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A CONVERSÃO DE SAULO DE TARSO

TEXTO ÁUREO
“E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de
luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?” – Atos
9.3,4

VERDADE PRÁTICA
A verdadeira conversão a Cristo leva em conta o arrependimento, a fé em Jesus e uma completa
transformação no pensamento, vontade e ação do homem.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE


Atos 9: 1 - 9 
1 – E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo-
sacerdote,  2 – e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns
daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém. 3 – E, indo no caminho,
aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. 4 – E,
caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 5 – E ele disse: Quem
és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os
aguilhões.  6 – E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-se-lhe o Senhor:
Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer. 7 – E os varões, que iam com ele,
pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém.  8 – E Saulo levantou-se da terra e, abrindo
os olhos, não via a ninguém. E guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco. 9 – E esteve três dias sem
ver, e não comeu, nem bebeu.

INTRODUÇÃO

. A conversão de Saulo, o maior perseguidor da Igreja nos seus primeiros anos, faz-nos perguntar: até
onde vai a graça salvadora do Senhor Jesus? Ela vai até mesmo onde está o pior dos pecadores.
1Timóteo 1: 15 “Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo, para
salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”.

. A graça do Senhor alcançou a Saulo quando ia para a cidade de Damasco. Ele respondeu a esta
graça com arrependimento e fé. E o Senhor Jesus operou em sua vida uma transformação poderosa.

. O processo da salvação se deu em Paulo pela regeneração, adoção, justificação, santificação e a


esperança da glorificação.

I – A CONVERSÃO DE SAULO: UM ATO DA GRAÇA DE DEUS

1 – A conversão de Saulo e sua experiência sobrenatural

➡ Atos 9: 3 e 4 “E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o
cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por
que me persegues?”

. Havia duas rotas de ida a Damasco, nos dias do apóstolo Paulo. Ou poderia viajar pela estrada romana,
que era mais direta e mais frequentada. Saia de Jerusalém, passava por Sicar, e pelas margens do mar da
Galiléia, ainda por Cesaréia de Filipe, contornando as encostas do Hermon, chegando a Damasco.

. E a segunda rota era pelo vale do rio Jordão, escolhida pelos judeus que queriam evitar passar por
Samaria. Não sabemos por qual caminho Paulo e seus companheiros escolheram ir a Damasco, então.
. Por um ato triunfante da graça de Deus, chegando perto de Damasco, com a mente de Paulo focada em
como deveria começar a perseguir os cristãos, quando entrasse na cidade, então “o cercou um resplendor
de luz do céu”. O clarão de luz foi suficiente para ofuscar a luz do sol do meio-dia. Atos 26: 13 “Ao meio-
dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol, cuja claridade me envolveu a
mim e aos que iam comigo”.

. O Senhor Jesus apareceu a Paulo, e ele viu a Cristo glorificado!  Isto foi dito por:
1 – Ananias em Atos 9: 17 “Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde
vinhas…”
2 – Por Barnabé em Atos 9: 27 “Então, Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos e lhes
contou como no caminho ele vira ao Senhor, e este lhe falara…”
3 – Ele mesmo, Paulo, em Atos 26: 16 “…porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e
testemunha…” e 1Co. 9: 1 “Não sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo, Senhor
nosso?”

. Esta experiência transformou por completo toda a sua vida e existência!


