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Maria Eduarda Tavares (P2) FISIOLOGIA/MED FITS-PE

» O trato alimentar abastece o corpo com


suprimento contínuo de água, eletrólitos, » As fibras musculares lisas medem de 200 a 500
vitaminas e nutrientes. micrômetros de comprimento e de 2 a 10
» : micrômetros de diâmetro; dispõem-se em
 Movimentação do alimento pelo trato feixes de até 1.000 fibras paralelas.
alimentar; » Na camada muscular longitudinal, os feixes se
 Secreção de soluções digestivas e digestão estendem longitudinalmente no trato intestinal;
dos alimentos; na camada muscular circular, se dispõem em
 Absorção de água, diversos eletrólitos, torno do intestino.
vitaminas e produtos da digestão; » No interior de cada feixe, as fibras musculares
 Circulação de sangue pelos órgãos se conectam eletricamente por meio de
gastrointestinais para transporte das grande quantidade de junções comunicantes.
substâncias absorvidas; » E, elas estão parcialmente separadas por
 Controle de todas essas funções pelos tecido conjuntivo frouxo, mas os feixes
sistemas nervoso e hormonal locais. musculares se fundem uns aos outros em
diversos pontos, o que constitui esse músculo
um .
ANATOMIA FISIOLÓGICA DA PAREDE  Isto é, quando um potencial de ação é
GASTROINTESTINAL disparado em qualquer ponto na massa
» A parede intestinal apresenta as seguintes muscular, ele, em geral, se propaga em
camadas: a serosa; camada muscular lisa todas as direções no músculo.
longitudinal; camada muscular lisa circular; Atividade Elétrica do Músculo Liso
a submucosa; e a mucosa. Gastrointestinal
 Além disso, há a muscular da mucosa, que » O músculo liso do trato gastrointestinal é
é formada por feixes de músculo liso, nas excitado por atividade elétrica intrínseca,
camadas mais profundas da mucosa. contínua e lenta, nas membranas das fibras
musculares.
» Essa atividade consiste em dois tipos básicos
de ondas elétricas: ondas lentas; e potenciais
em espícula.
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da membrana, nas fibras do músculo liso do


» A maioria das contrações gastrointestinais ocorre intestino, é entre −50 e −60 milivolts).
ritmicamente, e o ritmo é determinado, em » Quanto maior o potencial da onda lenta, maior a
grande parte, pela frequência das chamadas frequência dos potenciais em espícula.
“ondas lentas” do potencial da membrana do » Os potenciais em espícula no músculo
músculo liso. gastrointestinal têm duração 10 a 40 vezes maior
» As ondas lentas são variações lentas e que os potenciais de ação nas grandes fibras
ondulantes do potencial de repouso da nervosas. Cada potencial de ação gastrointestinal
membrana. dura até 10 a 20 milissegundos.
 Sua intensidade normalmente varia entre 5 e Outra diferença importante entre os potenciais de
15 milivolts, e sua frequência nas diferentes ação do músculo liso gastrointestinal e os das fibras
partes do trato gastrointestinal humano varia nervosas é o modo como são gerados.
de 3 a 12 por minuto: cerca de 3 no corpo
» Nas fibras nervosas, os potenciais de ação são
do estômago, até 12 no duodeno, e em torno
causados quase inteiramente pela rápida entrada
de 8 ou 9 no íleo terminal.
de íons sódio pelos canais de sódio, para
» Não se conhece, exatamente, a causa das ondas
o interior das fibras.
lentas, mas elas parecem ser ocasionadas por
» Nas fibras do músculo liso gastrointestinal, os
interações complexas entre as células do
canais responsáveis pelos potenciais de ação são
músculo liso e células especializadas,
diferentes; eles permitem que quantidade
denominadas , que
particularmente grande de íons cálcio entre
supostamente atuam como marca-passos
junto com quantidades menores de íons sódio e,
elétricos das células do músculo liso.
portanto, são denominados
 Os potenciais de membrana das células
intersticiais de Cajal passam por mudanças
» Esses canais se abrem e fecham com mais
cíclicas, devido a canais iônicos específicos
lentidão que os rápidos canais para sódio das
que, periodicamente, abrem-se, permitindo
grandes fibras nervosas.
correntes de influxo (marca-passo) e que,
» A lenta cinética de abertura e fechamento dos
assim, podem gerar atividade de onda lenta.
canais para cálcio-sódio é responsável pela longa
» As ondas lentas geralmente não causam, por si
duração dos potenciais de ação.
sós, contração muscular, na maior parte do trato
gastrointestinal, exceto talvez no estômago. Mas A contração do músculo liso ocorre em resposta à
basicamente estimulam o disparo intermitente de entrada de íons cálcio na fibra muscular. Os íons cálcio,
potenciais em espícula e estes, de fato, agindo por meio de mecanismo de controle pela
provocam a contração muscular. calmodulina, ativam os filamentos de miosina na fibra,
fazendo com que forças de atração se desenvolvam
» Os potenciais em espícula são verdadeiros entre os filamentos de miosina e os filamentos de
potenciais de ação. actina, acarretando contração muscular. No entanto,
» Ocorrem, automaticamente, quando o potencial vale salientar que as ondas lentas não estão associadas
de repouso da membrana do músculo liso à entrada de íons cálcio na fibra do músculo liso
gastrointestinal fica mais positivo do que cerca (somente provocam entrada de íons sódio).
de −40 milivolts (o potencial de repouso normal
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parassimpático e simpático pode intensificar


