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PSICOLOGIA 12º ano

Relatório crítico sobre o filme “Trigémeos Idênticos” e sua correlação com a


matéria estudada
O filme “Trigémeos Idênticos” de Tim Wardle relata a temática relativa à genética e o
papel que esta tem no ser humano. a história dos trigêmeos Edward Galland, David Kellman e
Robert Shafran que foram separados na infância e adotados por três famílias diferentes para
desenvolver uma pesquisa desenvolvida pelo Child Development Center que foi mantida em
sigilo para preservar a eficácia dos resultados. Este projeto tinha como principal objetivo
pesquisar de que modo a genética influencia o desenvolvimento de gêmeos que crescem em
ambientes socioeconômicos distintos. Afinal de contas, o que tem mais impacto, a genética ou
a socialização? Os seres humanos são moldados pelo ambiente em que vivem ou é o DNA que
determina quem são e quem se tornarão? Os gémeos que participaram neste documentário
são monozigóticos, ou seja, desenvolveram-se a partir de um único ovulo fecundado por um
único espermatozoide e partilharam a mesma placenta, pelo que, a hereditariedade tende a
estar mais marcada.

Como foi dito anteriormente , logo após o nascimento, os irmãos foram separados e
entregues para adoção de três famílias diferentes. Os três cresceram sem saber que eram
gêmeos idênticos, até que, por uma coincidência, acabaram por se conhecer. Aos 19 anos,
Robert Shafran foi à universidade para o primeiro dia de aulas quando reparou que vários
estudantes o estavam a confundidor com outra pessoa uma vez que lhe chamavam de Eddy
Galland. A situação agravou-se quando surgiu o terceiro gémeo, David Kellman, que viu uma
fotografia dos irmãos num jornal e percebeu que fisicamente, também, era igual às
personagens daquela reportagem.

Assim sendo, o filme analisa como as vidas dos três irmãos mudou após a revelação do
parentesco, tanto ao nível público como na rotina pessoal. Para além disso, o filme relata-nos
em detalhe algumas das vivências e peripécias dos gémeos logo após se conhecerem, uma vez
que rapidamente ganharam a confiança uns dos outros.

Com a pesquisa desenvolvida neste filme percebemos que além da herança genética
(fatores internos ou inatos), importa considerar relevante a contribuição do meio (fatores
externos ou adquiridos) para o fenótipo de cada indivíduo. Complementando a genética
comportamental, a psicologia evolutiva ocupa-se do modo como a evolução da espécie
humana afeta os nossos comportamentos e processos mentais. À primeira interessam,

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fundamentalmente, aspetos relativos à hereditariedade individual. À segunda, baseada nos


pressupostos de Charles Darwin, interessam aspetos relativos à hereditariedade específica.

Agentes responsáveis pela transmissão genética

Hereditariedade: conjunto de processos biológicos que presidem à transmissão das


características dos pais à sua descendência.
Genética: estudo da variabilidade dos carateres individuais e a sua transmissão a geração
seguinte.

Influências genéticas e epigenéticas no comportamento

à Hereditariedade específica e individual


Há dois tipos de características que se transmitem geneticamente de pais para filhos: umas
comuns a toda a espécie, manifestam-se em todos os indivíduos; outras mais originais, são
próprias de cada um deles.
Hereditariedade específica: transmissão à geração de características comuns a todos os
indivíduos duma espécie e que os diferencia de todas as outras espécies
Hereditariedade individual: conjunto único de características herdades por um indivíduo e que
o distingue de todos os que integram a sua espécie.

