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1ª Avaliação de Teoria Geral do Processo


Professor Igor Monteiro

Faculdade Serra Dourada – Altamira

Disciplina Teoria Geral do Processo

Orientações para a prova:

1) A avaliação é individual;
2) Deve ser entregue na sexta-feira, dia 08/05/2020, até às 23:59 do horário local de Altamira/PA;
3) A entrega ocorrerá somente por meio do Google Formulários
(https://forms.gle/3k7Ju9HgyKW7NM2A8);
4) Tem valor de 50 pontos, sendo os demais 50 pontos oriundos de trabalhos realizados no decorrer do
período letivo e já entregues;
5) Toda citação a trabalhos acadêmicos ou jurisprudência deve vir acompanhada de fonte. A resposta
que contenha plágio ou citação sem referência à fonte, bem como respostas idênticas a respostas de
outros alunos será desconsiderada e terá valor igual a zero;
6) A questão a seguir deve ser respondida em forma de texto dissertativo, de modo que o aluno seja
capaz de expor sua opinião acerca do tema cobrado e utilize os meios que achar necessário para
fundamentar sua resposta, seja por meio de fundamentação legal, doutrinária ou jurisprudencial;
7) As respostas não devem ultrapassar 8 mil caracteres ou aproximadamente 90 linhas (o próprio
sistema limitará a resposta, você não precisa contar os caracteres);
8) A avaliação só contabiliza como enviada após clicar no botão "Enviar", de modo que você pode abrir o
link quantas vezes achar necessário até o envio definitivo. Não será possível enviar mais de uma vez a
mesma prova.

Boa prova!

___________________________________________________________________________________

O texto a seguir tem o condão de introduzir temas e discussões sobre direitos processuais e não
deve ser entendido como orientação de resposta das questões da prova, nem mesmo opinião a ser
seguida.
A RESPOSTA DEVE SER ENVIADA NO LINK ACIMA (GOOGLE FORMULÁRIOS), COM A DEVIDA
IDENTIFICAÇÃO DO ALUNO. NÃO ENVIE POR WHATSAPP OU EMAIL, POIS NÃO SERÁ RECEBIDA.

Efetividade dos processos: uma paranoia delirante: Efetividade dos processos nada tem a
ver com condenação ou prisão, mas com sua condução com respeito ao devido processo
legal e aos direitos fundamentais
Por José Henrique Rodrigues Torres, juiz de direito, titular da Vara do Júri de Campinas, membro da AJD
e ex-presidente de seu Conselho Executivo.

Fonte: http://www.justificando.com/2019/03/13/efetividade-dos-processos-uma-paranoia-delirante/

Trancado em sua casa, impedido de participar dos julgamentos, o juiz Filoclêon bradou: “Vocês
não vão mesmo me deixar julgar? Dracôntidas será absolvido!”. Esse juiz não era apenas viciado
em julgamentos, mas, sobretudo, em condenações, que, para ele, representavam a efetividade dos
processos: “O Deus de Delfos respondeu-me que eu morreria no momento em que um acusado
escapasse de minhas mãos”. [1]

Como cantaria Cassia Eller: uma paranoia delirante! [2]

Mas, atualmente, está muito difícil não nos lembrarmos dessa peça, encenada há quase 2.500 anos,
nos umbrais da “democracia” ateniense. Juízes “FiloMoros”, inspirados no Major Vidigal [3],
concentram em suas mãos, impunimente, as tarefas de investigar, acusar, condenar e executar as
suas próprias decisões. Para “salvar a sociedade”, e, obviamente, condenar os acusados, que,
obviamente, são culpados, porque, obviamente, foram acusados, o que importa é “a doutrina das
opiniões prováveis”, não mais as provas produzidas sob o arnês do devido processo legal, do
contraditório e da ampla defesa. Esmeralda, que não matou Phoebus, seria hoje também
condenada, também sem provas, não pelo homicídio, mas, pela impertinência de ser cigana,
mulher, livre e indomável.

