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90 | PSICOTERAPIA BREE INFANT Te = ox eum | abel le le A PSICOTERAPIA BREVE =| (2 ale |2 if eae eal Zoe |B if (ble |# |e B| INFANTIL E O REFERENCIAL aa |e oo a oe hole DO DESENVOLVIMENTO ga |2 a olf jag’ & 3 lg eae le S 1F lesz 2 eae at le 2 je #8 2 Seal Neste capitulo pretendemos discutir as possibil CI a conhecimentos que embasam a psicoterapia breve infantil, de abordagem aul it a lads leds [eaals psicodinémica, com as contribuigdes da teoria do desenvolvimento de Erik ~ ry als 2 (8 jehez [8 i Pie 3 Erikson, para a construglo de pardmetros que auxiliem na organtzagio do ae ls |g levee jeee | racioeinioclnico e permitam a delimitagio de foco e objeivos terapéuticos | adaptados a cada caso em particular. at ali faye | ees q a |g Para adaptar a proposta psicoterdpica as necessidades e possibilidades “Filla I ¢ if lt 3 a | de cada caso é necessério, a partir da compreensio diagnéstica, estabelecer ayaa a a foco e objetivos compatives, Isso implica iniciar 0 atendimento com wma = a | westigagio clinica que permitaselecionar areas confltvas especificas para dole a |e |i lg x a |e] serem trabalhadas, que sejam to centrais quanto possive, desde que per- of 1k Ole IEE 5 4 62 meiveis & mudanga num espago restrito de tempo, e estabelecer objetivos 2 2 \E VE |i é 2 iveis c pag pos ji Pf ce Sai ro exeguiveis nas condigdes reais em que se realizaré o atendimento, Nessa ta I +4] alspale refa, os conhecimentos sobre o desenvolvimento podem ser especialmente felt olf |g |e.lbbecleesiaidyiy ‘teis, uma vez que permitem saber que desafios o processo de desenvol- oii JE la latleeaieqedaauie? Vimento engendra em cada fase e quis 05 conftestpicos de cada etapa, af 3 i o|E |P [Bet lee cgce st ‘usar esses conhecimentos para a compreenséo de cada caso particular. aa ZF ral eal Assim, 0 conhecimento das fases do desenvolvimento e de suas caracter oa (af, |22 |€ Jeglgeg [ge (28 lde cas oferece um referencial importante para a interpretacio do mat 2s: [2b |e [Be ee* |e" se ie individual de cada crianga com os referenciais gerais, para compreender pane arts i re = suas caracteristicas e necessidades, e ter um prognéstico sobre seu desen: $2 |fs abelgés| 3 \32 ul VHUu LG a ae volvimento futuro. ~Eh lee at Saueeag (ge \2 lk las De acordo com Erikson (1994), cada est fe (gga aslabe |e é & (83 plica um modo de processar e integrar as experitncias e um modo de 0 ego 2 A * Tat se relacionar com 6 mundo. Assim, diante de determinado caso, podemos g 4 |asldslgs] 3 ai |is|2 identificar, no material clinico, a que estégio corresponde o modo principal P| E |an) a2 /2u) a | e4 Hil: de fancionamento, Os outros mods estardo presentes, mas de forma se- i 2 = : ia ‘cundiria. Identificar 0 modo principal de funcionamento permite localizat 92 | PSICOTERAPIA BREVE INFANTIL los, as necessidades e as caracteristicas gerais da crianga e, ainda, em vista do tipo de funcionamento, contar com parametros para sele- cionar os tipos mais adequados de intervengao. A identificagio da fase do desenvolvimento que corresponde & moda- Jidade principal de funcionamento da crianga independe de sua idade, mas, na avaliagao sobre o quanto o desenvolvimento esté transcorrendo de forma saudével, esa relagao fundamental. Quanto maior a distancia entre 0 tipo de funcionamento da crianga e o esperado para sua faixa etdria, mais impor- tante € 0 prejuizo em seu desenvolvimento. Além disso, sabe-se que o desenvolvimento ocorre em um contexto re- lacional, eo adulto que participa do crescimento de uma crianga se defronta novamente com as tarefas de seu proprio desenvolvimento ¢ as revive, 0 que interfere diretamente na relagio que estabelece com a crianga em cada fase, Interfere, também, na forma como pode ou ndo ajudé-la a elaborar suas crises desenvolvimentais e em como pode, ele préprio, reelaborar seus conflitos ou descarregi-los sobre a crianga, que ter entao que arcar com essa dupla carga, Portanto, compreender o desenvolvimento de uma crianga em par- ticular significa necessariamente entender os padroes relacionais de seu ambiente, 0 tipo de regulagio muitua que se estabeleceu entre a crianga e seus cuidadores, ¢ que é resultado da combinagZo tinica das caracteristicas dessa crianga, desses adultos e do que os cerca no decorrer do processo. Essa relagZo 6, ao mesmo tempo, um elemento estruturante da subjetividade