» A contração tônica é contínua, não se associa muito ou inibir as funções gastrointestinais.
ao ritmo elétrico básico das ondas lentas e, » As terminações nervosas sensoriais se originam
geralmente, dura vários minutos ou até mesmo no epitélio gastrointestinal ou na parede intestinal
horas. e enviam fibras aferentes para os dois plexos do
» É causada por potenciais em espícula repetidos sistema entérico, bem como para (1) os gânglios
sem interrupção (quanto maior a frequência, pré-vertebrais do sistema nervoso simpático; (2)
maior o grau de contração) ou é ocasionada por a medula espinal; e (3) o tronco cerebral pelos
hormônios ou por outros fatores que produzem nervos vagos.
a despolarização parcial contínua da membrana
do músculo liso, sem provocar potenciais de
ação.
» Uma terceira causa da contração tônica é a
entrada contínua de íons cálcio, no interior da
célula, que se dá por modos não associados à
variação do potencial da membrana.
CONTROLE NEURAL DA FUNÇÃO
GASTROINTESTINAL — SISTEMA NERVOSO
ENTÉRICO
» O trato gastrointestinal tem um sistema nervoso
próprio, denominado sistema nervoso entérico, » O consiste, em sua maior
localizado inteiramente na parede intestinal, parte, na cadeia linear de muitos neurônios
começando no esôfago e se estendendo até o interconectados que se estende por todo o
ânus. comprimento do trato gastrointestinal.
» Ele é bastante desenvolvido, e é especialmente  Ele participa no controle da atividade
importante no controle dos movimentos e da muscular por todo o intestino.
secreção gastrointestinal.  Quando esse plexo é estimulado, seus
» O sistema nervoso entérico é composto principais efeitos são: aumento da contração
basicamente por dois plexos: o plexo externo, tônica ou “tônus” da parede intestinal;
disposto entre as camadas musculares aumento da intensidade das contrações
longitudinal e circular, denominado plexo rítmicas; ligeiro aumento no ritmo da
mioentérico ou plexo de Auerbach; e plexo contração; aumento na velocidade de
interno, denominado plexo submucoso ou plexo condução das ondas excitatórias, ao longo da
de Meissner, localizado na submucosa. parede do intestino, causando o movimento
 O plexo mioentérico controla quase todos os mais rápido das ondas peristálticas intestinais.
movimentos gastrointestinais, e o plexo OBS: esse plexo não deve ser considerado
submucoso controla basicamente a inteiramente excitatório, porque alguns de seus
secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo neurônios são inibitórios; nestes, os terminais de
local. suas fibras secretam transmissor inibitório,
» Embora o sistema nervoso entérico possa possivelmente o polipeptídeo intestinal vasoativo ou
funcionar independentemente desses nervos algum outro peptídeo inibitório.
extrínsecos, a estimulação pelos sistemas
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» O está basicamente envolvido fibras nervosas parassimpáticas cranianas estão


