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FASES DA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA – PROFESSOR BRUNO RANGEL 26/05/2018

A industrialização no Brasil pode ser dividida em oito períodos principais: o primeiro período, de 1500 a 1808, chamado de
"Proibição"; o segundo período, de 1808 a 1930, chamado de "Implantação"; o terceiro período, de 1930 a 1956, conhecido como
fase da Revolução Industrial Brasileira, o quarto período, de 1956 a 1963, chamado de fase da internacionalização da economia
brasileira. Pode-se dizer que a 4ª fase ocorre até hoje, contudo, para fins didáticos, será dividida um pouco mais. Assim, temos uma
5ª fase, de 1964 a 1985, o período militar. O sexto período, de 1985 a 1994, chamar-se-á década perdida; o sétimo período, de 1994
a 2002, é o da recuperação e, por fim, o 8º período, de 2002 a 2012, caracterizado pela expansão/crescimento da economia e da
produção industrial. De 2013 em diante, temos a economia contemporânea, marcada por diversas crises econômicas, especialmente
de origem política.

Primeiro período (1500 - 1808): Proibição


Nesta época se fazia restrição ao desenvolvimento de atividades industriais no Brasil. Apenas uma pequena indústria para consumo
interno era permitida, devido às distâncias entre a metrópole e a colônia. Eram, principalmente, de fiação e calçados. Havia, ainda,
atividades econômicas exploratórias, como as relacionadas aos engenhos, a mineração, ao extrativismo vegetal e a agropecuária.
Tudo sob forte controle metropolitano.
Na segunda metade do século XVIII algumas indústrias começaram a crescer, como a do mármore e a têxtil. Portugal já possuía
essas indústrias, abrindo assim uma concorrência ao comércio da corte e poderiam tornar a colônia independente financeiramente,
adquirindo a possibilidade da independência política. Assim, em 5 de janeiro de 1785, D. Maria I assinou um alvará, extinguindo
todas as manufaturas têxteis da colônia, exceto a dos panos grossos para uso dos escravos e trabalhadores.

Segundo período (1808 - 1930): Implantação


Em 1808 chegando ao Brasil a família real portuguesa, D. João VI revogou o alvará, abriu os portos ao comércio exterior e fixou taxa
de 24% para produtos importados, 15% para os ingleses e 16% para os produtos portugueses.
Em 1810 através de um contrato comercial com a Inglaterra, foi fixada em 15% a taxa para as mercadorias inglesas por um período
de 15 anos. Neste período, o desenvolvimento industrial brasileiro foi mínimo devido à forte concorrência dos produtos ingleses que,
além de serem de melhor qualidade, eram mais baratos.
Em 1844 o então Ministro da Fazenda Manuel Alves Branco decretou uma lei (Lei Alves Branco) que ampliava as taxas de
importação para 20% sobre produtos sem similar nacional e 60% sobre aqueles com similar nacional. Assim, algumas atividades
industriais do país foram protegidas.
Em 1846 a indústria têxtil obteve incentivos fiscais e, no ano seguinte, as matérias-primas necessárias à indústria do país receberam
isenção das taxas alfandegárias.
Mas nem esses incentivos foram suficientes para alavancar o desenvolvimento industrial. A escravidão ainda estava presente.
Faltavam trabalhadores livres e assalariados para constituir a base do mercado consumidor. Além disso, as elites enriquecidas pelo
café ainda não estavam dispostas a investir na indústria.
Em 1850 é assinada a Lei Eusébio de Queirós proibindo o tráfico intercontinental de escravos (embora o tráfico interprovincial
continuasse, destacando-se a transferência de escravos da decadente economia nordestina para o Oeste Paulista, que vivia a
ascensão da cafeicultura) e que trouxe duas consequências importantes para o desenvolvimento industrial:

