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Aulas Bovinocultura de Leite

Kécia Martins Bastos 182550026


Prof Henrique Valentim Nunes Machado

Aula (29/09/2020) Gestão Da Atividade Leiteira


A gestão dos aspectos técnicos em uma propriedade leiteira tem por objetivo
monitorar a eficiência de uso dos fatores de produção, para que os mesmos tenham
melhor rendimento e maior vida útil. Um fator de produção isolado não é capaz de
realizar nenhuma tarefa por si só. Desta forma, para se realizar qualquer tipo de
atividade dentro de uma propriedade leiteira, invariavelmente mais de um fator de
produção é envolvido. Assim, quando se realiza uma análise de eficiência do uso de um
fator de produção, essa análise também considera a relação desse fator com outro (s)
fatores. A eficiência do uso de determinado concentrado, por exemplo, é inteiramente
dependente de sua relação com os fatores de produção animal, mão-de-obra, dentre
outros, assim como a eficiência de uso da mão-de-obra também é condicionada ao uso
do concentrado e de tantos outros. Os resultados do uso dos fatores de produção são
passíveis de serem registrados. O resultado deste processamento é a posse de
informações extremamente relevantes sobre a eficiência técnica da propriedade, que
refletem o status do uso dos fatores de produção. Em outras palavras, os registros
referenciados acima são realizados através da Escrituração Zootécnica, a qual tem por
finalidade coletar dados referentes aos fatores de produção e ao uso dos mesmos.
Escrituração Zootécnica: Escrituração Zootécnica é a denominação dada ao registro
das quantidades dos fatores de produção empregados em determinado processo
produtivo, assim como dos resultados do emprego destes fatores. Nem todos os
fatores de produção geram registros de relevância do ponto de vista zootécnico. Desta
forma, a Escrituração Zootécnica está relacionada basicamente aos fatores de
produção ligados diretamente aos produtos produzidos (fatores de produção diretos).
Além de quantificar os fatores e seus rendimentos a Escrituração Zootécnica tem por
objetivo alimentar o processo de confecção dos Índices Zootécnicos.
Índices Zootécnicos: Índices Zootécnicos são valores indicativos de eficiência produtiva
de uma Empresa Pecuária Leiteira. O cálculo destes índices possibilita transformar
dados contidos na Escrituração Zootécnica em informações relevantes para o processo
de identificação de falhas no sistema produtivo de uma propriedade. Os Índices
Zootécnicos são calculados a partir do cruzamento dos dados obtidos pela Escrituração
Zootécnica. Existem algumas exceções nas quais os dados da Escrituração Zootécnica,
por si só já representam Índices Zootécnicos.
Gestão Econômica Da Empresa Pecuária Leiteira: Quando imaginamos o sucesso
econômico de qualquer empreendimento uma palavra unanimemente vem à tona,
LUCRO. No entanto, para a obtenção do LUCRO torna-se preciso GASTAR e RECEBER.
Podemos entender que a palavra GASTAR se refere aos CUSTOS de aquisição dos
fatores de produção que irão dar origem aos produtos e que a palavra RECEBER se
refere à RENDA proporcionada pela venda destes produtos.
Aula (01/10/2020) Gestão Da Atividade Leiteira
Passos da gestão econômica da empresa pecuária de leite: A gestão econômica de
uma fazenda de gado leiteiro é complexa e exige atenção redobrada dos profissionais
dedicados a tal incumbência, visto à enorme quantidade de dados e informações que
devem ser manipulados para tal fim. Para facilitar e sistematizar a construção de um
ambiente de produção bem gerenciado sugere-se a divisão do processo em cinco
etapas, citadas a seguir.
1- Criação do inventário da propriedade (terra e forrageiras não anuais, animais,
benfeitorias e máquinas e equipamentos);
2- Contabilidade dos COE;
3- Contabilidade dos custos de depreciação e mão de obra familiar e cálculo do COT;
4- Contabilidade dos juros sobre o capital empatado e cálculo do CT;
5- Criação do Relatório de Eficiência Técnica e Econômica.
