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WALLACE
Gramática
Grega
Com índice Bíblico e Palavras Gregas
Daniel B.
WALLACE
ISBN : 978-85-7414-023-0
O N ovo Testam ento Grego, ed itad o por B arbara A land, K urt Aland, J. K aravidopou los, Cario M.
M artini, e B ruce M . M etzger. Q uarta Edição Revisada. © 1966, 1968, 1975, 1983, 1994 pela U nited
Bible Societies. U sado com perm issão.
N enhum a parte deste livro pode ser reproduzida, arm azenada em sistem a de processam ento de
dados ou transm itida em qualquer form a ou por qualquer m eio - eletrônico, m ecânico, fotocópia,
gravação ou qualquer outro - exceto para citações resum idas com o propósito de rever ou comentar,
sem prévia autorização dos Editores.
e em memória de
SINTAXE
Sintaxe de Palavras e Locuções
Parte I: Sintaxe dos Nomes e Formas Nominais
Os Casos
Os Casos: Introdu ção.................................................................................. 31
Caso N om inativo..........................................................................................36
Caso V ocativo.................................................................................................65
Caso G en itivo .................................................................................................72
Caso D a tiv o .......................................................................................... 137
Caso A cu sa tiv o ........................................................................................... 176
O Artigo ................................................................................................................. 206
Parte I: Origem, Função, Usos Regulares eA u sên cia................... 206
Parte II: Usos Especiais e o Não Uso do A rtig o ......................255
A d jetivos................................................................................................................. 291
P ronom es................................................................................................................ 315
P rep o siçõ es .............................................................................................. 355
Parte II: Sintaxe de Verbos e Formas Verbais
Pessoa e Número .................................................................................................390
Voz .............. 407
A tiv a ............................................................................................................... 410
M éd ia .................................................................................................... 414
P assiv a ............................................................................................. 431
M o d o ........................................................................................................................ 442
In d icativ o .......................................................................................................448
Subjuntivo......................................................................................................461
Optativo ....................................................................................................... 480
Im p erativ o ....................................................................................................485
v iii
T e m p o ......................................................................................................................494
Os Tempos: In tro d u ção ........................................................................... 494
P rese n te..........................................................................................................513
Im p erfeito ..................................................................................................... 540
A o risto ............................................................................................................554
F u tu ro .............................................................................................................566
Perfeito e M ais que P erfeito....................................................................572
O In finitivo.............................................................................................................587
O P articíp io.................. 612
Sintaxe das Orações
Introdução às Orações G reg as........................................................................................... 656
O Papel das C o n ju nçõ es...................................................................................................... 666
Estudos Especiais nas Orações
Sentenças C ond icionais.............................................................................................. 679
Orações Volicionais (Ordem e P roibições)...........................................................713
Sumário Sintático .............................................................................................................726
índice de Assuntos................................................——.—...—.....—.——....—.....—.....—.—- 765
índice de Palavras G regas............................................................................................... 788
índice Bíblico .........795
Prefácio à Edição Brasileira
Alexandre, o Grande, foi o primeiro a patrocinar uma gramática de grego para en
sinar estrangeiros. Pouco depois, a gramática passou a ser o livro para ensinar os
próprios gregos a sua língua. Elaborada, é claro, pelo prisma prático para que o na
tivo de outra língua aprendesse o grego de forma rápida. Daí vem a origem da gra
mática descritiva, coisa muito familiar a nós estudantes da língua grega. As gramá
ticas descritivas não se interessam nos porquês; simplesmente diz: aceite.
"O problema sobre o argumento é que ele move toda a batalha para o outro lado,
para o campo do próprio inimigo. O inimigo também pode argumentar" (C.S.
Lewis). Daniel Wallace nessa Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Tes
tamento, cruzou as fronteiras e veio preparado para nos convidar a repensar o nos
so conceito de exegese.
Dr. Daniel B Wallace tem influenciado estudantes em vários países no mundo atra
vés desse livro-texto sobre o grego intermediário que agora chega ao Brasil. Essa
gramática grega é usada por mais de dois terços dos seminários no mundo que en
sinam grego intermediário. Aqui nos Estados Unidos não conheço um único semi
nário evangélico que não a use como livro texto.
Estou certo de que a Teologia Bíblica e a Exegese do Novo Testamento em solo bra
sileiro recebem uma contribuição essencial para seu desenvolvimento.
B. M otivação
Minha motivação não mudou desde o princípio: encorajar os estudantes a irem
além das categorias gramaticais e verem a relevância da sintaxe para a exegese.
Como alguém que ensina tanto gramática quanto exegese, tenho sentido essa
necessidade aguda. Normalmente, quando um aluno completa o grego interme
diário, a desilusão e a desmotivação iniciam a "morte das categorias". A gramá
tica grega tem uma forte tradição de dar listas infindáveis dos vários usos
morfossintáticos e poucas ilustrações. Isso segue o modelo das gramáticas clás
sicas, que discutem muitos conceitos lingüísticos (pois as expressões de qual
quer língua têm que ser baseadas em exemplos claros).3 Entretanto, com tal abor
dagem para o NT, o aluno terá facilmente uma impressão artificial de como a
classificação sintática, quase que naturalmente, ligará a si mesma às palavras
em determinada passagem. Isso dará à exegese a patente científica que merece.
Quando o estudante do grego ficar frente a frente com qualquer exercício
exegético, a impressão oposta (e igualmente falsa) surgirá: a exegese é a arte de
importar a visão de alguém para dentro do texto, através da coleta seletiva de
uma classificação sintática que esteja em harmonia com seu entendimento pré
vio. A primeira atitude vê a sintaxe como uma tarefa exegética fria e rígida,
tanto indispensável quanto desinteressante. A última pressupõe que o uso da
sintaxe na exegese é simplesmente como um jogo wittgensteiniano feito pelos
comentaristas.
Assim, muito da exegese não está propriamente baseada na sintaxe, assim como
muitas das obras sobre sintaxe mostram pouca preocupação exegética. O re
sultado dessa dicotomia é: o estudante intermediário não vê a relevância sintá
tica para a exegese e os exegetas, muitas veze-s, fazem mau uso da sintaxe em
seu fazer exegético. Essa obra tenta oferecer uma proposta corretiva inicial para
isso ao fundamentar a exegese nas expressões da língua e ao orientar a sintaxe
de acordo com seu valor exegético.
C. D istintivos
1. Exemplos exegeticamente significantes
Depois que forem notadas as ilustrações claras de certa categoria particular,
haverá muitos exemplos ambíguos e exegeticamente significantes. Tais pas
sagens são usualmente discutidas com algum detalhe. Isso não somente da
sintaxe algo mais interessante, mas também encoraja o estudante a começar
a pensar exegeticamente (e a reconhecer que a sintaxe não elimina todos os
problemas interpretativos).
3 Isso não significa que uma redução das categorias sintáticas deva ser preferível. Uma
redução assim, embora seja pedagogicamente mais maleável, é de pouco valor exegetico
para o aluno. A razão para a multidão das categorias nesse livro é discutida abaixo.
Prefácio xiii
5. Estatísticas Gramaticais
As freqüências de várias palavras destacadas morfologicamente e suas cons
truções serão alistadas no início das principais seções.8 O estudante será in
formado se dada construção é "rara" ou relativamente útil (e.g., o particí-
pio futuro passivo ocorre uma só vez e o optativo aparece 68 vezes). Raro dá
uma conotação mais precisa. Sem essa informação acrescentada, o estudan
te poderia concluir que a condicional de primeira classe acha-se com mais
freqüência que o tempo perfeito!
6. Quadros, Tabelas e Gráficos
Vários quadros, gráficos e tabelas serão incluídos na Sintaxe Exegética.
Quanto mais quadros, gráficos e diagramas vem mostrando a relação lógica
entre os conjuntos, a maioria dos estudantes será capaz de assimilar e reter
tais informações. Tais auxílios visuais apresentarão o uso, a semântica, a
freqüência etc. Uma tabela sobre a freqüência das várias preposições, e.g.,
revelará imediatamente ao estudante a importância de kv.
7. Numerosas categorias sintáticas
Um dos aspectos da obra é a quantidade de categorias sintáticas, algumas
das quais nunca foram impressas antes. Algo precisa ser dito acerca disso,
visto que vários gramáticos hoje estão abandonando grande quantidade de
categorias sintáticas. Eles estão fazendo isso por três razões interligadas:
Primeira, por meio das ferramentas da lingüística moderna, há uma cres
cente apreciação e reconhecimento do significado básico de vários elemen
tos morfossintático (o que chamaremos de significado não-afetado). Assim, de
clarações tais como "de fato, todos os genitivos são subjetivos ou objetivos",
ou "o aoristo é o tempo da omissão usado somente quando um autor deseja
abster-se da descrição", estarão em alta.
Essa tendência tem utilidade até certo ponto, mas, eu aviso, é exagerada. A
lógica para isso está na falta de nuanças. Embora nosso entendimento do
significado não-afetado de certas categorias morfossintáticas seja crescen
te, deixar a discussão da sintaxe no nível do denominador comum não é
lingüisticamente sensível nem possui utilidade pedagógica. A natureza da
língua é tal que a gramática não pode isolar-se de outros elementos como
contexto, lexema ou outros aspectos gramaticais. Em lugar de trata-los como
meras aplicações, preferimos vê-los como vários usos ou categorias do sig
nificado afetado da forma básica. De fato, nossa abordagem sintática funda
mental está em distinguir o significado não-afetado do afetado e notar os
sinais lingüísticos que informam tal distinção.
Ninguém, e.g., viu o tempo presente per si. O que vemos é um verbo que
tem sete identificadores morfossintáticos diferentes para si (um dos quais
pode ser o tempo presente), um identificador lexical (a raiz) - e tudo isso
em dado contexto (tanto literário quanto histórico). Embora, estejamos, às
vezes, tentando analisar o significado do tempo presente, todos esses ou
tros aspectos lingüísticos aglomeram figuras. De fato, uma tese central dessa
gramática é que outros aspectos lingüísticos afetam (e, portanto, contribu
em) o significado da categoria gramatical específica sob investigação.
Diferente da tendência corrente, esta obra não traz nenhum capítulo sobre
Análise do Discurso (AD). A razão é quádrupla: (1) a AD ainda está em seu
estágio infantil de seu desenvolvimento, em que métodos, terminologia e
resultados tendem a ser instáveis e, sobremodo, subjetivos.13 (2) Os métodos
da AD, à medida que são considerados, tendem a não partir do contexto
(i.e., não começam com a palavra, nem mesmo com a sentença). Isso de
modo algum invalida a AD, mas torna sua abordagem muito diferente da
investigação sintática. (3) No decorrer dessas linhas, visto que esta é
declaradamente uma obra sobre sintaxe, a AD por definição somente
funcionará no perímetro desse tópico e, assim, não será incluída.14 (4)
Finalmente, a AD é um tópico muito significante para receber um
tratamento parcial, anexado como se fosse o fim de uma gramática. Ela
merece sua própria discussão mais acurada, tal qual se acham nas obras
de Cotterell e Turner, D. A. Black e outros.15
9. Prioridade Estrutural
Uma outra tendência entre os gramáticos (seja de grego ou de outra língua)
é de organizar o material a partir da prioridade semântica e não a partir da
estrutural. O foco está em como o propósito, possessão, o resultado, a condi
ção etc. são expressos, e não sobre as formas usadas para expressar tais no
ções.
Prevê-se que o usuário médio dessa obra terá pouca habilidade ou a incli
nação em pensar que descobrirá o porquê de tal forma ter sido usada em
certo texto grego neotestamentário. No entanto, esse usuário deve ser capaz
de reconhecer tais formas à medida que ocorrem no NT Grego. Quando, por
exemplo, encontrar-se com um Iv a ou um infinitivo articular genitivo no
texto, a primeira questão a ser feita não deve ser: "Qual o propósito de isso
ter sido usado no grego?", mas "Como essa palavra foi usada aqui?". As
questões iniciais são quase sempre ligadas a forma. O valor de uma gramáti
ca exegética está relacionado à sua utilidade exegética, pois a exegese co
meça com as formas encontradas no texto, para depois se reportar aos seus
conceitos. Isso é o que faz uma gramática exegética.
16 Uma exceção é a introdução sobre o artigo. Visto que o artigo é, sem dúvida, a
palavra mais importante no NT (ocorrendo cerca de duas vezes mais que seu competidor
mais próximo, Kaí), ele requer um tratamento gramatical um tanto detalhado.
Prefácio xix
11. O Esquema
Esse texto foi esquematizado para diversos usuários, desde o aluno inter
mediário, que ainda percebem suas limitações de inexperientes, até pasto
res experimentados que vivem sob o texto grego.
A tremenda intimidação pode passar a idéia prima facie que não tenho experiência de
sala de aula! Alguns professores de grego intermediário se preocupariam sobre tal
extensão, sentindo-se incapaz de cobrir todo esse material em um curso de um se
mestre. Uma explicação sobre seu tamanho, bem como os indicadores de como pode
ser usada em tempo tão curto, serão dispostos para verificação.
Muito sobre a extensão da obra deve-se a vários aspectos, nem sempre achados em
uma gramática de grego intermediário:
Como você pode ver, nem tudo do extenso material extra gera dificuldade. Os qua
dros e as ilustrações extras, em particular, devem tornar os esforços de sala de aula
mais fáceis. (Por analogia, o livro Basics ofBiblical Greek de William Mounce [Funda
mentos do Grego Bíblico, publicado pela Zondervan] é muito mais que uma gramá
tica média para o primeiro ano e está cheia de muitas informações pedagógicas im
portantes de maneira que seu tamanho ajuda nas instruções em vez de prejudicar.) A
fim de cobrir o material em um semestre, devo encorajá-lo a seguir as primeiras duas
sugestões. Se o semestre estiver cheio de outras tarefas, as sugestões três e quatro
necessariamente seriam implementadas.
3) Alguns que ensinam o grego intermediário podem querer que os alunos igno
rem ou leiam rapidamente as discussões exegéticas (Logo abaixo se acham mui
tos exemplos). Pessoalmente, penso que isso é um importante aspecto que moti
vará os estudantes. No entanto, você pode discordar fortemente de minha exegese
e não quererá que seus alunos sejam expostos a ela.21
20 Uma exceção geral a essa abordagem envolve as raras categorias que são muitas
vezes requisitadas em comentários (e.g., dativo de agência, particípio imperatival). Tais
deveriam ser reconhecidas se, e somente se, ajudarem o aluno a ser mais crítico dos usos
exagerados em obras exegéticas. Muitas dessas categorias abusadas são destacadas por
uma espécie de cruz na margem esquerda.
21 Cursos de faculdades que focalizam a tradução tipicamente lerão de forma rápida
as questões exegéticas.
22 Ao usar a gramática desse modo, o aluno realmente apreenderá menos material do
que é achado em algumas das gramáticas intermediárias mais abreviadas.
23 Uma das razões para o tamanho dessa obra tem a ver com seu amplo propósito. Este
livro tem o propósito de resolver duas deficiências: a primeira entre os livros-texto do
primeiro ano tal como Basics ofBiblical Greek e as referências-padrão, tais como o BDF, e a
outra entre a sintaxe e a exegese. Tudo contribui para a extensão da obra. Qualquer abre
viação significante teria prejudicado esse objetivo duplo.
xxii Sintaxe Exegética do Novo Testamento
III. Reconhecimentos
Como esse texto tem sido usado, pelo menos em seu esboço, há mais de 15 anos,
minha dívida de gratidão constitui-se em uma longa lista.
Primeiro, sou grato a meus alunos que por anos trabalharam com esse material, res
pondendo a provas e testes, e que, gentilmente, corrigiram muitos dos meus equí
vocos, e me encorajaram a publicar tal obra. A lista inclui os alunos de grego inter
mediário do Seminário de Dallas (1979-81), os alunos de grego intermediário do
Grace Seminary (1981-83) e os alunos de gramática grega avançada do Seminário
de Dallas (1988-94).
Agradecimentos são também devidos à Pamela Bingham e à Christine Wakitsch que
digitaram um arquétipo da obra no computador para o uso em sala. Sua pertinente
exatidão me impulsionou a focalizar-me no conteúdo e não na forma.
Kbôoç é devido aos seguintes "guerreiros" selecionados a dedo: Mike Burer, Charlie
Cummings, Ben Ellis, Joe Fantin, R. Elliott Greene, Don Hartley, Greg Herrick, Shil
Kwan Jeon, "Bobs" Johnson, J. Will Johnston, Donald Leung, Brian Ortner, Richard
Smith, Brad Van Eerden, e "Benwa" Wallace. Esses homens buscaram ilustrações,
checaram as referências, examinaram manuscritos fac-símiles e textos gregos para
variantes, reuniram tanto dados primários quanto secundários, preparam os índi
ces e ofereceram muitas críticas e contribuições valiosas. Muitqs desses alunos fo
ram internos entre 1993 e 1996 no Seminário de Dallas. Outros foram amigos inte
ressados que dedicaram seus esforços amorosos pela sintaxe e exegese no NT.
Reconhecimentos também são devidos aos "atletas" que examinaram o penúltimo
esboço durante o ano escolar de 1994-95. Especialmente destacam-se: Dr. Stephen
M Baugh, Dr. William H. Heth e Dr. Dale Wheeler.
Tenho recebido auxílio em cada passo do processo por bibliotecários e bibliotecas.
No topo da lista estão: Teresa Ingalls (Bibliotecária de empréstimo entre bibliote
cas) e Marvin Hunn (Bibliotecária assistente) da Biblioteca Turpin, Seminário de
Dallas. Em adição, fui auxiliado consideravelmente pelas pesquisas na Tyndale
House em Cambridge, Inglaterra, Biblioteca da Universidade de Cambridge, Bibli
oteca Morgan do Grace Seminary (particularmente útil foi Jerry Lincoln, bibliotecá
rio assistente), e mais que meia dúzia de outras escolas e bibliotecas.
Essa gramática não teria sido possível sem o acCordance, um software para Macintosh
(vendido pelo Instituto Gramcord, Vancouver, WA) que efetua pesquisas sofistica
das sobre morfologia grega do NT (Nestle-Aland26), assim como a hebraica no AT
(BHS) e na LXX (Rahlfs). Essa ferramenta de renome tem sido um sine qua non na
escrita dessa gramática. Não somente providenciou muitas estatísticas, mas também
se mostrou valioso ao trazer à tona várias ilustrações. Devo agradecer especialmen
te a James Boyer, que lidou com o grego do NT. Paul Miller, o mentor do programa
original do Gramcord para DOS e Roy Brown que desenvolveu a versão para
Macintosh.
Devo manifestar minha apreciação pelo falecido Philip R. Williams, cuja Grammar
Notes on the Noun and Verb envolve, inter alia, definições cristalinas. De fato, origi
nalmente meu esforço literário sobre sintaxe constitui-se apenas de notas de sala cujo
Prefácio xxiii
objetivo era que servissem de suplemento às notas de William. Dr. Williams. Sua
estabilidade no Seminário de Dallas sobrepujou a minha e impactou meu pensamen
to sobre sintaxe substancialmente.
A herança de William continua no Seminário de Dallas onde todo o Departamento
de Estudos no NT tem sido configurado e reconfigurado em suas Notas de Sintaxe
Grega (GSN - Greek Syntaxe Notes, em inglês) para uso em sala de aula. As contri
buições para essa obra vieram de muitas mentes durante vários anos. O GSN tem
sido parte inerente do grego intermediário no Seminário de Dallas por décadas pas
sadas, bem como muitas das ilustrações e definições, tem feito seu caminho dentro
da urdidura e trama da Sintaxe Exegética. Eu posso somente expressar minha dívida
com o departamento por seu claro pensamento de grupo acerca da sintaxe do NT.
A minha esposa, Pati, aquela que possui os pés no chão, eu sou muito grato por seu
encorajamento em publicar minhas notas. Mais que qualquer outra pessoa, ela tem
me estimulado, induzido e persuadido para que esse material atingisse confins além
da sala de aula.
Eu sou grato ao meu amigo de infância, Bill Mounce por seu entusiasmo contagiante
e por suas sugestões a fim de que esse livro fosse publicado na série sobre grego
bíblico da Zondervan. Agradeço também a Bill pela composição final deste livro.
Sou grato também às ajudas graciosas oferecidas por todos da Zondervan Publishing
House: a Ed Vandermaas, Stan Gundry e Jack Kragt, por seus incalculáveis
encorajamentos desde o início; e especialmente a Verlyn Verbrugge, o editor da obra,
cujos olhos de águia viram o projeto até seu fim. A capacidade de Verlyn como revi
sor, editor, lingüista, erudito de grego e exegeta, felizmente ligado a seu afável com
portamento, tem lhe concedido o caráter de editor ideal para me auxiliar, mesmo
diante da minha, constante, mesquinhez.
Pelo apoio financeiro que recebi para o término dessa obra, eu desejo agradecer espe
cialmente a dois institutos: Seminário de Dallas, por me outorgar tanto um ano sabático
quanto uma licença para estudo (1994-95); e ao Biblical Studies Foundation (Funda
ção para Estudos Bíblicos), por sua contribuição um tanto generosa para com minha
viagem para a Inglaterra na primavera de 1995. Além disso, muitos, muitos amigos
têm nos sustentado financeiramente em todos estes anos, na esperança que este livro
fosse finalmente publicado. A vocês, dedico uma palavra especial de gratidão.
Finalmente, expresso minha mais profunda apreciação a dois homens que muito têm
me instigado e me conscientizado dos ricos detalhes do grego do NT: Dr. Buist M.
Fanning III e falecido Dr. Harry A. Sturz. Dr. Sturz, meu primeiro professor de grego
(Biola University), guiou-me por vários cursos de gramática grega e criticismo textu
al, incluindo um longo ano de estudo independente sobre solecismos do Apocalipse.
Embora, muito amável, Dr. Sturz nunca falhou em criticar meu esforço, moderando
minha imaturidade exuberante. Tal integridade foi somente igualada por seu pró
prio espírito de humildade. E Dr. Fanning que me instruiu na gramática grega avan
çada no verão de 1977, no Seminário de Dallas. Ele continua a exercer uma influência
sóbria sobre mim visto que tem modelado tanto meu pensamento sobre sintaxe - sua
marca é certamente sentida praticamente sobre cada página dessa obra. Embora ele
se considere um simples colega, eu sempre o considerei meu mentor em assuntos
gramaticais.
xxiv Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Alguém poderia ser tentado a pensar que com tamanha nuvem de testemunhas, essa
obra deveria ser um marco, apontado uma nova era nos estudos gramáticas do Gre
go! Um rápido exame do livro rapidamente dissipará essa noção. Eu não possuo tal
ilusão de grandeza para esse volume. Enfim, a responsabilidade de dar forma e con
teúdo a essa obra pertence a mim. Os maiores equívocos certamente são devidos à
minha natureza obstinada e fragilidade mente. Essa teimosia lança meus defeitos em
minha própria face. Tal fragilidade põe-me mais a par do que sou agora. No entanto,
espero que essa Sintaxe Exegética traga alguma contribuição, encorajamento e moti
vação àqueles que manuseiam o sagrado texto a fim de perscrutar a verdade - mes
mo não considerando seu próprio prejuízo.
á y G m a ca uepl rijç àÂr|0eí.aç
- Sirach 4:28
Lista de Ilustrações
Tabelas
1. Nível Literário de Autores do N T ..........................................................................30
2. Sistema de Cinco Casos vs. Sistema de Oito Casos.............................................34
3. Semântica da Construção Plural Pessoal ASKS..................................................283
4. Tipos de Substantivos Usado Na Construção Plural Pessoal [ASKS]..............283
5. As Funções do Adjetivo...........................................................................................292
6. Posições Atributiva e Predicativa do Adjetivo...................................................309
7. Como Agência é Expressa no N T .........................................................................432
8. A Semântica dos Modos Comparados.................................................................446
9. Tempo Verbal no Português no Discurso Direto e Indireto.............................457
10. A Semântica das Questões Deliberativas............................................................466
11. As Formas do Particípio Perifrástico................................................................... 648
12. A Estrutura das Condicionais............................................................................... 689
Quadro24
1. A Natureza Multiforme do Grego do N T ............................................................. 28
2. Freqüência das Formas de Casos no N T ............................................................... 31
3. Freqüência de Casos no NT (Nominativo)........................................................... 37
4. Relação Semântica do Sujeito e o Predicado Nominativo............................... 42
5. Freqüência de Casos no NT (Vocativo)..................................................................66
6. Freqüência de Casos no NT (Genitivo)..................................................................73
7. A Relação do Genitivo Descritivo com Vários Outros
Usos do Genitivo........................................................................................................ 80
8. A Semântica do Genitivo Atributivo.......................................................................86
9. Um Diagrama Semântico do Genitivo Atributivo e do
Genitivo Atribuído..................................................................................................... 89
10. Genitivo de Conteúdo vs. Genitivo de Material...................................................93
11. Genitivo de Aposição vs. Genitivo em Simples Aposição..................................97
12. Diagrama do Genitivo Subjetivo e Objetivo........................................................118
13. Frequência de Casos no NT (Dativo)....................................................................138
xxv
xxvi Sintaxe Exegética do Novo Testamento
acus. acusativo
AT Antigo Testamento
xxviii
Dois homens em particular tem impulsionado
em meu amor pelo Novo Testamento Grego,
ambos por sua erudição e por seu exemplo
de graça e humildade cristãs.
A eles dedico este livro:
e em memória de
SINTAXE
Sintaxe de Palavras e Locuções
Parte I: Sintaxe dos Nomes e Formas Nominais
Os Casos
Os Casos: Introdução......................................................................... 31
Caso Nominativo................................................................................ 36
Caso Vocativo...................................................................................... 65
Caso Genitivo.......................................................................................72
Caso Dativo....................................................................................... 137
Caso Acusativo................................................................................. 176
O Artigo ..................................................................................................... 206
Parte I: Origem, Função, Usos Regulares e Ausência................ 206
Parte II: Usos Especiais e o Não Uso do Artigo.......................... 255
Adjetivos..................................................................................................... 291
Pronomes.................................................................................................... 315
Preposições................................................................................................ 355
Parte II: Sintaxe de Verbos e Formas Verbais
Pessoa e Número...................................................................................... 390
Voz ............................................................................................................. 407
A tiva................................................................................................... 410
Média.................................................................................................. 414
Passiva................................................................................................ 431
M odo........................................................................................................... 442
Indicativo............................................................................................448
Subjuntivo...........................................................................................461
Optativo ............................................................................................ 480
Imperativo......................................................................................... 485
viii
Tempo......................................................................................................... 494
Os Tempos: Introdução................................................................... 494
Presente.............................................................................................. 513
Imperfeito.......................................................................................... 540
Aoristo................................................................................................ 554
Futuro................................................................................................. 566
Perfeito e Mais que Perfeito............................................................ 572
O Infinitivo................................................................................................. 587
O Particípio................................................................................................ 612
Sintaxe das Orações
Introdução às Orações Gregas..................................................................................656
O Papel das Conjunções........................................................................................... 666
Estudos Especiais nas Orações
Sentenças Condicionais.................................................................................... 679
Orações Volicionais (Ordem e Proibições).................................................... 713
Sumário Sintático ..............................................................................................................726
índice de Assuntos............................................................................................................ 765
índice de Palavras Gregas............................................................................................... 788
índice Bíblico......................................................................................................................795
Prefácio à Edição Brasileira
Alexandre, o Grande, foi o primeiro a patrocinar uma gramática de grego para en
sinar estrangeiros. Pouco depois, a gramática passou a ser o livro para ensinar os
próprios gregos a sua língua. Elaborada, é claro, pelo prisma prático para que o na
tivo de outra língua aprendesse o grego de forma rápida. Daí vem a origem da gra
mática descritiva, coisa muito familiar a nós estudantes da língua grega. As gramá
ticas descritivas não se interessam nos porquês; simplesmente diz: aceite.
"O problema sobre o argumento é que ele move toda a batalha para o outro lado,
para o campo do próprio inimigo. O inimigo também pode argumentar" (C.S.
Lewis). Daniel Wallace nessa Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Tes
tamento, cruzou as fronteiras e veio preparado para nos convidar a repensar o nos
so conceito de exegese.
Dr. Daniel B Wallace tem influenciado estudantes em vários países no mundo atra
vés desse livro-texto sobre o grego intermediário que agora chega ao Brasil. Essa
gramática grega é usada por mais de dois terços dos seminários no mundo que en
sinam grego intermediário. Aqui nos Estados Unidos não conheço um único semi
nário evangélico que não a use como livro texto.
Estou certo de que a Teologia Bíblica e a Exegese do Novo Testamento em solo bra
sileiro recebem uma contribuição essencial para seu desenvolvimento.
ix
Prefácio
Quando Mounce, meio que brincando, nota em seu prefácio que "a proporção de
gramáticas gregas para professores de grego é dez para nove",1 ele se refere a gra
máticas do primeiro ano. A situação, até recentemente, tem sido muito diferente no
nível intermediário. Esse tipo de gramática seria contado nos dedos. As últimas duas
décadas contemplaram uma inversão nessa tendência. Existem, mencionando algu
mas, obras de destaque feitas por Brooks e Winbery, Vaughan e Gideon em inglês,
Hoffmann e von Siebenthal (inédito até no inglês), Porter e Young.2 Diante disso,
uma pergunta surge: Por que este livro?
xi
xii Sintaxe Exegética do Novo Testamento
B. M otivação
Minha motivação não mudou desde o princípio: encorajar os estudantes a irem
além das categorias gramaticais e verem a relevância da sintaxe para a exegese.
Como alguém que ensina tanto gramática quanto exegese, tenho sentido essa
necessidade aguda. Normalmente, quando um aluno completa o grego interme
diário, a desilusão e a desmotivação iniciam a “morte das categorias". A gramá
tica grega tem uma forte tradição de dar listas infindáveis dos vários usos
morfossintáticos e poucas ilustrações. Isso segue o modelo das gramáticas clás
sicas, que discutem muitos conceitos lingüísticos (pois as expressões de qual
quer língua têm que ser baseadas em exemplos claros).3 Entretanto, com tal abor
dagem para o NT, o aluno terá facilmente uma impressão artificial de como a
classificação sintática, quase que naturalmente, ligará a si mesma às palavras
em determinada passagem. Isso dará à exegese a patente científica que merece.
Quando o estudante do grego ficar frente a frente com qualquer exercício
exegético, a impressão oposta (e igualmente falsa) surgirá: a exegese é a arte de
importar a visão de alguém para dentro do texto, através da coleta seletiva de
uma classificação sintática que esteja em harmonia com seu entendimento pré
vio. A primeira atitude vê a sintaxe como uma tarefa exegética fria e rígida,
tanto indispensável quanto desinteressante. A última pressupõe que o uso da
sintaxe na exegese é simplesmente como um jogo wittgensteíníano feito pelos
comentaristas.
Assim, muito da exegese não está propriamente baseada na sintaxe, assim como
muitas das obras sobre sintaxe mostram pouca preocupação exegética. O re
sultado dessa dicotomia é: o estudante intermediário não vê a relevância sintá
tica para a exegese e os exegetas, muitas vezes, fazem mau uso da sintaxe em
seu fazer exegético. Essa obra tenta oferecer uma proposta corretiva inicial para
isso ao fundamentar a exegese nas expressões da língua e ao orientar a sintaxe
de acordo com seu valor exegético.
C. D istintivos
1. Exemplos exegeticamente significantes
Depois que forem notadas as ilustrações claras de certa categoria particular,
haverá muitos exemplos ambíguos e exegeticamente significantes. Tais pas
sagens são usualmente discutidas com algum detalhe. Isso não somente da
sintaxe algo mais interessante, mas também encoraja o estudante a começar
a pensar exegeticamente (e a reconhecer que a sintaxe não elimina todos os
problemas interpretativos).
3 Isso não significa que uma redução das categorias sintáticas deva ser preferível. Uma
redução assim, embora seja pedagogicamente mais maleável, é de pouco valor exegético
para o aluno. A razão para a multidão das categorias nesse livro é discutida abaixo.
Prefácio xiii
Essa tendência tem utilidade até certo ponto, mas, eu aviso, é exagerada. A
lógica para isso está na falta de nuanças. Embora nosso entendimento do
significado não-afetado de certas categorias morfossintáticas seja crescen
te, deixar a discussão da sintaxe no nível do denominador comum não é
lingüisticamente sensível nem possui utilidade pedagógica. A natureza da
língua é tal que a gramática não pode isolar-se de outros elementos como
contexto, lexema ou outros aspectos gramaticais. Em lugar de trata-los como
meras aplicações, preferimos vê-los como vários usos ou categorias do sig
nificado afetado da forma básica. De fato, nossa abordagem sintática funda
mental está em distinguir o significado não-afetado do afetado e notar os
sinais lingüísticos que informam tal distinção.
Ninguém, e.g., viu o tempo presente per si. O que vemos é um verbo que
tem sete identificadores morfossintáticos diferentes para si (um dos quais
pode ser o tempo presente), um identificador lexical (a raiz) - e tudo isso
em dado contexto (tanto literário quanto histórico). Embora, estejamos, às
vezes, tentando analisar o significado do tempo presente, todos esses ou
tros aspectos lingüísticos aglomeram figuras. De fato, uma tese central dessa
gramática é que outros aspectos lingüísticos afetam (e, portanto, contribu
em) o significado da categoria gramatical específica sob investigação.
Diferente da tendência corrente, esta obra não traz nenhum capítulo sobre
Análise do Discurso (AD). A razão é quádrupla: (1) a AD ainda está em seu
estágio infantil de seu desenvolvimento, em que métodos, terminologia e
resultados tendem a ser instáveis e, sobremodo, subjetivos.13 (2) Os métodos
da AD, à medida que são considerados, tendem a não partir do contexto
(i.e., não começam com a palavra, nem mesmo com a sentença). Isso de
modo algum invalida a AD, mas torna sua abordagem muito diferente da
investigação sintática. (3) No decorrer dessas linhas, visto que esta é
declaradamente uma obra sobre sintaxe, a AD por definição somente
funcionará no perímetro desse tópico e, assim, não será incluída.14 (4)
Finalmente, a AD é um tópico muito significante para receber um
tratamento parcial, anexado como se fosse o fim de uma gramática. Ela
merece sua própria discussão mais acurada, tal qual se acham nas obras
de Cotterell e Tumer, D. A. Black e outros.15
9 . Prioridade Estrutural
Uma outra tendência entre os gramáticos (seja de grego ou de outra língua)
é de organizar o material a partir da prioridade semântica e não a partir da
estrutural. O foco está em como o propósito, possessão, o resultado, a condi
ção etc. são expressos, e não sobre as formas usadas para expressar tais no
ções.
