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--~--.EXCLUSIVO
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.••(IDAR M
IRONELEE
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MESUICIDAR
• Prestesa lançar um livro, RodrigoJanot conta a VEJAdetalhesdo dia
,~ .________ em que foi armadoao STFpara matar o ministro GilmarMendes
~ -&- • Oex-procurador-geralrevela aindaque Aécio Nevese MichelTemer

ofereceramcargos a ele para que paralisasseas investigaçõesda Lava-Jato


BRASIL PODER

Em entrevista exclusiva, o ex-


procurador-geral da República
conta que, no ápice da Lava-Jato,
foi armado ao STF para matar
Gilmar Mendes, revela sua
decepção com Moro e a força-
tarefa de Curitiba e diz que Temer
e Aécio tentaram cooptá-lo

POLICARPO JUNIOR
E LARYSSA BORGES

IRA Rodrigo Janot:


seu plano era
entrar no tribunal e
se suicidar com a
mesma arma usada
para executar o
ministro
m maio de 2017, a Operação Lava-Jato estava atingindo seu
ponto mais alto. O ex-presidenteLula tevea primeiraaudiência
com ojuiz SergioMoro no caso do apartamentotríplex, a Pre-
sidênciade MichelTemertremeu após a divulgaçãode um ví-
deo que mostrava um deputado puxando pelas ruas de São
Paulo uma mala cheia de dinheiro e a delação premiada dos
donosda JBSdisparou ondas de choquedevastadorascontra o
mundo político. Houve também um quarto episódio,até agora desco-
nhecido, que por pouco não mudouradicalmentea históriada maior in-
vestigaçãocriminaljá realizada no país. No dia 11daquelemês, o então
procurador-geralda República, RodrigoJanot, o chefeda operaçãoem
Brasília, foia uma sessãodo SupremoTribunalFederal (STF)decididoa
executaro ministro GilmarMendes.O plano dele era dar um tiro na ca-
beça do ministro e depoisse matar. A cerca de 2 metros de distância de
Mendes, na sala reservada onde os ministrosse reúnem antes de iniciar
osjulgamentosno plenário, Janot sacouuma pistolado coldreque estava
escondidosob a beca e a engatilhou.
Mesmo para quem conhece o temperamento mercurial de Rodrigo
Janot é difícilimaginá-lopraticandoum ato de tamanha loucura.Naque-
le dia, porém, ele estava transtornado. O procurador-gerale o ministro
viviamtrocando alfinetadasem público.GilmarMendesera - e ainda é
- um dos maisferrenhoscríticosdos métodosutilizadospela força-tare-
fa da Lava-Jato.As divergênciaschegaram a ponto de um se recusar a
pronunciaro nome do outro. O ministrose referea Janot comobêbadoe
irresponsável.O ex-procuradorcostuma chamar Mendesde perversoe
dissimulado.Em maio de 2017, o embatecomeçoua entrar em ebulição
quandoJanot pediu ao STFque impedisseMendesde atuar em um pro-
cessoque envolviao empresárioEikeBatista.O procuradoralegouque a
esposa do ministro, GuiomarMendes, trabalhava no mesmo escritório
de advocaciaque defendiaEike.Na sequência,forampublicadasnotícias
de que a filha de Janot era advogadade empreiteirasenvolvidasna Lava-
Jato - o que, por analogia, também colocariao pai na condiçãode sus-
peito.O procuradoridentificouMendescomoorigemda informação- e,
nesseinstante, decidiumatá-lo.
DESAFETO Gilmar Mendes:a menos de
2 metros de uma terrível tragédia