 Os capitais que eram aplicados na compra de escravos ficaram disponíveis e parte deles foram aplicados no setor
industrial.
 A cafeicultura, que estava em pleno desenvolvimento, necessitava de mão de obra. Isso estimulou a entrada de um número
considerável de imigrantes, que trouxeram novas técnicas de produção de manufaturados e foi a primeira mão de obra
assalariada no Brasil. Assim constituíram um mercado consumidor indispensável ao desenvolvimento industrial, bem como
força de trabalho especializada.
O setor que mais cresceu foi o têxtil, favorecido em parte pelo crescimento da cultura do algodão em razão da  Guerra de Secessão
dos Estados Unidos, entre 1861 e 1865. Na década de 1880 ocorreu o primeiro surto industrial quando a quantidade de
estabelecimentos passou de duzentos, em 1881, para seiscentos, em 1889. Esse primeiro momento de crescimento industrial
inaugurou o processo de substituição de importações.
Entre julho de 1914 e novembro 1918 ocorreu a Primeira Guerra Mundial e, a partir daí, vamos constatar que os períodos de crise
foram favoráveis ao nosso crescimento industrial.
Com a dificuldade em se importar os bens industrializados, a exportação do café foi prejudicada, estimulando dessa forma os
investimentos e a produção interna, basicamente indústria de bens de consumo. Foi nesse cenário que a acumulação de capital
advindo da economia cafeeira começou a ser invertido em investimentos industriais. O café começava a não ter mais o rendimento
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de outrora, e a proibição do aumento da lavoura, fez com que alguns barões do café começassem a diversificar seus investimentos.
Contudo, as primeiras indústrias foram surgindo de maneira paulatina, no final do século XIX e início do XX, elas representavam
ainda uma baixa participação na economia nacional.
Em 1907 foi realizado o 1° censo industrial do Brasil, indicando a existência de pouco mais de 3.000 empresas. O 2° censo, em
1920, mostrava a existência de mais de 13.000 empresas, caracterizando um novo grande crescimento industrial nesse período,
principalmente durante a 1ª Guerra Mundial quando surgiram quase 6.000 empresas.
Predominava a indústria de bens de consumo não-duráveis, que já abastecia boa parte do mercado interno.
O setor alimentício cresceu bastante, principalmente a exportação de carne, ultrapassando o setor têxtil. A economia do país
continuava, no entanto, dependente do setor agroexportador, especialmente o café, que respondia por aproximadamente 70% das
exportações brasileiras.

Terceiro período (1930-1955): "Revolução industrial"


Foi marcado pela Revolução de 1930, com Getúlio Vargas, que operou uma mudança decisiva no plano da política interna, afastando
do poder do estado oligarquias tradicionais que representavam os interesses agrários-comerciais. Getúlio Vargas adotou uma política
industrializante, a substituição de mão-de-obra imigrante pela nacional. Essa mão-de-obra era formada no Rio de Janeiro e São
Paulo em função do êxodo rural (decadência cafeeira) e movimentos migratórios de nordestinos.
Vargas investiu forte na criação da infraestrutura industrial: indústria de base e energia. Destacando-se a criação de:

 Conselho Nacional do Petróleo (1938)


 Companhia Siderúrgica Nacional (1941)
 Companhia Vale do Rio Doce (1943)
 Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945)
Foram estes os fatores que contribuíram para o desenvolvimento industrial a partir de 1930:

 o grande êxodo rural, devido a crise do café, com o aumento da população urbana que foi constituído um mercado
consumidor e mão de obra.
 a redução das importações em função da crise mundial e da 2ª Guerra Mundial, que favoreceu o desenvolvimento
industrial, livre de concorrência estrangeira.
 Aumento das exportações devido à 2ª Guerra Mundial.
Esse desenvolvimento ocorreu principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, definindo a grande concentração
espacial da indústria, que permanece até hoje.
Uma característica das indústrias que foram criadas desde a 1ª Guerra Mundial é que muitas delas fazem apenas a montagem de
peças produzidas e importadas do exterior. São subsidiárias das matrizes estrangeiras.
No início da 2ª Guerra Mundial o crescimento diminuiu porque o Brasil não conseguia importar os equipamentos e máquinas que
precisava. Isso ressalta a importância de possuir uma Indústria de Bens de Capital.
Apesar disso, as exportações brasileiras continuaram a se manter acarretando um acúmulo de divisas. A matéria-prima nacional
substituiu a importada.
Ao final da guerra já existiam indústrias com capital e tecnologia nacionais, como a indústria de autopeças.
Ao final da Segunda Guerra Mundial o Brasil dispunha de grandes reservas de moeda estrangeira, divisas, fruto de ter exportado
mais do que importado e houve um crescimento de 8,9% de 1946 a 1978.
Enquanto nas décadas anteriores houve predominância da indústria de bens de consumo, na década de 40 outros tipos de atividade
industrial começam a se desenvolver como no setor de minerais, metalurgia, siderurgia, ou seja, setores mais sofisticados
tecnologicamente.
Em 1946 teve início a produção de aço da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Volta Redonda, que abriu perspectivas para o
desenvolvimento industrial do pais, já que o aço constitui a base ou a "matriz" para vários ramos ou tipos de indústria. [1]
Em 1950 alguns problemas de grande importância dificultaram o desenvolvimento industrial:

