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Eliane Mendes da Conceição RA: 21801292 

Profª: Léa Arruda Oliveira 


 
Texto 4 - Cap. 4 - O que sabemos sobre a psicoterapia objetiva e subjetivamente

No campo da psicoterapia, realizaram-se progressos consideráveis na última década na


mensuração dos resultados da terapia no que se refere à personalidade e ao
comportamento do cliente. Nos últimos dois ou três anos, progredimos na determinação
dos ingredientes de uma relação que promovem o crescimento pessoal. A psicoterapia
não substitui a motivação para esse desenvolvimento ou crescimento pessoal. A terapia,
no entanto, desempenha um papel extremamente importante na libertação e no processo
de facilitação da tendência do organismo para um desenvolvimento psicológico ou para
a sua maturidade, quando essa tendência se viu bloqueada.

Conhecimento objetivo
O conhecimento é apresentado de forma muito concisa e na linguagem cotidiana.
Descobriu-se que a transformação pessoal é facilitada quando o psicoterapeuta é aquilo
que é, quando as suas relações com o cliente são autênticas e sem máscara nem fachada,
exprimindo abertamente os sentimentos e as atitudes que nesse momento fluem nele.
Congruência, condição para descrever e significar que os sentimentos que o terapeuta
estiver vivenciando estão disponíveis para ele, disponíveis para sua consciência e ele
pode viver esses sentimentos, assumi-los e pode comunicá-los, se for o caso. Assim,
quanto mais o terapeuta é capaz de assumir a complexidade dos seus sentimentos, sem
receio, maior será o seu grau de congruência. Quanto mais autêntico e congruente o
terapeuta for à relação, maior possibilidade haverá de que ocorram modificações na
personalidade do cliente.
A segunda condição é o terapeuta está vivenciando uma atitude calorosa, positiva e de
aceitação para com aquilo que está no seu cliente, isso facilita a mudança. Isto implica
que o terapeuta esteja realmente pronto a aceitar o cliente, seja o que for que este esteja
sentindo no momento medo, confusão, desgosto, orgulho, cólera, ódio, amor, coragem,
admiração. Trata-se de um sentimento positivo que se exterioriza sem reservas e sem
avaliações. Demonstrando assim, que anto mais o terapeuta vivencia essa atitude, mais a
terapia tem probabilidades de ser bem-sucedida.
Podemos designar a terceira condição como a compreensão empática. Quando o
terapeuta é sensível aos sentimentos e às significações pessoais que o cliente vivencia a
cada momento, e quando consegue comunicar com êxito alguma coisa dessa
compreensão ao paciente, então está cumprida essa terceira condição. Julgo que cada
um de nós já descobriu que esse tipo de compreensão é extremamente raro. Mas quando
alguém compreende como sinto e como sou, sem querer me analisar ou julgar, então.
nesse clima, posso desabrochar e crescer. a investigação confirma esta observação
comum. Quando o terapeuta é capaz de apreender a vivência, momento a momento, que
ocorre no mundo interior do cliente como este a sente e a vê, sem que a sua própria
identidade se dissolva nesse processo de empatia, então a mudança pode ocorrer.

A dinâmica da mudança
Em primeiro lugar, como encontra alguém que ouve e aceita os seus sentimentos, ele
começa, pouco a pouco, a tomar-se capaz de ouvir a si mesmo. Começa a receber
mensagens que vêm do seu próprio interior a perceber que está com raiva, a reconhecer
quando tem medo, e mesmo a tomar consciência de quando se sente com coragem. À
medida que começa a se abrir mais para o que se passa nele, torna-se capaz de perceber
sentimentos que sempre negou e reprimiu. Pode ouvir sentimentos que lhe pareciam tão
terríveis, tão desorganizadores, tão anormais ou tão vergonhosos, que nunca seria capaz
de reconhecer que existissem nele. Enquanto vai aprendendo a ouvir a si mesmo,
começa igualmente a aceitar-se mais. Vai lentamente tomando uma atitude idêntica em
relação a si mesmo, aceitando-se como é, e acha-se portanto caminhando no processo
de tomar-se o que é. Finalmente, ao ouvir com maior atenção os sentimentos interiores,
com menos espírito de avaliação e mais de aceitação de si, encaminha-se também para
uma maior congruência. À medida que essas transformações vão se operando, torna-se
mais consciente de si, aceita-se melhor, adota uma atitude menos defensiva e mais
aberta, descobre que afinal é livre para se modificar e para crescer nas direções naturais
do organismo humano.

