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Introdução às Ciências Físicas

Aula 2: O princípio da medida em física

Apresentação
O Método Científico questiona toda subjetividade por não possuir a necessária isenção. Medidas científicas devem,
necessariamente, ser objetivas e impessoais; isentas.

A Física lida com fenômenos universais da natureza, com medidas objetivas de grandezas físicas. Medidas, comparações,
que não dependem de subjetividades. Medidas que sejam objetivas e padronizadas.

Nesta aula, compreenderemos o princípio da medida física, a medida objetiva como dado científico inexato, no sentido que
possui incertezas de diversas origens. Identificaremos o que são grandezas físicas, as grandezas físicas básicas, também
chamadas fundamentais e suas unidades básicas de medidas. Discutiremos ainda o Sistema Internacional de Unidades
(SI).

Objetivos
Reconhecer as Grandezas Físicas Básicas;

Compreender as Unidades Físicas Básicas;

Compreender o Princípio da Medida.

A habilidade de medir

O ser humano é capaz de medir. Desde a necessidade mais elementar até a mais sofisticada, a medida está associada à
nossa capacidade científica.

 | Fonte: 420396640 /
Shutterstock

Exemplo
Contar o número de membros de uma comunidade ou a quantidade de alimentos, de cada tipo ou classe, por número de
elementos, tamanho ou peso, significa medir. Verificar os danos causados por um evento climático ou o resultado de uma
batalha entre tribos da Antiguidade são procedimentos de medida.

Sempre estamos medindo grandezas e quantidades dessas grandezas, em unidades de medidas. Hoje em dia, ao acordarmos
e iniciarmos o nosso dia, já começamos a medir. Estabelecemos um horário de despertar, quando escolhemos o tempo como
uma grandeza a ser medida, e escolhemos uma quantidade, um valor em unidades dessa grandeza, um horário de despertar.

Assim, nosso instrumento de medida temporal, nosso despertador, nos avisará quando medir a hora que estabelecemos.

Repare que, neste exemplo, escolhemos a grandeza tempo, a unidade de medida temporal, horas, minutos e segundos, e, ainda,
escolhemos o meio de medida dessa grandeza, o relógio despertador. Isso só para iniciar o dia.

A todo momento estamos fazendo medidas, comparações. Sempre que comparamos quantidades de uma grandeza, estamos
medindo. Essa medida, em princípio, pode ser objetiva, com grandeza e escala de unidade objetiva, ou subjetiva, com grandeza
e escala de medidas subjetiva. Será subjetivo, por exemplo, quando dissermos que determinado alimento é mais saboroso que
outro.

São muitos conceitos, não é mesmo? Vamos começar pelas grandezas físicas básicas?

Grandezas físicas básicas


A medida em física, assim como em qualquer ciência, traduz uma comparação. Medir, sem qualquer dúvida, é comparar.

Então, para medir, precisamos identificar o que queremos medir, a grandeza a ser medida, e o padrão dessa medida, uma
referência padronizada de medida daquela grandeza em unidades significativas e coerentes dessa grandeza a ser medida,
para que possamos comparar nossa medida com o padrão dessa grandeza.

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Grandeza Unidade Símbolo

Comprimento metro m

Massa quilograma Kg

Tempo segundo s

Corrente elétrica ampére A

Temperatura kelvin K

Quantidade de matéria mol mol

Intensidade luminosa candela cd

Tabela de Grandezas físicas básicas. / Fonte: Elaborado pelo autor


Clique nos botões para ver as informações.

Comprimento 

O padrão da grandeza definirá uma unidade de medida dessa grandeza. Dito de outro modo: O comprimento é definido
como uma grandeza física básica, ou fundamental.

Vamos chamar de L (que tem origem em Lenght) a dimensão canônica (padrão) de comprimento. Podemos medir
comprimento de diversas maneiras, e assim foi feito ao longo da história.

Criou-se diversos padrões de medida, unidades de comprimento: pé, jarda, polegada, braço, légua, metro, e seus múltiplos
e submúltiplos. A todos se estabeleceu uma definição para essas unidades de medida.

A grandeza física é o comprimento e as unidades são pé, jarda, polegada, braço, légua, metro etc. Para medir a grandeza
comprimento, L, utilizamos unidades de medida, padrões de medida.

O Sistema Internacional (SI) de Unidades definiu o metro (m) como unidade física básica de comprimento. Assim, para
medirmos comprimento, utilizamos o metro (m), como unidade de medida.

