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UNIVERSIDADE LUSÍADA DE ANGOLA

FACULDADE DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


“História das Relações Internacionais”
MANUAL DE APOIO AO ESTUDANTE

LUANDA/2021

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PROGRAMA DE DISCIPLINA

DADOS GERAIS

Docente: JOVITA - João Baptista de Jovita1


E-mail: jovitaj78@gmail.com
Horário de atendimento: marcação com antecedência via e-mail.
Curso: 16 semanas x 2 aulas = 32 Aulas x 2 horas = 64
Carga Horária Semanal: 2 aulas (4 horas)

Dias de aula Turmas: R2M & R2N quarta e quinta-feira


Pasta da Disciplina: Reprografia
20 .Ano/ lº e IIº Semestre Ano
Lectivo 2021/2022

EMENTA

Análise da formação do Sistema Internacional: Prelúdio feudal; o Antigo regime: apogeu


e declínio; a formação da sociedade liberal; crise da ordem internacional inglesa

OBJETIVOS

A disciplina visa discutir a formação e consolidação do Sistema, analisando a evolução


do capitalismo desde a sua formação até o início do século XX (1914), bem enfatizando
a política interacional. Ao final da disciplina o aluno de ser capaz de compreender as
peculiaridades de cada período histórico e seus reflexos sobre o Sistema Internacional.
METODOLOGIA/DIRECTIVAS:

A metodologia utilizada constará de aulas expositivas com sessões de exercícios e estudos


dirigidos, exposição e discussão de textos em sala de aula e quando necessário a projeção

1
Professor, Consultor político e econômico. Doutorando em Relações Internacionais pelo Instituto de
Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP). Mestre e Graduado em Relações
Internacionais pelo Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia
– Minas Gerais / Brasil. Pesquisador Associado ao Laboratório da História Global e das Relações
Internacionais (USP-Harvard University); do Centro de Estudos das Negociações Internacionais (IRI-
USP); Pesquisador Visitante pela Fundação Dr. António Agostinho Neto (FAAN).

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e debates sobre vídeo aulas (filmes) em espaços de acesso aos discentes com base nos
equipamentos disponibilizados pela da instituição.

AVALIAÇÃO
Provas, trabalhos individuais, resenhas críticas em grupos.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Iº SEMESTRE

UNIDADE I – Prelúdio feudal: as origens do capitalismo e do sistema


internacional
1.1. Estrutura e dinâmica da Soiedade Feudal
1.2. As crises do Feudalismo
1.3. Trinta anos de guerra e a Paz de Westfalia (1618-1648)
1.4. Absolutismo e Mercantilismo

UNIDADE II – O Antigo Regime: apogeu e declínio


2.1. A reforma Protestante e seus impactos sobre as Relações Internacionais
2.2. Guerras Napoleónicas
2.2.1. Congresso de Viena
2.2.2. Revolução Inglesa e seus desdobramentos
2.2.3. Revolução Francesa
2.2.4- Uma Sociedade Intenacional europeia?
2.2.5- A criação da Alemanha
2.2.6- Sistemas Bismarkianos

UNIDADE III – O novo imperialismo (1871-1941)


3.1. Novo Imperialismo na África
3.2. Novo Imperialismo na Ásia.
3.2. Novo Imperialismo na América

UNIDADE IV – Bipolaridade – A primeira Guerra Muindal


4.1. O Fim da I Guerra Mundial
4.2. A Criação da Sociedade das Nações (SDN)
4.3. A Paz Ilusória: Tratado de Versalhes
4.4. A crise de 1929

IIº SEMESTRE

UNIDADE V – Regimes ditaroriais na Europa


5.1. O nazismo - Alemanha
5.2. O fascismo – Itália, Portugal e Espanha
5.3. Fracasso da Sociedade das Nações (SDN)

UNIDADE VI – II Guerra Mundial


6.1. Reação Internacional
6.2. O início da Guerra
6.3. Desenvoltura da Guerra

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6.4. A Guerra na Europa
6.5. A Guerra no Pacífico
6.6. Campos de Concentração
6.7. A África na II Guerra Mundial
6.8. Fim da II Guerra Mundial

UNIDADE VII – O Período pós-Guerra: A ONU


7.1. Carta do Atlântico
7.2. Tratado de Teerão
7.3. Tratado de Yalta
7.4. Tratado de Postdam
7.5. Tratado de São Francisco

UNIDADE VIII – Guerra Fria


6.1. Conceitos
6.2. Bloqueio de Berlim
6.3. Plano Marshall
6.4. Pacto de Varsóvia e a OTAN
6.5. Guerra das Coreias e o Conflito do Suez
6.6. Conflito dos Mísseis de Cuba
6.7. Conferência de Bandung
6.8. Fim da URSS
8.9. A União Europeia

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UNIDADE I – PRELÚDIO FEUDAL: AS ORIGENS DO CAPITALISMO E DO
SISTEMA INTERNACIONAL

A Idade Média, na Europa, foi caracterizada pelo aparecimentos, apogeu e decadência de um


sistema econômico, político e social denominado feudalismo. Este sistema começou a se estruturar na
Europa ao final do Império Romano do Ocidente (século V), atingiu seu apogeu no século X e
praticamente desapareceu ao final do século XV.
O texto escrito pelo bispo Adalberto em plena Idade Média. Ele descreve a divisão de funções
entre os homens na sociedade européia de sua época. A forma de relação entre os homens daquele
período não se cristalizou repentinamente. Foi fruto de um processo iniciado no século V, com a
destruição do Império Romano do Ocidente. Ganhou maior intensidade após as invasões dos
muçulmanos, no século VIII, e normandos e magiares no século IX. Atingiu seu apogeu, no século X
nas terras da Europa Centro-Ocidental.
O feudalismo foi o sistema político e econômico da Idade Média. Entrou em vigor na
Europa a partir do século V, quando os povos germânicos passaram a invadir o Império
Romano.
Vários foram os fatores que impulsionaram o feudalismo como, por exemplo, o êxodo
urbano. Como haviam muitas invasões, as pessoas preferiam sair das cidades e morar no
interior.
Esse foi um dos motivos que fizeram com que o feudo (propriedade, lote de terra)
fosse valorizado e por isso todo o sistema feudal tem grandes protagonistas os senhores
feudais, que tinham a posse de terra.
Além disso, com a chegada dos germânicos, os setores político, social e econômico
do Império Romano do Ocidente passou a ser desintegrado, o que resultou no
enfraquecimento comercial e diminuição de várias atividades.

1.1. Estrutura e dinâmica da Soiedade Feudal

1- As Origens do Feudalismo

Por volta do ano 400, os escritores latinos ainda dedicavam elogios à grandeza de Roma. Esse
entusiasmo fundamentava-se na extensão do império que, para os romanos atingia a todo o universo
civilizado. Era difícil aos romanos perceber o quanto estava próximo o fim de seu império.
Para o historiador atual, no entanto, os sinais de decadência e desagregação do Império Romano
já eram visíveis antes mesmo do início do século V. A crise econômica e os seguidos ataques dos
povos germânicos vinham minando a civilização romana desde o século IV.

2- Feudalismo: sistema econômico, político e social que caracterizou a Europa durante a


Idade Média (476/1453)

Formalmente costuma-se considerar o ano de 476, data em que os hérulos invadem Roma, como
o fim do Império Romano do Ocidente e o início da chamada Idade Média. Da mesma forma, é aceito
o ano de 1453, quando os turcos otomanos conquistam Constantinopla pondo fim o Império Bizantino,
como o término da Idade Média.
Estas datas servem, apenas, para uma divisão didática da História. Da mesma maneira como as
estruturas do Império Romano já estavam abaladas muito antes de 476, as características que
marcaram a Idade Média européia encontravam-se bastante modificadas alguns séculos antes de 1453.
A Idade Média, na Europa, caracterizou-se pelo aparecimento, apogeu e decadência de um sistema
econômico, político e social denominado feudalismo. Este sistema foi fruto de uma lenta integração

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entre alguns traços da estrutura social romana e outros da estrutura social germânica. Esse processo
de integração que resultou na formação do feudalismo, ocorreu no período histórico compreendido
entre os séculos VI e IX.

3- As bases romanas do feudalismo europeu: as vilas romanas, o colonato e o Cristianismo.

Por volta do fim do Império Romano do Ocidente, os grandes senhores romanos abandonavam as
cidades, fugindo da crise econômica e das invasões germânicas. Iam para seus latifúndios no campo,
onde passavam a desenvolver uma economia agrária voltada para a subsistência. Esses centros rurais
eram conhecidos por vilas romanas, originando os feudos medievais.

Homens romanos de menos posse iam buscar proteção e trabalho nas terras desses grandes
senhores. Para poderem utilizar as terras, eram obrigados a ceder ao proprietário parte do que
produziam. Essa relação entre o senhor das terras e aquele que produzia ficou conhecida por colonato.
Também o grande número de escravos da época foi utilizado nas vilas romanas. Com o tempo tornou-
se mais rendoso libertar os escravos e aproveitá-los sob regime de colonato.

Com algumas alterações futuras, esse sistema de trabalho resultou nas relações servis de produção,
traço fundamental do feudalismo. Com a ininterrupta ruralização do Império Romano, o poder central
foi perdendo seu controle sobre os grandes senhores agrários. Aos poucos, as vilas romanas
aumentavam sua autonomia. Cada vez mais o poder político descentralizava-se, permitindo ao
proprietário de terras administrar de forma independente a sua vida.

O Cristianismo foi outra contribuição fundamental da civilização romana para a formação do


feudalismo. Originário do Oriente, o Cristianismo se enraizou na cultura romana, passando a ser a
religião oficial do império no século IV. No início da Idade Média, a religião cristã já havia triunfado
sobre as seitas rivais da Europa. Em pouco, a Igreja tornou-se a instituição mais poderosa do continente
europeu, determinando a cultura do período medieval.

4- As bases germânicas: a sociedade agropastoril, o particularismo, o comi tatus e o direito


não-escrito.

A contribuição dos povos germânicos para a formação do feudalismo se deu principalmente ao


nível dos costumes. A sociedade feudal, assim como a germânica, organizou-se economicamente sobre
atividades agropastoris.

A descentralização do poder é herança da cultura germânica. As várias tribos viviam de maneira


autônoma, relacionando-se apenas quando se defrontavam com um inimigo comum. Então, uniam-se
sob o comando de um só chefe.

As relações entre o suserano e o vassalo, baseadas na honra, lealdade e liberdade tiveram suas
origens no comitatus germânico. O comitatus era um grupo formado pelos guerreiros e seu chefe.
Possuía obrigações mútuas de serviço e lealdade. Os guerreiros juravam defender seu chefe e este se
comprometia a equipá-los com cavalos e armas. Mais tarde, no feudalismo, essas relações de honra e
lealdade geraram as relações de suserania e vassalagem. A prática da homenagem, típica do Império
Carolígio, pela qual os vassalos juravam fidelidade ao suserano, provavelmente tinha derivado
do comitatus.

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Também o direito no feudalismo teve influência germânica. Baseava-se nos costumes e não na lei
escrita. Era considerado uma propriedade do indivíduo, inerente a ele em qualquer local que estivesse.
Tal forma do Direito, considerado produto dos costumes e não da autoridade, é conhecido por direito
consuetudinário.

5- As novas invasões ao continente europeu nos séculos VIII e IX e o apogeu do sistema


feudal

O processo de declínio do comércio, angariação da economia, ruralização da sociedade e


descentralização do poder político teve início no final do Império Romano do Ocidente. A lenta
integração entre os aspectos da sociedade romana e da sociedade germânica foi acelerada com as
invasões dos séculos VIII e IX.

Em 711, os muçulmanos, vindos da África, conquistaram a Península Ibérica, a Sicília, a Córsega


e a Ardenha, "fechando" o mar Mediterrâneo à navegação e ao comércio europeus. Ao norte, no século
IX, os normandos também se lançaram à conquista da Europa. Conquistaram a Bretanha e o noroeste
da França. Penetraram no continente europeu através de seus reios, saqueando suas cidades. A leste,
os magiares, cavaleiros nômades provenientes das estepes euro-asiáticas, invadiram a Europa Oriental.

Isolada dos outros continentes, a Europa fragmentou-se internamente. Os constantes ataques e


saques criaram uma insegurança geral. As vias de comunicação ficaram bloqueadas. As últimas
invasões amadureceram as condições para o pleno estabelecimento do sistema feudal.

O comércio regrediu ao nível de troca direta. A economia organizou-se plenamente. As cidades


despovoaram-se, completando o processo de ruralização da sociedade. O poder político se
descentralizou em uma multiplicidade de poderes localizados e particularistas. O feudalismo se
estabeleceu em sua plenitude.

6- Características gerais do feudalismo

Denomina-se feudalismo o sistema econômico, político e social dominante na Europa durantes a Idade
Média. Alguns historiadores preferem utilizar, em lugar do termo sistema, o conceito de modo de
produção.

A forma como uma sociedade, em um determinado período histórico, organiza sua produção de
bens materiais, a relação entre seus homens e a sua produção intelectual é chamada de modo de
produção. Independente de sua localização geográfica, ou do período de sua existência, toda sociedade
possui um modo de produção que a caracteriza.

Como todo modo de produção também o feudalismo é composto de estruturas econômicas,


políticas, sociais e ideológicas (culturais) que se articulam mutuamente, relacionando-se e
modificando-se umas às outras.

7- Feudo: unidade de produção do feudalismo. O manso servil e o manso senhorial

Toda forma que o homem encontra de estruturar a produção de bens materiais pode ser
considerada uma unidade de produção. Assim, em nossos dias, a fábrica, e a fazenda são unidade de
produção. Alguns senhores feudais eram proprietários de centenas, às vezes até mais de mil desses
domínios. Não há certeza absoluta sobre o tamanho médio dessas unidades econômicas. Mas sabe-se

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que as menos compreendiam no mínimo 120 hectares (1.200.000 m3), extensão correspondente a uma
fazenda de tamanho médio.

Cada um dos feudos era composto por um castelo onde moravam o senhor feudal, sua família e
empregados; a vila ou aldeia, onde moravam os servos; a igreja; uma casa paroquial; celeiros; fornos;
açudes; pastagens comuns e mercado, onde nos fins de semana trocavam o que era produzido. As
terras eram divididas em manso senhorial, cuja produção destinava-se ao senhor feudal e o manso
servil, onde o produto do trabalho ficavam para os servos.

Dividia-se a terra arável em três partes: o terreno de plantio da primavera, o de plantio do outono
e outro que ficava em pousio (descanso). A cada ano se invertia a utilização dos terrenos, de forma a
que sempre um tivesse período de recuperação. Esses sistema surgiu na Europa, no século VIII,
ficando conhecido como sistema dos três campos.

8- Sociedade estamental.

Divisão social: senhores feudais (nobreza e clero) e dependentes (servos e vilões)

Nessa sociedade rural, de economia essencialmente agrária, a propriedade ou posse da terra


determinava a posição do indivíduo na hierarquia social. A terra era a expressão da riqueza, da
influência, da autoridade e do poder.

A sociedade feudal era estamental, isto é, não havia mobilidade social. Os grupos sociais
mantinham-se rigidamente estanques. O acesso ou não à posse ou propriedade da terra dividia a
sociedade feudal em dois estamentos: os senhores e o dependentes.
Os senhores feudais eram os possuidores ou proprietários de feudos. Formavam uma aristocracia
dominante, sendo originários da nobreza e do clero. A nobreza se subdividia em duques, condes,
barões e marqueses. Os senhores feudais eclesiásticos, vinculados à Igreja Romana, pertenciam à alta
hierarquia do clero. Eram, geralmente, bispos, arcebispos e abades.

O estamento dos dependentes, incorporando a maioria da população medieval, cumpunha-se de


servos e vilões. Os servos não tinham a propriedade ou posse da terra e estavam presos a ela. Eram
trabalhadores semi livre. Não podiam ser vendidos fora de suas terras, como se fazia com os escravos,
mas não tinham liberdade para abandonar as terras onde nasceram. Em número reduzido, havia um
outro tipo de trabalhador medieval, o vilão.

Este não estava preso à terra. Descendia de antigos pequenos proprietários romanos. Não podendo
defender suas propriedades, entregava suas propriedades, entregava suas terras em troca da proteção
de um grande senhor feudal. Recebia tratamento mais brando que os servos.

A atribuição de um feudo compreendia uma série de atos solenes. Primeiro o vassalo prestava a
homenagem, colocando-se de joelhos, com a cabeça descoberta e sem espada, pondo suas mãos entre
as mãos do suserano e pronunciando as palavras sacramentais de juramento. Em seguida, o senhoria
permitia que se levantasse, beijava-o e realizava a investidura com a entrega de um objeto simbólico,
punhado de terra, ramo, lança ou chave, representando a terra ofertada.

Os laços de suserania e vassalagem vinculavam toda a nobreza feudal. Por exemplo, um barão
doava um feudo a um marquês. Este, ao receber o feudo, prestava-lhe homenagem. O barão tornava-
se suserano do marquês e este, vassalo do barão. O barão, entretanto, havia recebido feudos de um

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conde, prestando-lhe o juramento de vassalagem. Assim, o barão suserano do marquês, era, o mesmo
tempo, vassalo do conde.

9- Cultura feudal: teocêntrica, divulgada pela Igreja. Nas artes, letras e ciência, apenas
temas religiosos

A cultura feudal foi caracterizada por uma visão do homem voltada para Deus e para a vida, após
a morte na Terra. Esse tipo de visão de mundo, em que Deus é considerado o centro do Universo,
chama-se teocentrismo.

A Igreja conseguiu sobreviver às invasões germânicas e logo depois iniciou o processo da


conversão dos bárbaros. Com isso, transformou-se na mais poderosa e influente instituição do sistema
feudal, sendo a principal divulgadora da cultura teocêntrica. Todas as relações típicas do feudalismo
foram justificadas e legitimadas pelo teocentrismo. A moral religiosa condenava o comércio, o lucro
e a usura (empréstimo com cobrança de juros). As artes, as letras, as ciências e a filosofia eram
determinadas pela visão religiosa divulgada pela Igreja.

Nas artes, predominavam temas de inspiração religiosa. Nas letras, os sábios e eruditos só
escreviam e falavam no idioma oficial da Igreja, o latim. A ciência reproduzia em suas explicações
sobre a natureza interpretações feitas sobre os escritos bíblicos. Na filosofia, a últimas palavra cabia
aos doutores da Igreja.

O mundo feudal estabeleceu-se de forma rigorosamente hierárquica e o lugar mais importante


coube à Igreja, Possuía, ao mesmo tempo, ascendência econômica e moral. Seus domínios territoriais
suplantavam os da nobreza e sua cultura demonstrava ser incomparavelmente superior.

Em uma sociedade onde a ignorância era generalizada, a Igreja detinha dois instrumentos
indispensáveis: a leitura e a escrita. Os reis nobres, recrutavam, forçosamente, no clero, os seus
chanceleres, secretários, funcionários burocráticos, enfim, todo o pessoal letrado imprescindível.

O monopólio da Igreja só começaria a desaparecer no século XIV, com o fortalecimento do


Humanismo e com o Renascimento Cultural.

10- O Cotidiano na sociedade feudal

Na sociedade feudal, o clero e os nobres constituíam-se no setor dominante. Os nobres


orgulhavam-se da vida que levavam, dedicada às batalhas, torneios e caçadas. Dentro de seus feudos
garantiam sua autonomia inclusive em relação aos reis. Já os servos passavam a vida de maneira
radicalmente diversa, trabalhando o dia inteiro na época da colheita, pouco conservando para si e para
sua família do produto do seu trabalho.

11- A vida dos nobres: batalhas, torneios e caçadas. Costumes rudes e violentos

Os romances ou filmes sobre a nobreza feudal costumam transmitir uma imagem distorcida da
vida da época. Antes do século XI, os castelos feudais, em sua maioria, eram pouco confortáveis
fortificações de madeira. Mesmo os enormes castelos de pedra de época posterior, eram escuros e
frios. Forravam os pisos com esteiras de junco ou palha. Só após o restabelecimento do comércio com
o Oriente, no século XII, é que se tornou comum o uso de tapetes e estofados.

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A alimentação dos nobres e seus familiares era farta, mas pouco variada. Seus pratos se resumiam
em carne, peixe, queijo, couve, nabos, cenouras, cebola, feijão e ervilha. Para sobremesa, tinham em
abundância maçãs e pêras. O açúcar só chegou à mesa da nobreza após o século XIV, mesmo assim a
preços elevadíssimos.
Os nobres não trabalhavam, sendo esta uma condição de sua situação social. Os costumes da época
impunham-lhes uma vida ativa em outros aspectos: guerras, torneios e caçadas. Qualquer pretexto era
suficiente para a tentativa de conquista de feudos vizinhos. O gosto pela violência convulsionava de
tal forma a sociedade que a Igreja resolveu intervir no século XI, proclamando a Trégua de Deus.
Proibiu lutas durante as sextas-feiras, sábados e domingos, durante quaisquer dias do Natal ao Dia de
Reis e na maior parte da primavera, fim do verão e começo do outro. O nobre que violasse essa regra
era excomungado.

Até o século XII, as maneiras da nobreza em nada assemelhavam ao que hoje se considera boa
educação. Nas refeições, partiam alguns alimentos com um punhal e comiam com as mãos. As
mulheres eram tratadas com desprezo e brutalidade. Esses costumes só começaram a ser alterados com
a difusão dos ideais de cavalaria (código social e moral do feudalismo), nos séculos XII e XIII.

12- A vida cotidiana dos servos de gleba: a produção no campo, a ignorância e a superstição

Os servos habitavam choupanas de varas traçadas, com cobertura de barro. Como o piso não
possuía qualquer revestimento, constantemente absorvia a umidade das chuvas. Suas camas eram
algumas tábuas recobertas de palhas. Toscos bancos completavam a mobília. Alimentavam-se de pão
preto, verduras de sua horta, queijo, sopa e, às vezes, carne e peixe, normalmente meio apodrecidos.
Não eram raras as mortes por fome. Invariavelmente analfabetos, apegavam-se às mais diversas
superstições. Por vezes, suas colheitas eram arrasas pelas patas dos cavalos da nobreza empenhada em
caçadas ou combates.
Minorando tanta miséria, possuíam alguns direitos. Não poderia ser privado de sua terra. Se o
feudo fosse vendido, os servos conservavam o direito de ali permanecer, cultivando seu lote. Quando
envelheciam, o senhor tinha obrigação de mantê-lo até o fim de seus dias. Seus períodos de folga eram
maiores que o dos trabalhadores de hoje, atingindo quase um sexto do ano, sem contar os domingos.
Finalmente, não tinham obrigações de prestar serviço militar ou empenhar-se em guerras decididas
por seus senhores.

13- O sistema feudal não possuía, na realidade, as mesmas características em todas as


regiões da Europa.

Todas as características do feudalismo, que foram descritas neste texto, são fruto de um processo
muito lento, iniciado com a decadência do Império Romano do Ocidente. Somente nos séculos IX, X
e XI é que se pôde perceber na Europa uma situação como a que foi expressa neste texto. O feudalismo
não foi igual em todo o continente europeu, sendo algumas de suas características mais acentuadas em
algumas regiões e menos em outras. Apenas na região onde hoje se localiza a França é que o sistema
feudal se estabeleceu de forma mais pura.
Nos últimos anos do século XI, com o início das Cruzadas, o feudalismo começava sua vagarosa
decadência. Suas estruturas passam a ser progressivamente modificadas com o Renascimento
Comercial, ressurgimento das cidades, progressiva centralização do poder na figura do rei e gradual
substituição da cultura teocência pela antropocêntrica (o homem como centro do universo).

