O conhecimento não está somente na linha de raciocínio, é algo amplo e constantemente está em
transformação, pois o que é certo hoje amanhã pode não ser, ou ter outra explicação. As linhas de
raciocínio podem ser diferenciadas? Sim, cada qual com o seu devido valor, para poderem em um
dado momento dialogizar e tirar o melhor dos diferentes raciocínios, pois o tal do “pior” não tem
existência de fato. Em todo conhecimento propõem-se uma parte valorativa. É vitupério afirmar tudo
está acabado, principalmente quando se trata do conhecimento.
Como o autor afirma que são nas pequenas atividades e situações que montam as partes e regras do
ato de filosofar, de maneira que ocorre diariamente e acabamos deixar despercebidos.
Lembrou-me um exemplo muito claro de se burla a lei, é exatamente o que faz os advogados procuram
brechas na lei, ou melhor, “burlam” a lei para trabalhar a favor de seus clientes. Sempre que possível
“burlar” as regras para se atingir um objetivo. Já na educação atual, o professor precisa estar atento
ao que é cobrado pelo sistema educacional e encontrar meios sempre que se fizer necessário para
“burla” o tipo de educação tradicional, principalmente a calcada somente na prática da gramática. A
Língua Portuguesa não pode ser só direcionada a “gramatiquice”, existe um vasto campo na Língua
Portuguesa como: literatura, interpretação textual, redação, poesia, criação produtiva e lingüística.
O ser humano no decorrer de sua curta vida especializa-se em alguma área, seja humana ou exata. Os
cientistas especializam-se nas áreas exatas, logo buscam criar, descobrir, explicar e comprovar tudo.
E o que não é explicado ou comprovado? Acaba sendo estereotipado como “não sendo científico”.
Surgindo até um preconceito em relação às áreas humanas. Quando se trata da linguagem é algo que
não se pode ser medido, contado, testado. Ocorre de forma espontânea, então não é aceito pela ciência,
porém existe de fato.
A ciência procura por uma constante verdade, contudo esta verdade pode se encontrar em uma área
do conhecimento e outra não. Sem sombra de dúvida o que é verdade para a ciência pode do ponto
de vista da filosofia, sociologia não ser. Nada é falho de erro. O que é uma regra dentro da ciência,
não é utilizado como regra dentro da psicologia. Poderá a psicologia buscar respostas divergentes da
ciência, não podendo ser entendida como totalmente certa ou errada, depende do ponto de vista de
cada pessoa, da linha de raciocínio de quem está empreendendo.
Quando o ser humano assume o papel de único detentor do saber, acaba fechando-se em uma redoma
em que apenas um único conhecimento tem espaço na redoma, também chamado de conhecimento
egocêntrico. Colocando-se em uma situação na qual mantenha relações apenas com o próximo que
tenha o mesmo interesse que o dele. A opinião divergente da dele é podada, aniquilada ou inválida.
É ingênuo acreditar que existe uma única verdade ou que ela é unívoca. Até porque o ser humano
está em constante mudança, logo o conhecimento e verdades estão em constantes transformações, em
constante aprimoramento. As convicções e dogmas acabam intitulados como esdrúxulos, pois
permeia o exagero de quem as manipulam. Os dogmas podem ser fonte de desprazer, principalmente
quando impossibilita a inteligente de fluir, ou em poucas palavras estaciona a inteligência.
Fazendo-se uma analogia entre acontecimentos do dia-a-dia, ao mau uso das idéias da ciência. Um
bom exemplo disso no texto é a história do jogador de xadrez, que transformou literalmente o seu
conhecimento em dogma, não usando produtivamente o conhecimento que tinha. Utilizava o xadrez
como um direcionamento para a sua vida, sem se alertar de outros conhecimentos. Como o texto
afirma: a vida é uma rede de vários jogos, não se sabe qual é o melhor. Enquanto o nosso jogador só
se especializou no jogo do xadrez.
Afirma o autor que a ciência é um só jogo, com regras preestabelecidas e predefinidas, excluindo
qualquer outro jogo ou regra. Os cientistas que fazem parte dessas regras buscam anos a fio um tipo
de conhecimento, o que pode ser chamado de especialização, porém somente em sua área. Não afirmo
ser errado uma especialização em sua própria área, porém observar-se-á que terá outras linhas de
raciocínio e terá o seu valor.
O “eu” do ser humano não é tratado dentro da ciência, na verdade nem existe para a ciência. A ciência
trata e estuda as partes físicas, mas não engloba as partes psicológica, humana, espiritual, pensamento
e memórias. São áreas que em conjunto formam o ser humano.
A ciência preocupa-se em tornar a vida do homem mais produtiva, versátil e confortável. Mas não se
preocupa com as relações do homem com os objetos criados. Isso fica claro quando o autor
exemplifica a criação de diversas tintas, contudo não subjetiva a relação do homem com a tinta.
Mostra a praticidade da tinta na vida do homem, entretanto não transcorrem os sentimentos que
provocam no homem. Quando tratei nas entre linhas sobre produtiva, versátil e confortável não tem
nenhuma ligação se vai trazer sofrimento ou felicidade. É o caso do objeto ser cômodo sem estar
diretamente ligado aos sentimentos.
Ouvir a música que saí do piano para os cientistas é buscar aprimorar a parte física, enquanto para o
pianista e demais ouvintes é a sensação do prazer. Como Freud já afirmava o homem é um ser
promovido de desejo e este desejo move uma boa parte das pessoas a irem até um concerto, sentir
prazer. O texto afirma que o desejo do prazer move o mundo. E o desejo nada mais é que de cunho
qualitativo. A parte chamada de qualitativa não é bem aceita pela ciência, pois só se vale a parte
quantitativa. A qualitativa pode aparecer de diferentes formas no ser humano, de modo que uns vão
gostar e outros não. É exatamente o que a ciência não poderá medir o “gostar” ou o “não gostar”, logo
tem como resposta “isso não é científico”.
Fontes
ALVES, Rubem. Entre a Ciência e Sapiência.