Isso significa que, ao medirmos a grandeza comprimento, com instrumentos de medida padronizados e calibrados de
acordo com o SI, compararemos o metro (m) padrão com o que estivermos medindo dessa grandeza.

Massa 

Assim também será para todas as outras grandezas físicas. Se quisermos medir a grandeza massa, que chamaremos de
M, dimensão canônica de massa, utilizaremos a unidade padronizada do SI do quilograma (Kg).

Ao medirmos a grandeza massa, compararemos nossa medida com sua unidade quilograma (Kg), padrão do SI. E assim
segue para todas as inúmeras grandezas físicas.

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O que são escalas de medida?


Todas as grandezas físicas possuem padrões no SI, ou seja,
unidades de medida SI. Mas o que são escalas de medida?


LEGENDA. (Fonte: Por Underawesternsky / Shutterstock).

Escalas nada mais são do que variações sucessivas de medidas de


uma grandeza com uma unidade de medida, uma sequência
ordenada de pontos em um equipamento de medida ou em uma
representação gráfica de medidas, podendo ser dispostas em
múltiplos ou potências da unidade de medida da grandeza física.

A Escala pode ser linear, quadrática, exponencial, logarítmica etc. Assim, o comprimento, com sua unidade de medida SI, metro,
tem variações lineares desde o zero até o infinitamente grande, pertencente ao conjunto matemático dos números Reais.

As medidas negativas de comprimento, dizem respeito à orientação (sentido) e origem (início) da medida. Falaremos mais
disso na próxima aula em Princípios da Mecânica Clássica.

Nesse intervalo linear de comprimentos em metros, dividimos em grupos de escalas, por exemplo, até 0,0001, até 0,001, até
0,01, até 0,1, até 1, até 10, até 100, até 1000, até 10.000 e assim por diante.


Chamaremos isso de escalas lineares 10-4, 10-3, 10-2, 10-1, 100, 101, 102, 103, 104... do metro.

Então, podemos dizer que a escala de comprimentos de medidas dentro de nossa casa é de 101 ou 102 metros, enquanto a
escala de comprimentos da estrada BR-153, de Belém até Brasília, pertence à escala de 107 metros, pois tem extensão de
3.585 Km? Exatamente, pois o Km tem escala de 103 metros.

Prefixos do SI
Vamos conhecer agora os prefixos do Sistema Internacional de Unidades (SI).
Fator Nome Símbolo Fator Nome Símbolo

101 deca da 10-1 deci d

102 hecto h 10-2 centi c

103 quilo k 10-3 mili m

106 mega M 10-6 micro µ

109 giga G 10-9 nano n

1012 tera T 10-12 pico p

1015 peta P 10-15 femto f

1018 exa E 10-18 atto a

1021 zetta Z 10-21 zepto z

1024 yotta Y 10-24 yocto y

Fonte: Sistema Internacional de Unidades: SI. — INMETRO/CICMA/SEPIN, 2012.

O Sistema Internacional de Unidades e as Unidades Físicas


Básicas
De acordo com o Sistema Internacional de Unidades, são 7 as grandezas físicas básicas convencionadas e suas dimensões
canônicas:

1. Comprimento (L)

2. Massa (M)

3. Tempo (T)

4. Corrente Elétrica (I)

5. Temperatura Termodinâmica (0)

6. Quantidade de Substância (N)

7. Intensidade Luminosa (J)

Isso significa que essas grandezas físicas básicas são definidas independentes, por convenção, de outras grandezas físicas, e
todas as outras, chamadas de grandezas derivadas, podem ser definidas, por equações algébricas baseadas em leis físicas,
em termos daquelas básicas.


Grandezas derivadas


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Força
Assim, em termos dimensionais, força é definida como M L T-2; ou seja, em termos de unidades de medidas, 1 Newton
= 1 kg m / s2, para as unidades SI de força, massa, comprimento, tempo.

Então força não é grandeza física básica e pode ser definida em termos de M, L e T?

Exatamente e, respectivamente, sua unidade Newton, pode ser definida em termos de quilograma (Kg), metro (m) e
segundo (s).

Medida experimental
Então, existem diversas grandezas físicas com suas unidades físicas SI, milhares delas, mas somente sete destas
grandezas físicas são básicas ou fundamentais, podendo todas as outras ser definidas em termos dessas sete.

Essa característica não significa, de modo algum, serem essas sete mais importantes, ou suficientes para todos os
fenômenos físicos. A questão está na medida experimental.