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1.2. As crises do Feudalismo

A crise do feudalismo não começou da noite para o dia. As mudanças na forma de


organização da sociedade feudal sofreram vários impactos que foram determinantes para
que o sistema entrasse em crise.
Um dos elementos que mais interferiram no feudalismo foi a mudança das relações
económicas. No período em que os feudos concentravam a maior parte das actividades,
tudo girava em torno do trabalho agrícola. Porém, a nova configuração mudou não
somente os vínculos de trabalho, mas todas as relações sociais.
Antes autossuficiente, o feudo passou a ser substituído pelas trocas comerciais, que
agora estava mais ampla. Havia uma multiplicidade de produtos manufaturados e
especiarias à disposição no comércio.
Como estava longe do centro das actividades comerciais, as relações servis passaram
a fazer menos sentido e novos acordos entre os servos e senhores precisavam ser
estabelecidos.
Os grandes proprietários de terra, atentos às novas configurações, também
pretendiam adquirir as especiarias e os produtos manufaturados. Até porque, era
necessário se adequar à nova realidade económica, urbana e comercial.
Vale lembrar que essas alterações não aconteceram da mesma forma em toda a
Europa. Se por um lado o trabalho assalariado e o arrendamento de terras em troca de
dinheiro já se fazia presente em alguns países, por outro, as relações servis se tornaram
mais duras, principalmente na Rússia e Sacro Império Germânico.
De um modo geral, a economia europeia foi sendo impactada pelos novos acordos e
relações estabelecidas. Entre os séculos XII e XVI, a atividade econômica passou por um
período de ascensão, porém, um acontecimento trágico foi determinante para uma
mudança mais brusca, gerando de vez a crise do feudalismo.
Entre os anos de 1346 e 1353 a epidemia de peste bubônica, conhecida popularmente
como peste, causou a morte de um terço da população da Europa. O episódio tornou a
disponibilidade de servos ainda menor e elevou o salário dos trabalhadores.
Para conter a situação, os senhores feudais obrigavam os servos a trabalharem cada
vez mais e ainda criavam leis que impossibilitava a saída dos vassalos, ou até mesmo sua
captura, caso fugissem. A opressão gerou uma série de revoltas entre os camponeses em
várias partes da Europa.
A sociedade europeia só conseguiu se recuperar do declínio populacional no século
XV. Porém, as mudanças já tinham afetado muito as relações comerciais. Os feudos já
não conseguiam atender a demanda alimentar, que atendia a população rural e também os
novos centros urbanos.
Vale lembrar que, devido às Cruzadas, expedições militares que ocorreram no século
XI, a Europa expandiu seu mercado, mas também possibilitou o enriquecimento do
Oriente. Isso tornou o comércio na Europa ainda mais difícil, pois os monopólios árabes
e da Península Itálica tornavam as especiarias vindas do Oriente mais caras e dificultavam
a circulação de mercadorias.
Somado a isso, problemas como a escassez de metais preciosos e falta de moedas,
impossibilitava o desenvolvimento de atividades comerciais. A saída encontrada pelos
europeus foi a exploração de novos mercados que pudessem oferecer produtos, alimentos
e metais. Foi aí que eles começaram com o processo de expansão marítima e colonização
do continente africano e europeu.
Para explorar o novo mundo seria necessário muito capital e foi assim que uma nova
era começou, a do acúmulo de riquezas. Era o tempo do capitalismo mercantil. Para
resumir, podemos citar que as principais causas da crise do feudalismo foram:

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Novos acordos comerciais impulsionados pelas Cruzadas. Com as expedições, a Europa voltou a se
relacionar com o Oriente;
Desenvolvimento dos centros urbanos. No feudalismo houve o êxodo urbano (saída em direção ao campo),
quando o sistema entrou em crise, ocorreu o movimento contrário, as pessoas saíram em direção às cidades.
A crise do feudalismo também foi causada pela emancipação dos servos, que compraram sua liberdade ou
fugiam para trabalhar nas cidades.
Aumento da circulação de moedas.
Surgimento de novas classes sociais. Antes os senhores feudais tinham todo o prestígio, com a queda do
sistema, o comércio passou a ser dominado pela burguesia, classe com alto poder econômico.
Expedições marítimas e descoberta de novas terras.

1.3. Trinta anos de guerra e a Paz de Westfalia (1618-1648)

Recebe o nome de Guerra dos Trinta Anos uma série de guerras e conflitos que
diversas nações antes ainda não Estados-nações, europeias travaram entre si a partir de
1618, principalmente na Alemanha, motivados por rivalidades religiosas, dinásticas,
territoriais e comerciais.
A guerra dos Trinta anos ( 1618-1648), em resumo é considerada como uma
guerra político religioso, que teve uma representatividade muito significativa no processo
de consolidação dos sistemas de Estados-nacionais, em quase 140 anos de disputas na
possibilidade de conter uma posição anti-hegemônica das grandes monarquias europeias,
sendo que tentam impedir o progresso dos Habsburgos na Europa, desta feita a guerra
dos Trinta anos marcou uma derrocada/declínio do Império que propriamente foi datada
em 1659 no Tratado dos Pirineus.
Com a derrota desse Império, foi imposto pelos vencedores com uma grande
importância que marca o processo da consolidação dos Estados-Nacionais no Tratado de
Vestefália de 1648, que implantava uma independência dos Estados nacionais, um
reconhecimento de que todos esses eram soberanos, delimitando as fronteiras geográficas
e estabelece-se diplomacia na relação entre os Estados e um balanço de poder que viesse
como processo de, ou seja meio de que outros Estados impusessem novamente sua
hegemonia aos demais, Estados, segundo Watson, a Guerra dos Trinta anos não só
permitiu o surgimento e como marco histórico do sistema de Estados mas que permitiu
também uma condição que é a mais importante a Raison d´ État característica essa que
de princípio foi adotada pela França que se espalhou nos demais novos Estados
independentes.
Os conflitos religiosos ocorridos na Alemanha, mas que foram solucionados com
a assinatura da Paz de Augsburgo em 25 de setembro de 1555 estabeleceram um período
no qual cada príncipe podia estabelecer sua crença aos habitantes de seus domínios. O
equilíbrio manteve-se enquanto as crenças predominantes restringiam-se à religião
católica e luterana, mas a chegada do calvinismo complicaria o cenário. Considerada uma
força renovadora, a nova linha religiosa conquistou diversos soberanos.
Os jesuítas e a Contra-Reforma, por outro lado, contribuíram para que o
catolicismo reconquistasse forças. Assim nasceu o projeto expansionista dos Habsburgos,
idealizado por Fernando, duque de Estíria, que fora educado pelos jesuítas. O perigo
ameaçava tanto as forças protestantes no Norte como a vizinha França.

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À medida que o conflito se projetava, a luta ia sendo influenciada por muitos
outros temas colaterais, tais como as rivalidades e ambições dos príncipes alemães e a
obstinação de alguns dirigentes europeus, sobretudo dos franceses e suecos, em abater o
poderio do catolicismo Sacro Império Romano-Germânico, a ferramenta política da
família dos Habsburgos. Esta situação fora desencadeada na segunda metade do século
XVI pelas fraquezas do Tratado de Augsburgo, um acordo finalizado em 1555 entre o
Sacro Império católico e a Alemanha luterana.

“Richelieu, aplicou uma política de consolidação da autoridade real depois das stasis
prolongada das guerras de religião, aplicando novamente as técnicas do Stato italiano. Ele
sustinha que para estabelecer um Estado, significando um governo efetivo de um reino,
era necessário combinar o poder de concentração de um Stato com a autoridade
reconhecida de um rei legítimo e que realmente, o rei deveria ser a personificação do
Estado. Essa política era a política da RAISON D´ ÉTAT,. Na Itália, Ragione di Stato. De
forma geral a política da França por Richelieu, pertmitiam transformar completamente a
natureza das coisas na cristandande. A raison d´État, também prevaleceu sobre ideologia
no caso holandês (WATSON,)

Ao mesmo tempo a Guerra dos Trinta Anos envolveu uma série de guerras e conflitos
que diversas nações europeias travaram entre si a partir de 1618, principalmente na Alemanha,
motivados por rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais.
Os conflitos religiosos agravaram-se na Alemanha no andamento do reinado do
Imperador Rodolfo II (1576-1612), período durante o qual foram arrasadas muitas igrejas
protestantes. As liberdades religiosas dos crentes protestantes foram restringidas, nomeadamente
as relativas à liberdade de culto; os oficiais do governo lançaram as bases do Tratado de
Augsburgo, que criou condições para refortalecer o poder católico.
Com a fundação da União Evangélica em 1608, uma união defensiva protestante dos
príncipes e das cidades alemãs, e a criação, no ano seguinte, da Liga Católica, uma organização
similar, mas dos católicos romanos, tornava-se inevitável o recurso à guerra para tentar resolver
o conflito latente, o qual foi desencadeado pela secção da Boêmia da União Evangélica.
Na Boêmia (atual República Checa), teve início uma contenda pela sucessão do trono,
que envolveu católicos e protestantes. Fernando II de Habsburgo, com a ajuda de tropas e recursos
financeiros da Espanha, dos germânicos católicos e do papa, conseguiu vencer os protestantes da
Boêmia. Os protestantes, que constituíam a maior parte da população, estavam revoltados com a
agressividade da hierarquia católica.
Os protestantes exigiam de Fernando II, o rei da Boêmia e futuro imperador do Sacro
Império, uma intervenção em seu favor. Entretanto, as reivindicações foram totalmente ignoradas
pelo rei, pois este era um católico fervoroso e um possível herdeiro do poder imperial dos
Habsburgos. Fernando II estabeleceu o catolicismo como único credo admitido na Boêmia e na
Morávia. Os protestantes boêmios consideraram o ato de Fernando como uma infração da "Carta
de Majestade". Isso provocou nos boêmios o desejo de independência.
A resposta da maioria protestante não se fez esperar sendo que em 23 de Maio de 1618,
insatisfeitos com os católicos que arrasaram um de seus templos, invadiram o palácio real em
Praga e jogaram dois dos seus ministros e um secretário pela janela, fato que ficou por isso
conhecido como a Defenestração de Praga, desencadeando a revolução protestante. Assim
iniciava a guerra, que abrangeu as revoltas holandesas depois de 1621 e concentrou-se em um
confronto franco-Habsburgo após 1635.

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Inter-relação
O tratado de Vestefália (1618-1648) foi de extrema importância para a formação a sociedade
internacional atual porque estabeleceu a soberania política dos Estados (principalmente para
escolher sua própria religião tema central da guerra dos 30 anos).
Definição: sistemas de estados que emerge depois do sistema feudal.
Clausula pétrea das regras em comum: soberania reconhecida. (Caso da Palestina).

O que se estabelece como padrão de atuação?


Regras de convivência. (No caso da sociedade internacional essa convivência se dá entre
Estados).
Caso mais exemplar é o do comércio.
Imunidade diplomática.
Conduta durante e após conflito armado.

Quais as estruturas e padrões das distintas comunidades políticas?


Dois modelos de interação hipotéticos:
1) - luta irrestrita de todos contra todos
2) - sociedades com características distintas como linguagem, cultura ou religião mas
sem independências políticas e legais.
Para haver iteração é imprescindível a existência de regras e práticas comuns.

Regras e práticas comuns no mundo antigo.


Grécia: língua e religião e algumas instituições como: Jogos Olímpicos e Oráculo de
Delfos.
As cidades-estados gregas davam um alto valor à sua independência o que lhes permitia
unir contra a hegemonia persa. (União contra a hegemonia persa).
Havia também O Conselho (Assembleia) usado para arbitragem em caso de disputa entre
as cidades-estados.
Existia também a “Proxenos” que representava os interesses das comunidades
estrangeiras.

Índia: na Índia também havia numerosas regras religiosas (nem sempre eram praticadas)
aplicadas às relações internacionais.
O Dharma um conceito multifacetado que significa leis naturais e eternas responsável
por estabelecer a moral.
Estabeleceu-se na índia a necessidade de conduta humana na guerra como uma política
prudente em vez de simples moralidade.

China: Na China nas constantes guerras por hegemonia também foram observadas uma
maneira formal, com regras de cavalaria rigorosamente observados.

Roma: desenvolveu uma terminologia legal mais extensiva que qualquer outro povo
antigo.
Roma reconhecia um conjunto de normas conhecidas como leis das nações.

Igreja Católica: depois da divisão do império romano no ocidente o papado alegou ter
herdado de Roma a autoridade supranacional sobre as estruturas subnacionais,
transnacionais e nacionais que coexistiam na Europa medieval.
A igreja construiu uma ordem jurídica elaborada, contendo um sistema se sanções, o uso
de arbitragem, audiências jurídico formais, e numerosas regras específicas chamadas de
Leis Canônicas.

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A principal sanção da Igreja era a excomunhão, mas também podia ordenar sanções
menores.
A Igreja também elaborou uma doutrina sistemática da “guerra justa”: as normas a serem
observadas ao se entrar numa guerra, na condução e conclusão da mesma.
A guerra teria que ter uma justa causa, usar forças proporcionais, ser declarada por uma
autoridade adequada, ter uma perspectiva razoável de sucesso e ser feita com a intenção
certa. (Essas regras eram raramente observadas na prática).

Sociedade internacional moderna:


O Estado é um ator independente que goza de supremacia sobre todos os outros atores
(não-estatais).
Igualdade jurídica entre todos os Estados.
Princípio da não-intervenção de outros atores sobre assuntos domésticos dos Estados.
Imunidade diplomática
Comunicação formal entre os Estados é feita por diplomatas.
As leis internacionais não podem ser aplicadas sem o consentimento do Estado.
A ordem internacional não pode sem mantida por uma autoridade supraestatal.
Balança de poder como parte do Direito Internacional.

“As viagens de descobrimento deram um enorme impulso tanto no estudo do direito


internacional quanto na sua aplicação em tratados designados a esclarecer e definir mais
precisamente os vários direitos e responsabilidades que a idade das descobertas trouxe
consigo”.
Regras sobre: diplomacia, tratados, comércio, leis marítimas, e a mais importante, sobre
a guerra.

Síntese da Guerra dos 30 anos - Paz de Westphalia

A Paz de Vestfália é considerada por muitos o evento chave que deu início ao sistema
internacional contemporâneo. A Paz estabeleceu o direito dos Estados germanos que constituíam
o Sacro Império Romano de conduzir suas próprias relações diplomáticas.
3 chaves do tratado:
Balança de poder
Diplomacia
Direito internacional

A Paz de Westphalia pode ser visto como uma capsula da ideia de sociedade de estados de
fato. Tratado de Utrecht: balança de poder foi formalmente incorporada. Pôs fim à guerra de
Sucessão Espanhola.

1.4. Absolutismo e Mercantilismo

Mercantilismo e absolutismo marcaram a Idade Moderna como o regime


econômico e político, respectivamente, que guiaram o crescimento dos países
europeus no período. O absolutismo se baseia na centralização do poder nas mãos do rei.
A frase “O Estado sou eu” atribuída ao rei francês Luís XIV evidencia essa característica.

Na esfera econômica, o mercantilismo se tornou um dos fatores de manutenção


do poder absoluto que gerava um Estado bastante oneroso. Dentre as bases desse regime
econômico estão o acúmulo de capitais, o metalismo e a balança comercial favorável
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(mais exportações do que importações). Continue lendo para saber um pouco mais sobre
a Idade Moderna.

Mercantilismo e absolutismo: conhecendo a idade moderna

O mercantilismo e o absolutismo são as principais características da Idade


Moderna, os reis aproveitaram para reafirmar o seu poder, antes enfraquecido pela
nobreza. O fim da Idade Média culminou no enfraquecimento dos nobres, a classe se
encontrava bastante desgastada, em particular pelas guerras prolongadas de que
participou e das revoltas camponesas.

Durante o período medieval, os reis tinham autoridade praticamente nula e a Idade


Moderna trouxe uma nova possibilidade de ascensão. Inclusive, em algumas nações
europeias os monarcas contaram com o apoio da burguesia. Centralizar o poder
significava padronizar pesos, medidas e moedas, além de permitir a unificação da
tributação e justiça. A burguesia desejava ter um cenário favorável para o
desenvolvimento do comércio.

Nascimento do absolutismo

Os nobres tiveram que aceitar o domínio absoluto dos monarcas, em alguns casos,
houve conflitos sangrentos, mas todos deram aos reis a vitória. Em parte, a nobreza se
aliou ao regime centralizador dos reis, formando as cortes com sustento ostensivo do
Estado. Esse movimento político levou os reis à posição de domínio total das questões
econômicas, políticas e militares, ou seja, deu origem ao absolutismo.

Nicolau Maquiavel

O autor de “O Príncipe” foi um dos mais importantes teóricos do absolutismo.


Nicolau Maquiavel era italiano e em sua obra faz uma análise minuciosa de quais são os
métodos mais eficientes para conquistar e permanecer no poder. É um verdadeiro tratado
político que nos ajuda a entender o conceito de Estado tal qual conhecemos hoje.

Thomas Hobbes

O principal teórico desse período na Inglaterra foi Thomas Hobbes autor da obra
“O Leviatã”. Segundo Hobbes, o homem tem a tendência de viver em conflito, sendo
essencial firmar um contrato social entre os indivíduos, fortalecendo, dessa forma, o
Estado.

Jacques Bossuet

Na França, o nome que ganha destaque no campo teórico de afirmação do


absolutismo é o do cardeal Jacques Bossuet. Segundo o religioso, o rei era o representante

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de Deus na Terra, não precisando explicar nenhum de seus atos. A França foi o país em
que o absolutismo teve mais força.

O absolutismo na Inglaterra

William I (Guilherme, o Conquistador), duque da Normandia, deu início à


monarquia na Inglaterra ao invadir o país, impondo um governo centralizado, em 1066.
No entanto, o monarca inglês tinha poderes limitados, as decisões do rei eram submetidas
à aprovação da nobreza devido à Magna Carta (1215) e ao Parlamento (1264).

O início do absolutismo inglês se deu durante a Guerra das Duas Rosas (1455-
1485), nela se enfrentaram duas famílias nobres, Lancaster e York, pela sucessão do
trono. O curioso é que as duas famílias praticamente se exterminaram mutuamente, o que
levou ao trono um herdeiro indireto de ambas, Henrique VII, o criador da dinastia Tudor.

Henrique VII se tornou bastante popular e, aproveitando o enfraquecimento da


nobreza, aumentou o alcance da autoridade real. Seu filho e sucessor, Henrique VIII, foi
além e promoveu uma Reforma Religiosa para atender às suas demandas.

O auge do absolutismo inglês se deu no governo de Elizabeth I, que ocorreu entre


os anos de 1558 e 1603. Ela derrotou a invencível armada espanhola e fundou a primeira
colônia inglesa na América. Após a morte de Elizabeth I, houve uma série de conflitos
entre a burguesia e o poder real que culminaram no enfraquecimento do absolutismo na
Inglaterra.

O absolutismo na França

A vitória francesa na Guerra dos Cem Anos (1337-1453) ajudou a amplificar o


forte sentimento nacionalista no país. A monarquia conquistou mais territórios e passou
a contar com a classe burguesa como aliada para centralizar o poder. A nobreza, por sua
vez, passou a constituir uma corte luxuosamente sustentada pelo monarca. Esse contexto
gerou uma monarquia absolutista, em que o rei tinha forte aliança com a burguesia e a
nobreza.

A França passou por diversos conflitos entre católicos e protestantes na segunda


metade do século XVI. O auge desses conflitos se deu em 24 de agosto de 1572, que
entrou para a história como a Noite de São Bartolomeu. Milhares de protestantes foram
mortos por ordem do monarca. Henrique IV tomou o poder e se fortaleceu após a
pacificação da França com o Edito de Nantes (1598), em que reconhecia os direitos dos
protestantes. Assim teve início à dinastia dos Bourbon.

Luís XIII, o sucessor de Henrique IV, apostou no cardeal Richelieu como


primeiro-ministro e isso levou a um caminho de intensificação da centralização do poder.
A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), vencida ao lado dos protestantes, também
contribuiu para o fortalecimento real. A França se fortaleceu como uma potência no

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continente europeu e levou a Espanha à decadência. O conceito de Estados nacionais se
fortaleceu nesse período.

No governo de Luís XIV, entre 1643 e 1715, a monarquia foi elevada a outro
patamar, ele era chamado de Rei Sol. Enquanto o rei vivia uma vida de luxo no Palácio
de Versalhes, a economia ficou aos cuidados do ministro Colbert, que investiu no
desenvolvimento da política mercantilista.

O mercantilismo

O Estado absolutista era bastante oneroso, pois precisava manter os aliados do rei
satisfeitos, algo que gerava uma série de gastos. O mercantilismo surgiu como uma
solução para abarcar todos esses custos. Uma das bases desse regime econômico é o
metalismo, a ideia de que um país é mais forte na medida em que acumula metais
preciosos.

Além disso, durante esse período, se identificou a importância de investir na


produção interna para gerar uma balança comercial favorável, isto é, exportar mais do
que importar. Os Estados passaram a adotar medidas protecionistas, como barreiras
alfandegárias para alguns produtos estrangeiros, por exemplo. A manufatura e o
artesanato locais eram favorecidos.

A exploração colonial teve um papel bastante importante para o fortalecimento do


absolutismo. Os Estados absolutistas podiam extrair o que desejassem de suas colônias e
as últimas eram obrigadas a comprar produtos manufaturados das metrópoles.

UNIDADE II – O Antigo Regime: apogeu e declínio

2.1. Congresso de Viena e o Concerto europeu

Enquanto Napoleão vivia em Elba seu primeiro exílio, os vitoriosos das Guerras
Napoleônicas reuniram-se em Viena, em setembro de 1814, para planejar o mundo do
pós-guerra.
O Congresso de Viena continuou em reunião durante a fuga de Napoleão de Elba
e sua derrota final em Waterloo. Nesse ínterim, a necessidade de refazer a ordem
internacional tornara-se ainda mais urgente.
O príncipe Von Metternich foi o negociador da Áustria, apesar de, reunido em
Viena como estava o congresso, o imperador austríaco jamais distanciar-se do cenário.
O rei da Prússia enviou o príncipe Von Hardenberg, e o recém-restaurado Luís
XVIII da França contava com Talleyrand, que, desse modo, manteve seu recorde de ter
servido a todos os governantes franceses desde antes da revolução.
O czar Alexandre I, recusando-se a abrir mão da elevada precedência russa,
compareceu pessoalmente.