Gene dominante: aquele que produz efeito mesmo que esteja presente em apenas um dos
cromossomas do par
Gene recessivo: aquele que só produz efeito quando está presente nos dois cromossomas do
par
Genótipo: coleção/conjunto de genes que constituem o património hereditário de cada
indivíduo
Fenótipo: (aparência) conjunto de características fisiológicas, psicológicas e comportamentais
que se manifestam como resultado do genótipo em interação com o meio ambiente

à Preformismo e epigénese
O preformismo é uma teoria que sustenta a ideia de que no ovo já estão presentes todas as
características futuras do indivíduo, independente do meio em que decorra o seu
desenvolvimento. Assume uma posição determinista de desenvolvimento, não admitindo que
haja lugar para o aparecimento de carateres resultantes da ação do meio. Admite assim que o
ser humano se constitui em obediência a um programa geneticamente preestabelecido.

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Preformismo: tese segundo a qual o desenvolvimento individual prossegue um rumo


predeterminado, em virtude da programação inscrita no código genético.
Contrariamente, a epigénese assume uma posição construtivista do desenvolvimento,
considerando-o como resultante da combinação integrada de fatores genéticos e ambientais,
em que os genes não são exclusivos na determinação das características do ser humano.
Epigénese: tese segundo a qual o desenvolvimento do indivíduo se processa através da ação
recíproca estabelecida entre genética e ambiente.

à Ambiente e desenvolvimento epigenético


Muito daquilo que nos constitui resulta da interação de fatores genéticos com fatores
ambientais.
Meio pré-natal: ainda na vida intrauterina, muitos fatores ambientais se fazem sentir sobre o
embrião. Em muitos casos, o tabaco provoca partos prematuros e hipertrofia do feto. Outros
fatores, como a toxicodependência, as más condições de higiene, a precária saúde da mãe, a
deficiente alimentação ou perturbações emocionais, também ameaçam o ser em formação.
Meio pós-natal: existe um potencial genético para a estatura, para o peso, para a inteligência
e, de uma maneira geral, para todas as características fisiológicas e psicológicas. Porém, estes
fatores só adquirem expressão no indivíduo com a intervenção de elementos epigenéticos.
Exp: em meios economicamente pobres e intelectualmente pouco estimulantes, as pessoas
têm, em média, um Q.I. mais baixo

A complexidade do ser humano e o seu inacabamento biológico

O homem é uma estrutura complexa. A cerebralização foi-se processando e a complexidade


foi-se instalando, traduzindo-se em modos de organização fisiológica e psicológica. Os seres
humanos não seguem todos a mesma direção, como se estivessem programados a percorrer
um caminho único na vida.

à Filogénese e ontogénese
Filogénese: conjunto de processos de evolução dos seres vivos desde os mais elementares aos
mais complexos; é o conjunto dos processos biológicos de transformação que explicam o
aparecimento das espécies e a sua diferenciação. A filogénese é a história evolutiva de uma
espécie, de um grupo específico de organismos.
Ontogénese: designa o desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até à velhice
(desenvolvimento individual)

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Seleção natural: eliminação de seres vivos que carecem de qualidades para se adaptar.
Transmitidas às gerações futuras, as capacidades adaptativas dos resistentes permitem a
continuidade da espécie.

à Programa fechado e programa aberto


Programa fechado: sequência organizada de comportamentos rígidos, predefinidos no
património genético da espécie e apenas atualizados por mecanismos inaptos.
Todo o saber dos animais está inscrito na sua natureza, isto é, resulta do código genético
próprio de cada espécie, o qual determina a conduta a efetuar pelos indivíduos com vista à
sobrevivência e à continuidade da espécie. Os animais fazem o que devem fazer, através de
condutas devidamente ajustadas às situações. Carecem de originalidade no modo como
reagem às situações ambientais. As suas condutas são estáveis e uniformes, não variando de
indivíduo para indivíduo dentro de cada espécie.
Programa aberto: sequência de comportamentos a definir pelo homem na interação do
património genético com o meio ambiente e com aquilo que aprendeu.
O homem não é hábil nem especialista nas suas condutas como os animais, tendo de aprender
ou de inovar eternamente, em busca de uma forma mais adequada para realizar as atividades
a que se lança. Não tendo nascido com capacidades ficas e definitivas para reagir
estereotipadamente, cada ser humano dispões de uma margem de liberdade que lhe
possibilita comportamentos originais.

