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Periodização do Treinamento Desportivo

A periodização do treino não pode ser vista como uma parte isolada do TODO que é o planejamento do treino.
Constituí uma fase do processo de elaboração do planejamento anual e procura responder à necessidade de unir
todas as variáveis, que constituem o programa da preparação dos atletas.
Periodização
Por periodização, compreendemos a divisão do ano de treino, em períodos particulares de tempo com objetivos e
conteúdos bem determinados.
A razão desta divisão, baseia-se no fato de saber-se hoje, que qualquer atleta ou equipe, não pode manter
permanentemente um nível elevado de rendimento desportivo.
Terá de construir, manter e reduzir a sua capacidade de rendimento.
A periodização do treino, está intimamente ligada à divisão em fases da forma desportiva, ou seja:
Uma primeira fase de DESENVOLVIMENTO em que os atletas adquirem uma base geral e
específica, para melhorar o rendimento;
Uma segunda fase de CONSERVAÇÃO dos níveis adquiridos, com a possibilidade de os elevar a
níveis superiores, pela manipulação da dinâmica da carga;
Uma terceira fase de REDUÇÃO ou quebra temporária, dos níveis de rendimento.

Fatores que condicionam a periodização:


O quadro competitivo — que irá determinar a divisão do ano nos diversos ciclos, tendo-se em
consideração as competições ou períodos de competições mais importantes;
As leis principais do treino — que definem as seqüências e conteúdos dos diferentes ciclos de treino, de
modo que o efeito da carga conduza a adaptações funcionais positivas.

O quadro competitivo
O calendário é a determinante principal da periodização do treino. Segundo MATVEIEV, o quadro deve
respeitar os seguintes princípios:
a) Distribuir as competições de modo que as mais importantes se concentrem no período competitivo
(ou períodos);
b) O número de competições deve servir, para a melhoria da capacidade de rendimento desportivo;
c) As competições, devem ordenar-se de modo a crescerem em importância e dificuldade;
d) O período de competição importante não deve coincidir com o período de preparação geral ou
específica;
As leis ou princípios do treino
A construção da forma desportiva, ocorre através da utilização racional dos princípios que fundamentam o treino
desportivo, a saber:
A sistematização do processo de treino;
A unidade entre a preparação geral e a específica;
A continuidade do processo de treino;
O aumento progressivo da carga;
A organização cíclica da carga.

Princípio da sistematização do processo de treino


Para que um atleta possa atingir a idade da maturação biológica favorável à prestação de resultados de nível
técnico superior, é necessário que a sua carreira seja devidamente organizada. Esta organização, corresponde a
definição das fases de preparação com objetivos, conteúdos, métodos e meios de treino adequados.
Em síntese, encontramos três etapas bem definidas: a formação de base, o treino de base ou de orientação e a de
especialização e alta competição.

A unidade entre a preparação geral e especifica


Só ocorre um progresso em qualquer modalidade esportiva através do desenvolvimento geral das capacidades
funcionais do organismo e do desenvolvimento múltiplo das possibilidades físicas e psicológicas
Isto explica-se porque:
treino consiste na unidade orgânica dos sistemas e funções;
Quanto mais amplo o conjunto de hábitos motores assimilados pelo desportista, mais favorável serão as
premissas para que se constituam novas formas de movimento.

A continuidade do processo de treino


Para que o atleta possa atingir a última etapa da sua formação, melhorando progressivamente os seus resultados,
é necessário que o processo de treino decorra ao longo dos anos, visando o seu constante aperfeiçoamento.

O aumento progressivo da carga


O volume é a intensidade devem ser sempre devidamente organizados numa proporção correta que garanta o
efeito desejado, isto é definido de acordo com o valor do atleta.
Uma correta relação deve ser encontrada através dos testes onde podemos determinar:
A capacidade de rendimento;
Os fatores da capacidade do rendimento;
As qualidades psicológicas para a prestação;
Em síntese: se não existir um aumento da carga, não se processarão no organismo as adaptações
necessárias ao progresso do atleta.