Todas as grandezas físicas mensuráveis o serão em termos de


processos e técnicas de medidas destas sete grandezas físicas
básicas e suas unidades físicas básicas.

Horácio Macedo, Professor Emérito da UFRJ e da UFRRJ, assim definiu esses conceitos:

“Grandeza. Fís. – Qualquer entidade física passível dum processo de medição. (...)

Unidade. Fís. – Qualquer grandeza a que se atribui o papel de padrão de comparação para efetuar uma medida. As que se
escolhem como básicas, num sistema de unidades, denominam-se unidades fundamentais.

Escala. Fís. – Sequência ordenada de marcas (traços, pontos, símbolos numéricos etc.) mediante a qual se estabelece, num
instrumento de medidas, a correspondência entre a sua resposta e a grandeza que ele mede. As marcas podem alinhar-se
sobre uma reta, como num termômetro, ou sobre um arco de curva, como na maioria dos instrumentos que têm um
ponteiro indicador. Quando as marcas são igualmente espaçadas, a escala é linear. Quando são espaçadas desigualmente,
ela é não linear. Estas (não lineares) podem ser logarítmicas, em que o espaçamento entre as marcas segue uma lei
logarítmica, exponenciais, com espaçamento variando segundo uma lei exponencial, quadráticas etc. (...)”

- MACEDO, 1976.
É importante ressaltar que, embora as grandezas físicas básicas
sejam definidas independentes, por convenção, suas unidades
básicas, metro, quilograma, segundo, ampere, kelvin, mol e candela
não o são, sendo definidas umas em relação a outras.

A definição do metro incorpora o segundo; a definição do ampère incorpora o metro, o quilograma e o segundo; a definição do
mol incorpora o quilograma; e a definição da candela incorpora o metro, o quilograma e o segundo.

Unidades básicas SI
Historicamente, algumas unidades básicas SI foram definidas em termos de peças e materiais físicos, como foi o caso do
metro padrão e do quilograma padrão.

Atenção

A definição do metro padrão foi modificada em termos da


constância da velocidade da luz no vácuo. O quilograma
padrão teve sua definição alterada em 20 de maio de 2019,
quando passou a ser definido em termos de outra constante
fundamental da natureza, a constante de Planck.


As sete unidades básicas do SI, assim como as
constantes em que se baseiam. Crédito: BIPM

Assim, sua definição será exata, não dependendo de efeitos de interação do protótipo do quilograma padrão anterior, sólido,
com a natureza, tendo sua definição alterada a cada processo de limpeza.

Essa será a última unidade básica SI a ser redefinida em termos de constantes fundamentais da natureza, sendo somente
necessário a medida com alta precisão destas constantes, e suas incertezas controladas de modo a preservar a definição
destas unidades básicas SI.

As unidades básicas Kelvin, ampere e mol, também foram alteradas em função de constantes fundamentais da natureza:
Kelvin - função da constante de Boltzmann.

Ampère - função da carga do elétron.

Mol - função do número de Avogadro.

Todos esses desenvolvimentos dos processos de medida e definição dessas três unidades básicas, já haviam sido obtidos,
mas somente em fins de 2018, conseguiu-se aprovar a nova definição do quilograma padrão em função da constante de
Planck, implementada conjuntamente em 20 de maio de 2019.

Assim, todas as sete unidades básicas SI são função de constantes fundamentais da natureza.

Saiba mais

Leia a matéria “Unidades de medida: redefinição está prevista para 2018 e é tema do Dia Mundial da Metrologia”.

O princípio da medida
À esquerda, o Padrão Físico do quilograma até 2019, à direita uma Balança de Kibble para a nova definição da massa e do
quilograma em termos da constante de Planck.


(Fonte: F Ciências) 
(Fonte: Wikipedia)
Toda medida traz consigo uma incerteza de medida. Não é possível
medir com exatidão ou perfeita acuracidade; nenhuma medida é ou
será exata. Essa é a essência do princípio da medida: toda medida
possui uma incerteza.

Devemos, então, observar esse princípio, lidando com as incertezas oriundas dos instrumentos de medida, dos processos de
medida, e dos fenômenos físicos, ainda que exatos nas equações teóricas.

Se lançarmos uma pequena esfera sólida de um plano inclinado ao solo, de certa altura, executando um lançamento de
projéteis, em que a esfera ao sair do plano inclinado voa até o solo descrevendo uma parábola, e forrarmos o solo, na área de
impacto da esfera, com papel carbono de modo a marcarmos os pontos de impacto, perceberemos que a cada lançamento e
seu impacto, a probabilidade da esfera sólida marcar o carbono em pontos diversos não é desprezível.