" Ia dar um tiro e me suicidar", disse Janot em entrevista exclusivaa


VEJA.É uma revelaçãosurpreendente.O procurador vai lançar na pró-
xima semanao livroNadaMenosque Tudo, escritopelosjornalistasJail-
ton de Carvalhoe GuilhermeEvelin, em que narra episódiosdesconheci-
dos ao longodos quatro anos em que esteveà frente das investigaçõesdo
maior escândalopolíticodo país. São históriasque se passam no coração
do poder, envolvendoos homens mais poderososda Repúblicae empre-
sários influentes nos momentos mais agudos da operação. Há casos de
comportamentosindecorosos, como o de um pedido de MichelTemer e
seus aliados para que o procurador não investigasse o então deputado
Eduardo Cunha, e de uma bisonha tentativa de cooptação, quando o en-
tão senador AécioNeves, em meio ao escândalo e já na condição de in-
vestigado, teve a desfaçatezde convidarJanot para comporcom ele uma
chapa a fim de disputar a eleiçãopresidencialde 2018.Há também situa-
ções de sabotagem, traição, desconfiança, intrigas e suspeitas entre os
própriosmembrosda força-tarefa.
No livro, o ex-procuradorpreserva o nome de alguns personagenspi-
lhados em cenas constrangedoras, como o de um ministro do Supremo
que, chorando, foiprocurá-lopara perguntar se era alvo da investigação.
No capítuloem que trata do plano para matar GilmarMendes, Janot fala
de sua motivação- "insinuaçõesmaldosascontra a minha filha" - e re-
sume em seis linhas o fato que poderia ter provocado uma imprevisível
reviravoltana Lava-Jato:"num dos momentosde dor aguda, de ira cega,
botei uma pistolacarregadana cintura e por muitopouconão descarre-
guei na cabeça de uma autoridadede língua ferina que, em meio àquela
algaraviaorquestradapelosinvestigados,resolverafazer graça com mi-
nha filha. Só não houve o gesto extremo porque, no instante decisivo, a
mão invisíveldo bom sensotocou meu ombro e disse:não". A identidade
da "autoridade"que quasefoimorta não é revelada.
Na entrevistaa VEJA,o ex-procurador-geralfala do livro,das pressões,
das ameaçase das perseguiçõesque sofreuao longoda operaçãoe confir-
ma queo alvode sua "ira cega"era o ministroGilmarMendes:"Esseins-
petor Javertda humanidaderesolveuequilibraro jogo envolvendoa mi-
nha filhaindevidamente.Tudona vidatem limite.Naqueledia, chegueiao
meu limite.Fui armado para o Supremo.Ia dar um tiro na cara delee de-
poisme suicidaria.Estavamovidopelaira. Nãohaviaescritocarta de des-
pedida, não conseguiapensar em mais nada. Também não disse a nin-
guémo que eu pretendiafazer.Esseministrocostumachegaratrasadoàs
sessões.Quandochegueià antessalado plenário,para minha surpresa,ele
já estavalá. Nãopenseiduas vezes.Tireia minha pistolada cintura,enga-
tilhei, mantive-aencostadaà perna e fui para cima dele.Mas algo estra-
nho aconteceu.Quandoprocureio gatilho,meu dedo indicadorficoupa-
ralisado.Eu sou destro.Mudeide mão.Tenteiposicionara pistolana mão
esquerda,mas meu dedo paralisoude novo.Nessemomento,eu estava a
menosde 2 metrosdele.Não erro um tiro nessa distância.Pensei:'Isso é
um sinal'. Achoque ele nem percebeuque esteveperto da morte. Depois
disso, chameimeu secretário executivo,disse que não estava passando
bem e fuiembora.Nãosei o queaconteceriase tivessematadoesseporta-
vozda iniquidade.Apenasseique, na sequência,me mataria".