Provas, ora provas! Não mais interessa o sistema probatório, nem o contraditório, nem as demais
garantias constitucionais, pois, essa guerra declarada contra inimigos prováveis, bem definidos e
elegidos, deve ser vencida a qualquer custo, “exemplarmente”, ainda que seja com as armas da
persuasão retórica e com indícios inverossímeis da verossimilhança, em homenagem à espectral
ideia imagética do “interesse público”. Machado já nos alertou: não importa se é ou não fake news
a carta endereçada a Felix, denunciando a infidelidade de sua noiva Livia [4], porque o que
realmente importa é despertar a desconfiança sobre o inimigo a ser eliminado, excluído, subjugado.

E, para que seja garantida a obediência dos subalternizados, pela força, pela ignorância, pelo
engano e pela alienação, Julien seria hoje também condenado e preso, mesmo antes de ser
condenado, não pelo crime que cometeu, mas, pelo ousio de romper com os grilhões da
desigualdade, do preconceito e da pobreza, pela “audácia de imiscuir-se naquilo que o orgulho da
gente rica chama de sociedade”. [5]

Enfim, a ideia falsa de neutralidade e equidistância, que cega, para impedir a visão de um mundo
repleto de contradições, continuará condenando milhares de “vendedores de verduras”,
implacavelmente, porque, submersos no espanto e subjugados diante das ideológicas formalidades
do poder, como conta Anatole France, ficarão calados, não para exercer o seu direito constitucional
ao silêncio, mas, sim, por temer os seus juízes, como diante dos carrascos que no seu pescoço
apertam a frouxidão do laço [6].

É por isso que ainda ressoa, estridente e incômoda, nas esquinas e nos blocos carnavalescos, a
resposta de Nekhliúdov, quando perguntado, no curso de um julgamento em que atuava como
jurado, qual seria o sentido da justiça: “A manutenção dos interesses de classe. O Tribunal é apenas
um instrumento administrativo para a manutenção do estado de coisas vigente, vantajoso para a
nossa classe”. [7]

Daí, o delírio: é preciso selecionar, culpar e prender, mesmo antes de condenar. Até Freud explica:
“Os grupos homogêneos, para sobreviver, para manter a coesão interna, precisam eliminar os
heterogêneos” [8]. E, como observa Humberto de Campos, “quando a justiça quer, os cestos sobem
os rios, os peixes cantam nas árvores e os pássaros fazem ninho no fundo do mar” [9].

Não importa, portanto, ouvir a advertência feita por Vieira, há séculos: “Vede um homem desses
que andam perseguidos de pleitos, ou acusados de crimes, e olhai quantos o estão comendo: come-
o o Meirinho, o Carcereiro, o Escrivão, o Solicitador, o Advogado, o Inquisidor, a Testemunha e
o Julgador. Ainda não está sentenciado e já está comido. São piores os homens que os corvos. O
triste que foi à forca, não o comem os corvos senão depois de executado e morto; e o que anda em
juízo, ainda não está executado nem sentenciado, e já está comido”! [10]

É assim que a íntima paixão punitivista que empolga os Filocleones contemporâneos segue
alimentando a ideia irracional de que a efetividade da justiça criminal deve ser garantida com
condenações e, especialmente, com prisões antecipadas, para que o banquete seja farto e os
acusados, comidos, antes do trânsito em julgado, antes do processamento dos recursos legais, antes
mesmo das condenações.

Como títeres de Mefistófeles, os autoproclamados “defensores da sociedade”, intocáveis super-


heróis da Justiça sem fronteiras, montados em cavalos que só falam inglês, proclamam, em cadeia
midiática nacional: “eu sou uma parte daquela parte do todo que quer fazer o mal, mas cria o bem”
[11]. E, assim, superando o ficcional Major Vidigal e incorporando, também, a função legislativa,
apresentam propostas para combater a criminalidade que fariam corar a Fausto e Riobaldo, como
esta, paradigmática: para garantir efetividade ao Júri, o acusado deve ser imediatamente preso, se
condenado pelos jurados, ou seja, para “fazer o bem”, é preciso “fazer o mal” e violar dogmas e
garantias constitucionais, neutralizar direitos, conspurcar o princípio da presunção de inocência e
romper com a luta e a ação social dos movimentos históricos que consolidaram o sistema de
garantias dos direitos humanos.

