A gestão dos aspectos técnicos em uma propriedade leiteira tem por objetivo monitorar a eficiência de uso dos fatores de produção, para que os mesmos tenham melhor rendimento e maior vida útil. Um fator de produção isolado não é capaz de realizar nenhuma tarefa por si só. Desta forma, para se realizar qualquer tipo de atividade dentro de uma propriedade leiteira, invariavelmente mais de um fator de produção é envolvido. Assim, quando se realiza uma análise de eficiência do uso de um fator de produção, essa análise também considera a relação desse fator com outro (s) fatores. A eficiência do uso de determinado concentrado, por exemplo, é inteiramente dependente de sua relação com os fatores de produção animal, mão-de-obra, dentre outros, assim como a eficiência de uso da mão-de-obra também é condicionada ao uso do concentrado e de tantos outros. Os resultados do uso dos fatores de produção são passíveis de serem registrados. O resultado deste processamento é a posse de informações extremamente relevantes sobre a eficiência técnica da propriedade, que refletem o status do uso dos fatores de produção. Em outras palavras, os registros referenciados acima são realizados através da Escrituração Zootécnica, a qual tem por finalidade coletar dados referentes aos fatores de produção e ao uso dos mesmos. Escrituração Zootécnica: Escrituração Zootécnica é a denominação dada ao registro das quantidades dos fatores de produção empregados em determinado processo produtivo, assim como dos resultados do emprego destes fatores. Nem todos os fatores de produção geram registros de relevância do ponto de vista zootécnico. Desta forma, a Escrituração Zootécnica está relacionada basicamente aos fatores de produção ligados diretamente aos produtos produzidos (fatores de produção diretos). Além de quantificar os fatores e seus rendimentos a Escrituração Zootécnica tem por objetivo alimentar o processo de confecção dos Índices Zootécnicos. Índices Zootécnicos: Índices Zootécnicos são valores indicativos de eficiência produtiva de uma Empresa Pecuária Leiteira. O cálculo destes índices possibilita transformar dados contidos na Escrituração Zootécnica em informações relevantes para o processo de identificação de falhas no sistema produtivo de uma propriedade. Os Índices Zootécnicos são calculados a partir do cruzamento dos dados obtidos pela Escrituração Zootécnica. Existem algumas exceções nas quais os dados da Escrituração Zootécnica, por si só já representam Índices Zootécnicos. Gestão Econômica Da Empresa Pecuária Leiteira: Quando imaginamos o sucesso econômico de qualquer empreendimento uma palavra unanimemente vem à tona, LUCRO. No entanto, para a obtenção do LUCRO torna-se preciso GASTAR e RECEBER. Podemos entender que a palavra GASTAR se refere aos CUSTOS de aquisição dos fatores de produção que irão dar origem aos produtos e que a palavra RECEBER se refere à RENDA proporcionada pela venda destes produtos. Aula (01/10/2020) Gestão Da Atividade Leiteira Passos da gestão econômica da empresa pecuária de leite: A gestão econômica de uma fazenda de gado leiteiro é complexa e exige atenção redobrada dos profissionais dedicados a tal incumbência, visto à enorme quantidade de dados e informações que devem ser manipulados para tal fim. Para facilitar e sistematizar a construção de um ambiente de produção bem gerenciado sugere-se a divisão do processo em cinco etapas, citadas a seguir. 1- Criação do inventário da propriedade (terra e forrageiras não anuais, animais, benfeitorias e máquinas e equipamentos); 2- Contabilidade dos COE; 3- Contabilidade dos custos de depreciação e mão de obra familiar e cálculo do COT; 4- Contabilidade dos juros sobre o capital empatado e cálculo do CT; 5- Criação do Relatório de Eficiência Técnica e Econômica. Como a análise econômica de uma propriedade leiteira deve ser realizada para um período de um ano, todos esses passos devem ser sistematicamente conduzidos todos os meses e resultado dessa análise deve ser construído com base na média dos 12 meses que antecedeu o mês atual. Assim se estamos no mês de setembro de 2012, o resultado da análise deve representar o período de um ano, de setembro de 2011 a agosto de 2012. Assim, para identificar o status econômico de uma fazenda leiteira ao iniciar o processo de gerenciamento econômico é necessário