Como a análise econômica de uma propriedade leiteira deve ser realizada para um
período de um ano, todos esses passos devem ser sistematicamente conduzidos todos
os meses e resultado dessa análise deve ser construído com base na média dos 12
meses que antecedeu o mês atual. Assim se estamos no mês de setembro de 2012, o
resultado da análise deve representar o período de um ano, de setembro de 2011 a
agosto de 2012.
Assim, para identificar o status econômico de uma fazenda leiteira ao iniciar o
processo de gerenciamento econômico é necessário que na propriedade estejam
disponíveis dados suficientes de pelo menos doze meses anteriores. Caso contrário o
status econômico só será reconhecido quando se passarem doze meses de
acompanhamento, para obtenção de uma análise anual, a qual é mais representativa.
Criação do inventário da propriedade: O Inventário da Propriedade é o registro de
todos os bens caracterizados como bens de consumo gradativo acompanhado de seus
valores e do período de duração dos mesmos. No caso específico da Terra não há uma
estimativa de período de duração já que esse é indefinido, portanto, a caracterização
como bem de consumo gradativo não é totalmente válida por se tratar de um bem que
não se consegue determinar sua deterioração (consumo).
Os registros do Inventário da Propriedade são imprescindíveis para o controle do
capital investido na propriedade assim como para o cálculo dos custos de depreciação
e de juros sobre o capital empatado.
Este passo da gestão econômica é de extrema relevância por se tratar do início do
processo. Assim qualquer erro na coleta de dados e registros pode causar resultados
arbitrários em todos os processos seguintes gerando interpretações equivocadas sobre
a eficiência econômica do empreendimento. Assim, para evitar erros e facilitar a
organização dos dados relacionados aos bens de consumo gradativo, o Inventário da
Propriedade pode ser dividido em: Terra nua; forrageiras não anuais; Benfeitorias,
Máquinas e equipamentos; Animais.
Aula (08/10/2020) Cria De Fêmeas Leiteiras
Definido a idade ao primeiro parto e o plano de crescimento, o passo a seguir é
estabelecer o plano de alimentação. As exigências das fêmeas leiteiras variam: com o
peso na idade adulta, peso atual e taxa de ganho de peso, assim, é impossível só um
tipo de dieta.
No sistema confinado não existem muitas alternativas, o ganho de peso deve ser no
mínimo de 700g por dia de forma linear, para justiçar o capital investido. Nesses
sistemas, em virtude do alto nível nutricional, deve-se ter cuidado especial com a
relação proteína bruna/energia metabolizável, para obter altos ganhos de peso sem
aumentar a deposição de gordura corporal, relacionada a baixo desenvolvimento da
glândula mamária. Em revisão de 11 trabalhos Vande Haar (1998) avaliou a PB/Mcal
EM e encontrou correlação de 0,84 entre nível de PB/Mcal EM e parênquima da
glândula mamária, confirmando a importância dessa relação para uma boa
estruturação da glândula. Em sistemas confinados o grande desafio é a inclusão, no
programa de alimentação, de alimentos alternativos, já que os alimentos
convencionais apresentam custo mais elevado: substituição das silagens e fenos, das
rações comerciais, do milho e do farelo de soja.
Nesse sistema há maiores alternativas podendo variar a taxa de ganho de peso,
visando encontrar um melhor equilíbrio financeiro. No Brasil, a grande maioria dos
sistemas de produção tem como alicerce alimentar o pasto, devido ao seu baixo custo
em relação a volumosos ofertados no cocho e concentrado. Uma característica
inerente das pastagens brasileiras é a baixa produção por animal, em virtude da
moderada qualidade nutricional das mesmas, no entanto, a grande capacidade
produtiva de biomassa de nossas pastagens favorece de forma acentuada a
capacidade de produção por área.
