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Fundações Superficiais

Brasília-DF.
Elaboração

Blenda Cordeiro Mota Ribeiro

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação.................................................................................................................................. 5

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa..................................................................... 6

Introdução.................................................................................................................................... 9

Unidade I
DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO........................................................................... 11

Capítulo 1
Breve histórico das construções................................................................................... 12

Capítulo 2
Análise do terreno............................................................................................................. 18

Capítulo 3
Investigação do terreno.................................................................................................. 23

Unidade ii
CAPACIDADE DE SUPORTE.................................................................................................................... 27

Capítulo 1
Cargas permanentes.......................................................................................................... 27

Capítulo 2
Cargas móveis.................................................................................................................... 34

Capítulo 3
Aspectos correcionais do suporte de carga............................................................... 42

Unidade iII
PREVISÃO DE RECALQUE...................................................................................................................... 54

Capítulo 1
Pressões admissíveis............................................................................................................ 54

Capítulo 2
Recalques elásticos........................................................................................................... 65

Capítulo 3
Recalques diferenciais....................................................................................................... 68

Unidade iV
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS............................................................................. 71
Capítulo 1
Sapata.................................................................................................................................... 72

Capítulo 2
Blocos................................................................................................................................. 80

Capítulo 3
Radier................................................................................................................................... 83

Referências................................................................................................................................... 88
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

7
8
Introdução

O estudo das fundações é de extrema importância para o profissional da construção


civil, uma vez que toda e qualquer obra tem necessidade de se assentar sobre o terreno
com segurança.

As fundações podem ser classificadas entre superficiais (de pouca profundidade),


profundas (de profundidade considerável) e especiais (de estruturas de arte, como
pontes, viadutos e barragens, além das flutuantes, como plataformas em alto mar).

Neste momento, estudaremos as fundações superficiais, também conhecidas como


rasas ou diretas. Enfocaremos, especialmente, as sapatas, os blocos e os radiers.

Nesta disciplina de Fundações Superficiais, nos concentraremos nos critérios de


escolha, no cálculo das cargas admissíveis, nos possíveis recalques e, finalmente, no
dimensionamento das fundações superficiais.

A primeira unidade nos mostrará os critérios que determinam a relação entre o terreno
e a fundação mais apropriada. Além disso, conheceremos os métodos de investigação
de terreno mais usuais segundo a norma brasileira NBR no 6122 (ABNT, 2010), que
trata de normalizar o processo executivo das fundações.

A segunda unidade traz um olhar mais apurado para as ações de cargas que as fundações
devem suportar. Nesta unidade, aprenderemos mais sobre as cargas próprias da
construção, as cargas provenientes do objetivo da construção e as cargas temporárias
que também devem ser consideradas.

A terceira unidade é responsável pelo estudo de um dos principais problemas da


Geotecnia: os recalques diferenciais. Nesta unidade, além de aprendermos sobre os
recalques, também nos aprofundaremos nos critérios de segurança comuns a execução
dos diversos tipos de fundações.

A quarta unidade traz o dimensionamento das fundações superficiais. Nesta unidade,


entenderemos melhor o processo construtivo das sapatas, dos blocos e dos radiers.
Além disso, também calcularemos as dimensões de cada peça estrutural e suas
respectivas armaduras.

Depois de ler tanto o sumário quanto esta introdução, estamos mais cientes de como
será essa disciplina. Agora que já fazemos ideia do que virá pela frente, vamos começar?

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Não se esqueça de dividir suas dúvidas com seus colegas no fórum. É uma ferramenta
poderosa de interação entre colegas e tutores. Vamos partilhar o conhecimento?

Bons estudos!

Objetivos
»» Determinar a fundação mais apropriada para cada tipo de terreno.

»» Considerar a relação entre as cargas da construção e a capacidade da


fundação.

»» Compreender os recalques e os critérios de segurança para impedí-los.

»» Dimensionar e detalhar as fundações superficiais.

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DETERMINAÇÃO
DA RELAÇÃO Unidade I
FUNDAÇÃO/TERRENO

O principal critério de escolha da fundação é o tipo do terreno sobre o qual ela deve se
assentar. Esta unidade faz a relação entre o terreno disponível e a fundação que melhor
se adapta para atender às necessidades da construção.

O primeiro capítulo traz um breve histórico a respeito do desenvolvimento das


construções e, consequentemente, das fundações.

O segundo capítulo traz a análise do terreno, contendo os critérios técnicos e econômicos


envolvidos no processo de escolha da fundação.

O terceiro capítulo traz os testes e ensaios determinados pela NBR no 6122 (ABNT,
2010) para perfazer uma investigação do solo e do subsolo de acordo com os padrões
de segurança e, com isso, atender aos parâmetros da norma.

Vamos iniciar nossos estudos em fundações?

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Capítulo 1
Breve histórico das construções

A história das construções se mistura com a história da Geotecnia, uma vez que esta
ciência é responsável pelos estudos do solo e de suas movimentações para uso civil.

Por isso, toda e qualquer obra civil precisa de um conhecimento geotécnico para se
estabelecer e precisa de uma base, ou seja, precisa de uma fundação.

A Pré-história traz as primeiras construções, ainda que rudimentares, do homem. Os homens


paleolíticos já sentiam as variações climáticas mais que os animais, necessitando de
abrigo da chuva e do frio.

Eles viviam em cavernas e grutas (reentrâncias rochosas, como na figura 1) quando as


encontravam, mas também aprenderam a cavar abrigos debaixo da terra quando não
encontravam as grutas.

Figura 1. Homem paleolítico vivendo em cavernas.

Fonte: Cléofas, 2016.

Alguns desses abrigos eram escavados quase verticalmente e, alguns registros indicam
que chegavam aos dois metros de profundidade.

No período Neolítico, os homens começaram a manejar ferramentas e utilizar a pedra


para cortar alimentos e materiais.

A partir daí, começaram a morar em casas de madeira e folhas, em comunidades


próximas aos cursos d’água, favorecendo a agricultura e a vida familiar, como mostra
a figura 2.

12
DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO │ UNIDADE I

Figura 2. Homem neolítico vivendo em construções rudimentares.

Fonte: Site História de Tudo, 2016.

Após o domínio do manejo dos metais, o homem se desenvolve exponencialmente e


entra na Idade Antiga com técnicas construtivas responsáveis por construções de grande
valor histórico, como as obras egípcias, mesopotâmicas, incas e das demais civilizações
da época.

A Mesopotâmia introduz o conceito do tijolo de cerâmica, utilizando-o como material


de construção principal para suas obras, por exemplo, a figura 3 a seguir.

Figura 3. Zigurate – templo mesopotâmico dedicado ao deus Marduk.

Fonte: Blog Piquiri, 2014.

Enquanto isso, os egípcios utilizavam os blocos de pedras para construir. Exemplo


real e prova viva da durabilidade deste material é a existência das Pirâmides, ainda
resistentes após milhares de anos, conforme figura 4.
13
UNIDADE I │ DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO

Figura 4. Pirâmide de Quéops – templo egípcio dedicado ao deus Aton.

Fonte: Google Mapas, 2017.

O código de Hamurábi (proposto por Khammu-rabi, rei da Babilônia, no 18o século


a.C.) foi a primeira compilação de leis conhecida no mundo. Ele previa penas de morte
para o arquiteto e sua descendência, em caso de a construção entrar em colapso. Caso o
dono da casa morresse, o construtor seria morto. Caso o filho do dono da casa morresse,
o filho do construtor seria morto.

Os gregos foram responsáveis por grande avanço na cultura e nas ciências, refinando as
teorias científicas, a alimentação, a música e, entre outros, a construção civil.