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O ministro inglês de estrangeiros, lorde Castlereagh, negociava em nome da
Inglaterra. Estes cinco cumpriram seu desiderato. Após o Congresso de Viena, a Europa
gozou do mais longo período de paz que jamais teve.
Durante 40 anos não houve uma guerra sequer entre as Grandes Potências, e após
a Guerra da Crimeia, em 1854, nenhuma grande guerra aconteceu durante os 60 anos
seguintes.
O acordo de Viena seguiu o Plano Pitt tão literalmente que quando Castlereagh o
submeteu ao parlamento anexou um esboço do projeto inglês original para mostrar como
fora cumprido quase na íntegra. Paradoxalmente, essa ordem internacional, mais
explicitamente criada em nome do equilíbrio de poder que qualquer outra anterior ou
desde então, apoiava-se o mínimo no poder.
Esse interessante estado de coisas ocorreu em parte porque o equilíbrio foi tão
bem preparado que só poderia rompê-lo um grande esforço, muito difícil de empreender.
Mas a razão mais importante foi que os países continentais estavam unidos por valores
comuns. Não houve apenas um equilíbrio físico, era também moral. O poder e a justiça
em harmonia substancial.
O equilíbrio de poder reduz as oportunidades de uso da força; um senso de justiça
comum reduz o desejo de usar a força.
A ordem internacional que não se considere justa será, mais cedo ou mais tarde,
desafiada. Mas a maneira como um povo percebe a justiça de uma ordem mundial
específica vem de suas instituições internas e de suas opiniões sobre questões táticas de
política externa.
Por isso, a compatibilidade entre as diversas instituições
domésticas é um reforço para a paz. Irônico como possa parecer, Metternich predisse
Wilson em que um conceito comum de justiça era uma exigência para a ordem
internacional, embora sua ideia de justiça fosse o oposto do que
Wilson buscou impor no século XX.
Criar o equilíbrio geral de poder foi relativamente simples Os estadistas seguiram
o Plano Pitt como a planilha de um arquiteto.
Ainda não tendo sido inventada a ideia de autodeterminação nacional, não os
preocupava nem um pouco talhar estados de homogeneidade étnica no território retomado
de Napoleão. A Áustria cresceu na Itália e a Prússia na Alemanha. A República Holandesa
ganhou os Países Baixos austríacos (grande parte da atual Bélgica).
A França teve de abrir mão de todas as conquistas e voltar às “antigas fronteiras”
de antes da Revolução.
A Rússia recebeu o coração da Polônia. Em conformidade com sua política contra
aquisições no continente, a Inglaterra limitou seus ganhos territoriais ao Cabo da Boa
Esperança, na ponta sul da África.
Pelo conceito inglês de ordem mundial, a contraprova do equilíbrio de poder era
o desempenho das nações no papel atribuído a cada uma no projeto global — muito à
moda dos Estados Unidos considerarem suas alianças após a Segunda Guerra Mundial.
Executando esse esquema, a Inglaterra experimentou, em relação aos países
continentais, a mesma diferença de perspectiva que os Estados Unidos encontraram
durante a Guerra Fria. As nações simplesmente não se definem como meros dentes na
engrenagem da segurança. A segurança torna sua existência possível; nunca é o objetivo
único, nem mesmo o maior.
A Áustria e a Prússia não se consideravam “grandes massas” mais do que a França
e entendeu mais tarde o objetivo da Otan em termos de divisão de trabalho. O equilíbrio
global do poder pouco significava para a Áustria e a Prússia se não levasse em conta a
complexa relação entre elas e nem considerasse seus papéis históricos.

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Após o fracasso dos Habsburgo em chegar à hegemonia na Europa Central, na
Guerra dos Trinta Anos, a Áustria desistiu de dominar toda a Alemanha. Em 1806, o
resquício do que era o Sacro Império Romano foi abolido. Porém a Áustria ainda se
achava a primeira entre iguais e queria evitar que qualquer outro dos estados alemães,
especialmente a Prússia, assumisse o histórico papel austríaco de liderança.
E a Áustria tinha toda razão em ficar atenta. Desde que Frederico, o Grande,
tomara a Silésia, a pretensão da Áustria a líder na Alemanha fora contestada pela Prússia.
Uma diplomacia implacável, dedicação às artes militares e um alto senso de disciplina
moveram a Prússia, em um século, de principado de segunda na árida planície do norte
da Alemanha a um reino, ainda que a menor das grandes potências, militarmente dos mais
notáveis.
O formato estranho de suas fronteiras estendia-se pelo norte da Alemanha desde
o leste parcialmente polonês até a Renânia um tanto latina (que era separada do território
original da Prússia pelo reino de Hanover), dando ao estado prussiano um forte sentido
de missão nacional — mesmo sem objetivo mais nobre que defender seu território
fragmentado.
As relações entre os dois maiores estados alemães e as relações deles com os
demais estados alemães eram chaves para a estabilidade europeia.
Na realidade, pelo menos desde a Guerra dos Trinta Anos, as disposições internas
da Alemanha ofereciam à Europa o mesmo dilema: sempre que fraca e dividida, a
Alemanha incitava os vizinhos, mormente a França, ao expansionismo.
Ao mesmo tempo, a perspectiva da unidade alemã aterrorizava os estados em
volta, assim sendo até os nossos dias.
O receio de Richelieu de que uma Alemanha unificada pudesse dominar a Europa
e esmagar a França foi antevisto por um observador inglês que escreveu em 1609: “[…]
quanto à Alemanha, se fosse inteiramente subordinada a uma monarquia, seria terrível
para todo o resto”. Historicamente, a Alemanha tem sido ou fraca demais ou forte demais
para a paz da Europa.
Os arquitetos do Congresso de Viena concluíram que para a Europa Central ter
paz e estabilidade seria necessário desfazer o velho trabalho de Richelieu dos anos 1600.
Richelieu criara uma Europa Central débil e fragmentada, dando à França a tentação de
cruzar seus limites e transformá-la em virtual playground para o exército francês. Em
vista disso, decidiram solidificar, mas não unificar, a Alemanha.
A Áustria e a Prússia eram os principais estados germânicos, seguidos por vários
outros de tamanho médio aumentados e reforçados. Os 300 e poucos estados de antes de
Napoleão viram-se consolidados em cerca de 30, unidos estes numa nova entidade
chamada Confederação Germânica.
Provendo uma defesa comum contra a agressão externa, a Confederação
Germânica mostrou-se criação engenhosa. Era forte demais para ser atacada pela França,
mas fraca e descentralizada demais para ameaçar os vizinhos. A Confederação balanceava
a força militar superior da Prússia e o prestígio e legitimidade superiores da Áustria.
Seu objetivo era evitar a unidade alemã numa base nacional, manter os tronos dos
vários príncipes e monarcas alemães e prevenir a agressão francesa. Foi muito bem-
sucedida em todos estes pontos. Ao negociar com um inimigo derrotado, os vitoriosos
que montam um acordo de paz têm de navegar da intransigência, vital para a vitória, até
a conciliação, necessária à paz duradoura.
Uma paz punitiva hipoteca a ordem internacional, pois sobrecarrega os
vencedores, já esgotados pelo esforço de guerra, com a tarefa de submeter
permanentemente o outro país votado a derrubar o acordo. Qualquer país com algum

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agravo é certo encontrar apoio automático da parte derrotada descontente. Foi essa a pedra
no sapato do Tratado de Versalhes.
Os vencedores do Congresso de Viena, assim como os vitoriosos da Segunda
Guerra Mundial, evitaram esse erro. Não foi coisa fácil ser generoso com a França, que
tentara dominar a Europa durante um século e meio e cujos exércitos andaram acampados
entre os vizinhos por 25 anos.
Contudo, os estadistas de Viena concluíram que a Europa estaria mais segura com
a França relativamente satisfeita em vez de ressentida e descontente. A França foi privada
das suas conquistas, mas recebeu de volta suas fronteiras “antigas” — isto é, pré-
revolucionárias — apesar de isso representar um território bem maior que o do tempo de
Richelieu. Castlereagh, o ministro do exterior do adversário mais implacável de
Napoleão, argumentou que:

Os excessos contínuos da França ainda podem, sem dúvida alguma, levar a Europa […]
a desmembrar-se […] mas os aliados devem pegar mais esta chance de garantir a paz que
as potências da Europa tanto desejam, deixando claro que, enganados […] outra vez
tomarão das armas, não só em melhor posição, mas com a força moral que, só ela, pode
manter os laços desse concerto […].

Em 1818, a França foi admitida ao sistema de congressos europeus periódicos que,


durante 50 anos, chegou muito próximo de ser um governo europeu. Certa de que as
nações identificavam bem seus interesses para defendê-los quando ameaçados, a
Inglaterra talvez pudesse deixar as coisas nesse ponto. Os ingleses não achavam que uma
garantia formal fosse necessária ou que pudesse acrescentar algo ao bomsenso. Os países
da Europa Central, no entanto, vítimas bélicas
durante um século e meio, queriam garantias tangíveis.
A Áustria, em particular, via perigos que a Inglaterra não conseguia enxergar.
Vestígio da era feudal, a Áustria era um império. multilíngue, agrupando as muitas
nacionalidades da bacia do Danúbio em redor de suas posições históricas na Alemanha e
no norte da Itália.
Atenta às ondas dissonantes do liberalismo e do nacionalismo que ameaçavam sua
existência, a Áustria reivindicava uma teia de freios morais que prevenisse demonstrações
de força. A arte admirável de Metternich foi induzir os países principais a submeterem
suas controvérsias ao exame de valores comuns. Talleyrand expressou assim a
importância de haver algum princípio restritivo:

Com […] o mínimo de poder de resistência […] igual ao máximo de poder de


agressão […] haveria um verdadeiro equilíbrio. Mas […] na situação real só
existe um equilíbrio artificial e precário, que dura enquanto certos grandes
estados estejam imbuídos de um espírito de moderação e justiça.

Após o Congresso de Viena, a relação entre o equilíbrio de poder e um sentido


comum de legitimidade expressou-se em dois documentos: a Quádrupla Aliança,
constituída de Inglaterra, Prússia, Áustria e Rússia; e a Santa Aliança, das três chamadas
cortes orientais — Prússia, Áustria e Rússia. No início do século XIX, a França era olhada
com a mesma apreensão que viu a Alemanha do século XX —como potência
cronicamente agressiva e inerentemente desestabilizadora.
Devido a isso, os estadistas em Viena forjaram a Quádrupla Aliança, com o
objetivo de cortar no nascedouro, pela força incontrastável, quaisquer tendências
francesas ainda em brotação. Se os vencedores reunidos em Versalhes, em 1918, criassem
uma aliança igual talvez o mundo não tivesse uma Segunda Guerra Mundial.

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A Santa Aliança era totalmente diferente; a Europa não assistira a coisa igual
desde que Fernando II deixara o trono do Sacro Império Romano, quase dois séculos
antes. Foi proposta pelo czar russo, que não conseguia esquecer a missão autoimposta de
revisão do sistema internacional e reforma de seus participantes.
Em 1804, Pitt havia lhe desinflado a cruzada por instituições liberais; em 1815,
Alexandre estava tomado de um clima muito forte de vitória para ser contestado — afora
o fato de sua nova cruzada ser pelo oposto do que advogara 11 anos antes. Agora
Alexandre servia à religião e aos valores conservadores e queria nada menos que a
reforma total do sistema internacional, propondo que a linha anteriormente adotada pelas
potências em suas relações seja fundamentalmente mudada, urgente que é substituí-la por
uma ordem de coisas baseada nos elevados valores da religião eterna do nosso Salvador.
A Santa Aliança foi o aspecto mais original do acordo de Viena. Seu nome
exaltado desviou a atenção de seu significado operacional, que era introduzir um elemento
de constrangimento moral nas relações entre as grandes potências. O interesse todo
especial que tomaram pela sobrevivência das suas instituições internas fez com que os
países continentais evitassem conflitos que ocorreriam muito naturalmente no século
anterior.
Seria simples demais o argumento de que instituições domésticas compatíveis
garantem por si mesmas um equilíbrio de poder pacífico. No século XVIII, todos os
governantes continentais reinavam por direito divino — as instituições eram visivelmente
compatíveis.
Contudo, os mesmos governantes viviam uma sensação de permanência e faziam
guerras intermináveis entre si, precisamente por julgarem suas instituições internas
inatacáveis.

2.2.1. Guerras Napoleónicas

As Guerras Napoleónicas foram uma série de conflitos colocando o Império


francês, liderado por Napoleão Bonaparte, contra uma série de alianças de nações
europeias. Essas guerras revolucionaram os exércitos e táticas dos países da Europa, com
grandes tropas sendo deslocadas para o combate de forma nunca antes vista no continente,
acontecendo devido a algumas das primeiras conscrições modernas. Este conflito foi uma
continuação direta das chamadas Guerras Revolucionárias, que começaram em 1792
durante a revolusão francesa.
Inicialmente, o poderio da França cresceu exponencialmente, com os exércitos de
Napoleão conquistando boa parte da Europa. No total, o imperador francês lutou em mais
de sessenta batalhas e perdeu muito poucas, a maioria no fim da sua carreira. O poder
francês no continente foi quebrado logo após a desastrosa invasão da Rússia em 1812.
Napoleão foi derrotado em 1814 e enviado para o exílio na ilha de Elba, na costa
da Itália; ele, contudo, alguns meses mais tarde, conseguiu escapar, marchou em Paris e
retomou o poder na França, apenas para ser novamente deposto, em 1815, após a
fracassada Batalha de Waterloo. O imperador francês foi novamente exilado, desta vez
na distante ilha de Santa Helena, onde viria a morrer em 1821.
O conflito viu uma série de Coalizões anti-Bonapartistas, formadas por diversas
nações europeias como o Reino Unido, a Áustria, a Rússia e a Prússia, se erguendo contra
o império francês. Os franceses, contudo, foram capazes de vencer cinco das sete
coalizões que se levantaram contra eles. As primeiras duas aconteceram ainda no contexto
das guerras revolucionárias francesas e terminaram como uma vitória da França. Já a

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terceira, a quarta e a quinta coalizões foram derrotadas por Napoleão com ele já no
comando total do país.
Estas vitórias deram ao Grande Armée francês e ao seu imperador uma fama de
invulnerabilidade, especialmente quando estes marcharam até Moscou, antes de terem
que abandonar esta cidade. Com a derrota sofrida na Rússia, em 1812, onde os franceses
foram sobrepujados pelo poderoso inverso, o exército napoleônico não conseguiu se
erguer novamente e se tornou uma sombra do seu antigo poderio.
Então a sexta coalizão europeia se levantou novamente contra a França e derrotou
Napoleão na decisiva Batalha de Lípsia e depois avançaram sobre o norte e leste da
França, marchando em Paris em meados de 1814. No ano seguinte, durante a guerra da
sétima coalizão, os franceses foram derrotados, desta vez de forma definitiva, na Batalha
de Waterloo. Vitoriosas, as potências europeias começaram a redesenhar o mapa do
continente com as fronteiras de antes de 1789, através do Congresso de Viena.
As guerras napoleônicas tiveram um impacto significativo no cenário geopolítico
europeu, como no dissolução do Império Romano-Germânico, e fez ascender novas ondas
de patriotismo e nacionalismo pelo continente, que ajudaram os processos de reunificação
na Alemanha e Itália ao final do século XIX. O outrora poderoso Império Espanhol entrou
em rápido declínio após a ocupação francesa, abrindo caminho para revoluções por
independência em toda a América espanhola. Assim, o Império Britânico se tornou a
maior potência mundial, de forma incontestável, pelas próximas décadas, dando início à
chamada Pax Britannica.
Há discórdia entre acadêmicos e historiadores a respeito de quando as guerras
revolucionárias francesas terminam e as Guerras Napoleônicas começam de fato. A
chegada de Napoleão Boanaparteao poder na França aconteceu em 9 de novembro de
1799 e em 18 de maio de 1803 a guerra entre franceses e britânicos recomeçou a todo
vapor, após um período de curta paz firmada no Tratado de Amiens.
Grandes combates pelo continente europeu terminaram após a derrota final de
Napoleão em junho de 1815, embora algumas lutas de pequena intensidade ainda
estivessem acontecendo. O Tratado formalmente encerrou as guerras em 20 de novembro
de 1815.
As notícias dos acontecimentos da Revolução francesa de 1789 foram recebidas
com grande alarde pelas lideranças políticas nos países pela Europa, o que só piorou
quando eles souberam da prisão e execução do rei Luís XVI da França. A primeira
tentativa de esmagar a recém-nascida República Francesa veio em 1793 quando o Império
Austríaco, o Reino da Sardenha, o Reino de Nápoles, o Reino da Prússia, Espanha, e o da
Grã-Bretanha formaram a chamada Primeira Coalizão.
Os franceses tomaram várias medidas, incluindo conscrições em massa (levée en
masse), reformas militares e uma política de guerra total, que acabaram contribuindo para
a vitória e sobrevivência da República. Ainda assim, o conflito interno persistiu e se
tornou uma guerra civil aberta. A Guerra da Primeira Coalizão terminou quando o jovem
general Napoleão Bonaparte derrotou os austríacos na Itália e chegou às portas de Viena,
impondo à Áustria o Tratado de Campoformio. Em 1797, apenas a Inglaterra continuava
oficialmente em guerra contra a França.
Porém, em 1798, a Segunda Coalizão foi formada contra a França e era composta
novamente pela Áustria, Reino Unido, Nápoles, o Império Otomano, os Estados
papais, Portugal, o Império Russo, a Suécia e alguns outros países. Durante a Guerra da

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Segunda Coalizão, a República Francesa sofria com corrupção e divisões internas sob o
governo do Directório (cinco directeurs que detinham o poder executivo total).
A economia francesa estava em frangalhos e não tinha mais os serviços de Lazare
Carnot, o ministro da guerra que havia supervisionado as campanhas bem-sucedidas no
exterior após uma reforma nas forças armadas na década de 1790. O general Bonaparte,
principal arquiteto da vitória contra a primeira coalizão, lançou uma incursão militar no
Egito. Na Europa, a França sofria com derrotas e privações. O principal instigador e
financiador da guerra era a Inglaterra, velha rival do país.
Bonaparte retornou do Egito em 23 de agosto de 1799 e tomou controle do
governo a 9 de novembro do mesmo ano no Golpe de 18 de brumário, que derrubou o
Diretório e formou o chamado Consulado, liderado por Napoleão. Sob sua liderança, o
exército francês se rearmou e foi reorganizado. Uma força de reserva também foi
mobilizada para futuras campanhas além do Reno e na Itália.
Em todas as frentes, os franceses, sob a liderança de Napoleão, começaram a
avançar e empurraram os austríacos para longe do seu território e também afastaram a
ameaça da Rússia. Na Itália, Bonaparte derrotou os austríacos novamente nas batalhas de
Marengo e Hohenlinden em 1800. Derrotada, a Áustria assina o Tratado de Lunéville (9
de fevereiro de 1801). Agora isolado, o Reino Unido foi forçado a assinar o Tratado de
Amiens com a França.
Não há consenso sobre quando as guerras revolucionárias terminaram e as guerras
napoleônicas começaram. As datas para o começo do conflito são debatidas entre 9 de
novembro de 1799, quando Napoleão tomou o poder no 18 de brumário ou em 18 de maio
de 1803, quando a Grã-Bretanha encerrou o período de paz que firmou com a França.
Outra data debatida é 2 de dezembro de 1804, quando Bonaparte se coroou imperador.
Historiadores britânicos se referem ao período quase contínuo de guerras de 1792
a 1815 como a "Grande Guerra Francesa", ou como a fase final da Segunda Guerra dos
Cem anos, que teria ido de 1689 a 1815. Na França, as Guerras Napoleônicas são
geralmente integradas com as Guerras Revolucionárias Francesas (Les guerres de la
Révolution et de l'Empire).

Tácticas de Napoleão
Napoleão foi, e ainda é, reconhecido por suas vitórias nos campos de batalha.
Historiadores e analistas militares há muito tempo estudam seus feitos. Em 2008, Donald
Sutherland escreveu:
A batalha ideal Napoleônica era manipular o inimigo a uma posição infavorável
através de manobras e ardis, forçando ele a mandar suas principais forças e reservas para
a batalha principal e depois realizar um ataque envolvente com as tropas não
comprometidas ou reservas no flanco ou por trás. Tal ataque surpresa ou daria um duro
golpe na moral inimiga ou o forçaria a quebrar suas linhas. Ainda assim, a própria
impulsividade do inimigo começava o processo onde um pequeno exército francês
poderia derrotá-los um a um.
Após 1807, Napoleão criou uma força de artilharia bem armada e altamente
móvel. O imperador francês, ao invés de contar com sua infantaria para enfraquecer as
linhas inimigas, agora usava artilharia pesada para enfraquecer o inimigo. Uma vez que
a posição inimiga estava amaciada, a infantaria e a cavalaria avançavam em peso.

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O Reino Unido não estava feliz com várias ações tomadas pela França após a
assinatura do Tratado de Amiens. Napoleão havia anexado Piemonte e a Ilha de Elba, e
se proclamou presidente da República Italiana, um Estado criado pela França. Os
franceses também interferiam bastante nos assuntos comerciais britânicos, apesar dos
acordos de paz. Paris também reclamava que a Grã-Bretanha ainda dava abrigo a certos
indivíduos e não calava a imprensa antiFrança do país.
A ilha de Malta havia sido capturada pelos britânicos durante a Guerra da Segunda
Coalizão e esse assunto foi tratado em um complexo acordo estipulado pelo 10.º artigo
do Tratado de Amiens onde a Ordem de São João foi restaurada com uma guarnição
napolitana. Contudo, o enfraquecimento da Ordem através do confisco de seus bens na
França e Espanha, além de outros atrasos, evitaram que os britânicos pudessem se retirar
da ilha nos três meses estipulados pelo tratado.
A República Helvética foi estabelecida pela França quando eles invadiram a Suíça
em 1798. Os franceses retiraram suas tropas, mas violentas revoltas aconteceram contra
o governo, que muitos suíços viam como centralizado demais. Alarmado, Bonaparte
reocupou o país em 1802 e impôs um acordo de mediação. Esta ação causou ultraje na
Grã-Bretanha, que protestou afirmando que este ato violava o Tratado de Lunéville.
Embora as potências continentais não estivessem preparadas para agir, os britânicos
decidiram enviar um agente para ajudar os suíços a obter suprimentos e deu ordens para
as suas forças armadas não devolverem a Colônia do Cabo para a Holanda, como eles
haviam prometido no Tratado de Amiens.
Contudo, a resistência suíça acabou entrando em colapso antes de qualquer
mudança significativa nas políticas internacionais e depois de um mês os ingleses
decidiram revogar a ordem de não entregar a Colônia do Cabo. Ao mesmo tempo, a
Rússia também entrou nas discussões sobre a ilha de Malta. Preocupada com a
possibilidade de recomeço das hostilidades quando Bonaparte descobrisse que a Colônia
do Cabo não havia sido retida, os britânicos começaram a deliberadamente procrastinar
sua evacuação de Malta. Em janeiro de 1803, um artigo oficial do governo francês
publicou um relatório de um agente comercial que dizia com quanta facilidade a França
havia conquistado o Egito.
Os britânicos usaram isso como motivo para exigir algum tipo de satisfação e
segurança antes de evacuar Malta, que podia ser usado como rota para o Egito. A França
negou qualquer intenção de tentar anexar o Egito e perguntou que tipo de garantias os
ingleses precisavam, mas estes não responderam. Ainda não havia um interesse das partes
em recomeçar as hostilidades, com o primeiro-ministro Henry Addington afirmando
publicamente que a Grã-Bretanha estava em um profundo estado de paz.
No começo de março de 1803, o governo de Addington recebeu a notícia de que
a Colônia do Cabo havia sido reocupada pelo Exército Britânico, de acordo com as ordens
dadas. No dia 8, novas ordens foram passadas aos militares para se prepararem para uma
retaliação francesa, mas a propaganda estatal afirmou falsamente que isso era uma
resposta às preparações que os franceses estavam fazendo e que negociações com Paris
estavam sendo feitas. Napoleão reagiu repreendendo o embaixador britânico na frente de
200 espectadores a respeito das preparações militares não justificadas do seu país.
O governo do primeiro-ministro inglês, Henry Addington, sabia que haveria uma
investigação para saber se o motivo das recentes preparações militares eram justificadas
ou não. Durante o mês de abril ele tentou, sem sucesso, buscar apoio de William Pitt para
se blindar de qualquer dano político.

