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O Gestor

MILITAR
REVISTA

Revista da Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, número I, volume I, Setembro de 2021

Fortes:
um conceito
moderno
Pág. 4

e mais...
Distrituição Gratuita

Gestão de Custos: O conceito de Os Centros de Gestão,


uma ferramenta contratação direta na Contabilidade e
gerencial nova lei de licitações Finanças do Exército
Pág. 10 Pág. 18 Pág. 22
Editorial
Prezados leitores, e as associações de compossuidores na gestão
Como Secretário de Economia e Finanças, dos Próprios Nacionais Residenciais (PNR).
é uma grata satisfação apresentar aos senhores Nesta edição inaugural não poderiam faltar
a primeira edição da Revista O Gestor Militar. algumas das recentes mudanças na Secretaria
Buscou-se explorar diversos temas de in- de Economia e Finanças. Nesta senda, destaco a
teresse do Sistema de Economia e Finanças, transformação das antigas Inspetorias de Con-
desde a racionalização administrativa, com uma tabilidade e Finanças do Exército (ICFEx) em
abordagem da centralização de estruturas de Centros de Gestão, Contabilidade e Finanças do
apoio nos Fortes, e exemplificada no Almoxari- Exército (CGCFEx) e o relevante trabalho desen-
fado Central do Quartel-General do Exército, ao volvido por essas organizações militares direta-
monitoramento da execução das Unidades Ges- mente subordinadas à SEF junto às Unidades
toras (UG) pelo Sistema de Acompanhamento Gestoras Apoiadas (UGA) por meio das Visitas
da Gestão (SAG). de Orientação Técnica (VOT).
Outros temas relevantes constam desta A publicação desta revista reforça o lema
edição, tais como: a gestão financeira aplicada que nós, da SEF, somos a solução e estamos
aos custos logísticos, a aplicação da nova lei de prontos para apoiar as UG na busca da excelên-
licitações (Lei nº 14.133/21) na contratação dire- cia na gestão e, dessa forma, melhor gerir recur-
ta, uma abordagem prática da gestão de riscos sos para gerar poder de combate.
Boa leitura.

Gen Ex Lourival Carvalho Silva


Secretário de Economia e Finanças

Revista o Gestor Militar SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS


Ano I, número I, volume I, Quartel-General do Exército - Bloco I - 2º
andar CEP 70630-904 - Setor Militar Urbano -
Setembro de 2021 Brasília/DF
Telefone: (61) 2035-3028 (RITEX 860)
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Secretário de Economia e Finanças Projeto Gráfico e diagramação A Revista O Gestor Militar é produzida e distri-
Gen Ex Lourival Carvalho Silva Yanderson Rodrigues buída pela Secretaria de Economia e Finanças
(SEF), com o objetivo de divulgar artigos, dis-
Subsecretáro de Economia e Finanças Impressão
sertações, teses e noticiários relacionados com
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logística militar, administração, gestão, econo-
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Semestral
Satia Marini
ISSN 2764-0396 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Sumário
Fortes: O modelo de racionalização
um conceito moderno 4 administrativa na Base
Administrativa do Quartel-
-General do Exército por meio
40
General de Exército
Lourival Carvalho Silva do Almoxarifado Central
Coronel de Intendência
Eclair Gil Tinoco Junior

A criação e a evolução do
Sistema de Acompanhamento
da Gestão (SAG) no Exército

Gestão de Custos:
Brasileiro 46
uma ferramenta gerencial 10 Tenente-Coronel de Intendência
Manfrini de Assis
General de Divisão Valderez Oliveira Filgueira
João Alberto Redondo Santana

A importância das associações


O conceito de contratação de compossuidores no âmbito
direta na nova lei de licitações 18 do Exército Brasileiro 54
Ronaldo Corrêa Major QCO
Alonso Luiz Pereira
Capitão QCO
Os Centros de Gestão, Flora Regina Camargos Pereira
Contabilidade e Finanças
22
Servidor Civil
do Exército Leonardo Aragão Craveiro

Coronel de Intendência
André Luiz Gonçalves Ribeiro Visitas de Orientação
Técnica: Uma análise das
atividades realizadas pelo
Gestão de Riscos: a experiência 1º Centro de Gestão,
prática do 4º CGCFEx junto às
Unidades Gestoras Apoiadas 34 Contabilidade e Finanças do
Exército 60
Coronel de Intendência Major de Intendência
André Luis Rozas Parreira Anderson Batista Gonzaga Cardoso
Major QCO
Eduardo Athouguia Quirino da Silva
Forte Ricardo Kirk, Taubaté – SP

Fortes: Entre os desafios atuais do Exército destacam-se a


racionalização das despesas de custeio e o investimento

um conceito
na Força Terrestre, para bem prepará-la face às suas mis-
sões constitucionais. Em síntese, fazer mais com o mes-
mo volume de recursos, acelerar o ritmo dos programas

moderno estratégicos e melhorar o preparo da Força.


A obtenção de resultados na gestão de nossas orga-
nizações militares (OM) exige, cada vez mais, que essas
trabalhem em conjunto, otimizando o uso de recursos,
reduzindo riscos e agregando valor aos processos reali-
zados, a fim de garantir a qualidade e a efetividade dos
serviços prestados por elas. Um ótimo instrumento para
se alcançar esses resultados são os Fortes.
Quando ouvimos o termo Forte, invariavelmente,
nos vem à mente o conceito de fortaleza, obra de for-
tificação ou construção feita para defender uma cidade
ou região. Felizmente, ainda temos inúmeras dessas
fortalezas em território nacional, muitas delas admira-
velmente bem conservadas pelo nosso Exército. São um
verdadeiro patrimônio artístico, histórico e cultural lega-
do pelos nossos antepassados e que temos o dever de
▲ transmitir aos jovens e futuros brasileiros e nacionais de
General de Exército todo o mundo.
Lourival Carvalho Silva
Secretário de Economia e O termo Forte, como denominação histórica, é ho-
Finanças. mologado pelo Comandante do Exército (Cmt Ex), Chefe

4 Revista O Gestor Militar


do Estado-Maior do Exército Mesmo as antigas fortale- “Para muitos, este é
(Ch EME), Chefes dos órgãos zas, além de seu objetivo maior o significado estrito,
de direção setoriais (ODS) ou de segurança, propiciavam oti- com conotação
Comandantes Militares de Área mização e centralização de ati- histórica, justa
(Cmt Mil A), ouvida a Secreta- vidades diversas. homenagem a feitos,
ria-Geral do Exército (SGEx), Muitas vezes, a ocupação locais, datas, tradições,
conforme previsto nas Normas de um aquartelamento, com as acontecimentos ou
para Denominação Históricas consequentes adequação e dis- personagens nacionais
de Turmas Concludentes de tribuição das instalações, exige consagrados, regional
Cursos em Organizações Milita- uma resposta rápida à necessi- ou nacionalmente, na
res de Ensino e de Locais e Ins- dade de compartilhamento de história do Brasil.”
talações sob a Administração imóveis por uma ou diferentes
do Exército, aprovadas pela organizações militares. Tal fato
Portaria Ministerial nº 39, de 12 pode levar a desequilíbrios na
de janeiro de 1996. distribuição de instalações,
Para muitos, este é o signi- com excesso de pessoas em
ficado estrito, com conotação alguns locais e outros despro-
histórica, justa homenagem a porcionalmente com muito
feitos, locais, datas, tradições, espaço ocioso, em desacordo
acontecimentos ou persona- com os padrões estabelecidos
gens nacionais consagrados, nas Normas para Elaboração
regional ou nacionalmente, na de Projetos de Aquartelamen-
história do Brasil. tos. Além disso, deve-se consi-
Assim, a par de antigas e derar a situação da manuten-
centenárias instalações, hoje ção das instalações, segurança,
nos deparamos, também, com fluxo de veículos e pessoas,
aquartelamentos ou comple- cargas elétricas, dimensiona-
xos militares bastante moder- mento dos circuitos, sistemas
nos, ostentando, orgulhosa e hidrossanitários, bem-estar do
merecidamente, a denomina- pessoal etc.
ção de Fortes. São exemplos
o Forte Pantanal, em Campo
Grande-MS, o Forte Caxias e
Rondon, em Brasília-DF, o For-
te Ricardo Kirk, em Taubaté-SP,
o Forte do Curado, em Recife-
-PE, o Forte Santa Bárbara, em
Formosa-GO, entre outros.
Nesses locais, será que o
termo Forte se deve a motivos
estritamente históricos ou en-
cerra algum objetivo mais am-
plo? Com certeza, sim. Forte Caxias, Brasília – DF

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 5


Forte do Pinheirinho, Curitiba – PR

Uma resposta a esses tipos Aquartelamentos onde as OM nais e com efetivos menores,
de situação, e para futuras ocu- ali existentes têm centraliza- o que implicará redução subs-
pações de aquartelamentos das e racionalizadas as suas ins- tancial de recursos. Assim, é
onde coexistam organizações talações, seus processos e suas primordial que nos planos dire-
militares diversas, é a imple- atividades comuns de seguran- tores de guarnição haja a previ-
mentação de fortes, em seu ça, de apoio administrativo, de são de se concentrar OM no in-
contexto moderno, cujo em- recreação e de assistência ao terior de fortes, especialmente
brião consta do próprio Regu- pessoal. as não operacionais, como Cen-
lamento Interno e dos Serviços tros de Gestão, Contabilidade e
Gerais, em seu art. 309: Finanças do Exército (CGCFEx),
O que seria centralizar, Comissões Regionais de Obras
Em todas as Gu, quando a con- e racionalizar? Quais (CRO), Centros de Telemática
tiguidade de duas ou mais OM instalações, processos e de Área (CTA) etc. Também é
e as suas peculiaridades permi- atividades eles têm em válido ressaltar que devemos
tirem, buscar-se-á a progressi- comum? reunir e concentrar a responsa-
va centralização e racionaliza- bilidade pelas atividades e pro-
ção das atividades comuns de Podemos entender cen- cessos comuns, normalmente
segurança dos aquartelamen- tralizar como reunir, convergir, sob a tutela de uma Base Admi-
tos, de apoio administrativo concentrar, o que evita desper- nistrativa ou similar.
(rancho, saúde, transporte, dícios e duplicação de tarefas Reunidas as OM no interior
lavanderia, suprimento e ma- e processos, bem como possi- de um Forte, temos que traba-
nutenção) e de recreação e as- bilita uniformidade de procedi- lhar a racionalização de seus
sistência ao pessoal. mentos e decisões; facilidade processos e atividades. Sobre
no controle e avaliação. racionalização, a Portaria nº
Podemos entender “conti- Um aspecto a destacar é 295-EME, de 17 de dezembro
guidade de duas ou mais OM” que, além de atividades e pro- de 2014, estabelece que tem
como aquelas existentes em cessos, é interessante reunir e por objetivo realizar a gestão
um forte, o que nos leva a pro- convergir OM para o interior de do bem público sob responsa-
por a seguinte definição para aquartelamentos (Fortes), par- bilidade do Exército com efi-
fortes: ticularmente as não operacio- ciência e, assim, proporcionar

6 Revista O Gestor Militar


o alcance da eficácia e da efe- E o que são instalações, “...ou seja, deve­
tividade organizacional. Tam- processos e atividades ‑se realizar todos os
bém expressa que eficiência comuns? processos e atividades
é um conceito relacionado ao comuns, utilizando
custo-benefício empregado na O próprio art. 309 do RISG menor quantidade de
realização das tarefas, ativida- nos indica algumas delas: se- recursos.”
des, ações, projetos e opera- gurança, rancho, saúde, trans-
ções. Trabalhar com eficiência porte, lavanderia, suprimento,
é objetivar produzir um nível manutenção, recreação e assis-
ideal de serviços demandando tência ao pessoal.
menos recursos, ou seja, é a Instalações (e processos
capacidade do administrador e atividades decorrentes de
de obter bons resultados utili- seu uso) comuns, ou seja, de
zando a menor quantidade de uso que possa ser compar-
recursos possível. tilhado, devem ser únicas,
Ou seja, deve-se realizar preferencialmente, ou em
todos os processos e ativida- pequeno número, sob a res-
des comuns, utilizando menor ponsabilidade de apenas uma
quantidade de recursos. Por OM. Podem-se citar: corpo da
recursos, entendem-se todos guarda, rancho, enfermaria,
os tipos: financeiros, humanos, garagens, lavanderia, almoxa-
patrimoniais, temporais, tangí- rifado, estande de tiro, áreas
veis e intangíveis. Recorda-se desportivas, auditórios, salas
que a racionalização está assen- de instrução, estacionamen-
tada na tríade processos-estru- tos, alojamentos, vestiários
turas organizacionais-cargos. etc. É importante salientar que

Forte Guararapes, Recife – PE

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 7


as instalações comuns não pos-
suem um “dono” e não devem
ser em grande número, sendo
responsabilidade de uma única
OM, normalmente uma Base
Administrativa.
O Caderno de Orientação –
Solicitação de Implantação ou
Reestruturação de Bases Admi-
nistrativas no Exército Brasilei-
ro, EME, 1ª Edição, 2019 – tam-
bém nos apresenta processos Forte Marechal Rondon, Brasília – DF

que podem ser centralizados: Por fim, as atividades que do Forte. Um ponto importan-
podem ser centralizadas, sob te é que as OM “hóspedes” não
a. pagamento de pessoal (ati- responsabilidade única, po- devem ter encargos adminis-
va e reserva); dem ser: segurança, aprovisio- trativos, exceto patrimoniais.
b. processos licitatórios para namento, saúde, transporte, Outras ideias que podem
as aquisições; lavanderia, suprimento, manu- ser implementadas ou visuali-
c. inclusão, transferência e tenção, recreação, assistência zadas são a existência de uma
exclusão do patrimônio; ao pessoal, instrução militar, única Unidade Gestora (UG)
d. assinatura dos contratos tecnologias da informação e para a atividade-meio, con-
de aquisição; comunicação (TIC) etc. tingente único, unificação de
e. empenho das despesas; Ou seja, após eleger as OM contratos administrativos e
f. pagamento das despesas que estarão no interior do For- próprios nacionais residenciais
liquidadas; te, levantam-se as instalações, (PNR) próximos ao Forte.
g. organização da prestação atividades e processos que se- A implementação de for-
de contas; rão reunidos, sob responsabili- tes é algo bastante moderno,
h. contabilização das aquisi- dade única, buscando-se obter redundando em economia de
ções de bens e serviços; bons resultados, utilizando-se efetivos, gastos de manuten-
i. execução da Conformidade a menor quantidade de recur- ção, recursos financeiros, oti-
dos Registros de Gestão; sos possível. mização de espaços, e contri-
j. processos do Sistema de Destaca-se que a OM res- buindo para a consecução do
Inativos e Pensionistas; ponsável (e única) pelas insta- Objetivo Estratégico do Exérci-
k. serviço de identificação; lações, atividades e processos to nº 10 (OEE-10) - Aumentar a
l. fiscalização de produtos reunidos é a “proprietária” do Efetividade na Gestão do Bem
controlados; Forte. Todas as demais ali lo- Público. As ações realizadas
m. administração de Prefeitu- calizadas são OM “hóspedes” pelas OM “hóspedes” e pela
ra Militar; que, conforme a necessidade OM responsável pelo Forte
n. meios de hospedagem; e do Exército, podem deixar o serão econômicas, eficientes,
o. outros, de acordo com a Forte, ser desativadas, trans- eficazes e efetivas, indo ao en-
necessidade. formadas ou extintas, da mes- contro do preconizado no dísti-
ma forma como outras podem co da SEF: “Gerir recursos para
ser deslocadas para o interior gerar poder de combate”.

8 Revista O Gestor Militar


Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Re- EXÉRCITO BRASILEIRO. Portaria nº 006-DEC, de


pública Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: 14 de dezembro de 2004. Aprova as Instruções
Presidência da República. Disponível em http:// Reguladoras para Elaboração, a Apresentação e
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ a Aprovação de Projetos de Obras Militares no
constituicao.htm. Acesso em: 05 abr. 2021. Comando do Exército (IR 50-16).

BRASIL. Decreto-lei nº 9.760, de 5 de setembro EXÉRCITO BRASILEIRO. Portaria do Comandante


de 1946. Dispõe sobre os bens imóveis da União do Exército nº 513, de 11 de julho de 2005. Aprova
e dá outras providências. Disponível em http:// as Instruções Gerais para a Utilização do Patri-
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/ mônio Imobiliário Jurisdicionado ao Comando
del9760.htm Acesso em: 05 abr. 2021. do Exército (IG 10-03) e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998. Dis- EXÉRCITO BRASILEIRO. Portaria nº 011-DEC, de 4
põe sobre a regularização, administração, afora- de outubro de 2005. Aprova as Instruções Regu-
mento e alienação de bens imóveis de domínio ladoras de Utilização do Patrimônio Imobiliário
da União. Disponível em http://www.planalto. da União Jurisdicionado ao Comando do Exérci-
gov.br/ccivil_03/leis/l9636.htm Acesso em: 05 to (IR 50-13).
abr. 2021.
EXÉRCITO BRASILEIRO. Portaria nº 176-EME,
EXÉRCITO BRASILEIRO. Caderno de Orientação de 29 de agosto de 2013. Aprova as Normas
do EME. Solicitação de implantação ou reestru- para Elaboração, Gerenciamento e Acompa-
turação de bases administrativas no Exército nhamento de Projetos no Exército Brasileiro
Brasileiro. Brasília, DF: Comando do Exército, 1ª (EB20-N08.001).
Edição, 2019, 19 p.
EXÉRCITO BRASILEIRO. Portaria do Comandan-
EXÉRCITO BRASILEIRO. Portaria nº 005-Min Ex, te do Exército nº 054, de 30 de janeiro de 2017.
de 23 de julho de 1980. Aprova Normas para Ela- Aprova as Normas para Elaboração, Gerencia-
boração e Apresentação de Planos Diretores. mento e Acompanhamento de Portfólios e dos
Programas Estratégicos do Exército Brasileiro
EXÉRCITO BRASILEIRO. Portaria do Comandan- (EB10-N-01.004).
te do Exército nº 073, de 27 de fevereiro de 2003.
Aprova as Instruções Gerais para o Planejamen-
to e Execução de Obras Militares no Exército (IG
50-03).