Organização cíclica da carga


E a divisão do processo de treino em fases ou períodos onde o desenvolvimento das qualidades físicas, técnicas e
táticas, terão de ser corretamente interligadas para possibilitar o desenvolvimento do atleta.
Normalmente a organização da carga ocorre em forma de ciclos. Estes, distribuem a carga por uma semana, mês,
meses, ano ou vários anos.
O caráter cíclico do treino, significa que o esforço e a recuperação se alternam num ritmo determinado, isto é,
verifica-se um aumento progressivo da carga até se atingir a carga limite, seguindo-se de uma fase de diminuição
da carga total para possibilitar ao organismo um período suficiente de recuperação.
Os treinos podem ser caracterizados como FORTES, MEDIOS e FRACOS com objetivos e conteúdos
particulares.
Na metodologia, o ano de treino é dividido em vários períodos que assumem as seguintes designações: período
preparatório, competitivo e transitório.

Os Sistemas de Periodização
Encontramos na atualidade diversos sistemas de periodização:
Periodização simples;
Periodização dupla;
Periodização tripla;
Periodização “pendular” ou “saltos”;
Periodização em blocos ou “concentrada”.
A periodização simples
Os sistemas de periodização simples, dupla e tripla, são conseqüência das investigações realizadas por
MATVEIEV, e têm como suporte científico a Síndrome de Adaptação Geral (SAG) de SELYE.
O número de competições irá determinar a divisão no ano em períodos distintos.
Estes períodos corresponde às fases de construção, conservação e redução da forma do atleta.
Numa periodização deste tipo, a componente da carga a predominar é o volume de trabalho.

Na periodização simples, encontramos variantes que se aplicam conforme a modalidade desportiva. O


calendário e o regulamento específico de cada modalidade, é que irão determinar a opção a fazer quanto ao tipo de
variante a selecionar.

Periodização dupla
É normalmente utilizada nas modalidades desportivas que têm numa temporada dois momentos com
competições importantes.
Este tipo de periodização é caracterizada pela existência de dois períodos de preparação, dois períodos de
competição e dois ou um só período de transição. O 1 O período de preparação é mais longo que o 2 O período de
preparação, e, normalmente o 1O período de competição é mais curto que o 2O período de competição. Quanto ao
período de transição a existência de um ou dois depende da intensidade da primeira periodização.
Quanto à dinâmica da carga, ocorre a predominância do Volume sobre a Intensidade na 1a fase da periodização,
e, exatamente o contrário, na 2a fase.
A existência de dois pontos altos numa temporada é típico dos desportos individuais em geral, e representa uma
elevada intensidade no final da temporada.

Periodização Tripla
O sistema de periodização tripla é caracterizado por ter:
1o Macrociclo
 Um 1o período de preparação
Um 1o período competitivo
Um 1o período de transição (podendo mesmo nem existir)
2o Macrociclo
Um 2o período de preparação
Um 2o período competitivo
Um 2o período de transição
3o Macrociclo
Um 3o período de preparação
Um 3o período competitivo
 Um 3o período de transição
Também neste sistema a competição mais importante surge no final do 3o período competitivo.
Analisando a dinâmica da carga do treino, o Volume atinge seu maior valor no 1 o período de preparação,
reduzindo no 2o, para subir ligeiramente (em relação ao valor do 2o) no 3o período preparatório.
A Intensidade vai subindo progressivamente ao longo de toda a temporada, alcançando o seu valor máximo no
final do 3o período de competição.
Trata-se de uma periodização aplicada apenas a atletas já numa fase de treino de alto rendimento.
Para atletas de nível internacional ou olímpico, a tendência tem sido recorrer a outros sistemas de periodização,
cuja direção do processo de treino possibilita rendimentos elevados ao longo das temporadas desportivas.