Aumentar o desempenho de novilhas a pasto com o intuito de obter idade ao primeiro
parto por volta dos 24 meses é um grande desafio, que para ser pleiteado, o uso de
suplementação é indispensável. Existe uma lacuna no entendimento do manejo
alimentar de novilhas pesando de 80-120 kg até 180 kg, no qual, os princípios de
suplementação, para a pecuária de corte, não têm propiciado bons desempenhos.
A suplementação protéica propicia aumento do crescimento microbiano, e esse por
sua vez, favorece a degradação da fibra degradável, tendo como conseqüência, um
aumento da passagem da fibra indegradável e dessa forma, diminui o enchimento do
rúmen e aumenta o consumo de pasto. Esse fenômeno é denominado efeito
associativo, pois o consumo de suplemento, ao invés de promover diminuição do
consumo de forragem, por efeito de substituição, provoca incremento dessa ingestão.
Pastagem para promover baixas IPPs deve produzir grande quantidade de forragem de
bom valor nutritivo e elevada quantidade da mesma deve ser consumida pelos
animais. Para atender essas premissas, manejo equilibrando quantidade e qualidade
da biomassa do pasto deve ser o foco para administrar um sistema de pastejo.
Nesse sistema há maiores alternativas podendo variar a taxa de ganho de peso,
visando encontrar um melhor equilíbrio financeiro. Uma característica inerente das
pastagens brasileiras é a baixa produção por animal, em virtude da moderada
qualidade nutricional das mesmas, no entanto, a grande capacidade produtiva de
biomassa de nossas pastagens favorece de forma acentuada a capacidade de produção
por área.
Aumentar o desempenho de novilhas a pasto com o intuito de obter idade ao primeiro
parto por volta dos 24 meses é um grande desafio, que para ser pleiteado, o uso de
suplementação é indispensável. Existe uma lacuna no entendimento do manejo
alimentar de novilhas pesando de 80-120 kg até 180 kg, no qual, os princípios de
suplementação, para a pecuária de corte, não têm propiciado bons desempenhos. Esse
fenômeno é denominado efeito associativo, pois o consumo de suplemento, ao invés
de promover diminuição do consumo de forragem, por efeito de substituição, provoca
incremento dessa ingestão.
Pastagem para promover baixas IPPs deve produzir grande quantidade de forragem de
bom valor nutritivo e elevada quantidade da mesma deve ser consumida pelos
animais.
Agrupamento: O objetivo do agrupamento é homogeneizar os animais criados em um
mesmo pasto, piquete, baias, etc. O critério para divisão de lotes é pelo peso e/ou por
idade.
Escolha dos alimentos: Para proceder uma boa escolha dos alimentos utilizados na
dieta de novilhas, prioridade deve ser dada a composição, limitações de uso e
vantagens econômicas comparativas. Suplementação volumosa com cana-de-açucar
Custo de produção: Bezerras e novilhas representam 15 a 20% do custo de produção
da atividade leiteira e o custo com a alimentação é o mais representativo, variando de
69 a 72% do custo total desses animais.
Aula (15/10/2020) Recria De Fêmeas Leiteiras
Recria de fêmeas leiteiras é de suma importância para o sistema produtivo de leite,
pois viabiliza a sustentabilidade do mesmo. É da recria que sai os animais para compor
e/ou recompor o rebanho de vacas. No entanto, atenção deve ser dada ao custo de
produção de novilhas, pois o mesmo deve ser inferior ao valor de mercado desse tipo
de animal. O grande demérito na recria de fêmeas no Brasil é projetado pela idade ao
primeiro parto (IPP) alta, variando de 27 a 44 meses. Menor IPP propicia maior número
de novilhas para reposição e/ou venda, aumentar o rebanho de animais no leite e
liberação de área para animais em produção. A determinação da IPP é essencial para
definir o rumo da recria em uma propriedade, através do plano de crescimento
adequado para atingir o objetivo de IPP. Sendo assim, ganho de peso deve ser
estabelecido de acordo com as condições estruturais e financeiras da fazenda e para
dar suporte a esse ganho, atenção especial deve ser dada ao plano de alimentação.