Na verdade, para cada altura de lançamento, encontraremos uma dispersão de pontos de impacto da esfera sólida no solo,
evidenciando certa dispersão do fenômeno.

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Atenção

É importante notar que esse efeito não desaparecerá se aprimorarmos nossa técnica, apesar de podermos aperfeiçoar os
resultados, mas sempre encontraremos esse efeito de dispersão.

Amostragem
Assim, podemos afirmar que todo dado medido tem sua incerteza, ou desvio. Por dado, vamos definir como um elemento de
uma amostra.

Uma amostra envolve um processo de seleção de dados, que chamamos de amostragem.

Uma amostra de dados sempre possuirá sua incerteza. Essa incerteza, tem várias origens, desde a incerteza de medida dos
instrumentos de medida, das técnicas de medida, até a dispersão efetiva do fenômeno experimental.

Essa dispersão dos resultados da amostra de dados será tratada matematicamente com estatística padrão, onde as incertezas
serão o resultado de desvios padrão dos dados da amostra.

Exemplo

Veja um exemplo.
Barra de desvio
Todo dado medido não representará mais um ponto e sim um intervalo de validade da grandeza medida, um valor nominal e
sua incerteza.

Em termos de diagramas de representação gráfica, podemos representar como uma barra de desvio, um intervalo de valores
da grandeza medida entre o valor nominal menos o desvio e o valor nominal mais o desvio, formando um binômio de
elementos, um intervalo de confiabilidade.

Exemplo

Veja um exemplo.

Definições SI
Vamos analisar uma adaptação da Avaliação de dados para Medição, Guia para expressão de incerteza de medição GUM
2008, que traz as definições dos conceitos de medição, resultado de medição, desvios ou incertezas de medição, erros de
medida, erros sistemáticos e aleatórios.


Conceitos


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Conceitos

Medição
Conjunto de operações que têm por objetivo determinar um valor de uma grandeza.

O objetivo de uma medição é determinar o valor do mensurando, isto é, o valor da grandeza específica a ser medida.
Uma medição começa, portanto, com uma especificação apropriada do mensurando, do método de medição e do
procedimento de medição.

Valor (de uma grandeza)


Expressão quantitativa de uma grandeza específica, geralmente sob a forma de uma unidade multiplicada por um
número.

Exemplo: comprimento de uma barra: 5,34m.

Mensurando
Grandeza específica submetida à medição.

Exemplo: temperatura de fusão da glicerina.

Grandeza (mensurável)
Atributo de um fenômeno, corpo ou substância que pode ser qualitativamente distinguido e quantitativamente
determinado.

O termo grandeza pode se referir a uma grandeza em sentido geral (comprimento, tempo, massa) ou uma grandeza
específica (comprimento de uma barra, resistência elétrica de um fio).

Os símbolos das grandezas estão definidos na norma ISO 31.

Método de medição
Sequência lógica de operações, descritas genericamente, usadas na execução das medições.

Exemplos: método de substituição, método diferencial, método de “zero”.

Procedimento de medição
Conjunto de operações, descritas especificamente, usadas na execução de medições particulares de acordo com um
dado método.

Um procedimento (de medição) deve ser um documento com detalhes suficientes para permitir que um observador
execute a medição sem informações adicionais.

Desvio observacional
Também chamado desvio do instrumento ou desvio de escala. Desvio inerente ao ato de medir com um equipamento
de medida.

Se usarmos uma régua milimetrada para medir comprimentos, esse instrumento (régua) tem marcações milimetradas
onde o menor intervalo de marcação é de um milímetro. Assim, se nossa medida se localizar entre duas marcas
milimétricas, somente poderemos inferir nossa leitura nesse intervalo de um milímetro.
Usaremos uma convenção para as leituras menores do que um milímetro. Em instrumentos analógicos, como a régua,
diremos que o desvio dessa leitura será a metade do menor intervalo de medição, menor intervalo da escala, ou seja
0,5 milímetros. Escreveremos, então, por exemplo, R = (100,5 ± 0,5)mm.

Para cada instrumento de medida analógico, temos de observar o menor intervalo de medida, intervalo de escala
desse instrumento, e seu desvio observacional, desvio de escala, será a metade do menor valor da escala, entre duas
marcações da escala.