Periodização Pendular (em saltos)


AROSJEV é o autor da proposta da estruturação do treino segundo o princípio do “pêndulo”. Esta alternância
“pendular” e sistemática realiza-se entre a carga específica e a carga geral, sem existir qualquer interrupção, e de
forma que o maior valor do treino específico coincida com a competição mais importante.
Esta estrutura possibilita o aumento dos momentos em que o atleta esteja em forma, embora pelo caráter
“agressivo” da carga, apenas possa ser utilizada em períodos curtos de tempo.
VAROJEV (1974) , introduziu alterações apresentando uma modalidade de carga em “SALTOS”, tanto em
volume como em intensidade, com o objetivo de eliminar os desgastes das funções neuro-musculares ocorridos
através de estímulos exagerados da carga.
Preferencialmente aplicado no Halterofilismo, esta forma estende-se na atualidade às modalidades cujo o
sistema neuro-muscular seja mais solicitado.

A periodização em blocos
Naturalmente aplicada ao treino de alta competição, a proposta de VERKOCHANSKY baseia-se no princípio de
que, para um rendimento máximo, não só devemos planejar a carga de treino como prever igualmente a evolução
técnica e tática do atleta.
Assim, a proposta toma aspectos práticos, ao trabalharem-se as qualidades físicas concentradas num bloco,
seguido de outro para o treino da técnica, etc..

Atendendo a estes critérios, propõe dois ciclos anuais em que o gráfico da carga é distribuída em blocos.
Naturalmente que este trabalho em blocos, obriga a uma cuidadosa seleção dos meios de treino.
Variantes
BONDARCIUK, propõe alternativas nos aspectos estruturais (ciclos) da periodização, a qual desenvolve
mediante duas idéias fundamentais:
1o O atleta é uma unidade e como tal deve ser treinado;
2o Eliminar a preparação geral, pelo fato dos movimentos utilizados, serem de duvidosa transferência aos
gestos específicos da competição.

Ocorre uma fase de estabilização do rendimento, importante para o controle da forma até a data da competição e
a partir desse momento, pode-se alargar este período ou provocar uma redução e iniciar um novo ciclo.
TSCHINE, mantém a idéia da necessidade do alto rendimento quase permanentemente ao longo da temporada.
A sua proposta baseia-se na existência de um elevado volume de treino, acompanhado por uma elevada
intensidade durante todo o ciclo.
Para que os atletas não atinjam níveis de fadiga muito elevados, intercala cada período com um intervalo
profilático. Esta estrutura é aplicada principalmente às modalidades que utilizam componentes de força explosiva
e com duas fases de competições diferenciadas.

A periodização do treino em jovens


Está internamente ligada às etapas de formação dos jovens e que são fundamentais em todas as modalidades.
Distinguindo duas etapas: Formação Geral e a de Orientação ou Formação Específica.

Etapas de formação geral


Não se torna importante, nesta etapa, a existência de uma periodização de treino.
Esta etapa é caracterizada mais pelo conteúdo do treino com objetivos de desenvolver os pressupostos
biológicos e técnicos que servirão de suporte às etapas seguintes.
As competições serão reduzidas e separadas no tempo e têm mais como objetivo, observar o comportamento do
atleta e avaliar a sua preparação (técnica e rendimento).

Etapas de formação específica


Pelo aumento da participação em competições e pela progressão da carga, torna-se necessário introduzir nesta
etapa uma periodização adaptada às circunstâncias.
A proposta de TSCHIINE, divide a temporada em vários ciclos de atividades, de acordo com as interrupções
para as férias escolares. As competições são distribuídas ao longo da temporada e têm como objetivo avaliar o
trabalho desenvolvido.
Já MATVEIEV, propõe o sistema de periodização simples ou dupla pelo caráter da carga, adapta-se
perfeitamente ao treino dos jovens. Um cuidado a ter é encontrar a proporção ideal entre o treino geral e o
específico, próprios para cada fase do treino e para cada faixa etária.
 

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