Parece razoável em sistemas confinados obter IPP de 22 a 24 meses e em sistemas a
pasto de 30 a 36 meses.
Plano de crescimento: Crescimento pode ser entendido como o aumento coordenado
da massa muscular e osso, aliado ao desenvolvimento e maturação do sistema
reprodutivo em um tempo determinado e é função basicamente: Da ação hormonal
associada ao potencial genético do animal; Das condições ambientais, particularmente
dos fatores nutricionais, sanitários e suas interações. Para se realizar um adequado
plano de crescimento, além de determinar a idade ao primeiro parto do animal, deve-
se conhecer as fases pelas quais as novilhas passam ao longo de seu crescimento.
Puberdade é a idade na qual os animais adquirem a capacidade de reprodução.
Explorar o crescimento das fêmeas leiteiras antes da puberdade permite explorar a
máxima expressão racial. A idade a puberdade pode ser influenciada pelo aspecto
fisiológico ou cronológico dos animais, sendo o fisiológico mais relevante. Dessa
maneira, o nível de alimentação é a maior fonte de variação, pois é esse que
determina o ganho de peso e consequentemente o amadurecimento fisiológico dos
animais. Em suma, dependendo da raça as novilhas atingem a puberdade ao redor de
determinado peso.
Aula (22/10/2020) Cuidados Com As Bezerras Ao Nascimento
Adaptação para o controle da temperatura corporal: apesar dos ruminantes
possuírem a camada subcutânea de gordura marrom que possibilita conforto térmico
ao nascimento, deve-se atentar para dias chuvosos e/ou com ventos fortes,
responsáveis por sensações térmicas muito baixas. Nesses casos, os animais envolvidos
na parição devem ser conduzidos para abrigo limpo, seco e protegido.
Contato com a mãe: em sistemas de aleitamento artificial o bezerro é logo apartado
de sua mãe, no entanto dados experimentais de Rusev & Tomova (1981) detectaram
maiores desempenhos na fase de cria de animais que permaneceram maior tempo
com a mãe. Na prática, proporcionar pelo menos 12 horas de contato com a mãe após
o nascimento parece ser um manejo de bom senso.
Corte e cura do umbigo: deve ser feito o quanto antes, para evitar contaminações.
Dessa maneira, corta-se o cordão a mais ou menos dois dedos de sua inserção com o
abdômen e durante três a cinco dias o coto umbilical deve ser desinfetado com tintura
de iodo na concentração de 7 a 10%. Não deve ser usado o iodo repelente que banha
os tetos das vacas na sala de ordenha, pois esse possui uma concentração menor,
insuficiente para uma boa cicatrização.
Fornecimento do colostro: devido à importância desse assunto tópico exclusivo será
dedicado ao mesmo.
Pesagem e medições corporais: feitas ao nascimento e posteriormente a cada
intervalo de tempo determinado. São importantes por permitir controle do
desempenho e até mesmo comparar-lo com o padrão da raça, identificando animais
com possíveis retardos, alvos de investigação para a solução do caso.
Identificação: Deve ser feita logo que possível. Necessária para o acompanhamento
individual do desempenho de crescimento e futuramente de produção de leite dos
animais.
O colostro deve ser entendido como o mais relevante aspecto sobre o animal recém-
nascido. Sua importância é sustentada na ausência de imunidade conferida ao bezerro
logo após o nascimento, pois a estrutura placentária dos bovinos não permite a
passagem de macromoléculas (anticorpos) da circulação da mãe para o feto. Toda
imunidade responsável por proteger os neonatos nas primeiras semanas de vida é
conferida pelo colostro, rico em imunoglobulinas, absorvidas pelo intestino.