Mas, isso é inadmissível, inclusive sob o prisma dos princípios éticos constitucionais e
convencionais. Sem que exista qualquer motivo para a decretação da prisão cautelar [12], não é
possível antecipar o cumprimento da pena, pois, todos os acusados têm direito à presunção de
inocência [13], ao devido processo legal e a um recurso eficaz [14]. Contra qualquer decisão de
primeiro grau, proferida por órgão monocrático ou colegiado, há de existir a possibilidade legal de
um recurso com o mais amplo espectro impugnativo, hábil para devolver à instância superior a
cognição de todas as questões referentes à causa, ou seja, os fatos, o direito aplicável e os meios
de prova substanciais, impedindo a imediata execução da decisão condenatória [15]. É por isso
que as decisões do Júri não são definitivas e suportam recurso, com efeito suspensivo, que permite,
inclusive, o reexame das provas [16].

É verdade que o Júri é soberano, mas isso não implica a negação ou exclusão das garantias
constitucionais e convencionais. A soberania do Júri é uma garantia fundamental dos acusados e
não pode ser invocada contra eles. Aliás, o STF já decidiu que a soberania do Júri “ostenta valor
meramente relativo”, “não se reveste de intangibilidade jurídico-processual” e “não confere a esse
Tribunal um poder incontrastável e ilimitado” [17].

E não é invocável, senão de forma falaciosa, o julgamento do HC/STF n. 118.770/SP, pois, ao


contrário do que consta da ementa publicada, o STF não acolheu a alegada obrigatoriedade de
prisão imediata dos condenados pelo Júri, como pretendia o Min. Barroso, mas, sim, não conheceu
da impetração “ante a inadequação da via eleita”. E, nesse julgamento, também houve o voto do
Min. Marco Aurelio, afirmando que, mesmo diante da condenação do Júri, eventual prisão somente
seria admitida se presentes os requisitos exigidos para a prisão cautelar.

Decididamente, não se pode fazer justiça com a pressa do Coelho Branco de Alice no País das
Maravilhas [18]. Nenhuma paranoia delirante há de justificar essa pressa. Seria melhor se
ouvíssemos a canção do Chico: “Não se afobe, não, que nada é pra já” [19]. Efetividade do
processo nada tem a ver com condenação ou prisão, mas, sim, com a sua condução, até o seu termo
final, com absoluto respeito ao devido processo legal e a todos os direitos fundamentais.

Afinal, como já afirmou o Ministro Celso de Melo, “o Poder Judiciário constitui o instrumento
concretizador das liberdades civis, das franquias constitucionais e dos direitos fundamentais
assegurados pelos tratados e convenções internacionais subscritos pelo Brasil. Essa alta missão,
que foi confiada aos juízes e Tribunais, qualifica-se como uma das mais expressivas funções
políticas do Poder Judiciário”.

Seria melhor, portanto, que, despidos de preconceitos, crenças e preferências pessoais, ideologias
e códigos ocultos, nós juízes e juízas, antes de darmos crédito a delírios, ouvíssemos o ensinamento
de Aristóteles, que já afirmava, há tantos e tantos anos, que fazer Justiça, na realidade, com
compromisso ético, antes de qualquer outra coisa, é eliminar as desigualdades. E, quando formos
tentados pelo canto lúgubre do punitivismo delirante, seria melhor ainda se nos lembrássemos de
Milton Santos: “Somente haverá paz, quando houver igualdade social”.

É preciso, pois, não nos transformarmos em rinocerontes, como na obra de Ionesco, e resistir [23].