com a função de controle na parede interna de quase todas nos nervos vagos.
cada diminuto segmento do intestino. » Essas fibras formam a extensa inervação de
» Por exemplo, muitos sinais sensoriais se originam esôfago, estômago e pâncreas e menos
do epitélio gastrointestinal e são integrados no extensas na inervação dos intestinos, até a
plexo submucoso, para ajudar a controlar primeira metade do intestino grosso.
a secreção intestinal local, a absorção local e » O parassimpático sacral se origina no segundo,
a contração local do músculo submucoso, que no terceiro e no quarto segmentos sacrais da
causa graus variados de dobramento da mucosa medula espinal e passa pelos nervos
gastrointestinal. pélvicos para a metade distal do intestino grosso
e, daí, até o ânus.
» As regiões sigmoides, retal e anal são
» São liberadas várias substâncias pelos terminais consideravelmente mais bem supridas de fibras
nervosos de diferentes tipos de neurônios parassimpáticas do que as outras regiões
entéricos, entre eles: acetilcolina, norepinefrina; intestinais. Essas fibras funcionam, em especial,
trifosfato de adenosina; serotonina; dopamina; para executar os reflexos da defecação.
colecistocinina; substância P; polipeptídeo » Os neurônios pós-ganglionares do sistema
intestinal vasoativo; somatostatina; leuencefalina; parassimpático gastrointestinal estão localizados,
metencefalina; e bombesina. em sua maior parte, nos plexos mioentérico e
 A acetilcolina, na maioria das vezes, excita a submucoso.
atividade gastrointestinal.
 A norepinefrina quase sempre inibe a » As fibras simpáticas do trato gastrointestinal se
atividade gastrointestinal, o que também é originam da medula espinal entre os segmentos
verdadeiro para a epinefrina, que chega ao T-5 e L-2.
trato gastrointestinal principalmente pelo » Grande parte das fibras pré-ganglionares que
sangue, depois de ser secretada na inervam o intestino, depois de sair da medula ->
circulação pela medula adrenal. entra nas cadeias simpáticas -> passam por
essas cadeias até os gânglios mais distantes, tais
como o gânglio celíaco e diversos gânglios
mesentéricos.
 A maior parte dos corpos dos neurônios
simpáticos pós-ganglionares está nesses
gânglios, e as fibras pós-ganglionares se
distribuem pelos nervos simpáticos pós-
ganglionares para todas as partes do
intestino.
» O simpático inerva igualmente todo o trato
gastrointestinal. Os terminais dos nervos
simpáticos secretam
» Exceto por poucas fibras parassimpáticas para as principalmente norepinefrina.
regiões bucal e faringianas do trato alimentar, as
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» Em termos gerais, a estimulação do sistema 1. Contrair a vesícula biliar, expelindo bile para
nervoso simpático inibe a atividade do trato o intestino delgado.
gastrointestinal, ocasionando muitos efeitos 2. Inibir, ainda que moderadamente, a
opostos aos do sistema parassimpático. contração do estômago.
» O simpático exerce seus efeitos por dois modos: Assim, ao mesmo tempo em que esse hormônio
1. Um pequeno grau, por efeito direto da causa o esvaziamento da vesícula biliar, retarda a
norepinefrina secretada, inibindo a saída do alimento no estômago, assegurando tempo
musculatura lisa do trato intestinal (exceto o adequado para a digestão de gorduras no trato
músculo mucoso, que é excitado); intestinal superior.
2. Em grau maior, por efeito inibidor da 3. Ademais, também inibe o apetite para evitar
norepinefrina sobre os neurônios de todo o excessos durante as refeições, estimulando
sistema nervoso entérico. as fibras nervosas sensoriais aferentes no
» A intensa estimulação do sistema nervoso duodeno.
simpático pode inibir os movimentos motores do
intestino, de tal forma que pode, literalmente,
» A secretina é secretada pelas células “S”
bloquear a movimentação do alimento pelo trato
da mucosa do duodeno, em resposta ao
gastrointestinal.
conteúdo gástrico ácido que é transferido do
Controle hormonal da motilidade estômago ao duodeno pelo piloro.
gastrointestinal
» Os hormônios gastrointestinais são liberados » A secretina tem pequeno efeito na motilidade do
na circulação porta e exercem as ações trato gastrointestinal e promove a secreção
fisiológicas em células-alvo, com receptores pancreática de bicarbonato que, por sua vez,
específicos para o hormônio. contribui para a neutralização do ácido no
intestino delgado.

» A gastrina é secretada pelas células “G” do antro


do estômago em resposta aos estímulos » O peptídeo insulinotrópico dependente da
associados à ingestão de refeição, tais como a glicose (também chamado peptídeo inibidor
distensão do estômago, os produtos da digestão gástrico [GIP]) é secretado pela mucosa do
das proteínas e o peptídeo liberador de gastrina, intestino delgado superior, principalmente, em
que é liberado pelos nervos da mucosa gástrica, resposta a ácidos graxos e aminoácidos, mas, em
durante a estimulação vagal. menor extensão, em resposta aos carboidratos.
» As ações primárias da gastrina são: estimulação » Exerce efeito moderado na diminuição da
da secreção gástrica de ácido; e estimulação do atividade motora do estômago e, assim, retarda
crescimento da mucosa gástrica. o esvaziamento do conteúdo gástrico no
duodeno, quando o intestino delgado superior já
está sobrecarregado com produtos alimentares.
» A colecistocinina (CCK) é secretada pelas células » Além disso, ele também pode estimular a
“I” da mucosa do duodeno e do jejuno, em secreção de insulina.
especial em resposta aos produtos da digestão
de gordura, ácidos graxos e monoglicerídeos
nos conteúdos intestinais. » A motilina é secretada pelo estômago e
» Esse hormônio tem como funções: pelo duodeno superior durante o jejum, e sua
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única função conhecida é a de aumentar a denominadas complexos mioelétricos


motilidade gastrointestinal. interdigestivos que se propagam pelo estômago
» A motilina é liberada, ciclicamente, e estimula as e pelo intestino delgado a cada 90 minutos na
ondas da motilidade gastrointestinal pessoa em jejum.

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