 falta de energia elétrica;


 baixa produção de petróleo;
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 rede de transporte e comunicação deficientes.


Para tentar sanar os dois primeiros problemas, o presidente Getúlio Vargas inaugurou a Companhia Hidrelétrica do São
Francisco, Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso e criou a Petrobras
No segundo governo Vargas (1951-1954), os projetos de desenvolvimento baseados no capitalismo de Estado, através de
investimentos públicos no extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC, em 1951), BNDES, dentre outros, forneceram importantes
subsídios para, posteriormente, Juscelino Kubitschek lançar seu Plano de Metas, ainda que a um elevado custo de
internacionalização da economia brasileira.

Quarto período (1956-1961/63): Internacionalização


No governo de Juscelino Kubitschek, 1956 a 1961, criou-se um Plano de Metas que dedicou mais de 2/3 de seus recursos para
estimular o setor de energia e transporte.
Aumentou a produção de petróleo e a potência de energia elétrica instalada, visando a assegurar a instalação de indústrias.
Desenvolveu-se o setor rodoviário.
Houve um grande crescimento da indústria de bens de produção que cresceu 370% contra 63% da de bens de consumo.
Percebe-se, por esses números, que na década de 50 alterou-se a orientação da industrialização do Brasil. Contribuiu para isso a
Instrução 113 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), instituída em 1955, no governo Café Filho. Essa Instrução
permitia a entrada de máquinas e equipamentos sem cobertura cambial (sem depósito de dólares para a aquisição no Banco do
Brasil).
O crescimento da indústria de bens de produção refletiu-se principalmente nos seguintes setores:

 siderúrgico e metalúrgico (automóveis);


 químico e farmacêutico;
 construção naval, implantado no Rio de Janeiro em 1958 com a criação do Grupo Executivo da Indústria de Construção
Naval (GEICON).
No entanto, o desenvolvimento industrial foi calcado, em grande parte, com capital estrangeiro, atraído por incentivos cambiais,
tarifários e fiscais oferecidos pelo governo.
Nesse período teve início em maior escala a internacionalização da economia brasileira, através das multinacionais.
A década de 60 começou com sérios problemas políticos: a renúncia de Jânio Quadros em 1961, a posse do vice-presidente João
Goulart, discussões em torno de presidencialismo ou parlamentarismo. Esses fatos ocasionaram um declínio no crescimento
econômico e industrial.