que na propriedade estejam disponíveis dados suficientes de pelo menos doze meses anteriores. Caso contrário o status econômico só será reconhecido quando se passarem doze meses de acompanhamento, para obtenção de uma análise anual, a qual é mais representativa. Criação do inventário da propriedade: O Inventário da Propriedade é o registro de todos os bens caracterizados como bens de consumo gradativo acompanhado de seus valores e do período de duração dos mesmos. No caso específico da Terra não há uma estimativa de período de duração já que esse é indefinido, portanto, a caracterização como bem de consumo gradativo não é totalmente válida por se tratar de um bem que não se consegue determinar sua deterioração (consumo). Os registros do Inventário da Propriedade são imprescindíveis para o controle do capital investido na propriedade assim como para o cálculo dos custos de depreciação e de juros sobre o capital empatado. Este passo da gestão econômica é de extrema relevância por se tratar do início do processo. Assim qualquer erro na coleta de dados e registros pode causar resultados arbitrários em todos os processos seguintes gerando interpretações equivocadas sobre a eficiência econômica do empreendimento. Assim, para evitar erros e facilitar a organização dos dados relacionados aos bens de consumo gradativo, o Inventário da Propriedade pode ser dividido em: Terra nua; forrageiras não anuais; Benfeitorias, Máquinas e equipamentos; Animais. Aula (08/10/2020) Cria De Fêmeas Leiteiras Definido a idade ao primeiro parto e o plano de crescimento, o passo a seguir é estabelecer o plano de alimentação. As exigências das fêmeas leiteiras variam: com o peso na idade adulta, peso atual e taxa de ganho de peso, assim, é impossível só um tipo de dieta. No sistema confinado não existem muitas alternativas, o ganho de peso deve ser no mínimo de 700g por dia de forma linear, para justiçar o capital investido. Nesses sistemas, em virtude do alto nível nutricional, deve-se ter cuidado especial com a relação proteína bruna/energia metabolizável, para obter altos ganhos de peso sem aumentar a deposição de gordura corporal, relacionada a baixo desenvolvimento da glândula mamária. Em revisão de 11 trabalhos Vande Haar (1998) avaliou a PB/Mcal EM e encontrou correlação de 0,84 entre nível de PB/Mcal EM e parênquima da glândula mamária, confirmando a importância dessa relação para uma boa estruturação da glândula. Em sistemas confinados o grande desafio é a inclusão, no programa de alimentação, de alimentos alternativos, já que os alimentos convencionais apresentam custo mais elevado: substituição das silagens e fenos, das rações comerciais, do milho e do farelo de soja. Nesse sistema há maiores alternativas podendo variar a taxa de ganho de peso, visando encontrar um melhor equilíbrio financeiro. No Brasil, a grande maioria dos sistemas de produção tem como alicerce alimentar o pasto, devido ao seu baixo custo em relação a volumosos ofertados no cocho e concentrado. Uma característica inerente das pastagens brasileiras é a baixa produção por animal, em virtude da moderada qualidade nutricional das mesmas, no entanto, a grande capacidade produtiva de biomassa de nossas pastagens favorece de forma acentuada a capacidade de produção por área. Aumentar o desempenho de novilhas a pasto com o intuito de obter idade ao primeiro parto por volta dos 24 meses é um grande desafio, que para ser pleiteado, o uso de suplementação é indispensável. Existe uma lacuna no entendimento do manejo alimentar de novilhas pesando de 80-120 kg até 180 kg, no qual, os princípios de suplementação, para a pecuária de corte, não têm propiciado bons desempenhos. A suplementação protéica propicia aumento do crescimento microbiano, e esse por sua vez, favorece a degradação da fibra degradável, tendo como conseqüência, um aumento da passagem da fibra indegradável e dessa forma, diminui o enchimento do rúmen e aumenta o consumo de pasto. Esse fenômeno é denominado efeito associativo, pois o consumo de suplemento, ao invés de promover diminuição do consumo de forragem, por efeito de substituição, provoca incremento dessa ingestão. Pastagem para promover baixas IPPs deve produzir grande quantidade de forragem de bom valor nutritivo e elevada quantidade da mesma deve ser consumida pelos animais. Para