Prevê-se que o usuário médio dessa obra terá pouca habilidade ou a incli
nação em pensar que descobrirá o porquê de tal forma ter sido usada em
certo texto grego neotestamentário. No entanto, esse usuário deve ser capaz
de reconhecer tais formas à medida que ocorrem no NT Grego. Quando, por
exemplo, encontrar-se com um Iv a ou um infinitivo articular genitivo no
texto, a primeira questão a ser feita não deve ser: "Qual o propósito de isso
ter sido usado no grego?", mas "Como essa palavra foi usada aqui?". As
questões iniciais são quase sempre ligadas à forma. O valor de uma gramáti
ca exegética está relacionado à sua utilidade exegética, pois a exegese co
meça com as formas encontradas no texto, para depois se reportar aos seus
conceitos. Isso é o que faz uma gramática exegética.
16 Uma exceção é a introdução sobre o artigo. Visto que o artigo é, sem dúvida, a
palavra mais importante no NT (ocorrendo cerca de duas vezes mais que seu competidor
mais próximo, K m ) , ele requer um tratamento gramatical um tanto detalhado.
Prefácio xix
11. O Esquema
Esse texto foi esquematizado para diversos usuários, desde o aluno inter
mediário, que ainda percebem suas limitações de inexperientes, até pasto
res experimentados que vivem sob o texto grego.
A tremenda intimidação pode passar a idéia prima facie que não tenho experiência de
sala de aula! Alguns professores de grego intermediário se preocupariam sobre tal
extensão, sentindo-se incapaz de cobrir todo esse material em um curso de um se
mestre. Uma explicação sobre seu tamanho, bem como os indicadores de como pode
ser usada em tempo tão curto, serão dispostos para verificação.
Muito sobre a extensão da obra deve-se a vários aspectos, nem sempre achados em
uma gramática de grego intermediário:
Como você pode ver, nem tudo do extenso material extra gera dificuldade. Os qua
dros e as ilustrações extras, em particular, devem tornar os esforços de sala de aula
mais fáceis. (Por analogia, o livro Basics ofBiblical Greek de William Mounce [Funda
mentos do Grego Bíblico, publicado pela Zondervan] é muito mais que uma gramá
tica média para o primeiro ano e está cheia de muitas informações pedagógicas im
portantes de maneira que seu tamanho ajuda nas instruções em vez de prejudicar.) A
fim de cobrir o material em um semestre, devo encorajá-lo a seguir as primeiras duas
sugestões. Se o semestre estiver cheio de outras tarefas, as sugestões três e quatro
necessariamente seriam implementadas.
3) Alguns que ensinam o grego intermediário podem querer que os alunos igno
rem ou leiam rapidamente as discussões exegéticas (Logo abaixo se acham mui
tos exemplos). Pessoalmente, penso que isso é um importante aspecto que moti
vará os estudantes. No entanto, você pode discordar fortemente de minha exegese
e não quererá que seus alunos sejam expostos a ela.21
20 Uma exceção geral a essa abordagem envolve as raras categorias que são muitas
vezes requisitadas em comentários (e.g., dativo de agência, particípio imperatival). Tais
deveriam ser reconhecidas se, e somente se, ajudarem o aluno a ser mais crítico dos usos
exagerados em obras exegéticas. Muitas dessas categorias abusadas são destacadas por
uma espécie de cruz na margem esquerda.
21 Cursos de faculdades que focalizam a tradução tipicamente lerão de forma rápida
as questões exegéticas.
22 Ao usar a gramática desse modo, o aluno realmente apreenderá menos material do
que é achado em algumas das gramáticas intermediárias mais abreviadas.
23 Uma das razões para o tamanho dessa obra tem a ver com seu amplo propósito. Este
livro tem o propósito de resolver duas deficiências: a primeira entre os livros-texto do
primeiro ano tal como Basics ofBiblical Greek e as referências-padrão, tais como o BDF, e a
outra entre a sintaxe e a exegese. Tudo contribui para a extensão da obra. Qualquer abre
viação significante teria prejudicado esse objetivo duplo.
xxii Sintaxe Exegética do Novo Testamento
III. Reconhecimentos
Como esse texto tem sido usado, pelo menos em seu esboço, há mais de 15 anos,
minha dívida de gratidão constitui-se em uma longa lista.
Primeiro, sou grato a meus alunos que por anos trabalharam com esse material, res
pondendo a provas e testes, e que, gentilmente, corrigiram muitos dos meus equí
vocos, e me encorajaram a publicar tal obra. A lista inclui os alunos de grego inter
mediário do Seminário de Dallas (1979-81), os alunos de grego intermediário do
Grace Seminary (1981-83) e os alunos de gramática grega avançada do Seminário
de Dallas (1988-94).
Agradecimentos são também devidos à Pamela Bingham e à Christine Wakitsch que
digitaram um arquétipo da obra no computador para o uso em sala. Sua pertinente
exatidão me impulsionou a focalizar-me no conteúdo e não na forma.
Kíiòoç é devido aos seguintes "guerreiros" selecionados a dedo: Mike Burer, Charlie
Cummings, Ben Ellis, Joe Fantin, R. Elliott Greene, Don Hartley, Greg Herrick, Shil
Kwan Jeon, "Bobs" Johnson, J. Will Johnston, Donald Leung, Brian Ortner, Richard
Smith, Brad Van Eerden, e "Benwa" Wallace. Esses homens buscaram ilustrações,
checaram as referências, examinaram manuscritos fac-símiles e textos gregos para
variantes, reuniram tanto dados primários quanto secundários, preparam os índi
ces e ofereceram muitas críticas e contribuições valiosas. Muitos desses alunos fo
ram internos entre 1993 e 1996 no Seminário de Dallas. Outros foram amigos inte
ressados que dedicaram seus esforços amorosos pela sintaxe e exegese no NT.
Reconhecimentos também são devidos aos "atletas" que examinaram o penúltimo
esboço durante o ano escolar de 1994-95. Especialmente destacam-se: Dr. Stephen
M Baugh, Dr. William H. Heth e Dr. Dale Wheeler.
Tenho recebido auxílio em cada passo do processo por bibliotecários e bibliotecas.
No topo da lista estão: Teresa Ingalls (Bibliotecária de empréstimo entre bibliote
cas) e Marvin Hunn (Bibliotecária assistente) da Biblioteca Turpin, Seminário de
Dallas. Em adição, fui auxiliado consideravelmente pelas pesquisas na Tyndale
House em Cambridge, Inglaterra, Biblioteca da Universidade de Cambridge, Bibli
oteca Morgan do Grace Seminary (particularmente útil foi Jerry Lincoln, bibliotecá
rio assistente), e mais que meia dúzia de outras escolas e bibliotecas.
Essa gramática não teria sido possível sem o acCordance, um software para Macintosh
(vendido pelo Instituto Gramcord, Vancouver, WA) que efetua pesquisas sofistica
das sobre morfologia grega do NT (Nestle-Aland26), assim como a hebraica no AT
(BHS) e na LXX (Rahlfs). Essa ferramenta de renome tem sido um sine qua non na
escrita dessa gramática. Não somente providenciou muitas estatísticas, mas também
se mostrou valioso ao trazer à tona várias ilustrações. Devo agradecer especialmen
te a James Boyer, que lidou com o grego do NT. Paul Miller, o mentor do programa
original do Gramcord para DOS e Roy Brown que desenvolveu a versão para
Macintosh.
Devo manifestar minha apreciação pelo falecido Philip R. Williams, cuja Grammar
Notes on the Noun and Verb envolve, inter alia, definições cristalinas. De fato, origi
nalmente meu esforço literário sobre sintaxe constitui-se apenas de notas de sala cujo
Prefácio xxiii
objetivo era que servissem de suplemento às notas de William. Dr. Williams. Sua
estabilidade no Seminário de Dallas sobrepujou a minha e impactou meu pensamen
to sobre sintaxe substancialmente.
A herança de William continua no Seminário de Dallas onde todo o Departamento
de Estudos no NT tem sido configurado e reconfigurado em suas Notas de Sintaxe
Grega (GSN - Greek Syntaxe Notes, em inglês) para uso em sala de aula. As contri
buições para essa obra vieram de muitas mentes durante vários anos. O GSN tem
sido parte inerente do grego intermediário no Seminário de Dallas por décadas pas
sadas, bem como muitas das ilustrações e definições, tem feito seu caminho dentro
da urdidura e trama da Sintaxe Exegética. Eu posso somente expressar minha dívida
com o departamento por seu claro pensamento de grupo acerca da sintaxe do NT.
À minha esposa, Pati, aquela que possui os pés no chão, eu sou muito grato por seu
encorajamento em publicar minhas notas. Mais que qualquer outra pessoa, ela tem
me estimulado, induzido e persuadido para que esse material atingisse confins além
da sala de aula.
Eu sou grato ao meu amigo de infância, Bill Mounce por seu entusiasmo contagiante
e por suas sugestões a fim de que esse livro fosse publicado na série sobre grego
bíblico da Zondervan. Agradeço também a Bill pela composição final deste livro.
Sou grato também às ajudas graciosas oferecidas por todos da Zondervan Publishing
House: a Ed Vandermaas, Stan Gundry e Jack Kragt, por seus incalculáveis
encorajamentos desde o início; e especialmente a Verlyn Verbrugge, o editor da obra,
cujos olhos de águia viram o projeto até seu fim. A capacidade de Verlyn como revi
sor, editor, lingüista, erudito de grego e exegeta, felizmente ligado a seu afável com
portamento, tem lhe concedido o caráter de editor ideal para me auxiliar, mesmo
diante da minha, constante, mesquinhez.
Pelo apoio financeiro que recebi para o término dessa obra, eu desejo agradecer espe
cialmente a dois institutos: Seminário de Dallas, por me outorgar tanto um ano sabático
quanto uma licença para estudo (1994-95); e ao Biblical Studies Foundation (Funda
ção para Estudos Bíblicos), por sua contribuição um tanto generosa para com minha
viagem para a Inglaterra na primavera de 1995. Além disso, muitos, muitos amigos
têm nos sustentado financeiramente em todos estes anos, na esperança que este livro
fosse finalmente publicado. A vocês, dedico uma palavra especial de gratidão.
Finalmente, expresso minha mais profunda apreciação a dois homens que muito têm
me instigado e me conscientizado dos ricos detalhes do grego do NT: Dr. Buist M.
Fanning III e falecido Dr. Harry A. Sturz. Dr. Sturz, meu primeiro professor de grego
(Biola University), guiou-me por vários cursos de gramática grega e criticismo textu
al, incluindo um longo ano de estudo independente sobre solecismos do Apocalipse.
Embora, muito amável, Dr. Sturz nunca falhou em criticar meu esforço, moderando
minha imaturidade exuberante. Tal integridade foi somente igualada por seu pró
prio espírito de humildade. E Dr. Fanning que me instruiu na gramática grega avan
çada no verão de 1977, no Seminário de Dallas. Ele continua a exercer uma influência
sóbria sobre mim visto que tem modelado tanto meu pensamento sobre sintaxe - sua
marca é certamente sentida praticamente sobre cada página dessa obra. Embora ele
se considere um simples colega, eu sempre o considerei meu mentor em assuntos
gramaticais.
xxiv Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Alguém poderia ser tentado a pensar que com tamanha nuvem de testemunhas, essa
obra deveria ser um marco, apontado uma nova era nos estudos gramáticas do Gre
go! Um rápido exame do livro rapidamente dissipará essa noção. Eu não possuo tal
ilusão de grandeza para esse volume. Enfim, a responsabilidade de dar forma e con
teúdo a essa obra pertence a mim. Os maiores equívocos certamente são devidos à
minha natureza obstinada e fragilidade mente. Essa teimosia lança meus defeitos em
minha própria face. Tal fragilidade põe-me mais a par do que sou agora. No entanto,
espero que essa Sintaxe Exegética traga alguma contribuição, encorajamento e moti
vação àqueles que manuseiam o sagrado texto a fim de perscrutar a verdade - mes
mo não considerando seu próprio prejuízo.
áY cú v iaca n ep l xfjç à lq G e ía ç
- Sirach 4:28
Lista de Ilustrações
Tabelas
1. Nível Literário de Autores do N T ..........................................................................30
2. Sistema de Cinco Casos vs. Sistema de Oito Casos.............................................34
3. Semântica da Construção Plural Pessoal ASKS.................................................283
4. Tipos de Substantivos Usado Na Construção PluralPessoal [ASKS] 283
5. As Funções do Adjetivo..........................................................................................292
6. Posições Atributiva e Predicativa do Adjetivo................................................... 309
7. Como Agência é Expressa no N T .........................................................................432
8. A Semântica dos Modos Comparados................................................................. 446
9. Tempo Verbal no Português no DiscursoDireto e Indireto.............................. 457
10. A Semântica das Questões Deliberativas............................................................ 466
11. As Formas do Particípio Perifrástico................................................................... 648
12. A Estrutura das Condicionais............................................................................... 689
Quadro24
1.A Natureza Multiforme do Grego do N T ............................................................. 28
2.Freqüência das Formas de Casos no N T ............................................................... 31
3.Freqüência de Casos no NT (Nominativo)........................................................... 37
4.Relação Semântica do Sujeito e o Predicado Nominativo................................. 42
5.Freqüência de Casos no NT (Vocativo)..................................................................66
6.Freqüência de Casos no NT (Genitivo)..................................................................73
7.A Relação do Genitivo Descritivo com Vários Outros
Usos do Genitivo........................................................................................................ 80
8. A Semântica do Genitivo Atributivo.......................................................................86
9. Um Diagrama Semântico do Genitivo Atributivo e do
Genitivo Atribuído..................................................................................................... 89
10. Genitivo de Conteúdo vs. Genitivo de Material...................................................93
11. Genitivo de Aposição vs. Genitivo em Simples Aposição..................................97
12. Diagrama do Genitivo Subjetivo e Objetivo........................................................118
13. Frequência de Casos no NT (Dativo)....................................................................138
xxv
xxvi Sintaxe Exegética do Novo Testamento
acus. acusativo
AT Antigo Testamento
xxviii
Abreviações xxix
BT Bible Translator
dat. Dativo
gen. genitivo
JB Jerusalem Bible
JT Journal of Theology
LXX Septuaginta
MS(S) manuscrito(s)
nom. nominative
NT Novo Testamento
TG transformational grammar
TS Theological Studies
VE Vox Evangélica
voc. vocativo
1
2 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
4. Prioridade Sincrônica
Desde a gênese da lingüística moderna com o Curso de Lingüística Geral, de
Ferdinand de Saussure,14 muitos lexicólogos e lexicógrafos têm reconhecido a
prioridade da sincronia sobre a diacronia.15 (Sincronia tem a ver com a lingua
gem na forma como foi usada em determinado tempo. A diacronia, com a lin
guagem nas formas encontradas em toda a sua história ou, pelo menos, sobre
um longo período de tempo em que foi usada). Alguns gramáticos, notoria
mente, os do grego antigo, foram lentos na mudança do pólo diacrônico para
o sincrônico.16 Na presente obra, a sincronia terá prioridade sobre a diacronia.
Especificamente, presume-se que a luz irradiada no NT virá muito mais dos
escritos do grego que do período helenístico (aproximadamente de 330 a.C a
330 d.C). Isso não quer dizer que o estudo diacrônico não tenha valor, mas que
os textos sincrônicos serão julgados mais relevantes para os fenômenos sintá
ticos envolvidos no NT.
14 F. de Saussure, Cours de linguistique générale (Paris: Payot, 1916). A obra foi traduzida
por W. Baskin para o Inglês (New York: Philosophical Library, 1959), no Brasil pela Cultrix
(Sa?o Paulo: Cultrix, 1996). Todas as citações serão da versão inglesa, caso contrário será
notificado.
15 Saussure, General Linguistics, 101-90. Os insights de Saussure (entre outros') foram
aplicados ao criticismo bíblico no volume marcante de James Barr, Semantics of Biblical
Language, onde uma crítica extensa e feroz foi feita a numerosas falácias lingüísticas do
Dicionário Internacional de Teologia do NT.
16 Veja J. P. Louw, "New Testament Greek-The Present State of the Art," Neot 24.2
(1990), para uma breve história da situação. Entre outras coisas, ele aponta que na abor
dagem etimológica - "deve haver um significado básico de cada palavra ou construção
gramatical que será destacada e explicará todos os usos variados" (161). Isso ainda é
amplamente encontrado nas gramáticas do NT, embora tenha sido abandonado pelos
léxicos do NT.
17 Saussure, General Linguistics, 22-23, 110, e especialmente 88-89.
18 Obras lingüísticas rotineiramente confrontam a análise diacrônica da perspectiva
do leitor antigo. Mas para ignorar a diacronia da perspectiva do leitor moderno quase
tacitamente se pressupõe que a lingüística, pelo menos, tem uma passagem fácil para o
cenário sincrônico que, no máximo, é onisciente.
A Abordagem deste Livro 5
vente da sincronia; (2) todos os nativos falantes do Koinê estão mortos; e (3)
existe, nesse ponto, às vezes, um prévio e profundo entendimento da nature
za do grego do NT por parte dos pesquisadores.19
5. Prioridade Estrutural
O ponto de partida de nossa investigação está nas estruturas apresentadas, a
partir das quais esperamos extrair nossas conclusões semânticas. O movimen
to, então, é da estrutura (ou sendo mais específico, da estrutura morfossintática)
para a semântica.20 O início da pesquisa com a semântica e a imposição do
suposto significado sobre a estrutura sob investigação envolvem, até certo pon
to, uma falácia prescritiva.
Uma das regras mais conhecidas da gramática do NT articulada no século XX
gira em torno de tal abordagem. O que tem sido conhecido como "Regra de
Colwell" foi publicada em 1933, por E. C. Colwell, com o título de "A Definite
Rule for the Use of the Article in the Greek New Testament" (Uma Regra
Definida para o Uso do Artigo no Grego do NT).21 A regra é simplesmente esta:
"Os substantivos definidos que funcionam como predicativos e que precedem
o verbo geralmente são anarthros... tal predicativo que precede o verbo não
pode ser traduzido como substantivo indefinido ou 'qualitativo' somente por
causa da ausência do artigo. Se o contexto sugerir que o predicativo é definido,
deve ser traduzido como substantivo definido...".22 A regra é valida até aí,
embora não tenha relativamente valor para os propósitos sintáticos, uma vez
19 A necessidade de análise diacrônica na sintaxe pode ser ilustrada pelo modo sub
juntivo. As discussões em muitas gramáticas do NT sobre a condicional de terceira clas
se pressupõe que os autores helenísticos tinham à sua disposição o modo optativo tão
prontamente quanto tinham o subjuntivo: ou seja, eles tratam a condicional de terceira
como a condição provável, enquanto a condicional de quarta classe é considerada poten
cial ou possível, (cf., e.g., BDF, 188-89 (§371.2, 4); Robertson, Grammar, 1016-1022; Rader
macher, Neutestamentliche Grammatik, 160, 174-76. Todavia, não há condicionais de quar
ta classe completas no NT e somente 68 optativos (de acordo com o texto de Nestle-
Aland26/27). O modelo que as gramáticas do NT seguem é, na realidade, um modelo do
grego clássico, embora, no helenístico, o subjuntivo tivesse invadido amplamente o do
mínio do optativo. Essa descrição não é completamente válida, pois é por causa do
preconceito de gramáticos que a descrição sincrônica alegada é, muitas vezes, tida como
um modelo absoleto.
20 O insight de L. C. McGaughy, Toward a Descríptive Analysis of Eivai as a Linking Verb
in New Testament Greek (Missoula, Mont.: Society of Biblical Literature, 1972) se baseia
nesse princípio. Nessas mesmas linhas, Haiim B. Rosén (Early Greek Grammar and Thought
in Heraclitus: The Emergence of the Article [Jerusalem: Israel Academy of Sciences and
Humanities, 1988]) observou: "Enquanto a análise gramatical é estritamente empírica e
objetiva, o próximo passo, o da determinação. . . do conteúdo conceituai ou de noção de
elementos significativos, em lugar de elementos formais no ambiente onde são significa
tivos, não o é. . ." (30). Meu método tem maior semelhança com este do que com o de
muitos lingüistas.
21 E. C. Colwell, "A Definite Rule for the Use of the Article in the Greek New
Testament," JBL 52 (1933) 12-21.
22 Ibid., 20.
6 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
28 Controvérsias Lingüísticas, xi. Veja também S. C. Dik, Coordination: Its Implication for
the Theory of General Linguistics (Amsterdam: North-Holland, 1968) 5.
29 Ian Robinson, The New Grammarians' Funeral: A Critique ofNoam Chomsky's Linguistics
(Cambridge: CUP, 1975). Embora há duas décadas, esse opúsculo ainda é leitura valio
sa, pois traz muito senso comum ao cenário lingüístico.
30 Ibid., 21.
31 Louw, "Present State," 165.
32 As vezes, os métodos mais antigos não foram abandonados por causa do princí
pio, mas por causa da conviniência. Ironicamente, o momento em que a gramática tradi
cional se tornou deficiente se deu quando ela transformou aberrações lingüísticas em
dogmas sem base empírica suficiente. (Reiterando, essas aberrações eram,
lingüisticamente falando, terrivelmente ingênusa, mas ela errou também ao ser um pro
duto precipitado da chamada filologia). O que é preciso não é abandonar inteiramente
as abordagens antigas pelas novas, mas sim selecionar as melhores partes de ambas,
formando uma ligação útil entre gramáticos e lingüistas. Louw chega perto disso quando
escreve: "Não se deve pressupor que tudo das abordagens filológicas . . . ao Grego do
Novo Testamento são descartáveis" (Louw, "Present State", 161). Mas erra ao pensar
que tais abordagens tradicionais têm feito seu percurso. A abordagem tradicional é es
pecialmente valiosa na coleção minuciosa dos dados. Com o advento da era eletrônica é
evidente que essa tarefa está longe de ser completada.
8 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
33 Todavia mesmo a colocação dessas palavras em uma sentença não indicaria neces
sariamente só um significado. "Eu confio nesse excelente", poderia se referir a mais que
uma situação: uma instituição financeira ou um assento.
34 Mas mesmo com a questão anterior ("tu és o profeta?") pode haver pouco entendi
mento sem entrar na história judaica, nas expectativas judaicas, e no AT (particularmen
te Dt 18:15). Em um contexto mulçumano, essa questão significaria algo muito diferente!
35 R. M. Krauss e S, Glucksberg, "Social and Nonsocial Speech," Scientific American
236 (Fev, 1977) 100-105, descreve um experimento em comunicação que ilustra como a
língua reduz o preconceito comum entre quem fala e quem ouve. Um pesquisador vai à
Praça Harvard, em Cambridge, e pergunta aos transeuntes como chegar à Praça Central.
Em sua maneira de vestir, sotaque e pergunta, ele dá a aparência de ser alguém de Boston.
Os transeuntes, pressupondo que ele seja um morador local, dão um resposta curta:
"Primeira parada no metrô". No dia seguinte o mesmo pesquisador vai ao mesmo pon
to, mas dessa vez, ele se apresenta como turista. Os transeuntes, notando isso, dá uma
resposta detalhada e elaborada.
Quando lemos as cartas do NT, é como se fôssemos turistas ouvindo meia conversa
entre dois moradores locais. Nós nos encontramos na comunicação em uma posição des
vantajosa que só poderemos superar à medida que imergimos nos costumes, cultura,
história e língua do primeiro século, sem mencionar a interação específica entre, por
assim dizer, Paulo e suas igrejas.
A Abordagem deste Livro 9
36 Karl Popper, o notável filósofo científico, afirmou com respeito a ciência comple
xa que uma boa hipótese deve envolver declarações que podem, a principio, ser prova
das falsas por observações empíricas (The Logic óf Scientific Discovery [New York: Basic,
1959] 40-42). Visto que em muitos casos uma indução completa seja impossível, uma
hipótese não pode conclusivamente ser verificável. Mas uma boa hipótese pode ser
falsificável. Esse princípio não é menos importante nas ciências humanas (conforme N.
Chomsky, Syntactic Structures [The Hague: Mouton, 1957] 5), embora seja mais difícil
usá-la pois as observações são subjetivas e não-repetitivas. Por quê? porque os dados
são numerosos demais e a semântica clara o bastante para quaisquer conclusões sintá
ticas serem extraídas.
10 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
37 Robinson apresenta a seguinte ilustração para esse efeito (New Grammarians' Fune
ral, 48): "Uma das atrações das sentenças-chave, como veremos, é que elas fazem propo
sições como: 'Ela estava usando sua velha jaqueta preta' parecerem declarações factuais,
verificáveis. Mas o que seria caso, fosse uma sentença de abertura de um romance? Não
seria, então, verificável? Não o tomaria extraordinário? Pelo contrário, seria extraordi
nário uma narrativa começar com algo verificável: 'Era uma vez, uma velha bruxa fraca
que vivia nas profundezas escuras de uma tenebrosa floresta úmida' - 'Se você interrom
per e disser: 'Mas não é possível! Pois não existem bruxas!', você estará entrando em um
'tipo de cegueira', pois ninguém disse que existem bruxas". Um ponto semelhante pode
ria ser feito sobre muito do caráter das palavras de Jesus.
Na página seguinte Robinso acrescenta: "gramáticas tradicionais não têm como mos
trar (embora fique implícito pela linguagem) que dizer algo ironicamente é menos bási
co à linguagem que dizer algo direto. Uma norma universal lingüística em que realmen
te confio é: Eu não posso imaginar uma língua em que seria impossível dizer algo ironi
camente" .
38 Robertson, Grammar, 915.
A Abordagem deste Livro 11
O aoristo tem sido, muitas vezes vítima de tais abusos, devido aos tremendos
equívocos das nomenclaturas dos gramáticos como "pontilear" ou "ação do
ponto". O que é significativo em tais expressões não é que o aoristo descreva a
ação como ocorrendo em um ponto (uma noção que deu origem ao aoristo "uma-
vez-por-todas), mas que o aoristo de apresentação seja pontilear. Em outras pa
lavras, o aoristo tem algo de uma ação instantânea.39 A ação em si pode ser
interativa, durativa, progressiva etc., mas o aoristo abstém-se de descrever tais
complexidades.
Estas são armadilhas bem conhecidas. No entanto, são somente uma ponta do
iceberg. Em uma escala mais ampla, gramáticos ainda são apaixonados por uma
expressão particular de categorias morfossintáticas, tais como o modo subjunti
vo, |j,f| em interrogativas ou as condicionais de primeira classe. Eles imaginam
que, de alguma maneira, tais categorias ligam a visão do falante à realidade. A
noção de que o aspecto verbaí seja subjetivo enquanto o Aktionsart, objetivo é
outro exemplo, muitas vezes, supõe-se que o Aktionsart corresponda mais
acuradamente à realidade. Na verdade, a linguagem qua linguagem nada diz
sobre a realidade nem mesmo sobre o ponto de vista do falante. Ela somente
narra a apresentação do falante/escritor. Sendo assim, para Robertson dizer que
o diabo usou a condicional de primeira classe quando tentava a Jesus(eL ulòç et
toü 9eoí) em Lc 4:3) porque "o diabo sabia que isso era verdade"40 é cometer
várias pressuposições equivocadas acerca da natureza da linguagem e sua cor
respondência com a realidade.
39 Estudos recentes refinaram essa visão ainda mais, mas, basta dizer que por hora
isso foi a idéia que gramáticos tinham em mente.
40 Robertson, Grammar, 1009.
A Língua do Novo Testamento
Panorama do Capítulo
Neste capítulo, nosso alvo é duplo: (1) Analisar o período onde o NT grego encaixa-
se na história da língua grega (um estudo diacrônico e externo); e (2) Observar certas
questões relacionadas ao NT grego em si (ou seja, um estudo sincrônico e interno).
Certas informações são dadas com o simples objetivo de localizar o leitor na história
evolutiva da língua, já outras são realmente vitais à nossa abordagem. Passemos,
então, para a apresentação do esboço dessa seção (as partes mais relevantes para os
estudantes de nível intermediário estão em negrito):
12
A Língua do Novo Testamento 13
Bibliografia Selecionada
A. W. Argyle, "Greek Among the Jews of Palestine in New Testament Times/' NTS
20 (1973) 87-89; M. Black, An Aramaic Approach to the Gospels and Acts, 3d ed.
(Oxford, 1967); BDF, 1-6 (§1-7); C. D. Buck, Introduction to the Study o f the Greek
Dialects, 2. ed. (1928) 3-16, 136-40; C. F. Burney, The Aramaic Origin of the Fourth
Gospel (Oxford, 1922); E. C. Colwell, "The Character of the Greek of the Fourth
Gospel. . . Parallels from Epictetus" (tese de Ph.D. University of Chicago, 1930); G.
A. Deissmann, Bibelstuáien (1895); idem, Light from the Ancient East (1923); J. A.
Fitzmyer, "The Languages of Palestine in the First Century A.D.," CBQ 32 (1970)
501-31; R. G. Hoerber, "The Greek of the New Testament: Some Theological
Implications," Concordia Journal 2 (1976) 251-56; Hoffmann—von Siebenthal,
Grammatik, 2-5; G. Horsley, "Divergent Views on the Nature of the Greek of the
Bible," Bib 65 (1984) 393-403; P. E. Hughes, "The Languages Spoken by Jesus," New
Dimensions in New Testament Study (ed. R. N. Longenecker and M. C. Tenney; Grand
Rapids: Zondervan, 1974) 127-43; A. N. Jannaris, Historical Greek Grammar; E. V.
McKnight, "Is the New Testament Written in 'Holy Ghost' Greek?", BT 16 (1965)
87-93; idem, "The New Testament and 'Biblical Greek'," JBR 34 (1966) 36-42; B. M.
Metzger, "The Language of the New Testament," The Interpretefs Bible (New York:
Abingdon, 1951) 7.43-59; E. M. Meyers and J. F. Strange, Archaeology, the Rabbis,
and Early Christianity (Nashville: Abingdon, 1981) 62-91, 92-124,166-73; Moule, Idiom
Book, 1-4; Moulton, Prolegomena, 1-41; Moulton-Howard, Accidence, 412-85 (on
Semitisms in the NT); G. Mussies, The Morphology ofKoine Greek (Leiden: Brill, 1971);
E. Oikonomos, "The New Testament in Modern Greek," BT 21 (1970) 114-25; L. R.
Palmer, The Greek Language (London: Faber & Faber, 1980); S. E. Porter, Verbal Aspect
in the Greek of the New Testament (Bern: Peter Lang, 1989) 111-56; idem, "Did Jesus
Ever Teach in Greek?" TynBul 44 (1993) 195-235; L. Radermacher, "Besonderheiten
der Koine-Syntax," Wiener Studien (Zeitschnft für Klassische Philologie) 31 (1909) 1
12; Robertson, Grammar, 31-75; L. Rydbeck, "What Happened to Greek Grammar
after Albert Debrunner?" NTS 21 (1975) 424-27; E. Schürer, The History ofthe Jewish
People in the Age of Jesus Christ (rev. and ed. by G. Vermes, F. Millar, M. Black;
Edinburgh: T. & T. Clark, 1979) 2.29-80, esp. 74-80; J. N. Sevenster, Do You Know
Greek? How Much Greek Could the First Jewish Christians have Known? (Leiden: E. J.
Brill, 1968); M. Silva, "Bilingualism and the Character of New Testament Greek,"
Bib 69 (1980) 198-219; Smyth, Greek Grammar, l-4b; Turner, Insights, 174-88; idem,
"The Literary Character of New Testament Greek," NTS 20 (1973) 107-114; idem,
Syntax, 1-9; idem, "The Unique Character of Biblical Greek," Vetus Testamentum 5
(1955) 208-213; Zerwick, Biblical Greek, 161-64.1
1 Essa bibliografia e outras nesse livro não têm a intenção de serem exaustivas, mas
sugestivas. (A bibliografia alistada aqui é mais compreensiva que outras, porém, devido
à natureza do tópico). As fontes mais citadas que estão aqui foram abreviadas (e.g., o
último nome do autor ou iniciais para periódicos); para tais fontes, consulte a lista de
abreviações.
14 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Que relacionamento há entre o grego e as demais línguas? Tomando por base cer
tos aspectos lingüísticos de várias línguas (especialmente termos lexicais estáveis,
e.g., partes do corpo), é possível determinar como elas se correlacionam
genealogicamente (e.g., três [latim], ipelç [grego], tryas [sânscrito]). Declara-se, com
freqüência, que embora o sânscrito não seja a mãe do grego e do latim, pelo me
nos, é a irmã mais velha destes idiomas. Isso nos abre a investigação para uma lín
gua perdida, conhecida em círculos lingüísticos como Indo-Europeu.
A língua-mãe de todas as línguas do mundo aparentemente deu origem a dez ou
tras línguas (cada uma delas não constituía grandes famílias lingüísticas isoladas,
mas sim línguas aparentadas). Uma dessas dez filhas foi o "Proto-Indo-Europeu",
de onde se originou o grego, latim, as línguas neolatinas, línguas germânicas etc.
9 Robertson, 44.
10 Hoerber, 253.
11 Moulton, Prolegomena, 26.
A Língua do Novo Testamento 17
2. D em otiké (ôrnioxiicq)
Essa é a língua falada atualmente na Grécia. Ela é a "descendente direta do
Koinê".12
A. Terminologia
Koiur| é o adjetivo feminino de koivoç ("comum"). A forma feminina é usada
porque (implicitamente) modifica o termo õiáÀeKTOÇ, um substantivo feminino
de segunda declinação. Os sinônimos de Koinê são: o grego "comum", ou com
mais freqüência, o helenístico (que nos faz lembrar do processo de helenização
conduzido por Alexandre, o Grande. Os falantes do grego, isto é, os que a
possuíam como segunda língua, foram chamados de helenistas [cf. Atos 6:1]).
B. Desenvolvimento Histórico
Aqui, estão oito fatos interessantes acerca do grego helenístico:
1. A Era de Ouro da literatura grega efetivamente atingiu seu apogeu com
Aristóteles (322 a.C).
2. O Koinê nasceu sob as conquistas de Alexandre, o Grande.
3. O Grego Helenístico resultou do contado entre as tropas de Alexandre
oriundas de todas as regiões da Grécia. Esse encontro gerou uma influência
nivelada.