de cada um deles, em especial da crianga, por sua condisao de maior depen- déncia e menor organizasio. Podemos identificar semelhangas importantes na visio de alguns dos autores que estamos considerando: entendemos que a “regulagio mitua” apontada por Erikson (1976) tem uma relagéo direta com a “mutualidade psiquica’, conceito criado por Cramer (1974). A “mutualidade psiquica’ se define como uma area de funcionamento comum entre pais e crianga, fruto das identificagbes e projegdes muituas. Quando ela serve & compreen- so empética e a uma maior sintonia que permite atender as necessidades, permite uma “regulagéo mitua” adequada. Muitas. vezes, no entanto, estabelece-se uma “area de conflito miituo’, quando os pais revivem, nas relagbes atuais com o filho, seus prdprios conflitos mal elaborados, referen- tes 4 etapa de desenvolvimento em que a crianga se encontra, Os conflitos IRANETOMIATTO DEOLIVEIRA | da crianga mobilizam os conffitos correspondentes dos pais, que nao foram bem resolvidos, e geram neles elevada ansiedade, Nessas circunstancias, em vez de ajudar a crianga, eles a sobrecarregam com suas projecées. A intensi- dade das projegdes que os pais fazem sobre a crianca interfere diretamente na “regulagio mittua” entre eles, ¢ tem a ver com a possibilidade que os pais. tém de permitir ou nao que a crianga se desenvolva no sentido da indepen- dencia, ou se precisam que ela permaneca dependente para satisfazer suas préprias necessidades, Na anélise de casos de criangas, portanto, dentro da concepsao que adotamos, é preciso compreender, principalmente: ~ © funcionamento psfquico da crianga e seu processo de desenvolvi- ‘mento, levando-se em conta sua adaptagio as demandas das diferentes fases evolutivas; ~ 0 funcionamento psiquico dos pais; As caracteristicas da relagéo que se estabelece entre os pais ¢ a crianca e como ela se articula com as dificuldades da crianga, Esses trés aspectos sio interdependentes e necessariamente interferem tuns nos outros, Sua divisio aqui é apenas para organizagio didética, Na pritica, a anélise poderia comesar por qualquer um deles, para ir necessa- tiamente incluindo os outros. Assim, de acordo com o caso, pode-se iniciar pelo que parece mais claro e que fornece um melhor ponto de partida Nossa sugestio é a de se iniciar a anélise do material a partir de co- mo 0 caso se apresenta: identificar, com base na queixa e nos primeiros contatos com 0s pais ¢ com a crianga, que tipos de conflitos e caracteris- ticas centrais aparecem; identificar com qual etapa do desenvolvimento cles se relacionam; em seguida, incluir a compreensio dos modos secun- darios de funcionamento ¢ de caracteristicas relacionadas a outras etapas do desenvolvimento. Dessa maneira é possivel partir, ja de principio, das caracteristicas peculiares de cada caso ¢ acolher o que de inicio é trazi do pelos pais e pela crianga. Além disso, é importante que se utilizem as primeiras impressbes suscitadas pelo contato e as primeiras manifesta- bes transferenciais para, rapidamente, formular a5 primeiras hipéteses diagnésticas 93 94 | PSICOTERAPIA BREVE INEANTIL Iniclamos, entdo, pela queixa trazida pelos pais, buscando de inicio compreende-la em suas principais caracteristicas: descricao detalhada, his 16rico, frequéncia, fatores desencadeantes, reagSes do ambiente, remissdes ¢ 108 aspectos relevantes. No decorrer da pesquisa diagndstica procura-se thecer as caracteristicas dos conflitos ou situagdes-problema apresenta- os, 2s modalidades de funcionamento da crianga (principal e secundarias) «dos pais, a configuragao da relagao entre eles. Todos esses aspectos aux +o, também, na compreensio da queixa e de seu significado, ‘Vamos, a seguir, reexaminar cada uma das quatro fases do desenvolvi- ‘mento que, de acordo com a proposta de Erikson, compdem o perfodo da infincia, e sugerir aspectos importantes a serem observados e levados em conta na avaliagao diagnéstica dos casos clinicos. As fases da infaincia: aspectos relevantes para o diagnés- tico psicolégico Primeiro estagio: 0 bebé No primeiro estigio, 0 conflito central entre confianga bisica e des confianga estabelece as bases para o equilibrio entre dependéncia ndependéncia, que seré um aspecto regulador das relagdes interpessoais do individuo por toda sua vida, e que tem ligacio estreita com os padres de relacionamento e euidado materno que