A convicção anterior de Paulo, depois deste encontro impressionante com o próprio Senhor Jesus – qual
seja, a sua errada convicção de que Cristo era um enganador, que falsamente seus discípulos alegavam ter
ressuscitado dos mortos – esta convicção foi inundada enchendo sua alma, sua mente e seu coração pela
glória celestial, em meio ao brilho divino ofuscante demais para os olhos humanos, que o pôs cego.
“Saulo, Saulo, por que me persegues?“ – Atos 9.4.
Há sete nomes repetidos por Deus na Bíblia:
1 – Abraão, Abraão – Gênesis 22.11;
2 – Jacó, Jacó – Gênesis 46.2;
3 – Moisés, Moisés – Êxodo 3.4;
4 – Samuel, Samuel – I Samuel 3.10;
5 – Marta, Marta – Lucas 10.41;
6 – Simão, Simão – Lucas 22.31;
7 – Saulo, Saulo – Atos 9.4.
E por três vezes o Senhor clama: “Ó terra, terra, terra! Ouve a palavra do SENHOR!“ – Jeremias 22.29. 
“Saulo, Saulo…” – Atos 9.4 – O Senhor Jesus bem conhecia a Saulo antes dele conhecer a Jesus. Aleluia!
O Senhor Jesus conhecia a Saulo por nome. Conhecia por nome, também, a Zaqueu, a Cornélio em Atos
10.3, e também a cada um de nós nos conhece pelo nome. Se não percebermos a ternura com que nos fala é
o nosso coração ainda não se abriu para Ele.
2 – A iniciativa de Jesus para transformar a mente de Saulo
Paulo ouviu a voz amorosa do Senhor Jesus, e todas suas convicções foram abaladas, e foram desfeitas a
loucura e pecado de suas perseguições contra Cristo, que minutos antes ele considerava aceitáveis a Deus.
Paulo não teve isso em sua imaginação e nem foi uma alucinação. Imaginação e alucinação não
transformam a convicção mental de um homem de coração tão duro como o que Paulo tinha. O
sobrenatural de Deus está aqui nesta visão, a qual, anos depois, o próprio Paulo testemunho diante do rei
Agripa, em Atos 26.19: “Não fui desobediente à visão celestial”.
O homem que agora adentra em Damasco não é o mesmo que saiu de Jerusalém. Que entrada diferente,
pois o homem está diferente: impactado no físico, na mente e no homem interior. A presença do Senhor
Jesus no coração de Paulo fez toda a diferença!
Como sabemos que este é um homem transformado?
No caminho a Damasco vinha um homem com a pompa e o esplendor de membro famoso do Sinédrio. O
encontro com o Senhor Jesus tanto o abalou que, agora, entra na cidade conduzido por outros, cego,
abatido, desencorajado de tudo que antes o animava. A chama da fúria se apagou. Logo veremos este
homem, porém um homem transformado pelo poder da Palavra do Senhor Jesus, ouvindo e aprendendo
humildemente aos pés de um simples discípulo de Jesus.
A aparição pessoal do Senhor Jesus causou impacto, abalo, transformação tão tremenda em Paulo, que
esteve sem ver, sem comer e beber por três dias. Os olhos de Saulo foram cegados, mas se abriram os olhos
espirituais. Mais tarde Paulo escreveu aos Efésios 1.18: “Tendo iluminados os olhos do vosso
entendimento”. Não comeu. Porém, foi despertado na fome espiritual por Cristo. O Senhor Jesus falou em
João 6.57: “…assim quem de mim se alimenta também viverá por mim”. Da sede física, não se lembrou.
Porque dessedentava-se da fonte da salvação. João 7. 37: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba”.
3 – A graça salvadora se manifestou a Saulo
Tito 2.11: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”.
“A graça de Deus se há manifestado”. ´Manifestado´ é a tradução do verbo grego epiphainõ, ´aparecer´.
Com o sentido de aparecer para atingir a finalidade de um caso em particular (Strong). 
E a aparição da graça de Deus é geral – “a todos os homens” – com propósito específico: “trazendo
salvação”. Uma transliteração mais literal diria assim: A graça de Deus apareceu trazendo salvação a
todos os homens. Faz-nos comparar com Isaías 9.2: “O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e
sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz”. E também com Isaías
60.1: “Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do SENHOR vai nascendo sobre ti”. E
ainda mais com Malaquias 4.2: “Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça e salvação
trará debaixo das suas asas…”.
A graça de Deus, aqui mencionada, é o favor de Deus para com os homens que andam na ignorância deste
mundo e nas trevas da incredulidade, sobre a qual toda a obra da redenção está baseada, com a finalidade
de transformar o homem para Deus.
Vamos meditar brevemente sobre a graça de Deus.
O homem pecou. E Deus amou. Quando unimos estes dois fatos, o Evangelho da graça de Deus se
manifesta. Porque a graça é a expressão do amor de Deus. O amor inerente a Deus, a princípio, é abstrato.
A graça de Deus aparece, se manifesta, dando-lhes substância. “Deus é amor” – I João 4.8. Quando o amor
de Deus se expressa a favor do homem, torna-se graça. Por exemplo singelo: Você diz que ama o mendigo.
Até tem pena dele e sente simpatia por ele. Mas, este amor pode continuar no seu interior de maneira
abstrata. Se este amor não se expressar em vestuário, comida e oportunidade, o máximo que se abstrai é
você dizer que o ama. O amor é interior, porém, a graça é exterior. Ela se manifesta. A graça como
sentimento é amor. O amor em ação é graça. A graça é ato de amor pelo necessitado. Nós sabemos que
Deus ama ao Filho e aos anjos, por exemplo. Mas não há graça nesta relação. Por que não há graça entre
eles? Porque não há necessidade. Nós somos pecadores. Não temos necessidade da salvação. Nós não
temos como resolver o problema do pecado por nós mesmos. Quando o amor flui no mesmo nível então é
somente amor. Quando flui para baixo, para o necessitado, então é graça. O amor de Deus manifestou em
graça por meio da obra redentora do Senhor Jesus. João 1.17: “…a graça e a verdade vieram por Jesus
Cristo”.  I Coríntios 1.4: “Sempre dou graças a Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi dada em
Cristo Jesus”. Atos 15.11: “…somos salvos pela graça do Senhor Jesus…”. I Pedro 1.13: “…esperai
inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo”.
II – SAULO E A DOUTRINA BÍBLICA DA CONVERSÃO
1 – A conversão começa no arrependimento
Atos 17.30: “Mas Deus […] anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam”.
O arrependimento é uma das doutrinas fundamentais da Bíblia. Porém, quantos ainda estão ignorantes e
confundidos sobre o arrependimento.
O homem não está preparado para crer no Evangelho, se não está disposto a arrepender-se de seus pecados
e abandoná-los. Quando Cristo veio, Ele também proclamou no deserto: “Arrependei-vos porque o reino
dos céus está próximo”. Em Marcos 6.12, quando o Senhor Jesus enviou seus discípulos, a mensagem era a
mesma: “que se arrependessem os homens”. Depois que Cristo foi glorificado e quando da descida do
Espírito Santo, eis que Pedro, no dia de Pentecostes, pregou a mesma mensagem: “Arrependei-vos!“ E, por
fim, citamos o apóstolo Paulo, que quando esteve em Atenas, fez a mesma proclamação: “Mas Deus […]
anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam” – Atos 17.30.
O que o arrependimento, não é?
Arrependimento não é medo. Muitos confundem ambos. Julgam que se devem sentir amedrontados e até
aguardam que se lhes sobrevenha alguma espécie de alarme e temor. Porém, a verdade é que muitos
sentem medo, ficam espantados sem se arrependerem. Ouvimos falar de homens que, viajando pelo mar,
durante grande tempestade – inclusive, alguns deles incrédulos e duros de coração – mas vendo o extremo
perigo, começam a orar e clamar, pedindo a Deus por misericórdia. Porém, isto não significa
