas de inclusão tenham sucesso.
Quando o aluno aceita a sua condição de deficiência, apresenta-se mais aberto
à utilização dos seus próprios recursos sensoriais remanescentes e dos recursos
de ensino para aprender (BRASIL, 2006a).
Oportunidades de aprendizagem
que favoreçam a sua inclusão social e educacional. Isso se torna possível a partir
da sua participação em programas de atendimento educacional especializado
e mediante as adequações de acesso ao currículo escolar.
De acordo com o documento Saberes e Práticas da Inclusão (BRASIL,
2006a), os programas de atendimento especializado para deficientes visuais
envolvem as áreas de atividades da vida diária (AVD), orientação e mobilidade,
e o ensino de braile.
Segundo Gil (2000), desde a tenra infância, aprendemos a lidar com as mais
diversas situações apenas por meio da observação. A criança que nasce cega
necessitará que as atividades que fazem parte do seu cotidiano lhe sejam
ensinadas, já que não dispõe do recurso da visão para aprender pela observa-
ção. As atividades da vida diária são uma área da educação especial voltada
ao desenvolvimento de competências relacionadas à autonomia na resolução
de problemas cotidianos. São procedimentos que fazem parte do nosso dia
a dia, mas aos quais não damos muita atenção, em função da facilidade que
temos em realizá-los. Contudo, a pessoa cega necessita de treinamento para
executá-los com autonomia e independência.
Orientação e mobilidade
Ensino do Braile
Conforme apontado por Sá, Campos e Silva (2007), a leitura e escrita do aluno
cego têm como recurso o sistema Braile, que é um código universal de leitura
tátil inventado na França, em 1825. O braile consiste na combinação de seis
pontos em relevo, dispostos em duas colunas de três pontos. As diferentes
disposições desses seis pontos permitem a formação de 63 combinações ou
símbolo braile. Os símbolos formados pelo braile representam não só as letras
do alfabeto, mas também os sinais de pontuação, números e notas musicais,
permitindo ao cego uma comunicação ampla (Figura 1).
14 Alunos com necessidades educativas especiais: surdez, deficiência auditiva, cegueira e baixa visão
relação aos demais, entregar com antecedência para o aluno o material de leitura
que será transcrito para o braile ou gravado. Para alunos que já enxergaram,
é importante que se considere a bagagem de informações visuais, a fim de
desencadear novas associações que favoreçam a compreensão.
Ainda segundo Sá, Campos e Silva (2007), a área da informática tem oferecido
recursos valiosos para a inclusão do deficiente visual, os quais facilitam muito
o acesso à informação e a comunicação com esses alunos. Alguns exemplos
são os softwares sintetizadores de voz, que leem o que está escrito na tela do
computador para o aluno, os teclados em braile, os softwares que ampliam o
tamanho das letras ou o próprio texto para as pessoas com visão subnormal.
O vídeo Recursos para pessoas com deficiência visual: Programa Especial traz uma re-
portagem que acompanha pessoas com deficiência visual e apresenta uma série de
recursos que auxiliam na sua independência e inclusão social.
https://goo.gl/SpSYXe
Alguns cuidados e adequações que o professor deve ter para a inclusão do aluno
surdo estão descritos a seguir.
Sempre que for falar com o aluno surdo, dirigir-se a ele, e não ao intérprete.
Empregar formas diversificadas de meios de comunicação.
Facilitar a compreensão do aluno servindo-se de mensagens escritas, lousa, pro-
jeções e outros métodos visuais.
Favorecer o trabalho em pequenos grupos, para que a comunicação seja mais
efetiva e o aluno possa participar.
Cuidar para que o posicionamento do aluno na sala permita que ele possa ter o
melhor alcance visual da sala e do professor.
No caso de alunos que realizam leitura labial, articular as palavras de forma clara.
Entregar textos para leitura com antecedência.
Considerar as possíveis falhas na produção escrita do aluno, adequando os critérios
de avaliação nesse quesito.
Possibilitar que o aluno realize as atividades que envolvam escrita e leitura em
maior tempo.
Criar situações de comunicação que favoreçam a expressão e interação contínua
do aluno surdo junto aos colegas na sala de aula.
Repetir as questões ou os comentários durante as discussões ou conversas e indicar,
por gestos, quem está falando, para uma melhor compreensão por parte do aluno.
Escrever no quadro ou no caderno do aluno datas e informações importantes,
para assegurar que foram entendidas (p. ex. datas, terminologia, símbolos, etc.).
Disponibilizar um tempo para o atendimento individual do aluno, a fim de auxiliá-lo
e acompanhar o seu progresso.
