RESUMO
ABSTRACT
Introduction: The longing for the archetype of beauty advocated by society has intensified
in the last decades, increasing the demand for aesthetic procedures in health institutions.
Among the most frequent aesthetic dysfunctions, localized adiposity is revealed, which
stems from poor habits intrinsically associated with modern life, such as high fat intake
in daily food and sedentary lifestyle. With increasing demand, innumerable aesthetic
procedures and several protocols emerged as therapeutic forms localized lipodystrophy.
Objective: To describe the principles of electrotherapy techniques, their indications and
contraindications, and to compare the efficiency of therapeutic associations in the
treatment of localized lipodystrophy. Methodology: This is a bibliographic review with
prospection of articles in the English and Portuguese languages from the electronic
databases Medline, Lilacs Scielo and Pubmed. The following descriptors were used with
boolean operators and in portuguese, when necessary: cryolipolysis, radiofrequency,
ultrasound, cryofrequency, reduction subcutaneous adipose tissue. From this initial
selection of the articles, a secondary search was made in the references of the manuscripts.
Results and discussion: The 45 scientific papers included in this review indicate that
radiofrequency, cryolipolysis, cryofrequence and ultrasound stimulate the effective
destruction of adipocytes and reveal themselves as safe procedures since they did not
cause relevant tissue or serum changes. Conclusion: Combined ultrasound and
radiofrequency therapies demonstrate greater efficiency in reducing subcutaneous
adipose tissue and flaccidity.
1 INTRODUÇÃO
A adiposidade localizada está entre as disfunções estéticas que mais acometem os
indivíduos ao redor do mundo e está associada a uma soma de hábitos que podem ser
prejudiciais a saúde. Aliado ao consumo de uma dieta rica em lipídeos saturados e
açúcares, o estilo de vida sedentário de parcela da população brasileira contribui
fortemente para o acúmulo de lipídeos séricos, tecido adiposo e desenvolvimento de
2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de revisão integrativa baseado no método qualitativo de
investigação. Foram prospectados trabalhos científicos das bases PubMed, MEDLINE,
LILACS e SCIELO, combinando os seguintes descritores de forma boleana:
“cryolipolysis, radiofrequency, ultrason, cryofrequency, reduction subcutaneous adipose
tissue”. Em algumas bases de dados, a prospecção dos artigos também foi realizada com
tais descritores em português. Inicialmente, foi realizada análise a partir da leitura do
título e do resumo. Os artigos incluídos nesta primeira etapa foram analisados na íntegra
na segunda etapa. Todos os trabalhos foram analisados por pares, tendo uma terceira
análise quando as opiniões dos primeiros avaliadores foram discrepantes. A partir dos
artigos prospectados, realizou-se também busca secundária nas referências bibliográficas.
Foram incluídos 45 trabalhos científicos em português ou inglês, sem restrição temporal,
experimental e de revisão.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desde que as mídias sociais começaram a estabelecer padrões de beleza e
estimular o consumismo, novas formas de atender as exigências das pessoas que visavam
adquirir mais “status social” e se encaixar dentro dos moldes determinados foram
surgindo. Entre essas maneiras, alguns procedimentos estéticos relacionados à redução
de medidas foram desenvolvidos e conquistando seu espaço entre os indivíduos que
desejavam atingir a boa forma. Por diferentes métodos, incluindo a utilização de corrente
elétrica, ultrassônica ou resfriamento, por exemplo, despontaram técnicas como
eletrolipólise, ultracavitação e criolipólise, respectivamente. Em um momento onde a
beleza impera sobre várias outras questões, torna-se relevante saber os potenciais riscos
e benefícios desses métodos e a eficiência das associações.