Quinto período (1956-1961/63): Militar


Após 1964, os governos militares, retomaram e aceleraram o crescimento econômico e industrial brasileiro. O Estado assumiu a
função de órgão supervisor das relações econômicas. O desenvolvimento industrial pós 64 foi significativo.
Ocorreu uma maior diversificação da produção industrial. O Estado assumiu certos empreendimentos como: produção de energia
elétrica, do aço, indústria petroquímica, abertura de rodovias e outros, assegurando para a iniciativa privada as condições de
expansão ou crescimento de seus negócios.
Houve grande expansão da indústria de bens de consumo não-duráveis e duráveis com a produção inclusive de artigos sofisticados.
Aumentou, entre 1960 e 1980, em números significativos a produção de aço, ferro-gusa, laminados, cimento, petróleo.
Para sustentar o crescimento industrial, houve o aumento da capacidade aquisitiva da classe média alta, através de financiamento de
consumo. Foi estimulada, também, a exportação de produtos manufaturados através de incentivos governamentais. Em 1979, pela 1ª
vez, as exportações de produtos industrializados e semi-industrializados superaram as exportações de bens primários (produtos da
agricultura, minérios, matérias-primas).
O milagre econômico (1968-1973): A partir de 1968, o País experimentou uma nova fase de sua economia e de seu processo de
industrialização brasileira. A recuperação financeira, fruto da reforma tributária, criação de fundos de poupança compulsória (PIS,
PASEP, FGTS) e ampliação do crédito lançaram bases para o momento considerado o “milagre brasileiro”. Entretanto, fatores
externos também explicam esse crescimento, como o crescimento da economia mundial nestes anos, que permitiu o acesso a um
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abundante crédito externo, possibilitando o endividamento e criando espaço para a diversificação e o crescimento das exportações
brasileiras.
Como forma de legitimar o seu poder autoritário, os governos ditatoriais investiram fortemente em obras de impacto, em áreas como
transporte e energia. Dentre essas obras podemos destacar a Usina Hidrelétrica de Itaipu, binacional (Brasil-Paraguai), responsável
por produzir 17% da energia nacional e, até 2008, a maior hidrelétrica do mundo.
A implantação da usina nuclear de Angra é outra marca do investimento em energia do período. Também podemos citar a ponte Rio-
Niterói, expressão da modernidade e de grande complexidade, tendo o maior vão em viga reta construído pelo homem. É a 13ª no
mundo em extensão.
Além disso, ocorreu a construção de rodovias com a ampliação da malha viária de 3 mil para 45 mil quilômetros, sem falar nos
estádios de futebol, como o Castelão, em Fortaleza, e o Mineirão, em Minas Gerais, que serviram como forma de expressão e
propaganda da ditadura.
O saldo do período registrou um percentual anual de crescimento industrial de 12,7%. Já o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu entre
1968 e 1973, 11,3%, superando com grande margem o período anterior, quando o crescimento médio anual havia sido de 3,2%.
Contudo, verificou-se que ao mesmo tempo em que foram realizados grandes projetos, o endividamento público crescia em
proporções astronômicas. Ou seja, aproveitando a centralização do poder político que o autoritarismo permitia, o que possibilitou a
atração de grandes remessas de empréstimos internacionais e posteriormente o crescimento industrial permitiu que, no período da
ditadura, o país apresentasse números expressivos de crescimento econômico, que teve um custo alto a ser pago posteriormente.
Nesse contexto, o fim do milagre viria com a primeira crise do petróleo, em 1973, causada pela guerra do Yom Kippur fez com que a
concessão de empréstimos diminuísse e os juros aumentassem no mercado global, levando o Brasil para o período que ficou
conhecido como Marcha Forçada.
A marcha forçada (1974-1984): é importante destacar que o crescimento apresentado no período do milagre econômico foi baseado
também em um grande arrocho salarial, em um contexto mundial no qual as empresas multinacionais perceberam que poderiam
reduzir custos instalando-se em países que possibilitassem mão-de-obra barata, legislação ambiental frágil, grande quantitativo de
recursos naturais e infraestrutura básica. Esse movimento estrangeiro permitiu que as empresas nacionais, que disputavam o
mercado em condições de extrema desigualdade, fossem sendo absorvidas pelas multinacionais, o que provocou uma intensa
concentração de capital nas mãos destas grandes e poucas empresas.
O mesmo fenômeno de concentração pôde ser percebido no campo onde a tecnologia expulsou milhares de trabalhadores, que
migraram para as áreas urbanas em busca de sobrevivência. Isso tudo caracterizou uma sociedade fortemente desigual, com a
renda concentrada na mão de poucos. Com o aumento do endividamento e as crises internacionais do petróleo, nos anos de 1973 e
1979, os juros sobre a dívida aumentaram significativamente, e a medida de emitir papel-moeda no mercado só serviu para explodir
a inflação, de forma que isso tudo trouxe uma grande retração econômica e da produção industrial, proporcionando o fim do período
militar e a entrada na democracia com um país em grave crise econômica.