A Idade Clássica é marcada pela expansão ocidental grega e, em seguida, romana.


Os gregos não inovaram muito no quesito materiais de construção, mas inovaram
muito no quesito arquitetura, pois eram atenciosos aos detalhes de pilares, pórticos
e vigas.

Conforme figura 5 a seguir, a arquitetura grega primava pela quantidade de detalhes


nas peças e pela quantidade de peças propriamente ditas. Portanto, a carga para as
fundações de construções como o Parthenon era muito grande. As fundações eram
feitas a partir da sobreposição de blocos de pedra.

Os gregos já utilizavam fundações superficiais para suas construções de pequeno porte.


A causa dessa escolha vem do solo grego, propício à construção.

14
DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO │ UNIDADE I

Figura 5. Parthenon – templo grego dedicado à deusa Athena.

Fonte: Site Ancient Greece, 2017.

Os romanos desenvolveram os processos construtivos das obras civis, agregando


maiores dimensões e, portanto, maior carga para as fundações.

Os romanos introduziram o uso do concreto, além dos tijolos cerâmicos cozidos e


travados. A figura 6 mostra o Coliseu e sua fundação de laje com diâmetro de 170m.

Figura 6. Coliseu – Anfiteatro italiano feito de concreto e areia.

Fonte: Site da revista Pelo Mundo, 2017.

A Idade Média avançou pouco em relação aos processos construtivos, mas introduziu
a utilização de fundações subaquáticas e o uso do bate-estaca, similar aos bate-estacas
manuais atuais.

A Idade Moderna, por sua vez, trouxe muitas contribuições para a construção civil,
tanto quanto para as demais áreas da cultura, das ciências e das tecnologias.

Em 1561, foi escrito, por Philibert l’Orme, o livro mais popular da época sobre fundações,
contemplando as fundações superficiais, profundas, fluviais e marítimas.

15
UNIDADE I │ DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO

O cientista e engenheiro francês Charles Augustin Coulomb deu início aos estudos de
Mecânica dos Solos em 1776.

Ele foi secundado por Rankine, Collin e Darcy, difundindo e acrescentando experimentos
e teorias sobre a Geotecnia.

No século XX a Mecânica dos Solos se consolida como ciência a partir dos estudos
e esforços de Atterberg e, principalmente, Karl Terzaghi, conhecido como o pai da
Mecânica dos Solos.

Hoje, as construções estão tocando nas nuvens. O prédio mais alto do mundo na
atualidade está em fase final de construção e terá 1008m de altura, mais de 60 metros
de profundidade das fundações e mais de 80.000 toneladas de aço em sua constituição.

A Jeddah Tower ou ‫( ةكلمملا جرب‬Burj al-Mamlakah ou torre de Gidá) fica na Arábia


Saudita e tem custo estimado de quase R$5.000.000.000,00 (cinco bilhões de reais).

Figura 7. Jeddah Tower – Edifício mais alto do mundo, em construção.

Fonte: Adaptado do site Architizer, 2016.

Para continuar as leituras, sugerimos que dê uma olhadinha no material didático


das disciplinas de Pedologia e Mecânica dos Solos e em suas respectivas
bibliografias.

É sempre importante rever alguns conteúdos, pois estes serão relidos com outra
perspectiva.

Também sugerimos que se aprofunde na história das fundações com o capítulo


1 do livro Fundações: Teoria e Prática (HACHICH et al., 1998).

16
DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO │ UNIDADE I

Outra sugestão é fazer a leitura dos artigos de onde as figuras 1, 2, 3 e 5 foram


retiradas (veja links nas referências).

Bons estudos!

17
Capítulo 2
Análise do terreno

Como percebemos a partir da breve viagem na História que fizemos anteriormente, o


homem foi aprimorando sua vida em sociedade com o passar do tempo e com o avançar
das descobertas e experiências.

Verificação primária
Antes de iniciar as obras primárias de uma construção (as etapas de movimento de terra
e fundações), é necessário que se faça uma verificação de segurança que contemplem
tanto a equipe quanto o processo construtivo.

A seguir, uma lista com alguns dos itens mais importantes que devem ser considerados
antes de iniciar as escavações:

»» priorizar a proteção da equipe, com a adoção de medidas preventivas


para deslizamento de terra e acidentes relacionados aos explosivos e/ou
equipamentos;

»» verificar a existência de tubulações e/ou redes de distribuição de água,


esgoto, energia, gás, telecomunicações, entre outros;

»» solicitar orientação específica de cada concessionária em casos de


existência de rede e/ou tubulação acima citada;

»» escorar, quando não for possível retirar, as rochas, árvores e máquinas


que estejam no terreno;

»» escorar as estruturas vizinhas que têm probabilidade de serem afetadas


durante o trabalho no terreno;

»» considerar, no projeto de escavação, os parâmetros geotécnicos específicos


do terreno da obra, como c’1 e Φ2;

»» enviar cópias dos projetos geotécnicos ao CREA e à comunidade circunvizinha,


incluindo técnicas adotadas e horário de vibrações e escavações;

»» monitorar a execução das escavações com cuidado especial nas zonas


passíveis de instabilidade;

1 Coesão.
2 Ângulo de atrito.

18
DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO │ UNIDADE I

»» considerar as cargas de projeto no momento do escoramento dos taludes;

»» dispor de saída emergencial (rampas ou escadas) para escavações com


mais de 1,25m de profundidade;

»» sinalizar as áreas escavadas tanto no canteiro quanto nas vias públicas


circunvizinhas;

»» garantir aos colaboradores, em escavações profundas, acesso à água,


energia e aparelho de comunicação sonora com a equipe da superfície;

»» vistoriar a qualidade do ar da escavação antes de da descida dos colaboradores;

»» respeitar as disposições da NR 15 (Atividades e operações insalubres);

»» depositar o material escavado a uma distância segura em relação aos taludes;

»» proteger, em grandes escavações, o pessoal com passarelas de largura


≥80cm e guarda-corpo com altura ≥1,20m;

»» evitar trabalhos que sejam manualmente executados;

»» manter pessoal de observação nas áreas de movimentação de terra;

»» manter pessoal de atendimento de emergência de prontidão no canteiro;

»» manter equipe de fiscalização de segurança de prontidão;

»» desviar ou reduzir o tráfego, caso a escavação seja muito próxima à via;

»» adotar sistema de sinalização em conformidade com o Código Brasileiro


de Trânsito em casos de estreitamento de vias públicas.

Tipos de fundações superficiais


De acordo com a NBR no 6122 (ABNT, 2010), as fundações superficiais (FS - também
chamadas de rasas ou diretas) transmitem as cargas da construção ao terreno,
permitindo a distribuição das tensões entre seus elementos. As FS têm profundidade
relativamente baixa.

Para que uma fundação seja considera direta, é preciso que a seguinte condição aconteça:

2b>p (1)
Onde:
b = menor dimensão da base da fundação;
p = profundidade de assentamento.
19
UNIDADE I │ DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO

Ou seja, o dobro da menor dimensão da base da fundação deve ser maior que a
profundidade escavada para o assentamento da mesma. Para elucidar esta condição, a
Figura 8 a seguir demonstra os parâmetros.

Figura 8. Condição de FS.

Fonte: Adaptado de Barros, 2011.

São consideradas FS pela NBR no 6122 (ABNT, 2010) as sapatas, os blocos, os radiers,
as sapatas associadas e as sapatas corridas.

Sapata: estrutura de FS de concreto com acréscimo de armadura para conter as tensões


de tração da superestrutura.
Figura 9. Exemplo de sapata.

Fonte: Adaptado de Barros, 2011.

