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Design e Imaginário:
Os projetos de cartaz para filmes do subgênero realismo fantástico
Pelotas/RS
2010
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Design e Imaginário:
Os projetos de cartaz para filmes do subgênero realismo fantástico
Pelotas/RS
2010
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Resumo
Abstract
Sumário
1. Apresentação do Objeto......................................................................... 06
3. Imaginário e Design............................................................................... 17
4. Opções Metodológicas........................................................................... 24
5. Cartazes e o Imaginário......................................................................... 27
6. Prática.................................................................................................... 41
7. Conclusão.............................................................................................. 49
8. Referências Bibliográficas..................................................................... 50
Lista de Figuras
1. Apresentação do objeto
De que são feitas as coisas que percebemos do início do nosso dia até o
momento de nos deitarmos para dormir? Sobre a influência midiática à qual
está exposta a população dos Estados Unidos, tomando o exemplo de uma
nação que é uma espécie de “pulmão” que emana pulsões informativas
constantemente a todo o globo, estima-se que cada indivíduo esteja submetido
a mais de 1500 emissões publicitárias por dia, sob formas ostensivas,
disfarçadas ou subliminares1, dado referente ao ano de 1993, quando a
internet ainda representava uma importância muito menor no dia-a-dia do
americano do que hoje, por exemplo.
Por meio de nossos sentidos, captamos estas marés de informação
composta que giram em fluxo constante nas ruas, no ambiente em que
vivemos, e que estão por toda a parte, em ressonância. Bebemos todos da
afluência da comunicação, ao mesmo passo em que sintetizamos a
informação, atribuímos significado, seja de forma voluntária ou não.
Algumas partes dessa captação se relacionam conosco de uma forma
pessoal, íntima, afetiva, de acordo com nosso trajeto antropológico. Este trajeto
consiste em ser, segundo definição de Gilbert Durand: “a incessante troca que
existe ao nível do imaginário entre as pulsões subjetivas e assimiladoras e as
intimações objetivas que emanam do meio cósmico e social” (DURAND, 2002,
p. 41).
Diante de tais definições, podemos especular que o comunicador visual,
bem como o social, é um mediador na relação das possibilidades do campo
imaginal com a sociedade. Essa relação se expande de maneira ainda mais
desenfreada através de meios de comunicação que transcendem fronteiras
territoriais, em casos como o do cinema, e é ainda mais latente na internet. São
1
EMERY, Edwin, AULT, Philip e AGEE, Warren. Introduction to Mass Communication. In:
VIRILIO, Paul. A Arte do Motor. São Paulo: Estação Liberdade, 1996.
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Teaser é uma técnica utilizada para chamar a atenção da audiência de forma a provocar a
curiosidade, a atrair para a grande revelação que acontecerá a seguir, nos próximos capítulos
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do anúncio. Seja na próxima página de uma revista, no próximo outdoor de uma loja, ou no
comercial de algum programa, etc. No caso específico da produção cinematográfica, irá
anteceder ao cartaz, geralmente indicando alguma pista sobre o filme.
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Tradução do autor do trabalho. Texto original em inglês: “Atmosphere is the all-important
thing, for the final criterion of authenticity is not the ovetailing of a plot but the creation of a given
sensation. (…) Therefore we must judge weird tale not by the author's intent, or by the mere
mechanics of the plot; but by the emotional level which it attains at its least mundane point.
(…)The one test of the really weird is simply this—whether or not there be excited in the reader
a profound sense of dread, and of contact with unknown spheres and powers”.
LOVECRAFT, Howard Philips. Supernatural Horror in Literature. Edição digital. Disponível em:
http://capacitorfantastico.blogspot.com/2009/07/supernatural-horror-in-literature-by-h.html
Acesso em: 30 de out. 2009.
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O termo blockbuster, de tradução literal “arrasa-quarteirão”, é usado para fazer referência a
peças ou filmes de orçamento alto, que alcançam enorme sucesso comercial, gerando grandes
bilheterias.
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3. Imaginário e design
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De acordo com Nazário, Tirano pode significar a presença de um personagem sinistro que
possui poder para controlar: “É numa jovem República estremecida que o expressionismo
chega às telas, desenvolvendo um modo fantasmagórico de narrativa e uma dramaturgia do
horror, em alegorias que giram, quase sempre, em torno de um personagem sinistro ou
mágico, que concentra grande poder em suas mãos, capaz de dominar os indivíduos e
controlar a realidade que os cerca pela liberação de forças expedicionárias”. (NAZÁRIO, 1983,
p.22).