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 9


Gestão de Custos
uma ferramenta gerencial
Introdução

O Custo constitui a soma dos insumos necessários para


realizar determinado serviço, projeto ou operação, avaliados
monetariamente.
A Gestão de Custos colabora decisivamente com a adminis-
tração econômica de qualquer organização.
A Força Terrestre vem tratando do assunto em seus bancos
escolares nos Cursos de Intendência e Material Bélico da AMAN e
▲ EsAO, bem como na ECEME, ainda que de forma restrita.
General de Divisão A Gestão de Custos é essencial para todos os projetos e ini-
João Alberto Redondo ciativas da Força Terrestre e seu levantamento preciso deve cons-
Santana
6° Subchefe do Estado- tar em todos os Estudos de Viabilidade.
Maior do Exército

10 Revista O Gestor Militar


Face à extensão do assunto, os objetivos dade de cumprir a missão da organização, são
deste artigo são: fundamentais para uma decisão segura calcada
em fatos. Sobre este enfoque, a Gestão de Cus-
• conhecer conceitos básicos e métodos para tos pode ser uma valiosa ferramenta de apoio
o levantamento de custos; e à decisão.
• reconhecer a importância da Gestão de Cus-
tos como uma ferramenta gerencial e seu Conceitos básicos
campo de aplicação.
a. Custos logísticos
Há extensa fonte de consulta sobre cus- Os custos logísticos são responsáveis por
tos. Entretanto, todas estão calcadas em ter- parcela substancial do custo total de um siste-
mos como cliente, lucro, produto, produção, ma. A sofisticação, a complexidade, o ciclo de
fábrica, rentabilidade etc. Não há livros ou vida útil e a diversidade de máquinas, equipa-
cursos que ensinem a aplicar os conhecimen- mentos e softwares, os desafios da manuten-
tos diretamente em uma Força Armada. Além ção, aliados aos riscos embutidos nos níveis de
disso, o Exército não é uma empresa, não visa estoques e às exigências dos usuários deman-
lucro, está sujeito às normas da administra- dam recursos orçamentários significativos.
ção pública, à leis que regulam as aquisições
e depende de um orçamento que nem sem- b. Custo total (Engenharia de Sistemas)
pre está disponível na ocasião necessária, na O custo de um bem é apenas a ponta de um
quantidade requerida e na natureza de despe- iceberg. O que está por baixo deste custo apa-
sa adequada. Portanto, há mais perguntas do rente? Uma imagem vale mais que mil palavras!
que respostas.
Ainda assim, todas as
OM do EB podem utilizar-se
dessa ferramenta. Algumas a
usam com mais propriedade,
tais como os departamentos,
diretorias, hospitais, OM de
transportes, arsenais, par-
ques, escolas etc. Deve-se
planejar e buscar o ideal, tal
como um lote de compra que
seja o mais econômico possí-
vel ou uma entrega de supri-
mento de acordo com o con-
ceito just in time. Cada um de
nós deve se perguntar como e
onde aplicar esses conceitos.
Durante um processo de tomada de deci- Um exemplo doméstico
são, o chefe precisa ser bem assessorado. Da- Quanto custa comprar um segundo carro,
dos técnicos, matemáticos e estatísticos, entre um carro para sua esposa? Qual o impacto dessa
outros, aliados à sua experiência e à necessi- decisão ao longo de 1 ano?

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 11


• Custo do carro = R$ 20.000,00 c. Custo direto e custo indireto
• Licenciamento = R$ 1.000,00 Custo direto
• Manutenção = R$ 1.000,00 • é atribuído ao produto de forma clara e
• Combustível = R$ 2.400,00 direta
• Multas = R$ 600,00 Custo indireto
• Seguro = R$1.200,00 • é comum a diversos fins
• Garagem = R$ 1.200,00 • necessidade de rateio de acordo com
• Depreciação = R$ 2.000,00 uma metodologia
• Custo financeiro = R$ 3.000,00
• Custo de oportunidade = ??? d. Custo fixo e custo variável (CF e CV)
Portanto, ao final de apenas 1 ano, o custo Custo fixo (CF)
desse carro não saiu por menos que R$ 32.400,00 • não varia em proporção ao volume
(cerca de 160% sobre o valor do carro). Acres- • quanto maior o volume menor o custo
ça-se a este valor aquilo que se deixou de fazer fixo unitário
com esse dinheiro (custo de oportunidade). Daí • deve-se evitar trabalhar com o custo
vem a pergunta: não seria melhor andar de táxi? fixo unitário, pois é variável de acordo
Por essa razão, os custos devem abranger com a demanda
os Custos de Investimentos (implantação do
projeto) e os Custos de Operação (custeio de- Custo variável (CV)
corrente) durante o ciclo de vida daquele mate- • varia em proporção ao volume
rial. E esse estudo deve considerar o DOAMEPI • quanto maior o volume, maior o custo
(Doutrina, Organização, Adestramento, Mate- variável
rial, Educação, Pessoal e Infraestrutura).

CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS PARA UMA OM DE TRANSPORTE


(valores ilustrativos)
Quilometragem
Custo fixo Custo variável Total
percorrida

100.000 Km R$ 120.000,00 R$ 100.000,00 R$ 220.000,00

500.000 Km R$ 120.000,00 R$ 500.000,00 R$ 620.000,00

Quilometragem Custo fixo por Km


Custo variável por Km Total por Km
percorrida (CF Unitário)

100.000 Km R$ 1,20 R$ 1,00 R$ 2,20

500.000 Km R$ 0,24 R$ 1,00 R$ 1,24

e. Custo de oportunidade e custo afundado Custo afundado


Custo de oportunidade • é um custo fruto de uma decisão errada
• é o benefício potencial sacrificado, um • é irrelevante na decisão e deve ser
investimento que se deixou de fazer desprezado
• é relevante na decisão • deve ser reconhecido o erro
• deve ser analisado o futuro e não o
passado

12 Revista O Gestor Militar


f. Centros de Custos é mais barato e seguro realizar os exames naquela
São divisões/setores dentro de uma organi- OMS ou encaminhar para prestadores de serviços
zação diferenciados segundo a função no pro- civis. A partir de quantos exames anuais é vantajo-
cesso. São classificados como Centros de Custos sa a aquisição desse equipamento?
Auxiliares e Finalísticos. Os Centros de Custos
ajudam a identificar a origem dos gastos. h. Alavancagem operacional
É a capacidade que uma organização tem
g. Ponto de equilíbrio (Breakeven) de render em função de seus meios.
É o ponto a partir do qual uma atividade Portanto, quanto maior for o custo fixo,
passa a ser vantajosa sob a ótica dos custos. Se- maior será a alavancagem operacional. Por ou-
ria o correspondente ao lucro de uma empresa. tro lado, quanto maior a alavancagem, maior o
risco, pois, se o volume for pequeno o custo fixo
Custo
unitário será muito alto.
Este conceito pode ser útil quando se ne-
cessita decidir sobre o grau de terceirização em
logística que o EB deve adotar.
CF + CV
i. Nível de serviço
T Atividade vantajosa Está diretamente relacionado à quantidade
a partir deste volume,
pois supera os custos de itens de determinado artigo que devemos ter
armazenado. É o grau de atendimento em rela-
Volume ção à demanda. A diferença em relação ao nível
A aplicação clássica deste conceito seria pleno (100 %) representa o risco assumido.
para apoiar a decisão da Força ter uma OM pres- Estatisticamente e, portanto, de forma
tadora de um tipo de serviço ou terceirizá-lo. A científica, podemos afirmar que certo nível de
partir de quantos quilômetros rodados em um estoque deve ser calculado multiplicando-se o
ano uma OM de transporte se justifica? A partir consumo médio (M) em um determinado perío-
de quantos usuários do FUSEX em uma determi- do por um fator K e pelo desvio padrão (D).
nada guarnização ou localidade é vantajoso ter
um hospital militar? Ni Estq = M x K x D
Quando uma Organização Militar de Saúde
pretende adquirir um equipamento de valor eleva- Esse Fator K está diretamente relacionado
do, como um tomógrafo ou um aparelho de resso- ao Nível de Serviço desejado conforme exem-
nância magnética, precisa motivar essa demanda. plos constantes do quadro abaixo:
A maior motivação pode ser baseada em custos
(viabilidade econômica). Deve ser levantada a Ni Sv Fator K
demanda por exames em determinado período, 85% 1,04
90% 1,29
custo de investimento do equipamento e custo
95% 1,65
de operação (capacitação, profissionais, emissão 98% 2,06
de laudos, espaço, obras para receber o equipa- 99,87% 3
mento, gasto com energia elétrica, mobiliários, ar
condicionado, manutenção técnica, depreciação, O gráfico abaixo representa uma curva de
entre outros custos). Só assim pode-se concluir se demanda e nos mostra que, ao se multiplicar o

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 13


valor do consumo médio por uma vez o desvio k. Custos de estocagem
padrão, teremos um nível de estoque que co- Estão relacionados ao bem e envolvem os
brirá 84,13% da demanda. Ao se multiplicar por custos de oportunidade e riscos de:
três vezes o desvio padrão teremos um nível de • obsolescência
estoque que cobrirá 99,87% da demanda, o que • danos
estatisticamente representa toda a demanda • perdas
(100%).
Os fatores que influenciam o estoque são:
D = Desvio • centralização/descentralização
Padrão • previsibilidade
• tempo de reposição
84,13% • tamanho do lote de reposição
97,72% • nível de serviço
99,87%
M-3D M-2D M-D M M+D M+2D M+3D Entretanto, é sabido que o estoque escon-
de os problemas. Na figura abaixo, pode-se ob-
Logicamente, o nível de estoque cresce ex- servar que uma organização (representada pelo
ponencialmente para um aumento de apenas navio) que tem um suporte baseado no nível de
15% no nível de serviço. Portanto, quanto maior estoque A não percebe seus problemas, pois na-
o nível de serviço, maior o custo. vega acima deles. Se esta mesma organização
Custo passar a atuar com um nível de estoque B, terá
que encarar seus problemas (perdas, danos, ob-
solescência, tempo de reposição, excessos, fal-
tas, etc.) e resolvê-los.

Nível de estoque A

A
B
Nível de estoque B
Nível de
serviço
j. Custos de armazenagem
Estão relacionados à movimentação e ao
acondicionamento dos bens. Podemos nos perguntar: “Não temos recur-
Demandam muito investimento e envolvem sos suficientes para formar estoques e, portan-
os custos de: to, este conceito não é válido”. Mas observe-
• movimentação (pessoal e equipamen- mos: quem de nós nunca viu em uma reserva de
tos) material, almoxarifado ou depósito, um desper-
• ocupação de espaço (instalações) dício, um material de consumo com data de va-
• administrativos lidade vencida, um material obsoleto estocado
ou mesmo um material que nem sabíamos que
existia?

14 Revista O Gestor Militar


l. Lote Econômico de Compra (LEC) n. Renovação de frotas e equipamentos
É o tamanho ótimo de um lote de compra Por quanto tempo um bem deve ser utiliza-
de determinado item. É calculado em função do do antes de ser trocado por um novo?
consumo anual, do custo do processo de com- Este raciocínio envolve custos financeiros,
pra, do preço unitário e da taxa do custo do depreciação, custos de manutenção, baixo de-
estoque. sempenho, tempo de parada em oficinas, con-
A taxa do custo de estoque é uma alíquota fiabilidade e a própria imagem da instituição.
sobre o preço unitário. Por exemplo: 0,25 ou 25%. Quanto custa para a imagem do EB ter uma via-
É calculado segundo a fórmula: tura parada em uma avenida de grande circula-
ção em um centro urbano durante uma opera-
2 x Cns A x Custo Proc ção de GLO?
Porque será que as grandes locadoras de
Tx Custo Estq x Preço Unit veículos constantemente vendem seus chama-
dos seminovos?
Nossos gloriosos oficiais e praças de Mate-
m. Transporte rodoviário
rial Bélico bem conhecem a Curva da Banheira:
O transporte é uma fonte de custos para
qualquer operação. Precisamos saber calcular
Taxas de Panes
esses custos para estimar nossas necessidades,
cobrar valores adequados por serviços presta-
dos ou mesmo avaliar se o que estamos pagando
para algum prestador de serviços está coerente.
Um contrato com um fornecedor pode ser
assinado de acordo com a cláusula CIF (Cost,
Insurance and Freight), na qual o fornecedor en-
trega o material no local acordado. TEMPO
Logicamente pagaremos por isso, e caro! Falhas de Falhas Falhas por
ajuste aleatórias desgaste
Já, na modalidade FOB (Free On Board), os cus-
tos do transporte correrão por nossa conta. Obviamente a renovação de frotas e
Como saberemos o que é mais vantajoso sem equipamentos depende de recursos para
confeccionar uma planilha de custos? investimentos.
No transporte rodoviário estão envolvidos Tão importante quanto a renovação é o
os seguintes custos: correspondente desfazimento do material.
• depreciação
• pessoal Uma ferramenta gerencial
• custos administrativos para emprego na Força Terrestre
• licenciamento/seguro obrigatório
• pneu Ao realizar um levantamento de custos, o
• combustível planejador deve fazer as seguintes perguntas:
• óleos e lubrificantes • Qual a finalidade do cálculo?
• manutenção • Quem ou qual órgão será o cliente?
• lavagem
• remuneração do capital Isto se justifica, pois o planejador precisa
• outros saber se os recursos e meios empregados se-

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 15


rão próprios, se a OM será ressarcida por uma cada seção contribui para a despesa total da OM
atividade, se receberá recursos estimados e quanto custa cada atividade. Poderá estabe-
previamente, e se presta serviços para outra lecer padrões; avaliar oscilações neste padrão;
OM, para um órgão público ou para um órgão avaliar desempenhos; levantar necessidades,
civil. Por exemplo: se um batalhão estiver le- etc.
vantando custos referentes a um exercício no Para as despesas indiretas, que se relacio-
terreno e a finalidade for para uso gerencial nam com mais de um Centro de Custos ou mais
próprio, não seria necessário levantar o custo de uma atividade, será necessário um rateio se-
do combustível a ser empregado e sim a quan- gundo uma metodologia.
tidade de litros, uma vez que o combustível A metodologia de custeio baseada em ati-
não é adquirido pela OM. Porém, se a finalida- vidades é conhecida como metodologia ABC -
de for saber o custo total para o EB, informar Activity Based Costing. No caso da ECEME, por
à imprensa o custo da operação ou apresentar exemplo, seria a diferença entre saber quan-
a órgãos fora da Força, este custo passa a ser to a gráfica gasta como um Centro de Custos
importante. em um ano e quanto gasta por curso, evento,
Sendo assim, visualiza-se que o EB possa e concurso, prova, tema, ou seja, por atividade
deva empregar a Gestão de Custos nos seguin- desenvolvida.
tes campos: Portanto:
• podemos identificar os Centros de Cus-
a. Planejamento orçamentário (todos os tos (origens) e levantar os custos de
níveis) cada centro; e
Este talvez seja o emprego mais nobre da • podemos identificar as atividades (fi-
Gestão de Custos. nalidades) e levantar os custos de cada
Deve ser atribuído a cada despesa um ou uma.
mais Centro de Custos para sabermos as origens
das despesas ou onde serão aplicadas. Assim, b. Solicitação de recursos no âmbito da Força
cada seção de um batalhão, seja uma SU, seções Por ocasião da solicitação de recursos
do EM, garagem, pelotão de obras, aprovisiona- para os escalões superiores deve-se diferen-
mento etc., pode ser um Centro de Custos. ciar entre necessidade de meios e necessida-
Da mesma forma, deve ser atribuída a cada de de recursos orçamentários, fazer o levan-
despesa uma ou mais atividades para sabermos tamento por natureza de despesa, incluir os
quanto custa essa atividade. Cada curso (CFC, custos diretos e indiretos e atentar para os
CFST, Formação de Motoristas), cada exercício, prazos necessários para a correta aplicação
cada operação, cada festividade, a atividade de dos recursos.
manutenção de viaturas, de manutenção das
instalações, as atividades administrativas, entre c. Solicitação de recursos para missões fora
outras, podem ser atividades de interesse da da Força
OM, levantadas e acompanhadas. Aqui estão enquadradas diversas missões,
Cada OM pode determinar seus próprios subsidiárias ou não, solicitadas por outros ór-
Centros de Custos e/ou atividades e fazer cons- gãos que efetuarão destaque de crédito para
tar dos pedidos de material, por exemplo. Es- emprego naquela atividade ou para indenizar o
ses levantamentos podem ser consolidados na EB. Além do descrito na letra b acima, o levan-
4ª Seção e o comandante saberá com quanto tamento deve ser o mais completo possível, in-

16 Revista O Gestor Militar


cluindo custos diretos e indiretos, sejam fixos trabalho de qualidade irrefutável de levanta-
ou variáveis, e até mesmo a depreciação do mento de custos da hora de voo para cada aero-
material. nave da Aviação do Exército.
As decisões estão cada vez mais calcadas
d. Análises e decisões em Estudos de Viabilidade Econômica.
O levantamento de custos é fundamental Há no Exército profissionais capacitados
para o apoio à decisão, por exemplo, para se de- que podem empregar a Gestão de Custos em
terminar o ponto de equilíbrio de um empreen- suas áreas de atuação: logísticos, engenheiros
dimento, o custo total de um projeto, o empre- militares, oficiais pós-graduados em gerencia-
go de terceirizações, o momento ótimo para mento logístico e gerenciamento de transporte,
renovação de frotas e equipamentos, etc. oficiais do QCO e técnicos temporários adminis-
tradores, contadores e estatísticos, além de di-
Conclusão versos militares com cursos na área de gestão.
É evidente que nem sempre poderemos
Nada do que está aqui escrito é novidade. nos valer dessa ferramenta gerencial. No com-
Há tempos o Exército Brasileiro trabalha com bate não nos podem faltar meios e, nesse caso,
levantamento de custos. As OM de engenharia outros aspectos serão preponderantes para a
já realizaram centenas de obras de cooperação tomada de decisão dos chefes militares. Ainda
em apoio ao desenvolvimento nacional e se va- assim, cada um de nós deve se perguntar como
leram dessa ferramenta. A DMAvEx realiza um e onde aplicar esses conceitos.

Referência

Novaes, Antônio Galvão; Alvarenga, Antônio


Carlos. Logística Aplicada: suprimento e distri-
buição física. São Paulo: Pioneira, 1994.

NOTA DO EDITOR: cabe esclarecer que este


artigo foi escrito em 2005, porém os conceitos,
problemas abordados e oportunidades de
emprego da ferramenta permanecem atuais. À
época, o autor era major e servia no Gabinete do
Comandante do Exército.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 17


O conceito de
contratação direta
na nova lei de
licitações
Foto: Flickr, Exército Brasileiro - Intendência

Introdução

A constitucionalização da licitação pública é um tema re-


cente no Brasil, pois ocorreu pela primeira vez através da atual
Carta de 19881. Nela temos o tema licitação tratado em diversos
dispositivos, inclusive já prevendo que a lei poderia especificar
hipóteses em que a licitação não seria aplicada. E, ao ser regula-
mentado pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, tal dispositivo
constitucional deu origem à dispensa e à inexigibilidade de licita-
ção, cuja adoção atualmente é bem disseminada no âmbito da
Administração Pública.
Segundo o Portal da Transparência da Controladoria-Geral da
União2, 54,30% dos recursos utilizados para contratação pública
no ano de 2019 referem-se a processos de contratação median-
▲ te dispensa ou inexigibilidade de licitação. A segunda modalida-
Ronaldo Corrêa
Graduado em Logística e 1 MELO FILHO, Luiz Fernando Bandeira de. A Licitação na Constituição de
1988. Senado Federal, 2008. Disponível em: https://www12.senado.leg.
pós-graduado em Direito
br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-publicacoes/
Administrativo e Gestão
volume-ii-constituicao-de-1988-o-brasil-20-anos-depois.-o-exercicio-da-
Pública. Chefe da Divisão politica/a-licitacao-na-constituicao-de-1988. Acesso em: 02 ago. de 2021.
de Licitação – MJSP e 2 PORTAL DA TRANSPARÊNCIA. Visão geral das licitações com contratação
instrutor de cursos de no ano: por modalidade de licitação. Disponível em: http://www.
capacitação – ENAP/ME portaltransparencia.gov.br/licitacoes?ano=2019. Acesso em: 26 jul. 2021.