Bloco: estrutura de FS de concreto simples que atende às necessidades de compressão


da superestrutura.
Figura 10. Exemplo de bloco.

Fonte: Adaptado de Barros, 2011.

20
DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO │ UNIDADE I

Radier: estrutura de FS que distribui os carregamentos da superestrutura abarcando


todos os pilares da mesma.

Figura 11. Exemplo de radier.

Fonte: Adaptado do blog Construção Civil Tips, 2012.

Sapata associada: estrutura de FS que se dispõe a absorver a carga de mais de um pilar.

Sapata corrida: estrutura de FS contínua que absorve a carga de mais de um pilar.

Figura 12. Exemplo de sapata associada.

Fonte: Adaptado do site Engeplificando, 2017.

21
UNIDADE I │ DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO

Figura 13. Exemplo de sapata corrida.

Fonte: Adaptado de Barros, 2011.

Escolha do tipo de fundação


Figura 14. Perfil do solo.

Fonte: Adaptado de Barros, 2011.

»» quando os três perfis de solo tiverem semelhanças em relação às boas


características de resistência, então a fundação pode se assentar sobre o
solo A;

»» se o solo A é resistente, mas os outros dois não são, é necessário que se


limite a estrutura a um uso de baixa solicitação do solo;

»» se o solo a é frágil e B é resistente, deve-se assentar uma fundação


profunda em B, obedecendo às limitações de resistência do solo C;

»» se os solos A e B são igualmente frágeis e o solo C é resistente, a fundação


edve atravessar as camadas de solo A e B e se assentar em C.

22
Capítulo 3
Investigação do terreno

Investigação preliminar
A principal função de uma fundação é a transmissão do peso da construção ao terreno.

Antes de fechar uma decisão a respeito da escolha do tipo de fundação, é necessário que
alguns passos sejam dados. A NBR no 6122 (ABNT, 2010) indica os primeiros passos
que devem ser dados.

O primeiro passo é a verificação do local da obra, analisando as condições superficiais


do terreno, a existência de água, a planialtimetria, a posição em relação ao sol e a
possibilidade de contaminação do subsolo.

O segundo passo é verificar o procedimento das obras vizinhas para tomar ciência
do que está sendo feito na localidade e decidir sobre a necessidade de um plano de
segurança do entorno, além dos possíveis danos já existentes na construção.

O terceiro passo é fazer uma sondagem no terreno, com coleta de amostras do solo
para análise e verificação da profundidade das camadas, até que se atinja a camada
resistente.

É importante considerar os aspectos econômicos inerentes à obra. Às vezes, as soluções


menos custosas podem atrasar a entrega da obra e gerar ouros custos, enquanto que
soluções mais custosas podem auxiliar no corte de outros custos, como os custos
fixos diários.

A investigação preliminar consiste, enfatizando o terceiro passo, em:

»» executar a sondagem a percussão, conforme NBR no 6484 (ABNT, 2001),


que objetiva determinar os tipos de solo do perfil examinado, o nível do
lençol freático e a resistência à penetração medida a cada metro;

»» classificar os solos examinados de acordo com a NBR no 6502 (ABNT,


1995), que objetiva definir os termos relativos às rochas e solos “para fins
de engenharia geotécnica de fundações e obras de terra”.

A depender dos resultados encontrados na investigação preliminar, pode ser necessário


que se façam investigações complementares, além dos já previstos ensaios de laboratórios.

23
UNIDADE I │ DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO

A norma sugere que as investigações complementares sempre sejam feitas, em nome


da segurança e do bom andamento do processo executivo da obra.

Investigações complementares

As investigações complementares consistem nos ensaios auxiliares que podem ser


feitos no campo. Estes ensaios são responsáveis pela coleta de informações de forma
direta ou através de correlação.

A seguir, mantendo a ordem da NBR no 6122 (ABNT, 2010), os dez testes/ensaios


complementares normalizados.

Sondagem mista: utiliza-se a sondagem mista (tanto a percussão quanto rotativa)


em casos de não esclarecimento das características do material rochoso encontrado.
Informações como tipo da rocha, fraturamento, grau de alteração, coerência, índice de
qualidade da rocha (RQD).

Sondagem a percussão com medida de torque: semelhante ao SPT, mas acrescido


da medição do torque necessário para fazer a rotação (SPT-T). Esta medida caracteriza
o atrito entre o amostrador e o solo.

Ensaio de cone: faz-se o ensaio cravando uma ponteira formada de cone e luva de
atrito. Comesse ensaio se determina a estratigrafia e classifica as características do
solo. Geralmente os materiais do ensaio têm suas propriedades obtidas por correlações.
A poropressão que ocorre por causa das cravações, pode ser medida pelo ensaio de
Piezocone (CPTU).

Figura 15. Ensaio de cone.

Fonte: Adaptado do site Construção e Mercado, 2013.

Ensaio de palheta: a NBR no 10905 (ABNT, 1989) indica instruções para a realização
desse ensaio, que serve para a obtenção da resistência ao cisalhamento de solos moles.

24
DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO │ UNIDADE I

Ensaio pressiométrico: faz-se este ensaio enterrando uma sonda cilíndrica no


terreno, com marcas de profundidade já conhecidas. De acordo com o tipo de expansão
do pressiometro no terreno, se classifica em pré-furo, autoperfurante. Com este ensaio,
conseguem-se as características resistentes e tensão-deformação do material.

Ensaio dilatométrico: faz-se cravando uma lamina com diafragma, que é enterrado
no solo sob pressão de um gás. Usa-se este ensaio para obtenção da estratigrafia e pode
dar pistas sobre como o solo se classifica.

Ensaios sísmicos: esses tipos de ensaio servem para medir com que velocidade a
onda cisalhante se propaga e é feito em profundidades já estabelecidas previamente.
Com os resultados é possível estimar o modulo de elasticidade transversal inicial do solo.

Ensaios de permeabilidade: permite se avaliar o coeficiente de permeabilidade


do solo.

Ensaio de perda de água em rocha: com tal ensaio é possível a obtenção de dados
quanto a capacidade da rocha de conduzir água e quanto esta é fraturada.

Ensaios de laboratório: tem o objetivo de determinar a classificação do solo, obter


dados quanto a resistência, permeabilidade e deformabilidade do solo. Amostras que
representem camadas do solo devem ser obtidas por poços e trincheiras seguindo a
NBR no 9820 e a NBR no 9604. Para ensaios que classifiquem os solos, são conseguidas
amostras por trado, seguindo a NBR no 9603.

Ensaio de cisalhamento direto: tem o objetivo de determinar as características de


resistência ao cisalhamento do solo.

Ensaio triaxial: tem o objetivo de determinar características de resistência e de


deformabilidade do solo. De acordo com as condições de drenagem, pode se classificar o
ensaio em: adensado drenado (CD), não drenado (CU), e não adensado não drenado (UU).

Ensaio de adensamento: tem o objetivo de determinar as características de


compressibilidade dos solos sob condição de confinamento lateral de acordo com a
NBR no 12007.

Ensaios para caracterização de expansibilidade: existem diversos meios para


que se caracterize o solo com relação a sua expansibilidade. O mais comumente utilizado
é o que emprega o equipamento necessário para o ensaio de adensamento. Os ensaios
a seguir também fornecem informações sobre expansibilidade do solo: granulometria,
índice de plasticidade, difração de raios X, adsorção de azul de metileno, analise termo
diferencial, espectrometria infravermelha.

25
UNIDADE I │ DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO FUNDAÇÃO/TERRENO

Ensaio de colapsibilidade: se utiliza para solos não saturados que colapsam se


aumentada a umidade. O ensaio mais comum é feito se utilizando do equipamento do
ensaio de adensamento, quando se mede a deformação vertical sob uma determinada
tensão.

