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VIOLÊNCIA SEXUAL: VULNEREBILIDADES E EFEITOS
PSICOLÓGICOS
Objetivos:
Objetivos:
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2.1 Algumas especificidades na infância e adolescência no
contexto da violência sexual
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de vulnerabilidade. O que se pretende destacar é que crianças que são submetidas
a abusos sexuais, podem ser facilmente induzidas a esse tipo de transgressão do
qual elas não tem recursos subjetivos para elaborar e compreender que se trata de
um ato abusivo. Por vezes, muitas demoram a revelar a situação de abuso sexual,
pois não compreendem esse ato como transgressão ou violência. É comum que
algumas crianças venham revelar a situação abusiva quando desenvolve o juízo
moral e começa a perceber que tal ato não é aceito socialmente. Quando isso
ocorre, a criança já foi submetida a longos anos e isso gera sofrimento psíquico,
principalmente o sentimento de culpa e a vergonha. É necessário, sempre que
houver a revelação de abuso sexual, que a criança seja escutada e acolhida, não
devendo ser questionada pela não revelação em tempo anterior.
Outro destaque relaciona-se aos atos erotizados com o seu próprio corpo.
Ainda que tais manifestações possam ser indicadores de ocorrência de abuso
sexual, é preciso ter cuidado para que não ocorra uma precipitação sobre suspeitas
de abuso, pois a sexualidade infantil nos mostra que nem sempre atividades como
tocar o próprio corpo, por parte das crianças, podem ser um indicativo de ocorrência
de abuso sexual, pois isso também faz parte do desenvolvimento infantil. Desta
maneira, quando se está diante de uma suspeita, de uma dúvida, recomenda-se
que essa criança seja encaminhada para uma escuta especializada, como forma
de poder ter a possibilidade de falar mais sobre o que lhe ocorre.
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diferença sexual entre meninos e meninas. Assim, nas brincadeiras, as crianças
querem ver, pegar, tocar nos órgãos sexuais, seja em seu próprio corpo, seja dos
coleguinhas ou de pessoas mais velhas. Esse ponto também é importante, pois
alguns cuidadores, sejam os pais, professores ou babás, ao se depararem com
essa cena, não sabem como tratar a situação.
Será que uma criança de seis anos tocando o órgão sexual de outra criança
de três é um abuso sexual? Neste caso, quem seria a vítima e quem seria o
agressor? Tais brincadeiras podem ser consideradas um abuso sexual? A resposta
é não. Uma das características para considerar uma ação abusiva é a diferença
de idade ou geracional. Mas atenção, este aspecto foi destacado para esclarecer
que as brincadeiras sexuais podem ser repetições de uma situação abusiva em
que a criança pode estar sendo submetida ou se tratar de comportamentos de uma
fase do desenvolvimento infantil. Mas como fazer essa distinção? A intensidade e
repetição do comportamento pode ser um indicador do que a criança queira falar
ou demonstrar. Mais uma vez, é importante destacar que os pais ou responsáveis
podem dirigir suas questões e dúvidas para profissionais especializados.
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2.1.2 Desenvolvimento cognitivo infantil
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Pode ocorrer também a implementação de falsas memórias quando há
síndrome de Alienação Parental, na qual crianças pequenas são mais suscetíveis.
Por um outro lado, quanto mais a criança descrever atos sexuais que ultrapassam a
sua maturidade, sofisticação e capacidade, o que seria considerado normal ao nível
de desenvolvimento dessa criança, é mais provável que a mesma esteja descrevendo
a realidade em oposição aos acontecimentos imaginários (DE YOUNG,1986).
ATENÇÃO
Nesta fase, o sujeito elabora o seu luto pela perda do seu corpo infantil,
de sua identidade infantil e de seus pais infantis. Por outro lado, os pais também
passam pelo luto do filho criança (ABERATURY E KNOBEL,1981).
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A puberdade refere-se às mudanças corporais, no desenvolvimento
dos caracteres sexuais secundários e ação dos hormônios, que ocorre entre
aproximadamente 10 a 14 anos. É a fase em que o adolescente adquire um
corpo biologicamente preparado para a reprodução, portanto, para a vivência
da sexualidade genital. A puberdade perturba a imagem do corpo construída na
infância. Enquanto a maturidade genital pode ser considerada um desenvolvimento
completado no plano puramente fisiológico, no plano psicológico, a imagem do
corpo, a organização do eu e a identidade estão confusas. O adolescente atravessa
essa fase com crises e conflitos de maneira particular, na busca de sua autonomia
e identidade. Quando a adolescência é atravessada pela violência sexual, tais
peculiaridades agravam suas consequências.
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SUGESTÃO DE LEITURA
Imagine que sua filha vai se casar. Engravidou do primeiro namorado, um rapaz mais velho que ela
conheceu na vizinhança. Vai deixar de estudar por causa da gravidez e do marido. O jovem casal
vai morar na casa dos pais dele. No entanto, ela só tem 13 anos. Isso é violência sexual? Para
refletir mais sobre o tema leia a matéria que está disponível no link a seguir: https://www.bbc.com/
portuguese/noticias/2015/09/150908_casamento_infantil_brasil_fe_cc
SUGESTÃO DE LEITURA
Para saber mais, leia o artigo: Vitimação e vitimização de crianças e adolescentes: expressões
da questão social e objeto de trabalho do Serviço Social. Disponível em: http://revistaseletronicas.
pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/5677/4130
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ATENÇÃO
Vitimação: entendida também como violência estrutural, caracterizada por condições extremamente
adversas de vida, que geram uma imensa população de pessoas vivendo na miséria, com fome,
habitação precária ou até mesmo deficiente, dificuldade de acesso ao mercado de trabalho, sofrendo
no cotidiano a violação sistemática dos direitos humanos.
Você sabia que meninas são maioria nos casos de abusos sexuais? O
Relatório da Abrapia aponta que são 78% das vítimas (ABRAPIA 2002). Por que os
homens mais violam sexualmente as meninas e mulheres do que o contrário?
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De acordo com Spaziane e Maia (2017):
SUGESTÃO DE LEITURA
Para refletir sobre a cultura do estupro e a maneira como a educação das masculinidades
e feminilidades “autoriza” a violência sexual contra meninas, leia o artigo Violência sexual
contra meninas: entrelaçamentos entre as categorias gênero, infância e violência, das autoras
Spaziane e Maia (2017), disponível em: http://www.en.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/
anais/1498262409_ARQUIVO_Trabalhocompleto_RaquelBaptistaSpaziani.pdf
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Corrimento vaginal;
Distúrbios alimentares;
Gravidez precoce.
Desconfiança no adulto;
Uso de drogas e álcool;
Hiperatividade e ansiedade exagerada;
Comportamento rebelde;
Falta frequente na escola;
Distúrbios de condutas (fugas de casa, mentiras, roubos);
Comportamento sexual inapropriado para a sua idade;
Promiscuidade e prostituição.
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Informações retiradas do material do curso semente de Girassol – Centro de Defesa dos Direitos da criança
e do adolescente Pe. Marcos Passerine.
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É importante destacar que sintomas isolados podem não se configurar como
um caso. O contexto e a história familiar são fundamentais para um diagnóstico de
uma situação de violência sexual.
RESUMO
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REFERÊNCIAS
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ROCHA, M. Conhecendo para evitar a negligência nos cuidados da saúde com
crianças e adolescentes. Rev. Gaúcha de enfermagem. Porto alegre. v. 20. 1999.
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