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Nesse mesmo período, o governo britânico fez um ultimato à França, exigindo a
retenção de Malta por pelo menos dez anos, a permanente aquisição da ilha de
Lampedusa do Reino da Sicília e a evacuação da Holanda. Em retorno, eles
reconheceriam as conquistas territoriais francesas na Itália, se Napoleão se retirasse da
Suíça e recompensasse o Reino da Sardenha por suas perdas territoriais. A França
ofereceu, em contrapartida, colocar a ilha de Malta em mãos russas, para aliviar as
preocupações britânicas, se retirar da Holanda, uma vez que a saída inglesa de Malta
estivesse concluída, e formar uma convenção para dar satisfação ao Reino da Grã-
Bretanha em outros temas.
Porém os britânicos falsamente afirmaram que a Rússia nunca se ofereceu e o seu
embaixador deixou Paris. Ainda tentando evitar uma guerra, Bonaparte tentou fazer um
acordo secreto com os ingleses onde estes poderiam se manter em Malta se aos franceses
fosse permitido ocupar a península de Otranto, em Nápoles. Porém todos os esforços
foram infrutíferos e a Inglaterra oficialmente declarou guerra à França em 18 de maio de
1803.
Em 1804, Napoleão foi coroado Imperador dos Franceses, restaurando o poder
monárquico na França.

Guerra económica

Em resposta ao bloqueio naval imposto pelos ingleses contra a costa francesa


iniciado em maio de 1806, Napoleão firmou o Decreto de Berlim, em 21 de novembro do
mesmo ano, que iniciou o Bloqueio continental. O objetivo era isolar a Grã-
bretanha economicamente ao tentar encerrar o seu comércio com o continente. O Reino
Unido manteve um exército de 220.000 soldados profissionais no auge das Guerras
Napoleônicas, onde apenas metade estavam disponíveis para campanhas, com o resto
sendo alocado na Irlanda e em outras possessões coloniais inglesas pelo mundo para
garantir sua proteção e que estas próprias não tentassem se rebelar.
Cerca de 2,5 milhões de homens serviram nos exércitos napoleônicos (incluindo
milícias e guardas nacionais). Muitos destes soldados eram fornecidos pelos países
satélites de Napoleão. O maior exército que ele conseguiu mobilizar para uma campanha
foi de 685.000 homens para lutar na Rússia (em 1812), sendo que metade desta tropa
eram franceses.
A Marinha Real Britânica conseguiu impedir o comércio extra-continental francês
— ao atacar navios franceses em alto-mar e até tomando pela força possessões coloniais
francesas no exterior — mas não pôde fazer muita coisa com as relações comerciais
dentro do continente europeu. Além disso, a França tinha uma população bem maior que
a do Reino Unido e também tinha uma agricultura muito maior.
Contudo, a Grã-Bretanha tinha os maiores parques industriais da Europa e sua
dominância militar nos oceanos garantiu que o país manteria sua riqueza através do
comércio marítimo. Isso garantiu que a França não conseguiria manter a Europa sob seu
controle pela paz, pois os países de lá sempre precisariam de bens e matérias-primas
encontradas fora do continente. Ainda assim, o governo francês acreditava que
conseguiria enfraquecer a Inglaterra ao isolá-la do continente e acabar com sua influência
econômica na região.

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Bases do financiamento do conflito
Um fator importante para o sucesso britânico foi sua habilidade de mobilizar todos
os recursos financeiros e industriais da nação para derrotar a França. O Reino da Grã-
Bretanha tinha uma população de 16 milhões de pessoas, metade da população francesa
(que era de um pouco mais de 30 milhões). Então, com uma população maior, é natural
que a França tivesse um exército maior.
Contudo, os britânicos compensavam isso ao subsidiar, através de empréstimos,
as forças armadas de países como Áustria e Rússia, que tinham pelo menos 450 000
homens em armas em 1813. Pelos termos do tratado Anglo-Russo de 1803, os britânicos
pagariam 1,5 milhões de libras por cada 100.000 soldados que a Rússia conseguisse
mobilizar.
Mais importante, a produção nacional britânica manteve-se forte e seu setor bem
organizado de negócios canalizava a produção para as necessidades militares. O Reino
Unido usou seu poder econômico para expandir a Marinha Real, dobrando o seu número
de fragatas e aumentando em 50% o seu inventário de navios de linha, enquanto
aumentava o número de marinheiros de 15.000 para 133.000 em oito anos após o começo
das guerras contra a França em 1793. Os franceses, enquanto isso, viram sua marinha ser
reduzida pela metade.
O bloqueio continental, que visava isolar a Inglaterra economicamente do restante
do continente europeu, acabou fracassando devido à corrupção, contrabando e da
dificuldade de impôr tal bloqueio a todos os portos da Europa continental. No final, a
economia britânica sofreu pouco. Os subsídios britânicos à Rússia e à Áustria mantiveram
estes países na guerra.
O orçamento do governo britânico em 1814 chegou a 66 milhões de libras,
incluindo 10 milhões para a marinha de guerra, 40 milhões para o exército, 10 milhões
em empréstimos aos aliados e 38 milhões em juros da dívida nacional. De fato, a dívida
pública subiu para 679 milhões, o dobro do PIB nacional na época. Fundos vinham de
investidores privados e impostos sobre os cidadãos. Um imposto que viu um acentuado
crescimento foi o de terras e sobre novas rendas.
O custo total da guerra foi estipulado em 831 milhões de libras. Em contraste, o
sistema financeiro francês era inadequado e Napoleão se viu forçado a adquirir fundos e
requisições nas novas terras conquistadas.
Em 1803, o Reino Unido reuniu seus aliados pelo continente para formar a
Terceira Coalizão contra a França. Em resposta, Napoleão contemplou invadir a Grã-
Bretanha e reuniu um efetivo de 200.000 homens na cidade de Bolonha para a
operação. Contudo, antes que ele pudesse autorizar uma invasão, era preciso conquistar
superioridade naval ou pelo menos afastar a esquadra britânica do Canal Inglês.
Um complexo plano para distrair a marinha inglesa foi feito ao ameaçar as
possessões coloniais britânicas nas Índias Ocidentais, mas fracassou quando a frota
Franco-espanhola, sob comando do almirante Villeneuve, foi forçada a recuar após a
malsucedida batalha de Cabo Finisterra, a 22 de julho de 1805.
A marinha britânica então bloqueou Villeneuve em Cádiz, na costa de
Andaluzia (sul da Espanha), até ele partir para Nápoles em 19 de outubro. Por fim, a
esquadra combinada da marinha francesa foi derrotada na decisiva batalha de Trafalgar,
em 21 de outubro.
O comandante da frota britânica, o almirante Horátio Nelson, morreu no combate.
Napoleão então não veria outra oportunidade de desafiar o poderio inglês no mar, nem

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ameaçaria mais uma invasão das ilhas britânicas. Ele então voltou sua atenção para os
inimigos no continente, que naquela altura estavam se mobilizando contra ele.
Em abril de 1805, a Rússia e o Reino Unido assinaram um tratado que visava
remover a França da República Batava (atual Holanda) e da Conferdação Suíça. A
Áustria se juntou à aliança após a anexação da cidade de Gênova pelos franceses e a
proclamação de Napoleão como Rei da Itália em 17 de março de 1805. A Suécia, que já
havia concordado em emprestar a região da Pomerânia sueca como base militar para que
as tropas britânicas atacassem a França, se juntou à coalizão em 9 de agosto.
Os austríacos foram os primeiros a partir para a ofensiva na guerra ao invadir a
Baviera com um exército de 70.000 homens sob comando de Karl Mack von Leiberich.
Napoleão então moveu seu exército, que estava estacionado na Bolonha, para confrontar
os austríacos. Em Ulm (25 de setembro–20 de outubro) Napoleão cercou as forças de
Leiberich e forçou sua rendição, sofrendo pouquíssimas baixas no processo.
Com o principal exército austríaco ao norte dos Alpes derrotado, os franceses
marcharam em Viena. Então, afastado de suas linhas de suprimento, Napoleão teve que
enfrentar agora uma força austro-russa comandado pelo marechal Mikhail Kutuzov,
acompanhado pelo imperador russo Alexandre I em pessoa.
A 2 de Dezembro, ele esmagou essa tropa, nas cercanias de Morávia, na Batalha
de Austerlitz. Mesmo em menor número, Bonaparte infligiu cerca de 36.000 baixas ao
inimigo (entre mortos, feridos e capturados), sofrendo apenas 9.000 dentre a sua própria
tropa Derrotada, a Áustria não teve escolha se não sair da Coalizão e buscar a paz com a
França. A 26 de Dezembro de 1805 foi firmado o Tratado de Presburgo, que forçou os
austríacos a ceder a região de Vêneto para oReino da Itália (governado por Napoleão) e
Tirol para a Baviera.
Com a saída da Áustria da guerra, um impasse apareceu. Napoleão venceu
diversas batalhas, mas o poderio completo do exército russo não havia sido testado, com
o grosso de suas tropas ainda em seu território. Bonaparte agora tinha comando absoluto
da França e havia expandido seu novo império ao conquistar a Bélgica, os Países Baixos,
a Suíça e boa parte da Alemanha ocidental e o norte da Itália.
Seus apoiadores afirmam que Napoleão pretendia encerrar suas conquistas ali,
mas sua mão foi forçada a continuar lutando e ganhar novos territórios para o país a fim
garantir a segurança nacional diante de países que se negavam a aceitar os seus feitos.
Em 1811, o Império francês de Napoleão chegou ao auge de sua extensão
territorial. No leste, a Áustria e a Prússia, cansadas de lutar, tiveram de firmar a paz com
Bonaparte novamente. No oeste, britânicos e portugueses permaneciam restritos em uma
área ao redor de Lisboa (atrás das inexpugnáveis linhas de Torres Vedras) e resistindo
no Cerco de Cádis. Na Espanha, a situação ainda não se acalmara, com os rebeldes
lutando contra as tropas francesas por todo o território.
Para tentar sedimentar a paz, Napoleão desposou Maria Luísa, uma arquiduquesa
austríaca e filha do monarca Francisco I. Bonaparte esperava firmar uma boa aliança com
a Áustria, ao mesmo tempo que buscava assegurar sua própria posição como imperador
ao gerar um filho e herdeiro (algo que sua primeira esposa, Josefina, não conseguiu).
Além do Império Francês, Napoleão controlava a Confederação Suíça, a Confederação
do Reno, o Ducado de Varsóvia e o Reino da Itália. Outros territórios aliados da França
eram:

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O Reino da Espanha, de forma contestada (governado por José Bonaparte, irmão mais
velho de Napoleão);
O Reino de Vestfália (governado por Jerónimo Bonaparte, irmão mais novo de
Napoleão);
O Reino de Nápoles (governado por Joaquim Murat, marido da irmã de Napoleão,
Carolina);
O Principado de Luca e Piombino (governado por Elisa Bonaparte, irmã de Napoleão,
e seu marido Félix Baciocchi);
Em 1812, no auge do seu poder e influência na Europa, Napoleão invadiu a
Rússia com seu Grande Armée (o exército imperial), apoiado por milhares de soldados de
Estados satélites e aliados. A sua força de invasão consistia em quase 650 000 homens
(incluindo 270.000 franceses e os demais sendo de nações subservientes ao Império,
como alemães, poloneses e italianos).
Os exércitos napoleônicos cruzaram o rio Neman, em 24 de Junho de 1812. A
Rússia proclamou então a "Grande Guerra Patriótica" para resistir à invasão estrangeira.
Napoleão afirmou que o motivo central da guerra era pela Polônia. Assim, os poloneses,
em apoio, forneceram 100.000 homens a Bonaparte. Apesar das expectativas polonesas,
Napoleão não fez concessões para a Polônia, pois ele queria usar aquele território para
futuras negociações com a Rússia.
O Grande Armée de Napoleão foi avançando pela Rússia, enfrentando pouca
resistência e travando batalhas de pequena intensidade. O primeiro grande confronto,
a Batalha de Smolensk, ocorreu entre 16 e 18 de Agosto, resultando em uma contestada
vitória francesa. Durante esse período, o marechal Nicolas Oudinot foi detido na Batalha
de Polotsk por uma tropa russa comandada pelo general Peter Wittgenstein. Isso impediu
que os franceses chegassem a São Petersburgo. A principal coluna do exército francês,
liderada por Napoleão, marchava até Moscou.
Os russos implementaram táticas de terra arrasada, importunando o Grande
Armée com a cavalaria leve cossaca. O exército francês não conseguiu se adaptar ao novo
cenário adverso. Assim, logo nas primeiras semanas, os franceses começaram a sofrer
pesadas baixas.
Ao mesmo tempo, o exército russo recuou por pelo menos três meses. A tática de
retirada era liderada pelo marechal Michael Andreas Barclay de Tolly e o príncipe
Mikhail Kutuzov, feito comandante-em-chefe pelo czar Alexandre I. A política de evitar
combates e destruir o terreno, era interrompida por batalhas pequenas. Porém alguns
confrontos de grande intensidade aconteceram, como a Batalha de Borodino, em 7 de
setembro de 1812.
A luta aconteceu nas cercanias de Moscou e foi uma das mais sangrentas das
Guerras Napoleônicas, envolvendo 250.000 homens e resultando em 70 000 baixas. Seu
resultado foi, no quadro geral, indecisivo, mas deu uma leve vantagem a Napoleão.
Bonaparte terminou controlando a região, mas não destruiu o exército russo e nem
capturou seus líderes. Longe da França, Napoleão foi forçado a esticar suas linhas de
suprimento e ele não tinha como receber reforços, fazendo com que cada perda fosse
sentida. Já a Rússia, com uma população enorme, podia repor suas baixas rapidamente.
Napoleão entrou em Moscou a 14 de setembro de 1812, após uma nova retirada
por parte do exército russo. A população de Moscou já havia, na sua grande maioria,
seguido o governo e abandonou a cidade. Então, o governador da cidade, Fyodor

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Rostopchin, ordenou que Moscou fosse queimada. Alexandre I se recusava a capitular e
qualquer proposta de paz feita pelos franceses era recusada.
Em outubro, sem possibilidade clara de uma vitória, Napoleão começou a
desastrosa retirada do seu exército da Rússia. Quando o que sobrou do exército de
Napoleão cruzou o rio Berezina em novembro de 1812, apenas 27.000 retornaram em boa
ordem, com outros 380.000 sendo mortos ou dados como desaparecidos, além de outros
100.000 capturados.
Bonaparte foi direto para Paris, para preparar sua defesa contra os russos e a
campanha se encerrou formalmente em 14 de dezembro, quando os últimos soldados
franceses retornaram da Rússia. Os russos também sofreram, perdendo 210.000 homens,
mas eles podiam repor essas baixas rapidamente, algo que os franceses não conseguiriam.

Ao fim de março de 1814, após uma curta batalha, as tropas da Coalizão


marcharam sobre Paris. Antes disso, Napoleão travou, no nordeste da França, a chamada
Campanha dos Seis Dias, onde tentou desesperadamente deter o avanço aliado sobre a
capital do seu império. Apesar de ter conquistado algumas vitórias estratégicas, ele não
cumpriu o seu objetivo maior de salvar Paris.
Naquele momento, ele tinha pelo menos 70.000 homens, contra mais de 500.000
soldados da Coalizão que invadiam a França pelo leste. Nesse meio tempo, pelo Tratado
de Chaumont (9 de março de 1814), as potências europeias da Coalizão se
comprometeram a continuar lutando até que Napoleão estivesse derrotado totalmente.

As potências aliadas da Coalizão decidiram exilar Napoleão na ilha de Elba,


garantindo a ele soberania sobre o lugar mas sob vigilância marítima da esquadra inglesa
(que patrulhava a região) do Mediterrânio.
Foi decidido também restaurar os Bourbons no trono francês, colocando no poder
Luís XVIII. Tudo foi formalizado pela assinatura do Tratado de Fontainebleau em 11 de
abril de 1814. Representantes das principais potências europeias então se reuniram no
Congresso de Viena e começaram a trabalhar no processo de reconstrução do mapa
político da Europa.

2.2.2. Revolução Inglesa e desdobramentos com a Espanha

Na possibilidade de enfatizar a abordagem referente à Espanha e a Inglaterra


frente à hegemonia espanhol e o ressurgimento inglês , sendo que, começo por uma
possível introdução sequencial e ligado às crises religiosas e às reformas religiosas
ocorridas na Europa.
Quando os reis e rainhas tentavam transformar um domínio medieval num Stato,
a maré de conflitos desenvolve-se entre os súditos e praticamente todos os governantes
da Europa, podendo esperar-se que essa turbulência tivesse prejudicado e talvez bloqueio
da formação dos Estados onde os habitantes reconheciam a lealdade para com o seu
príncipe reconhecimento este que permitiu o surgimento do sistema de Estados, sendo
que a turbulência teve um outro efeito contrário, sendo, a quebra de unidade da
cristandade, ao invés de forçar a horizontalidade das instituições medievais, a igreja
Católica= Universal, desestabilizou e reforçou a diminuição de concentração de poder
nas mãos dos governantes dos Estados.

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A crise religiosa, ou seja a reforma religiosa em especial os luteranos e não apenas,
buscavam abertamente a proteção dos príncipes e prestavam obediência àqueles que o
proporcionavam, sendo que o apoio luterano incentivou a independência dos príncipes
alemães o qual organizavam seus próprios Statos e acelerou a disseminação da nova arte
do Estado da política de poder da Itália em terras alemães do Sacro Império Romano,
onde a alienação de muitos súditos com relação a seus governantes e ameaça ou realidade
de guerras civis destrutivas colocavam problemas sérios para muitos Estados que iam
surgindo; e ademais lealdades religiosas passionais atravessavam as novas fronteiras que
os governantes impunham ajudando a envolver crescentemente os Estados uns aos outros.

Espanha
Numa análise é possível afirmar na perspectiva de Adam Smith, que a Espanha
identificava-se com a Igreja Católica= Catholicu e havia o qual se havia sedimentado pela
bem sucedida conclusão da reconquista contra os muçulmanos, quando Carlos de
Habsburgo tornou-se rei da Espanha, em 1516, a Igreja e o Estado suprimiram a oposição
política e religiosa à monarquia, a maior parte dos espanhóis acostumados com expulsões
muçulmanas, aparentemente encaravam a conformidade oficial obrigatória e também em
geral era aceita na Itália, a maior parte da qual estava sob domínio espanhola e papal esse
modelo manter a paz e evitar destruição material.
O influxo de católicos proveniente do domínio de príncipes protestantes, permitiu
aos Habsburgo utilizassem a energia da Espanha e da Itália e das riquezas das índias para
estabelecer uma política externa para a sua hegemonia na Europa.
É bom ressaltar dois grandes acontecimentos na história da Espanha segundo Paul
Kannedy, ao qual me refiro da acessão de Carlos V em 1519 e o Tratado dos Pirineus em
1659 com o reconhecimento da derrota espanhola pela França, Kennedy destaca a
capacidade de organizacional que Espanha teve durante , os territórios herdado por Carlos
V, deu lhe a possibilidade e proporcionar lhe uma abundancia e incomparável da
potencias da época, o sucesso da exploração trouxe vantagens por alargar os territórios
do novo mundo, onde não só o novo mundo favorecia os vários impostos regulares, os
recursos proporcionados pelos países baixos e os italianos com a sua riquezas mercantil
e o seu papel móvel, as tarifas aduaneiras e os tributos do mundo novo, revolução militar
ou vantagens militares ( a infantaria, a cavalaria e a eficiência), mas a disponibilidade de
financeira fez a Espanha movimentar e aumentar os seus gastos.
Nas afirmações de Kennedy, diz que Espanha teve muitos recursos mas o seu
infeliz destino fez com que houvesse o aumento dos gastos principalmente nas guerras
realizas, apesar de possuírem vantagens militares e financeiros, não puderam predominar
por nunca, visto os recursos militares pareciam insuficientes de cobrir as necessidades.
Três fatores que apontam grandes lições por extensão por estudo do conflito
armado sendo: a revolução militar de princípios da Europa moderna (causou um custo na
guerra ou seja toda guerra causa gastos e empreende recursos, sendo equipar o exército,
manter, e fazer a manutenção de cerca de 60 mil homens o qual o imperador Carlos V
havia mobilizado), a expansão do comércio marítimo transoceânico, as rivalidades entre
frotas, o largo de certas colónias na América, ameaça representada pelos corsários da
barbaria e pelas frotas otomanas que interagiu com a nova tecnologia de construção de

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navios torná-los maiores e muito bem armados, a exploração da guerra no Atlântico, na
década seguinte tornou maior esforço.
Os Habsburgos tinham inimigos demais para combater , muita coisa por fazer,
frentes demais por defender, a resistência não podia compensar a necessidade para
guarnições internas; em consequência de 11 anos de guerra franco-espanhola que
perdurou até a paz de Vestefália; foram esses custos da guerra que revelaram a debilidade
real, a inflação dos preços de alimentos e industriais quando eles estavam empenhados na
guerra, no final da guerra dos 30 anos a Espanha e Áustria debilitada, França ganha
territórios e a Suécia torna-se a maior potência.

Inglaterra
As classes ativas, especialmente os comerciantes e habitantes de cidades e
povoações, bem como a nobreza e os novos proprietários de terras, tornando-se cada vez
mais protestantes no correr do século XVI, mas contavam com a monarquia para
transformar a Inglaterra de um domínio feudal dilacerado por conflitos entre famílias
nobres num Estado Nacional.
O estabelecimento do Stato real efetivo, Henrique VIII fez-se independente do
papado sem tornar-se protestante, dois dos seus herdeiros e muitos súditos moderados
puderam evitar a destruição da guerra religiosa, estabelecendo uma única dominação
religiosa de base suficientemente ampla para incluir a maioria.
A igreja Anglicana foi um meio termo político que manteve a paz interna, sendo
que a Inglaterra, não pôde escapar das armadilhas do sistema europeu, havia três opções
de política externa, 1º o comprometimento irrestritos para com a causa protestante era
perigoso demais para ser tentada; 2º os políticos ingleses optaram por evitar o
comprometimento tanto com os Habsburgos quanto ao campo anti-hegemónico e por
manter a Inglaterra e por manter a Inglaterra como fiel da balança, os governantes desses
novos Statos cada vez mais sentiam a necessidade de ter súditos leiais a fim de evitar a
destrutiva stasis interna.

a) 1640-42 - a Grande Rebelião. O Longo Parlamento toma atitudes (como as citadas acima)
francamente hostis ao monarca.

b) 1642-48 - a Guerra Civil. Do lado do rei alinham-se anglicanos e católicos, portanto,


essencialmente os Pares e alguns setores da gentry, principalmente os das regiões Norte e
Oeste da Inglaterra; aolado do Parlamento encontramos presbiterianos e seitas radicais; os
yeomen, a burguesia mercantil e setores dda gentry, especialmente os do Sul e do Leste da
Inglaterra.

