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Cuiabá , 2011
Instituto de Ciências Exatas e da Terra (ICET)
Av. Fernando Correa da Costa, s/nº
Campus Universitário
Cuiabá, MT - CEP.: 78060-900
Tel.: (65) 3615-8737
www.fisica.ufmt.br/ead
Sistema Solar
Autor
Corpo Editorial
• D e n i s e Va r g a s
• C a r l o s R i n a l d i
• I r a m a i a J o r g e C a b r a l d e Pa u l o
• M a r i a L u c i a C a va l l i N e d e r
FICHA CATALOGRÁFICA
CDU - 523
ISBN: 978-85-67819-75-0
P r e fá c i o
O C E U P R E - H I STo R IC o
S e havia razões práticas para o homem pré-histórico dirigir seu olhar de modo sistemático ao céu
noturno, é difícil dizer. O que se sabe, e disso há registros, é que o fez. Na Inglaterra, no condado de
Wiltshire, ergue-se imponente um monumento megalítico1 da Idade do Bronze, conhecido como Stonehenge
– datado de 3100 a.C. (FIGURA 1). Esse círculo de pedras de 97,54 metros de diâmetro foi, provavelmente,
projetado para permitir a observação de fenômenos astronômicos, tais como os solstícios2 de verão e inverno
e os eclipses3 (Ronan, 2001).
O círculo de Goseck, na Alemanha, é o mais antigo instrumento de observação do céu da Europa e data
de 4100 a.C. (FIGURA 2), antes mesmo da invenção da escrita, que se deu na Mesopotâmia e no Egito, apro-
ximadamente, em 4000 a.C..
Essas construções talvez tenham sido erigidas apenas pelo fascínio ao céu estrelado, ou talvez para o culto
de deuses, mas não há como negar sua utilidade. Ao desenvolvimento da astronomia4 segue-se o do calendário
e o das atividades humanas que dele dependem, como a pesca e a agricultura. O céu estrelado é sempre fonte
de inspiração ao artista ou ao poeta que pode até ouvir estrelas.
1 Monumento pré-histórico feito de grandes blocos de pedra.
2 Solstício é a época do ano em que o Sol possui a sua maior declinação. Quando é ao norte (austral) temos solstício de verão no hemisfério norte. As noites
são curtas e os dias mais longos, e de inverno no hemisfério sul (noites longas e dias curtos). Quando a maior declinação solar é ao sul (boreal), dá-se o solstício de verão
no hemisfério sul e de inverno no hemisfério norte. Declinação solar de cada ponto sobre a superfície da Terra é o menor ângulo formado entre as direções vertical e
da posição solar (o que acontece ao meio-dia verdadeiro a cada dia). Já o equinócio é a época do ano em que se registra igual duração do dia e da noite. Pode ser de
primavera ou de outono. Quando é primavera no hemisfério norte, é outono no sul e vice-versa.
3 Eclipse: fenômeno em que um astro deixa de ser visível, totalmente ou em parte. Nos eclipses solares, a Lua se inter-põe entre o Sol e a Terra. Nos eclipses
lunares, a Lua deixa de ser iluminada ao colocar-se no cone de sombra da Terra.
4 Ciência que estuda os astros, isto é, os objetos celestes naturais. Sua constituição, posições e movimentos no céu.
(a) (b)
Figura 2 - Circulo de Goseck. No solstício de inverno, os raios de Sol entram pelos portões late-
rais (A e B) ao amanhecer e ao entardecer.
Fontes: (a) STORIAL, 2005; (b) WIKIPEDIA, 2009.
VIII
8 | Ciências Naturais e Matemática | UAB
Sumário
1. I n t r o d u ç ã o 1
2. Sol 11
3. C ar ac ter ístic as G er ais dos P l a n e ta s 19
4 . T e r r a 25
5. O s O u t r o s P l a n e ta s R o c h o s o s 53
6. O s p l a n e ta s g a s o s o s 61
7. P l a n e ta s anões 75
8 . P e q u e n o s C o r p o s 79
Conclusão 93
Referências Bibliográficas 95
1.1. A T e r r a é esférica
O primeiro a propor a esfericidade da Terra foi Parmênides (514-450 a.C.) e a situou no centro
do Universo. Se acertou na sua forma, não foi por questões geométricas ou astronômicas, mas
sim por preferência à simetria e ao equilíbrio. Para os gregos, a esfera é a forma mais perfeita do Universo.
Para muitas crianças é difícil entender a esfericidade da Terra. Se a Terra é esférica, onde estamos
nós? Na superfície ou dentro dela? Se estamos sobre a superfície, por que quem está no hemisfério sul não
cai da Terra?5 Graças à gravidade, uma força que mantém a todos sobre a superfície do planeta.
Um fio de prumo define uma reta vertical na direção do centro da Terra porque o corpo
na ponta do fio é, para lá, atraído. Por isso nós não caímos da Terra e sim para a Terra. Todos
os corpos pesados6 ou graves, como eram chamados na antiguidade, caem em direção ao solo,
porque são atraídos pela Terra. Assim, esta força é chamada gravitacional porque age sobre os
“graves”. Os corpos que ascendem na atmosfera, como
a fumaça de uma fogueira, eram chamados de leves
A força gravitacional age sobre todos os cor-
pos. Uma bexiga cheia de gás também é atraída
pela Terra, mas sofre uma força para cima maior
que seu peso, devido estar “mergulhada” na atmosfera.
O nome dessa força é empuxo e foi estudada pela primeira
vez por Arquimedes, que, quando a entendeu saiu à rua
gritando eureka, que em grego quer dizer
descobri. Todos nós já a experimenta-
mos. Ao mergulharmos em uma piscina
com os pulmões cheios de ar, é fácil ficar
boiando na superfície da água.
1. 3. C a l e n d á r i o
Ano é o período de tempo necessário para que a Terra dê uma volta em torno do
Sol. Se pudéssemos olhar de fora do Sistema Solar seria bem mais fácil cronometrar
as voltas que a Terra dá. Todavia, o calendário, esse sistema de contagem de tempo,
foi inventado com base no movimento aparente do Sol e das estrelas, sem empregar
qualquer teoria a respeito da posição do Sol e da Terra.
7 Além da energia, também os momentos, linear e angular, são grandezas físicas chamadas de condições dinâmicas do
sistema, pois regem o movimento de qualquer sistema de partículas. Isso você verá em um fascículo futuro.
O P r i m e i r o C a l e n d á r i o
Existe um mito egípcio que podemos recorrer para lembrar desse fato. ���������
Shu e Te-
fnut, os filhos de Rá, geraram a deusa do céu (Nut) e o deus da terra (Geb). No início
dos tempos, quando o ano tinha 360 dias, céu e terra estavam unidos em um grande
abraço. Por ciúmes, o grande deus Rá lançou, sobre Nut, um castigo pelo qual a deusa
Calendário Romano
O calendário romano data da fundação de Roma, cerca de 753 anos a.C. Inicia-se
com um ano de 304 dias, divididos em 10 lunações (ou meses). Foi Numa Pompílio,
segundo rei de Roma, quem fez a primeira reforma do calendário por volta de 713 a.C.,
baseando-se no calendário grego. Adicionou os meses de Januarius (29 dias) e Febru-
arius (28 dias), aumentando o seu tamanho para 355 dias, transformando-o em um
calendário luni-solar, mantendo os inícios dos meses coincidindo com os inícios das
fases da Lua. Para completar o ano solar, assim como os egípcios, adicionava um mês
extra, chamado Mercedonios, de 11 dias a cada ano, ou 22 dias de dois em dois anos.
8 Nascimento helíaco de um astro é o aparecimento (nascimento) simultâneo do astro e do Sol no horizonte leste.
1. 4 . O S i s t e m a S o l a r e o e x p l e n d o r d o e s pa ç o s i d e r a l
Nos livros, as imagens do Sistema Solar mostram o Sol e os planetas com suas tra-
jetórias denotadas por uma linha curva, igual a da FIGURA 7. É uma linda imagem,
mas é claro que não é isso que vemos quando olhamos para o céu.
Da Terra, a olho nú, só vemos o Sol e a Lua; uma infinidade de estrelas, das quais,
cinco peregrinam no pano azul noturno, onde estão, todas as outras, fixas. São elas os
cinco planetas9 visíveis a olho nú: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno.
9 A palavra planeta, em grego, quer dizer estrela errante, isto é, que se movimenta com relação ao fundo do céu.
Existem as estrelas fixas, que são realmente estrelas: grandes massas de gases em combustão atômica. A palavra sideral refere-se a
todas as estrelas, fixas ou errantes.