Alunos com necessidades educativas especiais: surdez, deficiência auditiva, cegueira e baixa visão 19
Os amigos está convite. Vamos Formosa Clube semana e o seu ele vê carnaval pessoas
para banco como houve falou amigos pedir acabou, já noite as pessoas amigos para
outra vamos já e embora ele passear para vamos ele cansado banho dormiu (J. S.
R. – supletivo Fase III – Nível II) (BRASIL, 2006b).
1. Concreto – sinal: a criança deve ler o sinal que refere coisas concretas,
diretamente relacionadas com a criança. Exemplo: Existe um sinal
(gesto) para árvore, então a professora apresenta o sinal para a criança.
2. Desenho – sinal: a criança deve ler o sinal associado com o desenho
que pode representar o objeto em si ou a forma da ação representada
por meio do sinal. Exemplo: o professor apresenta o sinal árvore e o
associa à figura de uma árvore.
3. Desenho – palavra escrita: a criança lê a palavra representada por
meio do desenho, relacionada com o objeto em si ou a forma da ação
representada por meio do desenho na palavra. Exemplo: apresentar a
forma escrita da palavra “árvore”, associando-a à figura da árvore.
4. Alfabeto manual – sinal: a criança estabelece a relação entre o sinal de
árvore e a palavra no português, soletrada por meio do alfabeto manual.
Exemplo: o professor soletra a palavra usando o alfabeto manual.
5. Alfabeto manual – palavra escrita: a criança associa a palavra escrita
com o alfabeto manual. Exemplo: representar a palavra “árvore” por
meio do alfabeto manual.
6. Palavra escrita no texto: a criança lê a palavra no texto (QUADROS,
2006).
https://goo.gl/hgPEBj
22 Alunos com necessidades educativas especiais: surdez, deficiência auditiva, cegueira e baixa visão
BISOL, C.; SPERB, T.M. Discursos sobre a surdez: deficiência, diferença, singu-
laridade e construção de sentido. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 26, n. 1,
jan./mar. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
-37722010000100002&script=sci_abstract>. Acesso em: 19 jul. 2018.
BRASIL. Decreto nº. 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de
24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18
da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. 2005. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9961-decreto-
5626-2005-secadi&Itemid=30192>. Acesso em: 19 jul. 2018.
BRASIL. Lei nº. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais
- Libras e dá outras providências. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm>. Acesso em: 20 jul. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Desenvolvendo competências para o atendimento às
necessidades educacionais especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão. 2. ed.
Brasília: MEC, 2006a. (Série Saberes e práticas da inclusão). Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/alunoscegos.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Desenvolvendo competências para o atendimento
às necessidades educacionais de alunos surdos. Brasília: MEC, 2006b. (Série Saberes e
práticas da inclusão). Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/
alunossurdos.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução nº. 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Di-
retrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação
Básica, modalidade Educação Especial. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
dmdocuments/rceb004_09.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2018.
DAMÁZIO, M. F. M. Atendimento educacional especializado: pessoa com surdez. São
Paulo: MEC/SEESP, 2007.
DAMÁZIO, M. F. M.; ALVES, C. B.; FERREIRA, J. de P. Educação escolar de pessoas com
surdez. In: BRASIL. Ministério da Educação. Abordagem bilíngue na escolarização de
pessoas com surdez. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010.
GIL, M. (Org.) Deficiência visual. Brasília: MEC, 2000. Disponível em: <http://
portal.mec. gov.br/seed/arquivos/pdf/deficienciavisual.pdf>. Acesso em: 19 jul.
2018.
Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORAMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edif-
cações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Brasília: ABNT, 2015.
BRASIL. Decreto nº. 6.571, de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre o atendimento
educacional especializado, regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto no 6.253, de 13 de
novembro de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
_ato2007-2010/2008/decreto/d6571.htm>. Acesso em: 19 jul. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Programa de capacitação de recursos humanos do ensino
fundamental: deficiência visual. Brasília: MEC, 2001. v. 1. Disponível em: <http://www.livros-
gratis.com.br/ler-livro-online-20676/deficiencia-visual---volume-1>. Acesso em: 20 jul. 2018.
JESUS, C. K.; NERES, C. C. Inclusão e escolarização do surdo: o que relatam as pesquisas?
[2015]. Disponível em: <http://www.marilia.unesp.br/Home/Eventos/2015/jornada-
donucleo/inclusao-e-escolarizacao-do-surdo.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2018.
SMITH, D. D. Introdução à educação especial: ensinar em tempos de inclusão. 5. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2008.
TVBRASIL. Recursos para pessoas com deficiência visual: programa especial. Youtube,
ago. 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=ENh1NNpr-00>. Acesso em: 20 jul. 2018.