Particularidade determinante deve ser conhecida para proceder de forma correta o
ato de fornecer colostro. Duplo aspecto se instala sobre tempo em relação ao
nascimento, para o fornecimento de colostro. A quantidade de imunoglobulinas no
colostro diminui consideravelmente 12 horas após o parto e por outro lado o intestino
dos animais torna-se impermeável as imunoglobulinas após 24 horas de vida (ALVES e
FONTES, 2008).
A respeito da qualidade do mesmo, pode-se dizer: vacas mais velhas possuem colostro
de melhor qualidade, raça Jersey em relação à holandesa apresenta leite com maior
concentração de imunoglobulinas, volume de colostro produzido também afeta a
qualidade por efeito de diluição, assim como, período seco muito curto e ordenha
antes do parto, que diminuem o valor do colostro como agente imunizador.
O colostro é responsável pela imunidade denominada de passiva, e essa confere
proteção ao bezerro até mais ou menos a segunda semana de vida, e a partir de então
o sistema imune do próprio animal (imunidade ativa) tem a responsabilidade de
produzir anti-corpos. A imunidade passiva decresce até a segunda semana e a ativa
cresce a partir da segunda semana, gerando um intervalo de tempo, no qual o desafio
gerado pelo ambiente se torna muito grande.
Aula (29/10/2020) Recria De Bezerras Leiteiras
A alimentação de bezerras leiteiras é determinada pelo ganho de peso pré-
estabelecido que atenda a adequação ao sistema de produção presente. De forma a
proporcionar melhores rendimentos a todo o sistema produtivo de uma propriedade,
define-se a taxa de ganho de peso, e essa é uma decisão econômica relacionada ao
custo da alimentação, produto final desejado (condição do animal desmamado que
refletirá na produção da futura vaca) e taxa de retorno do capital investido.
Água: Nos primeiros dias de vida bezerros obtém água suficiente do colostro e a partir
do quarto dia, água fresca e limpa deve estar sempre à disposição. Fornecimento de
água torna-se mais importante à medida que o consumo de alimentos sólidos
aumenta. No entanto, em sistemas de aleitamento artificial, água só deverá ser
disponibilizada 30 minutos após o fornecimento de leite, para não haver consumo
exagerado da mesma.
Dieta líquida: O leite pode ser fornecido de forma liberal ou restrita e com o tempo
animais que ingeriram menos leite alcançam patamares de desenvolvimento das
bezerras alimentadas de forma liberal. A quantidade de leite ofertada é dependente da
genética, sendo assim, animais mestiços devem ser contemplados com 3 a 4 litros de
leite por dia e animais puros 5 a 6 litros. O fornecimento de leite pode ser realizado
apenas uma vez ao dia, após a segunda semana de idade, sem prejudicar o
desenvolvimento dos animais. De substancial importância é o rigor no horário de
fornecimento e temperatura do ofertado.
Substitutos do leite: Colostro excedente – pode ser usado sem prejuízos nos ganhos
de peso e saúde das bezerras. Antes de ser usado deve ser diluído nas proporções:
colostro mais denso: 2 partes de colostro + 1 de água; colostro mais fluido: 1 parte de
colostro + 1 de leite. O uso desse alimento possibilita redução de custos com o mesmo
desempenho, pois o leite que seria ofertado aos jovens animais soma-se ao montante
vendido.
Leite mastítico – assunto sobre a utilização do leite mastítico para alimentar as
bezerras ainda é polêmico, devido à possível transferência de patôgenos aos animais.
Não há observação de perdas no desempenho quando se usa esse tipo de leite, no
entanto, devem-se ter alguns critérios. Não fornecer a bezerras na fase de colostro,
não usar em animais criados coletivamente e não fornecer leite mastítico contendo
pus e/ou sangue.