Net u
a
Uran
no
Mar te
Plutão
Ter ra
Sat urno
Vênus
Mercú
Cometas
SOL
Júpiter
rio
Figura 7 – O Sol, seus oito planetas e Plutão, que até 2007, ainda era consi-
derado um planeta. Hoje, está na categoria de planeta-anão. Fonte: NASA
M i t o G r e g o : O R a p t o de E u r o pa
Europa, filha de Teléfassa e Agenor, rei da Fenícia, era tão bela e alva, que suspei-
tavam que uma das aias de Hera (Juno para os romanos) houvesse roubado a maquiagem
da deusa para dá-las a Europa.
Um dia, quando brincava à beira-mar com suas companheiras, Zeus a viu e se en-
cantou com sua beleza. Determinado a conquistá-la, transformou-se em um touro branco
de cornos semelhantes à Lua Crescente. Zeus deitou-se aos pés de Europa com um ar
doce e carinhoso. A princesa assustada, porém, encantada com o animal, ornou-o de
guirlandas e sentou-se sobre o seu dorso. Imediatamente, o touro lançou-se ao mar, che-
gando até a ilha de Creta.
Retornado à forma humana, Zeus “desposou” Europa, com quem teve três fi-
lhos. O Touro que seduziu Europa tornou-se uma constelação colocada entre os signos
do Zodíaco.
Os outros mitos referentes às constelações zodiacais podem ser encontrados em
livros de uranografia. O sítio Uranometria Nova (2009) contém suas versões mais co-
nhecidas (Oliveira, 2009). Esses mitos são fonte de interesse para os alunos e, portanto,
de motivação. O mito de virgem, em especial, é uma alegoria ao movimento orbital da
Terra.
11 Você já deve ter prestado atenção ao seu horóscopo. Por exemplo, “você que nasceu com Júpiter em Áries é um ser
otimista e extrovertido”. Algumas pessoas acreditam nessas previsões. Porém, não há qualquer trabalho científico que comprove
sua eficácia, o que também não proíbe ninguém de acreditar.
12 Palavra de origem grega que significa origem do universo. A cosmogonia de um povo é a sua forma de explicar a origem
do mundo.
Saturno e Urano e
Netuno e oito luas Marte e Jípter quatro luas
Vênus
uma lua Terra duas luas e nove
Lua
luas
Mercúrio
Sol
Sol
13 Há quem chame a maquete de planetário. De fato, planetário é um anfiteatro em forma de abóbada, dotado de
mecanismo de projeção do movimento dos astros.
14 Plano da órbita da Terra. Tem esse nome porque quando a Lua cruza este plano, podem acontecer os eclipses.
Há 400 anos a única forma de se observar o céu era a olho nu. To-
davia, um homem revolucionou o modo de se observar o céu e, com isso,
mudou também o modo da humanidade ver o mundo e a si própria: o
italiano Galileu Galilei (1564-1642).
Galileu soube da notícia que, em outubro de 1608, o fabricante de
lentes holandês Hans Lippershey (1570-1619) patenteou um aparelho con-
stituído de uma combinação de lentes, que fazia com que objetos distantes
parecessem mais próximos. No mesmo ano, construiu seu próprio instru-
mento que aumentava nove vezes e, em 1609, construiu outro cujo aumento
Logotipo oficial do era cerca de 30 vezes. Com essa luneta, Galileu descobriu um universo
Ano Internacional da inimaginado para a época. Descobriu as crateras e montanhas da Lua; que
Astronomia a Via-Láctea, não era um gás ou um líquido espalhado pelo céu, mas se
consistia em milhares de estrelas e que o céu possuía muito mais estrelas do
que se podia ver a olho desarmado. A luneta de Galileu também revelou que os planetas
Mercúrio e Vênus apresentavam fases assim como a Lua. Segundo o próprio Galileu,
entretanto, seu maior feito foi a descoberta de “novos planetas” ao redor de Júpiter. Se
apontarmos uma simples luneta para Júpiter veremos quatro de seus satélites: Io, Euro-
pa, Ganimedes e Calisto. Esses são chamados de galileanos por terem sido descobertos
e nomeados por Galileu.
Na época, a discussão entre os defensores do heliocentrismo e os do geocentrismo
estava acalorada. A tese da Igreja é que o homem, criado à semelhança de Deus, deve
estar no centro do Universo, portanto, todo o Universo deve girar ao seu redor. A desco-
berta das luas de Júpiter colocava em cheque o geocentrismo.
Em março de 1610, Galileu publicou um pequeno livro: Sidereus Nuncius – “O
mensageiro das estrelas”, reunindo suas descobertas astronômicas.
A defesa que Galileu fez de suas ideias e do heliocentrismo, o levou a ser per-
seguido pela Igreja. No tribunal da Santa Inquisição, foi obrigado a abjurar suas ideias
e ficou em prisão domiciliar pelo resto de sua vida. Há uma lenda que diz que, ao se
levantar, após ter negado tudo que tinha defendido durante a vida, Galileu murmurou:
“E pur, si muove!” – “e, no entanto, ela se move!”, referindo-se à Terra. Morreu aos 78
anos em Florença, Itália, completamente cego, em 8 de janeiro de 1642 (Oliveira, 2009)
Para comemorar os 400 anos das primeiras observações de Galileu, a ONU de-
clarou 2009, o Ano Internacional da Astronomia.
N o centro do Sistema Solar há uma estrela: o Sol. Com idade de cerca de 4,5 bilhões de anos.
Sua massa é 333 mil vezes a da Terra (2 trilhões de toneladas). E seu diâmetro é 1.400.000 km,
que lhe confere um volume cerca de 1.300.000 vezes o da Terra e uma densidade média de 1,41 g/cm3. O
campo gravitacional é 28 vezes o terrestre.
No início do século XX, astrônomos do observatório de Harvard classificaram as estrelas de acordo
com sua luminosidade16.
O Sol caracteriza-se por ser uma estrela anã amarela com temperatura em torno de
6000 K ( .5723 ºC). Por isso, é considerada da classe espectral G2, com magnitudes17 aparente igual a
–26,86 e absoluta de + 4,71. A luminosidade da superfície é 4 x 1026 W/m2.
Na mitologia grega, é Hélios, o deus que tudo sabe e tudo vê. Filho do titã Hipérion e da titânia
Téia, é o mais belo e amável dos deuses, protetor da poesia, da eloqüência, das artes e da medicina. Ao
amanhecer, é precedido por sua filha Aurora. Diariamente transporta o carro do SOL para o alto dos
céus em sua carruagem puxada por seus quatro cavalos (Pyrois, Eos, Aethon e Phlegon) e, ao anoitecer, o
guarda atrás das montanhas. Cada mês, seu carro visita um dos doze palácios que compõem um círculo ao
redor da Terra – as doze casas zodiacais.
15 O Sol é simbolo de vida e o seu nascimento, todas manhãs, é sinônimo da mais plena renovação.
16 Na plataforma, há conteúdo complementar sobre essa classificação.
17 Magnitude aparente de um astro é uma escala de comparação do seu brilho com uma estrela de primeira grandeza. Sirius, a alfa da constelação do
cão maior
Devido a massa tão grande do Sol, todos os corpos do Sistema Solar giram ao seu
redor. Para ser exato, todo o sistema gira em torno de um eixo que passa pelo centro
de massa.
O que é o centro de massa? Vamos fazer uma atividade que nos permita observar
algumas das propriedades deste ponto especial de um corpo rígido. Prenda, nas ex-
tremidades de uma haste, duas esferas de massas diferentes. As esferas podem ser de
madeira, massa plástica, metal etc. Amarre um cordão no meio da haste (letra a). Po-
nha o sistema para girar em torno do cordão (para isso, basta, com a outra mão, torcer
o cordão). As trajetórias dos centros das esferas formarão dois círculos horizontais: um
sobre o outro (letra b).
Figura 11 – Observan-
do o centro de massa
[Créditos do autor] Há um ponto sobre a haste, em que o cordão a sustentará, no qual a haste ficará na
horizontal (letra c). Diz-se: o sistema está em equilíbrio. Posto o sistema para girar em
torno do cordão, os centros das esferas estarão sempre em um mesmo plano (horizon-
tal). Este ponto da haste, em que o cordão está preso, é o centro de massa do sistema
(CM). Se você, por exemplo, soltar o cordão da haste e atirar o sistema para cima, irá
observar que o sistema irá girar em torno desse ponto (letra d). Observa-se também que
quanto maior for a massa de uma das esferas, em comparação com a outra, o centro de
massa será mais próximo da esfera mais pesada.
Em resumo: (i) um sistema isolado (aqui no caso, sem o cordão) irá girar em torno
do centro de massa; (ii) o centro de massa está mais próximo da esfera de maior massa;
(iii) se a esfera de maior massa for grande o suficiente, o centro de massa poderá estar
no seu interior (à semelhança do que acontece com o sistema solar, no qual, o Sol pos-
sui 99% da massa de todo o sistema e, portanto, todo o sistema gira em torno de um
ponto muito próximo do centro do Sol).