atender essas premissas, manejo equilibrando quantidade e qualidade da biomassa do pasto deve ser o foco para administrar um sistema de pastejo. Nesse sistema há maiores alternativas podendo variar a taxa de ganho de peso, visando encontrar um melhor equilíbrio financeiro. Uma característica inerente das pastagens brasileiras é a baixa produção por animal, em virtude da moderada qualidade nutricional das mesmas, no entanto, a grande capacidade produtiva de biomassa de nossas pastagens favorece de forma acentuada a capacidade de produção por área. Aumentar o desempenho de novilhas a pasto com o intuito de obter idade ao primeiro parto por volta dos 24 meses é um grande desafio, que para ser pleiteado, o uso de suplementação é indispensável. Existe uma lacuna no entendimento do manejo alimentar de novilhas pesando de 80-120 kg até 180 kg, no qual, os princípios de suplementação, para a pecuária de corte, não têm propiciado bons desempenhos. Esse fenômeno é denominado efeito associativo, pois o consumo de suplemento, ao invés de promover diminuição do consumo de forragem, por efeito de substituição, provoca incremento dessa ingestão. Pastagem para promover baixas IPPs deve produzir grande quantidade de forragem de bom valor nutritivo e elevada quantidade da mesma deve ser consumida pelos animais. Agrupamento: O objetivo do agrupamento é homogeneizar os animais criados em um mesmo pasto, piquete, baias, etc. O critério para divisão de lotes é pelo peso e/ou por idade. Escolha dos alimentos: Para proceder uma boa escolha dos alimentos utilizados na dieta de novilhas, prioridade deve ser dada a composição, limitações de uso e vantagens econômicas comparativas. Suplementação volumosa com cana-de-açucar Custo de produção: Bezerras e novilhas representam 15 a 20% do custo de produção da atividade leiteira e o custo com a alimentação é o mais representativo, variando de 69 a 72% do custo total desses animais. Aula (15/10/2020) Recria De Fêmeas Leiteiras Recria de fêmeas leiteiras é de suma importância para o sistema produtivo de leite, pois viabiliza a sustentabilidade do mesmo. É da recria que sai os animais para compor e/ou recompor o rebanho de vacas. No entanto, atenção deve ser dada ao custo de produção de novilhas, pois o mesmo deve ser inferior ao valor de mercado desse tipo de animal. O grande demérito na recria de fêmeas no Brasil é projetado pela idade ao primeiro parto (IPP) alta, variando de 27 a 44 meses. Menor IPP propicia maior número de novilhas para reposição e/ou venda, aumentar o rebanho de animais no leite e liberação de área para animais em produção. A determinação da IPP é essencial para definir o rumo da recria em uma propriedade, através do plano de crescimento adequado para atingir o objetivo de IPP. Sendo assim, ganho de peso deve ser estabelecido de acordo com as condições estruturais e financeiras da fazenda e para dar suporte a esse ganho, atenção especial deve ser dada ao plano de alimentação. Parece razoável em sistemas confinados obter IPP de 22 a 24 meses e em sistemas a pasto de 30 a 36 meses. Plano de crescimento: Crescimento pode ser entendido como o aumento coordenado da massa muscular e osso, aliado ao desenvolvimento e maturação do sistema reprodutivo em um tempo determinado e é função basicamente: Da ação hormonal associada ao potencial genético do animal; Das condições ambientais, particularmente dos fatores nutricionais, sanitários e suas interações. Para se realizar um adequado plano de crescimento, além de determinar a idade ao primeiro parto do animal, deve- se conhecer as fases pelas quais as novilhas passam ao longo de seu crescimento. Puberdade é a idade na qual os animais adquirem a capacidade de reprodução. Explorar o crescimento das fêmeas leiteiras antes da puberdade permite explorar a máxima expressão racial. A idade a puberdade pode ser influenciada pelo aspecto fisiológico ou cronológico dos animais, sendo o fisiológico mais relevante. Dessa maneira, o nível de alimentação é a maior fonte de variação, pois é esse que determina o ganho de peso e consequentemente o amadurecimento fisiológico dos animais. Em suma, dependendo da raça as novilhas atingem a puberdade ao redor de determinado peso. Aula (22/10/2020) Cuidados Com As Bezerras Ao Nascimento Adaptação para o controle da temperatura corporal: apesar