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4. Opções metodológicas
5. Cartazes e o Imaginário
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O hiper-realismo, também chamado de realismo fotográfico ou fotorrealismo, é um estilo
artístico que procura mostrar uma grande abrangência de detalhes, o que faz da obra objeto
muito mais detalhado do que uma fotografia ou do que a própria realidade: hiper-realista.
As peças hiper-realistas, por apresentarem uma preocupação com os detalhes bastante
minuciosa e pessoal, geram um efeito de irrealidade, formando a premissa paradoxal: "É tão
perfeito que não deve ser real".
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FIGURA 13: O anjo do lar, de Max Ernst, mostra mais um ser híbrido
mãe em uma situação instável e o ambiente da guerra civil por sua volta. Esta
atmosfera mágica é refletida e circunda o audiovisual, inclusive, a ilustração do
cartaz lembra em algo os contos de fadas. A representação pictórica, as luzes
muito brilhantes esporádicas e o tema azulado da noite reforçam essa
impressão.
Em Mirrormask este processo também pode ser observado. Quando
Helena percebe que está envolta por um mundo de fantasia, lembramo-nos dos
seus desenhos, sua fuga do cotidiano. Também aqui parece presente o mundo
interior da personagem, adjacente ao mergulho no fantástico. A protagonista
tem em sua vida um cotidiano circense que a desagrada, a constância dos
espetáculos e problemas familiares e afetivos que vemos refletirem-se na
esfera de fantasia do filme. Além do ambiente de picadeiro, os rascunhos de
Helena mostrados ao longo do filme fazem parte da junção entre os
acontecimentos da linha narrativa e a linguagem visual. No cartaz, a
personagem segurando a máscara da ilusão pára sobre um chão repleto de
desenhos seus, enquanto que no topo está o mundo fantástico projetado,
produto, dentre outras coisas, do seu mundo interior.
6. Prática
Uma Voz Dentro da Noite foi um conto escrito pelo inglês William Hope
Hodgson, em 1907. Está ambientado num meio de suspense, e terror. A
atmosfera visual do conto situa-se em maior parte no mar aberto, sobre
condições de visibilidade dificultadas pela ação de uma névoa espessa. O
autor faz a história transmitir sensações de apreensão, medo, silêncio,
expectativa e curiosidade. Hodgson, durante sua carreira como escritor,
constantemente escreveu histórias relacionadas à vida no mar, por ter servido
como ajudante de marinheiro por muitos anos. Nesta, ele fala sobre um casal
náufrago que se vê isolado em uma ilha tomada por liquens e fungos
pegajosos, que misteriosamente parecem cativar aos dois. O homem sai em
alto mar em busca de comida, e acaba relatando a alguns marinheiros a sua
história, mas não quer mostrar seu rosto, deixando os marujos angustiados, por
quererem ajudar a um estranho que resiste em mostrar sua face. Com o
desenrolar do conto, o homem revela que ele e sua esposa foram tentados a
comer o estranho líquen, que parecia ter vida própria, e crescia
exponencialmente por todo lugar onde passava. Ao final, revela-se que o
homem já estava tomado pelos fungos, tornando inclusive sua aparência
semelhante a de um, e o homem vai embora para a ilha, deixando os
marinheiros espantados e comovidos pela situação.
Alguns trechos que podem servir como referência na construção do
objeto prático de pesquisa, seja por apresentar alguma descrição visual ou
desenhar parte da atmosfera presente durante a leitura do conto:
Chamaram de novo: era uma voz rouca que não tinha nada de
humano, que se elevava de algum lugar, a estibordo, na noite
escura.
- Ei, vocês de bordo!
- Ei! – respondi, depois de recobrar o ânimo. – Quem é você e o
que deseja?
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A partir deste ponto a narração passa a ser pela voz do homem que foi
pedir ajuda, contando sobre o naufrágio do navio Albatroz e como ele e sua
esposa sobreviveram:
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Disponível em: http://www.sxc.hu. Acesso em: 21/12/09
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que apresenta a faceta noturna do conto, que permeia quase toda a história.
Os elementos atmosféricos que têm presença no cartaz, como a névoa, o azul,
as sombras, também aparecem nesta peça, mantendo uma identidade concisa
para apresentar a obra como um todo. No topo vêem-se os liquens, que têm
presença importante na narrativa do conto, praticamente cumprindo o papel de
um tirano, que não se percebe representado por nenhuma das personagens.
Estes liquens têm função semelhante à da tipografia no centro, que apresenta
a data de estréia do hipotético filme: gerar um sentimento de curiosidade no
espectador que se depara com a peça.
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7. Conclusão
8. Referências Bibliográficas
HODGSON, William Hope. Uma Voz Dentro da Noite. In: Histórias Fabulosas
de Grandes Autores Clássicos e Modernos. Rio de Janeiro: Monterrey, 1968.