O Sol em seu interior possui três camadas: núcleo, zona radioativa e zona con-
vectiva. No exterior solar, além da superfície (fotosfera), a atmosfera solar é dividida
também em duas camadas: cromosfera e coroa solar.
2 . 2 . 2 . Z o n a R a d i o at i va
Essa camada possui uma espessura aproximada de 350 mil km. Sua temperatura
cai de 7 mil kelvin (região próxima do núcleo) para 2 mil kelvin (região próxima da
camada convectiva). Apesar da grande variação de temperatura, não há movimento de
massas, de modo que a energia flui predominantemente na forma de radiação. Apesar
da luz no vácuo viajar à velocidade de 300 mil quilômetros por segundo, nesta camada,
a velocidade da luz é muito pequena. Um fóton de luz leva em média um milhão de
anos para atravessá-la.
2 . 2 . 3. Z o n a C o n v e c t i va
Com uma espessura de aproximadamente 200 mil km, a região convectiva ca-
racteriza-se pelo movimento do plasma. A
convecção se dá de maneira semelhante a que
Fotosfera ocorre com água em uma panela em um fogão.
Os gases mais quentes próximos à zona radioa-
tiva (2 mil K) ascendem até chegar à superfície
Zona Convectiva
solar que possui temperatura da ordem de 5800
K. Essa massa resfriada retorna ao interior so-
Zona Radioativa lar formando células de convecção: vórtices ou
redemoinhos, em que a matéria sobe, por estar
Núcleo mais quente que as camandas exteriores e de-
pois, ao esfriar, retorna ao interior do Sol.
(a) Grãos de arroz: a superfície solar apresenta-se granulada. Esses grânulos são
os topos das células de convecção. Possuem um diâmetro de 500 a 1.500 km,
com um curto período de vida (15 minutos);
(b) Fáculas: são regiões de tamanho variado, mais luminosas que a superfície so-
lar, e surgem em uma determinada região, geralmente antes do aparecimento
das manchas solares. São mais facilmente detectáveis nas proximidades dos
bordos do disco solar;
(c) Manchas Solares: regiões mais frias da superfície solar (4.000 K) que por-
tanto, parecem mais escuras e estão associadas a intensos campos magnéticos
ou perturbações desses campos. O total de manchas solares e da atividade
relacionada varia entre um mínimo e um máximo num ciclo de onze anos. As
manchas foram registradas na China já no ano 28 a.C. Seu estudo científico,
entretanto, iniciou-se com Galileu, que utilizava um telescópio para projetar
a imagem do Sol.��������������������������������������������������������
Sempre
�������������������������������������������������������
aparecem aos pares, onde, cada mancha correspon-
de a um pólo do campo magnético solar, o qual é aproximadamente 50 mil
vezes maior que o campo no pólo terrestre. São formadas por duas regiões: a
umbra, no interior da mancha, é bem mais fria que as partes que a circunda,
a penumbra.
A Baixa atividade solar (presença de poucas manchas) está relacionada com períodos
de temperaturas mais baixas. Em 1684, o astrônomo real Inglês, John Flamsteed,
descreveu uma única mancha solar desde dezembro de 1676. O mais penoso frio
registrado no norte da Europa no milênio passado, coincidiu com o período de 1645 a
1715, conhecido por Mini-idade do Gelo ou “mínimo de Maunder”, pois o astrônomo
Maunder descobriu que praticamente não houve manchas solares neste período.
2 . 2 . 5. C r o m o s f e r a
L u z do Sol
A energia que chega ao nosso planeta é apenas uma pequena fração da radiação
solar, isto é, da radiação eletromagnética emitida pelo Sol.
Praticamente todos os processos que acontecem na Terra são devidos a energia
solar. Com exceção de uns poucos seres vivos que utilizam energia geotérmica ou da
produzida em reações químicas provenientes de substâncias que emergem do solo, toda
a rede alimentar dos seres vivos é suportada pela luz solar, permitindo assim a existên-
cia do ciclo do carbono. A luz solar também é a responsável pelos ciclos do ar e da água.
At i v i d a d e
Faça uma interpretação da letra da música Luz do Sol (trechos abaixo), do compositor
baiano Caetano Veloso. Somente após isso, leia a interpretação, por nós sugerida na página
da plataforma.
1. Que a folha traga e traduz em verde novo, em folha, em graça, em vida, em força, em luz...
2. Céu azul que venha até onde os pés tocam a terra e a terra inspira e exala seus azuis...
3. Reza, reza o rio. Córrego pro rio. Do rio pro mar. Reza correnteza.
4. Roça a beira. Doura areia...
5. Marcha o homem sobre o chão. Leva no coração uma ferida acesa. Dono do sim e do não, diante
da visão da infinita beleza... Finda por ferir com a mão, essa delicadeza. A coisa mais querida. A
glória, da vida...
Sondas
O c u i d a d o pa r a a o bs e r va ç ã o a o l h o n ú
Evite a observação do Sol a olho nú, olhando diretamente para ele ou com a
utilização de superfícies refletoras ou equipamentos de aumento, sem filtros espe-
ciais. Principalmente, nos eclipses solares, quando há redução da luminosidade, a
observação direta torna-se ainda mais perigosa.
A imagem da FIGURA 16 mostra o dano à retina causado a um jovem inglês
que ficou cego (sem sentir dor), ao observar o Sol sem proteção adequada. A parte
brilhante da foto é o disco ótico e a área escura, a mácula, uma área rica em célu-
las especialmente capazes de detectar detalhes e cores, chamadas cones. A visão
periférica é realizada por células chamadas bastonetes, que estão concentradas na
periferia da retina e são capazes de detectar luz fraca, po-
rém não detectam cores. Por essa razão que a capacidade
de detectar luz fraca e periférica pode ficar intacta com a
mácula queimada pela luz solar. Exposições mais longas
que 15 segundos à luz solar direta já queimam a mácula.
25 Se você deseja um relato detalhado da conquista do espaço, acesse a página do Grupo de Dinâmica Orbital e
Planetologia da UNESP, acessível em http://www.feg.unesp.br/~orbital/sputnik /sputnik.html. O livro “A Conquista do Espaço
do Sputnik à Missão Centenário” está à disposição para download. Para obter informações das missões da NASA acesse http://
www.nasa.gov/missions/index.html (em inglês).
3.1. A d e f i n i ç ã o at u a l
26 Equilíbrio entre a força gravitacional aplicada na direção vertical e sentido do centro do astro e a força devida a
pressão em sentido contrário à força gravitacional, de modo que é nula a resultante sobre todas as partículas do astro.
27 Processo de crescimento de um astro pelo acréscimo de matéria devido à força gravitacional. A teoria da acresção,
proposta por Laplace em 1796, supõe a existência de uma nuvem primordial de gás e poeira. Esse material foi se agregando
ao centro formando o Sol e, posteriormente, em porções menores, em outros pontos formando os planetas.
28 Do extenso material didático disponível na internet, destacamos o resumo interativo em flash no endereço http://
www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/apresentacoes/universo.swf.
Mercúrio 3. 2 . A at m o s f e r a e a t e m p e r at u r a d a s u p e r f í c i e
3. 3. P r o p r i e d a d e s : m a ss a e d i â m e t r o
(1) Diâmetro equatorial em km – observe que o menor planeta é Mercúrio e o maior é Júpiter,
seguido por Saturno. Com base nessa tabela, veja na plataforma o roteiro para a construção
de um móbile que pode decorar uma sala de aula.
(2) Massa em unidades de massa da Terra – note que os rochosos (Mercúrio, Vênus e Marte)
possuem menor massa que a Terra.
Todos os corpos que orbitam outros (cometas que orbitam o Sol ou satélites, natu-
rais ou artificiais, em torno de planetas, desde que tenham órbitas fechadas34) obedecem
às leis de Kepler35:
Uma elipse é uma figura plana fácil de ser construída, conforme mostra a FI-
GURA 20: (a) pegue um pedaço de barbante com aproximadamente um metro de
comprimento; (b) fixe suas extremidades no quadro negro com uma distância de 60
cm (distância entre os focos); mantendo sempre o barbante esticado, trace a figura com
um giz.
Planeta
Uma propriedade da elipse pode ser obtida dessa técnica de construção: a soma do
comprimento dos raios vetores (distância do foco até a curva) é sempre constante (no
caso, igual ao comprimento do barbante: 1m).
A excentricidade da elipse, dada por e = 1 - ^ b/ah2 , determina se ela se
aproxima de uma circunferência (e=0; focos unidos) ou de uma reta (e=1; distância
focal máxima).
Revolução (3) 87,9d 224,7d 365,25d 686,98d 11,86a 29,46a 84,04a 164,8a
Rotação (5) 58,6d -243d 23h56m 24h37m 9h48m 10h12m 17h54m 19h6m
Eixo (6) 0,1° 177° 23° 27’ 25° 59’ 3° 05’ 27° 44’ 98° 30°
Satuno
27°
Urano
98° Netuno
30°
(a) (b)
Figura 22 – (a) A “Pálido Ponto Azul” é uma fotografia tirada a partir dos confins do
Sistema Solar pela Voyager 1, após ter completado sua missão principal. A Terra cir-
culada em azul, aparece em um raio de Sol. (b) Imagem da Terra construída a partir de
fotografias de um conjunto de satélites do NOA. A Terra é redonda. Fonte: NASA.