4. Entre os povos conquistados por Alexandre, esse grego miscigenado
desenvolveu-se como uma segunda língua. Essas conquistas deram à língua
grega o status de idioma universal.
5. O grego Koinê cresceu amplamente a partir do dialeto Ático (o falar da
Era de Ouro Grega). Sendo esse o dialeto de Alexandre, sobrepôs-se sobre
os outros dialetos - os dos soldados. O "Grego Helenístico" foi um pacto
entre os direitos da minoria mais forte (i.e., Ático) e a maioria mais fraca
(os demais dialetos)".13
12 BDF, 2, n. 1 (§ 3).
13 Moule, 1.
18 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
6. Esse novo dialeto, porém, não seria considerado como inferior ao Ático.
Nem era uma degeneração do Grego Clássico, mas uma fusão proveitosa
para as massas.14
7. A partir do primeiro século d.C., ele tornou-se a língua oficial de todo o
Império Romano.15
8. Desde quando o Koinê é Koinê? '
Embora o Grego Koinê tenha nascido em cerca de 330 a.C, esse foi seu nas
cimento físico, não o lingüístico. Espero que ninguém suponha que, instan
taneamente, após o término da última batalha de Alexandre, os povos con
quistados começaram a falar o Grego Koinê! (Lembre-se que a Grécia ainda
retinha seus dialetos quando Alexandre estava conquistando o mundo). As
sim como uma criança recém-nascida não fala imediatamente, levou algum
tempo até que o Koinê realmente tomasse a forma como o vemos no NT.
14 Ibid.
15 Cf. esp. Porter, "Did Jesus Ever Teach in Greek?" 205-23 (205-9 fala do grego como
a língua franca do Império Romano; 209-23 trata com o grego palestino em si).
A Língua do Novo Testamento 19
1. Morfologia
Cautela deve ser tomada nessa área, já que o Grego Helenístico era um
amálgama de outros dialetos. Algumas regras são tidas como prescritivas
e outras não, só porque estas não se encaixam naquele padrão, assim são
tomadas como exceção à regra. Muitas de tais exceções são traçadas por
empréstimo não-sistematizado de outros dialetos (e.g., A terceira pessoa
do singular do primeiro aoristo optativo, no dialeto eólico, termina com -
ai, enquanto no dialeto ático termina em -eiefu]). Outras se originaram na
acomodação do Koinê a partir de padrões familiares ou análogos (tais como
colocar terminações do primeiro aoristo em verbos do segundo aoristo -
6L1KXV por eíuou). Múltiplas formas, às vezes, de uma parte principal
específica (e.g., a quarta e quinta parte principal de ávoÍYW) que ocorre
no NT são explicadas por esse fenômeno.
Em suma, nem todas as formas irregulares no NT grego têm soluções
lingüísticas como essas, de modo que a simples memorização de regras fosse
o remédio para tudo. Muitas dessas irregularidades são devidas
simplesmente a transformações históricas, não a um princípio lingüístico.17
2. A Estrutura das Sentenças
a. Sentenças mais curtas e mais simples substituíram as sentenças
complexas do grego clássico.
b. Menor uso de partículas e conjunções, muitas das quais, para
desempenhar novas funções, tiveram seu uso estendido.
c. A parataxe (orações coordenadas) foi mais usada, em detrimento das
hipotaxe (sentenças complexas em que a oração subordinada é usada),
que foi reduzida.
d. O discurso direto prevaleceu sobre o discurso indireto.
a. Preposições:
E. Tipos de KoLVij
Muitos eruditos admitem a existência de dois níveis reais: o vulgar e o literá
rio.19 Essa visão equivoca-se pelas seguintes razões: (1) Esta visão deixa de lado
20 Hoerber, 252.
22 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
21 Hoerber, 252.
22 Jannaris, 4.
A Língua do Novo Testamento 23
23 Ibid., 5.
24 Ibid., 8.
25 Hoffmann von Siebenthal tem chegado a uma conclusão similar (2-3).
26 Jannaris, 7
24 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
1. Aramaico
2. Hebraico
3. Grego
2. As Possíveis Respostas
Em 1863, J. B. Lightfoot antecipou a grande descoberta de papiros contem
porâneos ao texto do NT quando disse: "se nós pudéssemos descobrir ape
nas correspondências habituais entre as pessoas, sem qualquer intenção de
serem composições literárias, teríamos um importante auxílio no entendi
mento da língua do NT em geral".29
Em 1895, trinta e dois anos mais tarde, Adolf Deissmann publicou seus
Bibelstudien (Estudos Bíblicos), uma obra puerilmente intitulada, visto que
revolucionou o estudo do NT. Nessa obra (traduzida depois para o Inglês
com o título Bible Studies), Deissmann mostrou que o grego do NT não era
uma língua criada pelo Espírito Santo (Hermann Cremer chamou-o de "O
grego do Espírito Santo", simplesmente porque 10% de seu vocabulário não
possuíam exemplos paralelos em obras seculares).
Deissmann demonstrou que o grande volume do vocabulário do NT se acha
va nos papiros. O efeito pragmático da obra de Deissmann tornou obsole
tos praticamente todos os léxicos e comentários lexicais escrito antes da vi
rada do século. (O léxico de Thayer, publicado em 1886, ficou, conseqüente
mente, antiquado logo depois de ser impresso. Ironicamente, ainda é tido
como confiável por parte de muitos estudantes do NT).
James Hope Moulton recebeu o bastão de Deissmann e demonstrou parale
los morfossintáticos entre o NT e os papiros. Em essência, o que Deissmann
fez para a lexicografia, Moulton fez para a gramática. Este notou que algumas
construções, previamente sem paralelo, no NT foram encontradas nos pa
piros (e.g., kv instrumental). No entanto, o seu caso não tinha se mostrado
convincente. Por essa razão, o debate ainda vigora a respeito do grau de
influência semítica sobre o grego do NT.
Atualmente, existem três pontos de vista quanto ao grego do NT. Eles
estendem-se do Koinê Vernacular até o grego rico em semitismos.
a. O Grego do NT = O Grego Vernacular
Essa era a visão de Deissmann e Moulton e tem sido promovida (com
algumas modificações) por Robertson, Radermacher, Colwell, Silva e
Rydbeck. Todos esses eruditos viam semitismos nas citações do AT e
em alguns ditos de Jesus.
Os problemas com essa visão são: (1) a rica variedade de autores do
NT não recebe a atenção devida. Alguns podem encaixar-se em certo
estilo; outros, em uma outra forma estilística; (2) muitos papiros foram
achados em tratados judaicos. Esses podem conter semitismos; e, em
muitos desses, (3) os paralelos sintáticos não são tão convincentes quan
to os paralelos lexicais: O NT parece, em sua abrangência, situar-se em
um plano superior aos papiros.
30 Turner, Syntax, 9.
31 Ibid., 4.
32 Por exemplo, o genitivo absoluto é usado freqüentemente no NT, pouco na LXX - e
é uma expressão distintamente idiomática. Várias características do aspecto verbal do
grego do NT não têm paralelo nas línguas semíticas. A construção artigo + substantivo
+ koú + substantivo é comum no NT, mas não (e não tem a mesma força semântica) na
LXX. A relação do adjetivo com o substantivo nas construções anarthras neotestamentárias
é mais semelhante ao grego áüco e aos papiros que à LXX.
33 Isso é especialmente o caso do artigo conforme L. Cignelli e G. C. Bottini, "UArticolo
nel Greco Biblico," Studium Biblicum Franciscanum Liber Annuus 41 (1991) 159-99. Eles
afirmam que o uso do artigo no NT fica em aposição comparado ao do ático (159). Sua
abordagem, porém, é tomar exemplos da LXX (que é uma tradução grega) e pressupor
que isso é igualmente válido no NT. Mas colocar o NT junto à LXX como se tudo fosse do
mesmo gênero é um exagero.
A Língua do Novo Testamento 27
Q u adro 1
A N atu reza M ú ltip la do G rego N eo testam en tário
d. Autoria Múltipla
E necessário referir-se ainda a outro fator: O NT foi escrito por vários
autores. Alguns (e.g., o autor de Hebreus, Lucas, e, às vezes, Paulo)
assemelham-se ao Koinê literário em suas estruturas sintáticas. Ou
tros estão em um nível inferior ao Koinê literário (e.g., Marcos, João,
Apocalipse e 2 Pedro). Por isso, é impossível falar que o grego
neotestamentário reflete uma única forma de Koinê. Esse é um argumento
decisivo contra Turner, pois a língua do NT não é uma "língua singu
lar" (uma comparação superficial entre Hebreus e Apocalipse revela
rá isso). Contudo, essa declaração também depõe, de certo modo, con
tra Deissmann e Moulton, pois o grego do NT não pode ser colocado
no mesmo patamar do grego dos papiros. Aqui, podemos citar três
níveis de relacionamento dos autores do NT e o Koinê: (1) alguns dei
xam transparecer que o grego era a sua língua nativa; (2) outros, que
cresceram em um ambiente bilíngüe, provavelmente aprendendo o
grego depois do aramaico; e (3) outros, que podem tê-lo aprendido
quando eram adultos.
35 Ou seja, o contexto semítico do autor pode, às vezes, afetar sua sintaxe e vocabulário
(especialmente devido à influência da LXX). O Koinê vernacular pode impacta sua
sintaxe, bem como seu estilo etc.
A Língua do Novo Testamento 29
4. Algumas Conclusões
As questões relacionadas ao grego do NT são meio complexas. Podemos
sumarizar nossas conclusões da seguinte forma:
a. Em grande parte, o grego do NT é o grego coloquial em sua sintaxe -
um pouco abaixo do refinamento e das estruturas sintáticas do Koinê
literário, mas acima do nível encontrado nos papiros (embora, seja
verdade que há intrusões semíticas na sintaxe neotestamentárias em
algumas ocasiões).
b. Seu estilo, ao contrário, é amplamente semítico. Vê-se isso em quase to
dos os escritores judeus do NT. Seu estilo é permeado tanto pela sua
herança religiosa quanto por seu contexto lingüístico. Além disso, a
estilística neotestamentária é fruto da fé comum em Jesus Cristo. (Isso é
semelhante a conversas entre dois cristãos: primeiro, na igreja; depois
no ambiente de trabalho. O estilo do discurso e o vocabulário, até certo
ponto, mudam de acordo com o local em que se encontram).
c. O vocabulário do NT, embora em seu conteúdo seja fortemente
influenciado ora pela LXX, ora pela experiência cristã, compartilha
muitas semelhanças como os documentos encontrados nos papiros do
primeiro século d.C.
Há exceções em cada uma dessas influências, uma vez que elas não são
nitidamente colocadas em compartimentos. E isso não é tudo: é quase im
possível ver o grego desses homens como meramente um tipo de Koinê,
visto eles serem oriundos de vários contextos lingüísticos e dotados de di
ferentes habilidades literárias. No entanto, obter uma impressão geral do
grego do NT é uma possibilidade. Moule resumiu bem essa questão:
O pêndulo tem inclinado mais na direção de igualar o grego bíblico com
o "grego secular". Mas não devemos permitir que essas incríveis desco
bertas tornem-nos cegos a ponto de não percebermos as peculiaridades
semíticas preservadas no grego bíblico. (E isso é um fator mais prepon
derante no Novo Testamento do que no "grego secular", coloquial ou li
terário. Ainda que se mencione a propagação das colônias judaicas na so
ciedade de então). Aliada à influência semítica, a mão modeladora da ex
periência cristã, em certo ponto, criou um idioma [=estilo] e vocabulário
próprios.36
36 Moule, 3-4.
30 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
5. Autores Individuais
Falando de modo geral, o nível literário dos autores do NT pode ser
apresentado da seguinte forma:3/
Tabela 1
N ív eis L iterários d os A u tores do N T
Q u adro 2
F req ü ên cia do U so dos C asos no N ov o T estam ento
(de acord o com as classes de palav ras)
31
32 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
4A favor dos sistemas de oito casos estão Robertson, Dana-Mantey, Summers, Brooks-
Winbery, Vaughan-Gideon e outros poucos. Todos os demais (quer gramáticas do NT ou
do Clássico) adotam o sistema de cinco casos. Interessante, o fio comum que liga os
defensores dos oito casos é que eles tipicamente são Batistas do Sul - Southern Baptists (A
influência de A. T. Robertson provavelmente é a razão maior para a popularidade do
sistema de oito casos nessa denominação).
5 Embora muitos MSS tenham kv antes de uõati (e.g., A [D] E F G L P W S / '1328 565
579 700 1241 1424 Byz). Isso se deve a uma adição posterior. De qualquer forma a questão
aqui não é afetada.
6 Discutiremos esse texto no capítulo sobre preposições.
Os Casos: Introdução 33
7 Isso não quer dizer que a questão é resolvida pela hermenêutica, embora certamente
tenha importância na decisão. A pesquisa bíblica recente reconhece que determinado au
tor pode, às vezes, ser intencionalmente ambíguo. Os exemplos de duplo sentido, de sensus
pleníor (definido de forma conservadora), trocadilhos e jogos de palavras no NT, todos
contribuem para tal fato. Um tratamento completo sobre isso ainda precisa ser feito. cf. A
tese de doutorado de Saeed Hamidkhani, "Revelation and Concealment: The Nature and
Function of Ambiguity in the Fourth Gospel" (Cambridge University, 1996).
8 Dana-Mantey, 65.
9 Dar prioridade ao sincronismo é um dos grandes avanços da lingüística moderna (cf.
F. de Saussure, Cours de linguistique générale [Paris: Payot, 1916]). A obra foi traduzida para
o português como Curso de Lingüística Geral São Paulo: Cultrix, 2007.
10 Cf. W. D. Whitney, A Sanskrit Grammar, Including Both the Classical Language, and the
Older Dialects, of Veda and Brahmana, 3d ed. (Leipzig: Breitkopf & Hãrtel, 1896) 89 (§266),
103-5 (§307) sobre as formas dos oito casos no sânscrito.
11 Em sua seção sobre "The Greekness of Greek", Palmer nota que, mesmo a partir de
evidências de inscrições mais antigas, um dos aspectos distintivos do grego foi suas formas
dos cinco casos: "Na morfologia dos substantivos a mais intrigante inovação do grego foi
a redução de oito caos do Indo-Europeu para cinco. . ." (L. R. Palmer, The Greek Language
[London: Faber & Faber, 1980] 5).
34 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Tabela 2
S istem a de C in co C asos Vs. S istem a de O ito C asos
Nominativos:15 24,618
Genitivos:16 19,633
Dativos:17 12,173
Acusativos:18 23,105
Vocativos:19 317
Total: 79,84620
Bibliografia Selecionada
Abel, Grammaire, 165-67; BDF, 79-82 (§143-45,147); Brooks-Winbery, 4-7, 59; Dana-
Mantey, 68-71 (§83); Goetchius, Language, 45-46; Funk, Intermediate Greek, 395-404
(§530-37), 709-10 (§885-86); Hoffmann-von Siebenthal, Grammatik, 214-16; L. C.
McGaughy, Toward a Descriptive Analysis of E iv a i as a Linking Verb in Nezu Testament
Greek (Missoula, Mont.: Society of Biblical Literature, 1972); Matthews, Syntax, 96
120; Moule, Idiom Book, 30-31; Moulton, Prolegomena, 69-71; Porter, Idioms, 83-87;
Radermacher, Grammatik, 118-19; Robertson, Grammar, 456-61; Smyth, Greek
Grammar, 256-57 (§906-18); Turner, Syntax, 34, 230-31; Young, Intermediate Greek, 9
15; Zerwick, Biblical Greek, 9-11 (§25-34).
36
Normativo 37
1 O tópico na sentença é, tecnicamente, maior que uma simples palavra. Como no portu
guês, porém, o termo "sujeito" também pode ser usado para o sujeito tópico ou o gramatical.
E.g., na sentença: "O garoto chuta abola", o sujeito gramatical é "garoto", mas o sujeito tópico (ou
semântico/lógico) envolve tanto um agente (um garoto) quanto uma ação (chutar a bola).
2 Gildersleeve acrescenta uma interessante nota que explica por que o neutro não tem
duas formas distintas para o nominativo e o acusativo: "O nominativo relaciona-se com a
idéia de pessoa ou personificação. Esta é a razão porque o neutro não tem uma forma
nominativa. Por um lado a livre personificação de nomes pareceria estranha em um estilo de
prosa prática e simples, por outro pareceria normal para se fazer poesia ou para filosofar".
(B. L. Gildersleeve, "I. — Problems in Greek Syntax," AJP 23 [1902] 17-18). Isto quer dizer
que o sujeito da sentença é freqüentemente, se não normalmente, o agente, e, conseqüente
mente um ser pessoal. (Isso é claro, uma vez que dificilmente objetos manifestariam atos de
volição). Há muitas exceções, é claro, mas o ponto de vista de Gildersleeve está mais relacio
nado às raízes históricas da língua que ao seu uso.
3 Temos a seguinte apresentação do nominativo: Dos 24.618 nominativos existentes no
NT: 32% são nomes (7794); 24% são artigos (6009); 19%, particípios (4621); 13%, pronomes
(3145); e, 12% são adjetivos (3049).
4 O termo "não-afetado" será usado através desse livro para nos referirmos às caracterís
ticas ou traços morfológicos particulares de uma categoria (v.g., o caso nominativo, o tempo
presente, o modo indicativo etc.). Estes são vistos somente quando forem puros. Em outras
palavras, os traços "não-afetados" são aqueles que o tempo presente, por exemplo, possui
quando não é influenciado em seu significado básico (como o significado contextual ou lexical
do verbo, ou outra característica gramatical imposta como faz o modo indicativo etc.). Para
maiores detalhes, leia a discussão sobre os aspectos não-afetados e seus usos específicos, no
tópico "A Abordagem desse Livro".
38 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Usos Específicos
Usos Primários do Nominativo
I. Sujeito
A. Definição
O substantivo5 no caso nominativo é freqüentemente o sujeito de um ver
bo finito.6 O verbo pode ser explícito ou implícito. Por sujeito implícito ou
"em elipse", chamamos o sujeito identificado pela desinência verbal (e.g.,
ep/eioa, significa "ele vem" [a desinência -]e]t(u indica a terceira pessoa
do singular]). Esse uso é mais comum do nominativo.
B. Ampliação
8 Em nossa análise sobre os casos oblíquos (i.e., genitivo, dativo e acusativo), notare
mos que com esses tipos de verbos a estatística também é similar. Por exemplo, genitivos
sujeitos serão mais comuns que genitivos objetos, uma vez que eles podem ocorrer com
nomes deverbais que possuem idéia verbal transitiva ou intransitiva, enquanto os objetos
genitivos ocorrem somente com idéias verbais transitivas. 9 Matthews, Syntax, 99.
10 Para uma discussão complementar, veja especialmente Fanning, Verbal Aspect, 126
96; cf. também Givón, Syntax, 139-45 (§5.3).
40 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
C. Ilustrações
Jo 3:16 fiyáiTqaeu ó Geóç xòv KÓapov
Amou Deus ao mundo
Hb 11:8 TTÍaxei 'APpaàp ínrriKOuaev
Pela fé Abraão obedeceu
Rm 6:4 r)yép0r| Xpicrròç èic veKpôv
Cristo foi ressuscitado dos mortos
At 1:7 ó uotirip eGeio kv tt) lõía êÇouoía
o Pai estabeleceu por sua própria autoridade
Ef 5:23 ó Xptoxòç Kecjicdri xfjç èKKA.r)oíaç
Cristo [é] o cabeça da igreja
^ II. Nominativo-Predicativo
A. Definição
O Nominativo-Predicativo (NP) é quase igual ao Nominativo-Sujeito (NS), e
une-se a este último por um verbo de ligação explícito ou implícito. NP's
ocorrem freqüentemente no NT. Contudo, um NS nem sempre possui um
NP, nem se correspondem intercambiavelmente, e.g., como na fórmula ma
temática : A=B, B=A. Pelo contrário, o NP regularmente descreve uma cate
goria maior (ou estado) à qual o NS pertence. É importante atentar para os
dois tipos distintos de construções de Nominativo-Sujeito/Nominativo-
Predicativo (=NS/NP), que serão discutidos abaixo.
B. Ampliação
1. Verbos Usados nas Construções NS/NP
Os verbos usados nessa "equivalência" são: elpit (o mais usado), yivopca,
e úlTápxío. Note que a voz passiva de alguns verbos transitivos podem ser
usados nesse tipo de construção: e.g., Kccléca na sentença: (j)ÍXoç Geoí) èKÀ.f|9r|
["ele foi chamado amigo de Deus"] em Tg. 2:23; e eí)p[aKG): etipeGruieu leal
aúxol ãpapi(júA.o( ["fomos nós mesmos também achados pecadores"
G12:17.11
2. Tradução das Orações NS/NP
A tradução para o português requer que o NS seja traduzido primeiro.12
11 Ocasionalmente |iévu pode ser usado como um verbo equativo. Quando isso ocor
rer, significa que nele não usará sua performance intransitiva (cf. At 27:41; 1 Cor 7:11;
2 Tm 2:13; Hb 7:3).
12 Isso é verdadeiro particularmente em todas as sentenças, exceto nas interrogativas
onde a ordem é reversa (e.g., xíç koxiv f] pf|Tr|p pou ["quem é a minha mãe?"] em Mt 12:48.
O sujeito é minha mãe e o nominativo predicativo é "quem"). Sentenças interrogativas,
por sua própria natureza, indicam componentes desconhecidos e, conseqüentemente, não
podem exercer a função de sujeito (veja McGaughy, Descriptive Analysís of Eivai, 46, 68
72). (Outra classe de exceções, porém muito rara, os pronomes demonstrativo seguidos
por uma declaração apositiva ou epexegética, pois o conteúdo dos pronomes é revelado
na declaração seguinte [cf., e.g., Tg 1:27].)
Nominativo: usos primários 41
Tal exigência não ocorre na língua grega. Em Jo 1:1, por exemplo: 9eòç
rjv ò ÀÓyoç segundo a índole da língua portuguesa deve ser traduzido:
"a Palavra era Deus", em lugar de "Deus era a Palavra", como se lê em
grego. Uma vez que a ordem de palavras na língua grega é mais flexível
que em português, surge um problema: Como distinguimos NS de NP
se a ordem das palavras não é um guia claro? A seção seguinte oferecerá
uma solução detalhada.
3. A Importância Semântica e Exegética das Construções NS/NP
a. A Dupla Relação Semântica
A importância da construção de NS/NP afeta mais que a simples tra
dução, pois ambos não se correspondem intercambiavelmente. A re
lação entre um Nominativo-Sujeito e um Nominativo-Predicativo,
resume-se assim: o predicativo descreve a classe a que o sujeito pertence.13
Isto é conhecido como uma proposição de subconjunto (onde o NS é
um subconjunto de NP). Logo, o significado de "O Verbo se fez car
ne" não é igual a "Carne se fez Verbo", porque a categoria carne é
mais ampla que a categoria "Verbo". A expressão "a palavra da cruz
é loucura" (1 Co 1:18) não quer dizer o mesmo que "a loucura é a
palavra da cruz", pois há outros tipos de loucura. Declarar que "Deus
é amor" não é o mesmo que afirmar que "o amor é Deus". Portanto,
a partir desses exemplos o vocábulo “é" não significa necessariamente
"igual a ".u
X 'X X ^T x
f f Sujeito N \ j Sujeito \ _ f ( 'é o \
V L Jo ã o ') ) \ , ('Jesus') ) 1 filho de )
\ Pred. do Sujeito V J X D e u s ') /
\ ('é um /
.h o m e m ' ) /
Proposição Conversível
Proposição Corolária 'Jesus é o Filho de D eus' =
'João é u m hom em ' 4 'U m hom em é João' 'O Filho de Deus é Jesus'
Q uadro 4
R elação S em ân tica do N om in ativo-S u jeito com o N om in ativo-P redicativo
16 O trabalho original, nessa área, vem da pena de Goetchius, Language, 45-46. Ele
menciona cinco padrões distintos de 'Sujeito': (a) nome próprio, (b) nome articular, (c)
Se ambos forem igualmente definidos, aquele que possuir sentido mais específico será o
Sujeito; (d) O Sujeito encontra-se mencionado no contexto imediatamente anterior, e (e)
as regras pronominais de Goetchius foram examinadas por McGaughy o qual encon
trou falhas nas mesmas. Veja Descriptive Analysis of E ín a i, 29-33. McGaughy encontrou
duas falhas gerais no método de Goetchius (32): "(1) Goetchius mesclou categorias: (a),
(b) e (e) são categorias gramaticais (morfológica e sintática); (d) é uma categoria contextual
e (c) pertence ao nível do significado (semântica). (2) Goetchius ordenou suas descober
tas," ele nota que "enquanto a análise de Goetchius representa um progresso na identi
ficação dos sujeitos em S-II, é fato que ele iniciou sua abordagem com um princípio
semântico [o contraste definido vs. indefinido] o qual anula sua proposição final" (33).
McGaughy segue o princípio da Lingüística Estrutural (a mesma é bastante utiliza
da nessa gramática). Essa abordagem propõe que a análise gramatical deve iniciar com
a estrutura e finaliza com a semântica (ibid., 10-16). Por outro lado, a confusão levanta e
influencia de modo que não se produz uma mudança propriamente dita. Os padrões
gramaticais da linguagem serão um guia mais seguro que os padrões léxico ou semân
tico porque a transformação parte de autor para autor e de tempo para tempo (e de
intérprete para intérprete!). Veja nossa "Abordagem para este Livro".
Finalmente, desejo expressar meus agradecimentos a Steve Casselli e Gennadi
Sergienko, cujo trabalho no Curso de Gramática Grega Avançada, no Seminário Teológi
co de Dallas (1992 e 1993 respectivamente) me auxiliou a embasar e explicar o argumen
to dessa seção.
17 McGaughy, Descriptive Analysis of E iv a i, 68-72.
Nominativo: usos primários 43
23 Não estamos aqui interagindo com a regra de Goetchius, isto é, que o sujeito terá
sido mencionado em um contexto imediatemente anterior por duas razões: Primeiramente,
como McGaughy notou, sua base é mais contextual que morfológica. Segundo, pragmati-
camente, há poucos lugares no NT em que qualquer outra regra também, seja invocada.
Isto é, o termo precedente é quase sempre especificado por um artigo anafórico ou um
pronome (ambos são os melhores guias na distinção entre Nominativo-Sujeito e
Nominativo-Predicativo). O contexto como padrão é aparentemente válido quando ne
nhum outro substantivo, em uma dada construção NS-NP, for um pronome, nome pró
prio ou articular (cf. Hb 11:1, onde ambos os substantivos são anarthros, mas t t l o t l ç é o
sujeito mencionado em 10:38-39 [similar ao que ocorre em Ef 5:23]). Em cada instância
não-ordenada, isso é necessário, visto que a regra de contexto não está em conflito com
luer outra regra.
Novamente, os pronomes interrogativos constituem uma verdadeira exceção. Os pro
nomes pessoais, demonstrativos e relativos funcionam de forma distinta dos pronomes
interrogativos por isso: Aqueles substituídos por algo já mencionado no contexto (uma quan
tidade conhecida), enquanto estes são antecedidos por um substantivo ainda não menciona
do (uma quantidade desconhecida). Um é uma atividade anafórica, a outra, catafórica.
Nominativo: usos primários 45
Essa construção ocorre com (1) ytvo|j,ai; (2) elpt, comumente no futuro; e,
com menos freqüência, (3) Àoyí(opat.36
1. Com rínopai37
At 4:11 ô A.Í0OÇ . . . o yevófievoç elç Ke^alfinywuLaç
A pedra .. . que se tornou a pedra angular
Alusão ao SI 118:22, um texto muitas vezes aplicado a Cristo no NT.
Rm 11:9 yf^TjdrjTCà f) TpátTeÇa a m w elç trayíôa k kl elç Brjpav
Tornou-se-lhes a sua mesa em laço e em armadilha (=S1 68:23)
2. Com E lp i38
Mc 10:8 eoovrccL ol ôúo elç oápKa piau
serão os dois uma só carne
34 Ainda que o argumento principal de Carson seja gramatical (John, 662): "Além de
tudo, pode-se declarar que, com uma alta probabilidade, essa claúsula com hina deve,
de acordo com um padrão sintático, ser traduzida assim: 'para que creiais que o Cris
to, o Filho de Deus, é Jesus'". Essa é, enfaticamente, uma construção objeto-comple
mento, a qual assemelha-se semanticamente a uma construção NS-NP. Ou a ordem de
cada palavra é um fator determinador ou o nome próprio recebe prioridade sobre nome
anarthro. Cf., e.g., At 18:28: "[Paulo] convencia... publicamente os judeus, demonstran
do que [Jesus era o Cristo/o Cristo era Jesus - ARC|" (tolç louôaíoiç ôictKai:r|A.éYxei:o
õripooia CTTiõeiKVUÇ . . . eivai ròv Xprotòv Iqaoúv). Esse é o tipo de situação (endereçada
aos judeus) que Carson vê em Jo 20:31. Mas diferentemente de Jo 20:31, Triooüç segue
um nome anartro. Goetchius (sobre o qual Carson baseia seu exemplo) cita At 18:5, 28;
5:42 para comprovar que o nome anarthro tem prioridade. Mas em cada instância, o
nome anarthro ocorre em primeiro lugar quanto à ordem. (Goetchius não analisa
At 11:20, onde o nome próprio vem em segundo lugar, tomando a prioridade.)
3:1 Veja Moulton, Prolegomena, 71-72; BAGD, s.v. elç, 8.a.
36 Cf. Zerwick, Biblical Greek, 10-11 (§32); BDF, 80 (§145); BAGD, s.v. elç, 8.a.
37 Além dos textos citados acima, veja Mt21:42=Mc 12:10=Lc 20:17 (SI 118:22);
Lc 13:19; Jo 16:20; At 5:36; 1 Ped 2:7 (SI 118:22); Ap 8:11; 16:19.
38 Além dos textos citados acima, cf. Mt 19:5=Mc 10:8 (Gn 2:24); Lc 3:5 (Is 40:4);
Jo 17:23 (aqui há um subjuntivo presente); 2 Cor 6:18 (2 Sm 7:14); Ef 5:31 (Gn 2:24);
Hb 8:10 (2 Rs 6:16); 1 Jo 5:8. Esse último texto é muito raro (com construções com elpi,)
por dois motivos: (1) a forma elpí está no indicativo presente e não futuro (ou subjuntivo
presente), e (2) não alude a qualquer texto do AT. Os textos paralelos mais próximos a
essa construção são encontradas em Jo 17:23 (com elç + acusativo) e Jo 10:30 (év + elgí).
48 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Hb 1:5 eycò coo/uai aüxcô elç naxépa, K a l aúxòç corai, poi elç ulóv
Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho.
Citação de 2 Sm 7:14, uma passagem muitas vezes utilizada no NT com
peso messiânico.
3. Com AoyíCopat39
At 19:27 tò xf|Ç peyálriç 0eâç 'Apxépiôoç lepòu elç oúBev lopLoO rjcaL
o próprio templo da grande deusa, Diana, ser estimado em nada
Rm 4:3 èTTÍoxeuoev Wppaàp xtô 9ecã, Kal êÀoyíodr] aòxtô elç ôiKaioaúur|u
Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça
39 Cf. também Rm 2:26; 4: 5, 22 (como Rm 4:3, cita Gn 15:6); 9:8; G1 3:6 (Gn 15:6);
Tg 2:23 (Gn 15:6).
40 O nominativo ocasionalmente está em aposição a um pronome oblíquo, contudo
o sentido é o mesmo. Veja discussão abaixo.
41 Um aposto, estritamente falando, é um substantivo, não um adjetivo. Logo, adje
tivos ou particípios em uma segunda posição atributiva não são, geralmente, apostos,
pois possuem uma ênfase adjetiva.
42 O significado disso será visto em nossa discussão sobre o genitivo, visto que o
genitivo envolve uma categoria sintática, ou seja, o genitivo de aposição. O sentido en
volve uma categoria muito distinta de uma simples aposição.
Nominativo: usos gramaticalmente independentes 49
I. Nominativo Absoluto
A. Definição
Os nominativos absoluto e o pendente são os dois nominativos
independentes que, de modo especial, serão tratados juntos várias vezes.44
Mas há distinções nas situações semânticas em que ocorrem.45 O primeiro é
usado em material introdutório (como títulos, cabeçalhos, saudações, e endereços),
que não será interpretado como uma sentença.46
B. Simplificação
O modo mais fácil de lembrar a diferença entre esses dois tipos de nominativo
é: que o absoluto não ocorre em um a oração, só em títulos, saudações, e outras
frases introdutórias.
C. Exceção
D. Ilustrações
1. Títulos
3. Saudações
Rm 1:7 XÓpiç Uili-' Kal eípqvn áirò Beot) irarpòc qpGjv Kal Kupíou Tqaoü Xpiatoü
graça a vós outros e paz da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo
As saudações devem ser tratadas um pouco diferente do endereçamento,
pois, às vezes, o verbo mostra em quais casos o nominativo não é abso
luto, mas funciona como o sujeito do verbo finito (cf. 1 Pd 1:2; 2 Pd 1:2;
Jd 2; 2 Jo 3). O verbo nunca aparece no corpus paulinum. Isso deve ser
importante, especialmente, se a hipótese de que Paulo criou (ou pelo
menos popularizou) a saudação "graça e a paz" for levada a sério. O
que seria um item de "asseveração" para ele (e, assim, de fácil compre
ensão para suas igrejas), em outros autores, foi necessário a presença
de um verbo explícito para atingir o mesmo objetivo.
Cf. também 1 Co 1:3; 2 Co 1:2; G11:3; Ef 1:2; Fp 1:2; Cl 1:2; 1 Ts 1:1; 2 Ts 1:2; 1 Tm 1:2;
2 Tm 1:2; Tt 1:4; Fm 3.48
A. Definição
B. Clarificação
B. Clarificação
C. Simplificação
D. Amplificação
Classificar uma oração explicativa como uma oração parentética (e, por
conseguinte, seu sujeito como um nominativo parentético54), não é uma
53 Na obra The Fíve Gospels: The Search for the Authentic Words of Jesus, edd. R. W.
Funk, R. W. Hoover, e no Seminário Jesus (New York: Macmillan, 1993), esse texto não
defende uma volta à busca do Jesus Histórico de modo algum (ou seja, edições que des
tacam em negrito, o que consideram "as palavras que Jesus não pronunciou. Isso re
presenta a perspectiva de uma tradição diferente e antiga" [p. 36]). Ainda que, a sinta
xe não se assemelhe ao uso costumeiro de Lucas, exceto quando encontramos uma cla
ra declaração de Jesus (cf., e.g., Lc21:6). Talvez a sintaxe seja um dos critérios de au
tenticidade empregado pelo Seminário Jesus.