arrependimento, porque cessada a tormenta, voltam às mesmas práticas carnais e mundanas de antes.
Arrependimento não é um sentimento. Alguns esperam sentir algo, ter uma sensação. Querem converter-se
a Deus, e pensam que somente estarão convertidos após sentirem algo extraordinário.  Um pregador do
passado registrou que esteve evangelizando todos os domingos num presídio, a novecentos presos. Ali não
havia um homem que não se sentisse desgraçado. Não faltava choro, quando o evangelista conversava com
eles, e não faltavam sentimentos. Porém, logo postos em liberdade, a maioria voltou aos crimes que
cometiam antes e acrescentou outros. Assim, este pregado disse que viu um preso demonstrar sentimentos,
porém somente porque fora acusado e julgado pela Justiça, e não porque se arrependesse do crime
cometido. Sentimentos não são sinais de arrependimento.
O arrependimento não é a convicção de pecados. Pode parecer estranho a muitos ler ou ouvir tal afirmação.
Há pessoas sob tão profunda convicção de pecado que nem consegue dormir, nem sentir gosto pelos
alimentos, e passa dias neste estado de alma. E, no entanto, não se convertem. Não confunda convicção de
pecado com arrependimento.
O arrependimento não é oração. Para muitos, isto parecerá tão estranho de ouvir. Há quem, estando
ansioso, diga: “Eu orarei e lerei a Bíblia”. E não obtém o resultado que esperávamos dele. Esta prática
mostra-se inútil em sua vida. Porque se pode orar e ler a Bíblia sem se arrepender verdadeiramente.
Então, o que é arrependimento?
É mudança de direção. Significa uma pessoa caminhando em uma direção, volta para trás e caminha em
direção completamente contrária. Podemos clamar a alguém: “Volta, esta direção é perigo de morte!“ A
pessoa pode até sentir, chorar, orar, citar versículos, dizer-se convicto de que seus caminhos são fatais, e
confessar que sente medo, porém, se não se voltar do pecado, não haverá misericórdia para ele.
Arrependimento é o despojar-se do velho homem – Efésios 4.22 – pois há mudança de mentalidade. Sim, o
arrependimento também pode ser definido como ´mudança de mente´.
A parábola de Cristo em Mateus 21. 28 a 30, exemplifica a mudança de mentalidade. Um homem tinha
dois filhos, e chegando ao primeiro, disse: Filho, vá trabalhar hoje na minha vinha. Ele respondeu: Irei, mas
não foi. Chegando ao segundo, disse-lhe o mesmo. Porém este respondeu: Não quero ir. Porém, mais tarde,
tocado de arrependimento, foi.  Depois de dizer: Não quero, mudou de mentalidade, mudou de ideia, e foi
trabalhar na vinha de seu pai. Porém, suponhamos que tivesse orado, dizendo em oração, que se arrependia
de não ter obedecido ao seu pai, todavia, continua no mesmo lugar, sem ir à vinha. Suponhamos que
estivesse convencido de que desobedecera a seu pai, e dissesse que sentia muito por isso, e continuasse a
não ir, estas coisas não seriam arrependimento verdadeiro. O Senhor Jesus definiu, por esta parábola, que
arrependimento é mudança de direção e mudança de mente.
Alguém disse que nascemos com o rosto para o mundo e as coisas que no mundo há. Quando
verdadeiramente nos arrependemos, então voltamos a face para Deus, dando as costas ao mundanismo.
Já testifiquei a uma pessoa que sempre dizia a mesma coisa: “Ainda não fui tocado. O que quer dizer com
isso? Quando eu me sentir tocado, vou na igreja com você. Mas, você confessaria que é um pecador? Sim,
mas Deus ainda não me tocou”. E assim está com sessenta anos e não se arrependeu e tudo que disse e,
certamente, dirá são fim de seus dias, se não se arrepender – que não foi tocado…
Em nenhum trecho da Bíblia há alguém a quem se tivesse dito que aguardasse ou esperasse ser ´tocado´
para se converter a Cristo, arrependido. Ao contrário, Deus manda, anuncia e notifica AGORA que todos,