experimentou no inicio da vida Portanto, uma avaliagao dos padrées de dependéncia de um individuo im- plica uma avaliacao das modalidades do cuidado materno que ele recebeu. A ayaliagdo do grau de equilibrio entre dependéncia e independéncia mente levar em conta a fase de desenvolvimento em que se encontra o individuo, uma ver.que se espera que esse equillbrio vé paulati ‘namente se modificando no decorrer da vida, em esp. eaadolescéncia. A anilise dos aspectos centrais relacionados & primeira etapa do senvolvimento, feita a partir dos dados da hist6ria da erianga, do material ico (observasies, testes) e da relaglo transferencial que ela estabelece, busca compreender, especialmente: como ela vive a dependéncia e a inde- pendéncia, em relacdo ao esperado para sua faixa etéria; como ela pode durantea infincia IRANITOMIATTO DEOLIVEIRA | 95 accitar 0 que Ihe é dado (disposigao receptiva), pedir 0 que necessitae fazer ‘que 0 outro Ihe dé; 0 quanto é capaz de dar e de tomar de forma mais ativa lependente; como reage diante da separagao; qual é o equilibrio entre sentimentos de confianca e desconfianga e 0 grau de esperanga nas relagdes {nterpessoais; como sio suas expectativas em relacio ao encontro interpes- soal; 0 quanto pode confiar no outro, porém mantendo uma certa dose de desconfianga protetora; o quanto se retrai ou ten lar 0 outro por edo, desconfiance.e expectativas negativas; reagdes frente a frustragio. Para que se possa compreender melhor essas caract E preciso saber também por que caminhos a crianga chegou a elas, ou seja, conhe- cer o histérico de seu desenvolvimento. E, também, em relagio aos pais (e, esse caso, especialmente em relagio & mie): como eles vivem a prépria dependéncia e independéncia; qual é 0 grau de equilibrio entre confianga € desconfianga nas relagbes interpessoais que eles estabelecem; qual é sua ca- pacidade de dar, no tempo necessario, com regularidade e consisténcia e de forma coordenada com as necessidades da crianga; qual é sua capacidade de impor frustrasio; como so os padres familiares ¢ transgeracionais de confianga, dependéncia e independéncia; também, o quanto a mae se sente apoiada, afetiva e socialmente, para desempenhar seu papel de mie. Todos esses aspectos devem ser considerados em sua sequéncia histérica Além disso, & necessério compreender a regulagio mttua entre as ne- cessidades e caracteristicas dessa crianga em particular e as desses pais (mae) empa levando em conta intercorréncias especificas da historia dessa relagio (Por exemplo: gravidez inesperada ou indesejada, problemas graves. de satide, perdas importantes) e seus efeitos. A avaliagaio desses fatores é central para a indicagdo e para o plane- jamento de uma psicoterapia breve, porque eles tém relagio direta com 4 possibilidade do estabelecimento de uma alianga terapeutica, condigio essencial para esse tipo de intervengio. Algum grau de confianca & neces- sério para permitir que isso ocorra e para que as intervengdes do terapeuta possam ser aceitas, Também é necessario poder depender, para aceitar aja- da, ¢ poder ser independente o suficiente para tolerar 0 rompimento do vinculo terapéutico apés um breve pe do. Além disso, é necessério que as projesdes da mie sobre a crianga ndo sejam extcemamente intensas € inflexiveis, uma vez que, se isso ocorre, significa que a mie depende da crianga como depositario de aspectos seus; portanto, nao poderia tolerar | PSICOTERAPIA BREVEINEANTIL. que ela desenvolvesse independéncia nem tolerar retomar para si o que projetou nela, ‘Nio se esti aqui afirmando que, para a indicagao de uma psicotera- pia breve, é necessitio que esses aspectos se encontrem equilibrados e bem Gesenvolvides. Trata-se apenas de reconhecer que, nos casos de extremo desequilibrio, 0 trabalho ficaré impossibilitado, Nos casos em que hé difi- cculdades em grau moderado, essas questdes serio objeto de atengao especial no planejamento do processo e das estratégias de intervensao. Quando esse é 0 modo principal de funcionamento, as estratégias terapéuticas devem ser planejadas de maneira a oferecer continéncia, possi- bilitar 0 desenvolvimento de um vinculo confidvel e promover a confianga, da mie em sua propria capacidade de dar e de acolher a dependéncia da ctianga. Deve-se, durante o processo, tentar criar condigdes para experién- cias positivas de dependéncia. No entanto, é preciso cuidado