54 E mais fácil tratar, isoladamente, um parêntesis em uma seção ou claúsula, do
que isolar o caso nominativo. Por razões pedagógicas, no entanto, incluiremos a dis
cussão aqui.
54 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Cf. também Mc 2:10 (o nominativo implícito no verbo, como em Ap 2:9); João 1:15; 3:1;
4:1-3; G1 2:5; Ap 3:9.
B. Ilustrações
59 Isso não quer dizer que expressões proverbiais nunca usem um verbo finito (cf.
Lc 4:23; At 20:35; 1 Co 15:33), mas que há poucos casos que se encaixam, de maneira que
não precisam ser tratado aqui.
O provérbio in Tt 1:12, talvez seja da autoria de Epimênides (do mesmo autor ainda
existem manuscritos que não incluem esse trecho), é tipicamente traduzido como uma
sentença: "Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos", porém
sem conhecermos o texto original desses versos, não temos base para afirmar algo. J. D.
Quinn, The Letter to Titus (AB; New Yprk: Doubleday, 1990) 107, o traduz de acordo com
os versos hexâmetros gregos:
Preguiçosos sempre, homens de Creta,
Detestáveis Bárbaros que vivem para comer.
60 Não há necessidade de que o substantivo seja um nominativo, (cf., e.g., Mt 5:38).
61 Para outras traduções possíveis, veja BAGD, s.v. pópfiopoç.
62 No mínimo, deve-se às considerações sobre o gênero. É difícil argumentar que são
de fato particípios independentes.
63 Heráclito tem sido freqüentemente mencionado; isso, no entanto, é duvidoso. Veja
R. J. Bauckham, Jude, 2 Peter (WBC; Waco: Word, 1983) 279-80.
64 Há algumas notáveis diferenças entre essa forma e a LXX. A última emprega um
acusativo (baseado na sintaxe do v. 8), um verbo diferente, além de ser anarthro.
56 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
A. Definição
Aqui o nominativo é usado no lugar do caso vocativo. E usado (na função
vocativa) em invocação direta para designar o destinatário.
B. Amplificação: Um Categoria Legítima?
Isso ocorre devido à sobreposição formal de um nominativo a um vocativo.
Não há distinção alguma da forma plural ou neutra singular entre ambos
os casos, do mesmo modo que entre algumas formas masculinas e femini
nas no singular. "Há uma tendência em eliminar a distinção até mesmo
onde o vocativo tem forma própria . . ."6b
Alguns gramáticos que adotam o sistema de oito casos, comumente se opõem
a categoria do nominativo por vocativo, visto que a definição de tais estudi
osos, quanto aos casos, é funcional, e não morfológica.67 Tal abordagem
deve-se, em parte, pela preferência diacrônica que os proponentes do siste
ma de oito casos tendem a dar à língua em vez da abordagem sincrônica,
sendo isso feito mais em termos de etimologia do que de uso. No entanto, o
nominativo por vocativo é um desenvolvimento natural do caso do sujeito,
especialmente entre pessoas cuja língua nativa não incluía uma forma dis
tinta para o vocativo.68
C. Estrutura e Semântica69
Esse nominativo divide-se em duas categorias estruturais: sem artigo
(anarthro) e com articular. O uso anarthro possui duas estruturas adicionais:
(1) uma utilizando (3, e (2) outra sem essa marca) Cada exemplo anarthro
utiliza um paralelo semelhante a uma construção vocativa (com a partícula
(3, o endereçamento é muito mais enfático ou emocional. Sem ele, há menos
ênfase).70
65 Agradecemos aqui a J. Will Johnston, cujo trabalho nessa área, realizado no curso
de Gramática Grega Avançada (Dallas Seminary, Spring 1993) nos auxiliou na funda
mentação e elucidação do argumento nessa seção.
66 Zerwick, 11 (§33). Cf. also BDF, 81 (§147).
67 O banco de dados do Gramcord!acCordance também contesta implicitamente isso,
classificando muitos nominativos usado como vocativos como simplesmente vocativo.
68 Ademais da questão de forma e legitimidade dessa categoria, note como é sucinta
e prestativa a discussão sobre o contexto semântico em BDF, 81 (§147).
69 Gildersleeve, comentando sobre esse fenômeno no grego clássico, chama atenção
para: "Na ausência do vocativo puro, o nominativo é usado como vocativo. Quando o
vocativo está presente, o uso do nominativo como vocativo traz uma nuance
perceptivelmente diferente. E distinta e mais respeitosa, porque apela para o caráter,
ainda que, às vezes, seja fruto de ajustes métricos". (Syntax of Classical Greek, 1.4). O NT
grego tem uma ênfase diferente: (1) Primeiramente, referindo-se ao nominativo articular:
"Há um perceptível aumento no uso do nominativo articular em endereçamento. Quase
sessenta exemplos desse tipo são encontrados no NT. . . devemos ainda reconhecer uma
aparente continuidade [originária do grego clássico] em relação a um estilo mais antigo.
Descrição, porém, é antes uma observação do nominativo articular no discurso do NT . . . O
nominativo anarthro seria provavelmente considerado como um simples substituto do
vocativo . . (Moulton, Prolegomena, 70).
Nominativo: usos gramaticalmente independentes 57
1. Anarthro
a. Sem o3 73
b. Com g3
70 Para uma discussão mais detalhada do discurso direto com esse particípio veja o
capítulo sobre vocativo.
71 Em hebraico, o nome típico de endereçamento terá um; cf. 2 Sm 14:4 (algo superior
pode ser invocado desse modo [GKC, 405 (§126f)]). Na LXX, Deus (Elohim) é utilizado
com o uso de um nominativo articular (0eé ocorre somente sete vezes, cinco das quais na
literatura apócrifa). Porter pensa diferente sobre o nominativo usado como vocativo. Ele
concorda com Louw ("Linguistic Theory," 80), ou seja, o nominativo é menos direto, mais
formal e reservado que o vocativo (Porter, Idioms, 87). Ainda que seja fato quanto ao grego
helenístico, o uso neotestamentário tem mais influência semítica. A invocação de Jesus:
"Menina, levanta-te" (Lc 8:54) é totalmente formal, reservada, e pouco direta.
72 Há quase 600 ocorrências de nominativo como vocativo no NT. Somente cerca de 60
nominativos usados como vocativos são articulares (Moulton, Prolegomena, 70).
73 Sobre o sentido do vocativo com e sem c3, veja o capítulo sobre vocativo.
74 TTíXTcp na UBS^'^, com íp 59vid ^ C D L W 0 *F 3Jt et al. apóiam; iTatrip na Nestle-
Aland25 apoiado por A B N pauci.
75 D W 0 565 tem o adjetivo voe. cnuate.
58 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Cf. também Mt 17:17=Mc 9:19=Lc 9:41; 24:25; At 13:10 (com adjetivos aqui); 18:14; 27:21;
Rm 11:33 (é possível classificar (3á9oç como nominativo de exclamação. Veja discussão
posterior76
2. Com artigo
Mc 5:8 xò TiveOpa xò aKáOapxou çk xoh àyGpwTiou.
sai desse homem, espírito imundo,
Lc 8:54 r| iraíç, eyeipe.
Menina, levanta-te!
Este endereçamento a um inferior deve-se (1) ao grego de Lucas (i.e., o
estilo koinê literário) ou, simplesmente, (2) ao grego equivalente a uma
elocução semítica (cf. o paralelo em Mc. 5:41).
Jo 19:3 /alpe, ó BaoiÀeuçxwv ’Iouõatcov
Salve, rei dos judeus!77
E provável que o evangelista esteja focalizando os soldados ao usar o
nominativo com artigo e o BDF considera como o uso clássico: "o [gre
go] ático usava o nominativo (com artigo) junto com substantivos sim
ples somente para se dirigir a inferiores..." (BDF, 81. [§147]). Embora
eles o chamem "Rei", o modo como eles fazem essa proclamação nega o
endereçamento. Cf. At. 26:7. Note também que em Mc. 15:18 o vocativo
é usado (uma passagem paralela, onde muitos mss. antigos mudam o
vocativo para um nominativo com artigo). Moulton, que concorda tex
tualmente com o vocativo, declara que é "meramente uma nota da sen
sibilidade imperfeita do escritor em relação às matizes mais delicadas
do idioma grego" (Prolegomena, 71).
Ef5:22 od yuuaÍKeç xolç lõíoiç áuôpáoiv
Esposas, [sede submissas] aos vossos próprios maridos
Não seria correto dizer que o nominativo articular indica inferioridade
nesse exemplo, pois tal construção também é usada em 5:25 quando se
dirige aos maridos.
Jo 20:28 ó KÚpióç p o u K a l ó 0eóç p ou .
© cn p â ç e lu e u a ú x tô ,
Disse-lhe Tomé, "Senhor meu e Deus meu!"
Há dois exemplos no NT (ambos no mesmo verso, Mt. 27:46), onde Deus
é invocado no nominativo, muito provavelmente, por causa da influênda
semítica.
3. Como Aposto de um Vocativo (sempre articular)
Ap 15:3 peyáLa Kal B a u p a a x à xà e p y a aou, KÚpie ó 9eòç ó uauxoKpáxup
Grande e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso
B. Clarificação e Significado
C. Ilustração
I. Nominativo de Apelo90
A. Definição
O título aparece no nominativo e funciona como um nome próprio.
Normalmente, um outro caso deveria pode ser até mais apropriado, mas
o nominativo é usado por causa de seu caráter especial na descrição do
indivíduo.
B. Clarificação e Semântica
A chave de identificação é: o nominativo é tratado como um nome próprio
esperado em um outro caso. Ao estar ligado a um indivíduo particular, o
simples substantivo comum é como que exaltado. Embora o grego antigo
não possuísse o que conhecemos como aspas, a função para a qual damos
essa notação diacrítica era expressa pelo uso de um nominativo de
apelação. Há pouquíssimos exemplos disso no NT.
Esse é, por excelência, um uso de certos nomes. Identificamo-lo assim: (1)
ou o nome estará escrito com inicial maiúscula (2) ou entre aspas.
C. Ilustrações
Jo 13:13 {jpeiç ^cjuelté (ie ó õiôáoicaÀoç Kal ó KÚpioç
vós me chamais Mestre e Senhor
V. Nominativo ad Nauseum
Também conhecido como nominativo aporético (de aTTOpéu, "eu estou perplexo"),
essa é a categoria a que se apela quando outra classificação não for encontrada.
(N.T., lembra as palavras denotativas da Nomenclatura Gramatical Brasileira)
O título é descritivo não do nominativo, mas do sentimento que se tem na boca
do estômago pelo tempo gasto nesse caso e não ter conseguido nada. (Trad. ad
Nauseum - o mesmo que chegar à exaustão).
99 Entre os mais interessantes estudos, encontram-se: T. C. Laughlin, The Solecisms of the
Apocalypse (Princeton: University Publishers, 1902 [originalmente apresentado como uma
dissertação de doutorado no Seminário de Princeton]); Charles, Revelation, l.cxvii-clix; D. R.
Younce, "The Grammar of the Apocalypse" (dissertação de doutordo não-publicada,
Seminário Teológico de Dallas, 1968); G. Mussies, The Morphology ofKoine Greek as Used in the
Apocalypse ofSt. John (Leiden: E. J. Brill, 1971); S. Thompson, The Apocalypse and Semitic Syntax
(Cambridge: Cambridge University Press, 1985); S. E. Porter, "The Language of the Apocalypse
in Recent Discussion," NTS 35 (1989) 582-603; D. D. Schmidt, "Semitisms and Septuagintalisms
in the Book of Revelation," NTS 37 (1991) 592-603.
100 Essa abordagem, é claro, não apresenta todos os solecismos de Apocalipse. Alguns
desses solecismos são frutos da influencia do gênero literário conhecido como apocalipticismo.
E possível, até mesmo, que isso seja um retrato do estado emocional reinante na época da
composição do Apocalipse de João. Essa questão paira sobre o vale ou da influência semítica
ou da peculiaridade do grego koinê. Ainda que ambas sejam importantes, elas não resolvem
alguns dos problemas mais fundamentais (v.g., Ap 1:4).
1010 desconforto dos escribas em relação a essa passagem pode ser visto pelas variedades
textuais existentes desse texto. Porém, o caso oblíquo substituído pelo nominativo difere em
passagens paralelas: Mc 8:2 (em lugar do nominativo ryupca rpclç, encontramos fipépcaç
rpíoiv em B pc). Contudo os textos paralelos usam: rpépaç em K 0 Qfam et al (Mt 15:32); em
lugar do nominativo f]pépai óktú encontramos f)|iépaç óktu (Lc 9:28), nos minúsculos 1313 e 1338.
O Caso Vocativo
Panorama dos Usos do Vocativo
A. Endereçamento Direto...................................................................................... 67
1. Invocação Simples..................................................................................67
2. Invocação Enfática (ou Emocional)..................................................... 68
3. O Uso Excepcional em Atos.................................................................. 69
4. Simplificação............................................................................................70
B. Exclamação.......................................................................................................... 70
C. Aposto..................................................................................................................70
Bibliografia Selecionada
I. Definição
O vocativo é o caso usado na invocação de alguém ou, às vezes, o que exprime excla
mações. Tecnicamente, não possui relação sintática alguma com a oração principal.
Nesse caso, é muito parecido com o nominativo absoluto.
Semelhante ao português, as conotações de invocação direta variam de circunstânci
as, indo do deleite ao assombro e ira.2
65
66 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
V o cativo
<1%
Q u adro 5
F req ü ên cia d e C asos no N ov o T estam en to3
Essas duas objeções não são tão fortes quanto parecem ser. Primeiro, embora não
tenha formas completamente desenvolvidas, o vocativo pode, às vezes, ser distin-
guido formalmente. Se ele não for um caso verdadeiro em algumas declinações, en
tão nem o acusativo seria na segunda/terceira declinação neutra (visto que não é
distinto do nominativo neutro). O fato de que haja algumas diferenças formais (e de
acento)5 é suficiente para considerar como um caso separado, pelo menos no singu
lar. Segundo, embora no âmbito de uma oração o vocativo seja gramaticalmente
absoluto, no nível do discurso ele carrega um peso semântico. Isto é, embora o vocativo
A. Invocação Direta
1. Invocação Simples
a. Definição
5 O acento do vocativo grego fica longe da última sílaba, ou seja, na primeira sílaba
da palavra (yurn) torna-se yóvai, mxrrip torna-se irárep, Guyátrip torna-se Gúyatep etc.
Note também que a flexão é abreviada com freqüência). Isso se devia à oralidade da
língua.
6 O nominativo por vocativo é uma invasão sobre o vocativo tanto que há duas vezes
mais nominativos que vocativos no NT. (Visto que o vocativo e o nominativo são idênticos
no plural, estamos contando todas essas formas como nominativos. Esse deve ser o caso
em vários exemplos que vem com artigo, pois o vocativo é anarthro). Veja discussão
sobre endereçamento direto no cap. Anterior, em "Nominativo por Vocativo".
7 Em 1 Co 15:55 Gctvate ("morte") é mencionado duas vezes; em Ap 18:20 oúpavé
("céus") é mencionado.
8 Isto é, u com o vocativo é usado só nove vezes no NT. Nem todos são enfáticos (o
uso em Atos é uma exceção, seguindo uma expressão idiomática em grande parte). Nem
são contados u com plurais (pois os plurais são idênticos em forma ao nominativo).
68 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
b. Ilustrações
Cf. também Mt 7:21; 20:13; Mc 8:33; Lc 7:14; Jo 2:4; Rm 11:3; Fp 4:3; Ap 7:14; 22:20.
b. Ilustrações
9 O vocativo nos lábios de Jesus (e em outros, às vezes) parece ser, muitas vezes,
emocional mesmo sem essa partícula. Cf. Mt 4:10; 7:5; 8:29; 11:21; 18:32; 23:26; 25:26;
27:46; Mc 1:24; 8:33; 10:47; Lc 4:34; 19:22; At 5:3; 1 Co 15:55. Pode ser que o "vocativo
seco" realmente seja um emaranhado de coisas, contendo tanto endereçamento quanto
chamado enfático/emocional. Quer dizer, ele é não-marcado, mas o contexto pode
naturalmente informar seu valor.
10 O nominativo Guyátqp se encontra em D G L N W 0 et pauci.
11 Zerwick, Biblical Greek, 12 (§35).
Vocativo 69
Tg2:20 Béleiç Ôè yvcôvca, cS ãvGptoire Kevé, oxi q ttÍotlç /(jplç twv epywv
ápyr| eativ;
Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, que a fé sem as obras é
inoperante?
O uso em Atos é mais semelhante à norma clássica que ao koinê típico. Não se
pode dizer, porém, que isso é devido ao fato de Lucas usar um koinê mais lite
rário, visto que a expressão ocorre só em Atos, não no evangelho lucano.u De forma
descritiva, poderíamos dizer que (1) (i) com o vocativo (ou nominativo) no meio
da sentença, em Atos, é não enfático (At. 1:1 [ao se dirigir a Teófilo, no prefácio
de sua obra: cn ©eótjnÁe]; 18:14; 27:21), enquanto (2) co encabeçando a sentença
é enfático/emocional (At 13:10 [onde Paulo repreende Elimas, o mágico; veja
discussão abaixo]). É difícil dizer se isso leva a qualquer explicação satisfatória
quanto ao porquê 'Atos é diferente'. Uma hipótese atrativa é: quando Lucas nar
ra de primeira mão (como no prólogo e nos caps. 16-28 [as seções "nós" de Atos]),
seu estilo é mais literário; todavia, quando usa outras fontes em sua narrativa,
ocorre a forma helenística. Isso deveria mostrar as diferenças entre Lucas e Atos,
mas não sem dificuldades.15
B. Exclamação
O substantivo no vocativo é usado raramente em uma exclamação sem qualquer
conexão gramatical com o resto da sentença. Em tais exemplos, embora seja usado
para invocar alguém, vê-se uma explosão emocional retida. Todos os exemplos são
disputados e deve ser classificados como invocação enfática. Cf. Rm 2:1, 3; At 13:10
(veja também discussão abaixo).
C. Aposto
1. Definição
Aqui, temos um vocativo como aposto de outro vocativo. Em tais exemplos o
primeiro vocativo exercerá uma das forças mencionadas acima (i.e., invocação
direta ou exclamativa). A presença de um aposto no vocativo quase sempre
indica que a construção vocativa inteira é enfática/emocional ou exclamativa
(ao contrário de invocação simples). O acúmulo de vocativos, uma vez que o
destinatário já fora estabelecido pelo primeiro vocativo, é linguisticamente
desnecessário. Todavia, seja retoricamente efetivo.16
2. Ilustrações
Mc 5:7 T í épol Koà aoí, Tqoon ule xou Qco\> tou úv|ilotou
Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus altíssimo!
A resposta do demônio está cheia de emoção e terror, visto tanto
pela combinação do vocativo como pela expressão idiomática: T í
è|ioi Kal oof.17
16 Uma exceção a isso seria as expressões de aposição característica tal como "Rei
Agripa" (At 25:26; 26:19).
17 Para uma discussão dessa expressão veja BAGD, s.v. èycá, 217.
Vocativo 71
At 13:10 TTilipriç tovioç ôóàou Kal iráariç pqôtoupyíaç, ulè ôtapólou, éxGpè
Tiáoqç Õ L K ato oú y q ç . . .
O cheio de todo engano e de toda maldade, filho do Diabo, inimigo de
toda a justiça...
É óbvio que a reação de Paulo contra a tentativa de Elimas, o mágico,
de subverter o evangelho dificilmente seria uma palmadinha! De acordo
com a narrativa de Lucas, Paulo amaldiçoa o mágico. (Alguém poderia
achar que se os Gaviões da FIEL existissem nos dias de Paulo, eles
ficariam em total silêncio nessa ocasião).
72
Genitivo: introdução 73
Bibliografia Selecionada
Abel, Grammaire, 175-92 (§44); BDF, 89-100 (§162-86); Brooks-Winbery, 7-29; Funk,
Intermediate Grammar, 711-17 (§888-90); Hoffmann-von Siebenthal, Grammatik, 227
45 (§158-72); E. Mayser, Grammatik der griechischen Papyri aus der Ptolemãerzeit (Berlin/
Leipzig: Walter de Gruyter, 1933) 2.2.185-240; Moule, Idiom Book, 36-43; Moulton,
Prolegomena, 72-74; Porter, Idioms, 92-97; Radermacher, Grammatik, 123-26;
Robertson, Grammar, 491-520; Smyth, Greek Grammar, 313-37 (§1290-1449); Turner,
Syntax, 231-36; G. H. Waterman, "The Greek 'Verbal Genitive’," Current Issues in
Biblical and Patristic Interpretation: Studies in Honor of Merrill C. Tenney Presented by
his Former Students, ed. G. F. Hawthorne (Grand Rapids: Eerdmans, 1975) 289-93;
Young, Intermediate Greek, 23-41; Zerwick, Biblical Greek, 12-19 (§36-50).
Q u adro 6
F req ü ên cia de C asos no N ov o T estam en to1
I. Introdução
A. Marcas Preliminares
1 O uso do genitivo, no NT grego, ocorre assim: 7681 são nomes; 4986, pronomes;
5028, artigos; 743 particípios; e, 1195 são adjetivos.
74 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
grego são semelhantes a nossa preposição "de". Isto não só torna o aprendiza
do do genitivo mais fácil, mas também fica mais fácil de se explicar para os
ouvintes o significado de uma passagem que dependeria, em parte, do uso de
um genitivo. Por exemplo, em Rm 8:35, Quando Paulo escreve: "Quem nos se
parará do amor de Cristo?" é claro que tanto no português quanto no grego
que ele se referia ao "amor que Cristo tem por nós", e não "o amor que temos
por Cristo".
Ao mesmo tempo, deveríamos estar atento ao fato que o genitivo tem alguns
usos diferentes da preposição "de" em português (e.g., comparação, propósi
to, etc.). Explicar isso ao ouvinte exige certos cuidados, especialmente quando
sua interpretação difere do "de" da tradução que seus ouvintes estão usando.
a. Elasticidade
b. Núcleo Fixo
c. Possibilidades Antitéticas
3. Genitivo de Série
O genitivo de série (também conhecido como genitivo concatenativo) pode ser
bastante complicado. Em geral, cada genitivo que sucede depende do genitivo
que o antecede, embora não seja sempre este o caso. (Veja a discussão sobre
Rm. 8:21 em "Genitivo Atributivo" para maior esclarecimento).
Como pode ser visto dos exemplos acima, a diferença entre estes dois é
geralmente dupla; (1) O "genitivo delimita quanto a tipo, enquanto, o
acusativo delimita quanto a extensão".11 Outra forma de apresentar isso é
que o genitivo delimita quanto a qualidade enquanto o acusativo delimita
quanto a quantidade. (2) O genitivo é geralmente relacionado com um subs
tantivo, enquanto o acusativo com um verbo.
10 Isto é, não-afetado pelo contexto, gênero, intromissões léxicas, etc. Essa seria o
sentido de um genitivo a vácuo. Veja "Abordagem desse Livro" para uma análise dos
termos.
11 Dana-Mantey, 73.
12 E lógico que existam genitivos objetos diretos (portanto, relacionados a um verbo).
Tais exemplos não minimizam a força qualificativa do caso. Esse uso pode ser visto no
capítulo sobre o uso do acusativo como objeto direto (a diferença básica consiste em
contrastar tipo e extensão). Muitos verbos tomam objetos diretos tanto na forma
acusativa como na genitiva. É interessante notar que tal associação não existe entre os
casos genitivo e dativo.
Genitivo: usos específicos 17
de oito casos; quando eles falam do genitivo, isto é, o que eles querem dizer
(i.e., a noção ablativa de seperação não está incluída). No entanto, para aqueles
que adotam o sistema de cinco casos, uma definição mais completa é necessária.
Visto que o genitivo e ablativo tem a mesma forma, nós consideraremos ambos
como um único caso ("caso" sendo definido como uma questão de forma e não
de função). Em certo sentido, a definição do genitivo no sistema de cinco casos
simplesmente combina genitivo e ablativo do sistema de oito caso. A noção
ablativa é fundamentalmente de separação. Esta é a idéia de. Tal separação pode
ser vista estaticam ente (i.e., em um estado separado) ou progressivo
(movimento a partir de, de forma a tomar-se separado). Além disso, a ênfase
pode estar ou no resultado ou na causa (neste último, origem ou fonte é
enfatizado).
Outra maneira de ver o caso genitivo é observando todos os usos, tanto adjetival
quanto ablatival, gerado a partir de um idéia. Se tal idéia básica era de pos
sessão,15 ou restrição,16 ou alguma outra noção, é de grande interesse para o
filólogo (e o campo dos diacrônicos) do que para o exegeta. No grego
helenístico, a idéia de e a partir de são geralmente distinta - tanto que o concei
to ablativo é amplamente expresso com áiró ou (K e não com a forma genitiva
"pura", (pelo menos, isto sugere uma inquietação crescente por parte dos na
tivos do koinê para usar o caso gen. a fim de expressar a idéia de separação17).
Portanto, sob o sistema de cinco casos, o caso genitivo pode ser definido como o
caso que qualifica ou limita com respeito a qualquer tipo e (ocasionalmente) separa
ção.
13 Não é feita aqui uma apologética ao sistema de oito casos, estamos apenas
reconhecendo o modo como o assunto tem sido tratado pela literatura. Mais de uma
gramática tem definido - o que nos chama - o genitivo simplesmente como qualificação,
apesar de adotar o sistema de cinco casos!
14 Dana-Mantey, 72-74.
15 Conforme Nikiforidou, "The Meanings of the Genitive," que apresenta um
argumento plausível.
16 Conforme Louw, 83-85, acompanhado por Porter, Idioms, 92.
17 Alguns gramáticos mesclam tais usos com a construção 'preposição + caso' (e.g.,
Brooks-Winbery, 7-64). Isso apenas confunde o assunto e promove uma grande
quantidade de mal-entendidos exegéticos. Para uma discussão mais detalhada, veja o
capítulo sobre preposições.
78 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
N.B. O esquema neste capítulo pode parecer um pouco laborioso. A reação imedia
ta ao olhar nas categorias seguintes poderia ser precipitada por causa do material
antes das categorias, como coelho, multiplica-se a qualquer custo! O que parece ao
olhar de relance ser uma distintição microscópica sutil que é governada por princí
pios da realidade semântica e importância exegética. Quer dizer, à luz da grande diver
sidade de usos estabelecidos do genitivo, bem como da freqüente importância
exegética profunda que este caso pode exercer em determinados textos, uma
familiarização com estas categorias é justificada.18
A. Genitivo Adjetival
Esta categoria ampla realmente toca o coração do genitivo. Se o genitivo for primari
amente descritivo, então ele é muito semelhante ao adjetivo em função. "O principal
a lembrar que o genitivo muitas vezes faz praticamente a função de um adjetivo,
distinguindo duas outras coisas semelhantes..."19 Embora o genitivo tenha primaria
mente uma força adjetival, é mais enfático que um simples adjetivo.20
21 Isto é, semelhante ao uso que a gramática portuguesa faz com a categoria chamada 'pala
vras denotativas', ou seja, o que não se encaixa nas chamadas dez classes gramaticais é "jogado"
nesse 'porão' (o termo aporético vem da palavra grega, ònopéu, "Eu estou perdido", um título exa
gerado sugerido por J. Will Johnston para minha análise). Essa é uma categoria que alguém usa
quando uma outra saída não é encontrada. O título descreve não o genitivo, mas a sensação que
temos ao gastarmos tanto tempo em algo que não nos leva a lugar nenhum.
22 De fato, poderíamos chamá-lo de "genitivo de aplicação limitada". O contexto, às ve
zes, sugere tal uso (ou seja, em que o genitivo é geralmente descritivo). Contudo, a capacida
de de expressão do genitivo não foi exaurida. Os alunos mais adiantados verifiquem isso na
Gramática Transformacional.
23 Williams, Grammar Notes, 5.
24 Uma vez que há um grande número de categorias genitivas, nosso trabalho terá que
parar a qualquer instante. O uso descritivo do genitivo cobre uma multidão de categorias
sintáticas que tem recebido sanção pública (ainda que este seja um projeto audacioso). Parece
que esse uso é uma das principais situações que ocorrem quando os genitivos descritivos
encabeçam ou apresentam uma forma nominal do genitivo idiomática, figurada ou
influenciada pelo contexto semítico. Assim, a expressão uíóç + 'nome no genitivo’ é, talvez,
uma forma descritiva freqüente (e.g., "filho da desobediência"). Denominar esse exemplo
de um mero uso atributivo ("filho desobediente") não é adequado, porque o termo "filho"
não é interpretado, (elóç com um genitivo é algo notoriamente complexo; veja Zerwick, Biblical
Greek, 15-16 [§42-43] para um resumo desses usos.) Assemelha-se a situação onde o nome
principal é uma figura, como em "raiz de amargura" (pCÇa TUKpíaç, Hb 12:15). É possível
que o genitivo seja descrito com um uso descritivo.
Porém, ao mesmo tempo, nossa abordagem nesse capítulo é, de ponta a ponta, diferente
da abordagem de alguns gramáticos que negam a análise do genitivo descritivo (e.g., Young,
Intermediate Greek, 23; Moule, Idiom Book, 37). Acreditamos que uma dada análise grega não
deve ser levada intuitivamente e, ademais, que categorias adicionais devem possuir algum
valor exegético.
80 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Quadro 7 ‘
O Relacionam ento do Genitivo D escritivo com os Vários O utros Usos de Genitivo
d. Ilustrações
Mc 1:4 T<oávvr\ç . . . Kripúoocav páimapa perauoíaç
João . . . [estava] pregando um batismo de arrependimento
Há várias interpretações possíveis para esta frase: "batismo que é base
ado no arrependimento" (causai), "batismo que produz arrependimen
to" (propósito ou produção), "batismo que simboliza arrependimen
to". Diante de tais ambigüidades, seria melhor que fosse neutro: "batis
mo que é de algum modo relacionado ao arrependimento”.
Jo 2:16 |iT] TTOULT6 TÒV OIKOV TOÜ TTCCTpÓç |IOU OIKOV €|J,UOpíoU
não façais da casa de meu Pai casa de negócio.
A idéia é "uma casa em que mercadoria é vendida".
R m 1 3 :1 2 évõuatáp.e0a t à otúíx toü íj)a)TÓç
revistamo-nos das armas da luz.
2 Co 6:2 kv fpépa oarnpíaç
No dia da salvação
Este não pode ser um gen. Atributivo, pois a idéia então seria "um dia
salvo"! Um dia que é "caracterizado por" salvação é claramente aceitável.
Nós poderíamos ampliar isto um pouco mais: "o dia em que a salvação
for revelada", ou "o dia em que a salvação virá".26
29 Meu colega, o prof. John Grassmick, tem sugerido o seguinte esquema: Os genitivos
subjetivos, possessivos e o de origem estão estritamente relacionados. De acordo com certos
princípios (e.g., se o contexto permitir) o genitivo possessivo tem preferência sobre o de
origem e o genitivo subjetivo tem preferência sobre o possessivo quando um nome verbal
estiver envolvido.
30 Muitos gramáticos sugerem que trechos como: "filhos de Deus" (Jo 1:12), "apóstolo
de Cristo Jesus" (2 Cor 1:1); "seus irmãos" (Hb 7:5), "prisioneiro de Cristo Jesus" (Ef 3:1)
contém genitivos possessivos. Todos estes são, de fato, genitivos possessivos, mas suas nuances
também ultrapassam a simples idéia possessiva. E.g., "filhos de Deus" transmite a mesma
idéia do genitivo de relação; "apóstolo de Cristo Jesus" também é um exemplo de genitivo
subjetivo (indicando que Cristo Jesus enviou a Paulo). Logo, ainda que, latu sensu, o genitivo
de possessão seja bastante comum. No sentido adotado nessa gramática, isto é, strictu sensu,
essas nuances são mais restritas.
31Ao mesmo tempo, cada inserção léxica não significa que estamos diante de um genitivo.
Por exemplo, em 1 Co 15:39, embora "carne de homens, carne de animais, came de aves e
cames de peixes" falem do corpo, sobre certo aspecto; o contexto indica o uso de genitivos
atributivos (i.e., corpo humano, corpo animal, corpo aviculário, corpo marinho"), que é a
idéia em vista.
Genitivo: adjetival (relacionamento) 83
3. Genitivo de Relacionamento
a. Definição
c. Clarificação
d. Ilustrações
c. Amplificação e Semântica 35
5) Uma fórmula quase invariável que o genitivo partitivo segue inclue subs
tantivos principais com: tlç,38 eKaoioç,39 e especialmente ciç.4(l quer
dizer, em tais construções, o genitivo será habitualmente partitivo.41
d. Ilustrações
1) Exemplos Claros
Lc 19:8 tà f||iíaiá pou tcôv úirapxóvTQv
Metade de meus bens
36 Contudo, essa regra tem muitas exceções. Por exemplo, em "a décima parte da
cidade", as outras nove partes, provavelmente, também sofreriam, caso a distância entre
esta e aquela não fossem tão grandes! Em certos contextos, porém, (assim como em
Ap 11:13, onde a expressão, em foco, ocorre) a categoria ser animado não é vista como
lugar. Na expressão "algumas das mulheres", é muito possível que o nome no caso
genitivo possua o nome principal (como em "a terça parte dos homens" em Ap 9:18).
Conseqüentemente, o genitivo partitivo é a única resposta. Talvez parte da solução seja
o contraste entre indivíduo e coletividade (um ponto de vista sugerido anteriormente
[Winer-Moulton, 244]): essa regra não funciona com partitivos plural (como "cidade",
"mulheres" etc.), somente singulares.
37 O genitivo partitivo comprime isso, no grego koinê, por meio de ck + gen. (BDF,
90 [§164]).
38 E.g., Mc 14:47; Lc 9:8; Tg 1:18 (modificando àvupxfy).
39 E.g., Hb 11:21; Ap 21:21.
40 E.g., Mt 5:19; Mc 5:22; Lc 5:3, 12, 17.
41 Contudo, irâvreç úpcôv nunca ocorre no NT. Os dois exemplos onde vemos a idéia
partitiva de trâç + pronome pessoal, ambos usam a preposição oc (Lc 14:33; 1 Jo 2:19)
Logo, provavelmente em F11:4,7, iráviuv 'U(j.t3v não temos um partitivo, antes uma
simples aposição ("todos vós"); cf. v 7 (irávtaç úpâç), v 8 (irávraç úpãç), o qual parece
encaixa-se nessa explicação.