Se o instrumento de medida for digital, nos evidenciando apenas um valor numérico, sem que possamos enxergar
“melhor ou pior” como no caso analógico, o desvio observacional, ou desvio de escala, será lido como uma unidade de
variação da escala, do menor algarismo significativo.

Ou seja, se usarmos uma trena eletrônica para o alcance, poderemos registrar R = (100,5 ± 0,1)mm, onde o menor
algarismo significativo é o número 5 depois da virgula. Assim, uma unidade de variação nessa posição numeral será de
0,1mm.

Desvio estatístico
Com uma amostra de dados, que possuem seus desvios observacionais, podemos tratar estatisticamente os dados
da amostra calculando seu desvio estatístico.

Os cálculos estatísticos mais comuns aqui são o desvio médio e o desvio padrão. Existem variantes do cálculo de
desvio padrão a depender do tamanho da amostra. O desvio padrão será chamado de incerteza padrão.

Desvio imprudente ou grosseiro


Há desvio grosseiro ou imprudente quando os dados de uma amostra forem tomados de maneira incorreta, com
falhas nos procedimentos experimentais, desleixo do experimentador, imprudência de cálculos, qualquer falha no
processo de tomada de dados ou de representação desses dados ou falta de isenção na tomada de dados.

Esse tipo de desvio é capaz de condenar toda uma análise e medida experimental e deve ser evitada. Geralmente
transforma-se em fonte de erro sistemático.

Desvios propagados ou incertezas propagadas


Quando relações algébricas envolvendo grandezas mensuradas com suas incertezas definem outras grandezas,
devemos tratá-las com propagação de incertezas, desvios propagados, para obtermos as incertezas destas outras
grandezas.

Resultado de uma medição


Valor atribuído a um mensurando obtido por medição. Deve-se indicar claramente se o resultado se refere à indicação,
se é um resultado corrigido ou não corrigido e se corresponde ao valor médio de várias medições.

A expressão completa do resultado de uma medição inclui informações sobre a incerteza da medição.

O resultado de uma medição é somente uma aproximação ou estimativa do valor do mensurando e, assim, só é
completa quando acompanhada pela declaração de incerteza dessa estimativa.

Em muitos casos, o resultado de uma medição é determinado com base em séries ou conjunto de observações
obtidas sob condições de repetitividade.

Estimativa
Valor de uma estatística (uma conta) utilizada para estimar um parâmetro (uma média, por exemplo) da totalidade de
itens (em geral infinito), obtido como resultado de uma operação sobre uma amostra (em geral um conjunto limitado
de dados) supondo um determinado modelo estatístico de distribuição (distribuição norma, por exemplo).

Incerteza (de medição)


Parâmetro associado ao resultado de uma medição que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser
razoavelmente atribuídos ao mensurando.

Entende-se que o resultado de uma medição é a melhor estimativa do valor de um mensurando e que todos os
componentes da incerteza, incluindo aqueles resultantes dos efeitos sistemáticos, contribuem para a dispersão.
Quanto menor a incerteza ou desvio de uma medida, menor sua dispersão e maior sua precisão.

Repetitividade (de resultados de medições)


Grau de concordância entre os resultados de medições sucessivas de um mesmo mensurando, efetuadas sob as
mesmas condições de medição.

Condições de repetitividade
As Condições de repetitividade incluem:

Mesmo procedimento de medição;

Mesmo observador;

Mesmo instrumento de medição sob as mesmas condições;

Mesmo local;

Repetição em curto período de tempo.

Erros e incertezas
Deve-se atentar e distinguir com cuidado os termos erro e incerteza. Esses termos não são sinônimos, ao contrário,
representam conceitos completamente diferentes e não devem ser confundidos, nem mal-empregados.

Uma medição tem imperfeições que dão origem a um erro no resultado da medição.

O erro classifica-se em dois tipos:

Erro aleatório - tem origem em variações imprevisíveis também chamadas efeitos aleatórios. Esses efeitos são a
causa de variações em observações repetidas do mensurando.

O erro aleatório não pode ser compensado, mas pode ser reduzido aumentando o número de observações. Apesar de
frequentemente citado, o desvio padrão da média não é o erro aleatório da média. Representa, sim, uma medida da
incerteza da média devido aos efeitos aleatórios.

Erro sistemático - em geral, não pode ser eliminado, mas pode eventualmente ser reduzido ou, caso seja
identificado, deve ser corrigido.

Erro (de medição)


Resultado de uma medição subtraído do valor verdadeiro do mensurando.

Uma vez que o valor verdadeiro não pode ser determinado utiliza-se, na prática, um valor verdadeiro convencional.

