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Joselito Jacinto da Silva

OAB-GO 29.506

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA


CÍVEL DA COMARCA DE BOM JESUS (GO).

DORALICE ROSA FERREIRA CAMPOS, brasileira, casada,


professora aposentada, nascida aos 20 de julho de 1951, filha Pedro Luiz Rosa e
Astrogilda Lopes Ferreira, portadora de RG sob o nº. 1.161.916 2ª. via SSP/GO e
devidamente inscrita no CPF sob o nº. 227.588.281-20, residente e domiciliada a Rua
José Malaquias de Oliveira, nº. 97, Bairro Alvorada, nesta cidade e comarca de Bom
Jesus (GO), por intermédio de seu advogado e bastante procurador (procuração em
anexo), com escritório profissional abaixo informado, onde recebe notificações e
intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor;

AÇÃO DE COBRANÇA DE RESÍDUO DE LICENÇAS


PREMIOS

Nos termos do artigo 318 do Código de Processo Civil, em


desfavor do MUNICÍPIO DE BOM JESUS, pessoa jurídica de direito público, que se
faz representada Pelo seu representante legal o prefeito municipal Sr. Daniel Vieira
Ramos, com sede sito à Praça Sebastião Antonio de Oliveira, nº. 33, Bairro Centro,
nesta cidade e comarca de Bom Jesus (GO) CEP 75.570-000, pelos motivos de fato e
de direito a seguir aduzidos.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA - DECLARAÇÃO DE


INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA.

Preambularmente, a Requerente necessita e pede que lhe seja


deferido as beneces da justiça gratuita, conforme lhe faculta a lei 1060/50 por ser
pobre na verdadeira concepção da palavra.

Rua Franklin Xavier nº. 364 - Bairro Centro - Itumbiara-GO CEP 75503260 Fone: (64) 3404-1636, 9966-5858.
Joselito Jacinto da Silva
OAB-GO 29.506

A Lei nº. 1.060/50 é bastante clara ao afirmar em seu artigo 4º que: º


A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples
afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as
custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua
família”.

Inicialmente, afirma a Requerente que de acordo com o artigo 4º


da Lei nº. 1.060/50, com redação introduzida pela Lei nº. 7.510/86, que,
temporariamente, não tem condições de arcar com eventual ônus processual sem
prejuízo do sustento próprio e de sua família.

Assim, sendo, requer se digne Vossa Excelência conceder as


benesses da Justiça Gratuita in casu (assistência judiciária gratuita) no sentido de
dispensar o pagamento de quaisquer custas e emolumentos no curso do procedimento,
consoante os ditames da Lei nº. 1.060/50 e o art. 5º da Carta Magna Brasileira.

Assim, faz uso desta declaração inserida na presente petição


inicial, para requerer os benefícios da justiça gratuita.

É o entendimento jurisprudencial:

JUSTIÇA GRATUITA – Necessidade de simples afirmação de pobreza


da parte para a obtenção do benefício – Inexistência de incompatibilidade entre o art. 4º da Lei
n.º 1.060/50 e o art. 5º, LXXIV, da CF. Ementa Oficial: O artigo 4º da Lei n.º 1.060/50 não
colide com o art. 5º, LXXIV, da CF, bastando à parte, para que obtenha o benefício da
assistência judiciária, a simples afirmação da sua pobreza, até a prova em contrário (STF – 1ª
T: RE n.º 207.382-2/RS; Rel. Min. Ilmar Galvão; j. 22/04/1997; v.u) RT 748/172.

A CF, em seu artigo 5º, LXXIV, inclui entre os direitos e garantias


fundamentais a assistência jurídica integral e gratuita pelo Estado aos que comprovarem a
insuficiência de recursos; entretanto, visando facilitar o amplo acesso ao Poder judiciário
(artigo 5º, XXXV, da CF), pode o ente estatal conceder assistência judiciária gratuita mediante
a presunção iuris tantum de pobreza decorrente da afirmação da parte de que não está em
condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou
de sua família (STF – 1ª T.; RE n.º 204.305-2 – PR; Rel. Min. Moreira Alves; j. 05.05.1998; v.u)
RT 755/182

ACESSO À JUSTIÇA – Assistência Judiciária – Lei n.º.060, de 1950 –


CF, artigo 5º, LXXIV. A garantia do artigo 5º, LXXIV – assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos – não revogou a assistência judiciária
gratuita da Lei n.º 1.060/1950, aos necessitados, certo que, para a obtenção desta, basta a
declaração, feita pelo próprio interessado, de que a sua situação econômica não permite vir a
juízo sem prejuízo da sua manutenção ou de sua família. Essa norma infraconstitucional põe-
se, ademais, dentro do espirito da CF, que deseja que seja facilitado o acesso de todos à Justiça
(CF, artigo 5º, XXXV) (STF – 2ª T.; RE nº. 205.029-6 – RS; Rel. Min. Carlos Velloso; DJU
07.03.1997) RT 235/102.