86 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
2) Exemplos Debatidos
corpo corpo
/ de pecado / pecaminoso
Quadro 8
A Sem ântica do Genitivo A tributivo
d. Ilustrações
Z7 tfÍÇ ãóftte
/ / TCJU ZCKVfòV
T°ò Qso
6. O Genitivo Atribuído
a. Definição
Este genitivo é o oposto, semanticamente, do genitivo atributivo. O subs
tantivo principal, e não o genitivo, funciona (em certo sentido) como um
adjetivo atributivo. Embora seja mais raro que o genitivo atributivo, não é
tão fora do comum.50
corpo novidade
de pecado de vida
corpo vida
pecaminoso nova
Quadro 9
Um Diagrama Semântico do Genitivo Atributivo e Genitivo Atribuído
c. Semântica
Se toda a construção S-Sg for prevista, a semântica tanto do atributivo quanto
do atribuído são semelhantes. Em grande parte, poder-se-ía consultar
proveitosamente nossa discussão da semântica do genitivo atributivo e
50 Uma vez que essa categoria recebe pouca ou nenhuma atenção em muitos
gramáticos, muitos comentaristas não admitem essa abordagem como uma possibilidade.
Estamos em outra área sintática que oferece muito campo de exploracao devido a duas
características: (1) a quantidade de material inexplorado e (2) a viabilidade desses estudos.
51 A diagramação do texto grego é muito importante para se constatar a estrutura
superficial de forma clara. Todavia, não é capaz de apresentar a estrutura em um nível
mais profundo".
52 BDF, 91 (§165); Zerwick, Biblical Greek, 15 (n. 6); BAGD, s.v. àÀf|9eia, em Rm 1:25.
90 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
d. Ilustrações
c. Amplificação
F ig u ra 10
G en itivo de C on teú d o Vs. G en itivo de M aterial
d. Semântica
Para o uso nominal, o termo genitivo traz o ímpeto do peso semântico. E a
palavra importante e não o substantivo principal. Normalmente esta cons
trução é usada em figura de linguagem como uma faceta retórica.61
A coisa importante a ter em mente aqui para o uso verbal é que no Grego o
genitivo, e não o dativo, é o caso usado para indicar o conteúdo de um
verbo.Outrossim, embora o dativo seja freqüentemente traduzido "com",
quando o verbo encher é usado, é vital examinar o texto Grego para ver se
um substantivo no genitivo ou no dativo o acompanha. Se for genitivo, a
tradução "com" é a propriedade; se um dativo, alguma outra tradução (tal
como "por, em, por causa de") melhor reflete o idioma Grego, por o caso
dativo não, por via de regra, indica o conteúdo do verbo.62
e. Ilustrações
a. Definição
Cada genitivo de aposição, como muitos dos usos genitivos, pode ser
traduzido com de + o substantivo genitivo. Para testar se o genitivo em
questão é um genitivo de aposição, substitua a palavra de com a paráfrase
que é ou a qual é, isto éy ou se for um substantivo que se refere a pessoa,
quem é. Se não fizer o mesmo sentido, é improvável que seja um genitivo
de aposição; se fizer o mesmo sentido, provavelmente é um de genitivo
de aposição.64
66 A análise desses versos sugere dois tipos de genitivo de aposição. Um deles está
relacionado com um termo nominal e o outro com um verbal. Por exemplo, "a cidade de
Jerusalém" (nominal) representa um só tipo de sentença, ou seja, um enunciado do tipo:
NS-NP: "Jerusalém é uma cidade". Mas "o sinal da circuncisão" (verbal) representa uma
sentença do tipo NS-SP ou uma sentença transitiva: "A circuncisão significa". A forma
nominal parece ser mais rara que a verbal.
A construção nominal difere tenuamente (quanto à sua ênfase semântica) do genitivo
em simples aposição: a frase "a cidade de Jerusalém" pode ser convertida, com relativa
facilidade, em "Jerusalém, a cidade". Enquanto "o dom do Espírito" é naturalmente
diferente de "Espírito, o dom" (B D F §167 sugere que o "genitivo [de aposição] com nomes
de cidades é raramente encontrado. Além do mais, sempre na poesia. . ." . Eles citam
2 Pd 2:6 como o único e legítimo exemplo desse tipo no NT [por sinal, um texto disputável
para alguns gramáticos].) Em cada exemplo, a questão está relacionada ao caráter ambíguo
ou figurado do nome principal: o referencial de "cidade", contextualmente, é claro,
enquanto "dom", "sinal" etc. precisam de mais contextualização, ou seja, do genitivo
que o segue. Geralmente, o nome principal [impreciso, vago] será um termo verbal,
enquanto o termo principal, quando for nominal, muito raramente será vago ou impreciso
(cf., e.g., Jo 2:21).
98 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
d. Ilustrações
1) Exemplos Claros
2) Exemplos Debatíveis
c. Clarificação e Significância
d. Ilustrações
79 Note que alguns dos exemplos seguintes um verbo equitativo não usarão formas
do verbo elpí (como acontece com os nominativos predicativos)
80 Deve ser notado que a mesma regra para distinguir NS-NP pareceser aplicável a
essa construção. As aparentes exceções em At 1:12 e 7:58 fogem à nossaregra geral:
quando algo for definido, o nome próprio será o predicativo.
81 Aqui também temos uma construção de genitivo absoluto.
82 Nesse caso, o genitivo predicativo (evóç) necessita de complemento.
Genitivo: adjetival (subordinação) 103
1) Exemplos Claros
2) Exemplos Disputados
1 Tm 1:17 ttô òe paoiÀet tqv alcóuoov
Ora, ao Rei dos séculos (=ao que governa sobre os séculos)
O problema de considerar este como atributivo (como faz ARA et al) é
83 Por essa razão, muito freqüentemente, uma dada categoria não é encontrada nas
principais obras do gênero.
84 Quando o nome principal não apresentar uma idéia verbal, estaremos diante de
um genitivo de subordinação, e não de um genitivo objeto.
Um tipo de subcategoria de genitivo de subordinação seria o "genitivo relacionado,
por excelência, a um certo nome" (todavia, às vezes, o sentido de um termo origina-se de
sua noção de subordinação). Ou seja, um genitivo, raramente, indica uma classe de palavras
do qual o nome principal é o supremo representante do grupo. Quando isso ocorrer, tanto
o nome principal como o nome genitivo terão o mesmo lexema. Por exemplo, note paoiAcuç
PocolAÍwv em Ap 9:16; avia àyíwv em Hb 9:3 (onde o sentido não está estritamente falando
de subordinação); cf. também Ap 17:14. At 23:6 é similar ("um fariseu, filho de fariseus"),
Fp 3:5 ("hebreu de hebreus", embora aqui ocorra a preposição ck).
104 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Cl 1:15 oç koxiv euctòv ioí> 9eoG toü àopccTOi), ttpwtÓtokoç tráaqç ktíoewç
o qual é a imagem do Deus invisível, o primonêntico sobre toda a criação
Embora alguns considerem este gen. como partitivo (primogênito que
é parte da criação), tanto devido ao campo léxico de "primogênito" in
cluindo "preeminência sobre"87 (e não simplesmente uma ordem cro
nológica literal do nascimento) quanto a oração adverbial causai ("por
que [ou] nele todas as coisas foram criadas") - fazem pouco sentido se
mera ordem cronológica está em mente, é muito mais provável que es
teja expressando subordinação. Além disso, embora muitos exemplos
de subordinação envolvam substantivo principal verbal, nem todos são
assim (notem 2 Co 4:4 acima, bem como At 13:17). O significado resul
tante parece ser uma confissão primitiva do senhorio de Cristo e, por
conseguinte, sua divindade.
85 Veja a recente discussão sobre genitivo atributivo (como em "rei eterno"). A questão
é se a ênfase é dada sobre as características inatas ou sobre o domínio atual. O genitivo é
tão flexível que abrange ambos os conceitos. Talvez a expressão foi deixada no genitivo
por essa razão. E como se o genitivo estivesse "grávido" de ambas as idéias.
86 É verdade que em nossa visão ambos os nomes não são pessoais (uma vez que
consideramos "espírito" como algo intrínseco), mas a visão apositiva ver ambos como
pessoais, desde que "príncipe" é posto no mesmo nível de personalidade que "espírito".
87 Cf. declarações teológicas presentes em 1 Cr 5:1; SI 89:27; Rm 8:29; Ap 1:5.
88 Agradecemos a Jo Ann Pulliam por seu trabalho em Gramática de Grego Avançado
no Seminário de Dallas, em 1994, sobre genitivos de produção e de produto.
Genitivo: adjetival (produção/produtor) 105
Fp 4:7 xal r) elpquri toO Oeoü f) ímepéxouaa návTa voúv c[)poupr|aei zàc
Kapôíaç úpwv92
e a paz de Deus que excede todo o entendimento guardará os vossos
corações
Embora este genitivo possa ser um gen. atributivo ("Deus pacificador"),
neste contexto é duvidoso, pois é óbvio que Deus excede todo o entendi
mento (além de que esse ponto é feito adiante no v. 9 [ò 0eòç tt)ç 6L.pf|vr|ç]).
O Subjetivo não fará, porque é a entidade, paz, não o ato de fazer que
está em vista. E um gen. de fonte, embora certamente possível, normal
mente não implica o elemento de volição que está em vista aqui. O pen
samento de produção é: a paz produzida por Deus".
c. Ilustrações
1) Exemplos Claros
2) Exemplos Possíveis
B. Genitivo Ablativo
O genitivo ablativo basicamente envolve a noção de separação. (Embora seja com
frequência traduzido de, essa glossa não funcionará para o genitivo de comparação,
que requer um que como sua glossa). Esta idéia pode ser estática (i.e., em um estado
de separação) ou progressivo (movimento a partir do qual torna-se separado). A
ênfase pode estar ou no estado resultante da separação ou a causa da separação
(neste último, a origem ou fonte é enfatizado). Em grande parte, o genitivo ablativo
foi substituído no grego koinê pelo ck ou (xtto, com o genitivo.95
c. Amplificações Semânticas
d. Ilustrações
96 Isso, é claro, mantém a tendência do Koinê por clareza e simplicidade. Cf. o excelente
e sucinto tratamento feito por Zerwick, Biblical Greek, 161-64 (§480-94).
97 Cf. Hb 7:26, onde encontramos o estilo mais literário do Koinê do NT, àiró é usado
para indicar explicitamente a idéia de separação.
98 Veja BDF, 97 (§180) para uma lista de verbos frequentemente usados.
99 ck é encontrado antes de rwv ttoõwv em N C 33 0281 892 et pauci. Isso é muito
surpreendente, visto a clareza da tendência do Koinê e o uso do genitivo simples em
expressar a noção ablativa.
Genitivo: ablativo (fonte) 109
Cf. também Lc 2:37; Rm 1:4; 1 Co 9:21; 15:41; G1 5:7; Ap 8:5. Rm 1:17 poderia também se
encaixar, embora isto seja debatível.
Troca-se a palavra de pela paráfrase a partir de, derivado de, dependente de, ou
"fundamentado em".
c. Amplificação
d. Ilustrações
Rm 9:16 ou to ü Qékovxoç oúõè toü rpé/ovioç, âXXà toü ÍXeávzoç 0eoü
Não depende de quem quer nem de quem corre, mas de Deus exerce
misericórdia
Cf. também Rm 15:18, 22 (Aqui, com um infinitivo como a palavra no gen.); 2 Co 4:7;
11:26; Cl 2:19 (possível).
103 Ainda que eu não tenha realizado nenhuma pesquisa exaustiva sobre esse fenômeno
na literatura grega extra-neotestamentária, é verdade que isso ocorra no NT. Ou seja, não
há exemplos claros de uma seqüência genitiva (comparação-atributiva). Isso também
parece, semanticamente, improvável, pois a fim de que o adjetivo comparativo faça uma
comparação explícita, ele precisa afirmar algo sobre o substantivo com o qual está
relacionado. Logo, ele precisa ser predicado, não atributivo.
Genitivo: ablativo (comparação) 111
104 Cf., e.g., 1 Co 12:23; 1 Cr 15:19 (genitivo partitivo); Fp 1:14 (partitivo); Hb 3:3 (o
adjetivo comparativo modifica o nome genitivo [Também há um legítimo genitivo
comparativo nesse verso]; similar ao que ocorre em Hb 7:19, 22).
105 Veja o capítulo onde se discute a respeito de adjetivos.
106 Cf. Lc 12:7 (embora o v. 24 adicione o adjetivo comparativo); talvez 1 Co 15:41 (mas
isso é provavelmente um genitivo de separação); G14:1.
112 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Ef 4:9 xò õè ’Auépq xí koxiv ei pf| òtt Kal Kaxépq eiç xà Kaxcóxepa péprj
xfjç yfjç
Ora que quer dizer "subiu"- senão que também desceu às regiões mais
inferiores que a terra?
Veja nossa discussão deste texto no "Genitivo de Aposição". Aqui
simplesmente desejamos mostrar que alguns eruditos consideram o gen.
como comparativo - "ele desceu às regiões mais inferiores que a terra" .108
Embora um gen. partitivo seja possível e um gen. de aposição seja
provável, um gen. comparativo é sintaticamente improvável, para não
dizer impossível: o adjetivo comparativo está na posição atributiva de
|J.épr|. Se alguém igonar esse aspecto sintático dizendo que em Mt 23:23,
o significado deveria ser "tendes negligenciados os preceitos que são
mais importantes que a lei" (em lugar de "tendes negligenciados os
preceitos mais importantes da lei").
C. Genitivo Verbal
(te., Genitivo Relacionado a uma Forma Nominal do Verbo)
Embora os subgrupos sob esta categoria realmente pertença ao "Genitivo Adjetival",
há algumas vantagens em colocar estes usos sob o "Genitivo Verbal". Isto é parcial
mente devido ao fato que os genitivos objetivos e os subjetivos são tanto cruciais
quanto confusos, mas também pelo que incluído aqui é uma categoria não listada
normalmente pelas gramáticas do NT.
Os genitivos subjetivos, objetivos e plenários são usados com substantivos princi
pais que involvem uma idéia verbal. Isto é, o substantivo principal tem um verbo
como um cognato (e.g., fiucnÀeOç tem fiaoiÀeva) como cognato). A construção
genitiva verbal, então, é uma sentença incrustada envolvendo, muitas vezes, uma
idéia verbal no substantivo verbal. A ordem abaixo (subjetiva, objetiva, plenária)
expõe a ordem de freqüência. \
107 No mínimo, não gramaticalmente. Mas "genuinidade da fé" = "genuína fé"- logo,
teremos um genitivo atribuído. Veja discussão.
108 Cf., e.g., Meyer, Ephesians (MeyerK) 213; F. Büchsel, “KatÚTepoç,” TDNT 3.641-43.
Turner, Syntax, 215, também fala dessa possibilidade.
109 á(j)f|KaTe xà fkpútepa t o ü v ó p o u . Cf. também Hb 6:9.
Genitivo: verbal (subjetivo) 113
1. Genitivo Subjetivo
a. Definição
O substantivo no genitivo funciona semanticamente como o sujeito da idéia
verbal implícita no substantivo principal. Isto é comum no NT.
b. Chave para Identificação
Se um genitivo subjetivo é suspeita, tente converter a forma nominal do verbo
com a qual o genitivo se relaciona para uma forma verbal e transforme o genitivo
para ser o sujeito. Assim, por exemplo, "a revelação de Jesus Cristo ..." em
G11:12 toma-se "[O que/o fato que] Jesus Cristo revela ...
c. Semântica/Amplificação
1) Esta categoria é léxico-sintática,i.e., se relaciona com um significado léxi
co específico com uma das palavras envolvidas (neste caso, o substanti
vo principal). O substantivo principal, que aqui é chamado de uma "for
ma nominal do verbo" 110 tem uma idéia verbal implícita. Palavras como
"amor", "esperança", "revelação", "testemunha" e "palavra", podem
implicar, em uma dada situação, uma idéia verbal. A perspectiva deve,
é claro, ser a partir do grego, por exemplo (PaotleOç tem PaotÀeÚto),
não necessariamente no português.
2) O genitivo subjetivo, por sua natureza, pode ocorrer em mais tipos de
constmções que o genitivo objetivo. Isto se deve a força semântica de
ambos: um sujeito pode ter um verbo transitivo ou intransitivo,111 en
quanto um objeto pode somente ser objeto de um verbo transitivo. As
sim, em rj trapouaía toü Xpioroü ("a vinda de Cristo") o genitivo não
pode ser objetivo porque a idéia verbal não é transitivo, mas pode ser
subjetivo ("[quando] Cristo vier").112
3) Onde ocorrer o genitivo objetivo e subjetivo na mesma construção -
portanto permitindo interpretações semanticamente oposta - o subs
tantivo principal implica um verbo transitivo. Este é sem dúvida o tipo
mais freqüente de forma nominal do verbo. Em um dado contexto, "amor
de Deus" poderia significar "[meu/nosso/seu] amor por Deus" (objeti
vo) ou "o amor de Deus por mim [ti/eles]." Desde que os aspectos léxi
co sintáticos nesses exemplos sejam idênticos, o apelo precisa ser feito
ao contexto, ao uso do autor, e as questões exegéticas mais amplas.
Veja Quadro 12 abaixo para um diagrama dos genitivos subjetivo e objetivo.
110 Não deve ser confundido com um infinitivo, que é sintaticamente uma forma nominal
do verbo. A expressão usada aqui é um título lexical.
111 Toma também um verbo equativo, mas o genitivo subjetivo não será usada em tais
construções. O grego expressa cada idéia com genitivos predicativos e aposicionais.
(Todavia, em Lc 9:43, por exemplo, "a majestade de Deus" pode ser lido assim: "como
majestoso Deus é".)
112 Para ver uma exceção, veja a discussão abaixo sobre o "Genitivo Objetivo".
114 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
d. Ilustrações
1) Exemplos Claros
Fp 3:9 p/q fx(')V fp V ôiKaLoaúvqv tt|u fk vópou àA.Aà Tqv õià maTetoç Xpiatoü
não tendo justiça própria que se baseia na lei, senão a que é mediante a
fidelidade de Cristo
113 Ainda que poucos MSS tenham 0eoü em lugar de XpiaroO (e.g., N [B] 365 et
pauci), a sintaxe não é afetada.
Genitivo: verbal (subjetivo) 115
114 Cranfield, cujo primeiro sobre Romanos apareceu em 1975, denomina de visão
genitiva subjetiva (em Rm 3:22) "juntos se fizeram inúteis", sem dar muito apoio para
essa conclusão (Romans [ICC], 1.203). Ele cita somente uma abordagem anterior sobre a
visão subjetiva, J. Haussleiter, "Der Glaube Jesu Christi und der christliche Glaube: ein
Beitrag zur Erklãrung des Rõmerbriefes," NKZ 2 (1891) 109-45. Nas últimas duas ou três
décadas, porém, a defesa da visão genitiva subjetiva tem encontrado muitos advogados,
embora não tenham agido sem oposição. Leia, e.g., sobre a visão subjetiva: R. N.
Longenecker, Paul, Apostle of Liberty (New York: Harper & Row, 1964) 149-52; G. Howard,
"The 'Faith of Christ'," ExpTim 85 (1974) 212-15; S. K. Williams, "The 'Righteousness of
God' in Romans," JBL 99 (1980) 272-78; idem, "Again Pistis Christou," CBQ 49 (1987) 431
47; R. B. Hays, The Faith of Jesus Christ: An Investigation of the Narrative Substructure of
Galatians 3:1-4:11 (SBLDS 56; Chico: Scholars, 1983); M. D. Hooker, " I I lotlç XpLOTOÜ,"
NTS 35 (1989) 321-42; R. B. Hays, "TIILTIL and Pauline Christology: What Is at Stake?",
SBL 1991 Seminar Papers, 714-29; B. W. Longenecker, "Defining the Faithful Character of
the Covenant Community: Galatians 2.15-21 and Beyond," esboçado de forma
preliminary, em Durham, England, 1995. Para o ponto de vista objetivo, leia, e.g., A.
Hultgren, "The Pistis Christou Formulations in Paul," NovT 22 (1980) 248-63; J. D. G.
Dunn, "Qnce More, M STIS XPIZTOY," SBL 1991 Seminar Papers, 730-44; como também
todos os mais antigos comentários de Romanos e Gálatas.
115 Veja Dunn, "Once More," 732-34. Dunn considera isso como um dos três
argumentos principais (ibid., 744).
116 Cf. BDF, 148-49 (§284). Dunn reconhece que a fraqueza desse argumento com
úpwv, mas não com pou (Dunn, "Once More," 732), como se disse que um pronome
agiria diferente (é claro que verdadeira lexical, mas a questão aqui é sintática).
117 Aqui mostraríamos que no corpus paulinium, há quase duas vezes mais preposições
+ construções nominais anarthras que preposições + artigos + construções nominais (1107
para 599). Quando ttlotlç é o objeto, a diferença é igualmente maior (40 para 17).
118 Veja depois discussão no capítulo sobre artigos.
116 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
2. Genitivo Objetivo
a. Definição
O gentivo substantivo funciona semânticamente como objeto direto da
idéia verbal implícita no substantivo principal. Isto é comum no NT.
119 Dunn ("Once More," 732-33) oferece quatro passagens nas quais vê o genitivo
subjetivo, mostrando que, pelo contrário Rm 3:22, et al., envolve um ttlotlç articular
(Rm 3:3; Tg 2:1; Ap 2:13; 14:12). O que ele, contudo, não menciona é que não somente
há muitos textos altamente debatíeis, ou antes, a maioria certamente são exemplos de
genitivo objetivo (Tg 2:1; Ap 2:13; 14:12) - mas, em cada um deles, ttlotlç é o objeto direto
e, portanto, quase sempre articular. No mínimo, esperaríamos um artigo com ttÍ o t lç
quando uma fé particular está em vista.
120 Howard, "The 'Faith of Christ'," 213.
121 Cf. Mat 9:2, 22, 29; Mc 2:5; 5:34; 10:52; Lc 5:20; 7:50; 8:25, 48; 17:19; 18:42; 22:32;
Rm 1:8, 12; 3:3 (aqui, "a fidelidade de Deus"); 4:5, 12, 16; 1 Co 2:5; 15:14, 17; 2 Co 10:15;
F1 2:17; Cl 1:4; 2:5; 1 Ts 1:8; 3:2, 5, 10; 2 Ts 1:3; Tt 1:1; Fm 6; 1 Pd 1:9, 21; 2 Pd 1:5. Além
da fórmula ttlotlç Xpiaroú em Paulo, At 3:16 e Ap 14:12 são também debatíveis. F11:27
("fé do evangelho") também é ambíguo.
122 Longenecker sugere que "fidelidade" é uma tradução melhor, desde que abrange
ambos os conceitos e ajusta-se melhor com a teologia de Paulo ("Gallatians 2.15-21 and
Beyond," 4, n. 14).
123 Hays, "IIISTIS and Pauline Christology," 728.
Genitivo: verbal (objetivo) 117
c. Semântica/Amplificação
124 Não deve ser confundido com um infinitivo, que é sintaticamente uma forma nominal
do verbo. A expressão usada aqui é um título lexical.
125 Também pode tomar um verbo equativo, mas o genitivo subjetivo não será usado em
tais construções. Greek expresses such ideas with predicate genitives and with appositional
genitives.
126 Assim, em f) Tíapouoía toO Xpioxot) ("o retomo de Cristo") o genitivo não pode ser
objetivo, porque a idéia verbal não é intransitiva. Mas, é possível que estejamos diante de
um genitivo subjetivo ("[quando Cristo retomar"). Lc 6:12 apresenta uma interessante
exceção dentro dessa discussão: if| TTpoofUxÇl toí) Geoü significa "oração a Deus" (o genitivo
é, logo, genitivo objetivo, porém depois de um nome verbal intransitivo). Igualmente,
aqui, alguns escribas não ficavam confortáveis com essa construção (D, ib1omite toí) 9eou).
Cf. também At 4:9; talvez Mt 1:12 (ainda que BapiAcivoç seria um genitivo de destino).
118 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Genitivo Subjetivo
Genitivo Objetivo
amor X ama |Deus
/ de Deus =
Quadro 12
Diagramas do Genitivo Subjetivo e Objetivo 127
d. Ilustrações128
1) Exemplos Claros
à Y á trriv t o ô 0eoü
127 Note que essa equivalência semântica não é exata. Uma construção N-Ng
simplesmente não pode ser convertida em uma construção de S-V-O, porque uma é uma
frase nominal e a outra é uma oração desenvolvida. Assim, "o amor de Cristo me
constrange" simplesmente não pode ser convertido em "Cristo me ama, constrangendo-
me" ou "eu amo a Cristo que me constrange", pois não faria sentido. A frase "eu amo a
Cristo/Cristo me ama" ainda conserva algo de nominal. No exemplo, "o fato de que
Cristo me ama me constrange" faria sentido como também "o fato de que eu amo a
Cristo me constrange" (entretanto algo da carga semântica perde-se). Cada situação é
diferente, porém. Lembre-se de que uma frase nominal não pode simplesmente ser
transformada em uma oração. Alguns ajustes precisam ser feitos.
128 Ligeiramente, diferente é a expressão em Rm 1:19 (xò yucooTÒv toü 0eoO), "o que
é conhecido de Deus" não é diretamente igual a "o fato de conhecer Deus". A terminação
passiva do adjetivo não permite que essa frase seja considerada como um genitivo objetivo.
129 É possível desenvolver esse verso para a frase: "Deus expõe a Jesus Cristo
publicamente para demonstrar que Ele é justo".
Genitivo: verbal (plenário) 119
Cf. também Mc 11:22; Lc 22:25;131 At 2:42; Rm 2:23; 13:4; 1 Co 15:34; 2 Co 9:13; Ef 4:13;
Cl 1:10; Hb 4:2; 1 Pe 2:19; 2 Pe 1:2.
2) Exemplos Disputados
Rm 8:17 (veja discussão mais tarde); Jo 5:42; 1 Pe 3:21 ("a ressurreição
de Cristo").132 Veja também discussão no "Genitivo Subjetivo" da
fórmula ttlotlç X p lotou e as várias passagens envolvidas.
3. Genitivo Plenário
a. Definição
Um substantivo no genitivo é tão subjetivo quanto objetivo. Em muitos ca
sos, o subjetivo produz a noção do objetivo.
Embora muitos gramáticos não gostariam de ver um caso funcionando em
um sentido de dupla obrigação, Zerwick astutamente aponta que "na in
terpretação do texto sagrado, porém, devemos ter cuidado para que não
sacrifiquemos a clareza do significado à parte da plenitude do significa
do."133 Somente se tratarmos a linguagem bíblica como parte de uma clas
se específica em si (em que não se deve empregar trocadilhos, e coisas se
melhantes) pode negar uma categoria como esta. Pode ser que os exemplos
abaixo não se encaixem o gen. plenário, mas isto não nega a possibilidade
deste uso.134
A grande questão em jogo aqui não é a exegese de uma passagem específi
ca, mas como abordamos a exegese como um todo, assim como abordamos
a Bíblia. Quase universalmente, quando um determinado genitivo está em
questão, os comentaristas começam sua investigação com um pressuposto
subjacente que a decisão precisa ser feita. No entanto, tal abordagem pres
supõe que não pode haver nenhuma ambigüidade intencional ou signifi
cado preconcebido à parte da pessoa que fala. Mesmo se isto acontecer em
outro lugar na linguagem humana (universalmente, eu creio, mesmo que
seja um tanto raro em várias culturas), porque é que tendemos a negar tal
opção aos escritores bíblicos?
b. Chave para Identificação
Aplicar simplesmente as "Chaves" usadas para os genitivos subjetivo e
objetivo. Se ambas as idéias parecerem se encaixar em uma dada passagem,
e não contradizer, ao contrário, complementar~se mutuamente, então há grande
possibilidade que o genitivo em questão seja um genitivo plenário.
c. (Possíveis) Ilustrações
2 Co 5:14 t) yàp áyáiTq xofi Xpiaxoü ODveycv fpâç
Porque o amor de Cristo nos constrange
Aqui muitos protestantes consideram este genitivo como subjetivo, en
quanto outros o consideram objetivo. No entanto, é bem possível que
ambas as idéias foram pretendidas por Paulo.135 Ficando assim, "O amor
que vem de Cristo produz nosso amor por Cristo - e isto [o bojo inteiro]
nos constrange." Neste exemplo, então, o subjetivo produz o objetivo: "o
amor de Cristo por nós, o qual em troca motiva e capacita nosso amor
por ele, nos constrange."136
134 Uma das razões porque muitos gramáticos do NT têm se reservado na aceitação
dessa categoria é devido a sua identidade protestante. A tradição protestante de um
significado singular para um texto (o qual, historicamente, foi uma reação ao significado
quádruplo empregado na Idade Média) foi fundamental em seu pensamento. Porém, a
pesquisa bíblica atual reconhece que um determinado autor pode, às vezes, ser
intencionalmente ambíguo. Os exemplos de duplo sentido, o sensus plenior (definido de
modo conservador), trocadilhos, e jogos-de-palavras no NT, enfim tudo contribui com
essa visão. Significativamente, dois dos melhores comentários no Evangelho de João são
de autoria católica (Raymond Brown e Rudolf Schnackenburg). Além disso, o Evangelho
de João, mais que qualquer outro livro no NT, possui duplo sentido. A tradição protestante
impediu até certo ponto de que seus advogados percebessem isso. Mas agora, uma
perspectiva protestante veio a tona com o trabalho de Saeed Hamidkhani, "Revelation
and Concealment: The Nature, Significance and Function of Ambiguity in the Fourth
Gospel" (Ph.D. thesis, Cambridge University, to be completed in c. 1996).
135 y e ja Spicq, "L'étreinte de la charité," Studia Theologica 8 (1954) 124; cf. também
comentado por Lietzmann, Alio, loc. cit.
Genitivo: adverbial 121
ou a que é acerca de Cristo? Em 22:16 Jesus diz a João que sen anjo foi
aquele que proclamou a mensagem do livro a João. Assim, o livro é
certamente uma revelação de Cristo (por isso, nós podemos ter um gen.
subjetivo em 1:1). Mas a revelação é supremamente e no final das con
tas acerca de Cristo. Neste caso, o gen. em 1:1 pode bem ser um gen.
objetivo. A questão é se o autor tinha a intenção de ambos em 1:1. Des
de que este é o título de seu livro - pretendia descrever o todo da obra -
pode ser um gen. plenário.
Rm 5:5 r| áyáTtri toO 0eot> cKKcyxnai êv xcâç Kapôíaiç ppcov õià Tíncópccroç
àyíOU TOÍ) ÔO0ÉVTOÇ TJjllV
o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo,
que nos foi outorgado
Muitos comentaristas antigos interpretaram este genitivo como objeti
vo (e.g., Agostinho, Lutero), enquanto a maioria dos comentaristas mo
dernos o vêem como subjetivo (Dunn, Fitzmyer, Moo, Kásemann,
Lagrange). É verdade que o contexto é claramente acerca do que nós
temos feito por Deus. Assim, as considerações contextuais parecem in
dicar que o gen. é subjetivo: "O amor que vem de Deus é derramado em
nosso coração." Porém, o fato que este amor tem sido derramado em
nosso coração (como oposto a um simples sobre nós ou em direção a
nós) sugere que tal amor é a fonte para um amor recíproco. Desta for
ma, o gen., pode também ser objetivo. A idéia, então, deveria ser: "O
amor que vem de Deus e que produz nosso amor por Deus é derramado
em nosso coração através do Espírito Santo que nos foi outorgado."
Cf. outros exemplos possíveis, Jo 5:42; 2 Ts 3:5; e muitos exemplos de cvuyyckiov 0eoü
(Mc 1:1, 14; Rm 1:1; 15:16; 1 Ts 2:2, 8, 9).
D. Genitivo Adverbial
Este uso do genitivo se assemelha em força a um advérbio. Frequentemente este uso
do genitivo tem a força de uma locução prepositiva (que, naturalmente, é semelhan
te em força a um advérbio). Assim, o genitivo normalmente estará relacionado a um
verbo ou adjetivo e não a um substantivo. (Mesmo em exemplos onde ele depende
de um substantivo, há muitas vezes uma idéia verbal implícita no substantivo.
136 áy^irri Bcoú Xpiaxoü é usado no NT tanto objetiva (cf. Lc 11:42; 1 Jo 2:5,15; 5:3),
como subjetivamente (cf. Rm 8:35, 39; 2 Co 13:13; Ef 3:19; 1 Jo 4:9). Em alguns textos,
porém, é difícil fazer essa distinção (e.g., Rm 5:5; 2 Co 5:14; 2 Ts 3:5 [onde o contexto
anterior sugere um genitivo objetivo, contudo o contexto posterior, um genitivo
subjetivo. Jd 21 é similar]; 1 Jo 3:17; igualmente Jo 5:42 [veja Robertson, Grammar, 499]).
Não assumimos aqui, como fazem muitos comentaristas (e.g., Meyer, Plummer, Fumish,
Thrall), que essa expressão nunca é, aparentemente, objetiva no corpus paulinum, uma
vez que ela ocorre somente sete vezes em todo esse corpus, três dos quais se encontram
em textos debatíveis! Logo, essa opinião é também debatível.
122 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
c. Ilustrações
M t20:13 01)^1 õquapíou owe.<\)Wvr)oáç poi;
não combinaste comigo [trabalhar] por um denário?
A noção lexical de preço é às vezes implícita somente, como é o caso
aqui.
Estas são muitas das referências remanescentes: Mt 10:29; 16:26; 20:2; 26:9; Mc 6:37; 14:5;
Lc 12:6; Jo 12:5; At 5:8; 22:28; 1 Co 7:23; Hb 12:16; Jd l l . 137
137 Rm 3:1 ("valor da circuncisão") não aceitamos essa categoria, pois o nome genitivo
nunca indica preço ou valor
Genitivo: adverbial (tempo) 123
mas pode ser experado com frequência com palavras que lexicalmente
envolve um elemento temporal.139)
b. Chave para Identificação
Lembre-se que o substantivo no genitivo expressa uma indicação de tempo.