18 Revista O Gestor Militar


de mais adotada naquele exercício é o pregão, reta”, especificamente para o caso de dispensa
cujos processos de contratação representam de licitação quando as propostas apresentadas
43,79% do total de mais de 68 bilhões contra- estivessem com preços manifestamente supe-
tados naquele ano. Isto representa uma pro- riores aos praticados no mercado, ou incompatí-
porção acima de 1,24 contratações diretas para veis com os preços fixados pelos órgãos oficiais
cada pregão. No ano anterior, a proporção foi competentes4.
44% maior, chegando a 1,78 contratações diretas Por mais que tal mudança terminológica
para cada pregão. Em 2020, em plena pandemia, possa parecer trivial, na verdade, ela representa
a proporção ainda se manteve em 1,43 contrata- uma importante diretriz, inclusive de interpreta-
ções diretas para cada pregão. ção da nova lei de licitações, como é o caso, por
Não se tem previsão de que tal proporção exemplo, do seu artigo 191. Observe-se que, na
de uso da contratação direta vá regredir, com o redação original do substitutivo enviado pela Câ-
advento da Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, mara dos Deputados ao Senado Federal, consta-
que introduziu algumas mudanças nas regras va a expressão “a Administração poderá optar
aplicáveis às contratações diretas. No presen- por licitar de acordo com esta Lei ou de acordo
te artigo, analisaremos uma dessas mudanças, com as leis citadas”5. Com isso, logo após a vo-
visando colaborar com os estudos acerca da tação do Projeto de Lei nº 4.253, de 2021, dou-
matéria, os quais se fazem necessários diante trinadores e professores chegaram a opinar ini-
da iminente revogação das leis de licitação até cialmente no sentido de que, para a contratação
então vigentes. direta não haveria discricionariedade dos gesto-
res em optar pelo uso da nova lei de licitações
Do conceito de contratação direta ou da legislação anterior, já que o Art. 191 previu
expressamente a possibilidade de optar por lici-
A começar pela terminologia adotada, a tar e não por contratar diretamente.
nova lei de licitações trouxe mudanças que po- Não se tem registro de que tal interpreta-
dem representar novas diretrizes a serem apli- ção tenha chegado ao conhecimento da Comis-
cadas nos processos administrativos de con- são Diretora do Senado Federal, responsável
tratação, que adotem como fundamento as pela redação final do Projeto de Lei que veio a
hipóteses de dispensa e de inexigibilidade de se tornar a Lei nº 14.133, de 2021, mas, fato é que,
licitação. a expressão anteriormente constante do subs-
A própria nomenclatura “contratação dire- titutivo mudou para “a Administração poderá
ta”, por mais que já seja de uso corrente pela optar por licitar ou contratar diretamente de
doutrina e pelo Tribunal de Contas da União acordo com esta Lei ou de acordo com as leis ci-
(TCU) em seus julgados3, inexistia na Lei nº tadas”6, deixando patente que a autorização le-
8.666, de 1993. O que tínhamos de mais próximo gal para o gestor público optar pelo uso da nova
a isso era uma única menção a “adjudicação di- 4 Vide Art. 24, VII da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
3 Como se verifica, por exemplo, desde os Acór- leis/l8666cons.htm#art24vii. Acesso em: 01 ago. 2021.
dãos 88/2003-Segunda Câmara, 1630/2006-Plená- 5 Vide Art. 191, §2º do Projeto de Lei nº 4.253, de 2020.
rio, 1193/2007-Primeira Câmara, 1306/2008-Plenário, Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/
6469/2009-Primeira Câmara etc., sendo ainda usa- atividade/materias/-/materia/145636. Acesso em: 01
da recentemente nos julgados do TCU, como por ago. 2021.
exemplo nos Acórdãos 1130/2019-Primeira Câmara, 6 Vide caput do Art. 191 da Lei nº 14.133, de 1º de abril
14534/2019-Primeira Câmara, 1409/2020-Plenário, de 2021. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
2761/2020-Plenário, 119/2021-Plenário, 1691/2021-Plená- ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art191.
rio etc. Acesso em: 01 ago. 2021.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 19


lei de licitações ou pelo regime jurídico anterior, Sistema de Serviços Gerais (SISG)8 editou a Ins-
alcança também as contratações diretas por dis- trução Normativa nº 67, de 8 de julho de 20219,
pensa ou inexigibilidade de licitação. que institui o Sistema de Dispensa Eletrônica
O TCU, por sua vez, costuma dar especial no âmbito da Administração Pública Federal di-
importância à correta interpretação da termi- reta, autárquica e fundacional, trazendo alguns
nologia “contratação direta”, como podemos procedimentos adicionais aos previstos na nova
observar, por exemplo, no voto do Ministro Val- lei de licitações. Sendo que, a teor do que fixa o
mir Campelo, relator do processo 017.022/2012- Art. 1º, §2º do Decreto nº 1.094, de 23 de março
6, que resultou no Acórdão 1153/2013-Plenário7, de 1994, as instituições militares poderão apli-
cujos excertos transcrevo abaixo. car, no que couber, tais normas operacionais do
SISG, mediante decisão de instâncias competen-
Trata-se de opção do legislador, com expresso tes como, por exemplo, Estado-Maior Conjunto
amparo no art. 37, inciso XXI, da Constituição das Forças Armadas.
Federal, em que se entende que o interesse Tal Sistema de Dispensa Eletrônica já havia
público será melhor atendido caso a adminis- sido previsto no Decreto nº 10.024, de 20 de se-
tração efetue contratações sem a realização tembro de 201910, para substituir o Sistema de
de prévia licitação. Cotação Eletrônica de Preços, implantado após
a publicação da Portaria MPOG nº 306, de 13 de
Nessas situações, o princípio da isonomia tem dezembro de 200111. No entanto, mesmo a minu-
a sua aplicação pontualmente afastada em ta da norma operacional já tendo passado por
prol de outros interesses públicos. consulta pública no final de 202012, a decisão da
Secretaria de Gestão do Ministério da Economia
Em sendo assim, não vislumbro sentido em se (SEGES/ME) foi de não instituí-lo. Se considerar-
falar em direcionamento ilícito para a realiza- mos que o projeto da nova lei de licitações foi
ção de contratações diretas. aprovado no Senado Federal em 10 de dezem-
bro de 2020, poucos dias depois do término da
a existência de outras propostas de preços, consulta pública da minuta de normativo que
além daquela contratada, possui por objetivo visava instituir a dispensa eletrônica prevista no
justificar o preço a ser contratado. Não há que Decreto nº 10.024, de 2019, podemos aventar a
falar, como aponta a unidade técnica, na rea- hipótese de que o órgão central do Sipec pre-
lização de um procedimento de disputa para feriu empregar esforços na regulamentação da
se averiguar a proposta mais vantajosa. Caso nova lei de licitações, que demanda diversos re-
assim fosse, não se estaria falando de dispen-
8 Vide Decreto nº 1.094, de 23 de março de 1994.
sa de licitação, mas de licitação propriamente Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
dita. decreto/Antigos/D1094.htm. Acesso em: 01 ago. 2021.
9 Disponível em: https://www.gov.br/compras/pt-br/
acesso-a-informacao/legislacao/instrucoes-normativas/
instrucao-normativa-seges-me-no-67-de-8-de-julho-
Tal discussão mostra-se especialmente rele- de-2021. Acesso em: 01 ago. 2021.
10 Vide Art. 51 do Decreto nº 10.024, de 20 de setembro
vante quando observamos que, ao regulamen- de 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.
tar a Lei nº 14.133, de 2021, o órgão central do br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10024.
htm#art51. Acesso em: 03 ago. 2021.
11 Disponível em: http://www.comprasnet.gov.br/
7 Disponível em: https://contas.tcu.gov.br/sagas/SvlVisu legislacao/portarias/p306_01.htm. Acesso em: 03 ago.
alizarRelVotoAcRtf?codFiltro=SAGAS-SESSAO-ENCERR 2021.
ADA&seOcultaPagina=S&item0=440216. Acesso em: 01 12 Disponível em: https://www.gov.br/participamaisbrasil/
ago. 2021. in-dispensa-eletronica. Acesso em: 03 ago. 2021.

20 Revista O Gestor Militar


gulamentos e normas operacionais, e resultará Conclusão
na revogação das leis de licitação então vigen-
tes, a exemplo da Lei nº 10.520, de 17 de julho de A nomenclatura “contratação direta”, ado-
2002, da qual origina-se o Decreto nº 10.024, de tada na nova lei de licitações, não existia na re-
2019, que a regulamenta. Talvez se tenha con- dação da Lei n 8.666, de 1993, mas já era ampla-
cluído que não compensaria criar o Sistema de mente utilizada pela doutrina e pelo Tribunal de
Dispensa Eletrônica, baseado no regulamento Contas da União (TCU) em seus julgados.
de uma lei que seria revogada no prazo de dois Nos casos concretos julgados pelo TCU, ob-
anos. serva-se que é dado destaque ao que exige o
No entanto, ao cotejar os textos da minuta Art. 26 da Lei nº 8.666, de 1993, quanto à neces-
colocada em consulta pública no final de 2020, sidade de justificativa do preço, sem a exigência
com a redação da Instrução Normativa nº 67, de qualquer espécie de disputa para a seleção
de 2021, percebe-se que boa parte do conteúdo de fornecedores.
original foi aproveitado, inclusive com a previ- A dispensa eletrônica instituída pela Instru-
são de uma sessão de disputa, de forma muito ção Normativa nº 67, de 2021, prevê um procedi-
similar a um procedimento licitatório, como já mento de disputa para a escolha do fornecedor
era adotado na cotação eletrônica prevista na similar ao que já era previsto para a cotação ele-
Portaria MPOG nº 306, de 200113. Tal caracterís- trônica instituída pela Portaria MPOG nº 306, de
tica, inclusive, foi objeto de críticas do professor 2001. No entanto, tal procedimento de disputa,
Joel de Menezes Nieburh14, para quem a Dispen- mesmo que não seja ilegal, não decorre de exi-
sa Eletrônica da Instrução Normativa nº 67, de gência prevista na lei de licitações em nenhum
2021, configura, na verdade, uma modalidade de dos dois casos.
licitação disfarçada. Mesmo que isto não carac-
terize ilegalidade, devemos atentar que a lei em
si não exige nenhum tipo de disputa para a rea-
lização de contração direta, como já vem apon-
tando o TCU em diversos julgados15.

13 Observe-se que a Cotação Eletrônica aplica-se somente


para os casos enquadrados no Art. 24, II da Lei nº
8.666, de 1993. Lei esta que prevê outras trinta e
quatro hipóteses de dispensa de licitação, para a quais
não se aplica a Cotação Eletrônica e nem qualquer
outro procedimento de disputa para a seleção de
fornecedores.
14 NIEBURH, Joel de Menezes. A dispensa de licitação
eletrônica é modalidade de licitação disfarçada. Blog
Zênite, 2021. Disponível em: http://www.zenite.blog.
br/a-dispensa-de-licitacao-eletronica-e-modalidade-de-
licitacao-disfarcada/. Acesso em: 03 ago. 2021.
15 Como, por exemplo, os acórdãos 2189/2019-Plenário,
1940/2015-Plenário, 1403/2010-Plenário, que reafirmam
o que fixa o Art. 26 da Lei nº 8.666, de 1993, exigindo
a justificativa do preço pago à empresa contratada
diretamente, sem que isso configure exigência de que
exista qualquer tipo de disputa na contratação direta.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 21


Fonte: 7º CGCFEx

Os Centros de Gestão,
Contabilidade e Finanças
do Exército
Introdução

Os Centros de Gestão, Contabilidade e Finanças do Exército


(CGCFEx) são organizações militares diretamente subordinadas à
Secretaria de Economia e Finanças (SEF). Segundo o Regulamento
dos CGCFEx, têm a finalidade de acompanhar e avaliar a gestão de
suas unidades gestoras apoiadas (UGA), bem como prestar consul-
toria a essas, contribuindo para a governança do Exército e auxi-
liando na geração de poder de combate da Força Terrestre.
▲ Os CGCFEx, unidades setoriais de gestão, contabilidade e con-
Coronel de Intendência trole interno, participam das atividades de apuração, acompanha-
André Luiz Gonçalves
Ribeiro mento e avaliação da gestão, para atender os objetivos e finalida-
Assistente do Secretário des do sistema de controle interno do Poder Executivo Federal,
de Economia e Finanças. sob a orientação, coordenação e supervisão técnica do CCIEx.
Chefiou a 12ª Inspetoria de
Contabilidade e Finanças Os CGCFEx são parte do Sistema de Economia e Finanças do
do Exército (Manaus - Exército, um conjunto de órgãos, organizações militares e agentes
AM) em 2017-2018. da administração que se interligam com a finalidade de gerenciar,

22 Revista O Gestor Militar


normatizar, fiscalizar, capacitar, gerais do Ministério da Guerra,
controlar, contabilizar e exe- de acordo com as necessida-
cutar todas as atividades refe- des dos respectivos serviços,
rentes à gestão e orçamento, bem como estabelecer maior
administração financeira, con- uniformidade de doutrina nas
tabilidade, patrimônio, custos, questões relativas ao preparo
pagamento de pessoal e capa- de material do Exército. Tam-
citação dos agentes da adminis- bém foi criada a Caixa Geral de
tração em áreas afins, no âmbi- Economias da Guerra (CGEG),
to do Comando do Exército. para ser o aparelho coletor dos
Os CGCFEx foram criados recursos geridos pelo CSEG.
por meio da Portaria do Co- Por meio do Decreto nº
mandante do Exército nº 1.206, 23.976, de 8 de março de 1934,
de 16 denovembro de 2020, foram criados os Serviços de
que alterou a denominação Fundos subordinados aos di-
das Inspetorias de Contabili- versos escalões do comando,
dade e Finanças do Exército cabendo a eles receber do Te-
(ICFEX) a partir de 1º de janei- souro Nacional os fundos e
ro de 2021. Os CGCFEx não fazer a distribuição das verbas
verificam somente a correta destinadas às diversas necessi-
aplicação dos recursos, mas dades do Ministério da Guerra,
também são parte essencial efetuar os pagamentos que
para atingir o objetivo de não eram da alçada das diver-
avaliar e melhorar a eficácia dos sas unidades administrativas
processos de governança, de do Exército, fazer a tomada de
gerenciamento de riscos e de contas dessas unidades, forne-
controles internos da gestão. cer às unidades administrativas
Continuam realizando atividades os fundos de que necessita-
de controle interno, contabilida-
de e finanças, que eram realiza-
das anteriormente pelas ICFEx.
Para chegar aos atuais
CGCFEx, houve uma série de
evoluções de procedimentos
e de organizações militares
ao longo do tempo. Em 1932,
com o Decreto nº 22.139, de
25 de novembro, foi criado o
Conselho Superior de Econo-
mias de Guerra (CSEG) com a
incumbência de fiscalizar a ar-
recadação e regular a reparti- Serviço de Fundos Regional de Recife, nas instalações
ção e aplicação das economias da 7ª Região Militar. Fonte: 7º CGCFEx

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 23


vam, dentre outras tarefas. Po- a denominar-se Estabelecimen- “Os CGCFEx não verificam
de-se inferir que os Serviços de tos de Fundos Regionais (EFR) somente a correta
Fundos foram os embriões dos e dependiam técnica e admi- aplicação dos recursos,
atuais CGCFEx. nistrativamente dos Coman- mas também são parte
Em seguida, ainda em 1934, dantes de Região Militar em essencial para atingir
foi publicado o Decreto nº 204, que estavam localizados, além o objetivo de avaliar e
de 31 de dezembro, no qual foi de serem regidos por Regula- melhorar a eficácia dos
criado o Serviço de Fundos do mento próprio. Pelo Decreto processos de governança,
Exército, que tinha como fina- nº 26.960, de 27 de julho de de gerenciamento de
lidade prover as necessidades 1949, os EFR foram transfor- riscos e de controles
pecuniárias do Ministério da mados em Estabelecimentos internos da gestão.”
Guerra em geral e assegurar o Regionais de Fundos (ERF),
emprego regular dos recursos que tinham o funcionamento
financeiros geridos pelos diver- previsto pelo Regulamento do
sos órgãos e agentes de admi- Estabelecimento Central de
nistração militar. Neste mesmo Fundos e instruções especiais
Decreto, em seu Art. 184, havia baixadas pela Diretoria de In-
a previsão da passagem das res- tendência do Exército.
ponsabilidades às Chefias dos Pela Portaria nº 200, de 30
Serviços de Fundos Regionais, de dezembro de 1950, do Mi-
à medida que se constituíssem, nistro de Estado da Guerra, os
o que ocorreu por ordem dos Estabelecimentos Regionais de
Comandantes das Regiões Mili- Fundos passaram a denominar-
tares constituídas à época. -se Estabelecimentos Regionais
Pelo Decreto 12.102, de 25 de Finanças (abreviadamente,
de março de 1943, os Serviços ERF, seguido do número da
de Fundos Regionais passaram respectiva região).

Fundadores do Estabelecimento Regional de Finanças/11. Fonte: 11º CGCFEx

24 Revista O Gestor Militar


Documentário histórico do Estabelecimento Regional de Finanças/3. Fonte: 3º CGCFEx

O Decreto nº 71.312, de 6 de
novembro de 1972, extinguiu os
ERF, criando as Inspetorias Sec-
cionais de Finanças do Exército
(ISFEx), para integrar o Sistema
de Administração Financeira, Con-
tabilidade e Auditoria, diretamen-
te subordinado à Diretoria-Geral
de Economia e Finanças (DGEF).
Foram criadas seis ISFEx, nos
seguintes locais: 1ª ISFEx - Brasí-
lia - DF; 2ª ISFEx - Manaus - AM; 3ª
ISFEx - Recife - PE; 4ª ISFEx - Rio
de Janeiro - GB; (antigo estado da
Guanabara e atual Rio de Janei-
ro); 5ª ISFEx - São Paulo - SP; e 6ª
ISFEx-Porto Alegre - RS.