36 Poeta cearense Antônio Gonçalves da Silva (1909-2002). Texto extraído de livreto de cordel.
Hemisfério
Norte
Sentido da
rotação
Primeiro Meridiano
0° de longitude
Equador
0° de latitude
Equador
Toda criança sabe que quando no Brasil é dia, no Japão é noite e vice-versa. O Sol
ilumina todos os pontos da superfície da Terra, porém não ao mesmo tempo e nem com
a mesma intensidade. Para entendermos a convenção utilizada a respeito das horas do
dia, vamos considerar, durante o equinócio de primavera, dois pontos sobre a Linha do
Equador: a cidade de Macapá, Capital do Estado do Amapá (longitude aproximada:
51º O) e o monumento Quitsato no Equador (longitude aproximada: 70º). Agora é
meio-dia em Macapá. O Sol está a pino? Em Quitsato, que horas são e que horas marca
o relógio de Sol?
Antes de 1884, cada lugar escolhia a sua marcação de hora. A referência era o
meio-dia, no qual o Sol está mais alto no céu e algumas vezes exatamente sobre a
cabeça do observador.
Em 1883, a Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e País de Gales) adotou uma
única hora legal. Em 1884, apenas passado um ano, foi realizada a Conferência Inter-
nacional que padronizou o uso de um sistema internacional de fusos. São 24 faixas ou
fusos horários centrados nos meridianos das longitudes múltiplas de 15 graus a contar
do Meridiano de Greenwich. A lógica é muito simples: o Sol leva exatamente 24 horas
entre um nascer e outro seguinte (dia civil). Logo, ele percorre, em 24 horas, 360 graus
no céu, o que equivale a 15 graus a cada hora.
Porém, as linhas que separam os fusos horários não seguem exatamente os me-
ridianos, ajustam-se ao mapa político do planeta, como pode ser visto no mapa da
FIGURA 27.
(a) (b)
Figura 26 – Dois pontos sobre o Equador: (a) Estádio Zerão. A Linha do Equador corta o estádio ao meio. Fonte: http://
www.skyscrapercity.com/show thread.php?t=632344. (b) A Linha do Equador passa exatamente sobre o monumento “Reloj
del Sol Quitsato”. As palavras Quitsa e To são da língua Tsafiqui (etnia Tsáchilas da costa equatoriana), significam meta-
de e mundo, respectivamente. Fonte: http://www.quitsato.org/espanol
Figura 27 - Fusos horários GMT+3 a GMT+5. A cidade de Macapá e o monumento Reloj del Sol estão marcados por
alfinetes verde e azul, respectivamente. Marcado com a imagem do Sol está o ponto sobre a superfície da Terra, onde
o Sol nos equinócios estará no Zênite quando for meio-dia civil em toda a região verde escura. Marcado com um
círculo vermelho preenchido em azul claro a posição em que o Sol estará no Zênite de duas horas depois. A linha
tracejada laranja e azul marca o meridiano no qual se baseia a divisão dos fusos GMT+3 e GMT+5. Porém, são as
linhas vermelhas que fazem essa divisão. [Créditos do Autor]
A s e s ta ç õ e s d o a n o
Verão
Outono
Primavera
Inverno
Figura 29 – O eixo de rotação da
Terra mantém sempre a mesma dire-
40 Segundo o modelo de Safronov (1972). ção, a qual faz um ângulo de 23,7°
com a reta perpendicular ao plano
30 | Ciências Naturais e Matemática | UAB da eclíptica.
4.2. Estrutura da Te r r a
4 . 2 .1. I n t e r i o r
Como se pode saber a respeito dessas camadas geológicas? Diretamente, por meio
de perfuração; analisando o magma que sai dos vulcões; a gravidade em cada ponto e o
campo magnético também revelam a estrutura do interior da Terra e, principalmente,
por meio da sismologia, isto é, estudando os terremotos.
Desde 1970, tem-se perfurado um poço na península de Kola, no Ártico Russo.
Em 1984, o poço já tinha 12 quilômetros de profundidade. A temperatura que aumen-
ta entre 30 a 40 graus Celsius a cada quilômetro perfurado e a pressão das camadas de
terra, que força o buraco a se fechar, são algumas das dificuldades da perfuração, de
modo que não se espera alcançar profundidade superior a 15 quilômetros. A pesquisa
revelou a existência de água a uma profundidade considerada anteriormente impossí-
vel. Também foi encontrada uma zona anômala de rochas metamórficas desagregadas,
abaixo do basalto, que ocorre a 9000 metros (Kozlovskii, 1984). A perfuração de poços
deve auxiliar a interpretação dos dados sísmicos.
Os tremores de terra, que causam tanta destruição na superfície, dão uma ótima
imagem do interior da Terra. As ondas sísmicas, ao se propagarem, variam de veloci-
dade e de trajetória em função das características do meio em que trafegam. É possível,
assim, supor, com base nas leis da física, sobre o estado dessas estruturas internas. As
diferenças de pressão e temperatura impõem diferenças de rigidez e de composição
química, o que implica em dois critérios de classificação das camadas, segundo a ri-
gidez (também chamado modelo físico) ou segundo a composição (modelo químico),
como mostra a FIGURA 30. A crosta é a camada mais externa da Terra. Sua espessura
varia de 10 a 35 km, alcançando 65 km de espessura, nas regiões montanhosas.
Figura 30 – Dois modelos da estrutura de camadas da Terra: (a) Baseado na composição mate-
rial e (b) baseado na rigidez do material do interior da Terra.
4.2.2. A superfície da Te r r a
4 . 2 . 3. H i d r o s f e r a
A hidrosfera compreende toda a água da crosta terrestre, contida nos rios, lagos,
mares, águas subterrâneas e glaciais. A hipótese mais aceita da origem da água na
Terra é extraterrestre, tendo ocorrido em um período de constantes bombardeios de
cometas e asteróides ricos em água. Com uma massa aproximadamente de 1,38 x 1018
toneladas de oceanos e mares e 3,8 x 1016 toneladas de águas continentais, a hidrosfera
corresponde a cerca de 1/4400 da massa total da Terra.
Três são os oceanos do mundo. O Pacífico, o Atlântico e o Índico, com cerca de
189, 106 e 75 milhões de km², respectivamente. Os mares são porções desses oceanos
em parte contidas pelos continentes. O mais importante é o Mediterrâneo que banha
o sul da Europa, o Norte da África e o Oriente Médio.
Sobre os continentes correm rios, que formam as bacias hidrográficas definidas
como a região por onde correm um rio principal e seus afluentes. A água evapora de-
vido, principalmente, à energia solar. A atmosfera contém também grande parte da
água do planeta, a qual retorna à superfície na forma de chuvas, que irão formar os rios.
Esses últimos correm de altitudes maiores para menores, desaguando no mar, em lagos
ou outros rios que, finalmente, vão desaguar no mar. Esse ciclo, chamado hidrológico
ou da água é um pouco mais complexo, pois inclui as águas subterrâneas, as nevadas,
as geleiras, a transpiração das plantas e animais, etc.
O maior rio do mundo é o Rio Amazonas, em volume de água e em extensão
(6.992 km). O Rio Nilo é o segundo com 6.852 km de extensão. A Bacia Amazônica é
a maior do Mundo, assim como também a Floresta Amazônica é o maior ecossistema
do planeta.
Camadas da At m o s f e r a
Entre uma camada e outra, existem as “pausas”, camadas nas quais a temperatura
permanece constante antes da sua inversão.
A ideia de definir uma altitude, acima da qual está o espaço exterior, partiu de
Theodore Von Karman, físico húngaro-americano. Karman calculou que acima de 100
Km de altitude, o ar é tão rarefeito que não há como utilizar o efeito da diferença de
pressão sobre as superfícies das asas (como acontece com um avião) para manter a nave
em voo. A essa altitude a nave deve ter velocidade acima da sua velocidade orbital. A
linha Karman separa os espaços nacionais (aéreos) do espaço exterior (astronáutico).
É a pressão (força por unidade de área) exercida pelo ar contra uma superfície. A
pressão atmosférica é medida, por meio de um equipamento conhecido como barôme-
tro, geralmente em unidades de atmosferas (atm), milímetros de mercúrio (mmHg),
quilopascal (kPa) ou milibar (mbar). O valor medido sofre influência da temperatura
e da umidade do ar, dentre outras variáveis meteorológicas. Ao nível do mar, a pressão
atmosférica é aproximadamente 1 atmosfera, o que equivale a 101,325 kPa ou 760
mmHg. Para se ter uma ideia, 100 kPa é equivalente à pressão exercida por um qui-
lograma de matéria em um quadrado de 1 cm de lado. A pressão atmosférica diminui
exponencialmente com a altitude, como mostra o gráfico da FIGURA 33.
