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DOSSIÊ DO PROFESSOR págin@as 10

TESTES DE AVALIAÇÃO

TESTE DE AVALIAÇÃO 2

GRUPO I
A. Lê o seguinte poema e consulta as notas apresentadas.

A mia senhor que eu por mal de mi


vi, e por mal daquestes olhos meus
e por que muitas vezes maldezi
mi e o mund’e muitas vezes Deus,
5 des que a nom vi nom er vi pesar
d’ al, ca nunca me d’ al pudi nembrar.

A que mi faz querer mal mi medês

e quantos amigos soía haver,


10 e desasperar de Deus, que mi pês,
pero mi tod’ este mal faz sofrer,
des que a nom vi nom er vi pesar
d’al, ca nunca me d’al pudi nembrar.

A por que mi quer este coraçom


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sair de seu lugar, e por que já
moir’ e perdi o sem e a razom,
pero m’ este mal fez e mais fará,
des que a nom vi nom er vi pesar
d’ al, ca nunca me d’ al pudi nembrar.
D. Dinis, https://cantigas.fcsh.unl.pt
(consultado em 19/09/20).

Responde de forma completa às seguintes questões.

1. Identifica, neste poema, três características do género cantigas de amor.

2. Com base na segunda e na terceira estrofes, indica duas consequências do poder da “senhor”.

3. Explicita o valor do refrão no contexto da cantiga.

NOTAS:
daquestes (verso 2) – destes.
des (verso 5) – desde.
er (verso 5) – de novo (voltar a).
al (verso 6) – mais nada.
ca (verso 6) – porque.
nembrar (verso 6) – lembrar.
mi medês (verso 7) – a mim mesmo.
soía (verso 8) – costumava.
que mi pês (verso 9) – ainda que me pese.
pero (verso 10) – embora, ainda que.
sem (verso 15) –juízo, senso.

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TESTES DE AVALIAÇÃO

B. Lê o seguinte poema e consulta as notas apresentadas.

Par Deus, infançom, queredes perder


a terra, pois nom temedes el-rei!
Ca já britades seu degred’, e sei
que lho faremos mui cedo saber:
5 ca vos mandarom a capa, de pram,
trager dous anos, e provar-vos-am
que vo-la virom três anos trager.

E provar-vos-á, das carnes, quem quer,

10 que duas carnes vos mandam comer,


e nom queredes vós d’ũa cozer;
e no degredo nom há já mester;
nem já da capa nom hei a falar:
ca bem três anos a vimos andar
no vosso col’e de vossa molher.
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E fará el-rei corte este mês,

e manda[rá]m-vos, infançom, chamar;


e vós querredes a capa levar
20 e provarám-vos, pero que vos pês,
da vossa capa e vosso guarda-cós,
em cas d’el-rei, vos provaremos nós,
que ham quatr’anos e passa[m] per três.
João Garcia de Guilhade, https://cantigas.fcsh.unl.pt
(consultado em 19/09/20).

Responde de forma completa às seguintes questões.

4. Explicita a sátira presente nesta cantiga.

5. Indica o tema desta cantiga de escárnio e maldizer.

6. Procede à análise formal da cantiga, relativamente à estrutura estrófica e à rima.

NOTAS:
infançom (verso 1) – infanção, cavaleiro nobre.
cedo (verso 4) – em breve, rapidamente.
ca (verso 5) – porque.
de pram (verso 5) – certamente, realmente.
e no degredo nom há já mester (verso 11) – no decreto (real) não há já necessidade desses rigores (de se comer apenas um prato de carne ou
mesmo nenhum, como é dito no verso anterior).
querredes (verso 17) – querereis.
pero que vos pês (verso 18) – ainda que vos pese.
guarda-cós (verso 19) – sobreveste.
cas (verso 20) – casa.
que ham quatr’anos e passa[m] per três (verso 21) – a capa e o guarda-cós pareciam ter três anos, mas tinham, na verdade, quatro.

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TESTES DE AVALIAÇÃO

C.
7. Tendo em conta a tua experiência de leitura da poesia trovadoresca, apresenta as suas principais características quanto à
temática, linguagem, estilo e estrutura, numa exposição de 100 a 170 palavras, fundamentando as tuas afirmações.