Sucedâneos do leite – são produtos industriais, em pó, no qual os constituintes lácteos
são substituídos, total ou parcialmente, por outros de origem vegetal ou animal. Se o
produto for de qualidade e o manuseio do mesmo atender as especificações do
fabricante, ganhos de peso das bezerras serão satisfatórios, assim como em
aleitamento com leite.
Dieta sólida: Bezerros ao nascer estão aptos para consumir somente alimentos
líquidos, e com o passar do tempo vão adquirindo capacidade para digerir alimentos
sólidos, à medida que o rúmen e o aparato enzimático que atua em todo trato
digestivo, capaz de atuar nos nutrientes desses alimentos, se desenvolvam.
Concentrado – Devido ao ainda não completo desenvolvimento do sistema digestivo
para digerir alimentos na forma sólida, o concentrado para bezerras leiteiras deve
possuir uma série de atributos para ser o mais aproveitado pelos animais. Dentre eles
podemos citar, de acordo com Campos e Lizieire, 2005: textura grosseira: evita
inalação da poeira da ração e acúmulo na parte superior da boca; ingredientes nobres:
devem ser usados ingredientes de qualidade que possuam nutrientes de alta
digestibilidade, sempre atentando para os níveis máximos de uso de cada ingrediente;
O concentrado pode ser oferecido a partir da segunda semana de vida e para estimular
o seu consumo, colocá-lo em pequenas quantidades junto ao leite que fica no fundo
do balde após o aleitamento, é uma alternativa interessante. O fornecimento de leite
apenas uma vez ao dia (após a segunda semana) também aumenta consumo de ração.
O concentrado deve estar sempre disponível a partir da segunda semana de idade, em
quantidades liberais até 2 kg por dia.
Volumoso: responsável pelo desenvolvimento físico do rúmen em tamanho e
musculatura. Quando fornecido, o volumoso deve ser de alta qualidade e valor
nutricional. A idade para início do fornecimento de volumoso ainda é um assunto
controverso, no entanto, dados experimentais de Coelho (1999) e Machado (2008)
sugerem o fornecimento do mesmo a partir dos 60 dias de vida, propiciando
desempenho futuro igual aos animais que receberam volumoso mais cedo. Esse
manejo permite diminuir o custo com a alimentação e mão-de-obra.
Aleitamento artificial: As bezerras são apartadas das vacas após o parto e dieta líquida
é oferecida em balde ou mamadeira. Para que esse tipo de aleitamento seja realizado
é necessário que a vaca “desça o leite” sem a presença do bezerro e também que os
funcionários tenham ótimas noções de higiene. O aleitamento artificial permite
racionalizar o manejo, maior higiene na ordenha e controle da qualidade do leite
vendido e ofertado aos animais. Para justificar esse manejo, vacas devem produzir no
mínimo oito litros de leite por dia.
Aleitamento natural: Bezerras recebem o leite direto da vaca e prevalece para
sistemas de baixa produção (vacas produzindo até 8 litros de leite por dia). Esse
sistema de aleitamento pode ser dividido em dois: tradicional: no qual a bezerra
permanece com a vaca em período integral; Total = 180kg.
O desmame deve ser realizado de forma abrupta e critério para ser feito é o consumo
de concentrado, que deve atingir 700-800g por dia (Campos e Lizieire, 2005). Esse
consumo é atingido por volta da quarta semana de vida, porém o corte do leite não
deve ser feito antes das 6-8 semanas. Para minimizar o estresse do convívio coletivo e
promover adaptação à dieta futura, os animais permanecem por mais 30 dias em baias
individuais.
Aula (05/11/2020) Manejo Alimentar De Vacas De Alta Produção De Leite
No pós-parto, inicialmente, a vaca de alta produção passa pelo seu maior desafio, que
é manter altos níveis de produção de leite com a incapacidade de consumir matéria
seca suficiente (Figura 2). Esse desafio é mais exacerbado nas primeiras três semanas
de lactação, que compreende o período de transição do pós-parto. Após essa fase a
vaca continua com déficit de nutrientes, no entanto atinge o pico de produção, por
volta da décima semana. Subsequentemente ao pico de produção o animal atinge o
pico de consumo de matéria seca e passa a desfrutar de um período mais confortável
em relação ao suprimento de nutrientes exigidos pelos mesmos.