4 . 2 . 5. A i o n osfe r a e o c am po m ag n é ti co da Te r r a
Basta uma pequena agulha magnética para se perceber que o planeta se comporta
como um ímã, que tem o pólo sul magnético próximo do pólo norte geográfico e com o
pólo norte magnético próximo ao sul geográfico. A agulha da bússola por interagir com
o Campo Magnético Terrestre - ���������������������������������������������������
CMT - é utilizada desde a antiguidade para orienta-
ção. Não apenas o homem, mas também os animais, como vários pássaros migratórios,
por exemplo, orientam-se pelo CMT.
A teoria do dínamo auto-sustentável é a mais aceita sobre como é formado o
CMT. Correntes de convecção no núcleo externo, bastante turbulentas por estarem
associadas à diferença de velocidade de rotação do núcleo externo e interno, produzem
correntes elétricas e por consequência um campo magnético intenso.
A interação do vento solar com o campo magnético terrestre gera estruturas cha-
madas cinturões de Van Allen (FIGURA 34), assim denominadas em honra ao seu
descobridor. Consiste em regiões com partículas de alta energia capturadas pelo CMT,
situadas a uma altura de 3.000 e 22.000 km sobre o equador. Essas regiões são compri-
midas no lado voltado para o Sol e alongadas no lado oposto, devido ao fluxo do vento
solar. A região de ionização (ionosfera) situa-se entre os cinturões (magenta) e é preen-
chida por um plasma ‘frio’ originário da interação do vento solar com a atmosfera. As
linhas vermelhas mostram o caminho traçado pelos raios, tal como a emissão de ondas
de rádio saindo da ionosfera. A potência da radiação é tal, que os cinturões são evitados
pelas missões espaciais tripuladas, dado que poderiam aumentar o risco de câncer nos
astronautas e prejudicar gravemente os dispositivos eletrônicos.
As auroras boreais e austrais são fenômenos luminosos das noites polares. O vento
solar colide com átomos da alta atmosfera ionizando-os. O campo magnético terres-
tre canaliza as partículas ionizadas, para os pólos. Quando os íons se descarregam
emitem luz.
Aurora Boreal
A vida na Terra surgiu há cerca de 3,8 bilhões de anos. Por que no sistema solar
ela existe apenas na Terra? A base da vida são os átomos de Carbono, Hidrogênio, Oxi-
gênio e Nitrogênio. Todos os seres vivos têm moléculas com esses elementos químicos
formando proteínas. A energia solar além de permitir a existência de água líquida,
também fornece energia para os vegetais sintetizarem matéria orgânica. A temperatura
em nosso planeta também não é tão intensa que degrade as proteínas.
Os seres vivos dependem do meio ambiente e uns dos outros, inclusive o homem.
O termo Biosfera foi introduzido em 1875 pelo geólogo austríaco Eduard Suess, é o
conjunto de todos os ecossistemas do planeta. Inclui portanto parte da litosfera, da
atmosfera e da hidrosfera. Os seus limites vão dos fins das mais altas montanhas até às
profundezas das fossas abissais marinhas.
A grande dificuldade enfrentada hoje pelo homem é conciliar o desenvolvimento
tecnológico e o crescimento demográfico (hoje somos sete bilhões de humanos sobre a
Terra) com a finitude dos recursos naturais. Infelizmente, o avanço da ocupação huma-
na sobre os mais diversos ecossistemas, tem rompido o equilíbrio ecológico. A partir da
década de 1980 tem-se intensificado os esforços para minimizar a ação humana sobre
a biosfera terrestre.
A T e r r a é azul
Yuri Gagarin foi o primeiro ser humano a fazer um voo orbital. Nascido na loca-
lidade de Klushino43, região a oeste de Moscou, Rússia, parte da então União Soviéti-
ca, entrou para a escola de aviação militar de
Orenburg em 1955. Em 12 de abril de 1961,
Gagarin completou uma volta em órbita ao
redor do planeta. A missão que durou 118
minutos inaugurou a Era Espacial.
Lançada da base de foguetes de Baiko-
nur, Vostok I fez um voo totalmente automá-
tico. Após a reentrada na atmosfera, Gagarin
ejetou-se e desceu de paraquedas, como pla-
nejado. A 315 km de altitude, ao olhar pela
janela da nave, Gagarin constatou fascinado:
“A Terra é azul!”
Figura 35- Yuri Gagarin e a
cápsula em que efetuou sua ida Filhote do Filhote44
ao espaço. Jean/Paulo Garfunkel
4 . 3. A L u a
Lua, espada nua, boia no céu imensa e amarela
Tão redonda lua, como flutua
Vem navegando o azul do firmamento e no silêncio lento
Um trovador cheio de estrelas.
Luíza, Tom Jobim45
A Lua, com seu brilho prateado, tem exercido grande deslumbramento sobre o
homem. Apesar de ter sido o objeto de maior foco da exploração espacial em meados
do século passado, não perdeu esse fascínio: ainda hoje a Lua é dos poetas e dos na-
morados.
Na mitologia de todos os povos tem lugar privilegiado. Para alguns é esposa do
Sol, para outros sua irmã ou seu irmão.
Há muitos e muitos anos, em uma pequena aldeia da costa, viviam um homem e sua
mulher. Depois de um longo período, o casal teve dois filhos: um menino e uma menina. Os
irmãos se davam muito bem, para alegria dos pais. Um não se separava do outro. O tempo foi
passando e as crianças crescendo. Quando os dois irmãos se tornaram adultos, aconteceu algo
surpreendente: eles não paravam de brigar. Os pais dos jovens ficaram tristes e espantados.
Não conseguiam entender como os filhos, de uma hora para outra, tornaram-se inimigos.
Na verdade, quem se transformou foi o filho, que tinha inveja da beleza da irmã e por
isso vivia a perseguí-la. A menina, por sua vez, já estava cansada das implicâncias do irmão e
não sabia mais o que fazer para escapar de suas maldades.
Mas um dia ela teve uma ideia:
- Vou fugir para o céu. Só assim escaparei do meu irmão.
A menina então se transformou em Lua.
Quando o rapaz descobriu que a irmã tinha fugido, ficou muito triste e arrependido.
- Se ela foi para o céu, eu irei também. Não posso ficar sem a minha irmã.
E foi isso que aconteceu. O rapaz conseguiu ir para o céu, só que em forma de Sol, e não
parou de correr atrás da menina. Às vezes, ele a alcança e consegue abraçá-la, causando então
um eclipse lunar46.
Características físicas
Diâmetro equatorial 3.474,8 km
Área da superfície 3,793 x 10 7 km²
Volume 1,6×1010 km³
Massa 7,349 x 1022 kg
Densidade média 3,34 g/cm³
Gravidade equatorial 1,6 N/kg
A origem da Lua
A análise das amostras recolhidas pelas missões Apollo, mostrou ser a composição
da superfície lunar bastante semelhante à da Terra e diferente a de outros objetos side-
rais. Isto sugere que a Lua, ou o seu precursor, tenha tido origem na mesma distância
do Sol que a Terra. Tal fato refutou as teorias que sugeriam a Lua como um objeto
capturado pela força gravitacional da Terra. Se assim fosse, a Lua e a Terra teriam
distintas composições isotópicas47. Outra característica que deve ser considerada em
qualquer teoria que procure explicar a formação da Lua é o fato dela ter um pequeno
núcleo ferroso. Se a Lua tivesse sido criada por acresção, como a Terra, deveria ter um
núcleo metálico maior.
A teoria do Big Splash (grande colisão) postula que a Lua foi criada a partir da
colisão, com a Terra, de um planeta com aproximadamente o tamanho de Marte, co-
nhecido como Theia.
Segundo o matemático francês do século XVIII, Joseph-Louis de Lagrande, exis-
tiu, na formação do Sistema Solar, outros pontos de acresção de matéria, à mesma
distância do Sol. Foi em um desses pontos que se pensa que se formou outro planeta,
47 Um mesmo elemento químico pode ter átomos com diferentes números de nêutrons em seu núcleo. Esses núcleos são
chamados de isótopos desse elemento químico. A concentração de isótopos é uma característica da idade do material.
4 . 3. 3. M o v i m e n t o O r b i ta l da Lua
O período de tempo para que a Lua dê uma volta completa em torno da Terra em
relação às estrelas, é chamado de mês sideral (dura aproximadamente 27,3 dias). Difere
ligeiramente do mês sinódico ou lunação, que é o período de tempo entre duas luas
novas consecutivas. LANG DA SILVEIRA (2001) apresenta, para o período entre
1984 e 2006, a duração média de 29,5 dias,
variando entre 29,26 e 29,80 dias.