Construção da 2ª ISFEx, em Manaus, concluída em 1979. Fonte: 3º CGCFEx

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 25


Em 1982, pelo Decreto nº
86.979, as ISFEx foram extintas
sendo criadas doze Inspetorias
de Contabilidade e Finanças do
Exército (ICFEx), diretamente
subordinadas à Secretaria de
Economia e Finanças, confor-
me a seguir: 1ª ICFEx, Rio de Ja-
neiro - RJ; 2ª ICFEx, São Paulo
- SP; 3ª ICFEx, Porto Alegre - RS;
4ª ICFEx, Juiz de Fora - MG; 5ª
ICFEx, Curitiba - PR; 6ª ICFEx,
Salvador - BA; 7ª ICFEx, Recife
- PE; 8ª ICFEx, Belém - PA; 9ª
ICFEx, Campo Grande - MS; 10ª
ICFEx, Fortaleza - CE; 11ª ICFEx,
Brasília - DF; e 12ª ICFEx, Ma-
naus - AM.
As extintas ISFEx deram
origem à 1ª ICFEx (Rio de Ja-
neiro-RJ), à 2ª ICFEx (São Paulo
- SP), à 3ª ICFEx (Porto Alegre
- RS), à 7ª ICFEx (Recife - PE), à
11ª ICFEx (Brasília – DF) e à 12ª
ICFEx (Manaus - AM).
As demais ICFEx foram Visita do Gen Ex Paulo Campos Paiva, Cmt III Exército, à 3ª Inspetoria
de Contabilidade e Finanças do Exército. Fonte: 3º CGCFEx
ativadas posteriormente: a 9ª
ICFEx (Campo Grande - MS),
em 1988; a 4ª ICFEx (Juiz de
Fora - MG), em 1991; a 5ª ICFEx
(Curitiba - PR), em 1992; a 8ª
ICFEx (Belém - PA), em 1992; a 10ª
ICFEx (Fortaleza - CE), em 2008
e, finalmente, a 6ª ICFEx (Salva-
dor - BA), em 2016.
Por fim, a Portaria do Co-
mandante do Exército nº 1.206,
de 16 de novembro de 2020,
alterou a denominação das
Inspetorias de Contabilidade e
Finanças (ICFEX), a partir de 1º 12ª Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército em 2018.
Fonte: 12º CGCFEx
de janeiro de 2021, criando os
atuais CGCFEx.

26 Revista O Gestor Militar


O símbolo Cada CGCFEx tem uma as UGA, não somente por oca-
determinada quantidade de sião das visitas de auditoria e de
unidades gestoras apoiadas orientação técnica, mas também
(UGA), conforme a seguir: em outras atividades que propi-
ciem ampliar a camaradagem e
Quantidade de UGA a confiança das OM nos Centros.
Quantidade de
CGCFEX
UGA Missão e organização

Símbolo do 12ºCGCFEx.
1º 62
Fonte: http://www.12cgcfex.eb.mil.br 2º 30 Segundo o Regimento In-
3º 73 terno dos CGCFEx, esses têm a
O símbolo dos CGCFEx é 4º 19 missão de acompanhar e ava-
composto por escudo penin- 5º 36 liar a gestão de suas UGA, bem
sular português, filetado de 6º 11 como prestar consultoria a es-
dourado, chefe cortado de 7º 28 sas, contribuindo para a gover-
duas faixas, sendo a superior 8º 19 nança do Exército e auxiliando
de vermelho e a inferior de 9º 28
na geração de poder de com-
10º 18
azul-celeste, cores represen- bate da Força Terrestre.
11º 46
tativas do Exército Brasileiro, Os CGCFEx têm como ati-
12º 32
carregadas com a designação Fonte: Assessoria de Planejamento e vidade principal a orientação,
militar da organização militar Coordenação da SEF contribuindo, intensivamente,
(OM), em branco. Campo em para a melhoria da gestão das
branco, com bordadura em As UGA pelos CGCFEx es- suas UGA, bem como devem
vermelho, carregado com uma tão localizadas na área de juris- realizar os trabalhos de con-
folha de acanto, em vermelho, dição da própria Região Militar trole e fiscalização dos atos
representativa do Serviço de (RM), mas existem algumas de gestão, por intermédio do
Intendência, sotoposta por um exceções como, por exemplo, Sistema de Acompanhamen-
capacete alado, em vermelho, a Academia Militar das Agu- to da Gestão e demais siste-
símbolo da Contabilidade, so- lhas Negras (AMAN) e o Hospi- mas corporativos em uso no
breposto por um emblema for- tal Militar de Resende (HMR), Comando do Exército, agindo
mado por setas e triângulos a localizados em Resende - RJ, preventivamente à efetivação
partir de um quadrado, símbo- área de responsabilidade da 1ª de possíveis impropriedades e/
lo da Administração/Gestão. RM, são UGA pelo 4º CGCFEx, ou irregularidades.
assim como o 32º Batalhão de O orçamento destinado ao
Área de atuação Infantaria Leve (32° BIL), locali- Exército que, em 2021, foi de
dos CGCFEx zado em Petrópolis - RJ e o 1º aproximadamente R$ 52 bilhões,
Esquadrão de Cavalaria Leve dos quais cerca de R$ 45 bilhões
Os doze CGCFEx estão si- Aeromóvel (1° Esqd C L (Amv)), são destinados ao pagamento
tuados nas cidades onde es- localizado em Valença - RJ. de pessoal, é executado pelas
tão os comandos das regiões De acordo com a Diretriz UGA dos CGCFEx. Assim,consta-
militares, com exceção do 4º do Secretário de Economia e Fi- ta-se a importância dos CGCFEx
CGCFEx, que está localizado nanças (2021-2022), os CGCFEx na orientação correta e oportu-
em Juiz de Fora - MG. devem estreitar os laços com na da aplicação dos recursos.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 27


Os CGCFEx exercem pa-
pel fundamental no processo
de efetividade da despesa e
na racionalização dos gastos
públicos. Nesse viés, devem
orientar e apoiar a organização
e o funcionamento dos grupos
de coordenação e acompanha-
mento de licitações e contratos
(GCALC) nas guarnições, nos
termos da Portaria SEF/C Ex
nº 144, de 19 de julho de 2021.
O apoio dos CGCFEx pode ser
prestado de várias maneiras,
seja na orientação constante
dos pregões realizados, seja na
capacitação dos agentes da ad-
ministração como, por exem-
plo, na formação de pregoeiros
das unidades gestoras geren-
ciadoras (UGG) dos GCALC. Treinamento para formação de pregoeiros realizado pelo 6º CGCFEx
Os CGCFEx também (2021). Fonte: 6º CGCFEx

acompanham a execução orça-


mentária e financeira de suas
UGA, monitorando seus per-
centuais de empenho e liquida-
ção da despesa, comparando-
-os com as metas estipuladas,
anualmente, pelo Comando do
Exército. Assim, contribuem
para a utilização integral dos
créditos recebidos, bem como
para evitar a inscrição desneces-
sária de despesas em restos a Início das atividades do IEFEx como OM diretamente subordinada à
pagar (RP) e permitir a boa qua- SEF em 15 de abril de 2021. Fonte: IEFEx

lidade da despesa, para, além


de outras consequências, evitar agentes da administração e para com os CGCFEX, disponibiliza
estoques elevados de material. cumprir o princípio da economi- uma série de cursos e estágios
A capacitação dos agentes cidade, o Instituto de Economia na forma de ensino à distância.
da administração é fundamen- e Finanças do Exército (IEFEx), Somente nos primeiros sete me-
tal para a eficiente aplicação dos transformado em OM direta- ses de 2021 foram 21.519 inscritos
recursos públicos. Para capaci- mente subordinada à SEF em nos diversos cursos e estágios
tar o maior número possível de 15 de abril de 2021, em conjunto oferecidos pelo IEFEx.

28 Revista O Gestor Militar


Porém, a preocupação A seguir, exemplo de VOT
com a capacitação não se res- realizada pelo 10º CGCFEx na
tringe à modalidade à distância. Base Administrativa da Guar-
Os CGCFEx, de forma rotineira, nição de Fortaleza (Fortaleza
oferecem diversos cursos, es- - CE) e no 7º Batalhão de En-
tágios e treinamentos presen- genharia de Combate (Natal
ciais, sempre com o objetivo - RN).
de potencializar os resultados
positivos na administração das
UGA.
Para contribuir com o
aperfeiçoamento da gestão no
Exército, cabe aos CGCFEx ela-
borar e executar, com base nas
diretrizes emitidas pela SEF, o
Plano de Visitas de Orientação
Técnica (PVOT).
As Visitas de Orientação
Técnica (VOT) contemplam,
anualmente, no mínimo 50% de
todas as UGA de cada CGCFEx
(201 VOT previstas em 2021).
As VOT são realizadas, pre-
ferencialmente, nas UGA em
que os comandos estejam no
seu primeiro ano de assunção
e, em alternância, sempre que
possível, com o Plano Anual de
Atividade de Auditoria (PAAA1)
do Centro de Controle Interno
do Exército (CCIEx).
As equipes das VOT são
compostas por oficiais e pra-
ças, de todas as seções dos
CGCFEx, visando permitir um VOT realizada pelo 10º CGCFEx (2021). Fonte: 10º CGCFEx

maior conhecimento das UGA


por parte de seus integrantes. Segundo as Instruções no do Comando do Exército
Gerais para a Atividade de Au- (SisCIEx), e orienta todo o
1 É o documento que contém o
planejamento das auditorias a ditoria Interna Governamen- SisCIEx para que suas ativi-
serem realizadas, durante o ano, tal, aprovadas pela Portaria nº dades ocorram de acordo
pelo controle interno nas UG, no
Fundo do Exército (FEx) e nas 1.523, de 14 de maio de 2021, com a legislação em vigor. Os
entidades vinculadas ao Comando o CCIEx é o órgão central do CGCFEx, como unidades regio-
do Exército, na sede e fora de
sede, conforme o caso Sistema de Controle Inter- nais do SisCIEx, desenvolvem

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 29


atividades de auditoria inter- to do Exército e permite uma
na governamental2 realizando, nova postura do CCIEx e dos
também, o acompanhamento CGCFEx, transformando-os em
da apuração de dano ao erário peças essenciais no processo
e a análise de atos de pessoal de tomada de decisão.
(admissões e concessões de Assim, nessa visão de audi-
aposentadorias, reformas e toria, os CGCFEx não somente
pensões). verificam a correta aplicação
Em atendimento à Instru- dos recursos, mas são parte es-
ção Normativa n 09, de 9 de sencial para atingir o objetivo
outubro de 2018, do Ministério de avaliar e melhorar a eficácia
da Transparência e Controlado- dos processos de governan-
ria-Geral da União, foi elabora- ça, de gerenciamento de ris-
do o Plano de Auditoria Interna cos e de controles internos da
(PAINT) do Comando do Exér- gestão.
cito, documento no qual estão
registradas as atividades de au-
ditoria interna governamental
prioritárias que serão desen-
volvidas no decorrer do exercí-
cio, pelo CCIEx e pelos CGCFEx,
sob coordenação do CCIEx.
O trabalho de auditoria
deve ser metodologicamen-
te estruturado, baseado em
normas e padrões técnicos e
profissionais e estar sempre
Visita de auditoria de acompanhamento da gestão realizada pelo 5º CGCFEx no
evidenciado, dando ênfase a 20º BIB (2021). Fonte: 5ºCGCFEx
aspectos gerenciais e não so-
mente à conformidade das
transações. Essa abordagem Compete aos CGCFEx alinhamento aos objetivos e
representa um amadureci- orientar as UGA na confecção metas estabelecidos no Plano
mento da auditoria no âmbi- do seus Planos de Gestão, no de Gestão da OM.
2 A auditoria interna governamental que diz respeito ao planeja- O Regulamento dos
é uma atividade independente e mento da aplicação de recur- CGCFEX, aprovado pela Por-
objetiva, de avaliação e de consul-
toria, desenhada para adicionar sos, a fim de alinhar o Plano taria do Comandante do Exér-
valor e melhorar as operações de de Gestão da OM com o do cito nº 1.533, de 2 de junho
uma organização. Deve buscar au-
xiliar as organizações públicas a re- Escalão Superior, assim como, de 2021, preconiza que essas
alizarem seus objetivos, a partir da posteriormente, verificar se as OM devem ter a seguinte
aplicação de uma abordagem siste-
mática e disciplinada para avaliar e
aquisições foram realizadas em organização:
melhorar a eficácia dos processos
de governança, de gerenciamento
de riscos e de controles internos da
gestão (PAINT, 2021).

30 Revista O Gestor Militar


Organograma dos CGCFEx.

Chefe

Assessoria de Apoio para


Subchefe
Assuntos Jurídicos

1ª Seção (S/1) 2ª Seção (S/2) 3ª Seção (S/3) 4ª Seção (S/4)


Seção de Seção de Seção de Seção de Apoio
Acompanhamento Avaliação da Contabilidade Administrativo
da Gestão e Gestão e
Consultoria Apuração
Fonte: Regulamento dos Centros de Gestão, Contabilidade e Finanças do Exército

De acordo com o Regulamento, são as se- e patrimonial praticados pelas UGA, em confor-
guintes as competências de cada seção: midade com os princípios, normas e o plano de
contas aplicado ao setor público; e
1ª Seção: planejar, coordenar, orientar, super- 4ª Seção: realizar as ações relacionadas à ativi-
visionar e participar das atividades de acompa- dade-meio do Centro, geração de direitos e ges-
nhamento da gestão e consultoria às OM locali- tão de seu pessoal.
zadas na área de atuação do Centro;
2ª Seção: planejar, coordenar, orientar, super- Observa-se que os CGCFEx têm três seções
visionar e participar das atividades de avaliação vocacionadas para suas atividades-fim (S/1, S/2 e
da gestão e apuração das UGA; S/3) e uma para atender sua atividade-meio (S/4).
3ª Seção: realizar as atividades de acompanha- Para o cumprimento das missões de cada
mento, análise, orientação e apoio técnico, re- seção, de acordo com o Regimento Interno dos
ferentes à execução dos registros contábeis dos CGCFEx, as seções podem ser subdivididas de
atos e fatos da gestão orçamentária, financeira acordo com o organograma a seguir:

Organograma detalhado dos CGCFEx.

Chefe

Assessoria de Apoio para


Subchefe
Assuntos Jurídicos

1ª Seção (S/1) 2ª Seção (S/2) 3ª Seção (S/3) 4ª Seção (S/4)


SGGec SAGA S Cont SAA

Subseção de Subseção de Subseção de Subseção de Subseção Subseção de Subseção de Subseção


Acompanhamento Consultoria Avaliação Análise de de Pessoal e Apoio de
da Gestão da Seção Pensões Apuração Com Soc Administrativo TC
Militares e
Civis

Fonte: Regimento Interno dos Centros de Gestão, Contabilidade e Finanças do Exército (minuta)

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 31


As atividades pormenorizadas de cada se- gestão das OM do EB, comprovar a legalidade
ção encontram-se elencadas no Regimento In- e a legitimidade dos atos e examinar os resulta-
terno dos CGCFEx. dos quanto à economicidade, eficiência, eficácia
Como conclusão, destaca-se que a missão e efetividade da gestão orçamentária, financeira
dos CGCFEx evoluiu muito ao longo dos anos, e patrimonial, objetivando o fortalecimento da
sendo responsável por avaliar o desempenho da governança no âmbito do Exército.

Referências

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS. NBR 10520: Citações em Documentos BRASIL. Decreto n° 71.312, de 6 de novembro de
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32 Revista O Gestor Militar


BRASIL. Comando do Exército. Portaria nº 144- Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/
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BRASIL. Comando do Exército. Secretaria de n-9-de-9-de-outubro-de-2018-44939518. Acesso
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BRASIL. Comando do Exército. Secretaria de CGCFEx. Disponível em:http://www.2cgcfex.
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BRASIL. Ministério da Transparência e FINANÇAS DO EXÉRCITO. Símbolo do 6ºCGCFEx.
Controladoria-Geral da União. Instrução Disponível em: http://www.6icfex.eb.mil.br/.
Normativa nº 09, de 9 de outubro de 2018. Acesso em: 25 jul. 2021.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 33


Gestão de Riscos
a experiência prática do 4º CGCFEx
junto às Unidades Gestoras Apoiadas
Introdução

As organizações, públicas ou privadas, mili-


tares ou civis, estão sujeitas a fatores internos e
externos que resultam na incerteza sobre o atin-
gimento dos objetivos estabelecidos.
De acordo com a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT, 2018), o efeito que es-
sas incertezas exercem sobre os objetivos orga-
▲ ▲
Coronel de Intendência Major QCO nizacionais é denominado risco.
André Luis Rozas Eduardo Athouguia No caso das organizações públicas, os ob-
Parreira Quirino da Silva jetivos organizacionais estão relacionados ao
Bacharel em Ciências EsFCEx 2001. Mestre
Militares, AMAN 1996. em Políticas Públicas cuidado com o bem público e à manutenção
Chefe do 4° Centro de e Desenvolvimento. do interesse público, sendo financiadas com
Gestão, Contabilidade e Especialista em recursos públicos captados por meio de tribu-
Finanças do Exército. Contabilidade Pública.
Economista e Contator. tação. Assim, torna-se obrigatória a prestação
Auditor do 4º Centro de de contas (accountability) quanto à aplicação e
Gestão, Contabilidade e a gestão desses recursos, e fundamental o ge-
Finanças do Exército.
renciamento dos eventos que possam impactar
o atingimento dos objetivos da organização, isto
é, executar a gestão de riscos.
4º Centro de Gestão, Contabilidade
e Finanças do Exército sediado na
cidade de Juiz de Fora - MG

34 Revista O Gestor Militar


No Brasil, a temática de riscos vem adqui- verdadeiro marco na abordagem desse tema na
rindo relevância crescente nos últimos anos Administração Pública.
tanto no campo da pesquisa acadêmica quanto A INC MP/CGU nº 01/2016, em seu artigo 13,
no âmbito das políticas públicas (NOGUEIRA et determinou que os órgãos e entidades do Poder
al., 2014), sendo que a maior parte da literatura Executivo federal deveriam implementar, man-
produzida versa essencialmente sobre aspectos ter, monitorar e revisar o processo de gestão de
teóricos, normas e metodologias. riscos, compatível com sua missão e seus objeti-
Nesse sentido, vislumbra-se a relevância de vos estratégicos, observadas as diretrizes esta-
incrementar a bibliografia sobre gestão de ris- belecidas por ela.
cos, a partir da experiência prática resultante da Em alinhamento à citada Instrução Normati-
aplicação das normas e metodologias sobre o va Conjunta, o Comandante do Exército aprovou
tema. Esse é o objetivo geral deste artigo. a 1ª Edição da sua Política de Gestão de Riscos,
Especificamente, este texto tem por objetivo posteriormente atualizada em sua 2ª Edição.
contribuir com as Organizações Militares do Exér- Com a finalidade de estabelecer a técnica
cito Brasileiro relatando a experiência prática de- para operacionalizar a Política, o Estado-Maior
senvolvida pelo 4º Centro de Gestão, Contabilida- do Exército aprovou a Metodologia da Política
de e Finanças do Exército (4º CGCFEx) junto às suas de Gestão de Riscos do Exército Brasileiro, atua-
Unidades Gestoras Apoiadas (UGA), e apresen- lizada posteriormente no Manual Técnico da
tando, como resultado do trabalho desenvolvido, Metodologia de Gestão de Riscos do Exército
uma proposta de portfólio de riscos e respectivos Brasileiro, 1ª Edição.
controles, levantados nas Seções de Aquisições,
Licitações e Contratos (SALC) das UGA. O planejamento da atividade
Importa destacar que a atividade realizada
junto às UGA transcorreu sob a égide da Política Por se tratar de assunto novo, a atividade
de Gestão de Riscos e respectiva Metodologia, em apreço não havia sido contemplada no pla-
então vigentes no Exército Brasileiro1. nejamento elaborado no ano anterior. Em fun-
ção disso, e da limitação de recursos humanos,
Contextualização financeiros e disponibilidade de tempo para
executar a tarefa, optou-se por desenvolver a
Em 10 de maio de 2016, o extinto Ministério atividade concomitantemente com as audito-
do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP) e rias programadas no Plano Anual de Atividades
a Controladoria-Geral da União (CGU) publica- de Auditoria (PAAA).
ram a Instrução Normativa Conjunta nº 01 (INC Decidiu-se reservar uma jornada da Visita
MP/CGU nº 01/2016), que dispõe sobre controles de Auditoria Programada na UGA, isto é, um dia
internos, gestão de riscos e governança no âm- de trabalho, para desenvolver a atividade de fo-
bito do Poder Executivo Federal, estabelecendo mento da Gestão de Riscos, com uma Palestra
de Sensibilização e uma Oficina de Gestão de
1 A Política de Gestão de Riscos do Exército Brasileiro
(Portaria nº 465-C Ex, de 17 de maio de 2017 – 1ª Edição) Riscos, cujo resultado, consubstanciado num Re-
e a Metodologia da Política de Gestão de Riscos do latório de Avaliação de Gestão de Riscos, seria
Exército Brasileiro (Portaria nº 222-EME, de 05 JUN 17
– EB20-D-07.089) foram atualizadas pela Portaria nº
posteriormente encaminhado à UGA. Propôs-se
004-C Ex, de 03 de janeiro de 2019 (Política de Gestão que esse Relatório pudesse servir como um Ro-
de Riscos, 2ª Edição) e Portaria nº 292-EME, de 02 de
outubro de 2019 (Manual Técnico da Metodologia de
teiro Padrão para a Gestão de Riscos de deter-
Gestão de Riscos, 1ª Edição). minada Seção ou atividade.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 35