Para que o manejo de alimentação seja eficiente é preciso definir primeiramente, que
tipo de alimento será fornecido, com decisão baseada na facilidade de aquisição, preço
e qualidade do produto. Nesses aspectos, alimentos alternativos aos tradicionais
podem apresentar vantagens, no entanto, é fundamental conhecer a composição
desses alimentos para que não haja prejuízo ao metabolismo dos animais.
Aula (12/11/2020) Manejo Alimentar De Vacas De Alta Produção De Leite
A qualidade do alimento a ser fornecido é de vital importância, e depende do objetivo
que se pretende alcançar aliado ao fator custo-benefício, que levará à tomada de
decisão de qual alimento deverá ser fornecido, de baixa, média ou alta qualidade
nutricional. Essa decisão é dependente da exigência nutricional da vaca, a qual, por sua
vez está atrelada ao potencial produtivo do animal, à condição corporal e à fase do
ciclo produtivo que o mesmo se encontra.
Por último, uma ação que faz parte da estratégia de alimentação é o agrupamento de
animais, o qual tem por objetivo, direcionar os alimentos, tanto no aspecto
quantitativo quanto qualitativo para grupos de animais com exigências nutricionais
semelhantes. Dessa forma, evita-se o consumo além das exigências, para animais com
menores demandas nutricionais e consumo abaixo das exigências, para animais com
maiores demandas nutricionais. O objetivo do agrupamento é promover maior
homogeneidade entre os animais de um mesmo grupo e maiores diferenças entre
grupos distintos.
Existem vários critérios de agrupamento, dentre eles destacam-se o período de
lactação, produção de leite no dia do controle, produção de leite no dia do controle
corrigida para 4% de gordura, mérito leiteiro (ML), condição corporal e nutrientes
requeridos por Kg de matéria seca ingerida.
Exercício Plano de Crescimento
Uma bezerra leiteira nasceu com 35kg. Aos 3 meses de idade essa fêmea possuía 90 Kg
de peso vivo. A concepção ocorreu aos 15 meses de idade com o peso 10 vezes maior
ao peso de nascimento (peso mínimo para concepção). Considerando um peso ideal ao
parto, qual o peso desse animal ao parto? Qual o ganho médio diário, até o parto, em
cada fase de crescimento? Obs: considerar peso mínimo para concepção de 60% do
peso adulto.
PI = 35 kg;
PA = 350 kg
PP = 350 * 0.6 = 210 kg
PG = 210 – 35 = 175 kg
IPP = 15 meses;
GMD = 175 / (15 * 30,42) = 0,383 kg/dia
Aula (19/11/2020) Manejo Alimentar De Vacas De Alta Produção De Leite
O período não lactante, que antecede a lactação, é denominado período seco, e o
adequado manejo alimentar de vacas secas é importante para maximizar produção de
leite na lactação subsequente, diminuir ocorrência de desordens metabólicas, manter
condição corporal, crescimento do feto, aperfeiçoar aspectos reprodutivos na próxima
lactação e também para dar melhores condições à vaca no momento do parto. Essas
últimas 3 semanas também é conhecida com período de transição.
No primeiro período, vacas de alta produção de leite, possuem menores exigências
nutricionais. Vacas com elevado ECC devem receber dieta mais moderadas para
diminuir esse valor e vacas com baixo ECC devem consumir nutrientes compatíveis
com a elevação das reservas corporais, podendo fazer uso de alimento concentrado.