O período sinódico da Lua é um pouco
maior que o período sideral (2,25 dias maior)
27,32 d
porque a Terra se desloca aproximadamente 1
~27° a grau a cada dia com relação ao Sol, de modo
ov
a N que nos 27,32 dias em que a Lua faz uma volta
Lu
completa em relação às estrelas, aparentemen-
te o Sol se desloca aproximadamente 27°. Por-
~27°
Lua Nova tanto, são necessários mais 2 dias para a Lua
se colocar novamente na posição em relação ao
Sol, que define a fase. A cada dia, a Lua nasce
aproximadamente 50 minutos depois do que
no dia anterior.
Figura 38 – Mês Sinódico e Sideral. (Crédito do autor)
A s fa s e s d a Lua
O albedo48 da Lua é relativamente baixo, isto é, apenas 12% da Luz do Sol que
incide sobre sua superfície é refletida, mesmo assim, devido sua proximidade, é um
“farol” nas noites de Lua Cheia.
A Lua apresenta fases: Nova, Crescente, Cheia e Minguante. Ela, assim como a
Terra, está sempre semi-iluminada pelo Sol (com exceção dos eclipses). Porém, nem
sempre a face iluminada está voltada completamente para a Terra. Quando isso acon-
tece, da face iluminada estar completamente visível, temos Lua Cheia. Ao contrário,
quando a face iluminada é a face oculta da Lua, temos Lua Nova, nos períodos in-
termediários temos Quarto Crescente e Quarto Minguante, assim chamados porque
vemos apenas um quarto da superfície lunar. A Lua Cheia é visível do anoitecer até ao
amanhecer. Já a Lua crescente é visível desde o começo da tarde, quando nasce, até o
meio da noite, quando se põe. A Lua minguante nasce no meio da noite e se põe no
final da manhã. A Lua Nova está no céu durante o dia, nascendo e se pondo aproxi-
madamente junto com o Sol.
Lua Azul: Quando em um mesmo mês ocorrerem duas Luas Cheias, o que acon-
tece a cada 2,7 anos, a segunda Lua Cheia chama-se Lua Azul.
Crescente
E c l i p s e s
A palavra eclipsar é sinônimo de ocultar. Quando os três astros (Sol, Terra e Lua)
estão alinhados, pode ocorrer de a Lua fazer sombra sobre a Terra, encobrindo a visão
do Sol ou a Terra fazer sombra sobre a Lua. Isso nem sempre ocorre, pois o plano de
translação da Lua em torno da Terra possui um ângulo de 5º com relação ao plano
da eclíptica. Esses planos, no entanto, se cruzam. A reta de intersecção destes planos
é chamada de linha dos nodos. Quando essa reta coincide com a linha que liga o Sol
e a Terra, teremos um eclipse. Isso ocorre duas vezes no ano. Na Figura 41, isso está
ocorrendo durante os equinócios, isto é, ocorrerão eclipses durante a primavera e o
outono. Isso muda a cada ano. Em cada uma dessas posições deve ocorrer, no mínimo,
um eclipse solar. Ao ano serão, no mínimo, quatro eclipses e no máximo sete.
Se o plano da órbita lunar fosse fixo, os eclipses ocorreriam sempre na mesma
época do ano. A figura 41 ilustra a ocorrência durante os equinócios. Por influência
gravitacional do Sol, o plano da órbita da Lua gira com período de cerca de 18 anos,
11 dias e 8 horas. Esse é o Período de Saros e o fenômeno é conhecido como regressão
dos nodos.
Alinhamento
dos Solstícios Cheia
Órbita da
Linha dos Terra
nodos
Nova
Cheia
Figura 41 – O plano
Sol da órbita lunar
não coincide com
Nova Linha dos o da órbita terres-
tre. Se coincidisse
nodos
Linha dos
nodos
todo mês teríamos
Nova dois eclipses: um
Nova
da Lua e outro do
Sol. Apenas quando
Cheia estão alinhados
Sol, Terra e Lua (na
Cheia Linha dos figura esse alinha-
nodos mento ocorre nos
Alinhamento dos equinócios), podem
equinócios (nodos)
ocorrem eclipses.
E c l i p s e S o l a r
(a)
Umbra
Posições de
Observação
(b) Total
Penumbra Anular
Parcial
Não Visível
(c)
Umbra
Cu i dados n a o bs e r va ç ã o d o s e sc l i p s e s s o l a r e s
Em geral, é muito difícil observar o Sol a olho nú. Sua luminosidade intensa nos
faz instintivamente evitar uma focalização direta. Porém, quando ocorre o eclipse, há
uma redução ou mesmo quase extinção da luz visível, fazendo a pupila dilatar-se, dei-
xando mais luz chegar à retina. Como a luminosidade é baixa, não se sente desconforto
em observar o Sol durante um eclipse. Isso não quer dizer que cessem as emissões.
Ao contrário, a coroa solar emite grande quantidade de radiação ultravioleta que fere
a retina, podendo até queimá-la. Há diversos casos registrados de cegueira durante a
observação de eclipses a olho desarmado.
A melhor forma para observar um eclipse parcial é a sua projeção com uma câ-
mara escura. Para a observação direta, o instrumento adequado são filtros especial-
mente confeccionados para tal uso. Muito semelhantes ao filtro de soldador. O uso de
qualquer outro instrumento, como vidro esfumaçado ou chapas de raios-X dobradas,
é inadequado. Não há como garantir que não haja algum ponto não esfumaçado no
vidro ou não completamente velado na chapa de raios-X. Cuidado especial tem que se
ter com crianças que, naturalmente, ainda não compreendem os riscos da observação
direta de um eclipse.
Mesmo com equipamento adequado, uma regra de bom senso é limitar o tempo
de observação a, no máximo, vinte segundos por vez, com pausas não inferiores a trinta
segundos entre as observações.
E c l i p s e s : M e d o s e mitos.
M a r é s
Segundo o Aurélio, Maré é o “movimento periódico das águas do mar, pelo qual
elas se elevam ou se abaixam em relação a uma referência fixa no solo. É produzido pela
ação conjunta da Lua e do Sol, e, em muito menor escala, dos planetas; a sua amplitude
varia para cada ponto da superfície terrestre, e as horas de máximo (preamar) e mínimo
(baixa-mar) dependem fundamentalmente das posições daqueles astros”.
Que “ação conjunta” é essa que trata o dicionário? São as forças gravitacionais do
Sol e, principalmente, da Lua sobre a Terra. A explicação das marés foi um dos gran-
des triunfos da Teoria da Gravitação Universal. Quem explicou as marés foi o próprio
A c o p l a m e n t o de Maré e o l a d o o c u lt o d a Lua
A Lua possui a crosta com espessura média de 69 km, manto sólido e, possivel-
mente, núcleo de ferro pouco significativo. O centro de massa da Lua está cerca de
2 km mais próximo da Terra que o seu centro geométrico (possivelmente devido ao
acoplamento de maré).
A Lua é cheia de crateras, formadas pela colisão de meteoros. A maior parte da
superfície é coberta de regolito, uma mistura de pó fino e resíduos rochosos produzidos
por esses impactos. A superfície lunar apresenta áreas claras e escuras. As áreas claras,
terrae, são planaltos bastante antigos (4 a 4,3 bilhões de anos) e densamente crateri-
zados com altitude entre 4 e 5 km acima do nível médio. As áreas escuras, maria ou
mare (mar)50, são planícies relativamente suaves e mais jovens (3,1 a 3,8 bilhões de anos) e
correspondem a cerca de 16% da superfície lunar. São áreas baixas, aproximadamente 2 km
abaixo do nível médio, formadas do derremamento de lava após a colisão de grandes meteoros.
É ainda um mistério, porque um maior número de maria está localizado no lado visível, sendo
o lado oculto mais exposto. A FIGURA 45 é uma fotografia do lado visível da Lua. O Mar
de Tranquilidade foi onde os primeiros astronautas pousaram. O maior de todos os Mares é o
das Chuvas, com 1.100 km de diâmetro.
50 Secas, apesar do nome.
Latim Português
MARE FRIGORIS MARE SERENITATIS
Mare / Oceanus Mar / Oceanos
Plato
Tranquillitatis Tranquilidade MARE
MARE TRANQUILLITATIS
Crisium Tormentas IMBRIUM MARE
Foecunditatis Fecundidade CRISIUM
Copernicus
Nectaris Nectar
Vaporum Vapores
Nubium Nuvens
Procellarum Tormentas
OCEANUS
Imbrium Chuvas PROCELLARUM
Frigorius Nuvens
MARE
FOECUNDITATIS
MARE MARE
HUMORUM NECTARIS
Figura 45 - Estão marcadas MARE NUBIUM MARE
três crateras: Tycho, Tycho VAPORUM
Copernicus e Plato.