O PIOR DOS CRIMINOSOS Cunha:para o ex-procurador,


ele seria presidente se não fosse a OperaçãoLava-Jato
..SUSPBTO
QUE
CUNHA
MANDOU
INVADIR
MINHA
CASA"
Detodososinvestigados
naLava-Jato,Janotatribuiaoex-presidente
daCâmaraEduardo
Cunha oepíteto
de"opiordoscriminosos".
Oex-procurador-geral
dizguardar
"depoimentos
assombrosos"dosmétodos deintimidação
deCunha etambémsuspeita
queeleesteja
portrásdoarrombamento desuacasa,em2015. Oparlamentar
foiafastado
docargode
deputadofederal
emmaiode2016, a pedido
deJanot, edepois
condenadoepreso
"Se não fossea OperaçãoLava-Jato,talvezEduardo Cunha fossehoje
presidenteda República.Façouma constataçãode que o então presiden-
te da Câmara, com a força extraordinária que tinha, com uma base de
150 a 170 deputados e com um sistema abastecendo-o de dinheiro de
corrupção,teria grandes chancesde ser eleitopresidente.Eu não faço a
avaliaçãode quem seria o melhore de quem seriao pior, mas o Bolsona-
ro é um produto da queda do próprio Cunha. No iníciode 2015, minha
casa foi invadida e só levaram um controle remoto do portão. Era um
recado, uma ameaça. Pelo cheiro, suspeito que foi obra do Eduardo
Cunha.Nãohá evidência.É pelo cheiromesmo."

..AÉCIO
MECONVIDOU
PARA
SER
SEU
VICE-PRESIDENTE"
Comocercosefechando sobre
ospolíticos,
Janotrelataterrecebido
vários"agrados"
- deconvitespara
renovaro mandatodeprocurador
aumavagadeministro doSTF.
Amaisinusitadaoferta,noentanto,
partiudoentãosenador AécioNeves,
investigado
porrecebimento depropina
"Certo dia, em 2017, meu conter-
râneo, o senador Aécio,sentiu que o
clima estava aquecendo com as in-
vestigaçõessobre a Odebrecht e me
convidoupara ser ministro da Justi-
ça quando ele fosse eleitopresidente
da Repúblicano ano seguinte. Eu, é
claro, declinei. Dias depois, ele vol-
tou e me fez outra proposta: 'Quero
pedir desculpa. O convite não esta-
va à sua altura. Eu acho que você
DESESPERO Aécio: sondagempara que podia ser o meu vice-presidente.
Janot fizesse parte da chapa presidencial Você escolhe qualquer partido da
base, filia-se e vai ser o meu vice-
presidente.Isso vai ser um fato mundial. O vice-presidentechama em-
baixadores, representantes de Estado e ele vai para a cozinha cozinhar
para essas pessoas. Eu sei que você gosta de cozinhar'. É óbvio que era
uma tentativa de cooptação. As investigaçõesda Odebrecht estavam
andando e depois o caso JBSfoi o tiro de misericórdiacontra ele. Hou-
ve uma situaçãosemelhantequandoMichelTemerassumiua Presidên-
cia da República.O ex-ministroEliseu Padilha me sondou para que eu
partisse para um terceiro mandato como procurador-geralda Repúbli-
ca. Depois fui sondado para ser ministro do Supremo. Na sequência,
GustavoRocha (ex-subchefede AssuntosJurídicose ex-ministrodosDi-
reitosHumanos)me ofereceuo cargo que eu quisesse.Eu brinquei que
queria ser embaixador do Brasil na Comunidade de Países de Língua
Portuguesa, porque eu moraria em Lisboa, não faria nada e seria como
a rainha da Inglaterra. O GustavoRocha disse na hora: 'O cargo é seu, é
seu'. Mas eu estava brincando."