Quando é necessário distinguir “erro” de “erro relativo”, o primeiro é, algumas vezes, denominado erro absoluto de
medição. Este termo não deve ser confundido com valor absoluto de um erro, que é o módulo do erro. Quanto menor o
erro de medida, maior sua acuracidade.
 (Fonte: Aaban / Shuterstock)

Algarismos significativos

Algarismos significativos são os algarismos que compõe o valor de uma grandeza, excluindo os zeros à esquerda, usados para
acerto de unidades. Zeros à direita são significativos.

Na tabela abaixo, um mesmo valor do comprimento do deslocamento de uma partícula, foi descrito com diferentes números de
algarismos significativos. Veja:

X (mm) No de significativos

57,896 5

5,79x101 3

5,789600x101 7

0,6x102 1

A escolha do número de significativos que serão usados no valor da grandeza depende da grandeza, do processo de medida e
do instrumento utilizado.

O número de algarismos significativos de uma grandeza será determinado por sua incerteza.
Incorreto Correto

5,30 ± 0,0572 5,30 ± 0,06

124,5 ± 11 125 ± 11

0,0000200 ± 0,0000005 (200,0 ± 5,0) x10-7

(45 ± 2,6) x101 (45 ± 3) x 101


Representação gráfica


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A representação gráfica será executada levando-se em consideração os dados medidos, de uma amostra, com suas
incertezas, agora representadas como barras de desvio, ou barras de incertezas, onde, como dito antes, os dados
serão interpretados como intervalos representados graficamente, tendo sido escalonados para essa representação,
seja em uma mídia de representação linear, quadrática, exponencial ou logarítmica.

As barras representarão o intervalo de confiança da grandeza mensurada.

Representação gráfica linear

V (m/s) X(m)

1,84 ± 0,55 4,60 ± 0,05

2,76 ± 0,82 6,90 ± 0,05

3,99 ± 1,20 11,10 ± 0,05

9,88 ± 2,96 20,60 ± 0,05

Velocidade (m/s) X Espaço (m).

As barras de desvios ou de incertezas do espaço não foram representadas, pois são menores do que os pontos. Foi ajustada uma
reta média que representa os pontos experimentais.

A reta mediana é traçada procurando passar a reta equilibradamente o mais próximo possível do maior número de pontos, sempre
dentro das barras de desvio e não há uma âncora de representação, como a origem ou outro ponto.

Atividade
1. Explique o que são grandezas físicas básicas e grandezas físicas derivadas.
2. O que é um desvio ou uma incerteza de medida?

3. O que são erros de medida?

4. Qual a relevância das unidades físicas básicas do SI serem definidas em termos de constantes fundamentais da natureza?

5. Hoje em dia fala-se muito em escala nanométrica. Quanto é 1nm?

Referências
Notas
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos da Física. Volumes 1, 2, 3 e 4. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

JCGM. Avaliação de dados para Medição. Guia para expressão de incerteza de medição GUM 2008. Disponível em:
www.inmetro.gov.br. Acesso em: 31 jul. 2019.

MACEDO, Horácio. Dicionário de Física. Editora Nova Fronteira S.A., 1976.

NUSSENZVEIG, H. MOYSÉS. Curso de Física Básica. Volumes 1, 2, 3 e 4 São Paulo: Ed. Edgar Blücher, 1998.

PIACENTINI, Joao J.; GRANDI, Bartira C.S.; HOFMANN, Márcia P.; de LIMA, Flavio R.R.; ZIMMERMANN, Erika. Introdução ao
laboratório de Física. Florianópolis: Ed. UFSC, 2012.

SEARS & ZEMANSKY; YOUNG, H.; FREEDMAN, R. A. Física I, II, III e IV. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2009.

Próxima aula

Os princípios da mecânica clássica;

O observador físico, o ponto de referência, os sistemas coordenados, a velocidade, a aceleração, grandezas escalares e
vetoriais;

Os princípios da inércia, da força, da superposição de forças, da ação e da reação;

As forças internas e externas, os sistemas de referência inerciais e não inerciais;

A massa, o equilíbrio, a conservação do momentum linear, a energia mecânica e sua conservação, a conservação do
momentum angular e o torque.

Explore mais

Para compreender e aprofundar representações de algarismos significativos e representações gráficas, leio o excelente
livro Introdução ao laboratório de Física, de João J. Piacentini e outros autores.

Além disso, no leia na página 11º título O BIPM e a Convenção do Metro .

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