UR SS
USA
Essas foram as palavras proferidas por John F. Kennedy, em 1961. Desafio al-
cançado por Neil Armstrong em 20 de Julho de 1969. Para Kennedy, a importância
da corrida espacial era muito mais política que científica. No entanto, assim como nas
missões soviéticas, grandes foram os resultados científicos das missões americanas.
A agência espacial dos EUA, a NASA, responsável por coordenar todo o esforço
estadunidense de exploração espacial foi criada em julho de 1958. O primeiro projeto
foi o Mercury, cuja importância foi testar as condições dos astronautas e do equipa-
mento. Seguiu-se o Projeto Gemini e, finalmente, o Projeto Apollo. Veja na plataforma
fatos marcantes de algumas das missões Apollo, que culminaram com a ida do homem
à Lua.
51 Na plataforma está um arquivo de áudio com esse trecho do discurso original: "I believe this nation should commit
itself to achieving the goal, before this decade is out, of landing a man on the moon and returning safely to Earth."
52 O termo é uma abreviatura das palavras em inglês: transmissor e receptor. Transponder é um dispositivo de comunicação
sem fio de controle e monitoramento, que responde automaticamente aos sinais recebidos.
(b)
(c)
(d)
Figura 47 – (a) O Foguete Saturno V na platafor- (e)
ma de lançamento. (b) Aldrin ao lado do Módulo.
(c) A pegada eternizada na superfície lunar. (d)
Neil Armstrong, comandante da missão; Michael
Collins, piloto do MC e Edwin Aldrin, piloto do ML e (e) Concepção artística da
reentrada do MC na atmosfera terrestre.
Fonte: NASA - http://www.nasa.gov/mission_pages/apollo/index.html
F i m da C o r r i d a E s pa c i a l
4 . 4 . S at é l i t e s A r t i f i c i a i s
5.1. M e r c ú r i o
D e difícil observação e exploração devido a sua proximidade com o Sol, Mercúrio mantém-se
ainda em mistérios. Visto da Terra, alcança a máxima distância angular do Sol de apenas
28 graus. Por isso, só pode ser visto logo antes do nascer do Sol ou imediatamente após o pôr-do-Sol 54.
Com uma distância média do Sol de 57.910.000 km e raio equatorial de 2.439,7 km, Mercúrio é o
mais próximo do Sol e o menor dos planetas. É um planeta sem satélite. Sua atmosfera é composta prin-
cipalmente de hélio (42%), sódio (42%), oxigênio (15%). Potássio e outros elementos químicos chegam a
1% de concentração. A temperatura máxima à superfície alcança 427 ºC (lado exposto ao Sol) e a mínima
chega a -173 ºC (lado escuro).
A E x p l o r a ç ã o de Mercúrio
A primeira observação por meio de um telescópio foi realizada pelo próprio Galileu Galilei, em 1610.
Durante a década de 1880, Giovanni Schiaparelli concluiu que Mercúrio deveria estar “preso” ao Sol de
modo a acompanhar o seu movimento, mostrando a este sempre a mesma face. Esta crença durou até 1962,
quando radio-astrônomos estudando as emissões de rádio de Mercúrio, concluíram que o lado escuro é
quente demais para estar preso. Deveria ser muito mais frio que o observado se estivesse sempre virado para
o lado oposto ao Sol. Acredita-se que o período de rotação de Mercúrio já foi de 8 horas. Porém, a intensa
influência da gravidade solar fez com que Mercúrio fosse diminuindo sua velocidade de rotação. A relação,
hoje, entre os períodos de rotação e orbital é 3 para 2 (87,97 dias por 56,64 dias, respectivamente). Isto é,
Mercúrio roda três vezes para cada duas voltas que dá em torno do Sol.
54 Uma bonita fotografia da conjunção da Lua e de Mercúrio no dia 03/04/2003 pode ser obtida no sítio Pátio da Astronomia, do astrônomo amador
Luís Carreira (fotografada com uma câmera Canon G1 em Capuchos – Leiria – Portugal). Para ver, acesse: http://www.astrosurf.com/carreira/obs2003_04.
html. Você também poderá encontrar neste mesmo sítio, fotos do trânsito de Mercúrio (quando este passa na frente do Sol e é visto como um ponto negro).
(b)
5. 2 . V ê n u s
A estrela d’alva. No céu desponta.
E a lua anda tonta. Com tamanho esplendor.
“Pastorinhas” de Noel Rosa
De fácil observação é, em certas épocas do ano, o mais brilhante astro do céu, de-
pois do Sol e da Lua, evidentemente. Há ocasiões em que Vênus é a primeira “estrela”
a aparecer no céu vespertino e, há outras, em que é a última a desaparecer no céu ma-
55 No topo da atmosfera terrestre, chegam 1367 Joules por segundo por metro quadrado, o que equivale a metade do que
chega no topo da atmosfera venusiana.
Superfície
A densa atmosfera de Vênus faz com que a grande maioria dos meteoritos se de-
sintegre rapidamente na sua descida à superfície. Apenas os maiores, quando têm ener-
gia cinética suficiente, podem chegar à superfície, originando crateras com diâmetro
não inferior a 3,2 quilômetros. Por essa razão, sua superfície apresenta poucas crateras.
Sobre uma grande planície, elevam-se duas mesetas principais em forma de con-
tinentes: ao Norte, a meseta Ishtar Terra contêm os Montes Maxwell56 , a maior mon-
tanha de Vênus (aproximadamente dois quilômetros mais alta que o Monte Everest),
Ishtar Terra tem o tamanho aproximado da Austrália. No hemisfério Sul se encontra
Aphrodite Terra, maior que Ishtar e com o tamanho equivalente ao da América do Sul.
Entre estas mesetas existem algumas depressões do terreno, que incluem Atalanta Pla-
nitia, Guinevere Planitia e Lavinia Planitia.
H i s t ó r i a da O bs e r va ç ã o de Vê n u s
Terra
O M i s t e r i o s o s at é l i t e d e Vê n u s
Hoje sabemos que Vênus não possui nenhum satélite, no entanto, importantes
astrônomos, nos quatro últimos séculos, registraram a presença de um astro, aparente-
mente próximo de Vênus, que julgaram ser um satélite deste planeta.
P l a n e ta V e r m e l h o
O M o v i m e n t o R e t r ó g r a d o de Marte
(a)
(b)
Figura 57 – Posições Aparentes de Marte. (a) Em vermelho, sete posições de Marte em sua órbita. Em azul,
as sete posições da Terra correspondentes. Em preto, como vemos, a partir da Terra, o movimento de Marte
projetado na abóbada celeste. A partir da posição aparente (3), Marte parece retornar, para depois seguir em
frente a partir da posição (5).(b) Esquema das trajetórias com o movimento retrógrado.
Deimos
M a r t e tem duas luas
D ois dos quatro gigantes gasosos já eram conhecidos desde a antiguidade (Júpiter e Satur-
no). Os outros dois foram descobertos no século XVIII (Urano) e XIX (Netuno). Porém,
a partir da década de 1970, nosso conhecimento sobre esses planetas e seus satélites foi ampliado signifi-
cativamente a partir das informações colhidas pelo telescópio Huble e, particularmente, pelas sondas es-
paciais que visitaram essa região do Sistema Solar. Confirmaram-se ou descobriu-se novas características
comuns, tais como composição e estrutura, clima, novos satélites e a presença de anéis.
6 .1. J ú p t e r
E s t r u t u r a de Júpiter
Núcleo
Rochoso
Gelo
fundido
Hidrogênio
metálico
líquido
Gases de
hidrogênio
e hélio (a) (b) (c)
Figura 60 - (a) Estrutura interna, (b) Júpiter fotografado pela sonda Cassini-Huygens. (c) Fotografia obtida
pela Voyager 1, enquanto estava a uma distância de mais de 40 milhões de quilômetros.
A atmosfera joviana tem uma espessura de apenas 100 km. As cores das nuvens
resultam das diferentes temperaturas e consequente profundidade: castanhas são mais
quentes e mais profundas; vermelhas, mais altas e frias e as brancas têm temperaturas
intermediárias. Sabe-se que nuvens frias são mais profundas, mas não se sabe qual
a natureza do corante. Abaixo da atmosfera, aumentam a temperatura e a pressão.
P a n o r â m i c a das M i ss õ e s N o r t e -A m e r i c a n a s a
Júpiter
Galileanos
• IO
• E u r o pa
• G a n i m e d e s
Figura 63 – As maiores
luas de Júpiter. [NASA]
64 | Ciências Naturais e Matemática | UAB
G r u p o A m a lt e i a
Grupo Himalia
6. 2 . S at u r n o
... os pacotes de compras, os lenços com pequenas economias,
aonde vão parar todos esses objetos heteróclitos e tristes?
Não sabes? Vão parar nos anéis de Saturno, são eles que formam,
eternamente girando, os estranhos anéis desse planeta misterioso e amigo.