..PALOCa
DISSE
QUEIRIA
ENIREGAR
CINCO
MINISTROS
DO
STF'
AsdesavençasentreRodrigo
JanoteGilmar
Mendesseintensificaram
diantederumores
quesurgiramdurante
asapurações
daLava-Jatosobreoenvolvimentodeministros
doSTFcomalguns dosinvestigados.
Janotconfirma
quedelatoresfizeram
insinuações
nessesentido
masnunca apresentaram
umaevidência
concreta
"Na primeiravez em que o ex-ministroAntonioPaloccitentou fechar
uma delaçãocom a gente, disse que iria entregarcincoministrosdo STF.
Ele citoua RosaWeber, o LuizFux, o Fachin, mas era igual a biscoitode
polvilho, só faziabarulho. Da RosaWeberele disseapenas que o marido
dela era amigodo ex-maridoda Dilma.Dissetambémque o Fux ia matar
no peito e inocentar os petistas no julgamento do mensalão. Do Fachin,
dizia que tinha amizade com não sei quem. Tudo bobagem. Foi nessa
mesma época que um ministro do Supremome procurou para saber se
ele estava sendo investigado.Com lágrimas nos olhos, disse que a mãe
dele não suportaria vê-lo na condição de investigado.Não tinha funda-
mento nenhum. Tambémhouveo episódioem que suspendias negocia-
ções de delaçãodo Léo Pinheiro(ex-presidente da empreiteiraOAS)por-
que o nível de informação que ele disse que traria nunca chegou. Era
igual ao Palocci.Ele citava uma conversaque teve com o Toffolinuma
festa, sobreum problemade vazamentono teto da casa do ministro.Dis-
se que indicouduas ou três empresaspara que o Toffolifizesseo serviço
na casa. Perguntei a ele: 'Algumadessas empresas era ligada a você?'
'Não.' 'Vocêspagaram esse serviço?' 'Não.' Então o que tem isso a ver?
Nãotinha fatotípico.Nãotinha nada."
PREVARICAÇÃO Temer:pedido para poupar Cunhanas investigações

'1EMER
QUERIA
QUEEU
PRATICASSE
UMCRIME"
Oex-procurador-geral
relataterrecebido,
emmarçode2016,poucoantesdoimpeachment
deDilmaRousseff,
umconvite paraumencontro
comovice-presidente
MichelTemer.
No
Palácio
doJaburu,
alémdovice,estavaoex-presidente
daCâmaraHenriqueEduardo
Alves,
que,semmeias
palavrasecomoavaldeTemer,pediuaelequepoupasse
oentãodeputado
EduardoCunha
dequalquerinvestigação
"Pouco antes do início do processo de impeachment da Dilma, rece-
bi um convite para ir ao Jaburu encontrar o vice-presidente. Lá, ele
(Temer), depois de um pequeno rodeio, falou assim:'Estamos aqui para
conversar não com o procurador-geral, mas com o patriota'. E entra o
Henrique Eduardo Alves e reafirma: 'Estamos aqui falando com opa-
triota e queríamoschamar o senhor para não permitir que o Brasilentre
numa 'situaçãode risco'. Esse homem é um louco.O senhor tem de parar
essa investigação'. O louco era o deputado Eduardo Cunha. Custei a
acreditar que estava ouvindo aquilo e disse que aquela conversa estava
errada. Diante da minha reação, Temer ainda insistiu:'O Henrique não
está falando com o procurador-geral, ele está falando a um patriota. Não
há gravidadena proposta que ele está fazendo'.Eles queriam que eu pra-
ticasse um crime, o de prevaricação. Falei alguns palavrões indizíveis
antes de ir embora. A reunião foi testemunhada pelo Zé Eduardo (José
Eduardo Cardozo, então ministro da Justiça)."
CORRUPTO Lula: "É impossível que ele não fosse um dos chefes do esquema"

..NÃO
TENHO
DÚVIDA
DEQUE
OLULA
ÉCORRUPTO"
Eraderesponsabilidade
deRodrigo
Janotainvestigação
dospollticos
comdireitoaforo
privilegiado
- deputados,
senadores
, presidentes
eatéex-presidentes
daRepública.Como
procurador-geral,
eledenunciou
Michel Temer,Dilma
Rousseff,
Lulae FernandoCollor- todos,
segundo ele,envolvidos
noescândalodecorrupção,
emboraemgrausdiferentes
"É impossívelque o Lula não fosse um dos chefesde todo esse esque-
ma. Não tenho dúvida de que ele é corrupto. Da mesma forma que não
tenho nenhuma dúvida de que a Dilma não é corrupta. Mas ela tentou
atrapalhar as investigaçõescom a históriade nomear o Lula comominis-
tro da Casa Civil.A obstrução de Justiça aconteceu, tanto que eu a de-
nunciei.Até agora não surgiu nenhumaprova que envolvaa ex-presiden-
te com corrupção.Temer, sim, é corrupto. Corruptofilmado, fotografado
e gravado.No caso da JBS,teve até malinha correndo em São Paulo por
ação controlada autorizadapelo Judiciário. Não tem como esconderque
aquiloexistiu.No caso do Sarney, não dá para dizer categoricamenteque
o ex-presidenteé corrupto, porque não conseguidenunciá-lo,apesar dos
áudiosem que aparecediscutindo, de forma velada,repassesde dinheiro.
O Colloré um caso à parte..."