dos ruminantes possuírem a camada subcutânea de gordura marrom que possibilita conforto térmico ao nascimento, deve-se atentar para dias chuvosos e/ou com ventos fortes, responsáveis por sensações térmicas muito baixas. Nesses casos, os animais envolvidos na parição devem ser conduzidos para abrigo limpo, seco e protegido. Contato com a mãe: em sistemas de aleitamento artificial o bezerro é logo apartado de sua mãe, no entanto dados experimentais de Rusev & Tomova (1981) detectaram maiores desempenhos na fase de cria de animais que permaneceram maior tempo com a mãe. Na prática, proporcionar pelo menos 12 horas de contato com a mãe após o nascimento parece ser um manejo de bom senso. Corte e cura do umbigo: deve ser feito o quanto antes, para evitar contaminações. Dessa maneira, corta-se o cordão a mais ou menos dois dedos de sua inserção com o abdômen e durante três a cinco dias o coto umbilical deve ser desinfetado com tintura de iodo na concentração de 7 a 10%. Não deve ser usado o iodo repelente que banha os tetos das vacas na sala de ordenha, pois esse possui uma concentração menor, insuficiente para uma boa cicatrização. Fornecimento do colostro: devido à importância desse assunto tópico exclusivo será dedicado ao mesmo. Pesagem e medições corporais: feitas ao nascimento e posteriormente a cada intervalo de tempo determinado. São importantes por permitir controle do desempenho e até mesmo comparar-lo com o padrão da raça, identificando animais com possíveis retardos, alvos de investigação para a solução do caso. Identificação: Deve ser feita logo que possível. Necessária para o acompanhamento individual do desempenho de crescimento e futuramente de produção de leite dos animais. O colostro deve ser entendido como o mais relevante aspecto sobre o animal recém- nascido. Sua importância é sustentada na ausência de imunidade conferida ao bezerro logo após o nascimento, pois a estrutura placentária dos bovinos não permite a passagem de macromoléculas (anticorpos) da circulação da mãe para o feto. Toda imunidade responsável por proteger os neonatos nas primeiras semanas de vida é conferida pelo colostro, rico em imunoglobulinas, absorvidas pelo intestino. Particularidade determinante deve ser conhecida para proceder de forma correta o ato de fornecer colostro. Duplo aspecto se instala sobre tempo em relação ao nascimento, para o fornecimento de colostro. A quantidade de imunoglobulinas no colostro diminui consideravelmente 12 horas após o parto e por outro lado o intestino dos animais torna-se impermeável as imunoglobulinas após 24 horas de vida (ALVES e FONTES, 2008). A respeito da qualidade do mesmo, pode-se dizer: vacas mais velhas possuem colostro de melhor qualidade, raça Jersey em relação à holandesa apresenta leite com maior concentração de imunoglobulinas, volume de colostro produzido também afeta a qualidade por efeito de diluição, assim como, período seco muito curto e ordenha antes do parto, que diminuem o valor do colostro como agente imunizador. O colostro é responsável pela imunidade denominada de passiva, e essa confere proteção ao bezerro até mais ou menos a segunda semana de vida, e a partir de então o sistema imune do próprio animal (imunidade ativa) tem a responsabilidade de produzir anti-corpos. A imunidade passiva decresce até a segunda semana e a ativa cresce a partir da segunda semana, gerando um intervalo de tempo, no qual o desafio gerado pelo ambiente se torna muito grande. Aula (29/10/2020) Recria De Bezerras Leiteiras A alimentação de bezerras leiteiras é determinada pelo ganho de peso pré- estabelecido que atenda a adequação ao sistema de produção presente. De forma a proporcionar melhores rendimentos a todo o sistema produtivo de uma propriedade, define-se a taxa de ganho de peso, e essa é uma decisão econômica relacionada ao custo da alimentação, produto final desejado (condição do animal desmamado que refletirá na produção da futura vaca) e taxa de retorno do capital investido. Água: Nos primeiros dias de vida bezerros obtém água suficiente do colostro e a partir do quarto dia, água fresca e limpa deve estar sempre à disposição. Fornecimento de água torna-se mais importante à medida que o consumo de alimentos sólidos aumenta. No entanto, em sistemas de aleitamento artificial, água só deverá ser disponibilizada 30 