à Prematuridade e neotenia
Enquanto os animais são precoces na manifestação de características próprias de “adultos”, o
ser humano demora muitos anos a comportar-se como tal. Ao nascer, apresenta-se
prematuro, carecendo de capacidades desenvolvidas e, mesmo chegando a adulto, continua a
manifestar traços juvenis, numa eterna perpetuação da infância de que proveio. Enquanto
neoténico, o ser humano manifesta, um certo retardamento na evolução, no desenvolvimento
do cérebro, prolongando a sua morfologia juvenil até à idade adulta.
Neotenia: atraso no desenvolvimento que determina que as características juvenis se
mantenham na idade adulta.
O ser humano é um ser prematuro, nasce inacabado. A sua imaturidade explica por
que razão a infância humana é tão longa: é o período de acabamento do processo de
desenvolvimento que decorreu na vida intrauterina. O caráter embrionário do bebe torna-se
uma vantagem, porque o longo período de imaturidade é essencial para a sobrevivência e
adaptação da espécie.

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à Vantagens do inacabamento biológico


O conceito de neotenia afirma que o homem é “um ser aberto ao mundo”: o seu
inacabamento biológico, a sua prematuridade, explica a ausência de uma programação
biológica tão rígida como a que existe nos outros animais. A aprendizagem irá cumprir as
tarefas que nos animais são destinadas pela hereditariedade: o ser humano tem de aprender o
que a hereditariedade propicia a outras espécies.
A sua natureza biológica torna mais flexível o processo de adaptação ao meio. Cria a
necessidade de o Homem criar a sua própria adaptação, a cultura, que transmite de geração
em geração. O estatuto humano só é atingido através da aprendizagem. O caráter inacabado
confere ao cérebro humano plasticidade, tornando-o apto para desenvolver uma
multiplicidade de aprendizagens.
Em conclusão, inacabamento biológico do ser humano e a sua prematuridade
implicam um prolongamento da infância e da adolescência, condição necessária para o seu
processo de adaptação e desenvolvimento. Esta aparente falta vai constituir uma vantagem ao
permitir a possibilidade de uma maior capacidade para aprender no contexto do seu
ambiente, da sua cultura.

àRespostas às questões propostas:


1. Se conhecermos a estrutura genética do pai e da mãe podemos prever a capacidade
intelectual de uma criança? Porquê?
Não é possivel conhcer a capacidade intelectual da criança, pois tal capacidade não
depende de nenhuma hereditariedade mas sim da forma como a criança é educada e
do meio social no qual se desenvolve.

2. Uma caixa craniana muito desenvolvida e uma testa alta significam que a pessoa tem
uma inteligência superior?
Ter uma caixa craniana muito desenvolvida e uma testa alta são caracteristicas fisicas que
não influenciam a inteligência dos seres humanos.

3. O comportamento agressivo é hereditário?


Não, o comportamento agressivo de um determinado individuo tem muito a ver com o
ambiente social onde este cresceu e foi educado, mas também é influenciado pelo seu
próprio suporte genético.

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4. O inacabamento humano traduz-se em vantagens?

A precocidade do nascimento e o inacabamento biológico permitem ao novo ser uma


programação bem mais rica e flexível do que aquela que é possível esperar dos
instintos. A aparente desvantagem biológica converte-se, assim, no maior trunfo
evolutivo da nossa espécie. O que o ser humano perdeu em programação biológica
ganhou em flexibilidade; o que o ser humano perdeu em instintos ganhou em aptidão
para aprender e para interagir socialmente.
Contrariamente à maioria dos animais o inacabamento permite progredir, arranjar
novos modos de enfrentar a natureza. Ao carácter fixo do instinto animal o Homem
sobrepõe a plasticidade mental dada no contexto de uma cultura e influência social.
(está mais completo no ultimo tópico que abordei)

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