O processo
Esse processo inicia partindo de afirmações concretas, provenientes da investigação
experimental e de séries continuas. Em cada uma das series vou mencionar do seu ponto
de partida a extremidade mais elevada.
Como poderei ajudar os outros?
No início, o cliente está longe da sua vivência. Partindo dessa distância dirige-se para
um imediatismo da vivência, onde vive abertamente na sua vivência e sabe que pode se
voltar para esta a fim de descobrir as significações correntes.
De um modo geral, verifica-se que o processo se afasta da fixidez, do caráter remoto
dos sentimentos e da experiência, de uma concepção rígida de si, de um afastamento das
pessoas e da impessoalidade do funcionamento. Ele evolui para a fluidez, para a
possibilidade de mudanças, para o imediatismo dos sentimentos e da experiência, para a
aceitação desses sentimentos e dessa experiência, para tentativas de construção, para a
descoberta de um eu que se transforma numa experiência mutável, para a realidade e
proximidade das relações, para uma unidade e integração do funcionamento.

Os resultados da terapia
Afirmação sustentada por investigações limita a dizer que o cliente modifica-se e
reorganiza a concepção que faz de si mesmo. Desvia-se de uma ideia que o torna
inaceitável aos seus próprios olhos, indigno de consideração, obrigado a viver segundo
as normas dos outros. Conquista progressivamente uma concepção de si mesmo como
uma pessoa de valor, autônoma, capaz de fundamentar os próprios valores e normas na
sua própria experiência. Desenvolve uma atitude muito mais positiva em relação a si
mesmo. O cliente torna-se menos defensivo, e, por isso, mais aberto à sua própria
experiência e à dos outros. Suas percepções tornam mais realistas e mais diferenciadas.
Sua adaptação psicológica melhora, como se pode ver pela aplicação do Teste de
Rorschach, do Teste de Aercepção Temática (TAT). Seus objetivos e ideais mudam de
forma a se tornarem mais acessíveis. A distância inicial entre o eu que ele é e o eu que
ele desejaria ser diminui consideravelmente. Dá-se uma redução da tensão em todas as
suas formas, tensão fisiológica, mal-estar psicológico, ansiedade. Percebe os outros
indivíduos de uma forma mais realista e os aceita mais. Descreve seu próprio
comportamento como mais amadurecido e, o que é importante, é visto por aqueles que o
conhecem bem, agindo de modo mais maduro. Quanto mais o cliente percebe o
terapeuta como uma pessoa verdadeira ou autêntica, capaz de empatia, tendo para com
ele uma consideração incondicional, mais ele se afastará de um modo de funcionamento
estático, fixo, insensível e impessoal, e se encaminhará no sentido de um funcionamento
marcado por uma experiência fluida, em mudança e plenamente receptiva dos
sentimentos pessoais diferenciados.
A imagem subjetiva
Até o momento foi falado do processo de aconselhamento e de terapia de uma forma
objetiva, mas agora vou abordar a questão por dentro e, sem desprezar os
conhecimentos objetivos, apresentando essa equação tal como ela se apresenta
subjetivamente tanto ao terapeuta como ao cliente.

A experiência do terapeuta
Para o terapeuta, é uma nova aventura que começa. Sinto um pouco de receio dele,
medo de penetrar nos seus pensamentos, tal como tenho medo de mergulhar nos meus.
No entanto, ao ouvi-lo, começo a sentir um certo respeito por ele, a sentir que somos
próximos. Gostaria de apreender os seus sentimentos e que ele soubesse que eu os
compreendo e que estou perto dele no pequeno mundo compacto apertado. Gostaria que
os meus sentimentos nessa relação fossem para ele tão evidentes e claros quanto
possível, mas, sobretudo, pretendo que veja em mim uma pessoa real.

A experiência do cliente
O cliente, por seu lado, atravessa uma série de estados de consciência muito mais
complexos. Preciso de ajuda, mas não sei se posso confiar nele. Ele não parece estar me
julgando, mas tenho a certeza de que o faz. Não posso dizer-lhe o que realmente me
preocupa, mas posso falar-lhe de algumas experiências passadas em relação com essas
minhas preocupações. Ele parece que compreende essas experiências, logo, posso abrir
me um pouco mais com ele. Já não tenho a impressão de que ele me despreze. Isto me
dá vontade de ir mais longe, na exploração de mim, de falar um pouco mais sobre mim.
Encontro nele uma espécie de companheiro, parece realmente compreender-me. É um
trabalho árduo, mas quero saber. Durante a maior parte do tempo, tenho confiança nele
e isso me ajuda. Sinto-me vulnerável e inexperiente, mas sei que ele não me quer mal e
creio mesmo que se interessa por mim. Ocorre-me que ao tentar mergulhar cada vez
mais profundamente em mim mesmo, talvez soubesse quem sou e soubesse igualmente
o que fazer. Mas, evidentemente isso só é possível porque me sinto em segurança nas
minhas relações com o terapeuta. O que acabei de relatar não acontece com muita
rapidez, pode levar anos ou não acontecer nunca. Mas pelo menos nos sugere uma
perspectiva interior da imagem objetiva que procurei apresentar do processo
psicoterapêutico, tal como se desenrola tanto no terapeuta como no cliente.

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