minutos após o fornecimento de leite, para não haver consumo exagerado da mesma. Dieta líquida: O leite pode ser fornecido de forma liberal ou restrita e com o tempo animais que ingeriram menos leite alcançam patamares de desenvolvimento das bezerras alimentadas de forma liberal. A quantidade de leite ofertada é dependente da genética, sendo assim, animais mestiços devem ser contemplados com 3 a 4 litros de leite por dia e animais puros 5 a 6 litros. O fornecimento de leite pode ser realizado apenas uma vez ao dia, após a segunda semana de idade, sem prejudicar o desenvolvimento dos animais. De substancial importância é o rigor no horário de fornecimento e temperatura do ofertado. Substitutos do leite: Colostro excedente – pode ser usado sem prejuízos nos ganhos de peso e saúde das bezerras. Antes de ser usado deve ser diluído nas proporções: colostro mais denso: 2 partes de colostro + 1 de água; colostro mais fluido: 1 parte de colostro + 1 de leite. O uso desse alimento possibilita redução de custos com o mesmo desempenho, pois o leite que seria ofertado aos jovens animais soma-se ao montante vendido. Leite mastítico – assunto sobre a utilização do leite mastítico para alimentar as bezerras ainda é polêmico, devido à possível transferência de patôgenos aos animais. Não há observação de perdas no desempenho quando se usa esse tipo de leite, no entanto, devem-se ter alguns critérios. Não fornecer a bezerras na fase de colostro, não usar em animais criados coletivamente e não fornecer leite mastítico contendo pus e/ou sangue. Sucedâneos do leite – são produtos industriais, em pó, no qual os constituintes lácteos são substituídos, total ou parcialmente, por outros de origem vegetal ou animal. Se o produto for de qualidade e o manuseio do mesmo atender as especificações do fabricante, ganhos de peso das bezerras serão satisfatórios, assim como em aleitamento com leite. Dieta sólida: Bezerros ao nascer estão aptos para consumir somente alimentos líquidos, e com o passar do tempo vão adquirindo capacidade para digerir alimentos sólidos, à medida que o rúmen e o aparato enzimático que atua em todo trato digestivo, capaz de atuar nos nutrientes desses alimentos, se desenvolvam. Concentrado – Devido ao ainda não completo desenvolvimento do sistema digestivo para digerir alimentos na forma sólida, o concentrado para bezerras leiteiras deve possuir uma série de atributos para ser o mais aproveitado pelos animais. Dentre eles podemos citar, de acordo com Campos e Lizieire, 2005: textura grosseira: evita inalação da poeira da ração e acúmulo na parte superior da boca; ingredientes nobres: devem ser usados ingredientes de qualidade que possuam nutrientes de alta digestibilidade, sempre atentando para os níveis máximos de uso de cada ingrediente; O concentrado pode ser oferecido a partir da segunda semana de vida e para estimular o seu consumo, colocá-lo em pequenas quantidades junto ao leite que fica no fundo do balde após o aleitamento, é uma alternativa interessante. O fornecimento de leite apenas uma vez ao dia (após a segunda semana) também aumenta consumo de ração. O concentrado deve estar sempre disponível a partir da segunda semana de idade, em quantidades liberais até 2 kg por dia. Volumoso: responsável pelo desenvolvimento físico do rúmen em tamanho e musculatura. Quando fornecido, o volumoso deve ser de alta qualidade e valor nutricional. A idade para início do fornecimento de volumoso ainda é um assunto controverso, no entanto, dados experimentais de Coelho (1999) e Machado (2008) sugerem o fornecimento do mesmo a partir dos 60 dias de vida, propiciando desempenho futuro igual aos animais que receberam volumoso mais cedo. Esse manejo permite diminuir o custo com a alimentação e mão-de-obra. Aleitamento artificial: As bezerras são apartadas das vacas após o parto e dieta líquida é oferecida em balde ou mamadeira. Para que esse tipo de aleitamento seja realizado é necessário que a vaca “desça o leite” sem a presença do bezerro e também que os funcionários tenham ótimas noções de higiene. O aleitamento artificial permite racionalizar o manejo, maior higiene na ordenha e controle da qualidade do leite vendido e ofertado aos animais. Para justificar esse manejo, vacas devem produzir no mínimo oito litros de leite por dia. Aleitamento natural: Bezerras