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Joselito Jacinto da Silva
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DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL:

Preliminarmente, urge destacar a competência da Justiça Estadual


em detrimento da Trabalhista para o julgamento e processamento do feito, que apesar
de envolver a discussão de verbas trabalhistas, conforme entendimento da
jurisprudência brasileira abalizada no assunto: “DIREITO ADMINISTRATIVO - AÇÃO
DE COBRANÇA - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À MUNICIPALIDADE
- COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL - LIMINAR CONCEDIDA NA
ADIN Nº. 3.395 / STF - SENTENÇA ULTRA PETITA - JULGAMENTO DE QUESTÕES
ALÉM DOS LIMITES DA LIDE - INOCORRÊNCIA –PAGAMENTO DEVIDO -
EVENTUAL IRREGULARIDADE NA CONTRATAÇÃO - IRRELEVÂNCIA ANTE A
EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. Diante da efetiva prestação de serviços,
satisfatoriamente comprovada, deve haver a remuneração do prestador pelo Município, sob
pena de enriquecimento sem causa da Administração Pública. (Processo número 0076795-
10.2004.8.13.0086. Relator. Des. Audebert Delage. Julgado: 04/10/07. Data da publicação
11/10/2007)”.

Isto posto, requer o regular recebimento e processamento do feito


perante a Justiça Comum Estadual.

DOS FATOS

A servidora ora requerente é funcionária pública municipal,


empossada em 17 de fevereiro de 1992, no cargo de professora classe PN.1, conforme
Decreto de Nomeação de nº. 338/92 em anexo, e, em 11 de março de 2014, lhe foi
concedido benefício de aposentadoria especial de professor com proventos integrais.

A remuneração da Requerente, representada por seu Salário Base,


titularidade, anuenio e vantagem pessoal, perfazia o total de R$ 3.653,78 (três mil
seiscentos e cinqüenta e três reais e setenta e oito centavos).

Ocorre que desta a data de sua posse como professora PN1,


conforme anteriormente mencionado, a Requerente jamais recebeu as licenças
prêmios, dando um total de 15 (quinze) licenças prêmios não gozadas e não recebidas.
Dentre os benefícios a que tinha direito dentro de sua categoria
profissional, a Professora Doralice tem o de gozar licenças prêmios de 06 (seis) meses
a cada 10 (dez) anos de trabalho ininterrupto.

DO DIREITO

Com escopo de sustentar o pedido em tela, baseia-se na lei


Municipal nº. 1.190/2009, ESTATUTO E PLANO DE CARGOS E VENCIMENTOS
DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO em seu artigo 94, in verbis:

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Art. 94 – Ao professor é assegurada à licença premio de 06 (seis) meses,


correspondente a cada 10 anos de efetivo exercício da docência, com todos os direitos e
vantagens inerentes ao cargo efetivo.

No caso em comento, a servidora apesar de ter laborado na função


em que foi empossada por 22 (vinte e dois) anos, jamais recebeu ou gozou de suas tão
merecidas licenças prêmios, perfazendo um total de 12 (doze) não recebidas e não
gozadas.

Em se pegando o seu último vencimento no valor de R$ 3.653,78


(três mil seiscentos e cinqüenta e três reais e setenta e oito centavos), multiplicado
pelas 12 licenças prêmios dá-se o valor de R$ 43.845,36 ( quarenta e três mil
oitocentos e quarenta e cinco reais e trinta e seis centavos), que são de pleno direito da
professora em ter seu recebimento concretizado.

DO RECEBIMENTO EM DOBRO

A lei municipal 070/2013 garante o recebimento em dobro dos


funcionários da educação no artigo 25, § único e I, in verbis:

Art. 25 – O tempo de serviço considerado pela legislação vigente até 15 de


dezembro de 1998 para efeito de aposentadoria será contado como tempo de contribuição,
inclusive o fictício, sendo vedado o cômputo de qualquer tempo fictício adquirido após aquela
data;

§ Único – Considera-se tempo de contribuição fictício, para efeitos do §


10 do art. 40 da Constituição Federal, todo aquele expressamente considerado em lei municipal
específica ou em estatuto de servidores como tempo de serviço público para fins de concessão
de aposentadoria sem que haja, por parte da prestação de serviço e a correspondente
contribuição social, cumulativamente, dentre outros os seguintes casos:

I – tempo contado em dobro da licença premio não gozada

Verifica-se Excelência, que o dispositivo em apreço determina que


sua aplicação se restrinja ao pagamento em dobro das licenças não gozadas, em
consonância com o texto legal.

Portanto, embasado no artigo acima da lei municipal 070/2013, o


recebimento da funcionária pública aposentada Doralice Rosa Ferreira Campos deverá
perfazer o valor de R$ 87.690,72 (oitenta e sete mil seiscentos e noventa reais e
setenta e dois centavos).