O de muitas vezes torna-se durante ou em ou dentro da.
c. Amplificação/Semântica
Quando o simples genitivo (i.e., sem uma preposição) é usado para tempo,
ele expressa o tipo de tempo. Porém, com f-K ou àiró o significado é muito
diferente - com ênfase posta sobre o começo (cf., Marcos 9:21- f k muòióOey
["desde a juventude"]).140 Esta não é uma confusão dos usos do caso - um
indicando tempo dentro do qual e o outro indicando a extensão do tempo.
A classificação de um genitivo indicando um elemento temporal que segue
6K ou ccrró é propriamente "objeto da preposição" A preposição então precisa
ser classificada.
O genitivo de tempo, as dissemos, coloca ênfase sobre o tipo de tempo em
vista. Um autor tem a escola de três casos para indicar tempo: genitivo,
dativo, acusativo. Falando de forma geral, a força semântica deles são, res
pectivamente: tipo de tempo (ou tempo durante o qual), ponto no tempo
(respondendo a questão, "Quando?", e extensão de tempo (respondendo a
questão, "quanto tempo?"). Estes casos devem ser cuidadosamente obser
vados a fim de ver qual ponto um autor está tentando fazer - um ponto não
sempre traduzido para o português facilmente.
d. Ilustrações
Lc 18:12 nr|otcú(j) õlç toü oappátou
Eu jejuo duas vezes por semana
A idéia é que os Fariseus jejuavam duas vezes durante a semana.
Jo 3:2 rjA.9ev mpòc; aútòv vuktoç
Ele veio ter com ele durante a noite
Tivesse o evangelista usado o dativo, o ponto deveria ser que Nicodemos
veio em um ponto particular na noite. Com o gen., porém, a ênfase está
sobre o tipo de tempo no qual veio Nicodemos ver o Senhor. O escritor
do evangelho põe grande ênfase entre trevas versus luz; o gen. para o
138 Estamos nos referindo, é claro, ao sistema de oito casos. Esse é um dos lugares
onde o sistema de oito casos parece útil, ou seja, ele possui certo tipo de uso pedagógico,
ainda que seja linguisticamente (no mínimo, no ponto de vista sincrônico) falho.
139 Ainda que copa; nunca seja usado no NT.
140 Isto mostra a falácia do amontoamento dos usos de 'preposição + caso' com 'os
simples usos dos casos' (uma prática seguiu em algumas gramáticas intermediárias de
grego). A preposição não deixa explícito o significado do caso; nesse exemplo, ck + genitivo
indica origem ou separação, enquanto o genitivo simples indica tipo. Mas não há nenhum
uso de genitivo simples com tempo indicando origem. Essa idéia requer o uso de uma
preposição. Cf. F11:5, por exemplo: (Íttq tí); TTptiiTqç qpépaç <r/pi xoô vüv, "desde o
primeiro dia até agora", isto não é um tipo de tempo, mas período de tempo.
124 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
tempo lança luz aqui. Podemos pelo menos dizer que Nicodemos não
está em boa luz (contraste João 19:39)!
Cf. também Mt 2:14; 14:25; 24:20; 28:13; Mc 6:48; Lc 2:8; 18:7; Jo 11:9, 49; At 9:25; 1 Ts 3:10;
1 Tm 5:5; Ap 7:15.
a. Definição
O substantivo no gentivo indica o lugar dentro do qual o verbo com o qual
ele está relacionado ocorre. Este uso é raro no NT e deve ser sugerido so
mente se nenhuma outra categoria se encaixar.
b. Chave para Identificação
Troca-se a palavra de por em,ou às vezes através de.
c. Semântica
Semelhante ao genitivo de tempo, este uso focaliza o tipo ou qualidade (o
contrário do dat., que focaliza um ponto ou local específico).
d. Ilustrações
Lc 16:24 népijfov Aáçapou 'iva páijiq x ò aKpov toü ÕaKxúÀou auxoü üôaxoç
manda Lázaro que molhe a ponta do seu dedo em água
141 A mesma ênfase parece ser vista em Ap 4:8. É bom acrescenta-se isso que a adora
ção das quatro seres viventes continuou sem cessar. É possível que a expressão " dia e
noite" seja uma frase estereotípica que perdeu suas originais nuanças gramaticais. Algo
similar ocorre em Ap 20:10.
Genitivo: adverbial (meios) 125
meios ("por meio de uma cruz") ou, melhor, produção ("causada por
uma cruz"). Veja discussão acima e abaixo.
Cf. também 1 Co 4:5; 1 Pe 3:4 (ambos metafórico) para outros exemplos possíveis.142
Muda-se o de pelo por. Este será seguido por um substantivo no caso genitivo
que é impessoal, ou pelo menos concebido como tal.
c. Semântica/Amplificação
d. Ilustrações
142 F12:10 deve também encaixar-se aqui (irâv yóvu Küi|ii];r| ÈTíoupaviwv Kal éTTLyeícov
Kal Kara^Govícof) - logo temos a leitura, "se dobre todo joelho, nos céus, na terra e
debaixo da terra". Todavia, é mais comum que os genitivos sejam possessivos, referindo-
se a esses cujos joelhos estão curvados.
143 Note, e.g., At 1:18 (€Kif|oato xwpíov ék gLO0oO tfjç àôiKÍaç) onde o genitivo
conota "adquiriu um campo com o preço da iniqüidade". É difícil distinguir entre causa
e produção aqui.
126 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
a. Definição
Fique esperto com o adjetivo muitas vezes terminado em -toç, seguido por
um subsantivo pessoal no genitivo. Troca-se o de pelo por. Desta forma, e.g.,
õiôaKtòç 0eoO, "ensinado de Deus," fica "ensinado por Deus." Procura com
binações tais como áycnTiyuóç + genitivo, ôlôocktoç + genitivo, ckàgktÓç +
genitivo.
c. Estrutura e Semântica
d. Ilustrações
1) Exemplos Claros
144 Veja BDF, 98 (§ 183) para uma útil e sucinta abordagem. Contudo, BDF apresenta
duas exceções para tríplice regra: (1) em 1 Co 2:13, o adjetivo modifica um nome; (2) em
Mt 25:34, um particípio perfeito passivo (em lugar de um adjetivo) é usado com um
genitivo. Mas Jo 6:45 também é uma exceção, envolvendo um predicativo do objeto. Assim
também é Jo. 18:16 que tem um adjetivo atributivo.
145 Essa leitura é encontrada em BC * L et pauci; ó aXloç oç rjv yvcootòç tg)
ápxicpet é encontrado em S A C 2 Ds W Y T A 0 A II T _fT 13 33 Byz.
146 év àyáiTTi Oeoü é encontrado em G et pauci.
Genitivo: adverbial (referência) 127
2) Exemplos Disputados
Rm 1:6 kv olç éoxe kcíÍ úpelç KÀqxol 'ItjooÍ) XpiotoO
através de quem sois também chamados por Jesus Cristo
À luz do paralelo estrutural com v. 7 (áyairriToi Oeoü), é possível que
esta expressão indique agência. Outra possibilidade é que seja um gen.
possessivo: asss, "chamados para pertencerdes a JesusCristo".147
Primeiro, só raramente no NT é dito que Cristo faz o chamamento dos
santos.148 Segundo, agência última está normalmente sob consideração
pelo gen. de agência, enquanto só rara vezes Cristo é considerado ser o
agente último.149 Terceiro, não freqüente encontrar um gen. possessivo
depois de um adjetivo terminado com -toç, especialmente em
Romanos.130 A sintaxe não resolve este problema de qualquer forma,
mas pelo menos ajuda a colocar sobre a mesa algumas das evidência
para cada posição.
6. Genitivo Absoluto
Veja abaixo "Particípios Circunstanciais."
147 Veja BDF, 98 (§183); NRSV. Contrário a essa posição, veja Cranfield, Romans
(ICC) 1.68, o qual chama o ponto de vista possessivo de "doutrinário".
148 O chamado dos apóstolos (e.g., em Mt 4:21) é diferente. Mas cf. Mt 9:13.
149 Contudo esse argumento não é tão incontestável quanto poderia ser à luz de
1 Co 2:13 (onde TiveOpa indica agência).
150 Cf., e.g., Rm 1:20, 21; 2:4, 6:12; 8:11; 9:22; para exemplos não claros, cf. Mt 24:31;
Lc 18:7; Rm 2:16; 16:5, 8, 9. Alguns desses exemplos deve também pertencer a outra
categoria, porém é profundamente disputável que eles, no mínimo, sejam possessivos e
não indique agência. Por outro lado, todos os exemplos claros envolvem o pronome
possessivo, exceto Rm 1:6.
128 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
d. Ilustrações
1) Com um Adjetivo
Hb 3:12 KKpôía TTOvripà àiuaxíaç
um coração perverso com referência a incredulidade
2) Com um Substantivo
c. Amplificação e Significância
151 Um dos argumentos para a deidade de Cristo é ratificada aqui por um hino (1:15
20). Hinos eram entoados para divindades, não para meros mortais. Cf., e.g., R. T. France,
"The Worship of Jesus-A Neglected Factor in Christological Debate?" VE 12 (1981) 19-33.
Genitivo: adverbial (associação) 129
d. Ilustração
1) Exemplos Claros
Mt 23:30 ouk aaúxcôv kolvcouoI kv tu aípaxi xãv tTpo^qtüu154
não teríamos comungado com eles no sangue dos profetas
Este é um dos exemplos menos freqüentes envolvendo um substantivo/
adjetivo não prefixado por ocv-.
Ap 19:10 Kal cueca epupooGev tcòv iroõcôv aúxou iTpooKuvqaai aúxop. Kal
Àéyei p o i, ‘'Opa pq oúuóouÀóç ooú e lp i
E eu cair diante dos pés [do anjo] para adorá-lo. E ele me disse, "Veja
não faças isso! Sou servo contigo"
A reação do anjo para com a veneração do profeta a ele foi muito dife
rente da reação de Jesus quando da exclamação de Tomé, "Senhor meu
e Deus meu!" (Jo 20:28). Enquanto que o anjo a rejeitou porque ele e
152 E não só sua conexão legal ou forense: cf. especialmente Rom 5 onde ambas as
conexões (a forense e orgânica) são feitas.
153 Cf. É muito comum encontrarmos verbos compostos com a preposição ow- seguidos
por um dativo no corpus paulinum.
154 aütcôv é omitido em 0 E et pauci.
130 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
2) Exemplos Disputados
Fp 3:17 aun|J,Lpr|T<H pou y ív co Q c, áôeÀ.cj)oí
Tomai-vos imitadores comigo, irmãos
ANRSV traduziu "unam-se a mim no imitar" (considerando o gen. como
objetivo e o substantivo principal como implicando associação - i.e., "jun
tem-se um ao outro"). E também possível (mas não muito provável) con
sidere o gen. como associativo, nesse caso aquele que é para ser imitado
está somente implícito. O contexto seguinte, porém, parece deixar claro
que Paulo é aquele que é para ser imitado. A tradução NRSV deve ser
preferida.
Rm 11:34 T íç yàp eyvw vovv icupíou; qaútou êyéueto;
Porque quem conheceu a mente do Senhor; ou quem se tomou
conselheiro com ele?
Embora etimologicamente possível, o uso de oúppouÂoç tanto no grego
clássico quanto no grego koinê significa simplesmente "consolador," não
"conselheiro."155 O gen. deve ser considerado como objetivo ("quem tem
aconselhado a Deus"), o ser de pensamento ainda mais perspicaz, pois o
conselheiro hipotético não estar em igualdade com Deus, mas acima dele.
1 Co 3:9 Geoü yàp èopev auvepyoí
porque de Deus somos cooperadores
Aqui Paulo pode estar dizendo que ele, Apoio e Deus estão associado
um ao outro na obra do ministério.156 No entanto, é melhor ver um
elipse de "um ao outro" e ver 9co0 como um gen. Possessivo, (assim,
"somos cooperados [um com o outro], pertencendo a Deus").
Contextualmente, o argumento nesta seção é muito explícito: Paulo e
Apoio não são nada, mas Deus é aquele que comprou tanto a salvação
quanto a santificação (vv 5-7). Sintaticamente, há outros exemplos de
0i)v- substantivos prefixados tomando um gen. de associação implícito
enquanto que o gen. mencionado no texto funciona com outras
capacidades^57- cf., e.g., Rm 11:17 (co-participantes [junto com os judeus
crentes] da raiz); 1 Co 1:20; 9:23; Ef 3:6; 1 Pe 3:7. Assim, é provável
que o apóstolo não esteja reivindicando que ele e Apoio são
companheiros de Deus, mas seus servos.
Já tem sido apontado que esse genitivo objetivo direto geralmente implica
em uma das funções do genitivo. Isto, em parte, é a importância semântica
do genitivo objeto direto. Além disso, vários dos verbos que tomam o
genitivo objeto direto também o acusativo objetivo direto. Assim, quando
um autor tem uma escolha para o caso de seu objeto direto, o caso que ele
escolher para expressar sua idéia pode ser importante.
159 y eja g£>p 93-96 (§§169-78) para uma lista desses verbos. Em lugar de
apresentarmos listas e mais listas desses verbos em nossas notas de rodapé, o estudante
é aconselhado a consultar BAGD sempre que desejar saber mais sobre certo verbo, desde
que o genitivo é facilmente localizado no léxico.
132 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
d. Ilustrações
Porque esta é uma categoria tão ampla, e devido ao uso liberal de um bom
léxico facilmente revela este uso, somente uns poucos exemplos serão dados.
1) Sensação
Mc 5:41 Kpcmpaç rfjç x6lPÒÇ t o í ) t t c u ô ío u Aiyei aíiirj, TaÀiBa K oup
Tomando a mão da menina, disse: "Talitá cumi!",
Há uma nota de temura no gen., contrastado com o acus.: KpaTCG) +
acus. Normalmente indica agarrando o todo de ou abraçando
completamente (cf. Mt 12:11; 28:9; Mc 7:3; At 3:11), com freqüentes
conotações negativas tais como agarrar ou detendo (cf. Mt 14:3; 18:28;
Mc 3:21). Por contraste, xparéca + gen. é partitivo, com a implicação usual
de um toque gentil (cf. Mt 9:25; Mc 1:31).160
Mc 7:33 ircúoccç pij/ato ifjç yXtáooTiç autoO
depois de cuspir, ele tocou a língua dele
ènrropou naturalmente toma um genitivo objetivo direto (exclusivamente
no NT quando o significado é "tocar"161). A noção partitiva está imbu
ída na força lexical do verbo.
2) Emoção/Volição
Lc 10:35 éTTi|ieÀr|9r|Ti, aútoü
cuide dele
lT im 3 :l et ziç CTTioKOTTÍjç ópéyeTcci, KaÀoO epyou ètuOupel.
Se alguém aspira ao episcopado, boa obra deseja.
Nada pode ser feito do gen. com èiuGupéa), pois ele sempre toma um
gen. objetivo direto no NT, exceto quando ele é seguido por um infinitivo
complementar. (A sua contrapartida no português seria: "ele é desejo
de uma boa obra.") ^
3) Compartilhar
Hb 12:10 ô õè cttI tò aupcjjépou elç xò pei;aÀa|klv irjç àyi.ÓTT|TOç aúioú
Pois eles [nos corrigiam] para o nosso benefício para sermos participan
tes da sua santidade
Este é um exemplo do partitivo objetivo direto. (Falando de forma geral,
se um verbo puder tomar um gen. ou acus. objetivo, o acusativo será
usado quando o objeto é apreendido como um todo; O genitivo162 será
usado quando o objeto é apreendido em parte.163) A participação que os
160 Talvez uma influência das peculiaridades da língua, pois ytíp é freqüentemente
um nome genitivo. Assim, Hb 4:14 não se ajusta a esse quadro: o genitivo é usado,
embora o conservar firme a confissão seja presumivelmente abraçá-la totalmente (como
em Mc 7:3, 8; Cl 2:19; 2 Ts 2:15; Ap 2:13,14 - em todos esses exemplos temos acustivo).
161 O verbo pode também ter o sentido de "iluminar, acender", tomando sempre um
acusativo. (cf. Lc 8:16; 11:33; 15:8; At 28:2).
162 Ou, mais freqüentemente no NT, 4 k + genitivo.
Genitivo: depois de certos verbos (objeto direto) 133
Por outro lado, é duvidoso que este seja o lugar onde repousa a diferença
entre os dois casos usados com (Íkoijgo no grego helenístico: o NT
(incluindo o escritores mais literários) está cheio de exemplos de aKoúw
+ genitivo indicando entendimento (Mt2:9; Jo 5:25; 18:37; At 3:23; 11:7;
Ap 3:20; 6:3, 5;166 8:13; 11:12; 14:13; 16:1,5, 7; 21:3) assim como exemplos
de <xkoÚ(j + acusativo onde pouca ou nenhurka compreensão,ocorrem167
(explicitamente em Mt 13:19; Mc 13:7/Mt 24:6/Lc 21,0; At 5:24;
1 Co 11:18; Ef 3:2; Cl 1:4; Fm 5; Tg 5:11; Ap 14:^), As excqçoes, de fato,
são aparentemente mais numerosas que a regra! ..
4. Governar
a. Definição
Certos adjetivos (tais como açioç, "digno [de]") e advérbios normalmente
toma um genitivo "objeto". Em muitos exemplos o adjetivo/advérbio é o
verbo transitivo embutido, assim tomando um genitivo objetivo (e.g., "ele é
merecedor de X" significa "ele merece X") ou envolvendo uma idéia
partitiva.
b. Chave para Identificação/Amplificação
Assim como ocorre com o genitivo objetivo direto, você deve checar o BAGD
para vários adjetivos e advérbios ou BDF (98, [§182]) para uma lista. Na
realidade, muitos destes exemplos também se enquadram em algum outro
uso do genitivo bem como - o partitivo, objetivo, conteúdo, referência, etc.
No entanto, o fato que certos adjetivos, em toda a sua natureza, tomam
genitivo depois deles, dão a este uma categoria predicável e estável (desde
que um grupo fixo de lexemas esteja envolvido).169
c. Ilustrações
Somente pouquíssimas ilustrações serão dadas visto que se trata de um uso
facilmente descoberto através de um uso judicioso do léxico.
168 Ainda é muito razoável concluir que essas não apresentam visões contraditórias
sobre o que os companheiros de Paulo ouviram. A solução mais provável vê as várias
tradições que Lucas juntou (incluindo At 26:14) as quais eram oriundas de fontes
diferentes. Lucas compilou a informação de uma maneira conservadora, com o afinco de
preservar muito do seu teor original (onde tanto áKOÚw como (jxovq carregam diferentes
nuanças sua origem). Conseqüentemente, quem pensa que está vendo uma contradição
nas reticências lucanas, na verdade, está alterando drasticamente as tradições.
169 Não obstante, o NT quase não é tão rico quanto o grego clássico nesse uso.
Genitivo: depois de certos verbos (substantivos) 135
171 Quarenta das quarenta e duas "proposições impróprias" tomam o caso genitivo
(e.g., áxpi(ç), qj/npooOcv, eveica, ecoç, óijié, ttàtioÍov, wTcpávGj, ènoKcctw, Caso
tenha alguma dúvida, consulte um léxico.
O Caso Dativo
Panorama dos Usos do Dativo
Usos do Dativo Puro........................................................................................................140
1. Dativo de Objeto Indireto.................................................................................140
2. Dativo de Interesse (incluindo de Vantagem [commodi] e
Desvantagem [incommodi] ) ............................................................................... 142
3. Dativo de Referência/Respeito......................................................................... 144
4. Dativo Ético........................................................................................................ 146
5. Dativo de Destino..............................................................................................147
6. Dativo de Recipiente........................................................................................ 148
7. Dativo de Possessão......................................................................................... 149
8. Dativo da Coisa Possuída.................................................................................151
9. Dativo Predicativo............................................................................................. 152
10. Dativo em Aposição Simples........................................................................... 152
137
138 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Bibliografia Selecionada
BD F, 100-109 (§187-202); Moule, Idiom Book, 43-47; Moulton, Prolegomena, 62-64;
Porter, Idioms, 97-102; Robertson, Grammar, 520-44; Smyth, Greek Grammar, 337-53
(§1450-1550); Turner, Syntax, 236-44; Winer-Moulton, 260-77; Young, Intermediate
Greek, 43-54; Zerwick, Biblical Greek, 19-23 (§51-65).
Introdução
O dativo não tem tanta importância exegética quanto o genitivo. Contudo, isso não
anula o vital papel em decisões exegéticas. Pelo contrário, um exemplo particular
do dativo é comumente mais fácil em classificar do que certos genitivos. Isso se deve
a dois fatores: (1) as classes amplas do uso do dativo são, de forma geral, facilmente
distingüíveis; e (2) as orações construídas precisam de menos "manobras para
destrinchá-las", visto que o dativo já está prontamente relacionado a um verbo,
enquanto o genitivo é mais crítico e elíptico, já que geralmente se relaciona a um
nome.1
Ao mesmo tempo, há alguns exemplos de dativos com possíveis multi-funções (e.g.,
instrumental e locativo), e outros cuja classificação é mais sutil. Em tais casos, o
dativo assume maior significação.
Finalmente, o dativo simples já era obsoleto no Koinê, pois foi grandemente
substituído pelas preposições, especialmente kv + dativo.2 Isso não significa que o
dativo simples seja sinônimo de èv + dativo, o que ficará claro em nosso exame dos
vários usos desse caso.
1 Sobre mais distinções entre o casos "oblíquos", veja a introdução do caso genitivo.
2 Cf. BAGD, 258-61, esp. 261, §IV.4.a.
Dativo: definição 139
Dessa forma, não queremos afirmar que o dativo não se relaciona com coisas, pois
há vários exemplos disso. No entanto, quando assim o fizer, ele terá força referente.
Em geral, quando o dativo é usado com pessoas, fala sobre o que é afetado pela ação.
Quando usado para coisas, refere-se à estrutura onde um ato ocorre.
Chamberlain falando sobre isso (embora sustente o sistema de oito casos), dá uma
grande dica exegética:
Quando o intérprete é confrontado com uma forma "dativa", ele deveria lembrar
que qualquer uma das três idéias básicas pode ser expressa por tal forma:
1. A idéia locativa
2. A idéia instrumental
3. O dativo verdadeiro
Uma boa passagem-teste é: TTj yàp èXiTÍôi eocóGripeu (Rm 8:24). O que Paulo quer
dizer: "somos salvos pela esperança" (instrumental), "na esperança" (locativo), ou
"para a esperança" (dativo)? Se o dativo for puro, a esperança estará, em certo sentido,
personificada e apontará para o fim da salvação, em lugar do modo de chegar-se a
esse fim. Se locativo, esperança será considerada como a esfera onde a salvação ocorre.
Se instrumental, a esperança será considerada como o meio usado para salvar o
homem. O único modo científico para decidir essa questão é apelar ao ponto-de-
vista paulino refletido no NT.9
Usos Específicos
Usos do Dativo Puro
Os subgrupos são usos específicos construídos sobre a idéia básica de interesse pessoal
e referência/respeito.
sujeito do verbo ("Abola foi lançada para mim "). O objeto indireto é o receptor
do objeto direto do verbo ativo,11 ou do sujeito paciente.
Achave é: (1) o verbo precisa ser transitivo13 e (2) o dativo deve ser traduzido
por para ou a. Se isso acontecer é provável que seja objeto indireto.
c. Semântica e Esclarecimento
d. Ilustrações
c. Semântica/Significado
• Visto que a idéia básica do dativo puro seja o interesse pessoal (i.e., com
referência a pessoa), alguém poderia deixar de pensar em tais categorias
como separadas de outros usos do dativo puro. Ou seja, cada uso dativo
puro é um dativo de interesse em um sentido geral. Porém, a categoria dativo
de interesse realmente envolve um uso mais específico do dativo
enfatizando vantagem ou desvantagem. Assim, e.g.,: "Isso para mim é
comida" seria um dativo de interesse lato sensu. No entanto, uma refeição
ruim significaria dativo de desvantagem, enquanto que a culinária diet
de minha esposa seria dativo de vantagem! Um dativo de desvantagem/
vantagem geralmente pertencerá também a alguma outra categoria, mas
quando determinada idéia for prominente, a mesma deverá ser
classificada como tal.
d. Ilustrações
1) Desvantagem (Incommodi)
Mt 23:31 papiupelie êourcoíç
testificais contra vós mesmos
1 Co 11:29 ó yàp èo0íwv Kal v Ívíov Kpípa eaorâ èaOíei Kal uíNei
Porque aquele come e bebe,come e bebe juízo sobre si
15 Dana-Mantey, 84-85.
144 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
M t5:39 ootiç oe pa7Ú(e i elç xqu òcíiàv oiayóva aou, atpèijrov aútw Kal
tqv áAÂqv
Qualquer que te bater na face direita, vira para ele também a outra
16 Este ponto foi perdido em muitos escritos como pode ser visto na maioria das
variantes de úpwv, tal como úpu’ em D1 K L P 075 et pauci, r)|i!v em C* D* F G et pauci.
17 A expressão TqooO XpLcnxô tctqpqpêvoLç é omitida em alguns MSS posteriores
(e.g., 1505 1611 1898 2138). '
Dativo: dativo puro (referência) 145
não seria verdadeira.18 Esse dativo pode ser chamado de dativo de referência,
delimitativo, qualificativo ou de contextualização. É um uso comum, pois o
dativo é o caso mais comumente usado para referência/respeito.19
Para identificar, basta inserir "com referência a" antes do dativo. (Outras
opções são com respeito a, acerca de). Quando o substantivo dativo refire-se a
uma coisa, a sentença tipicamente não fará sentido, se o dativo for retirado.
Veja, v.g., em Rm 6:2: "Como viveremos ainda [para o pecado], nós os que
para ele morremos?"
c. Amplificação
d. Cuidado
e. Ilustrações
18 Alguns gramáticos distinguem dativo ético de dativo de referência. Para eles, e.g.,
"bonito para Deus" significa "bonito até onde diz respeito a Deus" (At 7:20). Outro modo
de ver esse fenômeno é considerá-lo como dativo de referência com nome pessoal dativo.
Trataremos os dois como categorias separadas, reconhecendo que muitos dos dativos
éticos formam um subconjunto do dativo de referência.
19 O acusativo dos usos próximos é o mais comum, contudo desfruta de uma segunda
posição quanto distante (no grego clássico, o acusativo vem primeiro). Também há um
genitivo de referência, e, de fato, um nominativo de referência (i.e., nominativas pendens).
20 Para a distinção entre os dativos de referência e ético com nomes pessoais veja
"Dativo Ético" abaixo.
146 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Rm 6:11 A.oyL(eo0e èauxouç etvai veicpouç pev xfj àpapxía, (wvxaç õe xcô 0ew
Considerai-vos estando mortos para o pecado, mas vivos para Deus
O paralelo entre xfj ápapxíq: e xtô 0ec5 sugere que ambos funcionam do
mesmo jeito. O primeiro é um dativo de referência ("mortos com
referência ao pecado") e o segundo, embora seja um nome pessoal,
também".
Lc 18:31 Trávia tà yeypappéva ôià xcôv Trpocjiqiojv xcô ulcô xoô ávGpcóirou21
todas as coisas escritas pelos profetas acerca do Filho do Homem
Aqui temos outros exemplos de dativo de referência com nome pessoal.
Embora t<ô uicâ não seja o objeto gramatical, é o objeto semântico —
i.e., aquele sobre quem se fala no texto.
c. Semântica e Esclarecimento
21 Ilepl xoü Geoü substitui xtô ultâ em D (0) /13 1216 1579 et pauci.
22 O dativo xfj tTÍoxei não está em D.
23 Veja a seção anterior. É possível tratar este como meramente uma subcategoria do
dativo de referência.
24 Conforme Robertson, Short Grammar, 243.
Dativo: dativo puro (destino) 147
d. Ilustrações
5. Dativo de Destino
a. Definição
c. Ilustrações
6. Dativo de Recipiente
a. Definição
Esse é um dativo que deveria ser comumente um objeto indireto, com uma
exceção: ele aparece em construções nominais (e.g., títulos e saudações).26
Ele é usado para indicar a(s) pessoa(s) que recebe(m) o objeto declarado ou
implícito. Tal uso não é comum.
c. Ilustrações
a. Definição
O dativo de possessão funciona como um genitivo de possessão sob certas
condições. Veja discussão semântica abaixo.
At 8:21 ouk eoxiv ooi peplç oúôè KÀfjpoç kv xcâ Àóyco xoúxu)
nem parte nem sorte nesse ministério pertence a ti
Essa construção pode ser vertida para: "Não tens parte nem sorte nesse
ministério". (O dativo toma-se o sujeito e o sujeito, predicativo — aqui,
como objeto direto).
At 2:43 'Eyívexo ôè iráoj) vjtuxt) <t>ópoç, iTolÀá xc xépaxa Kai arpe ia õià xcov
caToaxókjúu èyíuexo.
E veio temor sobre toda alma, e muitos sinais e prodígios eram feitos
pelos apóstolos.
A primeira oração poderia ser vertida para: "cada alma tornou-se
amedrontada". Mais uma vez, o dativo torna-se o sujeito e o sujeito,
predicativo (nesse exemplo, ele torna-se um adjetivo predicativo).
28Talvez seja "defendei-vos de qualquer um". A construção com Trpòç àTTOÂoyíav parece
ser o equivalente semântico de um verbo transitivo e, assim, traz implícito um objeto
indireto. Para um exemplo similar, cf. 1 Co 9:3.
150 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
c. Semântica
1) Em geral, a diferença entre objeto direto e dativo possessivo tem a ver
com o ato (como visto no verbo transitivo) e o estado resultantes (como
visto no verbo de ligação). Por exemplo, eòcúKev tò Pifi/uou poi ("Ele
me deu o livro") transforma-se em tò fhpÀíov èotí [101 ("o livro é
meu "\). 29
2) Nessa conexão, a distinção da força entre genitivo de possessão e dativo
de possessão pode ser analisada assim: "O genitivo será usado quando
a aquisição for recente ou a ênfase estiver no possuidorf...] e o dativo
[será usado] quando o objeto possuído for enfatizado".30 A razão para
tal distinção parece estar mais relacionada com o verbo do que com o
caso: o dativo de possessão é usado quase que exclusivamente com verbo
de ligação e o objeto a ser possuído é tipicamente o sujeito do verbo.
Conseqüentemente, visto que um estado e não um ato está em vista, a
ênfase naturalmente cai sobre o objeto e qualquer noção de aquisição
recente está ausente.
d. Ilustrações
a idéia é "O que temos em comum?".33 Fora esse texto, ela ocorre em
Mc 5:7; Lc 8:28; e com fplv por èpoí, em Mt 8:29; Mc 1:24; Lc 4:34.
O substantivo dativo denota aquilo que é possuído por alguém (i.e., o nome
com o qual o dativo se relaciona). Esse uso é muito raro e, de fato, é debatível
se esse caso não passa de um simples dativo.
d. Ilustrações
Similarmente, At 28:11.34
32 Cf. BAGD, s.v. èyú; BDF, 156-57 (§299.3). Embora seja, muitas vezes, considerado
um semitismo, ele ocorre em todo o grego secular (conforme BAGD, ibid.; Smyth, Greek
Grammar, 341 [§1479]).
33 Conforme Smyth, Greek Grammar, 341-42 (§1479-80).
34 Às vezes, 1 Co 4:21; 15:35; Fp 2:6 são oferecidos como exemplos, mas tudo pode
ser explanado ao contrário.
152 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
9. Dativo Predicativo
a. Definição
O nome dativo faz uma afirmação sobre outro substantivo dativo, muito
parecido com aquilo que um nominativo predicativo faz.35 A diferença,
porém, é que com aquele, o verbo de ligação será um particípio (no dativo)
em lugar de um verbo finito. Essa categoria é muito rara.
c. Clarificação e Importância
d. Ilustrações
a. Definição
Embora não seja tecnicamente uma categoria sintática,36 o dativo
(semelhante a outros casos) pode ser um aposto com outros substantivos no
mesmo caso. Uma construção apositiva envolve dois substantivos adjacentes
que recorrem à mesma pessoa ou coisa e têm a mesma relação sintática com
o resto da oração. O primeiro dativo pode pertencer a qualquer categoria de
dativo e o segundo será apenas uma explicação de quem ou o que é
mencionado. Assim, o aposto “pega carona" no primeiro uso do dativo.37
Esse uso é comum.
b. Ilustrações
1. Dativo Locativo
Veja dativo de esfera.38
38 Não considerado até agora como uma categoria válida, distinta de esfera. Estou
incluindo seus títulos porque alguns usuários poderiam questionar a omissão. Minha
idéia é que esfera e lugar são simplesmente aplicações diferentes da mesma categoria -
uma figurativa, a outra literal. A única diferença é lexical, não semântica.
39 Em nossa visão, esfera e lugar são realmente a mesma coisa. A distinção léxica,
não-gramatical - e um nível de sutilezas assim - não é necessária de menção visto que a
exegese não é materialmente afetada por tal distinção.
154 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
c. Cuidado/Clarificação
d. Ilustrações
1 Pd 3:18 XpuJtòç corai; rrepl àpapTitúv èuaOev, õÍKaioç úirèp áôíiccav, ...
GavaTwBelç pèv oapKÍ
Cristo padeceu uma única vez pelos pecados, o justo pelos injustos,
morto, sim, na carne
42 Embora o tempo seja específico a partir da perspectiva do falante, isso não implica
que a audiência fosse particular a ele. Cf., e.g., Lc 12:20 (discutido abaixo); 17:29-30. Em
outros tempos, o dativo poderia ser geral ("naquele dia", "naquela hora"), a ênfase não
está no tipo de tempo da pergunta "Como?' que nem acontece com o genitivo, mas
simplesmente na idéia temporal de "Quando?'. Assim, o dativo de tempo parece agir
como um genitivo de tempo, uma vez que tais casos reais são extremamente raros.
A diferença, como vejo, é que o genitivo focaliza sobre o tipo de tempo e/ou tempos
durante o qual um evento estendido ocorre. O dativo, por outro lado, focaliza um ponto
de tempo onde um evento comumente instantâneo ocorre. Se esse evento é conhecido ou
antecipado como tal, o dativo ainda focaliza tal faceta. E igual a um aoristo (no sentido
de ação sumária) e a um genitivo ou igual a um presente (em que o evento é visto
internamente).
43 Esta não foi uma inovação do Koinê, pois év + dativo para tempo "já estava presente
na língua clássica" (BDF, 107 [§200]).