Sexto período (1985/94): “Década perdida”


Com o fim do regime militar, inicia-se no país um processo de redemocratização. Numa eleição indireta é escolhido Tancredo Neves
para assumir o governo, contudo, ele vem a falecer, assumindo então, José Sarney, que recebe um país em crise profunda, com
grande endividamento e inflação em crescimento.
Após um período de inflação ascendente, foi lançado em 28 de fevereiro de 1986 pelo Governo Sarney o Plano Cruzado, que
embora tivesse objetivos implícitos eleitorais, foi caracterizado por uma tentativa de promover o crescimento da produção econômica
brasileira sem passar pela penosa austeridade fiscal e monetária que seria a marca registrada do Plano Real, em 1994.
No entanto, a proteção alfandegária que existia na época, que restringia as importações e o desabastecimento, principalmente de
produtos de primeira necessidade, promovido por setores oligopolizados da economia, condenaram o plano econômico ao fracasso.
A era Sarney foi marcada por uma série de planos que não conseguiram conter o problema da inflação. As medidas, conhecidas
como o Plano Cruzado, Cruzado II, Plano Bresser e Plano Verão, não obtiveram êxito para frear a inflação, que aumentava como
uma bola de neve.
– Plano Cruzado: Foi lançado no dia 28 de fevereiro de 1986. Esse plano estabeleceu medidas como congelamento de preços,
congelamento de salários, elaboração de uma espécie de seguro desemprego, entre outras medidas.
– Plano Cruzado II: Veio a substituir o primeiro plano e estabeleceu medidas como aumento dos impostos sobre bebidas e cigarros,
reajuste de aluguéis, aumento da carga fiscal, entre outras.
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– Plano Bresser: Foi implementado no dia 16 de junho de 1987. Esse plano consistiu em medidas como atrasar grandes obras
(construção do trem-bala e polo petroquímico no Rio de Janeiro), desativação do gatilho salarial e a eliminação do subsídio do trigo.
– Plano Verão: Veio a ser lançado no dia 16 de janeiro de 1989. Entre as principais medidas se destacaram a redução dos gastos
públicos, mais congelamento de preços, reforma tributária (corte de três zeros na moeda), aumento dos juros, entre outras medidas.
Em um curto período que abrangeu a segunda metade da década de 80, a situação financeira se apresentava tão instável que
a população brasileira teve no bolso moedas como o Cruzeiro, Cruzado e Cruzado Novo.
Apesar de tais planos e alternativas para salvar a oscilante economia brasileira daquele período, a inflação e a desigualdade
social ainda perduraram, fatos esses que ajudaram a década de 1980 a ser conhecida pejorativamente como a década perdida.
Após Sarney, o povo brasileiro volta às urnas e elege o “caçador de marajás”, Fernando Collor de Mello. Os planos Collor I e II
ficaram marcados principalmente pelo confisco da caderneta de poupanças – a mais drástica entre as tentativas de combate aos
altos índices de inflação que vigoravam à época no país, e pela hiperinflação. Entre dezembro de 1989 e março de 1990, a inflação
saiu de uma taxa em torno de 50% ao mês para a faixa de aproximadamente 100% ao mês.