A tua exposição deve apresentar a seguinte estrutura:

• uma introdução ao tema;

• um desenvolvimento no qual identifiques dois aspetos temáticos e dois a nível formal;

• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

GRUPO II
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Catarina de Bragança
A Influencer maldita

Catarina era filha do rei de Portugal D. João IV, fundador da Dinastia de Bragança, e de
D. Catarina de Gusmão (ou Guzmán), uma dama espanhola que veio a ser rainha de Portugal. O facto de
se ter casado com o rei de Inglaterra sem nunca o ter visto não espanta, pois era essa, durante séculos, a
5 prática corrente entre famílias reais. Podemos considerar, isso sim, que o matrimónio nestas
circunstâncias era uma espécie de lotaria, mas, em boa verdade, acaba por sê-lo em qualquer contexto. O
que se passava, na realidade, era tratar-se de contratos de aliança entre os respetivos países e de uma
forma de se assegurar a continuidade do trono, através da descendência. O amor estava, evidentemente,
fora da equação. (...)
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Catarina era infeliz porque vivia num palácio, (...) ao princípio quase não entendia uma palavra do
que lhe diziam, batia o queixo com frio, tinha saudades de um céu azul e arriscava-se a apanhar grandes
chuvadas quando cavalgava. (...)
Mas se os suspiros que saíam do peito de Catarina não paravam de se fazer ouvir nos penumbrosos
15 corredores do Palácio de Whitehall, nem por isso ela deixou de desempenhar um papel afirmativo
naquela Corte do Norte.
A sua ação fez-se sentir sobretudo ao nível dos costumes (...) os ingleses tornaram-se loucos por chá.
(...) Ora reza a lenda que foi a nossa Catarina que levou o chá para Inglaterra. E, também, que por lá
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divulgou o uso do tabaco para introduzir nas narinas (ou seja o rapé) trazido no século anterior para
Portugal pelo embaixador francês Jean Nicot, de cujo apelido deriva a palavra ”nicotina”. E, como se
não bastasse, conta-se que foi ainda ela que levou o uso dos talheres para a grande e verde ilha de além-
Mancha. (...) De qualquer modo, agora sabe-se, e está demonstrado, que já se vendia chá em Inglaterra
alguns anos antes de Catarina lá ter chegado. Mesmo sendo assim, do que não há dúvida é que foi ela
que generalizou o seu uso (...) Por isso, podemos, sem dúvida, considerar Catarina uma influencer, para
usar uma palavra em inglês hoje corrente em todo o mundo. Porém, como nunca foi bem vista na Corte
de Whitehall, foi uma influencer maldita.
Luís Almeida Martins, Visão, n.º 14322, 13 a 19 de setembro de 2020, pp. 31-39.

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TESTES DE AVALIAÇÃO

1. No primeiro parágrafo, coexistem as intencionalidades de

(A) informar e de explicar.

(B) descrever e de persuadir.

(C) exprimir sentimentos e de narrar.

(D) informar e de comentar.

2. O casamento de Catarina com o rei de Inglaterra constituiu

(A) um exemplo único pela ausência de amor.

(B) a confirmação dos procedimentos adotados nas casas reais.

(C) um episódio histórico de pouca importância para Portugal.

(D) um exemplo de um acordo entre Portugal e Espanha.

3. D. Catarina de Bragança é considerada uma influencer por ter

(A) introduzido hábitos desconhecidos dos ingleses.

(B) tornado frequente o que era excecional.

(C) implementado hábitos portugueses em Inglaterra.

(D) apresentado modas inovadoras.

4. No contexto em que surge, a expressão “estava fora da equação” (ll. 7-8) significa

(A) estar ausente do contrato de casamento.

(B) situar-se do lado exterior.

(C) ser um aspeto menosprezado.

(D) ter importância relativa.

5. Na evolução do vocábulo “verde”, proveniente do étimo latino VIRIDEM, ocorreram os seguintes processos fonológicos:

(A) apócope, síncope e metátese.

(B) apócope, síncope e dissimilação.

(C) síncope, apócope e assimilação.

(D) apócope, síncope e redução vocálica.

6. Identifica o referente de cada um dos pronomes

a) “acaba por sê-lo em qualquer contexto” (linhas 5-6);

b) “que por lá divulgou” (ll. 16-17).

7. Indica a modalidade e o valor modal expressos em “Por isso, podemos, sem dúvida, considerar Catarina uma influencer”
(linhas 22-23).

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TESTES DE AVALIAÇÃO

GRUPO III
Os influencers ditam a moda, compartilham conhecimento, dão dicas e envolvem o seu público de diversas maneiras.

A partir da frase anterior, redige uma exposição bem estruturada, com um mínimo de cento e cinquenta e um máximo de
duzentas palavras, na qual respeites as marcas específicas deste género textual.

O teu texto deve incluir:

• uma introdução ao tema;

• um desenvolvimento com exposição e respetiva fundamentação;

• uma conclusão adequada à exposição apresentada.

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