especial com 0 nivel de dependéncia que se estabelece, em virtude do tempo de duragio da psicoterapia. Ajudar os pais a perceber suas proprias capacidades ea acolher a dependéncia da crianga (em vez de promover a dependéncia da crianga ‘em relagio ao terapeuta) s20 formas de trabalho mais compativeis com es ‘se tipo de intervengio. Se isso nao for possivel com os pais, pode-se tentar encontrar figuras substitutas, que facam parte da vida cotidiana da erianca. Segundo estagio: a inffincia inicial Essa fase tem relagao com as possibilidades de desenvolver autonomia, 1 partir do conflito com os sentimentos de vergonha e diivida e, ainda, com a capacidade de reter e soltar, liberar. Dever ser observadas, na crianga, as capacidades de escolher e de explorar o ambiente, de ter iniciativa e de ‘manifestar sua vontade; a forma como lida com a agressividade e como a expressa, a5 tentativas de controlar 0 outro e a capacidade de autocontrole e de discriminar sentimentos de agdes, especialmente em relagio & raiva ea agressividade; a capacidade de testar ¢ de se adaptar aos limites ¢ regras do ambiente e as reagdes diante da frustragio. & preciso observar ainda se exis- te vergonha excessiva, que leva a sentimentos de inferioridade ou conduz a tentativas de levar vantagens as escondidas ou de aparentar indiferenga pela opiniao dos outros; se hé atitudes de autonomia desafiadora ow de dii- vida compulsiva (a diivida é a desconfianga secundaria de si mesmo e dos IRANI TOMIATTO DE OLIVEIRA | GT outros): se hé possibilidade de utilizar a brincadeira como via de expressio e de elaboragao, em especial no sentido de experimentar autonomia dentro de seus pr6prios limites e regras. Em relagio aos pais, é necessério observar a capacidade de permitit iniciativas da crianga, apoiando seu desejo de fazer coisas por si mesma ¢ 20 mesmo tempo fornecendo a seguranga de limites compativeis com a sua dade e com a situasio, ¢ protegendo-a de experiéncias que possam gerar cexcessiva vergonha ou diivida; capacidade de conceder independéncia gra- ual e de impor frustrasio em nivel adequado, de permitir a manifestagio da agressividade, de conté-Ia e de ajudar a crianga a discriminar entre sen- timente e agio e a estabelecer autocontrole; possibilidade de permitir que a crianga tenha vontade prépris, sem que essa vontade domine tiranicamente ‘o ambiente; ser capaz de ensinar a discriminagao entre bom e mau, certo € errado, permitido e proibido, com firmeza e fexibilidade. E preciso verificar ainda se houve a imposico de um controle muito rigido e prematuro, 20 ual a crianga tem que reagir com solucbes desadaptativas. Em relagio & regulagao rita pais-crianea, j foi dito que essa a fase que traz maiores dificuldades. A leitura do pardgrafo anterior pode dar a impressio de que se esté colocando um nivel de exigéncia muito elevado para os pais. Embora todos reconhegam que a tarefa de criar um filho & extremamente complexa e dificil, nfo se estd aqui esperando pais perfeitos ou com capacidades sobre-humanas. As possibilidades apontadas ocorrem habitualmente no dia a dia, e dependem, no que diz respeito aos pais, de como eles puderam elaborar essas questdes no decorrer de seu proprio de- senvolvimento e do quanto se sentem autonomos e independentes em suas préprias vidas, Cada crianga, no entanto, tem também caracteristicas pré- prias, e a combinago particular entre uma determinada crianga e seus pais determinaré o quanto sero bem sucedidos na elaboragdo dos conflites ca- racteristicos dessa etapa, ‘A intervengio psicoterapéutica, quando os conflitos centrais se rela cionam a essa fase, deve incluir a possibilidade de oferecer continéncia ¢ controle para a agressividade, o trabalho com limites e com tolerincia & frustragio, tanto com a crianga quanto com os pais. A psicoterapia breve traz necessariamente um elemento importante relacionado a isso, uma vez que jé é, por definigao, um trabalho com limite de tempo e/ou de objetivos. ‘Assim, a questio esté posta desde o inicio, e serd especialmente mobilizada | PSICOTERAPIA BREVE INFANTIL na fase de término do processo, exigindo atencao especial do terapeuta e, ‘20 mesmo tempo, permitindo uma avaliagio do quanto o trabalho foi bem sucedido. ‘Terceiro estigio: a idade do brincar ssa é fase em que a brincadeira aleanga maior importincia ¢ em que @ erianga deve desenvolver sua iniciativa, ampliar