recebem o leite direto da vaca e prevalece para sistemas de baixa produção (vacas produzindo até 8 litros de leite por dia). Esse sistema de aleitamento pode ser dividido em dois: tradicional: no qual a bezerra permanece com a vaca em período integral; Total = 180kg. O desmame deve ser realizado de forma abrupta e critério para ser feito é o consumo de concentrado, que deve atingir 700-800g por dia (Campos e Lizieire, 2005). Esse consumo é atingido por volta da quarta semana de vida, porém o corte do leite não deve ser feito antes das 6-8 semanas. Para minimizar o estresse do convívio coletivo e promover adaptação à dieta futura, os animais permanecem por mais 30 dias em baias individuais. Aula (05/11/2020) Manejo Alimentar De Vacas De Alta Produção De Leite No pós-parto, inicialmente, a vaca de alta produção passa pelo seu maior desafio, que é manter altos níveis de produção de leite com a incapacidade de consumir matéria seca suficiente (Figura 2). Esse desafio é mais exacerbado nas primeiras três semanas de lactação, que compreende o período de transição do pós-parto. Após essa fase a vaca continua com déficit de nutrientes, no entanto atinge o pico de produção, por volta da décima semana. Subsequentemente ao pico de produção o animal atinge o pico de consumo de matéria seca e passa a desfrutar de um período mais confortável em relação ao suprimento de nutrientes exigidos pelos mesmos. Para que o manejo de alimentação seja eficiente é preciso definir primeiramente, que tipo de alimento será fornecido, com decisão baseada na facilidade de aquisição, preço e qualidade do produto. Nesses aspectos, alimentos alternativos aos tradicionais podem apresentar vantagens, no entanto, é fundamental conhecer a composição desses alimentos para que não haja prejuízo ao metabolismo dos animais. Aula (12/11/2020) Manejo Alimentar De Vacas De Alta Produção De Leite A qualidade do alimento a ser fornecido é de vital importância, e depende do objetivo que se pretende alcançar aliado ao fator custo-benefício, que levará à tomada de decisão de qual alimento deverá ser fornecido, de baixa, média ou alta qualidade nutricional. Essa decisão é dependente da exigência nutricional da vaca, a qual, por sua vez está atrelada ao potencial produtivo do animal, à condição corporal e à fase do ciclo produtivo que o mesmo se encontra. Por último, uma ação que faz parte da estratégia de alimentação é o agrupamento de animais, o qual tem por objetivo, direcionar os alimentos, tanto no aspecto quantitativo quanto qualitativo para grupos de animais com exigências nutricionais semelhantes. Dessa forma, evita-se o consumo além das exigências, para animais com menores demandas nutricionais e consumo abaixo das exigências, para animais com maiores demandas nutricionais. O objetivo do agrupamento é promover maior homogeneidade entre os animais de um mesmo grupo e maiores diferenças entre grupos distintos. Existem vários critérios de agrupamento, dentre eles destacam-se o período de lactação, produção de leite no dia do controle, produção de leite no dia do controle corrigida para 4% de gordura, mérito leiteiro (ML), condição corporal e nutrientes requeridos por Kg de matéria seca ingerida. Exercício Plano de Crescimento Uma bezerra leiteira nasceu com 35kg. Aos 3 meses de idade essa fêmea possuía 90 Kg de peso vivo. A concepção ocorreu aos 15 meses de idade com o peso 10 vezes maior ao peso de nascimento (peso mínimo para concepção). Considerando um peso ideal ao parto, qual o peso desse animal ao parto? Qual o ganho médio diário, até o parto, em cada fase de crescimento? Obs: considerar peso mínimo para concepção de 60% do peso adulto. PI = 35 kg; PA = 350 kg PP = 350 * 0.6 = 210 kg PG = 210 – 35 = 175 kg IPP = 15 meses; GMD = 175 / (15 * 30,42) = 0,383 kg/dia Aula (19/11/2020) Manejo Alimentar De Vacas De Alta Produção De Leite O período não lactante, que antecede a lactação, é denominado período seco, e o adequado manejo alimentar de vacas secas é importante para maximizar produção de leite na lactação subsequente, diminuir ocorrência de desordens metabólicas, manter condição corporal, crescimento do feto, aperfeiçoar aspectos reprodutivos na próxima lactação e também para dar melhores condições à vaca no momento do parto. Essas últimas 3 semanas também é conhecida com período de transição. No