Ensaio de permeabilidade: pode-se determinar coeficientes de permeabilidade


vertical e horizontal por amostragem de solo.

Ensaios químicos: permite avaliar o quanto o solo e a agua subterrânea estão


contaminados e como isso influencia no comportamento das fundações.

Para aprofundar seus conhecimentos sobre as investigações do subsolo,


sugerimos que estude o material didático da disciplina Obras de Terra e que
estude as NBRs, citadas neste capítulo e nos demais.

Sugerimos também a leitura da excelente publicação de Walid Yázigi: a Técnica


de Edificar. Um livro denso, mas de linguagem simples e conteúdo primoroso da
editora PINI.

É muito importante, para o bom profissional, estar sempre atualizado (a) a


respeito das novas versões das normas brasileiras e das mudanças ocorridas
entre estas versões.

26
CAPACIDADE DE Unidade ii
SUPORTE

Na Unidade 2, aprofundaremos no cálculo da capacidade de carga de fundações rasas e


nos tipos de carga a qual essas fundações podem estar submetidas. Uma fundação pode
receber carregamentos permanentes, como ocorre no caso de edifícios. Este primeiro
tipo de carregamento será estudado no capítulo 1. Já os carregamentos móveis podem
ocorrer em várias situações, como em rodovias, pontes, balcões de depósitos etc. Este
segundo tipo de carregamento será estudado no capítulo 2. Por fim, a capacidade de
suporte e seus aspectos correcionais serão estudados no capítulo 3 desta unidade.

Capítulo 1
Cargas permanentes

Segundo a NBR no 6120 (ABNT, 2000), carga permanente é definida pelo peso próprio
da estrutura, juntamente com o peso de todos os elementos construtivos fixos e
instalações permanentes.

Quando há paredes divisórias, que serão colocadas em lugares diversos do elemento


construtivo, para fins de cálculo a carga é distribuída transversalmente. Assim admite-se
as cargas fixas, mais uma carga uniforme distribuída no metro quadrado de piso, em
comparação com o peso da parede executada medido sem metro linear, menos que um
terço do peso, sendo o mínimo determinado de 1 KN /m².

Ainda de acordo com a mesma norma, os elementos de cobertura ripas, terças e barras
de banzo superior de treliças, são planejados para na posição mais hostil, suportar uma
carga vertical 1KN/m², mais a carga permanente.

Comportamento estruturais
Não é capaz de transmitir atrito lateral, porque a superfície de ruptura passa fora do
fuste, ou seja, quando rompe a sapata afunda, o solo cria uma ponta natural e essa

27
UNIDADE II │ CAPACIDADE DE SUPORTE

força levanta o solo, tensão cisalhante atuante que empurra o solo é maior que tensão
cisalhante resistente.

Toda carga do pilar vai para a base transformada em pressão, e é isso que o solo recebe.

Cargas permanentes têm um posicionamento fixo (elementos construtivos e instalações


permanentes) e sua atuação é permanente (revestimentos, pisos enchimentos,
concretos), são calculadas a partir do peso próprio, com a soma do peso do elemento
fixos da estrutura exemplo parede, divisórias e outras.

CP =PP + PE (1)

onde,

»» CP= carga permanente;

»» PP = peso próprio;

»» PE = peso do elemento fixo.

O peso dos materiais são características específicas, que geralmente estão estabelecidos
em tabelas fornecidas pelas normas vigentes para fundações superficiais.

Tabela 1. Material versus peso específico.

Peso específico
Material
ib/ft3 KN/M3
Alumínio 170 26.7

Alvenaria Comum 135 21.2

Concreto Armado 150 23.6

Aço estrutural 492 77.3

Madeira (pinho) 37 58

Fonte: NBR n o 6120 (ABNT, 2000).

Tabela 2. Carga permanente nas lajes.

Peso Específico Espessura


Material Carga (tf/m²)
(tf/m3) (cm)
Revestimento de argamassa de
1,9 2 0,038
cal, cimento e areia
Contrapiso cimento e areia 2,1 2 0,042
Taco de Cedro 0,50 2 0,01
Carga Total 0,09

Fonte: NBR n o 6120 (ABNT, 2000).

28
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

As ações que o peso permanente exerce sobre as estruturas, devem ser observadas pela
ótica da segurança, por isso é necessário que se verifique sempre para o modo mais
adverso que poderá ser apresentado. É necessário dividir as ações da carga, seguindo
uma linha específica de raciocínio. As ações são:

Figura 16. Carga permanente uniformemente atuando em uma viga contínua.

Fonte: MAXWELL, VRAC, PUC Rio, 2014.

Ações permanentes diretas

A composição das ações permanentes está diretamente ligada a:

»» peso próprio da estrutura;

»» peso dos elementos construtivos fixos e das instalações permanentes;

»» empuxos permanentes.

Então definindo peso próprio, entende-se que seja o peso total de todo material utilizado
em conjunto na construção do elemento construtivo, diversos são esses materiais, e
por consequência tem diferentes expressões de peso.

Para o peso dos elementos construtivos fixos e das instalações permanentes a norma NBR
no 6120 (ABNT, 2000), os prevê na referida norma, indicando suas massas especificas
de todos os materiais de construção. As instalações têm seu peso específico estimado e
normatizado através de seus fabricantes, que são responsáveis pelas informações e por
tudo que estiver não conforme.

Quanto aos empuxos permanentes, se forem considerados não removíveis, ou seja,


estejam fixados no local permanentemente, como também outros tipos de materiais
granulosos, a norma NBR no 8681 (ABNT, 2004) regulamenta os valores típicos (Fk,sup
ou Fk,inf) que devem ser utilizados para efeitos de cálculos.

Diversas são as cargas que exercem influência no dimensionamento das estruturas,


algumas dessas têm seus valores definidos e normatizados, sendo um auxílio para os
profissionais da área, a norma NBR no 6118 (ABNT, 2014) fixa alguns desses valores e
define sua representação por Fk, que está ligado as ações de variabilidade e intensidade
das cargas.

29
UNIDADE II │ CAPACIDADE DE SUPORTE

Tabela 3. Valores específicos para alguns materiais de construção.

Blocos cerâmicos 22 kN/m3


Lajotas cerâmicas 18kN/m3
Tijolos furados 13kN/m3
Tijolos maciços 18kN/m3
Argamassa de cal, cimento e areia 19kN/m3
Argamassa de cimento e areia 21kN/m3
Concreto simples 24kN/m3
Concreto armado 25kN/m3

Fonte: NBR n o 6118 (ABNT, 2014).

As ações permanentes Fgk, são adotadas pelos valores médios das distribuições recorrentes,
sendo valores típicos superiores ou inferiores.

Esses dados estão correlacionados nas normas, NBR no 6118 (ABNT, 2014) e 6120
(ABNT, 2000).

Ações permanentes indireta

Essas ações estão correlacionadas com as deformações obrigatórias da estrutura de


retração do concreto:

»» fluência do concreto;

»» deslocamento de apoio;

»» imperfeições geométricas;

»» protensão.

Retração do concreto é um tipo de deformação específica do concreto, que a Associação


Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR no 6118/2014 ─ no anexo A, define de forma
clara pra que seu cálculo possa ser simples e direto. A tabela 1.3, da norma, deixa a maneira
de execução do cálculo sendo utilizada a interpolação de posse do valor típico superior,
em função da deformação específica de retração entre os instantes t∞ e t0, εc. (t∞,t0).