Foi necessário eleger uma blicas. Tal levantamento, “Com a finalidade de
Seção ou uma atividade da consubstanciado no docu- estabelecer a técnica para
UGA. A partir de então, essa mento Riscos e Controles operacionalizar a Política, o
Seção seria a multiplicadora nas Aquisições (RCA), se Estado-Maior do Exército
dos conhecimentos. A Seção apresentou como um só- aprovou a Metodologia da
escolhida para funcionar como lido referencial e seguro Política de Gestão de Riscos
piloto da implementação da ponto de partida para o do Exército Brasileiro,
Gestão de Riscos nas ativida- início dessa atividade nas atualizada posteriormente
des administrativas da OM foi a UGA. Ou seja, em relação a no Manual Técnico da
Seção de Aquisições, Licitações essa área, a UGA não pre- Metodologia de Gestão
e Contratos (SALC). cisaria começar do zero na de Riscos do Exército
implementação da gestão Brasileiro, 1ª Edição.”
Razões da escolha da SALC de riscos. Já havia um refe-
rencial que poderia ser uti-
A escolha da SALC deu-se lizado de imediato e adap- destacando que não se tratava
em razão da conjunção dos se- tado a sua realidade no de algo passageiro, mas uma
guintes aspectos: processo de gerenciamen- atividade que veio para ficar e
to de riscos dos processos que impactaria diretamente as
• criticidade - a atividade da SALC. ações de gestão de todos os en-
de compras públicas faz a volvidos nas atividades adminis-
interface entre o agente A Palestra de Sensibilização trativas da OM.
público e o privado, o que Após a palestra de sensibi-
eleva o risco de cooptação, A Palestra de Sensibilização lização, o auditor responsável
desvios de conduta e fa- teve como público-alvo os Agen- por conduzir a atividade, reu-
lhas com grande potencial tes da Administração da UG nia-se com os integrantes da
de dano ao Erário e à ima- (Ordenador de Despesas, Fiscal SALC para a atividade prática
gem do Exército Brasileiro; Administrativo, Chefe da SALC, denominada Oficina de Gestão
• materialidade - o grande Chefe da Seção de Pagamento de Riscos. Dependendo do grau
volume de recursos envol- de Pessoal, Aprovisionador, Al- de complexidade da UG, tam-
vidos na atividade de com- moxarife, Tesoureiro etc.). bém eram convidados a parti-
pras públicas; e O conteúdo da apresen- cipar da Oficina outros agentes
• material disponível - a tação2 foi elaborado e dimen- da administração, cujas ativida-
área de compras públicas sionado para um tempo de des relacionam-se diretamente
foi objeto de um extenso instrução, teve como objetivo com a SALC, tais como os prin-
levantamento realizado fazer a apresentação do assun- cipais setores demandantes
pelo Tribunal de Contas to Gestão de Riscos, mostrando (depósitos e outras seções).
da União (TCU), sistemati- sua relevância, a definição dos
zando informações sobre principais conceitos e o como A Oficina de Gestão de
legislação, jurisprudência, fazer, desmistificando o tema e Riscos
acórdãos, normas, pa- 2 A apresentação pode ser acessada
drões, estudos e pesquisas por meio do link da intranet: A Oficina de Gestão de Ris-
http://intranet.4cgcfex.eb.mil.
sobre o tema gestão de br/images/RevistaSEF/2021/
cos, conduzida pelo Auditor,
riscos nas aquisições pú- PalestraSensibilizacao.pdf tinha como objetivo apontar

36 Revista O Gestor Militar


o caminho para a implementação da gestão de Seção, efetuando, se fosse o caso, supres-
riscos nos processos da Seção, por meio de uma sões ou acréscimos ao rol sugerido4.
atividade eminentemente prática, realizada a e. Em seguida, se procedia à classificação dos
quatro mãos – auditor e auditado. riscos, em termos de probabilidade e impac-
A Oficina foi conduzida da seguinte forma: to, conforme método estabelecido na Me-
todologia da Política de Gestão de Riscos do
a. Proposição de um metaprocesso para a ati- Exército Brasileiro (EB20-D-07.089), 1ª Edi-
vidade de compras da OM, constituindo-se ção, 2017, então vigente.
dos seguintes processos: formalização da f. Uma vez determinados os riscos a que o
demanda, planejamento da contratação, processo estava submetido, procedia-se à
seleção do fornecedor e gestão contratual3. avaliação qualitativa de cada risco, por meio
b. Escolha de um dos processos sobre o qual do processo de atribuição de probabilidade
se desenvolverá a Oficina. Em virtude de sua e impacto. Nessa etapa do exercício, o au-
relevância e impacto no metaprocesso e em ditor fazia a mediação e estimulava a parti-
outras atividades da OM, escolheu-se o pro- cipação de todos, atuando como um facili-
cesso de Planejamento da Contratação para tador, de forma que os valores referentes a
se realizar o exercício de implementação da probabilidades e impactos estimados refle-
gestão de riscos. tissem as próprias percepções de risco dos
c. Mapeamento do processo escolhido. O au- integrantes da Seção.
ditor e os integrantes da SALC esboçavam g. Obtidas as probabilidades e impactos, passa-
o mapeamento do processo de planeja- va-se ao cálculo do nível de risco, dado pelo
mento da contratação e identificavam seus resultado da multiplicação da probabilidade
objetivos. pelo impacto. Em seguida, ordenava-se a
d. Com base no RCA, o auditor elencava to- prioridade dos riscos, em termos dos níveis
dos os potenciais riscos associados a esse de risco obtidos. Esse resultado era apresen-
processo, suas respectivas causas, fontes e tado na Matriz de Criticidade de Riscos do
consequências, estimulando a reflexão por Processo de Planejamento da contratação.
parte dos participantes da Oficina quanto h. No próximo passo, os integrantes da SALC
à aplicabilidade dos riscos à realidade do preenchiam a Matriz de Riscos Inerentes,
processo na Seção. Nesse sentido, torna-se que permite melhor visualização dos níveis
importante frisar que, embora se procuras- de risco, bem como sua classificação em Ex-
se ser exaustivo na identificação dos riscos tremo, Alto, Médio e Baixo, como o exem-
associados ao processo, os integrantes da plo a seguir, extraído de uma das atividades
SALC eram orientados a revisar, posterior- realizadas na UGA.
mente, todos os riscos, analisando criterio-
samente sua adequabilidade à realidade da

4 O rol de riscos potenciais sugeridos, assim como seu


3 Conforme metodologia utilizada pelo Tribunal de processo de sua avaliação qualitativa e respectivas
Contas da União no documento Riscos e Controles nas respostas (controles internos da gestão), bem como
Aquisições (RCA), elaborado a partir de levantamento as tabelas, matrizes e atividades mencionadas neste
desenvolvido pela Secretaria de Controle Externo de artigo, podem ser consultadas no Relatório de
Aquisições Logísticas (Selog), disponível em: https:// Avaliação de Gestão de Riscos, por meio do link da
portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/riscos-e-controles- intranet: http://intranet.4cgcfex.eb.mil.br/images/
nas-aquisicoes-rca.htm. Acesso em: 3 ago. 2021. RevistaSEF/2021/RelatorioGestRiscoUGA.pdf.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 37


Muito Alto (5) R30 R38 R39 R40
I R22 R25 R31 R34
M Alto (4) R23 R8 R29 R10
R35 R36 R37
P R6 R12 R16 R20 R3 R7 R11 R13
Médio (3) R1 R5 R41 R4 R18
A R26 R27 R28 R14 R32 R33
C R2 R15 R17 R19
Baixo (2) R9 R21
R24
T
O Muito Baixo (1)

Muito Baixa (1) Baixa (2) Média (3) Alta (4) Muito Alta (5)

PROBABILIDADE

Níveis de risco e respectivas respostas


Necessidade de ação imediata – alta probabilidade de ocorrência - impacto extremamente severo caso ocorra.
Exige implementação imediata das estratégias de proteção e prevenção.
Necessidade de ação de médio e/ou curto prazo – há ameaças que podem ser danosas à UG.
Deve apresentar respostas rápidas. Difere do anterior, pois as ações podem ser implementadas com mais
planejamento.
Necessidade de monitoramento e gestão – enquadra-se riscos com alta probabilidade e baixo impacto.
Deve ser monitorada de forma rotineira e sistemática. Pode possuir planos de emergência, se for o caso.
Risco controlável – baixo impacto e probabilidade, representando pequenos problemas e prejuízos.

i. Tratamento dos riscos: realizar nova avaliação (P x I), a fim de


A relevância dos riscos é identificada na Matriz se verificar se as ações de controle pre-
e seu resultado é o grau de criticidade do risco, vistas de serem adotadas realmente
que determina a priorização que a Seção deve- reduzem o potencial do risco. Os riscos
ria utilizar para tratar cada risco verificado. médios, dependendo do caso, também
De acordo com o Art. 39 da Portaria nº 465, poderão ser tratados. (grifo nosso).
de 17 de maio de 2017, do Cmt Ex, que apro-
vou a Política de Política de Gestão de Riscos Feitas essas considerações aos partici-
do Exército Brasileiro, “O Exército, salvo ex- pantes da Oficina, o auditor apresentava
ceções devidamente justificadas e de acordo propostas de controles internos visando
com o apetite ao risco da ocasião, não se ex- mitigar os riscos inicialmente classificados
porá a riscos extremos” (grifo nosso). como extremos e altos (células na cor ver-
Ainda de acordo com esse normativo (Art. melha e laranja). Os riscos médios (células
46), os riscos classificados como Alto e Ex- de cor amarela) não eram objeto de propos-
tremo devem ser sempre avaliados para ta de tratamento nesta avaliação, entretan-
as devidas comunicações e providências to, dependendo do caso e a critério da UGA,
emergenciais. Nesse sentido, o Art. 57, § também poderiam ser tratados.
1º, da Portaria 222 – EME, de 5 de junho de
2017, que aprova a Metodologia da Política j. Ao se decidir por tratar determinado risco,
de Gestão de Riscos do Exército Brasileiro passava-se à elaboração de um Plano de Ação
(EB20-D-07.089), 1ª Edição, determina que: para implementação do controle proposto.

Para os casos de riscos inicialmen- k. Finalizando a Oficina, os participantes


te classificados como extremos e al- preenchiam a Matriz de Riscos de Controles,
tos, deve-se sempre elaborar o Plano o documento que sintetiza o gerenciamento
de Tratamento de Riscos (Anexo C) e de risco realizado no processo.

38 Revista O Gestor Militar


Relatório de Avaliação de Gestão de Riscos da gestão de riscos nos demais processos da
SALC (Formalização da Demanda, Seleção do
Como resultado da jornada na UGA, foi for- Fornecedor e Contratação), bem como a ex-
malizado o Relatório de Avaliação de Gestão de pansão dessa implementação às demais áreas
Riscos, com a descrição dos trabalhos realiza- da UG.
dos na Oficina, cujas recomendações se tradu- Cumpre registrar que a experiência descri-
ziam nas propostas de controles para os riscos ta neste artigo se mostrou efetiva no sentido
levantados. de fomentar a cultura de riscos nas UGA, evi-
O Relatório de Avaliação de Gestão de Ris- denciada nas Visitas de Auditoria posteriores.
cos, de caráter eminentemente orientativo, era Nesse momento, as equipes de auditoria pu-
encaminhado à UGA como anexo ao Relatório deram atestar evolução do processo de imple-
de Auditoria da Visita de Auditoria Programada. mentação do gerenciamento de riscos nas ati-
vidades administrativas das OM, com impactos
Considerações finais positivos na gestão, a partir do tratamento das
causas de diversas impropriedades frequente-
Por fim, no ano subsequente, as equipes mente reportadas em Relatórios de Auditoria
de auditoria monitoravam a implementação anteriores.

Referências NOGUEIRA, Fernando Rocha et al. Políticas


públicas regionais para gestão de riscos: o
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS processo de implementação no ABC, SP.
TÉCNICAS. ABNT NBR 31000:2018 – Gestão de Ambiente & Sociedade, v. 17, n. 4, 2014.
Riscos: Princípios e Diretrizes, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/asoc/a/
d3PQFR8QXDr5N7sHkfVsdfj/abstract/?lang=pt.
Acesso em: 7 jul. 2021.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 39


O modelo de racionalização
administrativa na Base
Administrativa do Quartel-
-General do Exército por meio
do Almoxarifado Central
Almoxarifado Central da Ba Adm QGEx

Introdução

Na Era do conhecimento, a sociedade tem exigido estruturas


de Estado fortes e que consigam dar respostas rápidas às deman-
das em diversas áreas, principalmente nas sociais e de segurança
pública. O Exército Brasileiro tem buscado se adaptar a este novo
momento, com estruturas administrativas flexíveis e ágeis, capa-
citando seus recursos humanos e rediscutindo alguns de seus pa-
radigmas. Cabe ao Exército Brasileiro proteger as fronteiras, atuar
▲ com a Engenharia nos grandes projetos nacionais de infraestrutu-
Coronel de Intendência
Eclair Gil Tinoco Junior ra, apoiar a população nos desastres naturais, entre outras ações,
Turma AMAN/1997. conciliando para isso uma organização com aproximadamente 200
Encarregado do (duzentos) mil integrantes, cerca de 650 (seiscentas e cinquenta)
Almoxarifado Central
da Base Administrativa organizações militares, alta rotatividade do pessoal de carreira e
do Quartel-General do hierarquia e disciplina como princípios basilares em sua cultura or-
Exército. ganizacional (MAIA NETO, 2011).
A racionalização administrativa é tema de vital importância
para otimizar o emprego de militares combatentes em suas ativi-
dades finalísticas. Hoje, estima-se que um terço do efetivo incorpo-
rado no Exército seja empregado em atividades outras, que não as
relativas às atividades-fim (SERRÃO, 2017).

40 Revista O Gestor Militar


O presente artigo visa A primeira dessas três for- “A racionalização
aprofundar os debates acerca ças tem motivação evidente, administrativa é tema
da racionalização administrati- por uma série de fatores liga- de vital importância
va no Exército Brasileiro, bem dos à dinâmica interna do Es- para otimizar o
como mostrar as contribuições tado Brasileiro e à forma como emprego de militares
que o Almoxarifado Central foi conduzida a inserção do combatentes em suas
do Quartel-General do Exér- Brasil nas novas formas do ca- atividades finalísticas.”
cito (Almx Cent QGEx) trou- pitalismo internacional. Logo,
xe para este novo paradigma tornou-se imperativo um ajus-
administrativo. te fiscal, e a adoção do modelo
gerencial foi facilitada pela ne-
A racionalização cessidade crescente de racio-
administrativa no âmbito da nalização no uso dos recursos
Administração Federal públicos (VAZ, 2006).
Ao mesmo tempo, a pres-
Para entender a evolução são social, ansiosa por melho-
dos serviços públicos a partir ria na qualidade dos serviços
dos anos 1980, é preciso ana- públicos, ampliou as vozes rei-
lisar as forças direcionadas de vindicatórias com críticas e co-
transformação desse processo. branças por maior participação
A materialização dessas forças popular nas contas públicas e
evidenciou um campo amplo de por maior transparência, obri-
discussões e disputas de ideias. gando os gestores públicos
Por vezes convergentes, outras a fazerem melhores escolhas
vezes com tensionamento, es- (VAZ, 2006).
sas forças, a seguir descritas, po- Dentre as iniciativas de
dem ser encontradas no centro mudança organizacional, hou-
de qualquer debate sobre Admi- ve em 1995 a racionalização
nistração Pública (VAZ, 2006):

• a racionalização do uso de
recursos crescentemente
escassos;
• a demanda por um novo
patamar de qualidade dos
serviços; e
• a pressão social por parti-
cipação, transparência e
controle sobre as ações
dos agentes públicos.