A vitória do Parlamento só se tornou possível pela organização do New Model Army (Novo
exército modelo), de Cromwell. Foi graças a esse exército, onde a promoção ao oficialato se fazia pelo
mérito, que o Parlamento conseguiu vencer as tropas reais. Após a prisão do rei, surgiram conflitos
entre os vencedores, pois alguns defendiam a condenação à morte do rei (radicais), enquanto os
moderados insistiam na continuação da monarquia. Os radicais conseguiram se impor e Carlos I foi
condenado.

c) 1648-58 - a República de Cromwell. Oliver Cromwell esmagou violentamente os movimentos

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radicais dentro do exército (niveladores e cavadores, cujas idéias serão examinadas no texto de
aprofundamento); decretou os Atos de Navegação que consolidaram a marinha inglesa e permitiram,
em breve, à Inglaterra dominar os mercados mundiais; seu governo era uma república ditatorial,
denominada Protetorado.

d) 1658-60 - O fim da da República.Após a morte de Cromwell, seu filho Richard foi deposto pelo
exército, num golpe tramado pelo Parlamento. Optou-se pela restauração da dinastia Stuart.

e) 1660-88 - a restauração Stuart. O Parlamento é depurado dos elementos radicais. Tenta-se a


monarquia limitada, mas quando Jaime II tenta restaurar o absolutismo e o catolicismo a situação
chega ao limite.

f) 1688-89 - a Revolução Gloriosa. Esta "revolução" nada mais foi do que um golpe do Parlamento
contra Jaime II. Colocando no poder Guilherme de Orange, um genro de Jaime II, a gentry e a
burguesia, na realidade, estão assumindo o poder, uma vez que pelo "Bill of Rights" (Declaração de
Direitos), de 1689, fica definitivamente limitado o poder monárquico na Inglaterra, caminhando-se,
portanto, para a instalação do Parlamentarismo.

2.2.3. Revolução Francesa

O impacto da Revolução Francesa – que em 1789 proclamou Liberté, Egalité,


Fraternité na França, eliminando a ordem social feudal e promovendo a separação de
poderes. Se a economia do mundo do século XIX foi formada principalmente sob a
influência da revolução industrial britânica, sua política e ideologia foram formadas
fundamentalmente pela Revolução Francesa.
A Grã-Bretanha forneceu o modelo para as ferrovias e fábricas, o explosivo
econômico que rompeu com as estruturas sócio-econômicas tradicionais do mundo não
europeu; mas foi a França que fez suas resoluções e a elas deu suas idéias, a ponto de
bandeiras tricolores de um tipo ou de outro terem-se tornado o emblema de praticamente
todas as nações emergentes, e a política europeia (ou mesmo mundial) entre 1789 e 1917
foi em grande parte a luta a favor e contra os princípios de 1789, ou os ainda mais
incendiários de 1793. A França forneceu o vocabulário e os temas da política liberal e
radical-democrática para a maior parte do mundo.
A França deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o vocabulário do
nacionalismo. A França forneceu os códigos legais, o modelo de organização técnica e
científica e o sistema métrico de medidas para a maioria dos países. A ideologia do mundo
moderno atingiu as antigas civilizações que tinham até então resistido as ideias europeias
inicialmente através da influência francesa. Esta foi a obra da Revolução Francesa.
O final do século XVIII, como vimos, foi uma época de crise para os velhos
regimes da Europa e seus sistemas econômicos, e suas últimas décadas foram cheias de
agitações políticas, às vezes chegando a ponto da revolta, e de movimentos coloniais em
busca de autonomia, às vezes atingindo o ponto da secessão: não só nos EUA (1776-83)
mas também na Irlanda (1782-4), na Bélgica e em Liège (1787-90), na Holanda (1783-
7), em Genebra e até mesmo — conforme já se discutiu- na Inglaterra (1779).

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A quantidade de agitações políticas é tão grande que alguns historiadores mais
recentes falaram de uma “era da revolução democrática”, em que a Revolução Francesa
foi apenas um exemplo, embora o mais dramático e de maior alcance e repercussão.
Na medida em que a crise do velho regime não foi puramente um fenómeno francês, há
algum peso nestas observações. Igualmente, pode-se argumentar que a Revolução Russa
de 1917 (que ocupa uma posição de importância análoga em nosso século) foi meramente
o mais dramático de toda uma série de movimentos semelhantes, tais como os que —
alguns anos antes de 1917 — finalmente puseram fim aos antigos impérios turco e chinês.
Ainda assim, há aí um equívoco. A Revolução Francesa pode não ter sido um
fenómeno isolado, mas foi muito mais fundamental do que os outros fenómenos
contemporâneos e suas consequências foram portanto mais profundas.
Em primeiro lugar, ela se deu no mais populoso e poderoso Estado da Europa (não
considerando a Rússia). Em 1789, cerca de um em cada cinco europeus era francês.
Em segundo, ela foi, diferentemente de todas as revoluções que a precederam e a
seguiram, uma revolução social de massa, e incomensuravelmente mais radical do que
qualquer levante comparável.
Não é um fato meramente acidental que os revolucionários americanos e os
jacobinos britânicos que emigraram para a Fiança devido a suas simpatias políticas
tenham sido vistos como moderados na França.
Tom Paine era um extremista na Grã- Bretanha e na América; mas em Paris ele
estava entre os mais moderados dos girondinos. Resultaram das revoluções americanas,
grosseiramente falando, países que continuaram a ser o que eram, somente sem o controle
político dos britânicos, espanhóis e portugueses. O resultado da Revolução Francesa foi
que a era de Balzac substituiu a era de Mme. Du-barry.

Em terceiro lugar, entre todas as revoluções contemporâneas, a Revolução


Francesa foi a única ecuménica. Seus exércitos partiram para revolucionar o mundo; suas
ideias de fato o revolucionaram. A revolução americana foi um acontecimento crucial na
história americana, mas (exceto nos países diretamente envolvidos nela ou por ela) deixou
poucos traços relevantes em outras partes. A Revolução Francesa é um marco em todos
os países.
Suas repercussões, ao contrário daquelas da revolução americana, ocasionaram os
levantes que levaram à libertação da América Latina depois de 1808. Sua influência direta
se espalhou até Bengala, onde Ram Mohan Roy foi inspirado por ela a fundar o primeiro
movimento de reforma hindu, predecessor do moderno.
A Revolução Francesa foi, como se disse bem, “o primeiro grande movimento de
ideias da cristandade ocidental que teve qualquer efeito real sobre o mundo islâmico”, e
isto quase que de imediato.
Por volta da metade do século XIX, a palavra turca vatan, que até então
simplesmente descrevia o local de nascimento ou a residência de um homem, tinha
começado a se transformar, sob sua influência, em algo parecido com patrie, o termo
“liberdade”, antes de 1800 sobretudo uma expressão legal que denotava o oposto de
“escravidão”, tinha começado a adquirir um novo conteúdo político.

34
Sua influência direta é universal, pois ela forneceu o padrão para todos os
movimentos revolucionários subsequentes, suas lições (interpretadas segundo o gosto de
cada um) tendo sido incorporadas ao socialismo e ao comunismo modernos.
A Revolução Francesa é assim a revolução do seu tempo, e não apenas uma,
embora a mais proeminente, do seu tipo. E suas origens devem portanto ser procuradas
não meramente em condições gerais da Europa, mas sim na situação específica da França.
Sua peculiaridade é talvez melhor ilustrada em termos internacionais.
Durante todo o século XVIII a França foi o maior rival econômico da Grã-
Bretanha. Seu comércio externo, que se multiplicou quatro vezes entre 1720 e 1780,
causava ansiedade; seu sistema colonial foi em certas áreas (como nas índias Ocidentais)
mais dinâmico que o britânico.
Mesmo assim a França não era uma potência como a Grã-Bretanha, cuja política
externa já era substancialmente determinada pelos interesses da expansão capitalista. Ela
era a mais poderosa, e sob vários aspectos a mais típica, das velhas e aristocráticas
monarquias absolutas da Europa.
Em outras palavras, o conflito entre a estrutura oficial e os interesses estabelecidos
do velho regime e as novas forças sociais ascendentes era mais agudo na franca do que
em outras partes. As novas forças sabiam muito precisamente o que queriam.
Turgot, o economista fisiocrata, lutou por uma exploração eficiente da terra, por
um comércio c uma empresa livres, por uma administração eficiente e padronizada de um
único território nacional homogéneo, pela abolição de todas as restrições e desigualdades
sociais que impediam o desenvolvimento dos recursos nacionais e por uma administração
e taxação racionais e imparciais.
Ainda assim, sua tentativa de aplicação desse programa como primeiro-ministro
no período 1774- 6 fracassou lamentavelmente, e o fracasso é característico. Reformas
desse tipo, em doses modestas, não eram incompatíveis com as monarquias absolutas nem
tampouco mal recebidas.
Pelo contrário, uma vez que as fortaleciam, tiveram, como já vimos uma ampla
difusão nessa época entre os chamados “déspotas esclarecidos”. Mas na maioria dos
países de “despotismo esclarecido” essas reformas ou eram inaplicáveis, e portanto meros
floreios teóricos, ou então improváveis de mudar o caráter geral de suas estruturas
político-sociais; ou ainda fracassaram em face da resistência das aristocracias locais e de
outros interesses estabelecidos, deixando o país recair em uma versão um pouco mais
limpa do seu antigo Estado.
Na França elas fracassaram mais rapidamente do que em outras partes, pois a
resistência dos interesses estabelecidos era mais efetiva. Mas os resultados deste fracasso
foram mais catastróficos para a monarquia; e as forças da mudança burguesa eram fortes
demais para cair na inatividade.
Elas simplesmente transferiram suas esperanças de uma monarquia esclarecida
para o povo ou a “nação”. Não obstante, uma generalização desta ordem não nos leva
muito longe na compreensão de por que a revolução eclodiu quando eclodiu, e por que
tomou aquele curso notável. Para isso, é mais útil considerarmos a chamada “reação
feudal” que realmente forneceu a centelha que fez explodir o barril de pólvora da França.

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As 400 mil pessoas aproximadamente que, entre os 23 milhões de franceses,
formavam, a nobreza, a inquestionável “primeira linha” da nação, embora não tão
absolutamente a salvo da intromissão das linhas menores como na Prússia e outros
lugares, estavam bastante seguras. Elas gozavam de consideráveis privilégios, inclusive
de isenção de vários impostos (mas não de tantos quanto o clero, mais bem organizado),
e do direito de receber tributos feudais. Politicamente sua situação era menos brilhante.
A monarquia absoluta, conquanto inteiramente aristocrática e até mesmo feudal
no seu ethos, tinha destituído os nobres de sua independência política e responsabilidade
e reduzido ao mínimo suas velhas instituições representativas “estados” e parlements.
O fato continuou a se agravar entre a mais alta aristocracia e entre a noblesse de
robe mais recente, criada pelos reis para vários fins, principalmente financeiros e
administrativos; uma classe média governamental enobrecida que expressava tanto
quanto podia o duplo descontentamento dos aristocratas e dos burgueses através das
assembleias e cortes de justiça remanescentes.
Economicamente as preocupações dos nobres não eram absolutamente
desprezíveis. Guerreiros e não profissionais ou empresários por nascimento c tradição —
os nobres eram até mesmo formalmente impedidos de exercer um oficio ou profissão —
, eles dependiam da renda de saias propriedades, ou, se pertencessem à minoria
privilegiada de grandes nobres ou cortesãos, de casamentos milionários, pensões,
presentes ou sinecuras da corte.
Mas os gastos que exigia o status de nobre eram grandes e cada vez maiores, e
suas rendas caíam — já que eram raramente administradores inteligentes de suas fortunas,
se é que de alguma forma as conseguiam administrar.
Por volta da década de 1780, eram necessários quatro graus de nobreza até para
comprar uma patente no exército, todos os bispos eram nobres e até mesmo as
intendências, a pedra angular da administração real, tinham sido retomadas por eles.
Conseqüentemente, a nobreza não só exasperava os sentimentos da classe média por sua
bem-sucedida competição por postos oficiais, mas também corroía o próprio Estado
através da crescente tendência de assumir a administração centrai e provinciana.
De maneira semelhante, eles — e especialmente os cavalheiros provincianos mais
pobres que tinham poucos outros recursos — tentaram neutralizar o declínio de suas
rendas usando ao máximo seus consideráveis direitos feudais para extorquir dinheiro (ou
mais raramente, serviço) do campesinato.
Toda uma profissão, a dos feudistas, nasceu para reviver os direitos obsoletos
desse tipo ou então para aumentar ao máximo o lucro dos existentes.
Seu mais celebrado membro, Gracchus Babcuf, viria a se tornar o líder da primeira
revolta comunista da história moderna, em 1796. Conseqüentemente, a nobreza não só
exasperava a classe média mas também o campesinato.

A situação desta classe enorme, compreendendo talvez 80% de todos os franceses,


estava longe de ser brilhante. De fato os camponeses eram em geral livres e não raro
proprietários de terras. Em quantidade Efetiva, as propriedades nobres cobriam somente
um-quinto da terra, as propriedades do clero talvez cobrissem outros 6%, com variações
regionais.

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Assim é que na diocese de Montpellier os camponeses já possuíam de 38 a 40%
da terra, a burguesia de 18 a 19%, os nobres de 15 a 16% e o clero de 3 a 4%, enquanto
um-quinto era de terras comuns.
Na verdade, entretanto, a grande maioria não tinha terras ou tinha uma quantidade
insuficiente, deficiência esta aumentada pelo atraso técnico dominante; e a fome geral de
terra foi intensificada pelo aumento da população.
Os tributos feudais, os dízimos e as taxas tiravam uma grande e cada vez maior
proporção da renda do camponês a inflação reduzia o valor do resto. Pois só a minoria
dos camponeses que tinha um constante excedente para vendas se beneficiava dos preços
crescentes; o resto, de uma maneira ou de outra, sofria, especialmente em tempos de má
colheita, quando dominavam os preços de fome. Há pouca dúvida de que nos 20 anos que
precederam a Revolução a situação dos camponeses tenha piorado por essas razões.
A crise do governo deu à aristocracia e aos parlements a sua chance.
Eles se recusavam a pagar pela crise se seus privilégios não fossem estendidos. A primeira
brecha no fronte do absolutismo foi uma “assembleia de notáveis” escolhidos a dedo, mas
assim mesmo rebeldes, convocada em 1787 para satisfazer as exigências governamentais.
A segunda e decisiva brecha foi a desesperada decisão de convocar os Estados
Gerais, a velha assembleia feudal do reino, enterrada desde 1614. Assim, a Revolução
começou como uma tentativa aristocrática de recapturar o Estado.
Esta tentativa foi mal calculada por duas razões: ela subestimou as intenções
independentes do “Terceiro Estado” — a entidade fictícia destinada a representar todos
os que não eram nobres nem membros do clero, mas de fato dominada pela classe média
— e desprezou a profunda crise sócio-econômicas no meio da qual lançava suas
exigências políticas.
A Revolução Francesa não foi feita ou liderada por um partido ou movimento
organizado, no sentido moderno, nem por homens que estivessem tentando levar a cabo
um programa estruturado. Nem mesmo chegou a ter “líderes” do tipo que as revoluções
do século XX nos têm apresentado, até o surgimento da figura pós-revolucionária de
Napoleão.
Não obstante, um surpreendente consenso de idéias gerais entre um grupo social
bastante coerente deu ao movimento revolucionário uma unidade efetiva. O grupo era a
“burguesia”; suas ideias eram as do liberalismo clássico, conforme formuladas pelos
“filósofos” e “economistas” e difundidas pela maçonaria e associações informais. Até
este ponto os “filósofos” podem ser, com justiça, considerados responsáveis pela
Revolução.
Ela teria ocorrido sem eles; mas eles provavelmente constituíram a diferença entre
um simples colapso de um velho regime e a sua substituição rápida e efetiva por um novo.
Em sua forma mais geral, a ideologia de 1789 era a maçónica, expressa com tão sublime
inocência na Flauta Mágica de Mozart (1791), uma das primeiras grandes obras de arte
propagandísticas de uma época em que as mais altas realizações artísticas pertenceram
tantas vezes à propaganda.
Mais especificamente, as exigências do burguês foram delineadas na famosa
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. Este documento é um
manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres, mas não um manifesto a

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favor de uma sociedade democrática e igualitária. “Os homens nascem c vivem livres e
iguais perante as leis”, dizia seu primeiro artigo; mas ela também prevê a existência de
distinções sociais, ainda que “somente no terreno da utilidade comum”.
A propriedade privada era um direito natural, sagrado, inalienável e inviolável. Os
homens eram iguais perante a lei e as profissões estavam igualmente abertas ao talento;
mas, se a corrida começasse sem handicaps, era igualmente entendido como fato
consumado que os corredores não terminariam juntos.
A declaração afirmava (como contrário à hierarquia nobre ou absolutismo) que
“todos os cidadãos têm o direito de colaborar na elaboração das leis”; mas “pessoalmente
através de seus representantes”. E a assembleia representativa que ela vislumbrava como
o órgão fundamental de governo não era necessariamente uma assembleia
democraticamente eleita, nem o regime nela implícito pretendia eliminar os reis.
Uma monarquia constitucional baseada em uma oligarquia possuidora de terras
era mais adequada à maioria dos liberais burgueses do que a república democrática que
poderia ter parecido uma expressão mais lógica de suas aspirações teóricas, embora
alguns também advogassem esta causa.
Mas no geral, o burguês liberal clássico de 1789 (e o liberal de 1789-1848) não
era um democrata mas sim um devoto do constitucionalismo, um Estado secular com
liberdades civis e garantias para a empresa privada e um governo de contribuintes e
proprietários.
Entretanto, oficialmente esse regime expressaria não apenas seus interesses de
classe, mas também a vontade geral do “povo”, que era por sua vez (uma significativa
identificação) “a nação francesa”. O rei não era mais Luís, pela Graça de Deus, Rei de
França e Navarra, mas Luís, pela Graça de Deus e do direito constitucional do Estado,
Rei dos franceses.
A fonte de toda a soberania, dizia a Declaração, “reside essencialmente na nação”.
E a nação, conforme disse o Abade Siey ès, não reconhecia na terra qualquer direito acima
do seu próprio e não aceitava qualquer lei ou autoridade que não a sua — nem a da
humanidade como um todo, nem a de outras nações.
Sem dúvida, a nação francesa, como suas subseqüentes imitadoras, não concebeu
inicialmente que seus interesses pudessem se chocar com os de outros povos, mas, pelo
contrário, via a si mesma como inauguradora ou participante de um movimento de
libertação geral dos povos contra a tirania.
Mas de fato a rivalidade nacional (por exemplo, a dos homens de negócios
franceses com os ingleses) e a subordinação nacional (por exemplo, a das nações
conquistadas ou libertadas face aos interesses da la grande nation) estavam implícitas no
nacionalismo ao qual a burguesia de 1789 deu sua primeira expressão oficial. “O povo”
identificado com “a nação” era um conceito revolucionário; mais revolucionário do que
o programa liberal burguês que pretendia expressá-lo. Mas era também uma faca de dois
gumes.
Visto que os camponeses e os trabalhadores pobres eram analfabetos,
politicamente simples ou imaturos, e o processo de eleição, indireto, 610 homens, a
maioria desse tipo, foram eleitos para representar o Terceiro Estado. A maioria da

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assembleia era de advogados que desempenhavam um papel econômico importante na
França provinciana; cerca de 100 representantes eram capitalistas e homens de negócios.
O Terceiro Estado tinha lutado acirradamente, e com sucesso, para obter uma
representação tão grande quanto a da nobreza e a do clero juntas, uma ambição moderada
para um grupo que oficialmente representava 95% do povo.
E agora lutava com igual determinação pelo direito de explorar sua maioria
potencial de votos, transformando os Estados Gerais numa assembléia de deputados que
votariam individualmente, ao contrário do corpo feudal tradicional que deliberava e
votava por “ordens” ou “estados”, uma situação em que a nobreza e o clero podiam
sempre derrotar o Terceiro Estado. Foi aí que se deu a primeira.vitória revolucionária.
O Terceiro Estado obteve sucesso, contra a resistência unificada do rei e das
ordens privilegiadas, porque representava não apenas as opiniões de uma minoria
militante e instruída, mas também as de forças bem mais poderosas dos trabalhadores
pobres das cidades, e especialmente de Paris, e em suma, também, o campesinato
revolucionário.
Mas em 1788 e 1789 uma convulsão de grandes proporções no reino e uma
campanha de propaganda e eleição deram ao desespero do povo uma perspectiva política.
E lhe apresentaram a tremenda e abaladora ideia de se libertar da pequena nobreza e da
opressão. Um povo turbulento se colocava por trás dos deputados do Terceiro Estado.
A contra-revolução transformou um levante de massa em potencial em um levante
efetivo. Sem dúvida era natural que o velho regime oferecesse resistência, se necessário
com força armada, embora o exército não fosse mais totalmente de confiança.
Só sonhadores irrealistas suporiam que Luís XVI pudesse ter aceito a derrota e
imediatamente se transformado em um monarca constitucional, mesmo que ele tivesse
sido um homem menos desprezível e estúpido do que era, casado com uma mulher menos
irresponsável e com menos miolos de galinha, e preparado para escutar conselheiros
menos desastrosos.
De fato a contra-revolução mobilizou contra si as massas de Paris, já famintas e
desconfiadas e militantes. O resultado mais sensacional de sua mobilização foi a queda
da Bastilha, uma prisão estatal que simbolizava a autoridade real e onde os
revolucionários esperavam encontrar armas.
As revoluções camponesas são movimentos vastos, disformes, anónimos, mas
irresistíveis. O que transformou uma epidemia de inquietação camponesa em uma
convulsão irreversível foi a combinação dos levantes das cidades provincianas com uma
onda de pânico de massa, que se espalhou de forma obscura mas rapidamente por grandes
regiões do país: o chamado Grande Medo (Grande Peur), de fins de julho e princípio de
agosto de 1789.
Três semanas após o 14 de julho, a estrutura social do feudalismo rural francês e
a máquina estatal da França Real ruiam em pedaços. Tudo o que restou do poderio esta
tal foi uma dispersão de regimentos pouco confiáveis, uma Assembleia Nacional sem
força coercitiva e uma multiplicidade de administrações municipais ou provincianas da
classe média que logo montaram “Guardas Nacionais” burguesas segundo o modelo de
Paris.

