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PARTICIPAÇÃO DO REGIMENTO DE CAVALARIA Nº 3 NO 25 DE ABRIL

O Regimento de Cavalaria Nº3 (RC3) teve uma participação ativa nos


acontecimentos relacionados com a revolução de abril de 1974, marchando para
Lisboa com uma subunidade de escalão Esquadrão composta por cerca de 115
militares, sob o comando do então Capitão de Cavalaria Andrade de Moura.

Foi pelas 3 horas da manhã do dia 24 de abril, que o Capitão Alberto Ferreira se
deslocou à Aldeia da Serra, onde recebeu a Ordem de Operações (documento que
contém o detalhe considerado necessário para que os Comandantes subordinados
possam emitir as suas próprias ordens, abrangendo todos os aspetos necessários à
coordenação da operação em si mesmo, como sejam os ligados às comunicações e
cadeia de comando). Foi também nesse momento que o referido militar obteve um
rádio, das mãos do «contacto» do Movimento das Forças Armadas, rádio esse que foi
utilizado para as comunicações que foram realizadas pelo Capitão Andrade de Moura
no seu deslocamento e nas coordenações já em Lisboa. Sucintamente a missão era
marchar para Lisboa, instalando o Esquadrão na saída Sul da Ponte Oliveira Salazar e
aí estabelecer contacto com o Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas,
sedeado na Pontinha.

Cerca das 2 horas da manhã do dia 25 de abril de 1974, o Capitão Andrade de


Moura contactou o Comandante do RC3, para o pôr ao corrente da situação. Este
após algum tempo de reflexão, decidiu também aderir a este Movimento. Assim, a
partir desse momento, foi desenvolvida em acelerado a preparação do Esquadrão,
tendo os militares convocados aderido de imediato, isto depois de ter-lhes sido
explicado qual a missão.

Após o complicado processo de municiamento dos blindados, o Esquadrão saiu


o portão da Unidade por volta das 5 horas da madrugada seguindo pela Estrada
Nacional Nº 4 efetou o itinerário Estremoz – Pegões – Setúbal, levando à sua frente
como batedores, em carro civil, dois Oficiais. A chegada ao local de destino ocorreu às
13 horas e 15 minutos, tendo a Unidade de Marcha ficado parada no garrafão da
ponte, do lado Sul, a fim de contactar o Posto de Comando do Movimento. Aí e após o
contacto efetuado, o Capitão Andrade de Moura recebeu a ordem para marchar para a
Casa de Reclusão da Trafaria, com a finalidade de libertar os reclusos que ali se
encontravam presos em resultado do golpe falhado de 16 de março de 1974.
No entanto, entretanto, o Posto de Comando emitiu nova ordem no sentido de se
avançar com o Esquadrão, rapidamente, para o Carmo, visto que nesse local os
acontecimentos não estavam a correr conforme o planeado, nomeadamente por parte
do Esquadrão da Escola Prática de Cavalaria (EPC), sob o comando do então Capitão
Salgueiro Maia.

Assim, o Esquadrão do RC3 avançou de imediato para a nova localização e


entrou pelo Largo da Misericórdia, até perto do Largo da Trindade, onde viram as
forças que cercavam o Esquadrão da EPC. Aí e após diálogo com as forças
oponentes conseguiu-se que estas aceitassem o levantamento cerco.

Com a retirada das forças que estavam a cercar o Carmo, ficou aliviada a
pressão sobre o Esquadrão da EPC, que em consequência acabou por receber a
rendição do Presidente do Conselho Professor Marcelo Caetano. A partir daí, o
Esquadrão do RC3 apertou o cerco ao Quartel do Carmo, descendo das posições do
Largo da Trindade e ocupando novas posições no Largo do Carmo e nas suas
imediações.

Já começava a escurecer, quando o Capitão Andrade Moura deu uma missão ao


1º Sargento Francisco Braz. Este deveria deslocar-se à Rua António Maria Cardoso, à
sede da Direção-Geral de Segurança (DGS), para pôr cobro a uma tentativa de
assalto por parte de populares. Também nesse local passado pouco tempo a situação
ficou controlada e as forças do RC3 foram substituídas por dois pelotões da Marinha,
às 2 horas da manhã.

As forças militares do RC3 ficaram no Largo do Carmo e imediações até ao dia


26 de abril, onde, cerca das 18:00 horas, receberam ordem para recolher ao
Regimento de Cavalaria Nº 7 (RC7), na Calçada da Ajuda.

Logo após a chegada ao RC7, o Capitão Andrade de Moura recebeu nova


missão para seguir para Évora, a fim de escoltar o novo Comandante da Região
Militar. Assim, pelas 06h30 do dia 27 de abril, iniciou-se essa escolta, tendo a mesma
chegado a Évora pelas 14h00. Após a transmissão do Comando, o Esquadrão do RC3
regressou a Estremoz, onde foi recebido pelos estremocenses, felizes e orgulhosos,
com a participação “dos seus militares”, neste acontecimento que mudou o rumo da
história de Portugal como País e como Nação.

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