156 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
c. Importância/Semântica
O dativo de tempo distingue-se tanto do genitivo de tempo quanto do
acusativo de tempo. A maneira mais fácil para lembrar dessa distinção é
lembrar-se da idéia básica de cada caso. A idéia básica do genitivo (puro) é
qualidade, atributo ou tipo. Assim, este expressa tipo de tempo (ou o tempo
durante o qual algo ocorre). A idéia básica do acusativo é delimitação quanto
à extensão. Assim, o acusativo de tempo expressa extensão de tempo. A idéia
básica do dativo locativo é posição. Assim, o dativo de tempo expressa um
ponto no tempo. (Simplesmente lembre-se de que o dativo locativo é "um
caso em um ponto".)
d. Clarificação
Embora o dativo tenha amplamente a força de apontar, ocasionalmente ele
justapõe-se com o acusativo de tempo44 e raramente com o genitivo de
tempo 45
e. Ilustrações
44 BDF sugere que os únicos exemplos certos do dativo usados como acusativo de
tempo ocorrem com verbos transitivos, sejam ativo ou passivo (108 [§201]), citando
somente Lc 8:29 (que pode ser explicado como um verdadeiro dativo, no sentido
distributivo: "em muitas ocasiões"); Rm 16:25. Mas cf. também Lc 1:75; 8:27; Jo 14:9; At
8:11; 13:20; e possivelmente Jo 2:20 (embora o uso do caso aqui seja complicado por
vários fatores. Veja a discussão no capítulo sobre o aoristo). (Muitos desses exemplos
usam "tempo" [xpóvoç] ou "ano" [eroç] como dativo.) É possível tomar pnx wpa, em Ap
18:10, como uma indicação da extensão, como é evidente pelo acusativo no códice A e em
uma dúzia de outros MSS. Contudo, o contexto sugere mais uma noção de "tempo dentro
do qual" (assim = genitivo de tempo) algo é feito.
Há várias razões para o dativo comportar-se assim: a atração para o ablativo latino
(BDF, 108 [§201]) e para o uso instrumental (como oposto ao locativo) do dativo (Conforme
Robertson, Grammar, 527) estão entre oponentes principais. Robertson certamente está
mais próximo da verdade. Cf. sua crítica a Blass em 528.
45 BDF afirma que o simples dativo nunca é usado para um "período dentro do qual"
(=genitivo de tempo) no NT, chamando-lhe de 'impossível", embora admitam que kv +
dativo, às vezes, seja assim usado (BDF 107 [§200]). Todavia, mesmo que seja muito raro,
até o simples dativo pode ser usado como um genivo de tempo (cf. Ap 18:10,17,19 [com
v. II. para cada texto])
4 Metà tpelç fpépaç é encontrado em D.
47 Pode não ser insignificante que essa expressão ocorra somente em Mateus e Lucas.
Marcos exclusivamente tem a expressão mais primitiva "depois de três dias" (cf. Mc
9:31; 10:34).
Dativo: dativo puro (regra) 157
Lc 12:20 T<XIJTT| T f ] VU KTL T f]V ij/ l jX q V OOU KTTK LTO Ô O LL 1 (XTíÒ 00Ü
[em um ponto de tempo] nesta noite te pedirão a tua alma49
Cf. também Mt 24:42; Mc 12:2; 14:12, 30; Lc 9:37; 13:14,16; 20:10; At 12:6; 23:11; 2 Co 6:2.
a. Definição
c. Clarificação/Semântico
d. Ilustrações
1) Exemplos Claros
2) Um Exemplo Improvável
c. Clarificaçâo
d. Cuidado
Embora haja uma relação próxima entre meio e associação, devemos ter
cuidado para distinguir um do outro. Na sentença, "Gamaliel andou com
seu amigo com uma bengala", "com seu amigo" expressa associação e "com
uma bengala", meio. A diferença, naturalmente, é: Gamaliel, para andar,
necessita da bengala, enquanto seu amigo é dispensável para que o mesmo
ande!
e. Ilustrações
1) Exemplos Claros
At 9:7 ol ôè àvôpeç ol auvoõeúovieç aúxcp
os homens que estavam viajando com ele
Um exemplo típico em que o prefixo verbal é oúv.
2 Co 6:14 |
ít] yLueaOe eTepoÇuyoúuTeç tmoTOLÇ
não vos prendais a um jugo desigual [em associação] com os infiéis
Temos aqui um exemplo em que a raiz do verbo traz uma idéia
associativa.
Ef 2:5 ouueCwoTroíqoeu iqj XpuraO53
ele nos deu vida juntamente com Cristo
Hb 11:31 IlLcrtei/Paàp f] uópvr| oò auuaiTcUgTO to íç àueLOríoaoLV
Pela fé Raabe, a meretriz, não foi destruída com aqueles que eram
desobedientes
Tg 2:22 f] ttlotlç ouuripYeL tolç epyotç OCÚTOÍ)
fé coopera com suas obras
Aqui temos um exemplo incomum de dativo de associação com
substantivo impessoal. Todavia, mesmo aqui, t t l o t l ç e é p y o L ç são
personificados pelo autor.
Cf. também Mc 2:15; 9:4; Jo 4:9; 6:22; At 9:39; 10:45; 11:3; 13:31; 1 Co 5:9; 6:16, 17; Cl 3:1;
2 Ts 3:14; Hb 11:25; 3 Jo 8; Ap 8:4.
2) Um Exemplo Debatível
Rm 8:16 a ú ròt ò weCipoc auppapTUpfl Ttâ trueúpaTL T|uôv o t l êapev t c k v k 9eob
o próprio Espírito testifica juntamente com o nosso espírito que somos
filhos de Deus
O debate é, gramaticalmente, o Espírito testifica juntamente com nosso
espírito (dativo de associação), ou Ele testifica ao nosso espírito (objeto
indireto) que somos filhos de Deus. Se for o primeiro, aquele que recebe
este testemunho não é declarado (Será Deus ou os crentes? Se for o
último, o crente recebe o testemunho e, assim, é assegurado da salvação
pelo testemunho inerente do Espírito. A primeira opinião mostra a
vantagem de um verbo prefixado com oúv- que seria esperado na
companhia de um dativo de associação [o qual é usado na ACF, ARA,
ARC, etc.]).
Porém, há três razões pelos quais Trveúpem não deveria ser tratado como
associação: (1) Gramaticalmente, um dativo com avv- prefixado ao verbo
não indica necessariamente associação.54 Isso, é claro, não evita tal uso,
mas esse possibilita outras alternativas nesse texto. (2) Lexicalmente,
embora oup|iapTupéw originalmente tivesse uma idéia associativa, ele
se desenvolveu em direção a mero intensificador de pccprupéo). Isso
certamente é o que ocorre com outros textos do NT onde há dativo
(Rm 9:1).55 (3) Contextualmente, um dativo de associação não parece
sustentar o argumento de Paulo: "Qual status tem nosso espírito nessa
questão? Em si ele certamente não tem nenhum direito de nos testificar
que somos filhos de Deus".56
a. Definição
c. Clarificação
Jo 7:26 TrappT|oía k a k c l
ele fala com ousadia (= ousadamente)
a. Definição
c. Amplificação
d. Ilustrações
Fp4:6 kv xauxl xfj Trpoaeuxf) Kal xfj ôeqaei pexà eij/apioxíaç xà alxrpaxa
úptòv ywupiÇéoGu npòç xòv Geóu
em tudo, pela oração e súplica com ações de graças, as vossas petições
sejam conhecidas diante de Deus.
Cf. também At 12:6; 26:18; 2 Co 1:11; 8:9 (a menos que seja a causa); Hb 11:17; 2 Pd 3:5;
Ap 22:14.62
a. Definição
O substantivo dativo é usado para indicar o agente pessoal por meio de quem
a ação do verbo é cumprida. Esta é uma categoria extremamente rara no NT,
assim como o era no grego antigo em geral.
(1) De acordo com a definição acima, se o dativo for usado para expressar
agência, o nome no dativo não deve ser somente pessoal, mas também deve
ser agente que pratica a ação. Existem muitas confusões entre estudantes
do NT sobre essa categoria. Em geral, fala mais sobre o uso dessa 'categoria'
do que de sua legitimação.63
61 Por níorei F G ler õià Tuaxetoç, uma v.l. que, pelo menos, confirma a noção de
meios.
62Jo 8:6 (xcâ ôaKtú/lco Kaxkypa^ev) proporciona um exemplo concreto de meios, embora
a perícope adulterae quase que certo não seja parte do texto original.
63 Mesmo pelos gramáticos, às vezes. Cf., e.g., Young, Intermediate Greek, 50 (seus
exemplos de Rm 8:14 e 1 Tm 3:16 são duvidosos; veja discussão destes textos abaixo);
Brooks-Winbery, 45.
164 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
64 Lembre que em G1 2:8 (notado acima no "Dativo de Meios") Pedro e Paulo são
tratados como instrumentos nas mãos de Deus; a vontade deles está sob consideração.
65 BDF (102 [§191]) pode ser muito pessimista ao ver Lc 23:15 como o "exemplo
genuíno" solitário no NT.
66 Veja Smyth, Greek Grammar, 343-44 (§1488-94), para uma discussão prolongada.
Smyth oferece a perspectiva que "a restrição usual do dativo para os tempos da ação
completa parece ocorrer devido ao fato de que se representa o agente colocando-o na
posição de ver a ação já completada à luz de sua relação consigo..." (ibid., 343-44 [§1489]).
67 Veja T. Givón, Syntax, 139, n. 7 (§ 5.3): "Pelo que conheço, não existe nenhum caso
claro de instrumento ou modo que se tome sujeito de orações simples/ativa". Cf. também
§ 5.3.4 (142) e § 5.3.5 (143). Mas Givón dá exemplos que parecem contradizê-lo, tais
como: "O martelo quebrou a janela" que ao ser convertido em passiva fica: "A janela foi
quebrada pelo martelo" (143).
68 A questão de agência com preposições será desenvolvida plenamente nos capítulos
sobre preposições e voz do verbo.
Dativo: dativo instrumental (agência) 165
d. Ilustrações
1) Exemplos Claros
Lc 23:15 oòôèu ã^ iou Bavcruou e o ú v ueTTpaY|j.évov atkc? 69
por ele
n a d a d ig n o d e m o rte foi feito
Como sempre é aparentemente o caso no NT, os únicos exemplos claros
envolvem verbo perfeito passivo.
Tg 3:7 nãou yàp (Jiúoiç 9r)pítúv . . . ôeôápccatai tf) (jmaei -cf) àvôpwTTÍvrj
p o rq u e to d o tip o d e feras . . . sã o d o m a d a s pela humanidade
Cf. também Jo 18:15; Rm 14:18;70 2 Pd 2:19 (se w-1 for pessoal) para outros textos possíveis.
2) Exemplos Debatíveis
Jd 1 tolç kv 0€(Á> iTccipl fiY airrp év o iç K al Tijoou XpioTG)TexqpripéuoLç
K/LT]TOLÇ71
ao chamados, amados por Deus Pai, e guardados por Jesus Cristo
Provavelmente é melhor considerar Trjoou X p L O iQ como dativo de
vantagem ("guardados por Jesus Cristo"). Mas se for agência, ele se
encaixa no padrão de um dativo depois de perfeito passivo.
1 Tm 3:16 w<J>0r| àyyk\c>\.ç
v isto por anjos
Este texto (assim como outros com w(f)0r| e verbos semelhantes) podem
ser interpretados variadamente: ou "ele apareceu a anjos" ou "visto por
anjos". Se o primeiro, o dativo seria recipiente (e o verbo na passiva
poderia ser percebido como meramente intransitivo).72 Se o último, o
dativo não se encaixaria no perfil de dativo claramente definível de
agência, ou contextualmente (nenhuma volição é requerida no ato de
ver) ou gramaticalmente (o verbo é aoristo, não perfeito).
G15:16 TrveúpatL iT ep m atelxe K al ém O upLav aapKÒç on pr) içÀéaryue
a n d a i pelo Espírito e n ã o satisfarei os d esejo s d a carn e
Tomar TT^eúpaiL como um dativo de agência é uma visão popular entre
os comentaristas,73 mas há dois problemas básicos com isso: (1) Este
uso é muito raro no NT (a menos que, naturalmente, aceitemos que
TTVcijpaTL em muitas ocasiões tenha o mesmo sentido pretendido aqui!);
(2) Tveúpocu não ocorre com verbo passivo, com exceção de um só perfeito
a. Definição
O dativo, quando seguindo ou precedendo um adjetivo comparativo ou
advérbio, pode ser usado para indicar a extensão da veracidade ou grau de
diferença que existe de determinada comparação. Este uso é bastante raro.
b. Chave para Identificação
Em lugar de inserir o vocábulo que como acontece com o genitivo de
comparação (as duas idéias são semelhantes, mas não idênticas),78 insira o
c. Ilustrações
Rm 5:8-9 exi ãpapxwÀSy õuxtou qpwy Xpiaxòç írrcèp riptôv àiiéQaueu. (9)
TroÀA.cá ouy páÃÂoy õiKaiGoBéyxeç vôv kv xcô aipaxi aúxoC aa)0r|oópc9a
ôl ’ aúxob (xxtò xqç ópyfiç.
sendo nós ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Muito mais
[literalmente, "mais por muito"] agora, tendo sido justificados pelo seu
sangue, seremos por ele salvos da ira [vindoura].
Cf. also Mt 6:30; Mc 10:48; Lc 18:39; Rm 5:10, 15, 17; 2 Co 3:9, 11; Fp 1:23; Hb 10:25.
a. Definição
c. Clarificação
79 Isso se deve ao fato de que a causa última pode também, às vezes, ser o cumprimento
de uma ação.
168 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
(ôià TTLOTewç expressa o meio pelo qual isso ocorre). No entanto, seria melhor
traduzi-la pela expressão "pela graça" ou "com base na graça", em lugar de
"por causa da graça", visto que esta última frase poderia ser construída
para indicar somente o motivo de Deus, mas não a base de nossa salvação.
d. Ilustrações
Lc 15:17 nóooi píoBioi toô naipóç pou tTepLOoeúouxai apitou, éycò ôè A.ipd)
t wôe dnTÓA.A.i)poa;
Quantos trabalhadores de meu pai são fartos de pão, e eu aqui pereço
por causa de fome?
7. Dativo Cognato80
a. Definição
c. Significado e Clarificação
80 Veja dativo de modo como uma categoria mais ampla da qual esse dativo faz parte.
81 Esse uso dativo, por definição, não ocorre com pronomes, visto que o significado
lexical da palavra dativa se relaciona com o do verbo.
82 Alguns dos exemplos abaixo não se encaixam nessa noção adverbial, mas são dativos
cognatos em um sentido mais lato.
Dativo: dativo instrumental (material) 169
d. Ilustrações
1) Cognato em Forma
2) Cognato em Significado
1 Pe 1:8 áyaÍAiâaOe Xa P%
regozijais com alegria
8. Dativo de Material
a. Definição
O substantivo dativo denota o material que é usado para cumprir a ação do
verbo. Este uso é bastante raro.
c. Ilustrações
+ 9. Dativo de Conteúdo
a. Definição
O dativo denota o conteúdo solicitado pelo verbo encher. Este uso é debatível
no NT (De um lado, porque é difícil distingui-lo do dativo de material; de
outro, porque é extremamente raro).
c. Clarificação
d. Ilustrações
Rm 1:29 iTeTTA.r|pco|iévou<; racrç aôucíq: ktà.
estando cheios de [com] toda iniqüidade, etc.
a. Definição
Um número de verbos toma o dativo como seu objeto direto. Também, deve-
se notar que tais dativos comumente se relacionam com verbos que implicam
relação pessoal. Assim, o significado dos verbos corresponde em sentido
com a idéia básica do dativo puro. Esta categoria tem muitas ilustrações.
Veja BAGD, uma boa concordância, ou BDF para uma lista de verbos assim.88
Geralmente será óbvio quando o dativo for objeto direto. Mas visto que o
dativo normalmente se relaciona com um verbo em lugar de um nome, pode
haver confusão.
85 Abbott nota que "o uso de kv com lúripóco para expressar conteúdo com o qual
algo é cheio seria um uso sem exemplos" (Ephesians [ICC] 161). Veja esta discussão em
161-62 de kv irveúpaTt em Ef 5:18.
86 Esse texto será discutido com mais abrangência no capítulo sobre as preposições.
87 Locjnaç éuma leitura encontrada emX* A D 0 X I’ A A II f 1,13 Byz. Jáooc|)ía se acha
em X CB L W T 33 eí pauci.
88 Embora muitas gramáticas intermediárias alistem todos esses verbos, é nossa
convicção que as gramáticas desnecessariamente fazem duplicação com a abordagem
dos léxicos. Nossa abordagem é tentar não ultrapassar o domínio lexicológico à medida
do possível.
Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Uma boa regra geral é: verbos que tomam um dativo objeto direto podem
geralmente ser traduzidos por para/a ou em. Assim ÒTraKOÚcj pode ser
traduzido, "sou obediente a," õtaKOVCã pode ser "eu sirvo a," çú/aptotcô
pode ser traduzido como "sou grato a", tuotcÚm como "eu creio em". (E
preciso usar um pouco de imaginação com estes verbos, visto que seus
significados são normal e reciprocamente: "eu obedeço", "eu sirvo", "eu
agradeço", e "eu creio").
Significado
Já tem sido falado que esses dativos de objeto direto se relacionam com
verbos que implicam relação pessoal. Isso, em parte, reside na importância
do dativo objeto direto. Assim também, alguns dos verbos que tomam dativo
de objeto direto também tomam acusativo de objeto direto. Desse modo,
quando um autor tiver escolha de qual tipo de objeto direto, o caso que
escolher para expressar sua idéia será importante.
Ilustrações
Visto que o dativo é o caso de interesse pessoal, é fácil ver a idéia básica
quando um autor escolhe usar o dativo objeto direto de 'rrpooKUvetJ. A
idéia de interesse pessoal empresta a si mesma a relação pessoal, assim
deve ser significante que usualmente no NT, o dativo objeto direto é
usado com TTpooKUuéto quando a verdadeira Deidade é o objeto de
adoração, (cf. Mt 14:33; 28:9; Jo 4:21; 1 Co 14:25; Hb 1:6; Ap 4:10; 7:11;
11:16; 19:10; 22:9). A implicação, em parte, pode ser que Deus é um
Deus verdadeiro — com quem os seres humanos podem ter uma relação
pessoal. E, muitas vezes, quando a falsa deidade é adorada, o acusativo
objeto direto é usado (cf. Ap 9:20; 13:8, 12; 14:9, 11; 20:4).
Parece, também, que quando o dativo objeto direto for usado com
TTpooKuvétú para a adoração de uma/sisa deidade, a ênfase estará sobre
a relação pessoal envolvida (cf. Ap 13:4) porque o objeto de adoração é
uma pessoal real,89 ainda que não seja deidade verdadeira.
Ocasionalmente, o acusativo objeto direto é usado com TTpoaKUuéu
quando verdadeira Deidade é adorada. Exemplos assim podem implicar
Dativo: depois de certas palavras (nomes) 173
89 Até mesmo "a imagem da besta" é colocado no dativo em Ap 13:15; 16:2; 19:20.
Mas em sua primeira ocorrência, é "fez falar" (13:15) e assim parece ser pessoal.
90 Admitidamente, mais obras precisam ser escritas sobre os casos com irpooKuvéw. A
explicação dada acima é somente sugestiva e não pode lidar com todos os dados. Além
disso, não se manipula bem a navalha de Occam. Alguns dos textos mais problemáticos
são Lc 24:52 (acusativo); Jo 4:23-24 (intercâmbio entre dativo e acusativo); e a colocação
aparentemente caprichosa em Apocalipse. (Uma maneira de resolver o uso em Apocalipse
é tomar nota de objetos compostos: eles sempre são colocados no acusativo [tais como "a
besta e sua imagem"] mesmo quando o dativo é usado separadamente). Mas qualquer
que seja a solução final oferecida para o enigma sintático, a diferença entre os casos em
termos de relação pessoal (dat.) e extensão (acus.) precisa ser levada em conta.
174 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Esses substantivos são substantivos deverbais (i.e., são cognatos verbais, tais
como òtjjeiAérry; [ó^eílco], inrávTTiaiç [ímautácú]). Além do mais, muitas vezes,
esse nome encontra sua contraparte em um dos verbos que toma dativo
objeto direto: ÔLaKOtáa-ôiaKovéü), eújcapLaTLa-eôxapiatéco, etc.
c. Ilustrações
Alguns adjetivos são seguidos pelo caso dativo. Mais uma vez, quando a
idéia de interesse pessoal aparecer, o dativo será usado. Essa categoria é
bastante comum.
Realmente não há uma chave para identificação visto que esse é um grupo
amorfo: o grupo mais comum é com adjetivos de "semelhança" (i.e.,
correspondência) tais como opoioç, íaoç.91 Ainda há muitos adjetivos
pertencentes à categoria mais ampla do dativo de referência.
c. Ilustrações
b. Importância
Quando um dativo for seguido por uma preposição, não tente identificar a
função do dativo somente pelo uso do caso. Pelo contrário, consulte BAGD
para o uso específico desse caso com essa preposição. Embora muitos dos
usos dos casos justaponham-se a outros usos preposicionais + dativo
(especialmente com kv + dativo), os paralelos são inexatos. Além disso, onde
houver uso justaposto, não haverá geralmente justaposição de freqüência
da ocorrência (e.g., embora tanto o dativo puro quanto kv + dativo sejam
usados para expressar esfera, a freqüência do uso preposicionado é muito
mais alta).92
92 Para uma discussão mais detalhada das diferenças entre caso simples e preposição
+ usos do caso, veja o capítulo sobre as preposições.
O Caso Acusativo
Panorama dos Usos do Acusativo
Bibliografia Selecionada
BDF, 82-89 (§148-61); Brooks-Winbery, 45-59; E. Crespo, "The Semantic and Syntac-
tic Functions of the Accusative," In the Footsteps ofRaphael Kühner, ed. A. Rijksbaron,
H. A. Mulder, G. C. Wakker (Amsterdam: J. C. Gieben, 1986) 99-120; Dana-Mantey,
91-95 (§96); A. C. Moorhouse, "The Role of the Accusative Case," In the Footsteps of
Raphael Kühner, 209-18; Moule, Idiom Book, 32-37; Porter, Idioms, 88-92; Robertson,
Grammar, 466-91; Smyth, Greek Grammar, 353-64 (§1551-1633); Turner, Syntax, 220
21, 244-48; Young, lntermediate Greek, 16-22; Zerwick, Biblical Greek, 23-26 (§66-74).
176
Acusativo: introdução 177
Introdução
1. O Acusativo no Grego Clássico
No grego clássico, o acusativo era empregado como "o caso oblíquo por exce
lência"1. Esse uso deve-se a duas razões: (1) sem dúvida, foi o caso oblíquo mais
utilizado (até mesmo mais que o genitivo e o dativo);2 e (2) como o menos es
pecífico dentre tais casos oblíquos, seu uso abrangia uma gama de circuns
tâncias. Dada essa utilização, ele merece o apelido de o caso "sem marca" ou
o o caso oblíquo. Assim, outro caso só seria utilizado se houvesse alguma exi
gência muito grande para tal.
2. O Acusativo no N T grego
Ainda que os gramáticos do NT grego pressupusessem a mesma situação para
esse corpus,3 as estatísticas mostram uma história bem diferente. Diferente do
clássico, no NT grego o nominativo é o caso mais usado (31% das formas de
casos) que o acusativo (29%). Além disso, no grego clássico, o acusativo geral
mente excede em número ao genitivo e ao dativo juntos. Mas no NT, embora
haja mais acusativos que genitivos (25%) ou dativos (15%), a combinação dois
casos (40%) é superior ao uso do acusativo.
Qual a explicação para essas diferenças? Vários fatores parecem estar envolvidos.
(1) muitos dos corolários da língua naturalmente começaram a ser retirados à
medida que o grego clássico abria caminho para a supremacia do koinê,
tornando-se esta a língua do comércio para muitos estrangeiros. Assim, por
exemplo, embora mais abundante no grego clássico,4 os seguintes acusativos
são raros ou inexistentes no NT grego:5 o de endereço, o pendente, o de
exclamação, o usado em introduções, o apositivo ou o absoluto; (2) de acordo
com o espírito helenístico pela busca de clareza, as preposições tomaram um
papel decididamente mais proeminente no NT grego, i.e., onde um simples caso
(em particular o acusativo) teria sido usado em tempos remotos passou-se a
usar a preposição. Muitas destas tomaram um outro caso que não fosse o
acusativo. (3) a grande ocorrência do genitivo foi, aparentemente, gerada, em
parte, pela influência semítica (e.g., o genitivo "hebraico" ou atributivo).
3. Definição Geral
Em suma, embora o acusativo pudesse, com justificativa, ser considerado o caso
padrão no grego clássico, é necessário ainda definir seu papel no NT grego. É
verdade que ele não possuía uma marca, pelo que seu uso como objeto direto
confirma. No entanto, para seus outros usos, havia uma ênfase semântica maior,
por isso não se pode simplesmente chamá-lo de caso indefinido.
Pelo contrário, despertaríamos menos debates se o descrevêssemos como o caso
da extensão ou delimitação. "O acusativo mede uma idéia com relação ao seu
conteúdo, escopo, direção".6 Ele é, antes de tudo, usado para limitar a ação de
um verbo quanto à extensão, direção ou alvo. Logo, ele freqüentemente respon
de a questões como "Qual é a distância?"7 Em muitos aspectos, isso fluirá como
uma idéia indefinida.8 A força precisa do acusativo é determinada pelo seu
lexema e pela força do verbo.9
6 Robertson, Grammar, 468. Isso não abrange todos os usos. Robertson nos lembra
que Brugmann e Delbrück há muito tempo atrás "se desesperaram na busca por uma
única idéia unificada" (Grammar, 467). Com respeito, em grande parte aos anteceden
tes históricos formadores do Koinê (no geral e ao do NT em particular), podemos ape
nas descrever os vários usos do acusativo sem atentar englobá-lo em uma unidade
conceituai. Assim, a noção de extensão funciona bem com a maioria dos usos do
acusativo, mas certamente nem todos. Em particular, os usos adverbiais do acusativo
envolvem muitas exceções à noção de extensão.
7 Conforme Robertson, Grammar, 215-16.
8 Digamos ser esse o mais próximo ao significado não-afetado, ainda que haja aqui
muitas exceções.
9 Crespo, "As Funções Semânticas e Sintáticas do Acusativo", 100-101. Há algumas
exceções para isso, observando que, dependendo do tipo de verbo usado, o acusativo
pode ser muito mais definido que o genitivo ou dativo. Ele parece sugerir que a nuança
do objeto sintático é o significado não-afetado para o caso acusativo (115). Mas, desde
que seus estudos se restringiram ao grego homérico e à realidade sincrônica do pri
meiro século A.C., isso nos previne em tomar o mesmo caminho.
Acusativo: substantivo (objetivo direto) 179
Q u adro 14
F req ü ên cia d e C asos no N ov o T estam ento G reg ow
Usos Específicos
As categorias do acusativo agrupam-se geralmente em tomo das seguintes classes
gramaticais: substantivo, advérbio e regido por certas preposições. Essa é uma dica
nem sempre explícita, embora seja útil.
c. Clarificação e Importância
Em primeiro lugar, perceba a relação do acusativo com o verbo transitivo.11
Este é usado na voz ativa. E possível, também, que alguns verbos estejam
12 Veja BDF, 83-84 (§150). BAGD chama-o de acusativo de lugar (s.v. ói.épxopai).
13 xòv ínTcppáAAovia ttXoüxov é encontrado em D1 E K L P Y Byz.
14 çp46 (-em 0 singular mv para Ttávxa.
15 ó Gfóç é encontrado em T46 A B 81 et pauci que, embora MSS formidáveis, são contra
ditos por X C D F G 33 1739 e muitas outras testemunhas em uma região abrangente. Além disso,
uma leitura maior poderia facilmente ser motivada pela tendência dos escribas por clareza.
Acusativo: substantivo (duplo acusativo) 181
2. Duplo Acusativo
1) Definição
Certos verbos tomam dois objetos (um é uma pessoa [=p] e outro é a
coisa [=c]). Como distingui-los? (1) O primeiro acusativo é a coisa; o
segundo, a pessoa.18 (2) a pessoa é o objeto afetado, enquanto a coisa
é o objeto efetuado. Esse uso é comum.
2) Amplificação e ilustrações
1) Definição
Essa é uma construção onde o primeiro acusativo é o objeto direto do
verbo finito, enquanto o segundo (seja substantivo, adjetivo, particípio
ou infinitivo) é o complemento do primeiro acusativo (M.T., parecido
com um complemento nominal). O complemento será de natureza
substantiva ou adjetiva. 21 Além de ser um uso comum do acusativo,
ele só ocorre em certos contextos.
4) Ilustrações
Os principais verbos usados nessa construção são agrupados assim:
33 Muitos complementos são de fato adjetivos predicativos (cf. At 5:10; 16:15; Tg 2:5),
mas até mesmo os substantivos parecem dotados da natureza indefinido-qualitativa.
Cf. Jo 4:46; At 24:5; Rm 6:13, 19; Fp 3:7; Hb 1:7; 1 Jo 4:10, 14.
34 Isso é análogo às construções NS-NP, mas há muitas exceções em relação à cons
trução acusativa. Para mais discussões, veja Wallace, "Object-Complement Construction",
106-8.
35 A construção objeto-complemento tem um número de variantes tais como: Kodcl
KÚpioe aúxóv em xL Z 892; KÚpiov aúxòv Kató. em W E F G H K F A 0102 (0161) f 1’ 13
Byz.
186 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Fp 2:6 oç éu pop<])f) OeoC ínrápx«v ov>x ápiraypòv f)yf|oato tò etvai loa Oecô
o qual, embora existindo em forma de Deus, não considerou o [estado
de] ser [obj]
Neste texto o infinitivo é o objeto e o termo anarthro, ãpTraypóv, é o
complemento.37 A razão mais natural para o artigo com o infinitivo
simplesmente é marcá-lo como o objeto.38
Cf. também Mc 1:3; Lc 6:22; Jo 7:23; 10:35; 14:18; At 10:28; 26:29; 1 Co 4:9; 7:26; Ef 5:2;
Fp 2:20; 1 Tm 2:6; 6:14; 1 Jo 4:10.
5) Passagem Debatíveis
não ser um objeto em uma construção de duplo acusativo por ser anarthro,
há vários paralelos que exibem um objeto anarthro e um adjetivo
predicativo.46 (3) E muito incomum um adjetivo atributivo ficar separado
do substantivo anarthro o qual modifica através das chamadas palavras
interventoras, v.g., um verbo47 Isso é normal para um predicativo.48 (4) A
análise desse texto revela um paralelismo sintético (ou mesmo sinonímico)
entre as duas metades do v. 10 [N.T.: Isso envolve parte do v. 9]: "Servos
sejam em tudo submissos ao seu senhor... demonstrando que toda fé
[genuína]49 é produtiva, tendo como resultado [iva ecbático (N.T.: de
mero resultado ou conseqüência)] o embelezamento da doutrina de Deus
por vosso intermédio". Se tomado dessa maneira, o texto parece supor a
idéia que a fé salvífica não falha, e até mesmo resulta em boas obras.
Para ver outros textos debatíveis (e exegeticamente importantes) cf. Fp. 3:18; 1 Pd. 3:15.
c. Ilustrações
1) Cognato Lexical
2) Cognato Conceituai
1 Pe 3:6 |_tf| <jx>Poúpevai. pr|õepíav Trxoqoiv
não temendo pertubarção alguma
4. Acusativo Predicativo
a. Definição
Esse é o uso de um acusativo (substantivo ou adjetivo) que predica algo
sobre outro acusativo. Ambos serão ligados por um verbo de ligação, ou
ainda por verbo no infinitivo ou no particípio. Fora das obras lucana e paulina
não há nenhum uso específico dessa natureza.
b, Clarificação (e Importância)
Há dois tipos de acusativo dessa espécie: (1) semelhante ao genitivo
predicativo e ao dativo predicativo, ele é normalmente usado em uma sim
ples aposição enfatizada através de uma cópula em forma participial; (2)
quando um acusativo predica algo (ou seja, faz uma declaração acerca do
mesmo) sobre outro acusativo (este, por sua vez é o sujeito de um verbo no
infinitivo). Esse uso assemelha-se ao de um nominativo sujeito e a uma cons
trução NP,53 seguindo até os mesmos princípios para distingui-los.54
Freqüentemente, o infinitivo ocorrerá no discurso indireto.55
Acusativo: substantivo (predicativo) 191
c. Ilustrações
1) Exemplos com Particípio
Jo 2:9 eYeúcsoao ò ápxixpÍKÃivoç tò íjõtop otvov Y€Yevr||iévov
Tendo o mestre-sala provado a água transformada em vinho
A construção aqui é semanticamente diferente das encontradas na maio
ria dos acusativos predicativos com particípio. Nelas, o predicativo é
mais enfático do que a mera aposição faria. Juntando-se a isso, a cons
trução é estruturamente diferente das outras construções por ser o parti
cípio anartro, embora o primeiro acusativo seja articular.56 É possível
considerar essa construção como um objeto-complemento.
At 9:11 rf)v púpriv xf|v KaA.oupévr|v EúGeictv
a rua [que é] chamada Direita
Cf. também Lc 11:8; 20:6, 41; 23:2; At 17:7; 18:5, 28; 27:4; Rm 2:19; 3:26; 4:11,16; 7:3; 15:16;
2 Co 9:5; Fp 1:13; 1 Tm 3:2; Tt 2:2; 1 Pd 5:12.58
b. Clarificação
1) Analogia em Português
c. Ilustrações
Deus é fiel, o qual não permitirá que vós sejais tentados além do que
possais suportar
Ap 10:11 ôet oe irá/nv Tipo^rpeijoca
é necessário para ti profetizar novamente
Cf. também Mt 5:32; Jo 6:10; At 7:19; 8:31; Rm 1:13; G1 2:14; 1 Ts 5:27; 2 Tm 2:18; Hb 9:26;
Ap 19:19; 22:16.
2) Construções Potencialmente Ambíguas (com dois Acusativos)
significa "eu não encontrei Tito". A conexão entre eoxr|Ka avco iv e a oração
no infinitivo sugere isso: enquanto Paulo estiver procurando Tito, ele
não terá descanso.