primeiro período, vacas de alta produção de leite, possuem menores exigências nutricionais. Vacas com elevado ECC devem receber dieta mais moderadas para diminuir esse valor e vacas com baixo ECC devem consumir nutrientes compatíveis com a elevação das reservas corporais, podendo fazer uso de alimento concentrado. A segunda fase do período seco é caracterizada por diminuição no consumo de matéria seca, provocada pelo aumento do tamanho do feto fazendo pressão nos órgãos digestivos e mudanças hormonais. Isso contribui para incidência de desordens metabólicas e de quadro de balanço energético negativo, no qual, os animais não são capazes de consumir energia compatível com suas exigências, mobilizando reservas corporais. O pico ocorre ao redor da décima semana e após essa fase a tendência de vacas de alta produção é de declínio na produção de 7 a 10% ao mês, até a secagem do animal. No início da lactação, vacas de alta produção direcionam seus mecanismos fisiológicos, primordialmente para produção de leite, em detrimento a outras atividades metabólicas tais como: mantença, crescimento e atividade reprodutiva. Isso constitui em um formidável desafio e a ferramenta mais eficiente para lidar com esse desafio é o manejo alimentar adequado. Nas primeiras semanas de lactação, principalmente nas três primeiras, a vaca de alta produção apresenta alta exigência nutricional, devido à elevada produção de leite e um insuficiente aporte de nutrientes alimentares, devido à diminuição do consumo de matéria seca, oriunda do período pré-parto. Vacas de alta produção podem perder até 10% de seu peso no início da lactação, diminuindo assim o ECC. Essa situação pode provocar desordens metabólicas como cetose e síndrome do fígado gorduroso, pois as mobilizações de reservas corporais aumentam os níveis de ácidos graxos livres (AGNE) no plasma sanguíneo, os quais são metabolizados no fígado para gerar metabólitos energéticos (glicose e corpos cetônicos). Aula (26/11/2020) Manejo Alimentar De Vacas De Alta Produção De Leite Com isso, a estratégia de alimentação para vacas de alta produção no início da lactação deve focar em fornecer o máximo de aporte energético possível, sem provocar desordens metabólicas oriundas da dieta, como acidose ruminal. Esse evento pode ser contornado com a manutenção, na dieta, do mínimo de FND efetiva, a qual é responsável por manter o pH ruminal equilibrado, principalmente através do processo de ruminação, dando condições para os microrganismos celulolíticos digerirem fibra eficientemente. Uma maneira de lidar com altas quantidades de carboidratos de rápida fermentação no rúmen, oriundos de alimentos concentrados, é aumentar a frequencia de fornecimento, a qual já foi comentada anteriormente. Outra forma de aumentar a concentração energética da dieta é através da adição de lipídeos à mesma, os quais possuem alta densidade energética. Esse ingrediente é bastante interessante, principalmente quando o consumo de MS ainda se apresenta muito baixo (início da lactação), por aumentar a densidade energética da dieta com o mesmo consumo de MS. Além do próprio óleo de soja, caroço de algodão e grão de soja moído apresentam altos potenciais para suplementação lipídica. No entanto, é importante está atento para não exceder 7% de extrato etéreo (EE) na dieta, pois do contrário, o lipídeo pode prejudicar a digestão de fibra e também exercer efeito tóxico aos microrganismos ruminais. Misturas de concentrado e volumosos geralmente possuem de 3 a 3,5% de EE. Como em início de lactação a dieta apresenta alta proporção de concentrado e consequentemente altas quantidades de carboidratos rapidamente fermentados, as fontes protéicas também devem ser de rápida degradação. A demanda por PNDR é justamente para não exceder a capacidade dos microrganismos em utilizar os produtos da degradação protéica no rúmen. Excesso de PDR provoca acúmulo de amônia no ambiente ruminal e conseqüente elevação dos níveis de uréia no plasma sanguíneo, gerando um quadro de intoxicação. Dessa forma, o fornecimento de uréia para vacas de alta produção, no início da lactação, não é indicado, pois pode exacerbar o acúmulo de amônia no rúmen. À medida que a vaca progride no tempo de lactação, no consumo de matéria seca e no ECC, a densidade energética da dieta pode gradualmente diminuir.