Almoxarifado Central da Ba Adm QGEx

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 41


de recursos por meio de ações
de desconcentração da exe-
cução de políticas pelo Estado
por meio das privatizações e
terceirizações. Houve, ainda, a
criação de sistemas nacionais
de políticas públicas (como o
Sistema Único de Saúde e o
de Assistência Social), criando
novos tipos de organização,
como agências reguladoras,
executivas e organizações so-
ciais (VAZ, 2006).
Almoxarifado Central da Ba Adm QGEx
Verifica-se que a raciona-
lização no uso de recursos é, (BRASIL, 2019). Com essa re- últimos anos, em uma atuação
sem dúvidas, a força dominan- dução orçamentária, o gover- que busca a desburocratização
te e tem sido a justificativa mais no federal espera economizar de processos, a racionalização
poderosa para as principais R$ 195.000.000,00 (cento e de recursos e de pessoal, bem
transformações ocorridas no noventa e cinco milhões de como a superação dos obstá-
serviço público. As respostas à reais) por ano. O decreto prevê culos econômicos por meio da
pressão por racionalização de também regras e critérios para eficiência administrativa.
recursos obrigou o governo a ocupação de cargos de con-
utilizar cada vez mais recursos fiança e melhora no processo A racionalização
tecnológicos, regulamentar de pesquisa (BRASIL, 2020b). administrativa no Exército
gastos públicos (Lei de Res- Ainda como iniciativa de Brasileiro
ponsabilidade Fiscal) e realizar desburocratização e de busca
mudanças nas práticas diárias de qualidade no serviço público, O Exército Brasileiro, por
de trabalho mudando a men- o governo federal sancionou a meio da Diretriz de Racionali-
talidade de desperdícios de re- Lei nº 13.726/18 que racionaliza zação Administrativa constan-
cursos (VAZ, 2006). atos e procedimentos adminis- te da Portaria nº 295-EME, de
Assim, vários órgãos go- trativos e institui o “Selo de 17 de dezembro de 2014, orien-
vernamentais vêm tomando Desburocratização e Simplifica- ta as Organizações Militares
medidas concretas no sentido ção”. Este ato normativo prevê (OM) a buscarem a racionali-
de aumentar a eficiência ad- a dispensa de reconhecimento zação administrativa com a im-
ministrativa, fazendo melhor de firma e autenticação de do- plantação de ações que permi-
com os meios disponíveis. Por cumentos na relação entre o tam realizar a gestão do bem
exemplo, por meio do Decre- cidadão e o poder público, ter- público sob responsabilidade
to nº 9.725, de 12 de março de minando ainda com uma série do Exército, com efetividade
2019, a Presidência da Repú- de formalidades consideradas e com adequado emprego de
blica extinguiu duas mil vagas “desnecessárias ou superpos- pessoal (SILVA, 2021).
em funções gratificadas e/ou tas” (BRASIL, 2018b). A racionalização adminis-
comissionadas em vários ór- Assim, a evolução dos ser- trativa é o estudo das causas
gãos da administração federal viços públicos se baseou, nos e soluções dos processos ad-

42 Revista O Gestor Militar


ministrativos abrangendo a administrativos às OM opera- tão da frota de viaturas, de
responsabilidade básica de pla- cionais. Por fim, Silva (2021) segurança; monitoramento e
nejar e aperfeiçoar a gestão, conclui que a contiguidade1 de identificação; de manutenção
as estruturas organizacionais duas ou mais OM possibilitaria dos bens imóveis das áreas co-
e o pessoal empregado, com a centralização e a racionaliza- muns; de apoio de saúde e de
o objetivo de realizar a gestão ção de instalações, de proces- gestão dos cursos profissiona-
do bem público sob responsa- sos e de atividades comuns de lizantes e capacitação técnico-
bilidade do Exército com efi- apoio administrativo. -profissional básica do Projeto
ciência e, assim, proporcionar Soldado Cidadão.
o alcance de eficácia e da efe- A base administrativa do
tividade organizacionais (BRA- Quartel­General do Exército O Almoxarifado Central do
SIL, 2014). Quartel­General do Exército
Conforme Silva (2021), a A Base Administrativa do
criação das Bases Administra- Quartel-General do Exército (B Por meio da Portaria nº
tivas no Exército Brasileiro foi Adm QGEx) foi criada pela Por- 442-EME, de 18 de outubro de
uma importante ação no pro- taria nº 1.100, do Comandante 2017, foram aprovadas as dire-
cesso de racionalização, cen- do Exército, de 28 de dezem- trizes de implantação do Almo-
tralizando processos comuns bro de 2012, tendo seu núcleo xarifado Central do Quartel-Ge-
de várias OM vinculadas, per- de implantação ativado em 1º neral do Exército (Almx Cent
mitindo a execução de tarefas de março de 2013 e a assunção QGEx) na B Adm QGEx com a
de apoio por militares qualifi- de comando em 9 de dezem- finalidade de possibilitar a ra-
cados e possibilitando que os bro de 2014 (BRASIL, 2021). cionalização e a otimização das
militares da linha bélica pos- A B Adm QGEx é uma Or- atividades de licitação, aqui-
sam ser empregados essen- ganização Militar diretamente sição, recebimento, armaze-
cialmente nas atividades-fim. subordinada à Secretaria-Geral nagem e distribuição de itens
Assim, encargos administrati- do Exército (SGEx) e tem como de consumo comuns (BRASIL,
vos de pagamento de pessoal, missão planejar e conduzir as 2017).
gestão de patrimônio, registro atividades comuns inerentes O projeto foi proposto
de conformidade e celebração à vida vegetativa dos Órgãos dentro da consecução do Ob-
de contratos poderiam ser im- de Direção Setorial (ODS) e do jetivo Estratégico do Exército
plementados de forma centra- Órgão de Direção Geral (ODG) nº 10, através da Ação Estraté-
lizada na gestão de uma única no Quartel-General do Exército gica 10.2.2, que estabelece a
autoridade designada especifi- (BRASIL, 2021). racionalização das estruturas
camente para esta função. Dentre as atividades de- organizacionais, do Plano Es-
A racionalização dos pro- sempenhadas pela B Adm tratégico do Exército (PEEx
cessos destacados por Silva QGEx em prol das OM do Quar- 2016-2019/3ª Edição), sendo o
(2021) traria os seguintes be- tel-General do Exército estão Chefe do Estado-Maior a Au-
nefícios diretos para a Força as atividades de centralização toridade Solicitante e o Secre-
Terrestre: a centralização de dos serviços de cocção e pre- tário de Economia e Finanças a
compras, a gestão unificada paro das refeições; de ges- Autoridade Patrocinadora.
de contratos administrativos, a A racionalização e a centra-
1 Estado ou condição do que
padronização de compras e de está contíguo; proximidade;
lização dos processos de com-
editais e a redução de encargos vizinhança. pra e distribuição de materiais

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 43


de uso comum atendem às pre- participantes, visa armazenar sibilitar a redução de 10% (dez
missas de economicidade, efi- os itens específicos das OM, por cento) do efetivo da Força
ciência e redução de militares a fim de reduzir ao máximo a no período de 10 (dez) anos
empregados nas atividades ad- quantidade de instalações de (SILVA, 2021).
ministrativas (BRASIL, 2018a). armazenagem de materiais Atualmente, a B Adm QGEx
A racionalização de pessoal no interior do QGEx (área de conduz centralizadamente a
visa reduzir a quantidade de material específico) (MEDEI- gestão dos serviços de alimen-
militares que ocupam funções ROS JUNIOR, 2021). tação, monitoramento e segu-
administrativas, possibilitando A gestão centralizada de rança, apoio médico, cursos do
o aproveitamento dos efetivos estoques permite a redução Projeto Soldado Cidadão, e ain-
existentes nos Almoxarifados do número de processos licita- da é protagonista nos estudos
das OM participantes nas ati- tórios nas OM participantes, a de viabilidade e de implanta-
vidades-fim das OM. O efetivo transferência de créditos exce- ção dos projetos de centraliza-
total de militares empregados dentes de itens não utilizados ção de transporte, contratação
diretamente nas atividades de entre as OM, a entrega de itens centralizada de serviço de ma-
distribuição de materiais de baseado no sistema just in time nutenção de ar-condicionado
consumo no QGEx foi reduzido (política de diminuição de es- e implantação do Contingente
de 75 (setenta e cinco) para 28 toque com entregas no tempo Militar centralizado para todo
(vinte e oito) militares (MEDEI- correto) e ainda a gestão de es- o QGEx.
ROS JUNIOR,2021). toque baseada na manutenção A B Adm QGEx, por meio
Quanto à racionalização de níveis mínimos e máximos do seu Almoxarifado Central,
das áreas de armazenagem de (BRASIL, 2020a). busca também fazer mais com
itens comuns, a utilização de o mesmo volume de recursos
um modelo centralizado de Conclusão disponíveis, sendo um polo
aquisições por meio do Almx difusor de racionalização e
Cent QGEx, possibilitou o gan- No contexto de inciati- centralização administrativa
ho na segurança com a redu- vas de racionalização condu- na Guarnição de Brasília. Com
ção do fluxo de pessoas e via- zidas nas Bases Administrati- isso, visa alterar processos in-
turas no interior do QGEx bem vas, verifica-se a necessidade ternos e mentalidades, incen-
como pelo emprego de um de aprofundar os estudos no tivar o trabalho conjunto com
sistema de combate a incêndio sentido de se buscar maior as outras OM de forma centra-
moderno instalado no galpão centralização de estruturas lizada para otimizar o uso dos
do Almx Cent QGEx (MEDEI- administrativas. Tal necessida- recursos públicos e do espaço
ROS JUNIOR, 2021). de encontra-se nas Diretrizes disponível, reduzir os riscos
O interior do Almx Cent do Comandante do Exército e agregar valor no processo
QGEx tem duas áreas de ar- 2021, que determinam que os de aquisição e distribuição de
mazenagem. A primeira é integrantes da Força Terrestre itens comuns de consumo.
utilizada para armazenagem devem prosseguir no processo
dos itens comuns (área de de racionalização, de maneira
material comum), de respon- a potencializar os resultados
sabilidade da B Adm QGEx. entregues à sociedade, enfo-
Já a segunda área de arma- cando o judicioso emprego de
zenagem, de gestão das OM pessoal militar, de forma a pos-

44 Revista O Gestor Militar


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jun. 2021.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 45


A criação e a evolução do
Sistema de Acompanhamento
da Gestão (SAG) no Exército
Brasileiro


Tenente-Coronel de
Intendência
Manfrini de Assis
Criador e desenvolvedor
do Sistema de
Acompanhamento da
Gestão.

Atualmente, o Sistema de Acompanhamento da Ges-


tão (SAG) é uma ferramenta simples, interativa e institucio-
nal para consulta de informações gerenciais sobre a gestão
orçamentária, financeira e patrimonial das 395 Unidades
Gestoras Executoras (UGE) do Exército Brasileiro, bem
como uma potencial ferramenta de otimização para gestão
▲ dos recursos públicos.
Valderez Oliveira Com o objetivo de produzir informações fidedignas e
Filgueira
Mestranda em Gestão atualizadas acerca da gestão, o SAG tem por principal in-
Pública pela Universidade tuito auxiliar os gestores, os agentes da administração e
Federal do Rio Grande do os agentes do controle interno nos seguintes momentos:
Norte.
tomadas de decisões, ao dispor dados contábil-financei-

46 Revista O Gestor Militar


ros atualizados para subsidiá-las; ações retifi- acredita-se que, no tempo atual, o SAG tem im-
cadoras, ao indicar prováveis erros e indícios portância significativa para a gestão e a execu-
de irregularidades na execução orçamentária, ção de recursos públicos e para o controle inter-
financeira e patrimonial, bem como nas etapas no da Força Terrestre.
dos processos de compras, permitindo, assim, Tendo em vista esse potencial e o referi-
a correção de imediato e, por fim, nos procedi- do significado para o aperfeiçoamento da ges-
mentos do controle interno, ao proporcionar o tão pública, apresentam-se dados extraídos do
acesso facilitado aos registros de diversos siste- SAG que denotam sua ampla utilização a nível
mas alcançando a totalidade da população. Nes- nacional:
se sentido, exclui-se o risco da amostragem.
A finalidade do SAG é facilitar o acompa- Acessos dos usuários por Região
nhamento e a compreensão da execução dos Militar-RM.
recursos públicos transferidos às UGE do Exérci- Acessos por Região Militar
to Brasileiro, gerando informações que influen- 10ª RM 1458
4ª RM 1786
ciem diretamente na capacidade de tomada de 6ª RM 2176
decisão. Na prática, o sistema oferece ao usuá- 9ª RM 2515
2ª RM 4255
rio mecanismos de busca de informações sobre
12ª RM 4577
a sua unidade de vinculação. As informações 7ª RM 4602
poderão ser disponibilizadas, individualmente 11ª RM 4633
8ª RM 5087
ou compiladas, em arquivos Excel, gráficos e ta- 1ª RM 5977
belas dinâmicas, em linguagem clara e objetiva. 5ª RM 7930
3ª RM 9624
Segundo Dias Neto, consoante seu estudo
0 2000 4000 6000 8000 10000
realizado em 2018, o SAG exibia evidências que Fonte: SAG. Dados do dia 23/07/2021.
o definiam como um sistema que contribui para
o atingimento de um elevado grau de eficiência Adiante, para conhecimento, segue a evolu-
e efetividade na gestão dos recursos públicos ção do SAG discorrendo, desde as primeiras in-
orçamentários do Exército Brasileiro. Entre ou- quietações do seu criador, passando pelas per-
tros estudos, destaca-se, também, o publicado, guntas sem respostas consistentes, até chegar
em 2020, na edição nº 245 da Revista Brasileira aos dias atuais.
de Contabilidade (RBC). Ele concluiu que o SAG Os tópicos I e II serão narrados em discur-
apresenta a possibilidade de atingir a totalidade so direto, uma vez que representam a interpre-
das atividades de execução orçamentária, finan- tação pessoal do Tenente-Coronel Intendente
ceira e patrimonial e a capacidade de otimizar o Manfrini de Assis, criador e desenvolvedor do
tempo de seus usuários. Essa conclusão se deu à SAG, acerca de suas experiências que levaram a
vista de observações de variáveis predefinidas, esse sistema.
tais como: efetividade, satisfação, usabilidade,
compatibilidade, confiabilidade, segurança e Contexto antes da criação
portabilidade.
Em 2021, atingida a marca de 12.791 mil usuá- Em meados de 2008, eu, Capitão na época,
rios, cadastrados nas 395 UGE, e cerca de 55 mil ocupava a função de tesoureiro no 21º Depósito
acessos por dia (dados do SAG em 23/07/2021), de Suprimento do Exército, localizado na capital
além dos 12 (doze) Centros de Gestão e Conta- do Estado de São Paulo. Por ser uma Unidade
bilidade e Finanças do Exército (CGCFEx) ativos, Gestora com forte viés logístico, esse depósito

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 47


recebia muitos materiais que, consequentemen- de Fornecedores (SICAF) e no Cadastro Nacional
te, demandavam muitos pagamentos no Siste- de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS) antes
ma Integrado de Administração Financeira do de realizar o empenho. Naquele momento, per-
Governo Federal (SIAFI), módulo operacional, guntava-me se a seguinte hipótese era plausível:
popularmente conhecido como tela preta. Por será que as UGE estão consultando o SICAF e o
esse motivo, começavam a surgir as minhas pri- CEIS antes de realizarem os empenhos? O meu
meiras inquietações, pois tinha certa dificuldade temor era que, talvez, não estivessem. Então,
para obter as informações nesse sistema, infor- logo indaguei, como posso dar conformidade a
mações que eram requisitadas diariamente pelo isso? Como posso ajudar de fato as UGE?
meu comandante. Na ocasião, para detectar possíveis erros
Passados alguns anos, em 2011, fui transferi- nos lançamentos contábeis, os múltiplos siste-
do para a 10ª Inspetoria de Contabilidade e Finan- mas da Administração Pública Federal e do Exér-
ças do Exército (10ª ICFEx), atualmente denomina- cito necessitavam ser consultados de forma indi-
do 10° Centro de Gestão, Contabilidade e Finanças vidual. Era um trabalho manual e exaustivo que,
do Exército (10° CGCFEx), locali- por diversas vezes, só poderia
zado em Fortaleza, estado do ser feito em uma amostra dos
“Na ocasião, para detectar
Ceará. Por ocupar o posto de documentos produzidos. Por-
possíveis erros nos
chefe da Seção de Contabilida- tanto, essa situação, acresci-
lançamentos contábeis,
de, tive a felicidade de conhe- da das indagações acima, con-
os múltiplos sistemas
cer militares mais habilitados duziram-me ao meu segundo
da Administração
no trato das questões contá- desafio: o cruzamento de
Pública Federal e do
beis e, um caso especial, com todos os dados das UGE sob
Exército necessitavam
conhecimento de Tecnologia minha responsabilidade regis-
ser consultados de forma
da Informação (TI). trados no SIAFI com dados de
individual.”
Nessa inspetoria, estava outros sistemas estruturantes
sob minha responsabilidade o do Governo Federal e da For-
acompanhamento dos registros contábeis de 21 ça Terrestre, testando toda a massa de dados,
UGE do Exército, mediante análise dos seus lan- ao invés de apenas uma amostra.
çamentos no SIAFI. Recordo-me que as dificulda- Minha experiência com cruzamento de
des para obter dados, agora para subsidiar aque- dados teve início com o software de banco de
las análises, persistiam. Então comecei a exportar dados Access, da Microsoft (MS Access), pois
dados do SIAFI, organizando tudo em tabelas do já não usava mais planilhas do Excel. Cruzei os
Excel, buscando identificar variações atípicas primeiros dados e obtive resultados plausíveis,
dentro daqueles lançamentos contábeis. que confirmaram a minha hipótese. Fiquei entu-
Tendo resultados positivos nesse primeiro siasmado. Logo, decidi tabelar e criar uma rotina
momento, comecei a estudar os aspectos norma- para notificar as unidades, pois, no dia seguinte
tivos para autorização da despesa pública, com ao empenho, eu já conseguia detectar as incon-
um olhar para além dos dados do SIAFI. Assim, à sistências. Minha premissa era, e continua sen-
medida que me inteirava dos requisitos prévios do, que alguns problemas, se detectados e dili-
e necessários para execução da despesa no sis- genciados no início, são mais fáceis de resolver.
tema, outras preocupações direcionavam minha Em seguida, dispondo daqueles resultados
atenção, como: a verificação da situação do for- e dos dados acerca dos saldos orçamentários,
necedor no Sistema de Cadastramento Unificado pensei: vou tentar atingir toda a execução orça-

48 Revista O Gestor Militar


mentária, de modo que tudo códigos de planos internos “...no intuito de iniciar o
seja visto. Assim, baixei os da- etc., passei a tabelá-los, no meu expediente com o sistema
dos do SIAFI de todas as unida- computador, por linguagem de atualizado com os dados do
des da inspetoria e levei para o fácil entendimento, tipo: Conta dia anterior, em média três
sistema de gerenciamento de Contábil 6.2.2.1.1.00.00 (Cré- horas antes, eu realizava
banco de dados, obtendo o se- dito Disponível), denominei toda obtenção, tratamento e
guinte resultado: percentuais “disponível”; e formatei tudo inserção dos dados de todas
dos valores empenhados e li- desse jeito no banco de dados. as UGE no sistema.”
quidados. Isso me impulsou a Uma semana antes de me
buscar mais, eu sentia que po- apresentar, solicitei a senha do
deria ir mais longe. Então, nas SIAFI com perfil para enxergar
horas vagas, com meu bom e as 30 UGE sob responsabilida-
velho notebook e mesmo dian- de da 2ª ICFEx, (9 UGE a mais
te das limitações, consegui im- que na 10ª ICFEx). Então, ime-
plementar o que poderia ser o diatamente, comecei a coletar
primeiro banco de dados orça- e processar os dados dessas
mentário-financeiros do Exérci- unidades no meu sistema.
to Brasileiro. Chegou o dia esperado,
apresentei-me na 2ª ICFEx com
Surge o SAG aquele notebook e, nesse dia,
ao cruzar os dados no sistema,
Nesse primeiro momen- constatei cerca de 30 ocorrên-
to, ainda na 10ª ICFEx, depois cias. Eram ocorrências simples,
de implementado o banco de como: empenho classificado
dados e iniciado seu uso, em em subitem errado por não
apoio aos trabalhos de audito- observar normativos internos.
ria, já surgia a necessidade de Passei mais tempo elaborando
compartilhar as consultas com as diligências para inserir no sis-
os demais auditores da Ins- tema de protocolo do que veri-
petoria. Entretanto, isso não ficando os fatos observados.
ocorreu, porque demandava Diante dessa situação, fui
estudos mais aprofundados chamado pelo chefe da inspe-
em programação e mais tempo toria, que me perguntou: como
livre. está fazendo isso, sendo só você
Em 2013, já Major, fui trans- e mais um militar na Seção de
ferido para a 2ª ICFEx, em São Contabilidade? Expliquei e, de
Paulo-SP. Essa mudança foi ins- imediato, ele me pediu para
piradora, pois deixei de lado os verificar a possibilidade de dis-
modelos prontos e comecei a ponibilizar os dados para os au-
criar o meu próprio padrão, por ditores da inspetoria. Lembro-
exemplo: em vez de nominar -me que respondi: eu ainda não
os dados por contas contábeis, sei como farei isso, mas aceito o
símbolos, códigos de unidades, desafio.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 49