________
Nota de Rodapé:
[1] “As vespas”, de Aristófanes, 422 a.C.
[2] “De esquina (Paranoia delirante)”, de Xis
[3] “Memórias de um Sargento de Milícia”, de Manuel Antonio de Almeida
[4] “Ressureição”, de Machado de Assis
[5] “O vermelho e o Negro”, de Sthendal
[6] “Crainquebille, o vendedor de verduras”, de Anatole France
[7] “Ressurreição”, Liev Tolstói
[8] “A psicologia das massas”
[9] “O Caso de Li-Tsing”, de Humberto de Campos
[10] “Sermão de Santo Antonio Pregando aos Peixes”
[11] “Fausto”, de Goethe
[12] HC 462.763/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, J. em 18/09/2018, DJe 28/09/2018; Proc.
. 2018.0000975878; 16ª Câm. Crim. Rel. Des. Souza Nucci e Des. Camargo Aranha e Leme Garcia; e TJRS, 1ª Câm.
Crim, Rel. Jayme Weingartner Neto – ApCrim Nº 70077995371- Torres- Nº CNJ: 0164749-97.2018.8.21.7000
[13] Art. 5º, LVII da CF/88: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença condenatória”;
Artigo 8º, 2 da Convenção Americana de Direitos Humanos: “toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se
presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa”; Artigo 14, 2 do Pacto Internacional dos
Direitos Civis e Políticos, de 1966, ratificado pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992: “Toda pessoa acusada de um delito
terá direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa”.
[14] General Comment n.º 32/2007: Comitê de Direitos Humanos: viola o disposto no seu artigo 14.5 da CADH a
falta de disponibilização de um recurso eficaz e de natureza ordinária contra a sentença condenatória de primeiro grau
[15] Art.14, 5 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, de 1966, ratificado pelo Brasil em 24 de janeiro
de 1992: “toda pessoa declarada culpada por um delito terá o direito de recorrer da sentença condenatória e da pena a
uma instância superior, em conformidade com a lei”; e o art. 8º, 2, h da Convenção Americana de Direitos Humanos
garante o “direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior”
[16] Arts.593, caput e III e 597 do CPP
[17] STF – HC 81423-SP, Rel. Celso de Mello, j. 18.12.2001, DJe 19.04.2001
[18] “As aventuras de Alice no País das Maravilhas”, de Charles Lutwidge Dodgson (Lewis Carroll)
[19] “Futuros amantes”, de Chico Buarque de Holanda
[20] STF, ADPF n. 54
[21] Referência a Figueiredo Dias e Costa Andrade, em “O homem delinquente e a sociedade criminógena”
[22] “A Ética a Nicômaco”, de Aristóteles
[23] “O Rinoceronte”, Eugène Ionesco

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Questão Única - Com base no texto acima sobre a garantia de direitos processuais e na
citação abaixo, comente sobre a importância dos Princípios Processuais e relacione-os com a
necessidade de garantir o pleno exercício da Jurisdição e respeito às Competências
jurisdicionais para se chegar a processos justos e equitativos. A resposta deve abordar: a) ao
menos três princípios de suma importância ao Direito Processual (10 pontos); b) ao menos
três princípios da Jurisdição (10 pontos); c) as formas de fixação da competência (absoluta e
relativa) (5 pontos). *

"A palavra jurisdição, analisada a partir de sua definição literal, significa dizer o direito (do latim dicere
ius). Nessa perspectiva, percebe-se que a definição do que se entende por jurisdição se encontra
intimamente ligada ao que se entende por direito em determinada organização social e política e em
determinado momento histórico.A concepção de jurisdição está - da mesma forma - intrinsecamente ligada
à ideia de Estado, podendo-se dizer que varia conforme varie a forma estatal. O modelo de jurisdição
adotado por determinado Estado como paradigma reflete-se em várias áreas do sistema jurídico-
processual. Entre esses reflexos podem ser citados, por exemplo, a dimensão do conceito de imparcialidade
do juiz, a estruturação do modelo de processo judicial, a classificação das ações existentes no sistema, o
poder de império das decisões, entre outros. Por outro lado, inegável que o processo – ou mais
precisamente a prestação jurisdicional produzida no processo – se refletirá diretamente na composição do
conflito e, por via de consequência, na própria manutenção ou denegação da ordem jurídica como um
todo, respondendo pelo próprio direito material e pela concretização dos direitos fundamentais quando
dependerem da intervenção do Poder Judiciário". (MACEDO, Elaine Harzheim e BRAUN, Paola Roos.
Jurisdição Segundo Giuseppe Chiovenda versus Jurisdição no Paradigma do Processo Democrático de
Direito: Algumas Reflexões. ANIMA: Revista Eletrônica do Curso de Direito das Faculdades OPET.
Curitiba PR - Brasil.Ano VI, nº 12, jul-dez/2014. ISSN 2175-7119).

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