Objetos Perdidos - Mario Quintana
Do que são feitos os anéis de Saturno? As sondas espaciais descobriram que ape-
sar de, vistos da Terra, parecerem contínuos, os anéis de Saturno são formados por
milhares de partículas de diferentes tamanhos, variando de centímetros a
vários metros.
Dos planetas conhecidos desde os tempos pré-históricos, Satur-
no é o mais distante. É o segundo maior do Sistema Solar (diâme-
tro igual a 84% do de Júpiter). Porém, apesar de seu diâmetro ser
menor que o de Júpiter e raio orbital quase duas vezes
A t m o s f e r a
E s t r u t u r a
Sistema de Anéis
Com espessura não superior a 200 metros, a largura total do sistema alcança 360
mil quilômetros. A composição dos anéis é praticamente de água congelada. Em nú-
mero menor encontram-se partículas formadas de rocha, recobertas por gelo. A origem
dos anéis é ainda desconhecida. A teoria mais aceita propõe a sua formação a partir do
material residual do impacto de cometas e meteoróides sobre satélites do planeta. Os
anéis mais brilhantes são chamados A e B e estão separados pela Divisão de Cassini,
descoberta por Giovani Cassini, em 1675. Os anéis A e B e um anel mais fraco C, po-
dem ser vistos com telescópio da Terra. Em 1837, Johann Encke descobriu uma peque-
na divisão no anel A, batizada posteriormente com seu nome. O anel F é constituído de
dois anéis implexos. Estreitos e brilhantes, possuem pontos nodais visíveis. Supõe-se
que os nós possam ser aglomerados de matéria, ou pequenas luas.
Estrutura de anéis identificados pelas sondas:
D
C
B
A
F
G
Anel E não
aparece nesta
imagem
Figura 66 - Imagem real dos anéis de Saturno obtida pela Voyager 2. As diferenças
de tonalidade foram digitalmente exageradas. Variações de cor indicam ligeiras
diferenças na composição química.
A primeira lua conhecida de Saturno foi Titan, descoberta por Huygens em 1655.
Com as sondas, hoje são 53 luas com nomes oficiais. Há outros satélites não confirma-
dos (aproximadamente 7), encontrados por sondas como Voyager e Cassini e pelo teles-
cópio espacial Hubble. É o segundo em número de satélites naturais, perdendo apenas
para Júpiter. Os nomes dos satélites de Saturno têm origem no mito grego de Kronos
(e@d). Com tantos satélites, há uma diversidade de tipos e comportamentos: Saturno
possui satélites que se formaram junto com o planeta e satélites que foram capturados
posteriormente à sua formação; satélites em condição co-orbital; uns possuem órbitas
regulares, outros não; esféricos ou com forma irregular. Alguns satélites são chamados
de pastores porque limitam a extensão dos anéis. Assim como pastores de ovelhas que
impedem que os animais ultrapassem uma determinada linha, os satélites limitam o
material dos anéis a determinadas faixas. A complexa estrutura dos anéis resulta em
parte dos efeitos gravitacionais desses satélites. Vamos descrever alguns desses satélites.
• T i ta n
A maior lua de Saturno, Titan (5.150 km de diâmetro) é o único satélite do
Sistema Solar que possui uma atmosfera densa (10 vezes mais densa que a da
Terra). Acredita-se que o estudo de Titan pode nos trazer luz sobre a origem da
vida, pois sua atmosfera é rica em matéria orgânica (compostos carbônicos). Pos-
sui uma geologia complexa, apresentando tectônica de placas, erosão, ventos e,
quem sabe, vulcanismo. A sonda Cassini executou 45 voos orbitais sobre Titan
em julho de 2009 (a foto ao lado foi obtida neste período).
• R h e a
Segunda maior Lua de Saturno, porém seu diâmetro (1.528 km) é um terço
do diâmetro de Titan.
• H i p e r i o n
É o maior objeto irregular conhecido no Sistema Solar (410 x 260 x 220 km).
Provavelmente é o resultado de um impacto que destruiu uma lua maior. Possui uma
órbita fortemente excêntrica e uma rotação caótica. A sonda Cassini mostrou detalhes
de sua superfície que parece uma grande esponja, por ter um número muito grande de
crateras profundas.
• J a p e t o e F e b e
Febe e Japeto são as duas únicas luas que orbitam fora do plano do equador de
Saturno. Japeto possui uma face com alta refletividade e outra completamente escura,
por isso é chamado de satélite yin/yang. Japeto foi descoberto por Giovanni Cassini,
em 1671 e Febe foi descoberto por William Pickering, em 1898. O raio orbital de Febe
é quase 13 milhões de quilômetros, aproximadamente quatro vezes o do seu vizinho
mais próximo, Japeto (aproximadamente 3,6 milhões de quilômetros de Saturno).
• Janus e Epimeteu
São dois satélites quase co-orbitais, isto é, ocupam quase a mesma órbita. Acredi-
ta-se que devem ter se originado a partir da quebra de uma única lua, fato que deve ter
ocorrido no início da formação do Sistema Solar, pois ambos os satélites têm grande
número de crateras em sua superfície.
Os dois satélites têm um período orbital de aproximadamente 17 horas. Janus e
Epimeteu são o quinto e sexto satélites em distância de Saturno, com uma diferença
de raio orbital de 50 km (151.500 e 151.550 km, respectivamente). Das leis de Kepler
deduz-se que Epimeteu tem um período orbital ligeiramente maior, de modo que, a
cada quatro anos, os dois se aproximem estando na mesma direção radial do planeta. A
próxima aproximação ocorrerá em 2010. A interação gravitacional entre eles e o Plane-
ta Júpiter fará com que os dois satélites mudem de posição, ficando Janus mais distante
que Prometeu a partir dessa data. Prometeu irá se aproximar 80 km de Júpiter e Janus
se afastará 20 km, mantendo a diferença de raio orbital de 50 km. A órbita de Janus
muda apenas um quarto da de Prometeu, porque Janus é quatro vezes mais massivo
que Prometeu.
• M e t o n e , Pa l l e n e e A n t h e
São três minúsculos satélites situados entre Mimas e Enceladus. Possuem 3 km, 4
km e 2 km de diâmetro, respectivamente. Acredita-se que podem ter surgido a partir
de Mimas (a interação gravitacional deste sobre eles, causa fortes irregularidades em
suas órbitas).
• C a ly p s o , T e l e s t o t r o i a n o s d e T é t i s . H e l e n e , P o l i d e u c e s t r o i a n o s d e
Dione
Calypso e Telesto são troianos de Tétis. Assim como Hele e Polideuces são troia-
nos de Dione. Troianos são satélites que compartilham da mesma órbita da lua maior,
60 graus à frente ou seguindo a lua maior também a 60 graus. Esses pontos são cha-
mados de Lagrangeanos (L4). Tétis e Dione são luas pequenas, 1.066 e 1.123 km de
diâmetro, respectivamente, porém bem maiores que seus troianos. Telesto está a 60
graus à frente e Calypso está a 60 graus seguindo Tétis. Helene está à frente e Polideu-
ces segue Dione. Tétis é uma lua esférica pequena, descoberta por Cassini, em 1684.
Dione tem a característica de estar distante de Saturno, tão distante quanto a nossa
Lua está da Terra.
6 . 3. U r a n o
E s t r u t u r a I n t e r n a
A n é i s de Urano gelo
fundido
Figura 72 – Cinco Luas de Urano – Da esquerda para a direita e de cima para baixo. Fotografias
obtidas pela Voyager 2 (data da fotografia): Miranda (30/10/1998), Ariel (05/12/1998), Umbriel
(31/01/1996), Titânia (29/01/1996), e Oberon (13/10/1998).
Créditos: NASA.
6.4. Netuno
S at é l i t e s de Netuno
A n é i s de Netuno
E m 24 de agosto do ano de 2006, Plutão foi condenado por falsidade ideológica. Dizia-se plane-
ta, mas não o era. Nunca fora. Era apenas um planeta-anão disfarçado de Deus Grego. Dizem
que já vendeu sua história para Hollywood. De 1930, quando foi descoberto pelo astrônomo norte ame-
ricano Clyde Tombaugh, até 2006, data da reunião da União Astronômica Internacional, que o rebaixou,
será interpretado por Schwartzneger. Na segunda fase do filme, a partir da queda de categoria até os dias
de hoje, será interpretado por Devito. É um excêntrico. Um planeta pequeno, porém com grande talento
quando se trata de perturbar seus vizinhos: Urano e Netuno. É pequeno, mas não é dois: são quatro. Seu
companheiro inseparável, Caronte, que já foi seu único satélite, reivindica ser tratado como igual. Sem
problemas, descobriu-se que Plutão tem dois outros satélites. Com tanto carisma, será que realmente Plu-
tão nunca foi um planeta?
o
r
rn
te
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pi
Sa
Jú
nu o
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Vê úri
un
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Planetas Anões
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M
7.1. P l u tã o