Após muito estudo e dedicação, decidi criar Em janeiro de 2016, as 11 (onze) ICFEx distri-
um banco de dados MySQL, que propiciou o com- buídas no território nacional passaram a utilizar
partilhamento das consultas criadas com os de- o sistema e, posteriormente, todas as UGE do
mais integrantes da 2ª ICFEx. Isso aconteceu por Exército Brasileiro.
intermédio da linguagem PHP e do desenvolvi-
mento de uma página eletrônica, que foi coloca- O SAG avança para se tornar corporativo
da na rede interna do Exército, conhecida como
EBNet. Com efeito, naquela oportunidade, nascia A diretriz da Secretaria de Economia e Fi-
oficialmente o sistema, que foi denominado pe- nanças, editada em novembro de 2016, deu iní-
los integrantes da 2ª ICFEx, no primeiro instante cio às atividades para otimização e melhoria do
de “SisManfrini” e, logo após, “guardião”. SAG no intuito de torná-lo um sistema corporati-
Os desafios não pararam por aí. Adiante, o vo do Comando do Exército.
sistema precisou ser configurado para dar acesso Ocorreu o seguinte: na época, o Major In-
aos ordenadores de despesas, de forma segura e tendente Manfrini de Assis, criador e desen-
segregada, isto é, delimitando a visão dos usuá- volvedor do SAG, apresentou, por ocasião da
rios a sua Unidade Gestora. Para cumprir essa de- Reunião de Chefes de ICFEx/2016, as possibi-
manda, mais complexa e ampla, me debrucei em lidades de expansão e melhoria do referido
alguns livros de informática e muitos tutoriais dis- sistema, bem como os insumos necessários
poníveis na internet. Felizmente, eu consegui. O para tal. Naquela época, o militar vinha traba-
sistema deu um grande e importante passo, para lhando sozinho, ou melhor, ao longo de quase
auxiliar tanto a gestão quanto a auditoria inter- quatro anos, todos os procedimentos técni-
na. Agora, além dos auditores da 2ª ICFEx, os in- cos para extração, importação, integração, ar-
tegrantes das UGE poderiam acessar o sistema e mazenamento, tratamento e oferta dos dados
verificar os indícios apontados para sua Unidade, eram executados por seu criador. Portanto,
além de poder consultar, de forma facilitada, os para iniciar a citada expansão, fazia-se neces-
seus registros contábeis com as denominações sário dar melhor estrutura e acesso a dados
de fácil entendimento que implantei. dos diversos Órgãos Públicos ao desenvolve-
O fluxo de trabalho era cansativo pois, no dor do sistema.
intuito de iniciar o expediente com o sistema Para assegurar a consolidação do sistema
atualizado com os dados do dia anterior, em mé- no âmbito do Comando do Exército, em 2018, o
dia três horas antes, eu realizava toda a obten- Major Manfrini foi transferido para o Centro de
ção, tratamento e inserção dos dados de todas Controle Interno do Exército (CCIEx), em Brasí-
as UGE no sistema. lia - DF, com o objetivo de, com o suporte da-
quele Órgão de Assistência Direta e Imediata ao
O SAG é ampliado Comandante do Exército (OADI), viabilizar a im-
plantação do SAG como um sistema corporativo
O SAG teve sua primeira ampliação em mea- do Exército Brasileiro.
dos de 2015, quando o Subsecretário de Econo- Em 2020, o agora Tenente-Coronel Manfrini
mia e Finanças do Exército, em visita de inspe- foi transferido para a Secretaria de Economia e
ção à 2ª ICFEx, após conhecer o Sistema in loco, Finanças (SEF) em Brasília-DF, onde labuta atual-
solicitou a sua expansão no intuito de incluir os mente na transferência do know-how obtido na
dados de todas as UGE do Exército no Banco de criação do SAG para o Centro de Desenvolvi-
Dados do SAG. mento de Sistemas (CDS).

50 Revista O Gestor Militar


O SAG atual e resultados disponibiliza, de modo simplificado, informa-
ções sobre a aplicação desses recursos, inclusi-
Atualmente, o SAG é um sistema de acesso ve possibilitando verificar o objeto das diversas
via web, com dados de todas as UGE do Exército aquisições.
Brasileiro e está estruturado em cinco abas: Audi- Desde sua criação, até os dias atuais, seguin-
toria, Patrimônio, SIAFI/Gestão, Compras e COVID. do orientação do Comando do Exército, o SAG
A aba auditoria tem diversas funcionalida- utiliza linguagem de programação e banco de da-
des importantes que, por intermédio da aplica- dos gratuitos (open source). A linguagem aplicada
ção de cruzamento de dados por meio da uti- é Hypertext Preprocessor (PHP), é uma linguagem
lização de Técnicas de Auditoria Auxiliada por de scripts cliente/servidor utilizada para o desen-
Computador (TAAC), busca evitar que as ocor- volvimento de sites e aplicações web. O banco de
rências de impropriedades e irregularidades por dados é o MySQL, um sistema de gerenciamento
parte da UG caminhem no tempo, possibilitan- de banco de dados, que utiliza a linguagem SQL
do a detecção precoce dessas inconsistências como interface. E, por fim, a parte visual foi de-
e sua correção oportuna. Trata-se de uma aba senvolvida em XHTML, CSS, JQUERY e AJAX.
fundamental para o trabalho do Encarregado Entre avanços e inovações, o SAG prospe-
da Conformidade dos Registros de Gestão, por rou e, hoje, oferece as seguintes possibilidades
tratar-se do principal responsável pela primeira aos usuários, entre outras:
linha de defesa da UG.
A aba patrimônio permite o acompanha- 1. utilização WEB: não necessita ser baixado e
mento da evolução patrimonial da UG, possibili- ou instalado. Não ocupa memória no com-
tando a verificação dos devidos lançamentos no putador do usuário, pois roda via browser,
SIAFI e sua compatibilização com o Sistema de independente da máquina. Apenas necessi-
Controle Físico (SISCOFIS), especialmente por ta que o Java script esteja habilitado;
parte dos agentes que labutam na Fiscalização 2. responsividade: um dos pontos importantes
Administrativa e nos depósitos. do SAG 2021 é a adaptação a telas de vários
Em relação à aba gestão (SIAFI/Gestão), ela dispositivos, tornando o site altamente res-
permite diversas consultas relacionadas à gestão ponsivo para o usuário;
orçamentária e financeira da UGE, das quais se 3. ferramentas de visualização: além da inter-
destacam as funcionalidades: “Análise de Empe- face intuitiva com demonstrações na tela
nhos Não-liquidados” e “Percentuais Diversos”. sobre os recursos geridos de interesse do
Sobre a aba de compras, ela permite o usuário, o SAG 2021 traz como novidade a
acompanhamento dos diversos lançamentos exportação de tabelas e gráficos em vários
das Intenções de Registro de Preços (IRP), dos formatos; e
certames publicados no dia, além de oferecer 4. disponibilização de videoaulas, perguntas fre-
consultas que podem subsidiar os processos de quentes e fórum que serve de subsídio para
compras como a consulta Banco de Preços, na aprimorar as funcionalidades do sistema.
qual é possível consultar os preços homologa-
dos de determinado item nos pregões vigentes Para concluir, no intuito de aprimorar o sis-
em toda a Administração Pública Federal. tema, apresentam-se os resultados de algumas
Por fim, tendo em vista as demandas re- das perguntas que são monitoradas constante-
centes e a aplicação de recursos referentes ao mente, no próprio SAG, representada nos gráfi-
combate à pandemia do COVID-19, a aba COVID cos a seguir:

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 51


Em qual área/função o(a) Sr(a). trabalha? Considerações finais

AUDITOR DE ICFEX: 1,35%


ASSESSOR DE GESTÃO: 2,70% A gestão da informação é imprescindível para
CONTABILIDADE
DE ICFEX: 5,41% OUTROS: 24,32%
atingir e aferir os resultados esperados na execução
ORDENADOR DE
DESPESAS: 6,76% dos recursos públicos. Dito de outro modo, ao usar
ALMOXARIFADO: dados de forma eficiente – compilados, tratados e
6,76%
cruzados, a gestão pública aumenta e melhora os
FISCALIZAÇÃO
ADMINISTRATIVA: resultados das suas unidades gestoras, pois isso
9,46%
SETOR FINANCEIRO: reduz os índices de retrabalho. Nessa perspectiva,
SALC: 12,16% 17,57%
a diminuição do retrabalho é vista como um impor-
CONFORMIDADE DE REGISTRO tante paradigma para atribuir maior confiabilidade
DE GESTÃO: 13,51%
aos processos e documentos que embasam a auto-
Fonte: SAG. Dados do dia 23/07/2021. rização e a execução da despesa pública.
Por conseguinte, imaginemos o tempo que
A utilização do SAG resulta em ganho de as UG dos demais órgãos e entidades da Gestão
tempo durante o seu expediente diário? Federal precisam para coletar e organizar seus
Aproximadamente quanto? dados nos diversos sistemas. No geral, segundo
informações da página do Ministério da Econo-
NÃO HÁ ECONOMIA DE SIM, UMA HORA
TEMPO: 4,05% EM MÉDIA: 35,14% mia, atualizada em outubro de 2019, a Adminis-
SIM, TRÊS HORAS tração Pública Federal utiliza dezesseis sistemas
EM MÉDIA: 10,81%
de informação, que são sistemas estruturantes,
em plataformas tecnológicas (softwares), geren-
ciados por órgãos específicos. Tendo exemplifica-
SIM, MAIS DE TRÊS
do essa situação, vamos, agora, visualizar esses
HORAS EM MÉDIA: mesmos dados sendo consultados em um único
21,62%
lugar. Percebe o ganho de escala temporal?
SIM, DUAS HORAS
EM MÉDIA: 28,38% Nesse sentido, além de outros, o Sistema de
Acompanhamento da Gestão (SAG) evoluiu e se
Fonte: SAG. Dados do dia 23/07/2021
tornou uma eficiente ferramenta de consulta,
em que qualquer usuário, previamente autori-
Qual dos itens abaixo o(a) Sr(a). considera
zado, poderá obter informações consolidadas
mais necessário no SAG?
sobre a execução orçamentária, financeira e pa-
PATRIMÔNIO: 8,11% trimonial de sua unidade gestora.
O SAG é um sistema intuitivo e autoins-
COMPRAS: 20,27% SIAFI/GESTÃO:
trucional, cujo criador e desenvolvedor segue
45,95%
buscando novas funcionalidades, por meio de
tecnologias da informação, mineração de dados
e técnicas de auditoria assistidas por compu-
tador. Com isso, continua proporcionando aos
usuários condições eficientes e inovadoras para
AUDITORIA: 25,68%
otimizar a gestão e o monitoramento dos recur-
sos orçamentários, financeiros e patrimoniais
Fonte: SAG. Dados do dia 23/07/2021 do Exercício Brasileiro.

52 Revista O Gestor Militar


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DIAS NETO, Licínio Corrêa. O emprego do Sistema
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Disponível em:www.2cgcfex.eb.mil.br/images/ Brasileiro. 2018. 63 f. Trabalho de Conclusão de
conteudo/area_das_secoes/03_scont/biblioteca/ Curso (Especialista em Política, Estratégia e Alta
Cartilha_do_SAG.pdf. Acesso em: 12 jul. 2021. Administração Militar) - Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2018.
BRASIL. Ministério da Economia. Sistemas
Estruturantes da Administração Pública Federal. BRASIL. Comandante do Exército. Diretriz da
Disponível em: https://www.gov.br/economia/ Secretária de Economia e Finanças. Dispõe sobre
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BARROS, Wagner Pinheiro de. O Uso da TEIXEIRA, Eduardo Abreu. O Uso do Sistema
Ferramenta Patrimônio do Sistema de de Acompanhamento da Gestão (SAG) como
Acompanhamento da Gestão (SAG) como ferramenta de apoio a execução orçamentária,
Ferramenta de TI para o Controle Patrimonial. financeira e patrimonial das Unidades Gestoras
2019. 21 f. Trabalho de Conclusão de Curso do Exército Brasileiro. 2020. 16 f. Trabalho de
(Especialização de Gestão em Administração Conclusão de Curso (Especialização de Gestão
Pública) - Centro Universitário do Sul de Minas – em Administração Pública) - Centro Universitário
UNIS-MG, Salvador, 2019. do Sul de Minas – UNIS-MG, Salvador, 2020.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 53


A importância das
associações de
compossuidores
no âmbito do
Fonte: DPIMA
Exército Brasileiro
(http://avpima.eb.mil.br/ava/login/index.php)

O sistema de composse, consubstan- cionais Residenciais, dinâmica semelhante


ciada na posse indireta exercida conjun- ao condomínio civil. Para entender as ra-
tamente pelos permissionários, tem sido zões da adoção desse sistema na Força,
adotado no âmbito do Exército Brasileiro faz-se necessário sintetizar o contexto
com alta taxa de sucesso, a fim de viabili- político e econômico do Brasil de forma
zar a manutenção eficaz dos Próprios Na- macro, mesmo que de modo en passant.

▲ ▲ ▲
Major QCO Capitão QCO Servidor Civil
Alonso Luiz Pereira Flora Regina Camargos Leonardo Aragão
Turma de 2002, Chefe da Pereira Craveiro
Seção de Gestão do Fundo Turma de 2011, Chefe da Adjunto da Assessoria
do Exército da Diretoria Assessoria de Apoio para de Apoio para Assunto
de Gestão Orçamentária Assunto Jurídicos da Jurídicos da Diretoria de
- SGFEx/DGO, Mestre Diretoria de Patrimônio Patrimônio Imobiliário
em Administração pelo Imobiliário e Meio e Meio Ambiente -
Centro Universitário Ambiente - DPIMA, Mestre DPIMA, Mestre em
Alves Faria (UNIALFA), em Direito Constitucional Direito Constitucional/
Goiânia/GO e Doutorando pelo IDP- Brasília/DF. Ambiental pelo UNICEUB
em Administração pela - Brasília/DF.
Universidade do Vale do
Rio dos Sinos (UNISINOS),
São Leopoldo/RS.

54 Revista O Gestor Militar


O atual cenário econômico mento do Exército e do Fundo
brasileiro tem levado a uma sé- do Exército, ao permitir que
rie de adequações no orçamen- despesas com a manutenção
to da União, principalmente, das áreas comuns e de respon-
após a Emenda Constitucional sabilidade dos permissioná-
nº 95/2016, que estabeleceu o rios sejam realizadas por uma
teto de gastos, e a pandemia associação.
da COVID-19, que colocou o país A proficuidade das associa-
em uma situação de crise sani- ções de compossuidores se en-
tária de enormes proporções. contra relacionada à busca do
Isso tem reflexos no orçamento Exército Brasileiro em prover a
da Defesa e, por consequência moradia dos militares, direito
direta, nos recursos destinados previsto no Estatuto dos Mi-
ao Exército Brasileiro. litares (Lei nº 6.880/80). Para
O orçamento do Exérci- tanto, o Exército Brasileiro ad-
to Brasileiro encontra-se cada ministra Próprios Nacionais Re-
vez mais restrito e os recursos sidenciais, que são residências
destinados à Força vêm sofren- funcionais (casas e apartamen-
do reduções substanciais ano tos) distribuídos nos termos
após ano. Isso, por vezes, gera das Instruções Gerais 50-01 (IR
restrições orçamentárias com 50-01), norma interna da Força.
repercussões no Fundo do Nesse ponto, é importan-
Exército, o qual passou a fazer te definir a natureza dos bens
parte do Orçamento Geral da imóveis militares. A Secretaria
União a partir da Constituição do Patrimônio da União, órgão
Federal de 1988 e, atualmente, gestor do patrimônio imobiliá-
é uma das Unidades Orçamen- rio da União e diretamente liga-
tárias do Comando do Exército. do ao Ministério da Economia,
Tais aspectos causam dificulda- destina áreas da União às For-
des na aplicação dos recursos ças Armadas para atendimen-
gerados em prol dos interesses
do Exército Brasileiro, mesmo
havendo recursos financeiros
disponíveis, pois a dotação or-
çamentária sofre limitações.
Apresentada essa rápida
visão macro, há que se partir
para a visão micro para que se
possa chegar à razão das asso-
ciações de compossuidores e
como essas contribuem para
os interesses da Força, possibi-
litando a desoneração do orça- Próprios Nacionais Residenciais - Brasília-DF.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 55


to dos interesses da Defesa
Nacional. Uma das finalidades
desses imóveis é a construção
de Próprios Nacionais Residen-
ciais que são cedidos ao militar
para sua moradia e de sua famí-
lia, no período no qual está na
ativa e servindo à nação, o que
contribui para o cumprimento
da missão constitucional das
Forças Armadas.
Os imóveis acima referidos
são manutenidos pela Força.
Essa manutenção é, em parte, Próprios Nacionais Residenciais - Rio de Janeiro-RJ.
provida pelos recursos oriun-
dos da taxa de uso paga pe- mitante e centralizadamente, nada em função do limite orça-
los militares que residem nos as atividades de planejamento mentário planejado, aprovado,
imóveis funcionais do Exérci- e orçamento, administração fi- constante na Lei Orçamentária
to Brasileiro. A citada taxa é nanceira e contabilidade. Anual e autorizado. Porém, no
integralmente recolhida ao Regra geral, todo recurso contexto exposto, as restri-
Fundo do Exército e destina- financeiro auferido por meio ções orçamentárias têm afeta-
da à manutenção, bem como de qualquer tipo de explora- do negativamente tal função, o
à conservação dos imóveis e ção dos imóveis sob jurisdição que, ao fim e ao cabo, ocasiona
construção de novas Unidades do Exército Brasileiro deve ser prejuízos aos interesses patri-
Habitacionais. recolhido ao Fundo do Exérci- moniais imobiliários do Exérci-
Quanto ao Fundo do Exér- to. Contudo, devido ao fato do to Brasileiro, uma vez que, caso
cito, esse foi criado por meio Fundo do Exército compor o a manutenção seja extemporâ-
da Lei nº 4.617, de 15 de abril de Orçamento Geral da União, no nea, o patrimônio poderá se
1965, com a finalidade de auxi- Orçamento Fiscal e da Seguri- deteriorar de modo definitivo.
liar o provimento de recursos dade Social, sujeitos às restri- Na atual conjuntura, per-
financeiros para o aparelha- ções da Emenda Constitucio- cebe-se que, a cada dia, torna-
mento da Força Terrestre, bem nal nº 95/2016, a arrecadação -se mais difícil para o Exército
como para realização de servi- de recursos não garante a sua Brasileiro realizar os reparos
ços, inclusive programas de en- aplicação integral, consideran- necessários à manutenção das
sino e de assistência social, que do as restrições orçamentárias áreas que envolvem os Pró-
se façam necessários, a fim de crescentes e a necessidade prios Nacionais Residenciais.
que o Exército possa dar cabal de equilíbrio fiscal das contas Dessa forma, um modo de via-
cumprimento às suas missões. públicas. bilizar a manutenção mais rápi-
O Fundo do Exército tem A manutenção dos Pró- da e eficaz consiste na criação
uma dinâmica própria e faz prios Nacionais Residenciais das associações de compossui-
parte da estrutura do Sistema é realizada pela Força com re- dores, associações civis sem
de Economia e Finanças do cursos do Fundo do Exército, fins lucrativos criadas por meio
Exército, o qual realiza, conco- considerando a dotação desti- da composse, com finalidades