em todo lugar, se arrependam!
2 – A conversão de Saulo promoveu uma transformação pessoal
Atos 9.6: “E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te
e entra na cidade, e lá te será dito o que lhe convém fazer”.
Notemos o uso da palavra ´Senhor´ por Saulo, agora assombrado e tremendo. Não se trata de ´senhor´ no
sentido de substantivo de tratamento. É a palavra grega ´kyrius´, Senhor no sentido de divino, com direitos
absolutos e, também, denota direito de propriedade. Antes, Saulo despreza a Jesus. Agora, o reverencia e o
chama de Senhor. Trata-se de transformação pessoal, pois ele se entrega à vontade do Senhor Jesus.
Reconhece que Ele é soberano para lhe dar direção. “Que queres que faça”: significa que além de
submissão, há também prontidão em servir a Cristo. Não mais voltado para suas vontades egoístas e seus
projetos individuais. Pronto a servir conforme a vontade de seu Senhor Jesus. Que transformação
sobrenatural e instantânea!
A transformação de vida se dá quando Cristo começa a ser formado em nós – Gálatas 4.19.  A palavra
´formado´, em Gálatas 4.19, é do grego morphóõ, e traz um sentido profundo de significado: é um molde
que não somente muda a forma, mas incorpora a essência interna. Paulo usa esta palavra, porque Cristo
transformou sua vida, e agora ele é outra pessoa. Uma nova criatura. A vida de Cristo sendo formado
nele.    Até que Cristo comece a ser revelado em nós – Gálatas 1.16. O novo homem volta à vida. Cristo
vivendo nele e ele em Cristo. “Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” – Gálatas 2.20 – torna-se a
bandeira, o tema da vida de um homem transformado.
3 – A conversão faz parte da doutrina bíblica da Salvação
Quando falamos em ´salvação´, estamos diante de uma palavra inclusiva. Que abrange dentro de seu
escopo (de seu propósito) muitos aspectos.
Há a salvação do passado, no presente e do futuro. Há a salvação da penalidade do pecado, do poder do
pecado e da presença do pecado. Incluídas neste processo de salvação, estão os diversos aspectos que
constituem o que chamamos de ´doutrina bíblica da salvação´. No processo da salvação há a conversão,
regeneração (aqui está a doutrina do novo nascimento) e, concomitantemente, a adoção – com
arrependimento e fé – justificação, santificação e glorificação.
Vamos resumir e meditar os três aspectos relevantes da salvação: 
Regeneração – as Escrituras se referem a uma grande transformação operada em todos aqueles que se
convertem a Cristo. E esta transformação está ligada ao arrependimento para com Deus e da fé em nosso
Senhor Jesus Cristo. A regeneração tem íntima conexão com o Arrependimento e com a Fé.
Pela regeneração o convertido tem acesso à família de Deus. E da mesma forma pela qual é obtido o acesso
às famílias humanas, ou seja, por geração ou por nascimento. Em ambos os casos, há comunicação de vida
e de natureza. É o que chamamos de ´novo nascimento´. Nascemos primeiramente pela comunicação de
vida de nossos pais, herdando a mesma natureza deles. E no novo nascimento, nascemos de novo, fomos
regenerados e, agora somos da família de Deus, somos filhos de Deus, tendo a comunicação da vida eterna
e uma nova natureza, a natureza divina.  Salvação não é reforma, é regeneração divina. João 1.2: “Mas, a
todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que creem no
seu nome”.
Justificação – Jô propôs a pergunta: “Como pode o homem ser justo para com Deus?“ – Jó 9.2. E este é o
problema dos séculos, o problema que deixa perplexa a mente do homem desde sua queda, tornando-se
pecador.
“Justificação pela fé” é uma frase cheia de significado, tanto nas Escrituras como na História. No Novo
Nascimento é o tema principal de duas epístolas: aos Romanos e aos Gálatas. A necessidade da justificação