3.2 CRIOLIPÓLISE
O conceito de destruição da gordura induzida por resfriamento remonta um longo
processo histórico marcado por relatos que evidenciavam paniculite (inflamação do
tecido adiposo subcutâneo) em crianças ocasionada após o consumo de picolé. Estudos
subsequentes comprovaram a maior susceptibilidade à inflamação do tecido adiposo rico
em lipídios quando submetido baixas temperaturas, ao contrário dos tecidos ricos em água
circundante (SANT'ANA, 2015). Evoluções científicas, acompanhando as necessidades
sociais influenciadas por recursos midiáticos, fizeram surgir a criolipólise. Trata-se de um
procedimento estético que se baseia no resfriamento intenso e localizado que atinge e
elimina os adipócitos, por meio de apoptose, sem lesar os tecidos adjacentes (SILVA,
2015). Entre os efeitos proporcionados pela criolipólise, estão: a inflamação tecidual,
reperfusão local e morte celular adipocitária
Diversas pesquisas evidenciaram diminuição da gordura subcutânea com apenas
uma aplicação dessa técnica não invasiva. Análises histológicas, de imagem e
bioquímicas apontaram redução significativa do tecido adiposo subcutâneo num período
de 90 dias, sem consequências deletérias tissulares ou séricas relevantes. (AVRAM, 2009;
BORGES, 2014; INGARGIOLA, 2015; ZELICKSON, 2015; BERNSTEIN, 2017)
A aparelhagem para realização do procedimento inclui um “Console” ou “Central de
Controle” que possibilita a manipulação dos parâmetros de sucção, tempo e temperatura
e uma manopla que atua como aplicadora do tratamento, podendo variar de tamanho e
forma e permitindo uma sucção adequada para cada local de aplicação. O console contém
uma quantidade de água circulante que resfriará a manopla que, por sua vez, é
encarregada de resfriar a gordura (AGNE, 2016; HEK, 2012). Entre a manopla e a pele
do paciente é indispensável a presença de uma manta protetora a fim de evitar danos
teciduais. Mediante a aplicação é efetuada uma prega que facilita a vácuo-sucção da
gordura por uma força moderada que tende a variar de 650 a 750 mmHg para dentro do
aplicador, onde o tecido entrará em contato com placas de resfriamento que poderão levar
a temperatura do local até -8º C (BORGES, 2014; JIEHOON, 2014)
3.3 CRIOFREQUÊNCIA
A criofrequência emergiu como um tratamento único e exclusivo capaz de
combinar efeitos presentes em duas terapias já existentes: a criolipólise e a
radiofrequência (INACIO, 2016). A aparelhagem dessa técnica, não diferentemente da de
radiofrequência e criolipólise isoladas, envolve uma central de controle e um aplicador.
O que a torna especial é o fato de possuir resfriamento do cabeçote à base de água. Graças
a isso, a criofrequência é capaz de combinar o frio de até -10ºC, que age de fora para
dentro, com um calor gerado por ondas eletromagnéticas de até 1.050 watts de potência,
que age de dentro para fora. Esse sinergismo ocasionado pela técnica, além de assegurar
a não ocorrência de queimaduras, proporciona inúmeros choques térmicos que serão
fisiologicamente essenciais para que bons resultados sejam obtidos (CORREIA, 2016).
A respeito dos efeitos ocasionados pelos choques térmicos do procedimento, é
compreendido que, de imediato, a elevada temperatura acarreta vasodilatação, maior
oxigenação e efeito desintoxicante por reabsorção aumentada de catabólitos. Além disso,
provoca desnaturação do colágeno e impulsiona o organismo à produção de novas fibras,
fenômeno que se estende da derme a hipoderme (ROCHA, 2013). O calor interno gerado
provoca a expulsão do conteúdo interno das células de gordura, disponibilizando ácidos
graxos e glicerol no interstício para serem utilizados como matriz energética. Diante
disso, há uma significativa liberação do Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-alfa) pelo
tecido adiposo e, por consequência, ativação dos macrófagos. O acúmulo dessa citocina
pró-inflamatória contribui para clivagem e ativação das pró-caspases 3 e 8, envolvidas na
cascata de apoptose de adipócitos (INACIO, 2016).