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A classe média e a aristocracia imediatamente aceitaram o inevitável: todos os
privilégios feudais foram oficialmente abolidos embora, quando a situação política se
acalmou, fosse fixado um preço rígido para sua remissão. O feudalismo só foi finalmente
abolido em 1793.
No final de agosto, a revolução tinha também adquirido seu manifesto formal, a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Em contrapartida, o rei resistiu com
sua costumeira estupidez, e setores revolucionários da classe média, amedrontados com
as implicações sociais do levante de massa começaram a pensar que era chegada a hora
do conservadorismo.
Em resumo, a principal forma da política revolucionária burguesa francesa e de
todas as subsequentes estava agora bem clara. Esta dramática dança dialética dominaria
as gerações futuras. A peculiaridade da Revolução Francesa é que uma facção da classe
média liberal estava pronta a continuar revolucionária até o, e mesmo além do, limiar da
revolução antiburguesa: eram os jacobinos, cujo nome veio a significar “revolução
radical” em toda parte.
Quando o leigo instruído pensa na Revolução Francesa, são os acontecimentos de
1789, mas especialmente a República Jacobina do Ano II.
Os conservadores criaram uma imagem duradoura do Terror, da ditadura e da
histérica e desenfreada sanguinolência, embora pelos padrões do século XX, e mesmo
pelos padrões das repressões conservadoras contra as revoluções sociais, tais como os
massacres que se seguiram à Comuna de Paris de 1871, suas matanças em massa fossem
relativamente modestas: 17 mil execuções oficiais em 14 meses. Os revolucionários,
especialmente na França, viram-na como a primeira república do povo, inspiração de toda
a revolta subsequente. Pois esta não era uma época a ser medida pelos critérios humanos
cotidianos.
Isto a República Jacobina conseguiu, e seu empreendimento foi sobre-humano.
Em junho de 1793, 60 dos 80 departamentos franceses estavam em revolta contra Paris;
os exércitos dos príncipes alemães estavam invadindo a França pelo norte e pelo leste; os
britânicos atacavam pelo sul e pelo oeste: o país achava-se desamparado e falido.
Quatorze meses mais tarde, toda a França estava sob firme controle, os invasores
tinham sido expulsos, os exércitos franceses por sua vez ocupavam a Bélgica e estavam
perto de começar um período de 20 anos de quase ininterrupto e fácil triunfo militar.
Ainda assim, por volta de março de 1794, um exército três vezes maior que o
anterior era mantido pela metade do custo de março de 1793, e o valor da moeda francesa
(ou melhor, do papel-moeda — assignats — que a tinha amplamente substituído) era
mantido razoavelmente estável, em contraste marcante com o passado e o futuro.

2.4. - A criação da Alemanha

Império Alemão compreende o período de tempo entre a formação do império


após a Guerra Franco-Prussiana até o final da Primeira Guerra Mundial, quando a
monarquia foi dissolvida e a República de Weimar fundada na Alemanha.

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Antes da organização do Império Alemão, existiam vários estados independentes
no território que viria a compor o império, desde reinos como a Bavária até cidades livres
como Bremen. No meio de tantos estados que estavam unidos sob o Sacro Império
Romano Germânico, existiam dois que eram nitidamente mais poderosos, a Áustria e a
Prússia.
Desde o século XVIII, a Áustria e a Prússia lutaram pela hegemonia em território
alemão, e por meio de várias guerras como a dos Sete Anos ficou claro que os dois países
não podiam se unir em apenas um para comandar uma Grande Alemanha. Desde a Guerra
dos Trinta Anos, os estados do sul eram favoráveis a Áustria, e compartilhavam com esta
a religião católica, enquanto os estado do norte eram favoráveis a uma união com a
Prússia, e compartilhavam a religião protestante com o reino prussiano.
O equilíbrio de poder verificado entre Áustria e Prússia foi rompido na Guerra
Austro-Prussiana que, após ser vencida pela Prússia, afastou a Áustria dos estados do
norte definitivamente. E assim a monarquia de Berlim pôde se ver capaz de unir todos os
territórios germânicos sob seu domínio e hegemonia, bastando apenas um chamariz para
a causa nacional.
Em 18 de Janeiro de 1871, o Império Alemão foi proclamado no Salão dos
Espelhos do Palácio de Versalhes.
Diferenças entre França e Prússia sobre uma possível ascensão ao trono
espanhol de um candidato alemão - a qual a França se opunha - foi o pretexto para que os
franceses declarassem a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). Graças a acordos
defensivos, exércitos prussianos juntaram-se a exército dos pequenos estado alemães do
sul, sob o comando de Moltke, que repeliu as tropas francesas que tinham
ocupado Saarbrucken, e então procedeu a invasão da França em agosto de 1870.
Depois de algumas poucas semanas, o exército francês foi finalmente forçado a
capitular na fortaleza de Sedan. O Imperador Napoleão III foi feito prisioneiro e o
Segundo Império Francês entrou em colapso, mesmo que a nova república tenha decidido
prolongar a guerra por vários meses. Após meses, o Tratado de Frankfurt foi assinado: A
França foi obrigada a entregar a província a Alsácia-Lorena para a Alemanha.
A área cedida correspondia à Alsácia inteira e a partes da província de Lorena. O
fato de muitas áreas de população francesa terem sido incluídas no acordo fez com que a
França denunciasse a nova fronteira como uma hipocrisia, principalmente porque a
Alemanha justificou a anexação sob o pretexto de que iria ocupar apenas áreas
culturalmente alemãs.
Durante o Cerco de Paris, os príncipes alemães se reuniram no Salão dos Espelhos
do Palácio de Versalhes e proclamaram o rei prussiano Guilherme I como o "Imperador
Alemão" em 18 de Janeiro de 1871. O Império Alemão estava assim fundado, com vinte
e cinco estados, três dos quais eram cidades livres da medieval Liga Hanseática, e
Birmack, novamente, tornou-se chanceler. A solução de Bismarck foi pela "Pequena
Alemanha", já que a Áustria não foi incluída.

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2.6.- Sistemas Bismarkianos

A política doméstica de Otto von Bismarck como chanceler da Alemanha foi


caracterizada por sua luta contra inimigos do estado protestante da Prússia. No assim
conhecido Kulturkampf (1872-1878), ele tentou limitar a influência da Igreja Católica
Romana e de seu braço político, o Partido Católico, mas após várias medidas - como a
introdução do casamento civil - notou-se que a iniciativa não tinha conseguido muito
sucesso.
Milhões de súditos não-alemães do império, como poloneses, dinamarqueses e
franceses foram discriminados e submetidos a uma política de germanização.
A outra ameaça iminente era a ascensão do Partido dos Trabalhadores Socialistas
(posteriormente conhecido como o Partido Social Democrático da Alemanha), que
declarou estar focado em estabelecer uma nova ordem socialista, ao transformar as
condições políticas e sociais existentes. A partir de 1878, Bismarck tentou reprimir o
movimento social-democrata com leis anti-socialistas.
Apesar de lutar contra os movimentos, Bismarck ainda esperava que as classes
operárias apoiassem o império.
A prioridade do chanceler era proteger a Alemanha da guerra a partir de um
sistema de alianças e conter as crises até que o país estivesse completamente pronto para
enfrentá-las. A tentativa de contenção e isolamento destinada à França, neste contexto,
tinha particular importância, já que Bismarck temia o ressurgimento da França como
grande potência no cenário internacional e que tentasse se aliar com a outras potências,
para retomar a Alsácia - Lorena e recuperar seu prestígio.
No cenário internacional da década de 1870, Bismarck observou que a Itália não
se aliaria à França por estar melindrada pela anexação da Tunísia pelos franceses,
destruindo suas pretensões imperialistas na região.
A Grã-Bretanha também não se aliaria à França por viver sob a política do
esplêndido isolamento. A Áustria-Hungria e a Rússia pareciam ser as únicas potências
aptas a lutar contra a Alemanha ao lado da França.
Para afastar esta hipótese, Bismarck criou a Liga dos Três Imperadores, cujo
acordo inicial foi assinado em 1872 pela Rússia, pela Áustria-Hungria e pela Alemanha.
Seus princípios estavam calcados na rejeição ao republicanismo e ao socialismo e
estes eram considerados inimigos das três potências conservadoras.
No entanto, o primeiro sistema de alianças formulado por Bismarck mostrou-se
efêmero, uma vez que os desentendimentos entre a Rússia e a Áustria-Hungria eram
frequentes e irreconciliáveis. Em 1879, Bismarck formou a Dupla Aliança entre a
Alemanha e a Áustria-Hungria, mirando uma assistência mútua contra um possível ataque
da Rússia, que não estava satisfeita com os acordos feitos na Conferência de Berlim.
Em 1882, se estabeleceria uma Tríplice Aliança, com o ingresso da Itália no
tratado. Em retorno às pretensões coloniais do fraco país por parte da Alemanha e da
Áustria-Hungria, a Itália garantia apoio frente a um ataque francês.
O estabelecimento da Dupla Aliança, e posteriormente da Tríplice Aliança, fez
com que a Rússia buscasse uma posição mais conciliatória, e em 1887, o Tratado de
Resseguro foi assinado entre a Alemanha e a Rússia. De acordo com os termos
estabelecidos, as duas potências concordavam em dar apoio mútuo em caso de um ataque

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francês contra a nação germânica e em caso de um ataque austro-húngaro contra a nação
russa.
Por um longo tempo, Bismarck recusou-se a ceder às aspirações do Príncipe
Guilherme II de fazer da Alemanha um poder mundial através da aquisição de colônia
ultramarinas. Bismarck queria evitar tensões entre as grandes potências europeias e
garantir a segurança do império a qualquer custo.
No entanto, o chanceler divergiu desta política por um breve período na década
de 1880, quando a Alemanha assegurou colônias como Togo e Camarões em África, e as
Ilhas Marshall, Nova Guiné e o arquipélago de Bismarck na Oceania. De fato, foi o
próprio Bismarck quem propôs a Conferência de Berlim de 1885, que acabou por
estabelecer linhas gerais para a aquisição de colônias na África e foi um passo inicial para
o neocolonialismo.
Em 1888, o cáiser Guilherme I, faleceu aos 91 anos de idade, e seu doente
filho Frederico III reinou por apenas 99 dias antes de sua morte. Subiu ao trono então o
ambicioso Guilherme II, o filho de Frederico, então com 29 anos de idade. Diferenças
políticas entre Bismarck e o novo monarca, que queria ser "seu próprio chanceler",
causaram o afastamento do primeiro em 1890.

Em Versalhes, o rei Guilherme 1º da Prússia foi proclamado imperador da


Alemanha, no dia 18 de janeiro de 1871. A unidade alemã, portanto, não resultou da
vontade do povo, "de baixo para cima", mas de um pacto entre os príncipes, isto é, "de
cima para baixo" e com a supremacia esmagadora da Prússia.
O Parlamento do Império, o Reichstag, era eleito por sufrágio igualitário e tinha
apenas uma influência indireta no governo. O chanceler do Império, embora só devesse
prestar contas ao imperador, era obrigado a procurar apoio para a sua política no
Parlamento.
Não eram uniformes as leis eleitorais relativas às representações populares dos
diferentes estados no Reichstag. Em 11 estados, existia o sistema eleitoral por classes,
dependente dos impostos pagos pelo eleitor e, em outros quatro, mantinha-se a
representação por corporações. Com maior tradição parlamentar, os estados do sul da
Alemanha reformaram seu direito eleitoral, adaptando sua legislação eleitoral à do
Império.
Bismarck governou o Império por 19 anos, fortalecendo sua posição na nova
constelação de forças na Europa através de uma política de paz e de alianças. Sua política
nacional, porém, estava distante dessa sabedoria. Bismarck combateu tendências
democráticas por considerá-las inimigas do Império.
Lutou contra a ala esquerda da burguesia liberal, contra os políticos católicos e,
principalmente, contra o movimento operário organizado, que reprimiu durante 12 anos.
Bismarck, de certa forma, terminou sendo vítima do seu próprio sistema. A política
personalista do jovem imperador Guilherme 2º forçou-o à demissão em 1890.

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A era Guilhermina

A nova weltpolitik do cáiser Guilherme II levou a atritos com outras potências


imperiais. Quando Bismarck resignou, Guilherme II declarou que continuaria a seguir a
política externa adotada pelo antigo chanceler, mas logo uma nova direção foi tomado,
tendo em vista uma crescente influência alemã pelo mundo (weltpolitik).
O Tratado do Resseguro com a Rússia foi abandonado, e isto fez com que o
vizinho do oriente se aliasse com a França, apesar das largas diferenças políticas, contra
a Tríplice Aliança. A própria aliança com a Áustria-Hungria e a Itália era incerta, uma
vez que existiam vários atritos entre os dois países.
Por volta de 1898, a expansão colonial alemã no Extremo Oriente (Baía de
Jiaozhou, Marianas, Carolinas e Samoa) levou o país a conflitos com o Reino Unido, com
a Rússia, com o Japão e com os Estados Unidos. Além disso, o plano de construção da
Ferrovia Berlim- Bagdá, financiada por bancos alemães, focada em conectar o Mar do
Norte com o Golfo Pérsico, passando pelo estreito de Bósforo, ia contra os interesses
geopolíticos e econômicos russos e britânicos.
Para proteger os interesses ultramarinos da Alemanha, o Almirante von
Tirpitz iniciou um programa de melhorias na marinha, tornado a Alemanha uma ameaça
direta à dominação britânica dos mares e fazendo com que uma possível aliança entre os
dois países nunca se concretizasse, estando a Alemanha cada vez mais isolada.

2.6.- A Revolução Soviética - Russa

A revolução Russa foi uma série de eventos políticos na Rússia, que, depois a
eliminação da autocracia russa, e depois do Governo Provisório (Duma), resultou no
estabelecimento do poder soviético sob o controle do partido comunista. O resultado
desse processo foi a geração da União Soviética, que durou até 1991.
Foi durante a Primeira Guerra Mundial, que iniciou na Rússia um movimento de
caráter revolucionário. O imenso atrasado e arcaico império russo não conseguiu suportar
o peso de uma guerra externa e outra interna.
Em 1917, uma oposição organizada e as constantes revoltas das camadas
populares, provocaram na Rússia, a primeira revolução socialista da história
contemporânea esta Revolução foi à primeira vitória do socialismo revolucionário,
teorizada e prega por Karl Marx e Engels. A partir de então, os padrões da sociedade
burguesa, capitalista e liberal estavam ameaçados.

No Tempo dos czares

Uma reforma em 1861 libertou os servos e distribuiu terras, mas os resultados


foram tímidos poucos camponeses receberam terras em quantidade suficiente. A penas
uma minoria de pequenos e médios proprietários se kulaks, se beneficiaram. O restante
da população do campo continuava formada por um miserável proletariado rural.
O ambiente era adequado à difusão de ideias revolucionarias o regime czarista
governava o império com mão de ferro os opositores do regime eram perseguidos por um
eficiente aparelho de repressão policial reprimia todo tipo de oposição tinha um controle

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severo sobre o ensino secundário, as universidades e a imprensa em geral, pessoas, aos
milhares eram enviadas para prisões e exílio na si beira.

O desenvolvimento industrial da Rússia

Começou tardiamente, em relação aos países ocidentais avançados, e foi possível


graças à participação de capitais estrangeiros principalmente ingleses e franceses. Mesmo
assim, foi inferior ao das demais potências europeias.
Em sua economia, as relações capitalistas de produção entrelaçavam-se com as de
tipo feudal o pagamento de juros sobre este capital fazia com que grande parte dos lucros
não continuassem no país. Em 1877, dos 150 milhões de habitantes russos, apenas 1
milhão eram operários.
Nesse clima, surgiram vários grupos de oposição no final do século XIX, as ideias
socialistas chegaram até a Rússia, através do Partido Socialdemocrata, criado em 1898,
que passou a abrigar os socialistas russos - entre eles Vladimir Ilich Ulianov,
popularmente conhecido como Lenin.

Sobre a Guerra Russa Japonesa

Em 1905, os russos foram derrotados pelos japoneses, numa guerra motivada por
disputa sobre a região chinesa da Manchúria. As duras condições de vida da maioria da
população, a corrupção que reinava na corte e esta derrota, tornaram a situação interna
russa mais conflitante a insatisfação popular se manifestou por meio de greves e motins
nas principais cidades. Os cossacos (soldados da guarda imperial) reprimiam
violentamente as manifestações populares, e o movimento de 1905 foi abafado.

Como se deu o Domingo Sangrento

O domingo sangrento se deu a traves dos acontecimentos ocorridos em janeiro de


1905, uma grande multidão reuniu-se ás portas do palácio imperial para pedir audiência
ao czar. O exército abriu fogo contra eles matando muitos dos manifestantes. Esse fato,
denominado "Domingo Sangrento", serviu de pretexto para uma série de revoltas no país
inteiro. Uma poderosa unidade da frota do mar Negro, o encouraçado Potemkin, se juntou
aos rebeldes.

Sobre a composição Partidária

A eclosão e os efeitos da primeira guerra mundial em 1914 demonstraram a


incompetência da corte aristocracia russa, desmascarando a falsa ordem constitucional
durante a guerra, a economia russa desmoronou especuladores obtinham grandes lucros,
enquanto a maioria da população passava por necessidades a inflação ruía os salários,
empresas faliam os soldados russos, mal armados e mal preparados, morriam aos milhares
nas frentes de combate e muitos começaram a desertar do exército russo.
Os operários organizaram greves, manifestações e passeatas os socialdemocratas,
partido de oposição, participaram ativamente do movimento contra a guerra e o regime

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devido uma serie de divergências internas, o partido acabou por se dividir em duas
facções: os bolcheviques (palavra que significa maioria), dirigidos por Lênin, defendia a
revolução imediata conduzida pelos operários e camponeses, liquidando de vez com o
capitalismo liberal.
Os mencheviques achava que não deveria acabar com o capitalismo e sim
reformá-lo. Após, então, viria à revolução conduzida pelos burgueses com o apoio de
camponeses e operários. Esse partido teria, mais tarde, um simpatizante e futura liderança
Alexander Kerenski.
Outro partido surgido no início do século XX foi o partido constitucional
democrata que representava a burguesia liberal moderada e pretendiam implantar uma
monarquia constitucional no campo surgiu o PSR, partido socialista russo, de tendência
anarquista e que defendia as ideias de Bakunin, líder revolucionário russo de esquerda.
Eram radicais, pretendiam acabar com a monarquia e suprimir qualquer tipo de
autoridade.

A Revolução de 1917

Nas primeiras semanas de março de 1917, eclodiu um movimento revolucionário


na cidade de petrogrado atualmente são Petersburgo. As tropas do exército aderiram à
revolução, e até os setores mais moderados da sociedade russa abandonaram o czar nessa
ocasião, reorganizaram-se os sovietes, conselhos de operários e soldados, surgidos no
movimento de 1905.
Todos pressionavam o governo provocando manifestações de rua e greves
generalizadas. A polícia não conseguia deter o movimento e o exército se recusava a
marchar contra a população. Nicolau II abdicou. Os revolucionários formaram um
governo provisório composto por tendências políticas variadas, dirigidos por Alexandre
Kerenski, um dos líderes de um partido chamado socialista Revolucionário, e ligado
ideologicamente aos mencheviques.
A princípio pretendiam consolidar uma monarquia constitucional, mas
posteriormente acabaram por implantar u governo republicano.
A burguesia liberal e vários setores da aristocracia apoiaram o novo governo, que
iniciou uma série de reformas. Entre elas, destacamos a adoção do sufrágio universal, a
convocação de uma Assembleia constituinte, anistia aos líderes revolucionários
bolcheviques que estavam exilados. Era um governo um tanto quanto contraditório.
Existiam dois poderes paralelos:
A Duma (parlamento) composto por moderados e os sovietes conselho de
operários mais radicais e que pretendiam acabar com a monarquia. Enquanto isso, a
guerra contra a Alemanha continuava. A crise criada pela guerra e a variada composição
do governo revolucionário não permitiram que os grandes problemas econômicos que
afetavam a população russa fossem solucionados.

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A duma e os soviéticos

Sua composição política era quase que totalmente composta de socialistas que
diziam representar os verdadeiros interesses dos trabalhadores.
Os objetivos dos soviéticos eram basicamente dois: primeiro a criação de uma
ordem exclusivamente socialista na Rússia e segundo ao enfraquecimento de todas as
forças políticas não socialistas, chamados por eles de burgueses ou capitalistas combatiam
radicalmente os membros do governo provisório de Kerensk, apesar desse também ser de
certa forma um dirigente soviético foi reconhecida como fundamental para o sucesso do
movimento revolucionário na Rússia com a vitória de Lênin, o Estado socialista ficou,
pelo menos em teoria, estruturado e submetido a um conselho de operários soviéticos
localizados nas fábricas, locais de trabalho diversos, nos bairros.
O objetivo fundamental era vincular a atividade quotidiana das massas aos
problemas fundamentais do Estado, da economia e, também, uma forma de evitar que a
administração destas questões se tornasse privilegio de uma burocracia isolada das
massas.
Os soviets se organizavam no local de trabalho, elegendo representantes que
estariam junto aos trabalhadores todo o tempo, podendo, essa escolha, ser revogada a
qualquer momento segundo os socialistas, essa forma de escolha procurava dar aos
soviets, um perfil diferenciado de democracia incentivando uma participação continua e
ativa da população no governo diferente daquela democracia indireta, em que as massas
votam a cada 3 ou 4 anos, de forma individual, em um representante que terá toda a
liberdade para fazer o que quiser até as próximas eleições.

Duma

A pressão sobre o governo imperial czarista levou-o a promulgar o “Manifesto de


Outubro em 1905, no qual fazia promessa liberais, tentando acalmar a oposição ao seu
governo”. Dentre essas promessas, além de transformar seu governo numa monarquia
constitucional, o czar prometia a adoção da Duma, ou seja, uma Assembleia Nacional
Parlamentar com a finalidade de exercer um poder de caráter legislativo. Seria eleita com
base na afiliação político partidário e estendida a todos os partidos, incluindo os
revolucionários mais radicais.
A primeira Duma foi eleita em março de 1906. Mais de 40 partidos e grupos
políticos estavam representados com predomínio dos "kadets". Quando começou seus
trabalhos, mostrou-se demasiado liberal para a administração czarista, levando o governo
a dissolvê-la.
A segunda Duma se reuniu em março de 1907. Era uma Duma hostil ao governo
imperial e dela fazia parte Lenine e os bolcheviques e por isso foi dissolvida mais depressa
que a primeira. O governo fez algumas mudanças no processo eleitoral para escolha dos
representantes Duma de forma a favorecer os partidos mais conservadores.
A terceira Duma, beneficiada pelas mudanças do processo de eleição, possuía em
suas fileiras uma maioria de representantes da direita conservadora e cumpriu,
integralmente, seu mandato de cinco anos. Apesar do seu aspecto conservador, essa Duma

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introduziu muitas reformas concedeu direitos civis aos camponeses ao introduzir a justiça
local e expandir o sistema educacional.
A Quarta Duma, mais conservadora que a anterior, teve que contornar problemas
diversos com o início das revoluções da década de 20 e outros relacionados com a 1ª
guerra mundial após a revolução de outubro de 1917, essas Assembleias foram quase que
ignoradas e durante o governo de Stalin, praticamente desapareceram.

O governo soviético

Os sovietes continuaram a funcionar, o governo provisório tornava-se cada vez


mais impopular. A timidez da política social do novo governo propiciou o avanço dos
bolcheviques. Nesse quadro, a liderança de Lênin cresce.
O líder bolchevista prega a saída da Rússia da guerra, o fortalecimento dos
sovietes e o confisco das grandes propriedades rurais, com a distribuição de terra aos
camponeses afirmando que s eu governo traria pão, paz e terra ao povo.
Os bolcheviques tornaram-se mais numerosos, chegando a 80 mil militantes.
Lenin pregava: "Todo o poder aos sovietes". Sua meta era a adoção da ditadura do
proletariado para realizar a revolução socialista na Rússia e alcançar a paz. Várias
sublevações e protestos atingiram as principais cidades russas. Kerenski estava isolado
entre a direita contra- revolucionária e a esquerda bolchevista.