se explica pela condenação do homem pelo pecado. A fonte da justificação é a graça de Deus. A lei diz:
“Paga tudo”. A Graça diz: “Tudo está pago”. E o fundamento da justificação é a justiça de Cristo. Como
bem se diz: as consequências do pecado do homem foram levadas à conta de Cristo, e as consequências da
obediência de Cristo foram levadas à conta do convertido. “Ele vestiu-se das vestes do pecado para que nós
pudéssemos nos vestir do Seu manto de justiça”. O meio da justificação é a fé. A justiça de Deus é uma
dádiva, mas uma dádiva tem que ser aceita. Como, então, será aceita a dádiva da justificação? Pela fé em
Jesus Cristo. A fé é a mão, ilustrativamente dizendo, que recebe o que Deus oferece pela Sua graça.
Santificação – santificação tem a ideia de separação com consagração, purificação com dedicação. A
santificação é posicional. É concedida ao convertido a posição de santo na pessoa de Jesus Cristo. E ela é
progressiva. É o começo de uma vida progressiva de santificação.
A santificação trata, quase exclusivamente, de nosso estado, quanto a justificação trata de nossa posição de
condenação transportado por Cristo para a posição de justificado, inocente. A justificação é o que Deus faz
por nós. A santificação é o que Deus faz em nós. A justificação nos dá a segurança em Cristo e a
santificação nos dá uma nova natureza em Cristo.
Portanto, há a santificação posicional, que é instantânea, no momento de nossa conversão a Cristo. Em
Cristo, obtemos uma nova posição tanto moral quanto judicial, ou seja, tanto na santidade quanto na
justiça. E há a santificação prática, uma nova natureza, por isso, novos desejos, novos propósitos. Novo
centro de seu ser. O convertido sabe que pertence exclusivamente a Deus. E a sua vontade agora é entregue
a Ele. A santificação tem a fase progressiva e a fase final. A santificação é o processo divino de nos
transformar de glória em glória, de grau em grau, somos transformados à semelhança de Cristo. E a fase
final é a consumação e a aperfeiçoamento completo do crente. Nada faltando, tudo semelhante a Cristo.
Livre da presença do pecado. A santificação alcançará o seu clímax, a sua perfeição, quando Cristo nos
arrebatar!
Estes três aspectos gerais da doutrina da salvação são assim exemplificados:
A regeneração nos lembra uma família. Quando nascemos de novo em Cristo. A vida de Cristo
comunicado à nossa vida, e temos acesso à família de Deus, somos herdeiros com Cristo.
A justificação nos lembra um tribunal. O homem culpado e condenado pelo pecado, perante Deus,
apropria-se pela fé da justiça de Cristo, e é declarado justo – como um que nunca cometeu pecado.
A santificação no lembra a cena de um templo, pois se relaciona com o culto e a comunhão diárias a Deus.
III – AS TRÊS FACULDADES INTERIORES TRANSFORMADAS NA CONVERSÃO
1 – Faculdade intelectual  
Romanos 3.20: “Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele (de Deus – anotação nossa) pelas
obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”.
O pecador cai em si, como se diz, e reconhece que está na condição de pecador condenado. Sua mente é
transformada. Nova maneira de pensar.
Ilustração – numa edição da revista A Trombeta, há o registro do testemunho da conversão do pastor
Mendonza Taylor: aos 18 anos ingressou na marinha de seu país, a Colômbia. Serviu por vários anos,
chegando ao posto de capitão num navio de guerra. Depois, continuou trabalhando num navio comercial.
Certo dia, atracado no porto de Nova Iorque, nos Estados Unidos, um crente que evangelizava por ali, deu-
lhe uma Bíblia, que ele passou a ler todos os dias na sua cabine.
Numa noite de ano novo, na passagem do ano, ele estava assentado no terraço de sua casa, na Colômbia,