A restrição imposta pela armadura, que vem da restrição à retração do concreto, é


possível utilizar a modificação t∞ e t0, εc (t∞,t0), sendo utilizado -15 x 10-5.

Equação resultante: εc (t∞,t0) = -15 ×10-5 = −0,15‰ . Para cálculos, são atribuídos valores
de 10 a 100 cm submetidos a temperatura <75%.

Obs.: o valor da retração inferior do concreto é nulo.

30
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

Ocorre nuances de umidade em elementos estruturais por conta da exposição das faces
contrarias, então se admite que a variação de retração é linear. As modificações de forma
nas peças estruturais, devem ser minimizadas com a implantação de juntas de concretagem
já determinadas, ou a título de recomposição da peça após apresentar alguma patologia.

Fluência do concreto de acordo com a NBR no 6118 (ABNT, 2014 Anexo – A), as deformações
que eventualmente ocorrem, podem dispor da seguinte equação para seus cálculos,
1 �(�� � �� )
�� (�� � �� ) � �� (�� ) �
��� (�� )
+
��� (28)
� (2)(2)

Se a σc (t0) não tiver variação, a equação é utilizada e simplifica todo o cálculo a seguir,
destacado. Cada componente da equação está definido abaixo:

»» εc (t∞,t0) = deformação especifica total do concreto entre os instantes t∞ e t0;

»» σc (t0)= tensão do concreto por conta do carregamento sobreposto em t0;

»» φ(t∞,t0) = tendência do limite do coeficiente de fluência estimulado por


carregamento posto em t0;

»» Eci (t0) = módulo de elasticidade inicial do concreto no instante t0;

»» Eci (28) = módulo de elasticidade inicial do concreto aos 28 dias.

Para determinação do valor de φ(t∞,t0), a tabela 1.3 pag. 1-9 da NBR no 6118/2014, libera a
interpolação, fornecendo o valor distinto superior de φ(t∞,t0), são eventualmente usadas.

Obs.: o valor distinto inferior de φ(t∞,t0), é nulo.

Deslocamento de apoio, se provocarem esforços, devem ser levados em conta se o mesmo


for significativo, isso quando a estrutura é hiperestática e muito rígida. A avaliação
do deslocamento está em função do tipo de material da utilizado na sua fundação.
Os valores tipicamente superiores δksup, o cálculo é levado em conta da maneira mais
hostil de comportamento de rigidez do material de fundação, inicialmente usa-se 5% do
quantil que diz respeito à distribuição de probabilidade.

Enfim, toda essa coleção de deslocamentos se desdobra em uma ação, quando visto
como majorados pelo mesmo coeficiente de ponderação.

Obs.: os valores inferiores geralmente são considerados nulos. Imperfeições geométricas


sendo consideradas em grupos distintos, a verificação do estado-limite último das
estruturas reticulares, são as imperfeições geométricas do eixo dos elementos estruturais
da estrutura descarregada, e que estão divididas em:

»» Imperfeições globais, como consideradas em 9.5.1.


»» Imperfeições locais, como consideradas em 9.5.2.
31
UNIDADE II │ CAPACIDADE DE SUPORTE

Protensão: essa ação é tida em todo o conjunto de estruturas de protensão, como também
os que sofrem ação de protensão, que são os esforços hiperestáticos de protensão.
Seu valor é determinado pela força inicial e as perdas de protensão, de acordo com a NBR
no 6118 (ABNT, 2014, subitem 9.6.3), os esforços são calculados a partir da excentricidade
do cabo na seção transversal dos elementos estruturais e da força de protensão, ou
através de um mol de cargas que possuem a mesma força, ou até mesmo pela admissão
de deformações impostas equivalente ao pré-alongamento das armaduras.

Exemplo 1:

Exemplificando o cálculo das cargas permanentes de uma viga:

»» planta do piso e as áreas das seções dos membros;

»» peso especifico do concreto armado = 23,6 KN / m²;

»» peso especifico do aço = 77,3 KN/ m²;

Vamos aos cálculos:


Figura 17. Ilustração de exercício.

Coluna de aço 3@3m=9m Área = 330 cm2

Área
7m
Tributária
Laje de
concreto: 12 cm
de espessura

Área = 90 cm2
1,5m 1,5m

Fonte: MAXWELL, VRAC, PUC Rio, 2014.

De acordo com a figura, o peso que iremos encontrar é da viga CG. Para encontrar os
pesos específicos, buscamos na tabela citada acima.

»» rCA= 23,6 kN/m3 ;

»» rA= 77,3 kN/m3 ;

»» CPViga - CG?;

»» CPViga - 23,6 + 77,3 = 100,9;

»» CG = 100,9 KN / m².

32
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

Exemplo 2:

Uma parede de 15m de tijolo furado com:

»» alvenaria = 13 k/m3 para tijolo furado;

2,60 m de altura;

»» uma carga por metro de:

2,60 x 0,15 x 13 kN/m3 = 5,07 kN/m

»» alvenaria = 13 k/m3 para tijolo furado.

33
Capítulo 2
Cargas móveis

São cargas transitórias, ou seja, se movimentam na construção, como pessoas, mobiliário,


no caso de outras estruturas de construção os veículos, maquinário, materiais diversos
etc. Em estruturas como pontes, rodoviárias, ferroviárias, portos etc. Ou ocorre a variação
de carga móvel e deve ser estudado seu efeito para estabelecer a correlação do momento
fletor pontual ou não, analisar seus valores máximos e mínimos sofridos pela estrutura
nas solicitações das cargas móveis. Os esforços internos das estruturas são diversificados
e atuam com a grandeza das cargas aplicadas, e também com o posicionamento.

O projetista de elementos estruturais que sofreram esforços de cargas móveis, devem


estar atentos para essa relação do posicionamento das cargas, pois produzem altos
esforços nas seções dos elementos estruturais. Graficamente esses esforços são expostos
em um diagrama chamado de envoltória de esforços, que estabelecer com exatidão e
precisão os valores limites máximo e mínimos para as ações transversais da estrutura.

Para fins de cálculos se for utilizar a linha de influência, são os autores Winkler e Mohr
que formularam conceitos no final do século XIX. Geralmente são usadas para questões
onde o momento fletor (M), o esforço cortante (V) ou Norma (N), desejam determinar
os valores máximos que pode ser alcançado nas seções individualmente. São utilizados
também linhas de influência (LI) que em uma ação de apoio, um esforço cortante etc.,
correlacionada com a posição de uma carga do tipo vertical unitária que atua de cima
para baixo e que se movimenta pela estrutura. Em função desta característica o LI de
momento fletor em uma seção é o mesmo que a representação gráfica analítica do mesmo.

Figura 18. Diagrama de Esforço Cortante.

Fonte: Souza; Mota, 2004.

34
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

Figura 19. Diagrama de Momento Fletor.

Fonte: Souza; Mota, 2004.

Para fins de cálculos se for utilizar a linha de influência, são os autores Winkler e Mohr
que formularam conceitos no final do século XIX. Geralmente são usadas para questões
onde o momento fletor (M), o esforço cortante (V) ou Norma (N), desejam determinar
os valores máximos que pode ser alcançado nas seções individualmente. São utilizados
também linhas de influência (LI) que em uma ação de apoio, um esforço cortante etc.,
correlacionada com a posição de uma carga do tipo vertical unitária que atua de cima
para baixo e que se movimenta pela estrutura. Em função desta característica o LI de
momento fletor em uma seção é o mesmo que a representação gráfica analítica do mesmo.

Figura 20. Linha de influência de momento fletor em uma seção de uma viga contínua.