as relagdes interpessoais. € preparar-se para seus papéis sociais e parentais, 6 importante observar: sua capacidade de brincar de forma espontinea, utilizando a imaginasio, a fantasia ¢ 0 espaco, inclusive para se libertar dos limites impostos, sem perder a nogio de realidade; a ampliagio do uso da linguagem como forma de comunicagao; a capacidade de se relacionar com outras criangas ¢ com adultos significativos, procurando, inclusive, outros modelos de iden- tificacao, além dos pais; como lida com citime e rivalidade em virios niveis (com o genitor do mesmo sexo, com irmaos, com pares); se vai aprendendo a perceber as diferengas entre os sexos e as idadles; se comega a investigar e vislumbrar objetivos, a pensar em ser grande eidentificar-se com os adultos; como pée & prova seus poderes e qualidades; a capacidade de tomat ciativa ¢ tentar conseguir o que quer, de forma intrusiva ou sedutora; se hi inibigao da iniciativa, principalmente por sentimentos de culpa. Em relagio aos pais, € necessério observar o quanto sio capazes de ajudar a crianga a canalizar construtivamente suas enetgias, ou 0 quanto acentuam seu sentimento de culpa e impedem suas iniciativas; o quanto con- seguem tolerar elimitar os desafios diretos que a crianga faz a eles, ocupando seu lugar de pais e adultos e ajadando a crianga a se colocar em seu proprio ugar; se s80 capazes de impor frustracio, mas também de mostrar possi- bilidades, em especial de crescimento e de desenvolvimento, ajdando-a a construir as bases da ambigio adulta; se permitem que ela amplie a esfera de seus contatos, inclusive para buscar apoio entre iguais e novos modelos de identificagio. Quando 0 modo principal de funcionamento se relaciona a essa fase do desenvolvimento, significa que a crianga jé péde percorrer uma parte im- portante de seu caminho, eatingir uma organizagao psiquica mais elaborada e desenvolvida, o que, na maioria das vezes, se relaciona a uum prognéstico ais favorivel. A intervengio terapéutica, nessas condigées, pode ser uma IRANI TOMIATTO DE OLIVEIRA | importante opertunidade de ampliar a wi nea, da fanta: #0 da brincadeira esponti- da iniciativa e do espaco, de testar a divisio de papéis e de lugares ng relagio e de oferecer A crianca novo modelo de identificaca. Em eral, os conflitos ja esto m: psicoterspico focal Circunscritos ¢ organizados, ¢ o trabalho ard questdes especificas, Quarto estagio: a idade escolar Essa éa idade do inicio da escolarizaglo formal, da aquisigao de nogbes Disicas de trabalho e de testar as proprias competéncias. Deve-se observar se & crianga é capaz de ter a disciplina necesséria para se adaptar & aprendiza- ‘gem formal; se pode, aos poucos, desenvolver um sentido de produtividade ‘© autoestima; se &capaz de produit e realizar, dentro de suas possbilidades; se vai desenvolvendo capacidade de se relacionar com pessoas diferentes ¢ de participar de grupos mais amplos; se é capaz de perceber a relatividade das regras, dos papéis e dos comportamentos e de se adaptar a diferentes contextos; se busca cada vez mais independéncia, mas é capaz de perceber ‘em que aspectos ainda precisa ser dependente e aceita esse fato; se aceita que nfo pode estar em igualdade de condigdes com os adultos, mas procura um lugar valorizado entre seus pares e, portanto, se estabelece uma relagio mais realista com os pais e & capaz de cooperar e de competir com criangas de sua dade; se demonstra capacidade de assumir obrigacées, de planejar e de tra- balhar em geupo; se continua a ampliar seu circulo de relagdes ¢ a procurar novos modelos de identificacio; se € capaz de investi esforgo e energia na busca de metas realistas e socialmente aprovadas, e de aceitar as dificuldades ¢ limitagées; se hd sentimentos intensos de inferioridade, inércia que limita a producto, necessidade exagerada de competir ou comportamentos exces- ivamente dependentes ¢ regressivos; se nio gosta de estudar e aprender ou se supervaloriza o sucesso escolar e as obrigacées, em detrimento da espon- taneldade e da diversio, Em relagio aos pais, se sio capazes de ajudar a crianga a confiar em suas capacidades, mas permitem dependéncia quando ¢ nas éreas em que cla ainda é necesséria; se valorizam e incentivam a produtividade da crian- ga € exigem disciplina e compromisso com as obrigacées; se aceitam 0

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