com várias garrafas de bebidas dispostas diante de si, quando lhe abateu uma visão de seu estado de
vencido pelas bebidas alcoólicas, e de desespero pela eternidade, e ele orou: “Senhor, ajuda-me, estou sem
esperança”.
No mesmo instante, veio-lhe à memória uma palavra da Bíblia: “Olha, agora, para os céus…” – Gênesis
15.5. E, ao olhar, ele viu sua estrela favorita, que tão bem conhecia de sua carreira como marinheiro, e
sentiu que Deus o respondia e podia dar-lhe nova direção.
Hoje, ele está idoso, e recorda que naquele momento, ajoelhou e orou, pedindo perdão de seus pecados. Eis
as palavras do testemunho dele: “Para mim, os céus e a terra se fundiram e eu senti o poder da glória de
Deus. E, neste momento, Cristo passou a morar em meu coração”.
No momento em que se levantou de sua oração, os sinos da cidade badalavam, anunciando a chegada de
novo ano, pois era a meia-noite da passagem de Ano-Novo. Ele testemunha que sua vida foi transformada
e, a primeira mudança, foi parar de beber. Não mais escravo de nada, pois agora tinha a Cristo como
Senhor. Quando voltou ao escritório da empresa de marinha mercante onde trabalhava, seus colegas
comemoravam o Ano-Novo e lhe disseram: “Escolhe aí uma bebida para você!“ Ao que ele respondeu:
“Não, aquele Mendonza para quem vocês estão falando, morreu. Desde então eu sou um novo homem”.
2 – Faculdade das emoções
2 Coríntios 7.10: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual
ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte”.
Aproximando-se do final de sua carreira missionária, Paulo ainda prega a mesma mensagem, que se
resume em dois pontos: arrependimento para com Deus e fé no Senhor Jesus. Arrependimento e fé nunca
devem ser separados, nem mesmo no ensino da teologia, pois são inseparáveis de fato. É impossível o
verdadeiro arrependimento sem fé e a verdadeira fé não existe sem arrependimento.
É falso supor que:
1 – A mera tristeza da mente em referência ao pecado é arrependimento;
2 – Que pode haver arrependimento sem tristeza pelo pecado;
A tristeza segundo Deus que opera o arrependimento para a salvação é a tristeza pelo pecado. Porque os
homens, muitas vezes, arrependem-se de suas más condutas, sem pensar nelas como sendo pecados contra
Deus. Crime significa a transgressão da lei dos homens. Agir errado significa a transgressão da lei da
consciência. Pecado é a transgressão da lei de Deus. Raros entre nós estão dispostos a dizer: “Eu cometi um
crime”. A maioria está pronta a dizer: “Eu cometi muitos erros”. Mas, menos vezes se ouve alguém dizer:
“Eu pequei”. Porque o pecado tem como correlativo, a Deus. Não haveria pecado se não existisse Deus.
Pode haver falha, pode haver faltas, pode haver erro, pode haver transgressão legal, pode haver violação da
lei moral, pode haver algo feito contrário à natureza humana, e assim por diante. Mas, se existe Deus, então
temos relação com a Pessoa de Deus e Sua lei. E quando transgredimos a lei de Deus, isto é, mais do que
crime, mais do que erro, é mais do que transgressão moral. É pecado. E quando a luz de Deus atinge a
consciência e o coração, então se vê a tristeza segundo Deus conduzindo ao arrependimento, à salvação e,
por fim, à vida eterna.
3 – Faculdade da vontade
A vontade é a faculdade que temos de querer, de escolher, de livremente praticar ou deixar de praticar
certos atos. E se a vontade está submissa ao mundo, à carne e ao diabo, então todo o ânimo da vontade será
em conformidade com o mundo, a carne e o diabo.
João 16.8: “E, quando ele (o Espírito Santo – anotação nossa) vier, convencerá o mundo do pecado, e da
justiça e do juízo”.
O Espírito Santo convence do pecado – observe o singular – ou seja, é uma questão de natureza. De que é