Fonte: MAXWELL, VRAC, PUC Rio, 2014.

onde,

»» LI =Linha de influência;

»» S = Seção indicada;

»» P = carga unitária;

»» x = parâmetro;

»» M (x) S = Momento fletor em função de x;

»» LIM =limite.

35
UNIDADE II │ CAPACIDADE DE SUPORTE

Figura 21. Viga biapoiada com balanços, carga permanente e carga móvel.

20kN 20kN

Carga Móvel

20kN 3m

A B C D E F G

Besq Bdir Fesq Carga Permanente


Fdir

3m 3m 3m 3m 3m 3m

Fonte: MAXWELL, VRAC, PUC Rio, 2014.

Usado para determinar o envoltório de esforço internos em uma viga biapoiada com
balanços e cargas permanente e móveis.

Para cercar limites de um esforço qualquer referente a cargas móveis, com o objetivo
de a partir de um aglomerado de cargas móveis ou acidentais, determinar os valores
máximos e mínimos para as seções individuais da estrutura, de forma que expresse
uma relação de semelhança entre elas ou ações distintas a que é descrito no gráfico
(diagrama) de carga para carregamento fixo.

Com isso fica claro que o estudo estrutural para cargas móveis ou acidentais, é a
persistência em conseguir os envoltórios de máximos e mínimos de momentos fletores,
esforços cortantes, a fim de ter a base para os cálculos de dimensionamento das cargas
móveis nas estruturas.

Classificação das cargas móveis


Normais: quando ocorrem com uma frequência alta a ponto de sua repetição ser levada
em consideração nos projetos de estruturas de determinado tipo de construção.

Especiais: ações sísmicas ou cargas acidentais de natureza ou de grande proporção de


intensidade.

Excepcionais: cargas com períodos muito curto e sem possibilidade de frequência


baixa durante a vida útil da construção. A consideração para alguns projetos é em
função de serem de grandes esforços como explosões, choques de veículos, incêndio,
enchentes etc.,

36
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

Figura 22. Deslocamento generalizados.

Efeito Deslocamento
generalizado

Reação de apoio

Esforço normal

Esforço cortante

Momento fletor

Fonte: MAXWELL, VRAC, PUC Rio, 2014.

Ações variáveis das cargas moveis


Ações variáveis diretas são as cargas acidentais que foram calculadas anteriormente,
que fariam parte da construção como a ação do vento. Essas ações estão inseridas no
contexto normativo e descritas nas Normas Brasileiras especificas para o assunto.

Cargas acidentais calculadas para serem aplicadas na construção, devem ser consideradas
nas piores situações pelo fator segurança, a não ser as que a norma permita simplificações.
Essas cargas são do tipo:

»» cargas verticais de uso da construção;

»» carga moveis, considerando o impacto vertical;

»» impacto lateral;

»» força longitudinal de frenação ou aceleração;

»» força centrifuga.

37
UNIDADE II │ CAPACIDADE DE SUPORTE

Ação do vento

Segundo a associação Brasileira de normas técnicas ABNT NBR no 6123, todos os


procedimentos para os cálculos dos esforços solicitantes em função da ação do vento
estão previstos, inclusive as regras de simplificação dos mesmos.

A pressão estática do vento é calculada a partir da energia cinética seguindo os requisitos


a seguir:

»» qs = 0.5 mv²;

»» m = densidade de massa do ar;

»» V = velocidade do vento.

»» qs é modificado de forma a ser considerado para o seguinte efeito:

›› importância da edificação como hospitais versus depósito;

›› exposição cidade versus campo aberto;

›› topografia;

›› rajadas;

›› como o vento é distribuído nos lados dos edifícios.

Ação da água
Em elementos construtivos onde a água de chuva possa relativamente ficar parada
sobre o elemento, sua carga deve ser levada em conta. É fixada uma lâmina de água
correspondente ao nível da drenagem já pré-dimensionada para a construção. O nível
de água estipulado para cálculo dos reservatórios, tanques e outros, será proporcional
ao máximo analisado para o sistema de extravasão, levando em consideração os
coeficientes Ɣf = Ɣf3 =1,2, em vista da norma.

Ações variáveis durante a construção


Em sua totalidade as estruturas buscam a segurança estabelecendo critérios de verificação
da obra concluída, que são pré-selecionadas na concepção do projeto. Essas verificações
compõem a base para a finalização da obra, pois são feitas assim que cada etapa
fica concluída.

São verificadas as estruturas já concluídas, como também as provisórias auxiliares tendo


em vista ao que se refere ao peso próprio. As cargas acidentais de execução também são
consideradas para fins de entendimento da estrutura.
38
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

Tabela 4. Valores apresentados pela NBR no 6120, cargas verticais (valores mínimos).

Local Carga (kN/m2)


Residência- dormitório, quarto, cozinha e banheiro 1,5
Forros não destinados a depósitos 0,5
Dispensa, área de serviço, lavanderia 2,0
Compartimentos destinados a reuniões ou acesso público 3,0
Compartimentos destinados a bailes, ginástica ou esportes 5,0
Escadas, corredores e terraços com acesso ao público 3,0
Escadas, corredores e terraços sem acesso ao público 2,0
Lojas 2,0

Fonte: NBR 6120 (ABNT,2000).

Esses valores típicos para serem justificadas as ações variáveis, estão definidas pelas
normas brasileiras, em comum acordo. Esses valores apresentam representatividade
de 25% a 35% de chance de serem ultrapassados no sentido oposto, durante um tempo
de 50 anos, ou seja, a probabilidade de retorno desses valores típicos Fqk é de 174 a 117
anos, respectivamente.

Ações variáveis indiretas

Variações constante de temperatura

Estão ligadas à localização das obras, e da dimensão dos elementos estruturais que
definem a construção, pois tanto a insolação quanto a variação de temperatura, de uma
maneira geral.

Os valores adotados a seguir seguem alinha de termos gerais:

»» com a menor das dimensões menores que 50cm para os elementos


estruturais, é fixado uma alteração de temperatura apresentando uma
média de 10º a 15ºC;

»» quando os elementos estruturais são compostos ou ocos, e suas menores


dimensões forem >70cm, entende-se que a oscilação tenha redução
sequencial para 5ºC a 10º C;

»» se a menor dimensão está entre 50 e 70 cm, faz-se uma interpolação


linear entre os valores citados anteriormente.

Alguns valores são escolhidos levando em conta a média de temperatura, em função das
estações inverno e verão. Para que as consequências da oscilação de temperatura sejam

39
UNIDADE II │ CAPACIDADE DE SUPORTE

amenizadas na estruturada obra, as exigências da norma regulamentam esse ponto,


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR no 6118/2014 .

Variações não uniformes de temperatura

Quando a distribuição expressiva é contrária a uniforme, são computados os efeitos


dessa oscilação. Se não houverem informações suficientes, é fixada uma identificação
para uma variação linear entre os valores de temperatura aceitos. Com tanto que a
variação de temperatura aceita entre duas faces das estruturas não seja inferior a 5ºC.

Se a ação for dinâmica, dependendo de sua utilização, podem ocorrer choques ou vibrações.
Os devidos efeitos merecem ser considerados na formalização das solicitações, e a
possibilidade de fadiga deve ser observada no dimensionamento dos elementos estruturais
segundo as determinações da NBR no 6118 (ABNT, 2014). Já as ações excepcionais quando
os efeitos não podem ser considerados pelos diversos meios, recorre-se a norma que
possuem parâmetro exclusivo para estruturas que sofreram ação excepcional.

Tabela 5. Lei da Balança (1998).

