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DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE NO PERÍODO DA

LATÊNCIA

Marcia Londero Fabricio1,


1
Acadêmica do Curso de Psicologia – ULBRA, Santa Maria, RS
e-mail: fabriciomarciajuan@ibest.com.br.
2
Bibiana Godoi Malgarim, Professora do Curso de Psicologia da Faculdade Lutera do Brasil - ULBRA,
Santa Maria, RS
e-mail: bmalgarim@yhaoo.com.br

1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento humano é constituído de estudos científicos de como as pessoas
mudam e também de como as características permanecem estáveis durante a vida.
(PAPALIA, 2006).
É importante conhecer as idéias que norteiam a concepção acerca da criança em cada
período do seu desenvolvimento, para que possamos compreender melhor o lugar da
mesma na sociedade contemporânea.
Freud retrata a importância dos pensamentos, dos sentimentos e das motivações
inconscientes; do papel das experiências de infância na formação da personalidade; da
ambivalência das respostas emocionais especialmente dos pais; dos modos mediante os
quais as imagens mentais dos primeiros relacionamentos influenciam os relacionamentos
posteriores. (PAPALIA, 2006).
Nesse sentido diante desta complexidade, o presente trabalho tem por objetivo analisar
alguns autores que tratam sobre o desenvolvimento da personalidade no período da
latência.

2. DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE NO PERÍODO DA LATÊNCIA


O desenvolvimento humano é constituído de estudos científicos de como as pessoas
mudam e também de como as características permanecem estáveis durante a vida.
(PAPALIA, 2006).
O conceito dos períodos do ciclo de vida é basicamente uma construção social, onde o
ideal acerca da natureza da realidade é aceito pelos integrantes da sociedade numa
determinada época, baseado em percepções ou suposições subjetivas compartilhadas,
sendo um momento objetivamente definível em que uma criança se torna um adulto ou
quando uma pessoa jovem torna-se velha. As diferenças etárias são aproximadas e um
tanto arbitrárias e, além disso, existem diferenças individuais no modo como as pessoas
lidam com os eventos e com as questões características de cada período. Apesar dessas
diferenças, os cientistas acreditam que certas necessidades básicas do desenvolvimento
devem ser dominadas durante cada período de vida para que o desenvolvimento normal
possa acontecer. (PAPALIA, 2006).
A terceira infância acontece aproximadamente dos 6 aos 11 anos de idade. Este
período costuma ser chamado de período escolar. A escola é a experiência central
durante esse período. Ocorrem grandes mudanças no físico, cognitivo e psicossocial, pois
a crianças tornam-se mais altas, mais pesadas e mais fortes, adquirem as habilidades
motoras necessárias para participarem de jogos e de esportes organizados. Ocorrem
também mudanças no pensamento, no julgamento moral, na memória e na capacidade de
ler e escrever. Suas diferenças individuais tornam-se mais evidentes, e as necessidades
especiais mais importantes, pois as competências acabam influenciando o êxito na
escola, a sua auto-estima e a popularidade. Neste período o grupo de amigos torna-se
muito importante e é mais influente do que antes, pois as crianças, através do contato
com outras se desenvolvem física, cognitiva, emocional e socialmente. (PAPALIA, 2006).
O período da latência é uma organização funcional defensiva, que torna a criança mais
calma, manejável e educável. A organização do estado de latência depende do
desenvolvimento da função simbólica, da eficácia da repressão, da reestruturação da
memória e do estabelecimento da constância corporal. Nesta fase, ocorre uma
reorganização complexa das defesas, apoiadas em dois pilares: no plano afetivo, a
utilização de mecanismos obsessivos e, no cognitivo, o início do funcionamento das
estruturas de operações concretas. Esse período é marcado por grande sofrimento para a
criança, pois por qualquer motivo, se vê comprometida na sua capacidade de aprender
tanto formalmente, na escola, como informalmente, nos esportes, nas competências
sociais e de independência. (EIZIRIK, 2001).
O equilíbrio da latência é concretizado quando forem dados os passos em direção à
resolução do complexo de Édipo, estruturando dentro da criança capacidades crescentes
de empatia e intersubjetividade. Durante este período a criança estabelece com os pais
um relacionamento em um grau de neutralidade, pois suas imagens não são tão
idealizadas. As diversas aprendizagens adquiridas neste período contemplam as
demandas sociais da cultura dos pais e da escola, proporcionando assim uma melhor
inserção do púbere no meio dos adultos por meio de sua ação competente. (EIZIRIK,
2001).
A fase da latência na teoria de Freud tem sua origem na dissolução do complexo de
Édipo, a qual ocorreu na fase fálica. Esta fase acontece dos 6 aos 12 anos de idade.
Neste período ocorre uma pausa na evolução da sexualidade, este fato não significa
necessariamente que a criança não tenha nenhum interesse sexual até chegar à
puberdade, mas principalmente que não se desenvolverá nesse período uma nova
organização da sexualidade. O surgimento de sentimentos de pudor e repugnância, a
identificação com os pais, a intensificação das repressões e o desenvolvimento de
sublimações são características deste período.
Podemos dizer que este período para Erikson é marcado, pelo controle, trata-se do
controle da atividade, tanto física como intelectual, no sentido de equilibrá-la às regras do
método de aprendizado formal, já que o principal contato social se dá na escola ou em
outro meio de convívio mais amplo do que o familiar. A criança nesta idade sente que
adquiriu competência ao dedicar-se e concluir uma tarefa, e sente que adquiriu habilidade
se tal tarefa foi realizada satisfatoriamente. Este prazer de realização é o que dá forças
para o ego não regredir nem se sentir inferior. Se falhas seguidas ocorrerem, o ego pode
se sentir levemente inferior e regredir, retornando às fantasias da fase anterior ou
simplesmente entrando em inércia. A criança agora precisa de uma forma ideal, ou seja,
regulada e metódica, para canalizar sua energia psíquica. Ela encontra esta forma no
estudo, que lhe dá a sensação de conquista e de ordem, preparando-o para o futuro, que,
aos poucos, passa a ser uma das preocupações da criança. É nesta fase que ela começa
a dizer, o que quer ser quando crescer, como uma iniciação no campo das
responsabilidades e dos planejamentos. A ordem e as formas técnicas passam a ser
importantes para as crianças desta fase. (RABELLO, 2001).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde o nascimento, o bebê vai tendo experiências na relação com sua mãe ou com
quem o cuida que lhe vão permitindo, de forma rudimentar, considerar o que é igual ou
diferente. Ao cuidar do bebê, a mãe deverá ser capaz de atender à sua maneira, as
necessidades do mesmo. Os gestos ou tipos de cuidados fazem com que o bebê aprenda
a discriminar as suas sensações do ambiente externo. Dessa maneira, é de suma
importância que o cuidador tolere sensivelmente o desconforto do bebê, administrando os
cuidados necessários afetivamente, para que a criança possa adquirir condição emocional
para o seu desenvolvimento no futuro.
Realmente, é no processo de formação dos conceitos ocorridos durante a infância, que
a educação tem fundamental importância, pois é pela mediação estabelecida durante
todos os momentos que vamos lançar mão dos conhecimentos sistematizados pelas
diferentes ciências, como forma de representação e leitura do real. São esses
conhecimentos que vão indicar como o ser humano apreendeu, compreendeu, interpretou
e se modificou.
A fase da latência consiste num momento chave para a organização psíquica e o
desenvolvimento emocional e sua compreensão precisa ser buscada mais além das
formas sutis em que opera esta organização psíquica e além do seu encobrimento
manifesto, pois a fase de latência se caracteriza mais pela estreiteza do ângulo de visão
do psicanalista do que pela pobreza da fantasmatização da criança. (URRIBARI, 1999).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e
documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2000. 22 p.
CLONINGER, Susan C. Teorias da personalidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
EIZIRIK, Cláudio Lanks, KAPCZINSKI, Flávio, BASSOL, Ana Margareth Siqueira. O ciclo
de vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 2001.
ERIKSON, E. H. Infância e Sociedade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1987.
_____ 1998. O ciclo da vida completo. Porto Alegre: Artes Médicas.
PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento Humano. 8ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
RABELLO, E. T. Personalidade: estrutura, dinâmica e formação – um recorte
eriksoniano. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Fundação Oswaldo Cruz,
Rio de Janeiro 2001.
URRIBARI, R. "Descorriendo el velo sobre el trabajo de la latencia". REVISTA
FEPAL, vol 3,1999.

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