pecado. E a mãe de todos os pecados é a incredulidade.
O Espírito Santo convence da justiça, haja vista que, por natureza, somos autossuficientes. Nós nos
julgamos capazes de justificar-nos a nós mesmos. Porém, as nossas próprias justiças são de nenhum valor.
O convertido se apropria da justiça de Cristo pela fé.
O Espírito Santo convence do juízo, porque não somos mais escravos de Satanás. Fomos transportados das
trevas para a gloriosa luz do Senhor. Estamos servindo ao Senhor dos senhores e Rei dos reis. Não há
condenação para os que estão em Cristo Jesus, no Reino de Seu amor.
Hoje, na bênção da salvação, a nossa vontade está transformada e unida à vontade de Deus. A vontade do
convertido está em harmonia com a vontade revelada de Deus. 
CONCLUSÃO
Li do testemunho de um homem que liderava uma gangue de ladrões. Certo dia, depois de cometerem um
assalto, estavam assentados num lugar ermo, numa noite fria, ao redor de uma fogueira improvisada. Eles
estavam repartindo, conforme o costume, o resultado do roubo. Bens diversos, vestuários, sacolas de
viagem e, foi mostrado um Novo Testamento. O ladrão que mostravam os objetos roubados, levantou o
Novo Testamento fazendo chacota e houve uma gargalhada geral. E ele, por brincadeira, começou a ler
uma porção de Atos, e passou a encenar, como se fosse um pregador. Enquanto fazia isso, podia-se ouvir as
piadas e risos e zombarias. Porém, o líder das maldades daquela gangue, assentou-se em silêncio. Cruzou
as mãos em pensamentos profundos. Acontecia que o trecho bíblico que o outro ladrão acabara de ler era o
mesmo que seu pai lera a décadas passadas, numa oração que fizera na sala, no dia em que fugira da casa
de seus pais, e perdeu-se no mundo desgraçadamente. Naquele momento, a cena de sua família, reunida ao
redor da mesa, voltou à sua memória. Ele pensou em seus pais, tão simples, em seus irmãos e de tanta
doçura que ele não conseguia ver naquela época do seu passado. Agora, porém, com a leitura da Bíblia, do
Novo Testamento, do livro de Atos 9.3 a 5: “E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de
Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe
dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus,
a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões”. Era a mesma porção que seu pai lera
fazia tão longos anos. Desde que fugiu de casa, nunca mais abriu uma Bíblia. Nunca mais fez uma oração e
nem pensou mais em Deus e na eternidade. Mas, agora, naquele lugar, sua alma foi iluminada pela luz de
Deus. Ele pediu o Novo Testamento, que fora roubado da casa assaltada, para si. E saiu dali com o Novo
Testamento. E foi para um lugar solitário, e ficou lendo o Novo Testamento por vários dias, chorando e
orando, pedindo ao Senhor perdão e por Sua graça de salvação. Deus ouviu sua oração. Concedeu-lhe paz
em crer na Palavra e converteu-se num novo homem. Depois, foi para a cidade mais próxima, para
conversar com algum pastor dali. Lá ele soube que a sua gangue foi presa. Ele contou a um pastor tudo
sobre sua vida anterior e como se entregou ao Senhor Jesus. O pastor o conduziu às autoridades policiais e
ele se entregou. Sua confissão e arrependimento salvaram, literalmente a sua vida, pois, posteriormente,
todos daquela gangue foram mortos. De fato, foi preso e alcançou progressão de pena, e finalmente foi
solto. Saiu da prisão e foi trabalhar para o principal empresário daquela cidade, e continuou com o
testemunho que exaltava a Cristo, provando ser uma bênção de uma nova criatura para todos ao seu redor.
A verdadeira conversão inclui o arrependimento e a fé no Senhor Jesus, e a poderosa transformação de
mente, de vontade e ação do convertido.

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