Valores máximos de cargas por eixo nas rodovias nacionais kN Tf


Eixo isolado com 2 pneus (Distância entre eixos superiores a 2,4m) 60 6

Eixo isolado com 4 pneus (Distância entre eixos superiores a 2,4m) 100 10

Conjunto com 2 eixos em tandem com espaçamento de 1,2m a 2,4 m 170 17

Conjunto com 3 eixos em tandem com espaçamento de 1,2m a 2,4 m 255 25,5

Fonte: Site CTEC,UFAL, 2014.

Em pontes existem ações classificadas como:

»» Classe 45: veículo-tipo de 450 kN de peso total;

»» Classe 30: veículo tipo de 300 kN de peso total;

»» Classe 12: veículo tipo de 120 kN de peso total.

Tabela 6. Ações dos veículos nas pontes.

Veículo Carga uniformemente distribuída


Classe da ponte Peso total Q q’
(kN) (kN/m2) (kN/m3)
45 450 5 3
30 300 5 3
12 120 4 3

Fonte: Site CTEC,UFAL, 2014.

40
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

Trem - tipo

Veículo tipo e cargas q e q’,

q ─ para todas as faixas da pista de rolamento, nos acostamentos e afastamentos


descontando-se apenas a área ocupada pelo veículo.

q’ ─ para os passeios sem efeito dinâmico.

Figura 23. Demonstração do posicionamento de ‘q’.

Direção do
3m Veículo de 6 ou 4 rodas tráfego

6m

Fonte: Site CTEC,UFAL, 2014.

41
Capítulo 3
Aspectos correcionais do suporte
de carga

Conhecer a capacidade de carga dos solos, é fator importante para a obra e para os
profissionais de engenharia, pois é a partir desse entendimento que a escolha do terreno
prevalece para determino empreendimento, assim como se entende os problemas
de uma estrutura já estalada que apresenta patologias, no geral é um dos primeiros
assuntos a serem discutidos na formulação dos projetos de fundações.

Figura 24. Elementos estruturais.

Fonte: IFIPI, 2016.

Capacidade de suporte de carga dos solos


Fundações superficiais são identificadas por sua profundidade ser ≤ 1,5B (B = base),
chamadas de fundações rasas. A fundação faz um conjunto com o solo onde será
empregada, pois se esse não resistir à carga da estrutura, não adianta formulações
para uma boa fundação. Por isso, devemos ter cuidado com esses processos, e seguir
o que é estabelecido em normas e contar também com os aspectos da experiência dos
profissionais da área.

É necessário observar as condições do solo de se deformar ou chegar ao colapso (ruptura).


Esta análise servirá como base para os estudos da capacidade de carga do solo.

A ruptura pode ser localiza, ou generalizada, dependendo das condições de carga do


terreno. Considerando que existe uma carga limite, onde o terreno é submetido à

42
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

máxima carga que suporta sem romper. Utilizamos a equação a seguir para determinar
a capacidade de segurança.

��
���� = (3)(3)
��

Onde, FS = fator de segurança à ruptura admissível e Qr a capacidade de carga onde o


solo suporta, com critérios de segurança, onde é aceitável deformações compatíveis com
a estrutura imposta sobre o terreno e seus devidos deslocamentos. No entanto a tensão
admissível deve ser compatível com a tensão de segurança, sendo representada por:

Qadm ≤ Qseg

Figura 25. Curva da carga – recalque de uma fundação.

Fonte: autora.

O gráfico representa um terreno com ruptura generalizada (frágil), sofrendo um recalque


com identificação do valor máximo onde ouve o limite de suporte de carga. As fundações
rasas, superficiais a carga (Q), ou pressões médias (P). A expressão é a seguinte:

� �
�= = (4)(4)
���� ���� ��

Figura 26. Edificação fora do prumo devido à patologia na fundação.

Fonte: ENGENHARIACIVILDIARIA, 2015.

43
UNIDADE II │ CAPACIDADE DE SUPORTE

Correlação entre pressão de ruptura e


pressão admissível
As fundações diretas usadas nas construções, em geral podem ser classificadas de duas
maneiras, em contínuas e descontínuas. Essas duas classificações serão explicadas nos
subitens a seguir.

Fundação direta contínua

As fundações diretas são cavas rasas contínuas sob toda a extensão das paredes.
Geralmente a fundação possui profundidade tem 1,5m, com construções de 1 ou 2
pavimentos para leitos com resistência até uma profundidade de 0,5m (medida mínima).
Exemplo: alicerces direto, sapatas corridas, a abertura da vala (cava) é feita após a
locação, usando as dimensões pré-calculadas. O fundo deve estar plano para um assente
mais adequado, e seu nivelamento é essencial. Para terrenos inclinados, faz-se um
escalonamento, ou seja, degraus, com altura até no máximo 0,40 ou 0,50 para excluir a
camada superficial. As valas são preenchidas com materiais e tipos apresentados a seguir:

»» alvenaria de blocos de concreto, argamassados;

»» alvenaria de tijolos, queimados, argamassados;

»» alvenaria de pedra sem argamassa;

»» concreto ciclópico (1:10 ou 1:4:8 até 40% de pedra de mão)

»» solo cimento.

Fundação direta descontínua

A fundação é classificada como descontínua quando a cama da fundação (leito) resistente é


encontrado a acima de 1,5 m e inferior a 5,0m, então valas contínuas se tornam caras.
É o caso de utilizar sapatas, pilares e cintas. Com isso nas obras com mais de 1,5m do nível
do solo, também utilizadas para obras onde são cargas os telhados, lajes, alvenarias,
vigas e pilares. Então nesta fundação temos os seguintes elementos:

»» sapata em concreto armado ou ciclópico; (para maiores exigências);

»» toco de pilas em concreto armado ou esteio de madeira (muito comum


em obras residências executadas empiricamente);

»» viga baldrame, unindo os tocos de pilar;

44
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

A capacidade de carga do solo, que é o mesmo que pressão de ruptura, funciona da


seguinte maneira: uma força (pressão) é colocada sobre o solo e causa a ruptura. Para que
se torne a pressão admissível, entende-se que é necessário um coeficiente de segurança,
estabelecido normativamente entre 2 e 3. Essa pressão deve servir tanto a ruptura,
quanto a modificação da forma do terreno. Sem que se alcance excelência matemática,
existem vários métodos e processos distintos para se determinar uma medida aproximada
da capacidade de carga.

O coeficiente de segurança é fator importante na condição de segurança em função da


capacidade de carga de cada solo. Dependendo de cálculos relacionados à mecânica
dos solos, diversos são os fatores que influenciam na escolha do coeficiente, por isso
existem tabelas para que se possa ter base nessa escolha.

Tabela 7. Fatores de influência para escolher o coeficiente de segurança.

Fatores que influenciam a Coeficiente de segurança


escolha do coeficiente de
segurança Pequeno Grande

Solo homogêneo Solo não homogêneo


Propriedades dos materiais
Investigações geotécnicas amplas Investigações geotécnicas escassas.
Grande número de informações,
Influências exteriores, tais como:
medidas e observações Poucas informações disponíveis.
água, tremores de terra etc.
disponíveis
Modelo bem representativo das
Precisão do modelo de cálculo Modelo grosseiramente representado das condições reais.
condições reais
Consequências financeiras Consequências financeiras
Consequência em caso de Consequências financeiras
consideráveis e risco de perda de desastrosas e elevadas perdas
acidente limitadas e sem perdas de vida
vidas humanas. de vida.

Fonte: ENGENHARIACIVILDIARIA, 2015.

Contamos também com outros fatores que devemos considerar no caso dos cálculos para
encontrar as cargas admissíveis no solo, onde será estabelecido o elemento estrutural.
Os coeficientes de carga são determinados de forma teórica ou fórmulas teóricas ou
semiempiricas existentes ou experimentalmente, por meio da execução de provas de carga.