..COLLOR
SESENTOU
NA
MINHA
FRENTE
EACOU
REPETINDO:
•F.D.P.,
F.D.P.'"
Fernando
Collor
foidenunciado
porcorrupção
elavagem
dedinheiro
em2015.
Osenador
foiapanhado
naprimeira
levadepolíticos
flagradosembolsando
dinheiro
desviado
da
Petrobras.
Mesesdepoisdadenúncia,Janotpassaria
pelasabatina
noSenadoqueo
reconduziria
aocargo
. Collorestava
naprimeira
fila
"Esse cara virou a minha vida do avesso.Ele levantou o histórico de
um imóvelmeu para ver possíveisinconsistênciasno impostode renda,
levantouantigosproblemasde um irmãomeu, já falecido,com a Justiça,
procurouvíciosem contrataçõesna PGRem buscade irregularidades.O
investigadoinvestigouo investigadorcompletamente.Para tentar me
constranger, ele avisouantes que se sentaria na primeiracadeiradurante
a sabatinae minha segurançaadvertiuque elepoderia ir armado.Ainda
brinquei: 'Se for igual ao pai, pode deixar que ele vai errar o tiro' (nos
anos60, o senadorArnondeMello,pai de Collor,disparoucontrao sena-
dorSilvestrePéricles,seuadversáriopolítico, mas errouo alvoe acabou
matandooutrosenador,JoséKairala).Mas quemé que daria um baculejo
no Collor?Adverti o então presidente do Senado,Renan Calheiros, de
que a minha segurançaestava sob responsabilidadedele.Na hora da sa-
batina, Collorse sentou na minha frente, comoprometera, e ficourepe-
tindo 'f.d.p., vou te pegar, f.d.p., vou te pegar'. Era uma tentativa de me
intimidar.A participaçãodele no esquemada Lava-Jatodeixou muitas
impressõesdigitais. Eleé um corruptocom certeza."

..DB.EGU8
ASDELAÇÕES
PARA
CURITIBA
EMEARREPENDI"
Desdequeo siteThelntercept
Brasildivulgou
asprimeiras
mensagens captadas
ilegalmente
doscelulares
dosintegrantes
daforça-tarefadaLava-Jato,
travou-se
umdebate sobreograu
deisençãodosinvestigadores
edoentão juizSergio
Moro.Janotdizqueatédesconfiou
das
intenções
dealgunscolegas,
masqueelasnãochegaram acontaminarotrabalho
"Noinícioda operação, a força-tarefa de Curitibapediuque eu delegas-
se
- - a
-- ela
---- o
- direito
---- ---- de
--- fechar
-- ------ as
--- rnrimeiras
----------- colahoracões
- ----- ---- , - -- nremiadas.
r - ------------- Dele-
- ---

guei e me arrependi. As delaçõesdo Paulo Roberto Costa e do Alberto


Youssefestavammuito rasas. O primeiroinquéritocontra o então presi-
dente da Câmara, Eduardo Cunha, também estavamuitoruim. Questio-
nei a respeito.Recebicomorespostaque o objetivodelesera 'horizontali-
zar as investigações,e não verticalizar'.Acheiestranho. Determinadas
decisõespoderiamestar sendotomadascom objetivospolíticos?Os pro-
curadores decidiram, por exemplo, denunciar o ex-presidenteLula por
corrupçãoe lavagemde dinheiroe, no caso da lavagem, utilizaramcomo
embasamentoparte de uma investigaçãominha, que eu nem tinha con-
cluídoainda. Mas não houvenenhumcomplôpolítico.Depoisque o Ser-
gio Moro aceitouo convitepara assumir o Ministérioda Justiça no go-
verno Bolsonaro, volteia refletir sobre o assunto.Comojuiz, ele fez um
trabalho técnico, benfeito.Até agora, do que apareceudessas conversas
do The Intercept, no máximopode haveralgumquestionamentode cará-
ter ético na conduçãodo processo,algum questionamentosobre impar-
cialidade.Mas tecnicamentenão vi nenhumacontaminaçãode provas."