A Revolução de Outubro de 1917

O governo Kerenski não consegue se manter, isolado das principais facções em luta
da Finlândia, onde se havia exilado, Lênin coordenou os preparativos para aprofundar a
revolução. Os bolcheviques ingressam em massa nos sovietes e Trotsky é eleito
presidente do sovietes de petrogrado. a guarda vermelha, uma milícia popular, foi criada
nas fábricas para ser o braço armado dos bolcheviques.
Lênin entra clandestinamente na Rússia e convence o comando bolcheviques a
encampar a ideia de revolução.
A resistência de Kerenski é debelada e no dia 25 de outubro os bolcheviques
triunfam. Parte da guarnição militar e dos marinheiros da frota do Báltico se juntou aos
guardas vermelhos. Tomam o Palácio de Inverno do czar Kerenski foge da Rússia.
Os bolcheviques, largamente majoritários no Congresso dos Sovietes, tomam o
poder em 7 de novembro de 1917 é criado um Conselho dos Comissários do Povo,
presidido por Lênin. Leon Trotsky assume o Ministério dos negócios Estrangeiros e Josef
Stálin o das Nacionalidades (Interior).
A Revolução Russa é vitoriosa e instala o primeiro Estado socialista do mundo. A
Revolução de Outubro triunfou: os bolcheviques derrubaram o governo de Kerenski e
efetivaram o poder dos sovietes dirigidos pelo partido bolchevista, desde então
denominado de comunista. Como consequência da vitória bolcheviques teve início uma
era de Terror, com o fuzilamento sumário de milhares de pessoas. O czar Nicolau II e sua
família são executados pelos bolcheviques.

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O processo revolucionário já não pode mais ser contido, as dissidências são
esmagadas e a ameaça da contrarrevolução afastada o novo governo, presidido por Lênin,
adotou uma série de reformas radicais, baseadas no marxismo e executadas por meio da
ditadura dos sovietes. Os objetivos dos comunistas não eram apenas derrubar o governo
provisório: Procuram criar uma nova sociedade, baseada no socialismo.
Nacionaliza as terras que eram de propriedade da nobreza e da igreja e cede aos
camponeses o direito exclusivo de sua exploração o controle das fábricas é transferido
aos operários, os estabelecimentos industriais são expropriados pelo governo e os bancos
nacionalizados. Moscou passa a ser a capital do país.
A propriedade privada dos meios de produção (terras, minas, fábricas) foi abolida.
Em março de 1918, o governo soviético bolchevique assinou, em separado, finalmente, a
Paz de Brest-Litovsk com a Alemanha. Aceitando perder a Polônia, a Ucrânia, a Finlândia
e os países bálticos.

Consequências da Revolução Russa

Ao tomar o poder, os bolcheviques fizeram inúmeras reformas, entretanto, o sistema


adotado pela revolução não apresentou bons resultados. A fome e a miséria continuavam
atormentando a população russa.
Internamente, os contrarrevolucionários continuam tentando retornar ao poder
auxiliados pelas potências estrangeiras. Principalmente europeias, que tentavam
desestabilizar o regime soviético, considerando-o uma ameaça para a sociedade
capitalista burguesa liberal.
A ameaça de uma vitória dos contrarrevolucionários leva o governo a tomar medidas de
exceção para reduzir a fome e modernizar o país. A indústria recebe estímulos para
aumentar a produção, com a adoção de métodos de racionalização do trabalho.
Técnicos estrangeiros são contratados para auxiliar a recuperação do parque
industrial. O Estado confisca o trigo e torna sua produção monopólio estatal. A terra dos
Kulaks, médios proprietários rurais, é dividida e os camponeses pobres estabelecem
governos locais para reunir o trigo excedente e administrar sua circulação e consumo.
A má vontade da antiga camada dominante; os camponeses que demonstravam
resistência em entregar sua produção ao governo; os trabalhadores e soldados
desanimados diante das dificuldades a população descontente com os problemas de
produção e abastecimento, os operários insurgindo contra o governo e outras rebeliões
internas, fizeram com que Lenin, em 1921, com a Revolução consolidada, instituísse a
NEP (Nova Política Econômica), uma volta ao capitalismo de Estado, como solução para
vencer o impasse econômico. E diz a famosa frase: 'É preciso dar dois passos para atrás
para depois voltar a avançar.
O objetivo é planear a economia e a sociedade. Logo é permitida a criação de
empresas privadas, como a manufatura e o comércio em pequena escala. A liberdade
salarial e a de comércio exterior são retomadas sob a supervisão do Estado. Os
camponeses são obrigados a pagar taxas, em espécie, e são autorizados os empréstimos
externos, como os negociados com a Inglaterra e a Alemanha.

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Em 1924 é criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) com a
adoção de nova Constituição. A criação de uma União é a fórmula encontrada pelos
bolcheviques para conseguir manter unidos nacionalidades, etnias e territórios que pouco
tem em comum Segundo a Constituição de 1924, as repúblicas têm autonomia, proposta
que nunca saiu do papel. O poder é mantido por alguns líderes do Comitê Central por
intermédio do Partido Comunista.

A guerra civil

A Transição do governo czarista para o socialista não foi um parto normal. Uma
guerra civil entre os bolcheviques e os brancos, antigos monarquistas, e outros setores
que haviam sido derrotados na Revolução de Outubro teve início. Os kulaks, médios
proprietários, foram acusados de trair a revolução.
O governo central de Moscou enviou brigadas de operários ao campo para apoiar
o movimento camponês contra os kulaks. A execução de kulaks e a morte de militantes
bolcheviques nos conflitos com os exércitos de russos brancos caracterizaram a guerra
civil.
As potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial, alarmadas pelas medidas
tomadas pelo governo soviético, prestaram auxílio militar aos brancos. Forças japonesas,
francesas e inglesas ajudaram os contrarrevolucionários.
Apesar do auxílio estrangeiro, o governo de Lênin triunfou sobre seus inimigos
internos e consolidou a revolução comunista consolidou a revolução comunista no antigo
império dos czares. Politicamente, o novo regime proclamou a nova ordem social na
Constituição de 1918. A Constituição soviética contém uma declaração de direitos do
“povo explorado e trabalhador".

Ascensão de Stalin

Lênin, o fundador do primeiro Estado socialista, morre em 1924 e sua morte deu
a uma violenta luta pelo poder entre Trotsky e Stalin. Os dois, marxistas, tinham
concepções diferentes de política e revolução. Para Trotsky, o sucesso do socialismo na
URSS depende da vitória de revoluções operárias nos países vizinhos. Defendia, portanto,
a revolução mundial permanente.
Stálin, ao contrário, defendia a construção do socialismo apenas na URSS,
deixando de lado a tese da revolução mundial até conseguir a industrialização do país,
com a União Soviética em pé de igualdade com as nações capitalistas. Trótsky é um
intelectual de formação sofisticada, viajado, criador do Exército Vermelho e respeitado
teórico Marxista.
Stálin foi até certo ponto, um revolucionário sem sofisticação, que soube construir
uma máquina política dentro do partido. É duro e brutal, como demonstra nos anos
posteriores. Stálin derrota Trótsky, que é destituído de suas funções, expulso do partido
em 1927 é deportado da União Soviética em 1929. Tempos depois, em 1940 é assassinado
no México.

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UNIDADE III – O NOVO IMPERIALISMO (1871-1941)

No início do século XX, a Europa vivia em estágios de conquistas e podendo


vislumbrar o futuro com optimismo. Considerava-se o centro do mundo, alimentando o
sentimento de superioridade e apresentava um modo de vida impecável.
Com uma indústria poderosa capaz de produzir cerca da mentade dos bens
industriais do mundo, com uma capacidade financeira ímpar que lhe permitia investir em
todos os continentes nos diversos sectores e Londres ocupando a categoria de centro
financeiro mundial.
O desenvolvimento comercial notável, baseado na maior frota mundial e com
portos mais movimentados com maior volume de carga já transportada. Associado estava
seu domínio às colonais que explorava económica e políticamente. Ao peso de uma
população com cerca de ¼ da popupalação mundial incluíndo a Rússia.
Ao prestígio e credibilidade de suas universisades que proporcionavam
descobertas científicas com contínuas inovações associado à utilização cada vez mais
generalizada de bens e serviços modernos, como o gás, a electricidade, o telefone, o
automóvel, o cinema, o teatro, os cafés-concertos, a praia e o desporto.
A este período se atribuiu o brilho civilizacional, confiança no futuro eprogresso
sem limites, comumente conhecida como belle époque (1890-1914). De facto a Europa
prosperava no seu tempo.
Já na viragem do século XIX para o século XX, os EUA e o Japão surgiram na
cena mundial fazendo concorrência à Europa e de certa forma, ameaçando o seu domínio.
Os EUA dedivo a abundância de recursos naturais, ao dinamismo da sua burguesia, ao
desenvolvimento rápido da rede de caminhos-de-ferro, apresentavam-se nas vésperas da
1ª Guerra Mundial, como o país mais poderoso no sector industrial.
O Japão com incentivos do Estado na criação de empresas, o recurso tecnológico,
o desenvolvimento dos transportes e uma mão-de-obra abundante e barata, foram alguns
fatores decisivos para o desenvolvimento da indústria.
Por volta de 1890, o país apresentava uma dinâmica na indústria têxtil, no carvão,
ferro e aço, paralelamente sua marinha também crescia, ao vencer a China na Guerra do
Taiwan e derrotar a Rússia, em 1905, o Japão apresentava-se como uma força com que o
Ocidente teria de contar no futuro.

3.1. Novo Imperialismo na África

No último quartel do século XIX, os países industrializados lançaram-se à


conquista de colónias e zonas de influência um pouco por todo mundo, especialemente
nos continentes africano e asiático. Essa época ficou conhecida como colonialismo ou
imperialismo.
O imperialismo foi impulsionado por diversas razões dentre as quais se destacam
as económicas e financeiras, dada a necessidade de matérias-primas, mercados e áreas
para investimento de capitais, as motivações políticas e nacionalistas foram difundidas
pela vontade dos governos europeus buscarem afirmar a sua força e travar a expansão de
seus rivais.
As razões sociais consistiram em oferecer terra e trabalho a uma Europa
superpovoada. As ideológicas, culturais e científicas, levaram a cabo uma missão
civilizadora sobre as populações nativas na África, Ásia e Ámericas,consideradas pelos
europeus como atrasadas e por fim, constatando-se desta forma as questões raciais e
conhecer o interior dos continentes por conquistar.

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Até meados do século XIX, o interesse dos europeus por Áffrica resumia-se a
algumas regiões costeiras. Mas as expedições de Livingstone, Stanley e Brazza revelaram
a dimensão de recursos do continente e despertou o interesse das potências industriais da
Europa, podendo lançar-se numa corida desenfreada pelo seu domínio.
Tal corrida gerou muitos choques de interesses. A Conferencia de Berlim (1884-
1885) se propós a buscar soluções com adopção do princípio da ocupação efectiva dos
territórios como forma de garantir sua posse.
O princípio beneficiou as principais potências da época que com recursos
financeiros, políticos e militares apressaram-se a demarcar fronteiras, retalhando
arbitrariamente etnias e culturas homogéneas e ao final do século XIX todo continente
africano estava sob domínio europeu, cabendo à Inglaterra e à França a parte de leão.
O princípio da ocupação efectiva acordado em Berlim, obrigava aos países
assegurar o controlo sobre os territórios que sempre consideravam como seus por direito
histórico.
Diante da realidade, as disputas se intensificaram pelas expedições do continente
africano, cada país podendo ocupar novas zonas que muitas vezes já ocupadas. Este caso
aconteceu em relação a Portugal e a Inglaterra, do qual as ocupações de Angola à
Moçambique incidiam o projecto Mapa Cor-de-Rosa, colidindo com os interesses
bitânicos de ligar o Cairo ao Cabo.
Em consequência, a Inglaterra fez um Ultimato a Portugal (1890) exigindo a
retirada imediata daqueles territórios. Portugal com extrema dependência financeira e a
falta de recursos militares para conter os interesses da Inglaterra, acabou cedendo parte
de seus territórios à potência inglesa. Nos finais do século XIX, a Europa com colônias
nos cinco continentes dominava o mundo.

Questão de fundo

Ainda hoje é comum que muitas pessoas naturalizem os problemas sociais,


econômicos e políticos que se desenvolvem no continente africano. Não raro, observamos
comentários que determinam erroneamente os problemas africanos como o resultado das
ações de um povo habituado ao uso da violência e à desorganização de suas instituições.
Contudo, devemos apontar que tantos problemas têm uma influência direta da experiência
colonial vivida até a metade do século XX.
Durante a colonização da África, notamos que as grandes nações europeias
impuseram formas de organização política que modificaram radicalmente o modo de vida
desse povo. As antigas tradições e experiências históricas construídas ao longo do tempo
eram arbitrariamente ignoradas e substituídas por modelos civilizatórios comprometidos
com a exploração das riquezas desse povo.
Em muitos casos, fronteiras étnicas e culturais eram desconsideradas na
organização desses espaços. Reproduzindo seu ideal de superioridade ao longo do
processo colonial, muitas potências europeias não se limitaram a estabelecer a completa
dominação das etnias africanas.
E certamente o controle da administração colonial era partilhado com o auxílio de
alguns povos considerados superiores naquela região. Dessa forma, a ação colonial
determinava o desenvolvimento de novas rivalidades entre os povos africanos que
habitavam uma mesma região colonizada.
No pós-Segunda Guerra Mundial, o processo de descolonização foi influenciado
pelo fato de importantes nações colonialistas terem lutado em defesa das nações
subjugadas ao totalitarismo. Desse modo, o fim da colonização acabou se transformando
em um tipo de postura política coerente aos ideais de defesa da liberdade e soberania dos

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povos. Ainda assim, podemos ver que em algumas regiões, principalmente de colonização
francesa, a descolonização ficou marcada pelo conflito.
Em diversas situações, vemos que o oferecimento da liberdade e da autonomia
não foi suficiente para os antigos territórios colonizados. A dominação desenvolvida ao
longo dos séculos gerou o acirramento de rivalidades étnicas, políticas e religiosas. Ao
mesmo tempo, a longa e extenuante exploração econômica limitou radicalmente a
constituição de alternativas capazes de superar o atraso e a dependência. Sendo assim, as
marcas da colonização não seriam resolvidas em pouco tempo.
Observando tais características e dilemas que marcam o processo de
(des)colonização da África, temos a certeza de que a responsabilidade das grandes
potências é bem mais ampla que o oferecimento benévolo da independência.
Mais do que o simples pagamento de uma dívida, o auxílio das grandes potências
se faz necessário para que esse continente severamente estigmatizado tenha oportunidade
de oferecer para si um futuro cercado por algum tipo de esperança.

3.2. Novo Imperialismo na Ásia.

O Imperialismo na Ásia ocorreu no ao longo do século XIX quando potências


europeias, o Japão e os Estados Unidos ocuparam regiões asiáticas.
A expansão para a Ásia se deveu a fatores econômicos como a garantia de matérias-
primas para as indústrias, mercado para os produtos e ideológicos como civilizar estes
povos.

A ocupação das Índias, nome genérico para as terras descobertas, começaram


durante a chamada Revolução Comercial ocorrida entre os séculos XV e XVII. Desta
maneira, estavam garantidos produtos como as especiarias, porcelanas e toda gama de
mercadorias que não se encontravam na Europa.

Os portugueses foram os primeiros europeus autorizados a constituir portos em


certas regiões da Índia, China e Japão. Mas, com a Revolução Industrial, o cenário
económico europeu mudou. Com o surgimento das fábricas, se produzia mais e se
necessitava mais matérias-primas. Ao mesmo tempo, era preciso menos mão de obra e o
desemprego aumentou.

Assim sendo, as novas nações industrializadas como França e Inglaterra serão as


protagonistas da conquista imperialista aos países asiáticos.

Nesse contexto, Inglaterra, França e Holanda foram ocupando territórios na África


e na Ásia. Mais tarde, o Império Alemão também se lançaria à conquista de regiões por
estes continentes. A Índia foi ocupada gradativamente por ingleses e franceses a partir do
século XVIII. No entanto, os franceses tiveram que renunciar e conquistar mais territórios
nesta região após a Guerra dos Sete Anos.

Assim, as zonas pertencentes à Grã-Bretanha ficaram sob a administração da


Companhia das Índias Orientais, enquanto outras eram gestionadas sob regime de
protetorado. Isto significava que muitos dos governadores locais, os marajás, mantiveram
seu poder, mas a atividade agrícola passou a ser do cultivo de algodão e juta, destinadas
às fábricas inglesas.

Como consequência, os alimentos escassearam e houve fome no campo. Esta


situação, aliada às crescentes medidas discriminatórias impostas pelas autoridades

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britânicas, levaram a sublevações como a Revolta dos Cipaios, ocorrida em 1857. Os
indianos foram derrotados dois anos depois e, entre as consequências da revolta, esteve o
endurecimento do poderio inglês.

China

As imposições inglesas à China foram devastadoras. O governo chinês dificultou


as transações comerciais de chá pleiteadas pela Grã-Bretanha, que encontrou no ópio a
solução para a obter mais lucro. A substância, por seus efeitos devastadores, era proibida
na Grã-Bretanha, mas foi vendida à população chinesa.
Em pouco tempo, as pessoas se tornaram dependentes e o governo chinês fez um
apelo aos britânicos que não o comercializassem mais. Tudo isso foi em vão. Como
reação, os chineses queimaram em 1839 ao menos 20 mil caixas de ópio, no porto de
Cantão. Em seguida, resolveram fechá-lo aos britânicos que tomaram esta atitude como
uma agressão e declararam guerra ao país.
O episódio ficou conhecido como Guerra do ópio e teve efeitos catastróficos para
os chineses, obrigados a assinar, em 1842, o Tratado de Nanquim. O tratado determinava
a abertura de cinco portos chineses para os ingleses e a transferência de Hong Kong para
a Grã-Bretanha. O Tratado de Naquim foi o primeiro da série de "tratados desiguais" onde
o Reino Unido tinha muito mais vantagens comerciais que a China.
A França e os Estados Unidos aproveitaram a fragilidade da China para assinarem
tradados comerciais com este país.

Revolta de Taiping

O golpe maior, porém, ocorreu em 1851, na Revolta de Taiping (1851-1864),


motivada por questões religiosas, pela insatisfação dos camponeses com o governo
imperial e com a invasão estrangeira. Os americanos e britânicos apoiaram militarmente
o Imperador a fim de garantir futuras vantagens. Calcula-se que o conflito tenha deixado
20 milhões de mortos entre feridos de guerra, fome e doenças.
A dinastia reinante jamais recuperou o prestígio após o conflito civil e ainda teve
que conceder mais benefícios comerciais às potências europeias. Em 1864, derrotados, os
chineses viram seu território ser retalhado entre Alemanha, Estados Unidos, França, Grã-
Bretanha, Japão e Rússia. Nova derrota ocorreu após a Guerra dos Boxers, um movimento
nacionalista chinês.
Dessa vez, a China foi obrigada a aceitar a política de portas abertas, onde era
obrigada a abrir todos os portos à comercialização de produtos estrangeiros.

3.2. Novo Imperialismo na América


No início do século XIX o governo dos Estados Unidos da América já havia
demonstrado intenção de demarcar as áreas onde pudesse exercer sua influência
econômica. O presidente James Monroe, em 1823 criou a Doutrina Monroe, com o lema
“a América para os americanos”. A intenção era afastar a presença de capitais e produtos
europeus, especialmente ingleses dos países americanos recém independentes. Era o
primeiro passo dos EUA para controlar as nações do continente americano.

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O imperialismo foi facilitado pelas condições em que haviam ocorrido os
processos de independência colonial: fragmentação política, poder local nas mãos da
aristocracia e permanência de estruturas típicas da colonização de exploração. No
governo de Theodore Roosevelt, entre 1901 e 1909, a Doutrina prevaleceu.
Um dos exemplos da intervenção imperialista foi o apoio dos EUA na
consolidação da independência de Cuba, com a Emenda Platt na constituição cubana, na
qual dizia o direito dos EUA construírem bases militares no país.
Outro exemplo é na intervenção norte-americana na independência do Panamá em
1901, em troca de apoio político e militar, o governo norte-americano garantiu o controle
sobre a passagem que interliga o Oceano Atlântico e Pacífico.
O governo norte-americano tinha interesse sobre Cuba e Panamá Por causa da
localização estratégica desses países na América Central, são pontos de ligação entre
o norte e o sul do continente americano e passagem do Oceano Atlântico para o Oceano
Pacífico.
A América Latina – com exceção do Caribe e de alguns territórios na América do
Sul – não sofreu com a ocupação territorial imperialista por parte das grandes potências
europeias. O fato dos países latino-americanos ter conquistado a sua independência era
um fator que fazia com que as potências imperialistas utilizassem outras estratégias de
dominação.
Devemos lembrar que por meio da doutrina do Destino Manifesto os Estados
Unidos acreditavam que seu modelo político e social era superior à maioria dos países
absolutistas europeus e que haviam, portanto, sido escolhidos por Deus para libertar,
comandar e ter um papel de destaque no cenário mundial. Tratava-se de uma versão
estadunidense da ideia do fardo do homem branco.
Em sintonia com o Destino Manifesto se desenvolveu nos Estados Unidos a
Doutrina Monroe que defendia a soberania dos países americanos, comumente
apresentada na expressão “América para os americanos”, onde os norte-americanos se
colocavam contra qualquer tentativa de recolonização da América pelos europeus.
Contudo, e tendo em vista o desenvolvimento do imperialismo no século XIX e XX, não
seria enganosa uma ligeira alteração nessa sentença, dando lugar a uma mais exata
definição: América para os norte-americanos.
A Inglaterra procurou atuar em diversos setores da economia dos países latinos,
emprestando dinheiro, exercendo controle de bancos e levando diversos países a um
grande endividamento externo. Com os investimentos as empresas estrangeiras passavam
a controlar boa parte da infraestrutura do país, como ferrovias, serviços de bondes, água,
esgoto, gás, eletricidade, telefonia, etc.
Os Estados Unidos, por sua vez, procurou dominar setores estratégicos da
economia de diversos países, ou seja, setores que moviam a economia desses países.
Assim, controlavam o cobre chileno, o estanho da Bolívia, o petróleo do México e da
Venezuela, o açúcar em Cuba, etc.
Um exemplo do imperialismo norte-americano fica evidente na sua relação com
Cuba. Os norte-americanos, que tinham investimentos na produção de açúcar e tabaco em
Cuba (que era uma possessão espanhola) entraram em atrito com a Espanha e ajudaram
indiretamente Cuba a se livrar dos espanhóis através da Guerra Hipno-Americana, em
1898. A Guerra foi amplamente favorável aos Estados Unidos, que acabaram tomando

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Porto Rico e as Filipinas dos espanhóis, estendendo suas garras posteriormente ao Havaí
e as ilhas de Guam.
No caso dos cubanos, contudo, se haviam, por um lado, se livrado dos espanhóis,
por outro, foram obrigados a assinar a Emenda Platt (1901), que dava aos Estados Unidos
o direito de intervir na ilha, além da criação de uma base militar na região, a famosa base
de Guantánamo.
A partir deste momento os americanos passaram a associar a dominação
econômica à intervenção militar. Tal política ficou conhecida como a política do Big Stick
(bastão grosso), tratava-se de expandir o poder e a presença norte-americana pelo mundo.
Observe o relato do general Smedley Butler a respeito dessa política:
(...) ajudei a transformar o México, especialmente Tampico, em lugar seguro
para os interesses petrolíferos americanos, em 1914. Ajudei a fazer de Cuba e
Haiti lugares decentes para que os rapazes do Naional City Bank pudessem
recolher os lucros. Ajudei a purificar a Nicarágua para os interesses de uma casa
bancária internacional dos Irmãos Brown, em 1909-1912. Trouxe a luz à
República Dominicana para os interesses açucareiros norte-americanos em
1916. Ajudei a fazer de Honduras um lugar ‘adequado’ às companhias frutíferas
americanas, em 1903. Na China, em 1927, ajudei a fazer com que a Standard Oil
continuasse a agir sem ser molestada.
Durante todos esses anos eu tinha, como diriam os rapazes do gatilho, uma boa
quadrilha. (...) Voltando os olhos ao passado, acho que poderia dar a Al Capone algumas
sugestões. O melhor que ele podia fazer era operar em três distritos urbanos. Nós, os
fuzileiros, operávamos em três continentes.
O Caribe em especial sofreram com a pressão imperialista dos Estados Unidos na
região. Por se tratarem de países exportadores de produtos primários acabaram nomeadas
de bananas republics. Outro exemplo da interferência dos Estados Unidos na região
ocorreu quando os norte-americanos auxiliaram os panamenhos em sua independência
frente a Colômbia, em 1903. Com a separação do Panamá os Estados Unidos garantiram
a construção do estratégico Canal do Panamá, que ficaria sob o controle dos norte-
americanos até 1999.