A segunda fase do período seco é caracterizada por diminuição no consumo de
matéria seca, provocada pelo aumento do tamanho do feto fazendo pressão nos
órgãos digestivos e mudanças hormonais. Isso contribui para incidência de desordens
metabólicas e de quadro de balanço energético negativo, no qual, os animais não são
capazes de consumir energia compatível com suas exigências, mobilizando reservas
corporais.
O pico ocorre ao redor da décima semana e após essa fase a tendência de vacas de alta
produção é de declínio na produção de 7 a 10% ao mês, até a secagem do animal.
No início da lactação, vacas de alta produção direcionam seus mecanismos fisiológicos,
primordialmente para produção de leite, em detrimento a outras atividades
metabólicas tais como: mantença, crescimento e atividade reprodutiva. Isso constitui
em um formidável desafio e a ferramenta mais eficiente para lidar com esse desafio é
o manejo alimentar adequado.
Nas primeiras semanas de lactação, principalmente nas três primeiras, a vaca de alta
produção apresenta alta exigência nutricional, devido à elevada produção de leite e
um insuficiente aporte de nutrientes alimentares, devido à diminuição do consumo de
matéria seca, oriunda do período pré-parto. Vacas de alta produção podem perder até
10% de seu peso no início da lactação, diminuindo assim o ECC.
Essa situação pode provocar desordens metabólicas como cetose e síndrome do fígado
gorduroso, pois as mobilizações de reservas corporais aumentam os níveis de ácidos
graxos livres (AGNE) no plasma sanguíneo, os quais são metabolizados no fígado para
gerar metabólitos energéticos (glicose e corpos cetônicos).
Aula (26/11/2020) Manejo Alimentar De Vacas De Alta Produção De Leite
Com isso, a estratégia de alimentação para vacas de alta produção no início da
lactação deve focar em fornecer o máximo de aporte energético possível, sem
provocar desordens metabólicas oriundas da dieta, como acidose ruminal. Esse evento
pode ser contornado com a manutenção, na dieta, do mínimo de FND efetiva, a qual é
responsável por manter o pH ruminal equilibrado, principalmente através do processo
de ruminação, dando condições para os microrganismos celulolíticos digerirem fibra
eficientemente.
Uma maneira de lidar com altas quantidades de carboidratos de rápida fermentação
no rúmen, oriundos de alimentos concentrados, é aumentar a frequencia de
fornecimento, a qual já foi comentada anteriormente.
Outra forma de aumentar a concentração energética da dieta é através da adição de
lipídeos à mesma, os quais possuem alta densidade energética. Esse ingrediente é
bastante interessante, principalmente quando o consumo de MS ainda se apresenta
muito baixo (início da lactação), por aumentar a densidade energética da dieta com o
mesmo consumo de MS.
Além do próprio óleo de soja, caroço de algodão e grão de soja moído apresentam
altos potenciais para suplementação lipídica. No entanto, é importante está atento
para não exceder 7% de extrato etéreo (EE) na dieta, pois do contrário, o lipídeo pode
prejudicar a digestão de fibra e também exercer efeito tóxico aos microrganismos
ruminais.
Misturas de concentrado e volumosos geralmente possuem de 3 a 3,5% de EE. Como
em início de lactação a dieta apresenta alta proporção de concentrado e
consequentemente altas quantidades de carboidratos rapidamente fermentados, as
fontes protéicas também devem ser de rápida degradação.
A demanda por PNDR é justamente para não exceder a capacidade dos
microrganismos em utilizar os produtos da degradação protéica no rúmen. Excesso de
PDR provoca acúmulo de amônia no ambiente ruminal e conseqüente elevação dos
níveis de uréia no plasma sanguíneo, gerando um quadro de intoxicação. Dessa forma,
o fornecimento de uréia para vacas de alta produção, no início da lactação, não é
indicado, pois pode exacerbar o acúmulo de amônia no rúmen. À medida que a vaca
progride no tempo de lactação, no consumo de matéria seca e no ECC, a densidade
energética da dieta pode gradualmente diminuir.

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