Cf. também 2 Co 8:6 (AS-AO); At 18:5, 28 (AS-AP). As duas passagens em Atos lêem,
eivou xòv xpLOtòv TriooOv. Note a diferença na tradução: "Jesus era o Cristo" (ACF, NVI,
AV, NASB, NIV) vs. "o Cristo era Jesus" (ARA, NEB, RSV).78
a. Definição
Estando o verbo na voz passiva, o acusativo de coisa, em uma construção de
duplo acusativo (pessoa-coisa) com verbo ativo, preserva-se no mesmo caso
[N.T., esperava-se uma mudança de caso]. O acusativo da pessoa, nesses
exemplos, torna-se o sujeito.79 Esse uso do acusativo ocorre com muita fre
qüência com verbos causativos, ainda que seja raro no NT.
A sentença "Eu te ensinei a lição" na voz passiva fica, "A lição foi ensinada a
ti por mim". Quando o verbo ativo é transformado em verbo passivo, o
acusativo da pessoa toma-se o sujeito (nominativo), e o acusativo da coisa é
retido.
b. Ilustrações
1 Co 12:13 mxuxeç eu iTueOpa eTTOTtoBripev80
a todos foi dado de beber [de] um Espírito
"Todos" é a pessoa, usada no nominativo com verbo passivo. O
acusativo de coisa, "um Espírito", é retido. Se o verbo estivesse na
voz ativa, o texto seria lido assim: "Ele fez todos beberem de um
Espírito" (èuÓTLoe irávxa 'èv irveüpa).
b. Clarificação/Chave de Identificação
Algumas dicas são: (1) pense no acusativum pendens como uma subcategoria
do acusativo de referência; (2) faça a seguinte pergunta para descobrir se tal
acusativo é pedente: "Eu posso traduzir o acusativo no início da oração
usando a expressão: 'No que diz respeito a...'?" . (3) diferente do acusativo
de referência, este é um tipo de anacoluto, i.e., trata-se de uma sentença
construída de uma forma pobre, no que diz respeito à sintaxe.
c. Ilustrações
b. Ilustrações
Ef 2:2 kv alç ttoxc TTcpccíiaifioaxe Kaxà xòv alcôva xoô KÓapou xoúxou,
Kaxà xòv ãpxovxa xfjç èçouocaç xoG àépoç
nos quais andaste outrora segundo o curso deste mundo, segundo o
príncipe da potestade do ar
Temos aqui um texto debatível. Se xòv aícôva é uma referência a um ser
sobrenatural,83 então ele é aposto de xòv Spxovxa.84 No entanto, se for
uma referência à "era deste mundo", então as construções são paralelas,
e não, aposicionais. Para textos com semelhantes ambigüidades, cf.
Lc 3:8; At 11:20; 13:23; Rm 13:14; Cl 2:6; 1 Pd 3:15; Ap 13:17.
Cf. também Mt 2:6; At 1:23; 2:22; 3:13; Fp 2:25; Cl 1:14; 1 Ts 3:2; Hb 13:23; Ap 2:20.
Esse tipo de acusativo é difícil para estudantes de algumas línguas modernas por
faltarem analogias entre sua língua e o grego koinê. O acusativo no período clássico
regia os pronomes oblíquos cujas funções eram diversas. Contudo no período do
koinê, quando este se tornava a língua franca da época, o acusativo adverbial foi
sendo restringido através do uso das massas não-nativas. Muitos desses acusativos
foram substituídos pelo dativo ou por locuções prepositivas. Não sei se lhe servirá
de consolo, mas se você sentir alguma dificuldade, isso já foi sentido por outras
gerações de estrangeiros quando estavam aprendendo o koinê.
82 Para mais informações sobre simples aposição, cf. as seções sobre o nominativo e
o genitivo em simples aposição.
83 Veja BAGD, s.v. aícóv, 4 (28).
84 As duas frases preposicionais estariam, tecnicamente, em aposição uma a outra.
200 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
c. Ilustrações
1) Exemplos Nominais
Mt 10:8 õcopeàv èÀá(kte, õ c o p e à u ôóte
de graças recebestes, de graça dai
Se ôwpeáv fosse um acusativo cognato, a tradução seria: "recebeste um
presente, [assim] daí um presente." Como acusativo adverbial, a idéia
típica do acusativo de "extensão" desapareceu.
G 1 2 :2 1 el yàp õ ià n ó p o u ô iK m o a ú v q , a p a X p io iò ç ôw peàv á ir é O a v c v
se, pois a justiça vem pela lei, segue-se que Cristo morreu debalde
2) Exemplos Adjetivais
Fp 3:1 è v Kupítp
x ò Ax h t o v , àõeÀcjjoL p o u , y a í p e x e
finalmente, meus irmãos, regozijai-vos no Senhor
Cf. também Mt 8:30 (potKpáv)89; 9:14 (iroÀÀá); 15:16 (áK|ir|v); Lc 17:25 (nptôxov); Jo 1:41
(tTpcôxou); At 27:20 (Xonrov); 2 Co 13:11 (XoiitÓv).
a. Definição
c. Importância e Elucidação
d. Ilustrações
1) Acusativo de Extensão de Espaço
Lc2:44 vo\iíaavieç õè aôxòv eiv a i kv xfjauvoõía fjXGov ripépaç òôóv
pensando, porém, estar ele no grupo, eles foram um dia de jornada
Jo 6:19 èÁT|ÂaKÓieç ouu ó ç ozaôíovç çikool uévie r|
portanto, quando eles navegaram cerca de vinte e cinco ou trinta estádios
Cf. também Mt 4:15; Mc 12:34; Lc 22:41.
2) Acusativo de Extensão de Tempo
Mt 20:6 xí wòf krcr|Kon;e ôA.qv xqu r|[iépav ápyoí;
por que estais ociosos aqui o dia todo?
Mt4:2 uqaxeúoaç qpépaç xtaaepaKOUxa Kal vÚKxaç xeaaepaKovxa
jejuando por quarenta dias e quarenta noites
Se o evangelista houvesse dito que Jesus estivera jejuando quarenta
dias e quarenta noites usando o genitivo de tempo, significaria que ele
jejuara durante esse período de tempo, mas não necessariamente todos
os quarenta dias. De fato, o significado seria que ele jejuara durante o
dia, mas comia à noite.91 Cf. também Mc 1:13.
At 7:20 áuexpácjiq pfjvaç xpeíç è v xw olkco xoô Traxpóç
[Moisés] foi mantido por três meses na casa de seu pai
Mt 28:20 |ie0’ úpcju rípi iráoaç xàç fpépaç «nç xfjç auuxeÀcíaç xoô aícõuoç
eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos
A promessa de Jesus não era simplesmente que estaria com eles durante
a presente dispensação [que seria a tradução caso o genitivo houvesse
sido usado], mas por toda a extensão dessa dispersação.
91 Cf. Lc 18:12, embora não se possa falar muito do genitivo ali existente ("em duas
ocasiões durante a semana"). Mas os fariseus freqüentemente apenas jejuavam durante o
dia (cf. E. Schürer, The History of the Jeioish People in the Age of Jesus Christ, rev. e ed. por G.
Vermes, F. Millar, M. Black [Edinburgh: T. & T. Clark, 1979] 2.484). Além disso, o Didaquê
parece sugerir uma distinção qualitativa entre os dois. Em Didaquê 8.1, o autor exorta os
leitores a não jejuarem como os judeus, nas segundas e terças-feiras (usando o dativo
[õeuxépa aapfSáxcjv Kal m-piTi]]), mas nas quartas e sextas-feiras (utilizando o acusativo
[xexpáôa Kal xapaaKçuriv]).
Acusativo: adverbiais (respeito ou referência) 203
VUKTL
^ ----------------------v u k t Ó ç ------------------------ ^
I------------------------------------------V U K l d ----------------------------------------------- 1
6 7 8 9 10 11 12 13 14 14 16 17 18
Q u adro 16
O s C asos U sados p ara Tem po
92 No grego clássico, o acusativo era o caso mais comum usado como referência. No
Koinê, ocupa o segundo lugar, sendo suplantado pelo dativo. Isso ocorre, sem dúvida,
porque o dativo tem naturalmente mais a conotação de referência para os usuários não-
nativos. Há também um genitivo de referência e um nominativo de referência (i. e.,
nominativus pendens).
204 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
c. Ilustrações
Mt 27:57 ctvOpcoiToç ttàoúoloç cnrà ’ ApipaGceíaç, xoúuopa Itoaiícj)
um homem rico de Arimatéia, cujo nome era José
Ap 1:20 xò (J,uotijplov tcôv eircà dcoTéptov oúç elôeç étrl xf|ç ôeÇiâç pou, . . .
ol êirrà áaxépeç ãyyeÀot eímv . . .
com referência ao mistério das sete estrelas que viste em minha mão
direita: .. as sete estrelas são anjos . ..
Cf. também At 2:37; Rm 8:28 (possível);93 1 Co 9:25; 2 Co 12:13.; Ef 4:15; Fp 1:27 (possível);
Hb 2:17.
4. Acusativo em Juramento
a. Definição
Esse uso indica a pessoa ou coisa por quem ou pela qual alguém faz um
juramento. Não é comum no NT.
b. Chave de Identificação
Antes do nome no acusativo coloque a palavra por. Note também que ele
será usado apenas com verbos de juramento (tais como òpKL(tó, ópvúto),
seguido tipicamente (mas nem sempre) por um título divino.
c. Amplificação
Embora estruturalmente esse acusativo se assemelhe, freqüentemente, ao
duplo acusativo (de pessoa-coisa ou objeto-complemento), semanticamente
são bem diferentes. (1) O acusativo de juramento será uma pessoa, mesmo
que o acusativo objeto direto seja uma pessoa. Isso cancela a chance de ser
ele classificado como um duplo acusativo de pessoa-coisa. (2) Os dois
acusativos não se referem ao mesmo objeto. Desse modo, ela não pode ser
uma construção objeto-complemento.94 Na realidade, este é um de tipo de
acusativo adverbial, embora fosse inapropriado traduzi-lo como um
advérbio.95
93 Veja Cranfield, Romans (ICC) 1.425-29, que trata e remove a probabilidade de irávta
como acusativo de referência (assumindo a leitura mais extensa). Certamente ele está
correto. Em nosso ponto de vista, se um acusativo pode naturalmente preencher alguma
outra categoria (tal como objeto direto), chamá-lo de referência é petitio principii.
94 Não é necessário citar o acusativo de juramento acompanhando outro acusativo
como ilustração de outra diferença com o duplo acusativo.
Acusativo: depois de certas preposições 205
Tg5:12 pf| ópnúere, pqxe lò v oúpauòv pqxe tf)U yfjv prpe aXXov xiva opKOV
não jureis, nem pelo céu ou pela terra nem por qualquer outro juramento
A última expressão, "por qualquer outro juramento" (prpe aXXov xivà
optcov) parece um acusativo cognato, ainda que o paralelo com as duas
frases anteriores pf)xe sugira um acusativo de juramento (algo como "nem
pela pessoa ou coisa em qualquer outro juramento").
Cf. também At 19:13; 2 Tm 4:1.
2. Significado
Quando um acusativo segue uma preposição, não tente identificar-lhe a função
apenas pelos usos do caso. Pelo contrário, consulte o BAGD para verificar o uso
específico do caso com tal preposição.
206
Artigos - Parte I: introdução 207
Bibliografia Selecionada
BAGD, 549-52; B D F , 131-45 (§249-76); Brooks-Winbery, 67-74; L. Cignelli, and G.
C. Bottini, "L'Articolo nel Greco Biblico," Studium Biblicum Franciscanum Liber
Annuus 41 (1991) 159-199; Dana-Mantey, 135-53 (§144-50); F. Eakin, "The Greek
Article in First and Second Century Papyri," AJP 37 (1916) 333-40; R. W. Funk, Inter-
mediate Grammar, 2.555-60 (§710-16); idem, "The Syntax of the Greek Article: Its
Importance for Criticai Pauline Problems" (Ph.D. dissertation, Vanderbilt University,
1953); Gildersleeve, Classical Greek, 2.514-608; T. F. Middleton, The Doctrine of the
Greek Article Applied to the Criticism and Illustration of the New Testament, new [3d]
ed., rev. by FI. J. Rose (London: J. G. F. & J. Rivington, 1841); Moule, Idiom Book,
106-17; Porter, Idioms, 103-14; Robertson, Grammar, 754-96; H. B. Rosén, Early Greek
Grammar and Thought in Heraclitus: The Emergence of the Article (Jerusalem: Israel
Academy of Sciences and Flumanities, 1988); D. Sansone, "Towards a New Doctrine
of the Article in Greek: Some Observations on the Definite Article in Plato," Classical
Philology 88.3 (1993) 191-205; Tumer, Syntax, 13-18, 36-37, 165-88; Võlker, Syntax
der griechischen Papyri, vol. 1: Der Artikel (Münster: Westfãlischen Vereinsdruckerei,
1903); Young, Intermediate Greek, 55-69; Zerwick, Biblical Greek, 53-62 (§165-92).
A. Introdução
Greek Article, de Middleton, tem mais de 150 anos.4 No entanto, embora não
entendamos tudo sobre o artigo grego, não estamos pisando em terreno totalmente
desconhecido. Como Robertson declarou: "O artigo nunca será insignificante no
grego, embora freqüentemente falte correspondência com nossa língua... seu uso
desprendido conduz a exatidão e fineza.5 Não podemos considerá-lo como algo
desnecessário, pois sua presença ou ausência é o elemento crucial para abrir o
significado de várias passagens no NT.
Em suma, não há aspecto mais importante para a gramática grega que o auxílio do
artigo a nosso entendimento do pensamento e teologia dos escritores do NT.
B. Origem
O artigo tem origem no pronome demonstrativo, ou seja, sua ênfase original era
apontar para algo. Essa ênfase foi mantida nos artigos.
4 Os dois volumes de Adrian Kluit, Vindíciae Articuli 'O, 'H, Tó in Novo Testamento
(Paddenburg: Traiecti ad Rhenum, 1768) discutem com mais clareza, embora o autor
esteja muito preocupado com a questão de conexões da sintaxe e das formas lexicais,
ou seja, como o artigo é usado com vários termos, em lugar de fazer uma apresentação
sistemática. A obra de Middleton, pelo contrário, contém 150 páginas sobre a sintaxe
do artigo no grego clássico, seguido por um pouco da sintaxe exegética do artigo no
NT (mais de 500 páginas abordando de Mateus até Apocalipse).
5 Robertson, Grammar, 756.
6 Ibid., 756-57.
Artigos - Parte I: introdução 209
C. Função
1. O que o artigo NÃO é
A função do artigo não é primariamente tomar algo definido de modo que esse
algo não pudesse ser indefinido. A questão primária Não fala de "definição",7
pois há, pelo menos, dez maneiras de definir um substantivo no grego, sem o
emprego do artigo. Por exemplo, os nomes próprios são definidos mesmo sem
artigo (IlaüÀoç significa "Paulo", não "um Paulo"). Quando nomes próprios
tomam o artigo, tem-se em mente algum outro propósito. Além disso, seu uso
fora dos substantivos não torna algo definido (como já mencionamos acima),
mas conceituar algo que de outra forma não poderia ser conceituado.
Dizer que o artigo tem a função básica de fazer algo definido é cair na "falácia
fenomenológica", ou seja, fazer declarações ontológicas baseadas em evidência
truncada. Ninguém questiona se o artigo é usado freqüentemente para definir,
mas sim, se essa é a idéia essencial.
Uma nota adicional: Não há necessidade de falar do artigo grego como artigo
definido porque não existe o artigo indefinido em grego.8
2. O que É
a. Na realidade, o artigo intrinsecamente tem a habilidade de conceituar. Ou,
como Rosén declara: o artigo "tem o poder de conceder o status nominal
para qualquer expressão que lhe esteja anexa. Por isso, comunicar o status
de conceito para qualquer "objeto" que faça parte do campo semântico des
sa expressão. Qualquer coisa concebida pela mente toma-se um conceito
simplesmente pelo fato de alguém chamar-lhe por um nome.9 Noutras pa
lavras, o artigo é transformar qualquer parte do discurso em um conceito.
Por exemplo, "pobre" expressa qualidade, mas a adição de um artigo trans
forma-o em uma entidade, "o pobre". É esta habilidade de conceitualizar
que parece ser a força básica do artigo.
b. Ele faz mais que conceitualizar? E claro. Uma distinção precisa ser feita
entre: (1) a força essencial do artigo; e, (2) a freqüência com que ela é usada.
Em termos de força básica, o artigo conceitualizar. Em termos de função, ele
identifica.10 Quer dizer que ele é usado predominantemente para expressar
c. O artigo grego também exerce, às vezes, uma função determinante, i.e., ele
define. Embora seja incorreto dizer que a função básica do artigo seja de
fazer algo definido, no entanto, qualquer uso que seja feito terá o termo
modificado como já necessariamente ser definido. Essas três relações
(conceitualizar, identificar, definir) podem ser pressentidas como círculos
concêntricos, ou seja: todos os artigos que definem também identificam;
todos que identificam também conceitualizam.
Quadro 17
A Força Básica do Artigo
O principal uso semântico ocorre normalmente com os nomes; há, porém, não pou
cos outros usos semânticos em outras construções. Assim, por exemplo, o artigo em
At 14:4 pertence à categoria "Pronomes Alternativos", onde substituem nomes:
èa%ía0r| ôè tò 7TÂf|0oç if\ç ttÓàhjç, kccí oi pc-v rjoau aw tolç 'Iouôaíoiç ol õè auu
tolç àtTOOtóA.otç ("mas o povo da cidade ficou dividido: alguns ficaram do lado dos
judeus, mas outros, do lado dos apóstolos"). Eles também são anafóricos, apontan
do a um referencial anterior - "o povo/multidão" (tò Tt/lf|9oç). Seria errado dizer
que os artigos não podem ser anafóricos porque são pronominais. Uma boa dica é:
coloque o artigo em sua categoria estrutural apropriada. Então, examine-o para ver
se ele também segue uma das categorias semânticas.
1) Definição
2) Amplificação
12 Mateus usa o particípio mais que qualquer outro autor. Lucas e João empregam
o artigo quase que exclusivamente seguido por verbo. Em poucas ocasiões, as formas
não-verbais seguem-no, no entanto, um verbo pode ser posto entre ambos (cf. Lc 7:40;
At 17:18; 19:2).
212 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
3) Ilustrações
1) Definição
Semelhante ao uso do artigo como pronome pessoal, o uso alternativo
também é encontrado com pév e õé (e, aqui o artigo é encontrado somente
no nominativo) Esse uso é distinto do uso do pronome pessoal, pois: (1)
estruturalmente, tanto pév e õe quase sempre estão presentes,14 e (2)
semanticamente, um contraste moderado está implícito. (Provavelmente
13 Young, Intermediate Greek, alista Mt 4:20; 8:32; 26:57 como textos potencialmente
ambíguos, embora eles envolvam particípios circunstanciais. A primeira vista, Mt 14:21,33
é passível de ambigüidade, mas estes versos possuem particípios substantivais.
14 Em At 17:18, temos ilvcç . . . ol ôé.
Artigos - Parte I: usos regulares (como um pronome) 213
2) Ilustrações
Cf. também Jo 7:12; At 14:4; 17:18; 28:24; G1 4:23; Ef 4:11; Fp 1:16-17; Hb 7:20-21; 12:10.
c. Pronome Relativo [q u e , c u jo ]
1) Definição
2) Amplificação e Semântica
3. Ilustrações
Fp 3:9 eí)pe0M kv aôrtô, (if| 'kyy>v è(iT|V ÔLKoaoaúi/nv tt|v ck uópou àÀÀà xqu
õià TTÍotecoç XpioxoO
E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que
vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;21
Esse texto envolve a terceira posição atributiva e duas locuções
prepositivas. O segundo artigo resume o argumento. É como se o após
tolo dissesse: "não a minha justiça própria, mas a que vem por meio da
fidelidade de Cristo".
Cf. também Mt 2:16 ; 21:25; Mc 3:22; 11:30; Lc 10:23; Jo 5:44; At 3:16; Rm 4:11; 1 Co 15:54;
1 Ts 2:4; Tt 2:10; Hb 9:3; Ap 5:12; 20:8.
d. Pronome Possessivo [s eu , s u a ]
1) Definição
2) Amplificação
3) Ilustrações
Rm 7:25 kyá> t(3 |ièv v o t ôouA.eúo) uopcp 0eoO, tf) õè aapid uó|iiú àiiaptíaç.
eu mesmo sirvo à lei de Deus com minha mente, mas com minha carne,
à lei do pecado.
a. Artigo Individualizante
"Este é o uso mais próximo do gênio real da função do artigo, ou seja, apon
tar um objeto particular [itálicos meus]".24 Essa categoria, porém, não espe
cifica tudo e, por isso, pode ser dividida em, pelo menos, oito subgrupos.
1) Simples Identificação
a) Definição
b) Clarificação
c) Ilustrações
Mt5:15 oóõè Kaíotxnv Xóyyov Ka'L tiGéaai.i' atrtòv uirò xòv póôLou àXX’ êul
xqv XvyyLva
não se acende a lâmpada e a colocado sob o alqueire, mas sobre o velador
Este é um bom exemplo de simples identificação: tanto o alqueire quanto
o velador estão na sala e são apontados como tais pelo artigo.
b) Amplificação
c) Illustrações
Jo 4:50 léyet áurea ó ’Ir|oo0ç nopeúou, ó ulóç aou £fj. êiTÍoteuoev ò auGpcoTroç
Ttô Àóya) ôu clttcu aúicò ô ’Ir|aoüç Kal cTTopcúcio
Disse-lhe Jesus: "Vai, teu filho vive." O homem creu na palavra que
Jesus lhe dissera e partiu.
No v. 46 este homem é apresentado como tlç [íkolálkÓç (certo oficial do
rei). Esta menção subseqüente é um sinônimo bastante claro, ó SvGpcJtroç.
O artigo nos lembra qual homem está em foco.
Tg 2:14 T í xò ocjreÀoç, áôeAxtxH pou, kuv irícm i' Aiyq tlç e/gLU, epya õè pf)
e^íi; Ph õúvataL t| ttlotlç owoaL auiou;
Que aproveita, meus irmãos, se alguém disse que tem fé, mas não tiver
obras? Porventura, pode essa [modalidade de] fé salvá-lo?
O autor apresenta seu tópico: fé sem obras. Ele, então, segue com uma
questão, perguntando se este tipo de fé pode salvar. O uso do artigo
aponta para trás, para certo tipo de fé, e para o modo como o autor o
definiu e o usou para particularizar um substantivo abstrato.
Contra muitos comentaristas, Hodges defende que o artigo não é
anafórico, caso contrário, o artigo com ttlotlç nos versos seguintes tam
bém se refeririam a uma fé inútil.25 Ele traduz o texto simplesmente
como "Porventura, a fé pode salvá-lo?"26 Embora seja verdade que o
artigo com ttlotlç nos vv. 17,18,20,22 e 26 seja anafórico, o antecedente
precisa ser examinado em seu próprio contexto imediato. Em particu
lar, o autor examina dois tipos de fé em 2:14-26, definindo a fé que não
trabalha como uma fé não salvífica, e uma fé produtiva como aquela
que salva. Tanto Tiago quanto Paulo, eu creio, concordariam com a de
claração: "Só a fé salva, mas a fé que salva não está sozinha".
25 Z. C. Hodges, The Gospel Under Siege (Dallas: Redención Viva, 1981) 23.
26 Ibid., 21
220 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Fp 2:6 oç kv pop4)fi 9eoí) úvápyuw oi>x àpiray^òv fiyqoato xò eluca loa 06cp
o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o [estado de] ser
igual a Deus [como] algo a ser agarrado
Este é um exemplo debatível. Wright defende que esse artigo é anafórico,
reportando a pop<j)f| 9eoü.28 Por mais atrativa teologicamente quanto
essa visão pareça ser, ela tem uma base gramatical fraca. O infinitivo é
o objeto e à p T T a y p ó ç é o complemento anarthro. A razão mais natural
para ocorrer a construção artigo + infinitivo é simplesmente marcar este
último como o objeto (veja "o artigo como marcador de função" mais
adiante). Além disso, há a possibilidade de que pop(])f| Beoü se refira à
essência (a divindade de Cristo), enquanto que t ò cívai í a a 0cc3 refira-
se à função. Se este for o sentido, ele não usurpou o papel do Pai.
Cf. também Mt 2:1, 7; Jo 1:4; 2:1, 2; At 9:4, 7; 2 Co 5:1, 4; Ap 15:1, 6.
a) Definição
1 Tm 1:15 t h o t Òçó Àóyoç . . . óxi Xptaxòç 'Iijooüç fjXBeu elç xòu K Ó apoy
àpapxtoÀouç acôocu
fiel é a palavra . . . que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar peca
dores
Cf. também 1 Tm 3:1; 4:9; 2 Tm 2:11; Tt 3:8 para outros usos de "fiel é a
palavra." O artigo em 1 Tm 3:1 e 2 Tm 2:11 possivelmente poderia ser
27 Para uma grande defesa desta tradução, veja o capítulo sobre os adjetivos.
28 N. T. Wright, "ãpnaypóç e o significado de Fp 2:5-11," JTS, NS 37 (1986) 344.
Artigos - Parte I: usos regulares (dêitico) 221
-► 5) Por Excelência
a) Definição
O artigo é usado para apontar um substantivo que, em certo senti
do, é "uma classe em si". É o único conhecido pelo nome. Por exem
plo, se no final de janeiro alguém dissesse: "Você assistiu ao jogo?
Você poderia responder: "Que jogo"? Ele poderia replicar: "O jogo"!
O único jogo que valeu a pena assistir! O Grande jogo! Você sabe, o
de Futebol"! Este é o artigo usado por excelência.
Este artigo é usado pelo falante para apontar um objeto que é o úni
co digno do nome, ainda que haja muitos outros tais com o mesmo
nome.
b) Amplificação
O artigo por excelência não é usado necessariamente só para o melhor
de uma classe. Poderia ser usado para os piores de uma classe - se a
nuança lexical (ou a conotação contextual) dessa classe particular
assim o sugerisse. Em essência, a expressão por excelência indica o
extremo de uma classe particular. "Eu sou o principal dos pecado
res" não significa o melhor dos pecadores, mas o pior deles. Se eu
faço de mim mesmo um "porco" quando tomo sorvete e então sou
chamado de "o porco". Esse certamente não deve ser um apelido
que se preze.
O artigo por excelência e o artigo de renome são difíceis, muitas ve
zes, de serem distinguidos um do outro. Tecnicamente, isso ocorre
porque o primeiro é um exemplo do segundo. A regra geral aqui é:
se o artigo apontar um objeto não-concebido como o melhor (ou pior)
de sua categoria, no entanto, for bem conhecido, classifique-o como
o artigo de renome ou familiar. A questão aqui deve ser: Por que esse
artigo tem renome ou nos é familiar?
c) Ilustrações
a) Definição
b) Amplificação e Clarificação
35 ó 0eóç também pode ser considerado como por excelência, e não como monádico
em muitos contextos. Isso não quer dizer que para os escritores do NT havia muitos
deuses, mas que havia muitas entidades e seres chamados 0eoç. Somente um
verdadeiramente merece tal nome.
224 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
b) Ilustrações
2 Jo 1 '0 u p e a p ú x e p o ç êK À eK x fj K u p í a K al to lç t c k u o l ç a ú x f jç
O presbítero à senhora eleita e a seus filhos
Quer a tradução seja "o ancião", "o presbítero" ou "o velho", o artigo
quase e certamente é usado para indicar alguém de renome entre os
leitores.
Cf. também Lc 22:45; Jo 1:17; At 4:12; 1 Co 13:4:-13; G1 5:13; 1 Ts 1:3; Fm 9; Hb 3:6; 2 Pd 1:7.
b. Artigo Genérico (Artigo Categórico) [c o m o u m a c la s s e ]
1) Definição
Enquanto o artigo individualizante distingue ou identifica um objeto
particular pertencente a uma classe mais ampla, o artigo genérico dis
tingue uma classe da outra. Este é um pouco menos freqüente que aquele
(que ocorre centenas de vezes no NT). O genérico categoriza em lugar
de particularizar.
2) Chave para Identificação
A chave para determinar se o artigo é genérico ou não, é a inserção da
frase "como uma classe" depois do nome que o artigo está modificando.
3) Amplificação
a) Se ó ávGpumoç for entendido como artigo genérico, o sentido seria:
"humanidade (i.e., seres humanos como uma classe)". O uso do ar
tigo aqui distingue esta classe dentre outras classes (tal como "o rei
no animal" ou "a dimensão dos anjos").
INDIVIDUALIZANTE GENÉRICO
/ humanidadeX ... / \
1 A T\ ^ 1 ° avGpwnoç o avGpwiroç ^ 1
hum anidade \
►1
V
V ) (um ser (a classe dos \
\. / humano seres humanos
particular) como um todo)
Quadro 18
Artigo Individualizante x Artigo Genérico
Jo 2:25 Kai oxt oú XP^Lav eí^eu 'iva t iç papxupqoi^ irep! xoü ctvOpGrnoi)
aúxòç yàp çyívtooKev xí rjv év tü> ávOpútrcjL).
E porque ele não precisava que alguém desse testemunho acerca do
homem [como uma classe - humanidade], por ele mesmo sabia o que
estava em o [no] homem [como uma classe]
Embora, geralmente, o uso atual do masculino "homem" como um ge
nérico para a humanidade seja inaceitável, não traduzir avBpMTioç como
"homem" aqui é fugir do sentido pretendido pelo autor original. Logo
após esse pronunciamento acerca da visão sobre o homem, o evangelista
apresenta aos leitores um homem em particular que se encaixa nessa
41 A freqüente locução "todo o que", "maridos, amai vossas mulheres," "meus fi
lhos" etc. são expressões genéricas.
Artigos - Parte I: usos regulares (genérico) 229
42 A NRSV traduz: "[Jesus] não precisa que alguém desse testemunho acerca de qual
quer [ô avGpuTroç]; pois ele mesmo sabia o que estava em todos [ò avGpuiroí;]. (3:1) Havia
um fariseu cujo nome era Nicodemos, um líder dos judeus". ”Av9pwiroç em 3:1 não é
traduzido e a conexão se perde.
43 Note os seguinte termos genéricos: xoòç avõpaç (2:8), y u v a i K a ç (2:9), y w o u i í í i '
(2:10), yuvfj (2:11), yuvaLKÍ, ávõpóç (2:12). Este é seguido pela referência singular a Eva/
mulher em 2:15, implícita no verbo ow0f|oexctL, logo, há uma referência plural genérica
às mulheres implícita em p e í v w a t v . Nesse contexto, é difícil afirmar que c t t Í o k o t t o v em
3:2 seja monádico.
Parte da questão aqui se volta para a data e autoria das Cartas Pastorais. Quanto
mais tarde forem situadas as pastorais, é mais provável que a visão episcopal seja a
monárquica. Certos paralelos são encontrados usualmente entre as Pastorais e Inácio (c.
117 AD). Mas se as Cartas Pastorais foram escritas por Paulo (e, conseqüentemente, den
tro do primeiro século), elas são mais provavelmente coadunantes com a eclesiologia
vista em outros lugares no NT, ou seja, deve haver muitos presbíteros na igreja. Cf. G. W.
Knight, Commentary on the Pastoral Epistles (NIGNTC; Grand Rapids: Eerdmans, 1992)
175-77. As vezes, de fato, parte do argumento contra a autoria paulina envolve a pressu
posição que 1 Tm 3:2 apóia a monarquia episcopal, descrevendo a eclesiologia das Pas
torais diferentemente do resto das cartas de Paulo. Este argumento, na melhor das hipó
teses é circular.
230 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Identificação Simples
Deíxico
Quadro 19
As Relações Semânticas do Artigo Individualizante
O quadro abaixo procura condensar o conteúdo acima. A fim de usá-lo, tente achar
a categoria mais próxima a que um determinado artigo possa pertencer. Verifique
até onde cada condição alistada recebe "sim" como resposta. Realize essa tarefa até
que você descubra qual(is) categoria(s) mais se aproxima(m) ao artigo por você ana
lisado.
b. Amplificação
c. Ilustrações
1) Com Advérbios
Mt 24:21 « r a i xóre G/Iijnç |ieyáA,r| oía oíi yéyoeee cot’ àpyrg KÓopou «oç toO vuv
Então haverá uma grande tribulação a qual nunca aconteceu desde o
princípio do mundo até o presente.
46 Auptou é diferente em dois aspectos: (1) nem sempre tem artigo (cf. Lc 12:28; 13:32,
33; At 23:20; 25:22; 1 Co 15:32); e (2) a forma articular ocorre no dativo, ainda que ocorra
também no nominativo (Mt 6:34), genitivo (Tg 4:14), e acusativo (Lc 10:35; At 4:3, 5).
47 D* tem àcj) ’ tique no lugar de £íttò toü.
Artigos - Parte I: usos regulares (como um substantivador) 233
Cf. também Mt 5:43; 23:26; Mc 12:31; Lc 11:40; At 5:38; Rm 8:22; 1 Co 5:12; 1 Tm 3:7;
Hb 3:13.
2) Com Adjetivos
Adjetivos, muitas vezes, são usados como nomes, especialmente quan
do as qualidades de um grupo particular são enfatizadas. Exemplos no
plural são especificamente genéricos, embora tanto singular quanto plu
ral o artigo individualizante ocorra com muita freqüência.
Mt 5:5 |iaKápioi ol npaelç, o t l aíruoi Klripouop.iíoouait' iqu yíjv
Bem-aventurado os mansos, porque herdarão a terra
Mt 6:13 pif) eíoevéyKTiç rpâç elç neipaapóu, àAA.à pOaouffljâç áuò toO nouripou
não nos deixe cair na tentação, mas livra-nos do mal [maligno]
Embora a KJV traga "livra-nos do mal [mal em geral"], a presença do
artigo indica, não o mal em geral, mas o maligno. No contexto do Evan
gelho de Mateus, 'livra-nos do maT parece estar ligado à tentação de
Jesus em 4:1-10: porque o Espírito o guiou a tentação pelo maligno, os
crentes agora participam de sua vitória.
3) Com Particípios
O uso com os particípios é um fenômeno comum. Semelhante aos
adjetivos, o artigo + particípio classifica-se como individualizante ou
genérico.
234 Sintaxe Exegética do Novo Testamento
Lc 7:19 ou eí ó êpxópeuoç;
És tu o que havia de vir?