UNIDADE IV – BIPOLARIDADE – A PRIMEIRA GUERRA MUINDAL

A Primeira Guerra Mundial foi um conflito envolvendo vários países entre 1914
e 1918, na Europa. As origens remontam a meados do século XIX, quando as grandes
potências europeias disputavam entre si mercado consumidor, matéria-prima e metais
preciosos na Ásia e na África.
Essa disputa levou à corrida armamentista, ou seja, investimento em armamentos
potentes caso houvesse enfrentamento entre essas potências.

Antecedentes

Desde os finais do século XIX que se acumulavam motivos de disputas entre as


nações europeias:
Entre a Inglaterra e Alemanha nasceu a rivalidade económica, pois a Inglaterra
não receberam com agrado o crescimento da Alemanha, que lhe disputava os mercados
mundiais e ameaçava a sua supremacia marítima.

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Entre a França e Alemanha havia um clima de tensão por causa das colónias que
ambas disputavam, mas também por causa dos territórios da Alsácia e da Lorena, que a
França tinha perdido para Alemanha após a guerra franco-prussiana (1870-1871). Esta
fonte potencial de conflitos era explorada pelos meios nacionalistas e militaristas. Nos
dois países, a preparação psicológica para o confronto era evidente.
Dentre os focos de tensão na Europa, destava-se a península Balcânica, zona de
múltiplas nacionalidades, onde vários movimentos de libertação tentavam pôr fim ao
domínio asutro-húngaro. Os movimentos apoiados pela Sérvia que buscava a constituição
de um Estado eslavo na região e pela Rússia que ambicionavam ter o livre acesso ao
mediterrâneo, tornava-se cada vez uma região de guerras pontenciais.

Alianças e rivalidades

As rivalidades económicas aprofundaram os sentimentos nacionalistas e geraram


desconfianças mútuas que conduziram à celebração de alianças político-militares:
A tríplice Aliança, composta pela Alemanha, Áustria-Hungria, Itália e posterior o
Império Otomano.
A tríplice Entente integrava a França, Rússia, Reino Unido e posterior os EUA.
A política de alianças assentavam no princípio de que se um dos membros fosse
atacado receberia auxílio dos aliados. Essa lógica além de perigosíssima para a paz,
implicava a guerra como factor inadiável e presente, pois, qualquer incidente mal
resolvido poderia desencadear a Guerra e activar o mecanismo de ajuda mútua ou
segurança colectiva, generalizando o conflito.

Questões de fundo
Os frequentes atritos entre as potências imperialistas e o crescimento do
nacionalismo chauvinista em vários países europeus levaram em última instância
à Primeira Guerra Mundial, espoletada pelo assassinato, em 28 de Junho de 1914, do
herdeiro do trono austro-húngaro, o arquiduque Francisco Fernando e de sua esposa em
Sarajevo, a capital da Bósnia e Herzegovina, por um nacionalista sérvio.
Outras causas da guerra incluem as divergências políticas entre os vários estados
europeus, a corrida armamentista, a rivalidade anglo-germânica, as dificuldades
do Império Austro-Húngaro, a agressiva política balcânica da Rússia etc. O Império
Alemão lutou na guerra ao lado da Áustria-Hungria, da Bulgária e do Império
Otomano contra a Rússia, a França, o Reino Unido, a Itália, o Japão e vários outros países
de menor importância. Os conflitos armados espalharam-se também pelo Oriente
Próximo e pelas colônias alemãs.

Guerra de Movimento
Guerra de Movimento foi a primeira fase da guerra e aconteceu em 1914. Os alemães
conquistaram territórios franceses logo após a invasão da Bélgica. Enquanto o inimigo
marchava para Paris, o governo francês transferiu a capital para Bordeaux. Porém, a
França conseguiu bloquear o avanço da Alemanha em setembro daquele ano.

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Nesse período, ocorreu a “trégua de Natal”. Na região de Ypres, os soldados que
estavam nas trincheiras cessaram os conflitos em dezembro de 1914, por ocasião da
véspera de Natal.
Os soldados aproveitaram essa trégua para confraternizar entre si e com os inimigos
que estavam do outro lado da trincheira. Além do clima festivo, houve troca de alimentos
e cigarros. Porém, acabado o clima festivo, as tropas voltaram à guerra. Para saber mais,
leia: Trégua de Natal na Primeira Guerra Mundial.

Guerra de Posições

A segunda fase e a mais duradoura da Primeira Guerra Mundial ocorreu entre


1914 e 1918. Foi o período em que os países adotaram estratégias militares
baseadas no avanço territorial e na ampliação das trincheiras, que eram valas
abertas no solo onde os soldados se abrigavam e atacavam os inimigos. Foi nesse
período que a Rússia saiu da guerra, por conta da Revolução Bolchevique, e os
Estados Unidos entraram, logo após ataque alemão.

Ofensivas de 1918

Já próximo ao final da guerra, começou a ofensiva de 1918. Nessa última fase, os


países utilizaram novos armamentos, como o tanque e os aviões de caça para
bombardeios, além do aumento do efetivo por conta da entrada dos norte-americanos no
front.

A Alemanha não tinha mais forças para reagir aos ataques da Tríplice Entente e, no
final do ano, se rendeu.

Na Frente Ocidental, a Alemanha lutou uma guerra de atrito com várias batalhas
sangrentas. Depois de uma rápida invasão através da Bélgica, as tropas alemãs foram
paradas em Marne, ao norte de Paris, e sentiram a falta de suprimentos e munição, sendo
pouco depois contidas pela Força Expedicionária Britânica pelo exército francês.
Depois dessa primeira fase, desenvolveria-se uma guerra de trincheiras que pouco
mudou ao longo do tempo. Em 1916, os generais alemães tentaram desgastar a França
com uma longa batalha em Verdun, que ocasionou a morte de 600.000 homens de ambos
os lados.
Na Frente Oriental, apesar de poucas vitórias decisivas no início, as ofensivas
alemãs e austro-húngaras acabaram por dominar a região. Os exércitos destes países
avançaram até a Polônia e a Litânia em 1916 e minaram as forças russas. Em 1917, após
a Revolução Vermelha, a Rússia retiraria-se da guerra com a assinatura do Tratado de
Brest-Litovsk. Na frente balcânica, os dois países e seus aliados haviam conseguido
massacrar a Sérvia em 1915, e a Roménia em 1916. Na frente alpina, os italianos entraram
em pânico ao enfrentar alemães e austríacos em Caperetto.
A guerra mudou seus rumos quando a marinha britânica bloqueou o Mar do
Norte, o que gerou efeitos catastróficos para a Alemanha. Com o bloqueio, matérias-
primas e commodities pararam de chegar ao Império Alemão, que via-se cada vez mais
desesperado.

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4.1. O Fim da I Guerra Mundial

Cabe ressaltar que, entrada dos EUA na guerra em 1917, com a declaração
de guerra submarina irrestrita por parte da Alemanha logo após um submarino alemão
afundar um navio norte-americano, pendeu a balança em favor dos Aliados e ocorreu uma
modificação que foi determinante para a vitória da Entente na guerra. E por outra, deveu-
se aos acontecimentos na Rússia que contou com a Revolução Bolchevique, com essa
medida, os russos se retiraram das trincheiras da Primeira Guerra Mundial.

4.2. A Paz Ilusória: Tratado de Versalhes

No início de 1919, realizou-se em Paris a Conferência de Paz com objectivos de


definir as condições de imposição aos vencidos e reorganizar o mapa político europeu.
A conferência foi marcada por paixões nacionalistas e de ódio do que propriamente por
estratégias duradouras.
O Tratado de Versalhes foi o exemplo mais completo da realidade vigente, ao
responsabilizar a Alemanha pela eclosão da guerra e impor-lhe duras condições:
Restituição da Alsácia e Lorena à França;
Perda de territórios e das colónias; (art. 119º A Alemanha renuncia (…) a todos os seus títulos e
direitos nas possões além-mar (…).
A desmilitarização do seu território e; (art. 43º: São igualmente proibidas (…) à Alemanha a
manutenção e a reunião de forças armadas, quer a título permanente quer a título temporário (…)
O pagamento de indenizações aos vencedores (art. 232º: (…) Os governos aliados (…) exigem
que sejam reparados todos os danos causados).
Outros elementos do Tratado observaram acordos, consagrando um novo mapa
político europeu:
Desagregação dos grandes impérios: Alemão, Turco e Áustro-húngaro;
Independência de novos Estados e alteração das linhas de fronteiras;
Democratização em detrimento às autocracias.
A Europa saída da guerra e dos tratados de paz era uma realidade mais que imperfeita.
Para a Alemanha foi um diktat: um tratado severo, injusto e imposto unilateralmente sem
o consetimento da Alemnha: art. 231º (…) A Alemanha e os seus aliados são responsáveis
(…) por todas as perdas e por todos os danos sofridos pelos governos aliados e associados
(…). Assim, nasciam as bases de um futuro incerto para Europa.

4.3. A Criação da Sociedade das Nações (SDN)

O presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson, propôs em Paris, durante a


Conferência de Paz, a criação de um organismo internacional que teria como funções de:
Promover a paz entre as nações;
Arbitrar os conflitos por meios pacíficos;
Garantir a integridade territorial e a independência política dos Estados-Membros;
Defender o direito dos povos à autodeterminação;
Apelar ao desarmamento; fomentar a cooperação e;
Proteger as minorias nacionais.
Em Abril de 1919, era criada a Sociedade das Nações (SDN) ou Liga das Nações. A
SDN não começou da melhor forma, pois deixou de fora, entre outros a Alemanha e a
União Sovética, que só ingressaram em 1926 e 1934 respectivamente.
Por outro lado, o Senado americano, discordando da dureza do Tratado de Versalhes,
impediu a adesão dos EUA em 16 de Janeiro de 1920. Sem a maior potência mundial, era
claro que a força da organização ficaria muito limitada.

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Na realidade, apesar das boas intensões, a SDN revelou-se sempre incapaz de impedir
territoriais e os muitos conflitos que ocorreram pelo mundo.
O início da Segunda Guerra Mundial foi a maior prova do seu fracasso e condição
que associada à invasão do Japão a Manchúria (1931), invasão italiana a Abissínia (1934),
Guerra Civil espanhola com a internvensão da Itália e da Alemanha no conflito (1936)
bem como a invsasão da Alemanha a Polônia como base do início da Segunda Guerra
Mundial.

4.4. Grande Depressão:A crise de 1929

A Crise de 1929, ou a Grande Depressão, foi uma forte recessão económica que
atingiu o capitalismo internacional no final da década de 1920. Marcou a decadência do
liberalismo econômico, naquele momento, e teve como causas a superprodução e
especulação financeira.

Antes da crise de 1929 estourar, os EUA já ocupavam a classificação da maior


economia do mundo. Antes mesmo da Primeira Guerra Mundial, a economia americana
já possuía índices que comprovavam essa supremacia, e os eventos da guerra só
acentuaram a posição de potência econômica internacional dos Estados Unidos.
Em virtude do rápido crescimento da economia americana após a guerra, a década
de 1920 foi um período de grande euforia econômica, o qual ficou conhecido
como Roaring Twenties (Loucos Anos Vinte).
Esse momento da história dos EUA ficou marcado principalmente pelo avanço do
consumo de mercadorias, consolidando o American way of life, o estilo de vida
americano.
O avanço da economia americana tornou o país responsável pela produção de 42%
de todas as mercadorias feitas no mundo. A nação também era a maior credora do mundo
e emprestava vultuosas somas de dinheiro para as nações europeias em processo de
reconstrução (após a Primeira Guerra). No quesito importação, os Estados Unidos eram
responsáveis por comprar 40% das matérias-primas vendidas pelas quinze nações mais
comerciais do mundo.
Essa euforia económica refletia-se na população a partir de um consumismo
acelerado, levando as pessoas a comprarem carros e artigos eletrodomésticos de maneira
desenfreada. Esse consumismo ancorava-se, em parte, na expansão do crédito que
acontecia no país sem nenhum tipo de regulação ou intervenção estatal. A expansão do
crédito também cumpria importante papel no financiamento de diferentes atividades
econômicas.
Com esse quadro, os Estados Unidos viviam um momento de pleno emprego e
rápido crescimento industrial. Entre 1923 e 1929, os Estados Unidos possuíam uma taxa
média de desemprego de 4%, a produção de automóveis no país aumentou 33%, o número
de indústrias instaladas no país aumentou por volta de 10% e o faturamento do comércio
quintuplicou.
Por causa do boom econômico e da onda de euforia, as pessoas passaram a investir
de maneira intensa no mercado financeiro, disparando a especulação monetária. Durante
a década de 1920, os investimentos nas ações das empresas na bolsa de valores de Nova
Iorque tiveram saltos consideráveis.
O sentido de especulação financeira aqui está relacionado com pessoas que
compravam ações na bolsa, esperando que estas se valorizassem para logo em seguidas
revendê-las. Esse processo fazia com que os valores das ações aumentassem – pois havia
muitos compradores – e criava uma falsa sensação de prosperidade. A continuidade desse

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falso cenário de prosperidade financeira e a superprodução resultaram na quebra
da economia americana.
Toda essa prosperidade estava amparada em bases extremamente frágeis. O
crédito desregulado e o crescimento da especulação financeira criaram uma bolha de falsa
prosperidade que estava à beira do precipício. A sociedade tornou-se incapaz de perceber
o que estava prestes a acontecer. Esse processo foi explicado por Hobsbawm da seguinte
maneira:
O que acontecia, como muitas vezes acontece nos booms de mercados livres,
era que, com os salários ficando para trás, os lucros cresceram
desproporcionalmente, e os prósperos obtiveram uma fatia maior do bolo
nacional. Mas como a demanda da massa não podia acompanhar a
produtividade em rápido crescimento do sistema industrial nos grandes dias de
Henry Ford, o resultado foi superprodução e especulação. Isso, por sua vez,
provocou o colapso.

A questão salarial que foi mencionada no trecho acima é muito importante para
entendermos uma das facetas da crise: a superprodução. Na década de 1920, a indústria
dos Estados Unidos expandiu-se e a produtividade do trabalhador aumentou. Esse
aumento na produção não foi acompanhado nos aumentos salariais, pois os salários
permaneceram estagnados.
Assim, o mercado não teve condições de absorver a quantidade de mercadorias
que eram produzidas (nem o mercado americano nem outros países conseguiam absorver
essas mercadorias). Isso abalou a esperança de rápida prosperidade de muitos que tinham
ações de empresas americanas.
Milhares de pessoas resolveram vender as suas ações no dia 24 de outubro de
1929, no que ficou conhecido como Quinta-feira Negra. Nesse dia, mais de 12 milhões
de ações foram colocadas à venda, condição que deixou o mercado desregulado e sem
rumo. Imediatamente o valor das ações despencou, e bilhões de dólares desapareceram.
A economia americana quebrou.

Consequências da Crise de 1929


Os efeitos da crise para a economia dos Estados Unidos foram imediatos e
espalharam-se pelo país como um efeito dominó. O período mais crítico foi de 1929 a
1933; logo após, os efeitos da crise foram enfraquecendo-se, principalmente por causa da
intervenção do Estado na economia com o New Deal (Novo Acordo).
Separamos abaixo alguns dados que evidenciam o impacto da crise na economia dos
Estados Unidos:
PIB nominal dos Estados Unidos caiu aproximadamente 50%, o desemprego disparou e
alcançou 27% (era 4% antes da crise), as importações caíram 70%, as exportações caíram
50%, Diminuíram em 90% os empréstimos internacionais, Produção industrial caiu, no
mínimo, 1/3, produção de automóveis foi reduzida em 50% e o salário médio na indústria
caiu 50%, condicionando a falência de milhares de empresas e bancos.

Milhares de pessoas perderam instantaneamente todo seu patrimônio, uma vez que
ele estava investido em valores da especulação que haviam desaparecido com a quebra
da bolsa. Os efeitos da crise espalharam-se pelo mundo, por isso, a economia de diversos
países entrou em recessão, e o desemprego disparou mundo afora.

A situação era tão crítica que o desemprego alcançou níveis altíssimos nos
seguintes países: Grã-Bretanha: 23%, Bélgica: 23%, Suécia: 24%, Áustria: 29%,
Noruega: 31%, Dinamarca: 32%, Alemanha: 44%

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A maioria desses países teve dificuldade em reduzir esses índices mesmo após
1933. Vale dizer também que esses dados nos dão uma pista do motivo pelo qual o
facismo e os ideais de extrema-direita tiveram tanta repercussão nos quadros políticos da
Europa durante a década de 1930. Ao todo, o comércio internacional foi reduzido em
aproximadamente 1/3.
Alguns estudiosos alegam que o New Deal, juntamente com programas de ajuda
social realizados por todos os estados americanos, ajudou a minimizar os efeitos da
Depressão a partir de 1933, enquanto outros pesquisadores discordam dessa visão. A
maioria dos países atingidos pela Grande Depressão passaram a recuperar-se
economicamente a partir de então.
Em alguns países, a Grande Depressão foi um dos fatores primários que ajudaram
a ascensão de regimes ditatoriais, como os nazistas sob liderança de Adolf Hitler na
Alemanha. O início da Segunda Guerra Mundial terminou com qualquer efeito
remanescente da Grande Depressão nos principais países atingidos, muito embora vários
economistas neoclássicos discordem disso.
Medidas de contenção da crise de 1929
O presidente americano Herbert Hoover acreditava que o comércio, se não
supervisionado pelo governo, iria, em algum momento, minimizar os efeitos da recessão
económica. Hoover acreditava que a economia dos Estados Unidos iria se recuperar, sem
que a intervenção do Governo fosse necessária. Hoover rejeitou diversas leis aprovadas
pelo Congresso, alegando que davam ao governo americano poderes demais sobre o
mercado.
Hoover também acreditava que os governos dos estados americanos deveriam
ajudar os necessitados. Muitos destes estados, porém, não tinham fundos suficientes para
tal. Assim sendo, Hoover propôs a criação de um órgão governamental, o Reconstruction
Finance Corporation (Corporação de Reconstrução Financeira), ou RFC, em 1932.
Este órgão seria responsável por fornecer alguma ajuda financeira a empresas e
instituições comerciais e industriais chave, como bancos, ferrovias e grandes empresas,
acreditando que a falência destas instituições agravaria o efeito da Grande Depressão.
No final de 1932, as eleições presidenciais foram realizadas. Os dois principais
candidatos foram Hoover e Franklin Delano Roosevelt. Muitos da população americana
acreditavam que Hoover fora o principal causador da recessão, e/ou que pouco fizera para
solucionar esta recessão. Roosevelt saiu vencedor da eleição, tornando-se presidente dos
Estados Unidos em 4 de Março de 1933.
Roosevelt, ao contrário de Hoover, acreditava que o governo americano era o
principal responsável para lutar contra os efeitos da Grande Depressão. Em uma sessão
legislativa especial, sessão conhecida como Hundred Days ("Cem Dias"), Roosevelt,
juntamente com o congresso americano, criaram e aprovaram uma série de leis que, por
insistência do próprio Roosevelt, foram nomeadas de New Deal (Novo Acordo).
Diversas agências governamentais foram criadas para administrar os programas
de ajuda social. A mais importante delas foi a Federal Agency Relief Administration,
criada em 1933, que seria responsável pelo fornecimento de fundos aos governos estatais,
para que estes empregassem tais fundos em programas de ajuda social.
Outros órgãos governamentais similares foram criados com o intuito de fundear,
administrar e/ou empregar trabalhadores na área de construção de aeroportos, escolas,
hospitais, pontes e represas para irrigação. Estes projetos federais forneceram milhões de

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empregos aos necessitados, embora as taxas de desemprego continuassem altas durante
toda a década de 1930.
Outros órgãos foram criados com o intuito de administrar programas de
recuperação, como a Agricultural Adjustment Administration, criada em 1933 com o
intuito de regular a produção de produtos agropecuários em uma dada fazenda. Outro
órgão similar, o National Recovery Administration, criada em 1933, passou a fazer
cumprir as leis antimonopólio, estabeleceu salários mínimos e limites na carga horária de
trabalho. Esta última agência, porém, foi fechada a mando do Congresso, em 1935, por
pouco estimular o comércio americano.
Por fim, outros órgãos federais foram criados com o intuito de supervisionar
reformas trabalhistas e financeiras. O Federal Deposit Insurance Corporation foi criado
em 1933 com o intuito de promover transações e o comércio bancário. O Securities and
Exchange Commission, criado em 1934, regulava o comércio de bolsa de valores e evitava
que acionistas comprassem ações que o órgão considerassem perigosas.
O National Labor Relations Board foi criado em 1935, com o intuito de
regular sindicatos, e de proteger os trabalhadores e seus direitos. Ainda em 1935, um ato
do governo americano, o Ato da Segurança Civil passou a fornecer pensões mensais
para os aposentados, bem como ajuda financeira regular por um certo período de tempo,
para pessoas desempregadas.
A economia americana gradualmente, mas lentamente, passou a recuperar-se,
desde 1933. O governo americano também diminuiu as tarifas alfandegárias em certos
produtos estrangeiros, assim estimulando o comércio doméstico. Ao longo da década de
1930, os Estados Unidos gradualmente abandonaram o uso da Cláusula Ouro, decidindo
ao invés disso, fortalecer a moeda nacional, o dólar, o que também ajudou na recuperação
da economia americana.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Kennedy, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: transformação econômicae


conflito militar de 1500 a 2000. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro. 1989.
Disponível em formato digital PDF.

Habsbawm, Eric. J. A era das revoluções: Europa 1789-1848. Tradução de Maria


Tereza Lopes Teixeira e Marcos Penchel. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 2000.

_____ A era dos impérios: 1875-1914. Tradução de Sieni, Maria Campos e Yolanda
Steidel de Toledo. São Paulo. 2003.

Watson, Adam. A evolução da sociedade internacional: Análise histórica


comparada. New York. Routledge. 1992. Disponível em formato digital PDF.

RENOUVIN, Pierre; DOROSELLE, Jean-Baptiste. Introdução à História das


Relações Internacionais. Difusão Europeia do Livro. São Paulo. 1967. Disponível em
formato digital PDF.

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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

SARAIVA, José Flávio Sombra. História das Relações Internacionais


Contemporâneas: da sociedade internacional do século XIX à era da globalização.
Saraiva. São Paulo. 2008. Disponível em formato digital PDF.
Kissinger, Henry. Diplomacia. Gadiva.. Lisboa. Simon & Schuster. 1994. Disponível
em formato digital PDF.

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