MEMÓRIAS DE UM ESCÂNDALO
O livro Nada Menos que Tudo(editora Planeta; 255 páginas;
55,90 reais e 31,90reais na versão digital) foi escrito pelos
jornalistas Jailton de Carvalho e GuilhermeEvelincom base
em relatos do ex-procurador-geral da Repúblicaapós ele
__ ___ deixar o cargo, em 2017

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§
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LAVA-JATO Sergio Moro: na opinião de Janet, suspeita de


motivação política, mas sem contaminação de provas

"DESDE
OEPISÓDIO
DO
STF~
PARB
DE
ANDAR
ARMADO"
Comandar a Lava-Jato,
paraoex-procurador,
representou
algoqueelecompara
aumavisita
ao"inferno"
.Janotcontaque,desde
oinício
daoperação,
recebeuameaças,recados
velados
epressõesparaparalisar
asinvestigações
"A partir de 2014, posso dizer que minha vida virou um inferno. As
pressões eram constantes, num jogo muito bruto e sujo.Se eu estivesse
investigando o PCC, poderia receber uma ameaça de morte direta a
mim ou a minha família.A ameaçado mundopolíticoé diferente, é vela-
da. Primeiro vem a tentativa de cooptação, uma insinuação de cargo.
Recebivárias ofertas, comojá disse.Se issonão dá certo, começama vir
os recados,como o do Temer,apelandopara o 'patriotismo'.Seisso tam-
bém não funciona, vem o peixe embrulhado no jornal (sinal dejura de
morte da máfia). Eles sabem da sua rotina, mandam mensagens cifra-
das. É quase sempre assim. Ameaça física de verdade eu recebi umas
três, inclusiveuma em que o sujeitome xingavade traidor. Esse sujeito,
que chegoua ser preso, me abordou na rua, na saída de um restaurante
aqui em Brasília, e tentou me agredir. Por tudo isso, depois de deixar a
procuradoria,passeiuma temporadafora do Brasil.Não tenho medo de
morrer, mas tenho medo da agressão,o que pode terminar em tragédia.
Desdeo episódiodo Supremo,parei de andar armado."

CASO À PARTE Collor : tentativa de intimidação, dossiês


e informação de que estaria armado na sabatina
..MINHA
108AÉDEIXAR
UMRB.AJO
PARA
QUE
ÃSPESSOÃS
jüiGüEM
ÃSüECiSOES
QUE
iOMEr
Rodrigo Janot
dizquesuasdecisõesnaLava-Jato
passarão
porumjulgamento
histórico
daquia
quatrooucincodécadas. Porissodecidiu
deixar
umregistro
pessoal
dosquatro
anosemqueesteve
à frentedaprocuradoria
enocomando dainvestigação
domaioresquemadecorrupçãodopaís
"Tudo o que a gente está passando aqui vai ter invariavelmente um
julgamentohistórico,no qual vão ser apontadoserros e acertos.A maio-
ria das pessoas não terá vividoeste momentoe receberá informaçõesde
segunda, terceira mão, que podem ser deturpadas. A minha ideia é dei-
xar um relato para que as pessoasjulguem as decisõesque tomei ou pelo
menos levem em consideração os meus argumentos. A Lava-Jato foi
uma das mais bem-sucedidas investigaçõesjá realizadas no mundo.
Neste momento, acho que não só no Brasil, mas em vários países da
América Latina, se apresenta uma contramarcha no combate à corrup-
ção. É precisoresiliênciapara não perder essa luta." ■

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