A criofrequência gera efeitos a curto e longo prazo e tem eficácia comprovada no
combate a gordura localizada, flacidez cutânea e celulite, além de ser grande aliada do
remodelamento corporal e rejuvenescimento. No entanto, é preciso ter cuidado com os
critérios de aptidão para a realização dessa terapia. Não estarão aptos aqueles que
apresentarem as seguintes contraindicações: cicatrizes recentes, próteses metálicas,
marcapasso ou implantes eletrônicos, gravidez, patologias cardiológicas ou vasculares,
câncer, processos inflamatórios, febre, alterações dermatológicas e/ou de sensibilidade,
entre outras (DUARTE & MEJIA, 2012). Não diferentemente da radiofrequência, o
intervalo de frequência entre as sessões dependerá de um protocolo montado mediante
3.4 ULTRACAVITAÇÃO
Também chamada de lipocavitação ou popularmente conhecida como lipo sem
cortes, a técnica em questão surgiu por meio da busca dos resultados gerados pela onda
ultrassônica no interstício da célula adiposa (SANTOS & OLIVEIRA, 2011). Os
equipamentos de baixa frequência utilizados nessa terapia surgiram em 1990 para serem
utilizados em hidrolipoclasia, procedimento que combinava a injeção de soluções em
região de gordura localizada com sessões de ultrassom. Somente 10 anos depois,
percebido o seu elevado potencial cavitacional mesmo de forma isolada, foi que recebeu
a denominação de ultracavitação. Desde então, tornou-se um tipo de ultrassom que vem
crescendo largamente no mercado estético, principalmente por ser uma técnica de simples
execução (BORGES & SCORZA, 2016).
O equipamento, responsável pela conversão de energia elétrica para mecânica,
contém uma central de controle onde é possível controlar a frequência utilizada, mediante
espessura do tecido, e uma manopla com transdutores de frequências entre 0,5 MHz e 5
MHz, que tem por finalidade liberar cristais piezoelétricos responsáveis por emitir ondas
ultrassonoras (BORGES & SCORZA, 2016). A depender da forma do transdutor, que
pode ser plano ou curvo, faz-se necessário um pinçamento da gordura entre a mão e o
cabeçote. A sua aplicação perpendicular à pele, no entanto, pode ser estacionada ou
dinâmica, sendo denominadas de, respectivamente, focalizada e não focalizada.
Independente disso, a utilização do gel condutor a fim de facilitar a passagem da onda é
imprescindível. Por fim, a pulsação, que indicará o tempo de relaxamento térmico, pode
variar de 10 Hz a 100 Hz, sendo a mais elevada, e de menor tempo de relaxamento, mais
indicada para tratar lipodistrofia (REBELO & MEJIA, 2016).
O mecanismo de ação da ultracavitação se processa inicialmente pela passagem
de ondas ultrassônicas pelo tecido adiposo e consequente vibração e produção de
microbolhas de gás ou vapor no interior das células que o compõe. A expansão das bolhas,
por proximidade, ocasiona um impacto entre os adipócitos e consequente destruição das
suas membranas, expulsando o conteúdo gorduroso para o interstício e mantendo íntegros
os tecidos adjacentes (PASSOS et al, 2017). Outro mecanismo que contribui para a
redução do volume hipodérmico é a elevação térmica que pode atingir 56ºC, causando
morte adipocitária por desnaturação proteica, iniciando uma resposta inflamatória e
4 CONCLUSÃO
Dado a análise e descrição dos mecanismos de ação e efeitos ocasionados pelas
eletroterapias quando combinadas, é acertado que a associação mais eficaz para o
combate a lipodistrofia localizada envolve o sinergismo de ultracavitação com
radiofrequência, uma vez que a passagem da corrente sensibiliza as células de gordura à
cavitação do ultrassom e gera resultados mais precoces e satisfatórios de perda de gordura
para uma amostra relevante de pacientes em poucas aplicações das técnicas quando
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