A despeito de tal pedido, de forma contumaz, o Requerido recusa-


se a efetuar o pagamento devido a Requerente, razão pela qual, alternativa não lhe
restou senão a que ora se apresenta.

Rua Franklin Xavier nº. 364 - Bairro Centro - Itumbiara-GO CEP 75503260 Fone: (64) 3404-1636, 9966-5858.
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È a seguinte a jurisprudência pátria: TJ-MA - Apelação APL


0340412015 MA 0000143-75.2014.8.10.0088 (TJ-MA) Data de publicação: 22/02/2016 Ementa:  
PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA CONTRA MUNICÍPIO.
SERVIDOR PÚBLICO. SALÁRIOS NÃO PAGOS. VIOLAÇÃO DE DIREITO
CONSTITUCIONAL. DANOS MORAIS CARACTERIZADOS. 1. O fato de o magistrado a
quo ter entendido desnecessária a produção de prova em juízo, passando ao julgamento
antecipado da lide, na forma do inciso I, do art. 330 do CPC, não caracteriza cerceamento de
defesa, desde que presentes nos autos as provas necessárias ao deslinde da causa. Preliminar
rejeitada. 2. Comprovado o vínculo funcional, o pagamento dos salários é obrigação da
municipalidade, em atenção às regras do ordenamento jurídico vigente e ao princípio da
dignidade da pessoa humana. 3. Em ações de cobranças de salários de servidor público,
incumbe à municipalidade a prova de fato impeditivo do direito do autor conforme dita o
artigo 333, inciso II, do CPC. Sem a comprovação alegada, o ente municipal deve pagar o
servidor. 4. Incontestáveis os efeitos danosos que a conduta do ente público acarreta ao
servidor que trabalha e não recebe a devida contraprestação. Indenização por dano moral
confirmada. 5. Apelação desprovida.

E ainda: TJ-MA - Apelação APL 0481062013 MA 0000244-


17.2013.8.10.0131 (TJ-MA) Data de publicação: 21/07/2014 Ementa: PROCESSO CIVIL.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA CONTRA MUNICÍPIO. SERVIDOR
PÚBLICO. SALÁRIOS NÃO PAGOS. VIOLAÇÃO DE DIREITO CONSTITUCIONAL. 1.
Comprovado o vínculo funcional, o pagamento dos salários é obrigação da municipalidade, em
atenção às regras do ordenamento jurídico vigente e ao princípio da dignidade da pessoa
humana. 2. Em ações de cobranças de salários de servidor público, incumbe à municipalidade
a prova de fato impeditivo do direito do autor conforme dita o artigo 333 , inciso II , do CPC .
Sem a comprovação alegada, o ente municipal deve pagar o servidor. 3. Segundo o artigo 290
do CPC: "Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas
incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor". Portanto, in casu,
não há o que se cogitar em sentença ultra petita. O objeto da ação refere-se ao não pagamento
de salários - obrigação periódica. 4. Os honorários fixados em 10% (dez por cento) do valor da
condenação devem ser mantidos. Respeito ao artigo 20, § 4º, do CPC . 5. Recurso improvido.

Posto isto, com espeque nas argumentações retro expendidas,


legislação, doutrina e entendimentos jurisprudenciais pertinentes, passa a exarar o
seguinte.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, decalcado nos dispositivos legais mencionados,


bem como nos demais aplicáveis na espécie requer de Vossa Excelência, o seguinte:

a) Que seja concedido os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA,


visto ser pessoa pobre no sentido legal, não podendo arcar com as despesas
processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, conforme provado em seus
demonstrativos de pagamentos de salários anexos a esta inicial e declaração de
hipossuficiência.

Rua Franklin Xavier nº. 364 - Bairro Centro - Itumbiara-GO CEP 75503260 Fone: (64) 3404-1636, 9966-5858.
Joselito Jacinto da Silva
OAB-GO 29.506

b) Que seja citado a requerida, por meio de seu representante legal,


no endereço retro, para se quiser contestar a presente ação sob pena de revelia e
confesso.

c) Que seja dado ciência ao Ilustre representante do Ministério


Público de todos os atos do presente processo.

d) Ao final que seja julgado procedente a presente ação com a


declaração dos direitos que ora se pretende e como consequência que seja condenada à
requerida ao pagamento do resíduo de LICENÇAS PREMIOS NÃO GOZADAS E
NÃO RECEBIDAS, dos últimos 22 anos, referente ao período de fevereiro de 1992 a
março de 2014.

e) Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em


direito admitidas, notadamente provas documentais, periciais, testemunhais
oportunamente arroladas, bem como o depoimento pessoal do preposto da requerida,
sob pena de confesso.

Dá-se a presente ação o valor de R$ 87.690,72 (oitenta e sete mil


seiscentos e noventa reais e setenta e dois centavos).

Nestes Termos, Pede Deferimento.

Itumbiara, 28 de novembro de 2017.

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Joselito Jacinto da Silva.
OAB/GO nº. 29.506.

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