Sétimo período (1994 a 2002): Recuperação


Fernando Henrique Cardoso foi presidente por dois mandatos consecutivos (de 1995 a 1998 e de 1999 a 2002). Suas principais
marcas foram a consolidação do Plano Real, iniciado no Governo de seu antecessor, o presidente Itamar Franco, a reforma do
Estado brasileiro, com a privatização de empresas estatais, a criação das agências regulatórias e a mudança da legislação que rege
o funcionalismo público, bem como a introdução de programas de transferência de renda como o Bolsa Escola.
O governo Fernando Henrique registrou crescimento de 19,39% do PIB (média de 2,42%) e 6.99% da renda per capita (média de
0,87%). FHC assumiu com a inflação em 916,43% e entregou a 12,53%.
Durante o Plano Real e sucessivamente, houve um maciço ingresso de investimentos externos na área produtiva, sendo essa
entrada de dólares uma das âncoras do plano. Só na área da indústria de automóveis, entraram com fabricação no país durante o
governo de Fernando Henrique nada menos que onze marcas (Peugeot, Renault, Citroën, Audi, Mitsubishi, Nissan, Land
Rover, Toyota - até então uma pequena fábrica artesanal de jipes, Honda, Mercedes-Benz automóveis, Dodge-Chrysler, fora a (na
época) brasileira Troller). Ainda no setor de caminhões a Volkswagem implantou fábrica em Resende-RJ, a Iveco em Minas e a
Internacional/Agrale no Rio Grande do Sul. Entraram em atividade também montadoras de motocicletas
como Kasinski e Sundown em Manaus. A produção de veículos no país cresceu expressivamente ultrapassando a marca de 2
milhões/ano. Investimentos perderam fôlego por causa das crises em vários países emergentes que ainda afetavam o Brasil.
É na década de 1990 que ocorre uma onda de desconcentração espacial das indústrias, que já vinha sendo registrada desde a
década de 1970, mas que passa a sofrer um efeito catalisador a partir desse período, por meio da chamada  Guerra Fiscal, em que
cidades em vários pontos do Brasil oferecem incentivos, e até mesmo renúncias fiscais e financiamento do parque industrial de
empresas, no intuito de hospedar empreendimentos.
O período é caracterizado nos vestibulares especialmente pelo Neoliberalismo e pelas privatizações, via de regra, num tom de crítica
ao processo, apesar da recuperação econômica ocorrida, do controle inflacionário e da equiparação da dívida externa.

Oitavo período (2002 a 2012): Crescimento


Período do governo Lula (2 mandatos) e início do primeiro mandato de Dilma.
O Presidente Lula assume em primeiro de janeiro de 2003 e mantém a política macroeconômica que vinha sendo executada desde
1999, apoiada na combinação do regime de metas de inflação com o câmbio flutuante e a política de geração de superávit fiscal
primário, visando a continuidade do controle inflacionário. Para cumprir as metas de inflação, o Banco Central continua fixando a taxa
básica de juros em patamares muito elevados.
O PIB (Produto Interno Bruto), que representa a soma de todas as riquezas de um país, teve um crescimento médio anual de 4,0%
nos dois mandatos. O índice é quase o dobro do registrado no período de 1981 a 2002 (2,1%). Assim, o Brasil passou de 12º lugar
para 8º no ranking das maiores economias do mundo. Neste contexto, a redistribuição de renda foi o principal destaque, com a
ampliação de programas sociais criados no governo FHC.
Neste contexto, a redistribuição de renda foi o principal destaque. Programas sociais como o Bolsa Família, a expansão do crédito e
o aumento de empregos formais e do salário mínimo (que passou de R$ 200 em 2002 para R$ 510, em 2010) permitiram a ascensão
de classes mais pobres. O efeito também foi sentido no setor empresarial: a maior renda do trabalhador converteu-se em compras. A
alta no consumo, por sua vez, estimulou investimentos no comércio e na indústria, inclusive em contratações, realimentando o ciclo.
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O resultado foi a redução do número de pobres (brasileiros com renda per capital mensal inferior a R$ 140), que caiu de 50 milhões
para 29,9 milhões desde 2003.
Neste cenário, aumenta a produção industrial e o número de empresas no país, especialmente no Nordeste, no Centro-oeste e no
Norte. Surge um conceito que, embora polêmico, é muito utilizado em provas de vestibular, a nova classe média. O saldo político do
período retrata-se no alcance de um índice de popularidade de mais de 80% de aprovação de Lula.
A lamentar a sobrecarga que o período impôs aos cofres públicos, elevando de modo exacerbado as despesas do Estado,
paralelamente a não realização de reformas que se tornaram necessárias a manutenção do crescimento econômico, como a
tributária e a da previdência. O desequilíbrio das contas públicas, com o altíssimo custo da máquina pública, limitaria futuramente a
viabilidade dos programas sociais e de intervenção econômica.
Em síntese, manutenção dos principais aspectos do Plano real, crescimento da economia, via aumento do consumo, com ampliação
da produção industrial e do consumo. Aumento excessivo dos gastos e aumento da ação direta do Estado.

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