56 Revista O Gestor Militar


semelhantes aos condomínios civis, baseados nais Residenciais do Exército (IG 50-01), confor-
na Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964 e me o que se depreende da leitura do normativo:
suas alterações.
Assim, a criação dessas associações viabiliza Art 8° A administração especial de edifí-
a manutenção das áreas comuns dos imóveis fun- cios residenciais e/ou conjuntos habitacio-
cionais do Exército Brasileiro de modo direto pelas nais, de propriedade exclusiva da União,
associações de compossuidores, por meio de re- constituídos sob a forma de unidades ha-
cursos encaminhados diretamente a elas oriundos bitacionais isoladas entre si, poderá ser
do valor relativo à taxa condominial e parcerias atribuída aos respectivos permissionários,
com os órgãos que administram os Próprios Na- que constituirão uma comunhão de inte-
cionais Residenciais. Isso possibilita a aplicação resses regida pelos termos da composse,
direta dos recursos de forma autônoma, inclu- com aplicação subsidiária da legislação so-
sive financeiramente, nas áreas comuns dos bre condomínios em edificações.
imóveis da União jurisdicionados ao Exército
Brasileiro. Nos termos acima, depreende-se que as as-
Com relação ao Sistema de Administração sociações de compossuidores são entidades do-
Especial de Próprios Nacionais Residenciais, tadas de personalidade jurídica própria, criadas
cabe frisar que a primeira referência a com- com o fim específico, conforme contido no art.
possuidores como administradores de áreas 8º das IG 50-01.
comuns de imóveis jurisdicionados ao Exérci- Além disso, a Portaria nº 066-DEC, de 4 de
to Brasileiro, e responsáveis pela manutenção outubro de 2018, que aprova a Diretriz de Cria-
dos imóveis funcionais do Exército Brasileiro da ção de Associação de Compossuidores no âmbi-
União, é encontrada no art. 35, do Decreto n° to do Exército Brasileiro (EB-D-04.002), estabe-
99.266/90 que regulamentou a Lei nº 8.025/90, lece que tais instituições têm possibilidade de
que dispõe sobre a alienação de bens imóveis gerir de forma autônoma, inclusive financeira-
residenciais da União: mente, a manutenção geral de áreas comuns e

Art. 35. Nos edifícios residenciais, de pro-


priedade exclusiva da União, constituídos
sob a forma de unidades isoladas entre
si, a administração das partes comuns e
a responsabilidade por sua manutenção
serão repassadas aos respectivos mora-
dores, que constituirão uma comunhão
de interesses regidas pelos princípios
da composse, com aplicação subsidiá-
ria da legislação sobre condomínios em
edificações.

No âmbito da Força Terrestre, a administra-


ção especial em Próprios Nacionais Residenciais
é tratada nos termos do artigo 8° das Instruções
Gerais para a Administração dos Próprios Nacio- Próprios Nacionais Residenciais - Campo Grande-MS

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 57


Próprios Nacionais Residenciais - Santa Maria-RS.

de outras áreas dos imóveis da União, conforme que há autorização da Força para a administra-
convencionado em cada uma das associações ção de bem imóvel pertencente à União, o sur-
de compossuidores criadas, mediante decisões gimento das associações de compossuidores
tomadas em assembleias. dependerá de confecção de um estatuto de cria-
Assim, frisa-se que a responsabilidade pelas ção a ser ratificado pelo Departamento de En-
despesas das áreas de uso comum é repassada genharia e Construção, conforme previsto nas já
àquelas pessoas jurídicas de direito privado que, citadas Diretrizes para Criação de Associação de
mesmo estranhas à União, assumem o gerencia- Compossuidores.
mento das partes desses edifícios residenciais Com efeito, as associações de compossui-
e se tornam responsáveis por sua manutenção, dores, ao adotarem os princípios da composse,
nos moldes das Instruções Gerais (IG 50-01), na têm papel essencial na desoneração do orça-
qual o Exército Brasileiro, que possui jurisdição mento do Fundo do Exército, reduzindo a neces-
sobre o imóvel, transfere os direitos e deveres sidade de recursos orçamentários para a manu-
para as referidas associações. tenção de Próprios Nacionais Residenciais.
As associações de compossuidores são re- Desse modo, resta clara a vantajosidade
conhecidas como entidades consignatárias por na criação e no uso dessas associações, tanto
ocasião da Diretriz para a Administração Espe- para o Exército Brasileiro, na medida em que
cial de Próprios Nacionais Residenciais para consegue prover de modo mais célere e eficaz
permitir o desconto em contracheque dos per- a manutenção de seus imóveis residenciais fun-
missionários referente ao rateio das despesas cionais, quanto para os militares ocupantes, que
comuns e o repasse do montante à respectiva residirão em imóveis com condições melhores e
entidade. Desse modo, permitir o gerenciamen- cuja manutenção será decidida, regra geral, no
to dos valores arrecadados e sua destinação ao âmbito da própria associação, com a aprovação
pagamento das despesas comuns e à criação de da Administração Militar.
um fundo de reserva. Por fim, entende-se que a criação das asso-
Neste sentido, o vínculo existente entre a ciações de compossuidores deve ser incentiva-
União, o Exército Brasileiro e a associação de da e apoiada pelo Exército Brasileiro, pois res-
compossuidores tem a natureza de Concessão guarda não só o interesse militar, mas também
de Uso de Bem Público. Assim, considerando os da família militar.

58 Revista O Gestor Militar


Referências BRASIL. Decreto Nº 99.266, de 28 de maio de
1990. Regulamenta a Lei n° 8.025, de 12 de abril
BRASIL. Constituição da República Federativa de 1990, que dispõe sobre a alienação de bens
do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da imóveis residenciais de propriedade da União,
República. Disponível em: http://www.planalto. e dos vinculados ou incorporados ao Fundo
gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm. Rotativo Habitacional de Brasília - FRHB, situados
Acesso em: 3 ago. 2021. no Distrito Federal e dá outras providências. Brasília,
DF: Presidência da República. Disponível em: http//
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Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, BRASIL. Portaria Nº 277, de 30 de abril de 2008.
e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência Aprova as instruções gerais para a administração
da República. Disponível em: http://www.planalto. dos Próprios Nacionais Residenciais do Exército
gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm. (IG 50-01). Disponível em: http://www.pmb.eb.mil.
Acesso em: 2 ago. 2021. br/index.php/legislacao. Acesso em: 30 jul. 2021.

BRASIL. Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964. BRASIL. Portaria Nº 066–DEC, de 04 de outubro de


Dispõe sobre o condomínio em edificações 2018. Aprova a Diretriz de Criação de Associação
e as incorporações imobiliárias. Brasília, DF: de Compossuidores no âmbito do Exército
Presidência da República. Disponível em: http:// Brasileiro(EB50-D-04.002). Disponível em: http://
www.pmb.eb.mil.br/index.php/legislacao. www.pmb.eb.mil.br/index.php/legislacao. Acesso
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BRASIL. Lei nº 4.617, de 15 de abril de 1965. Cria o Fonte das imagens


Fundo do Exército e dá outras providências. Brasília,
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1980. Dispõe sobre o Estatuto dos Militares. Fonte: http://www.cml.eb.mil.br/ultimas-noticias/
Brasília, DF: Presidência da República. Disponível 1658-prefeitura-militar-da-zona-sul-tem-novo-
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Próprios Nacionais Residenciais - Campo Grande-MS
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Dispõe sobre a alienação e permissão de uso do-exercito/-/asset_publisher/MjaG93KcunQI/
de bens imóveis residenciais de propriedade da content/exercito-entrega-pnr-para-st-e-sgt-em-
União. Brasília, DF: Presidência da República. campo-grande.
Disponível em: http://www.pmb.eb.mil.br/
index.php/legislacao. Acesso em: 29 jul. 2021. Próprios Nacionais Residenciais - Santa Maria-RS.
Fonte: http://brennerdesantamaria.blogspot.com/
2017/04/coronel-niederauer-190-anos-neste-4-de.html.

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 59


Visita de orientação técnica realizada na Escola de Instrução Especializada, Rio de Janeiro - RJ.

Visitas de
Orientação Técnica
Uma análise das atividades
realizadas pelo 1º Centro
de Gestão, Contabilidade e
Finanças do Exército
Introdução Unidades Gestoras Apoiadas
▲ (UGA).
Major de Intendência
Anderson Batista Em virtude da necessida- A atividade, realizada de
Gonzaga Cardoso de de prestar apoio técnico forma individualizada, iniciou-
Servindo no 1º Centro de e atendimento mais aproxi- -se em 2021, ano em que a es-
Gestão, Contabilidade e
Finanças do Exército. Pós- mado e particularizado aos trutura e missões dos Centros
Graduado em Ciências agentes da administração, foram atualizadas, objetivando
Militares pela Escola nivelando conhecimentos, os aumentar a sua atuação para
de Aperfeiçoamento
de Oficiais do Exército Centros de Gestão, Contabili- evitar as ocorrências de impro-
Brasileiro e em dade e Finanças do Exército priedades e irregularidades
Administração de Órgãos (CGCFEx) desenvolvem um no âmbito do Exército.
Públicos pela Universidad
Bernardo O´Higgins do Plano de Visitas de Orienta- O 1º CGCFEx, denomina-
Chile. ção Técnica (PVOT) às suas do Inspetoria Góes Montei-

60 Revista O Gestor Militar


ro, localizado no Palácio Duque de Caxias no Além do já mencionado, são impressas das
Rio de Janeiro – RJ, apoia sessenta e quatro áreas de gestão orçamentária, financeira, check
UG, das quais sessenta e três estão no esta- lists, patrimonial e de custos, análises de Relatório
do do Rio de Janeiro e uma em Vila Velha-ES. de Prestação de Contas Mensal (RPCM), análises
A gestão no Exército está relacionada com de rol de responsáveis e análises de Declaração
o conjunto de atividades que precisam ser de- de Bens e Rendas (DBR) possibilitando a verifica-
senvolvidas em todas as fases dos processos, ção in loco das oportunidades de melhoria.
com o objetivo de alcançar eficiência. Finalizando esta fase, é atualizada uma pa-
O gerenciamento de riscos faz parte das lestra que será ministrada à UGA, reunindo os
medidas que precisam ser adotadas durante a assuntos mais relevantes a serem disseminados,
gestão dos processos para evitar que proble- além de apontamentos sobre a Unidade Gestora.
mas em potencial impeçam o atendimento dos Em sua fase preliminar, as equipes do
objetivos ou provoquem consequências negati- CGCFEx que participam das Visitas de Orienta-
vas à instituição. ção Técnica buscam conhecer as especificidades
A governança é a capacidade de pro- de cada UGA, direcionando as orientações con-
duzir resultados eficazes em prol de obje- forme as necessidades delas. Essa etapa permi-
tivos coletivos e alinhados com os escalões te otimizar as atividades a serem desenvolvidas
superiores. e maximizar o apoio prestado.
A atividade de Visita de Orientação Técnica
(VOT), desenvolvida pelos Centros de Gestão Fase de execução
Contabilidade e Finanças do Exército, oferece
benefícios na melhoria da gestão, gerenciamen- Seguindo um cronograma previsto no res-
to de risco e governança das suas Unidades Ges- pectivo Plano, as visitas de orientação são rea-
toras Apoiadas. lizadas em datas preestabelecidas e divulgadas
às Unidades Gestoras Apoiadas, facilitando sua
Dinâmica das visitas de preparação para receber a equipe do CGCFEx.
orientação técnica As atividades são iniciadas com uma pales-
tra ministrada aos agentes da administração, a
A atividade de visita de orientação técnica critério do Ordenador de Despesas, atualizando
pode ser dividida em três etapas principais que e nivelando os conhecimentos.
serão detalhadas no presente tópico.

Fase preliminar
Na semana que antecede cada VOT, a equi-
pe de orientação se prepara para a atividade,
consultando informações da UGA nos sistemas
gerenciais e analisando os dados que deman-
dam maior atenção.
Concomitante ao citado acima, reúnem-se
as legislações, documentos, cartilhas e regula-
mentos mais atualizados que serão transmitidos
durante a visita, servindo como embasamento
Visita de Orientação Técnica realizada na 2ª Cia Inf,
para as orientações. Campos dos Goytacazes - RJ

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 61


Exemplos de impropriedades – falhas de na-
tureza formal que não caracterizam inobservân-
cia a normas e princípios constitucionais e legais
– e irregularidades – quando há infração às nor-
mas e princípios, por ato comissivo ou omissivo
– são divulgadas à UG, objetivando evitar que se
repitam.
Dando continuidade, a equipe visita as di-
versas seções administrativas da Organização
Militar (OM) tirando dúvidas dos agentes e ve-
rificando possíveis deficiências por meio das
Visita de Orientação Técnica no
check lists, prestando orientação na ponta da Comando Militar do Leste, Rio de Janeiro - RJ
linha.
Os gestores e seus auxiliares, em todos os Fase pós VOT
momentos, são instruídos quanto aos principais
aspectos relacionados à gestão (orçamentária, Após a conclusão da VOT, os agentes res-
financeira, patrimonial e de custos), pagamen- pondem a uma pesquisa de opinião que tem
to de pessoal, RPCM, Rol de Responsáveis, go- como finalidade principal colher o entendimen-
vernança, gerenciamento de risco e controle to das UGA sobre os ensinamentos colhidos, o
interno da gestão, divulgando boas práticas e grau de relevância dos assuntos abordados e a
contribuindo para o desempenho das funções contribuição para a melhoria do desempenho
administrativas. funcional.
O Centro evidencia na UGA a necessidade As respostas das OM demonstram que
de que os seus agentes participem dos cursos 85,53% dos participantes sinalizam que as jorna-
disponibilizados pelo Instituto de Economia e das são positivas e enriquecedoras, demonstran-
Finanças do Exército e demais órgãos governa- do sua importância e forçando o Centro a buscar
mentais, fomentando a busca por capacitação e compreender o que pode ser aperfeiçoado a fim
autoaperfeiçoamento. de alcançar os cem por cento de aprovação.
Fomenta-se, ainda, o uso das ferramentas Entre as informações apresentadas pelas
de Tecnologia da Informação, como o Sistema UGA foram relatados: “melhoria dos proces-
de Acompanhamento da Gestão (SAG) e o Te- sos”, “crescimento profissional”, “muito válido
souro Gerencial, aprimorando o controle inter- para o desempenho das funções diárias”, “aju-
no na UGA. da para dirimir dúvidas” e “aprendizado sobre
No final da visita, a equipe do Centro se reú- novas ferramentas”, ressaltando as contribui-
ne com o Ordenador de Despesas para transmi- ções positivas resultantes das orientações.
tir o feedback do que foi verificado e das áreas Ademais, o CGCFEx diligencia suas Unidades
que necessitam de maior apoio. visitadas para que apresentem as ações adotadas
Na fase de execução, a atividade realizada após a atividade e como se efetivou o aperfeiçoa-
junto a suas Unidades Gestoras Apoiadas, por mento dos processos. Assim, resta claro que as
meio de instruções atualizadas e atendimento UGA têm implantado novas rotinas, aumentado
particularizado, aumentam o grau de conheci- o número de cadastros e a utilização do SAG e au-
mento dos agentes da administração, a fim de mentado, também, as inscrições nos cursos dis-
evitar possíveis ações equivocadas. ponibilizados em busca da capacitação.

62 Revista O Gestor Militar


O retorno recebido pelas UG permite que legislações vigentes e atualizadas, dos exemplos
a atividade seja constantemente aperfeiçoada, de boas práticas e da observância às especifici-
seja observado que o conhecimento contribuiu dades de cada OM garante-se a atualização dos
para a melhoria da gestão, e se evidencie o grau gestores.
de satisfação dos gestores pelo apoio prestado Em contrapartida, por parte das UG, per-
em prol do desenvolvimento de suas funções cebe-se o acolhimento às orientações, a busca
administrativas. pela melhoria em seus processos e o agradeci-
mento pela ajuda dispendida.
Considerações finais As Visitas de Orientação Técnica reali-
zadas pelos Centros de Gestão, Contabilidade
O Exército Brasileiro acompanha a evolu- e Finanças do Exército são uma excelente ferra-
ção da Administração Pública na medida em que menta para que o Sistema de Economia e Finan-
intensifica as atividades de Orientações Técnicas ças do Exército Brasileiro promova o aprimora-
por meio de visitas às Unidades Gestoras. Os CG- mento das Unidades Gestoras, sanando dúvidas
CFEx realizam um excelente trabalho de acom- dos agentes da administração e entregando os
panhamento e suporte técnico às suas UGA por mecanismos necessários para gestão dos recur-
ocasião das VOT. sos com eficiência, governança efetiva e geren-
Assim, conforme verificado, a atividade ciamento dos riscos de forma eficaz, evitando
realizada contribui de forma significativa para a incidência de improbidades e irregularidades
o respeito aos princípios e fundamentos da Ad- e, consequentemente, gerando maior poder de
ministração Pública. Por meio da divulgação das combate.

Referências Brasileiro (EB20-MT-02.001), 1a Edição,2019.


Disponível em: https://rafaelauditoria.files.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS wordpress.com/2020/01/port_292_manual_
TÉCNICAS. ABNT NBR 6022: informação e tecnico_da_metodologia_de_gestao_de_
documentação: artigo em publicação periódica riscos_-do_eb.pdf. Acesso em: 29 jul. 2021.
técnica e/ou científica: apresentação. Rio de
Janeiro: ABNT, 2018. MINISTÉRIO DA DEFESA. Exército Brasileiro.
Secretaria-Geral do Exército. Portaria - C Ex
EXÉRCITO, 1º Centro de Gestão, Contabilidade Nº 987, de 18 de setembro de 2020. Institui a
e Finanças do. Ordem de Serviço nº 002 – S/1. Política de Governança do Exército Brasileiro
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Centro de Gestão, Contabilidade e Finanças do www.eb.mil.br/documents/10138/12613714/
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em: http://intranet.1cgcfex.eb.mil.br/index.php/ Ex%C3%A9rcito.pdf/5410d302-b08d-c663-ccaa-
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MINISTÉRIO DA DEFESA. Exército Brasileiro.


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de 26 de julho 2019. Aprova o Manual Técnico
da Metodologia de Gestão de Riscos do Exército

Secretaria de Economia e Finanças • Ano I, volume I, número I, Setembro de 2021 63

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