Tabela 8. Alguns valores de fatores de influência a ser considerado na escolha do coeficiente de segurança.

Prospecção
Categoria Estruturas típicas Características de categorias
Completa Limitada
Pontes ferroviárias
Altos-fornos
Armazéns Provável de ocorrer às máximas cargas de projeto;
A 3,0 4,0
Estruturas hidráulicas consequência de ruptura são desastrosas.

Muros de arrimo
Silos

45
UNIDADE II │ CAPACIDADE DE SUPORTE

Pontes rodoviárias
As máximas caras de projeto apenas eventualmente
B Edifícios públicos 2,5 3,5
podem ocorrer; consequências de ruptura são sérias.
Indústrias leves
Prédios de escritórios e/ ou
C Dificilmente ocorrem as cargas máximas de projeto 2,0 3,0
apartamentos

Fonte: UFJF, 2013.

Exercícios resolvidos

Encontrar a capacidade de carga para uma sapata corrida assente no horizonte de areia,
com 2,0m de largura, logo após encontraremos os valores para eventuais materiais de
subsolo em posição inversa. (obs.: Escavação mínima).

Avaliação dos parâmetros (valores obtidos por correlação empírica).

Argila:

»» N= 6 (média

»» γ = 1,6 t/m³

»» c = 2,5 t/m³

»» φ=0

Areia:

»» N= 9 (média compacta)

»» γ = 1,9 t/m³

»» c = 0 t/m³

»» φ = 35º

Figura 27. Ilustração do exercício.

Fonte: autora.

46
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

Para encontrar a capacidade de carga:

qr = c.Nc + γa.ha.Nq + γb.b* Nγ

Sc = 1 Nc = 58

qr = 0 + 1,6 x 1,5 x 41 + 1,9 x 1,0 x 42

Sγ = 1 Nγ = 42

qr = 98,4 + 79,8 = 178,2 t/m2

Sq = 1 Nq = 41

»» b* = 1/2 B ruptura generalizada “areia medianamente compacta”;

»» qr = 98,4 t/m² + 79,8 t/m² de acordo a base largura ‘’ atrito na base”,


onde, 98,4 t/m² profundidade de assentamento devido à sobrecarga;

»» qr = 178,2 t/m² = 17,8 kgf/cm²;

»» σ adm = qr / FS ;

»» para FS = 3,0 (Prédio de Apartamentos – Prospecção limitada ─


Parâmetros estimados por tabelas);

»» σ adm = 17,8 / 3 = 5,9 Kgf/ cm²

Segunda parte do exercício:

Considerando o Nível de água da camada de areia ao nível de assentamento, determinar


a capacidade de carga. Usando os mesmos dados do exercício anterior.

Camada b = areia

γsub = ?

γsub= γsat - γa

γsub = 2,0 – 1,0 γsat > γnat

γsub = 1,0 t/m² se γnat = 2,0 t/m³

qr = 98,4 + γb b Nγ = 98,4 + 1,0 x 1,0 x 42 = 140,4 = 14,0 kgf/cm²

σ = 14 / 3 = 4,66kgf cm³

onde, os valores de σ sob NA são sempre menores do que na condição de não ocorrer.

47
UNIDADE II │ CAPACIDADE DE SUPORTE

Terceira parte do exercício:

Dimensione agora esta sapata corrida para o valor da capacidade de carga (taxa
admissível σ) calculado no exemplo anterior, para suportar 30t/m.
‫ܨ‬ ‫ܨ‬
ߪ ൌ  ‫ ܣ‬ൌ 
‫ܣ‬ ߪ

»» F = carregamento na fundação (adotado =30 t/m)

»» σ = taxa (calculada = 4,66 kgf/cm²)

ߪ ൌ  ‫݌‬௥ Ȁ‫ܨ‬

»» pr = f (b) (pela teoria de Terzaghi) é igual a dimensão da fundação.

Desta forma, faz-se necessário arbitrar um valor esperado para “b”, e calcular o valor
de σ.

A partir de σ, calcula-se a área necessária A = F / σ e b.

Se o valor de “b” distanciar muito do “b” anteriormente arbitrado no cálculo da taxa σ,


recalcular o valor de pr e σ com este novo “b” e depois a nova área.

A = F / σ e b (a dimensão da fundação) até convergir o valor.

Obs.: o dimensionamento de Fundações rasas em areia poderia ser feito arbitrando-se


o valor da capacidade de suporte do solo (taxa), e determinado diretamente o valor
de b, calculado a área necessária para a fundação (avaliação de valor aproximado –
empírico).

Elementos estruturais
Os elementos estruturais que compõem toda edificação de grande ou pequeno porte e
estão por toda parte, fazendo parte da estrutura geral do edifício, assim como servem
de suporte e transferidos de carga para a fundação, cada um tem sua finalidade
determinada e a força que é exercida sobre eles, determinam os materiais que serão
utilizados em sua concepção, tais como: concreto armado, alvenarias, tijolos, blocos,
esquadrias metálicas ou madeira, telhado etc.

Estão ligados à parte estética, estrutural e instalações, e neste estudo vamos nos ater a
elementos ligados que transferem suas cargas diretamente para as fundações superficiais,
como pilares, vigas e lajes.

48
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

Figura 28. Representação gráfica entre da ligação entre pilar e viga.

Fonte: FEB, 2013.

Pilar

Os elementos estruturais chamados de pilar, constituem em uma estrutura linear de


eixo reto, usualmente utilizados na vertical, e as forças atuantes são as normais de
compressão. Seu comportamento vem do elemento ligado a ele, geralmente são vigas e
lajes, as ações são repassadas para as fundações em quase a totalidade dos casos.

A importância desse elemento vem do fato de ser ele um dos pontos principais das
estruturas. Nele são estabelecidos pontos como capacidade de estabilidade e aspectos
envolvendo a segurança da edificação. Sendo elementos verticais, estão com a
responsabilidade de manter a estabilidade geral do edifício, então as vigas, lajes, tem mais
um componente para efetuar o travamento que é o pilar. Normatizados pela NBR no 6118.

Figura 29. Pilar em suas utilizações.

Fonte: IFIP,2016.

Viga
Usualmente são seções transversais retangulares e estão fixadas nas paredes, e ficam
engastadas nas paredes. São elementos lineares, e tem tendência dominante a flexão.
Tem função básica que é englobar os vãos e transmitir as tensões para os apoios
49
UNIDADE II │ CAPACIDADE DE SUPORTE

(pilares). De maneira geral, são retas e horizontais, mas ao longo eixo longitudinal
podem adquirir formas curvas.

O carregamento da viga vem das lajes e paredes de alvenaria, pilares etc., perpendiculares
ao eixo longitudinal. Ocorrência de momentos de torção e forças normais de compressão
ou de tração, que também podem ocorrer no eixo longitudinal.

São responsáveis juntos a outros elementos pela estrutura de travamento, assim como
ações verticais e horizontais. São estruturas como duas armaduras distintas entre elas,
transversal e longitudinal.

Figura 30. Viga em corte em uma planta.

Fonte: IFIPI, 2016.

Figura 31. Demonstração de elementos estruturais - Laje.

Fonte: LEM; EP; USP. 2009.

Laje

Sendo um elemento bidimensional, nivelado igualmente, tem como objetivo ser o


piso ou cobertura nas edificações em geral. Seu funcionamento também está ligado a
50
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

aceitar os carregamentos verticais direcionados a ela, dependendo da finalidade a que é


destinada, a laje receberá carregamentos verticais de móveis, pessoas, pisos, paredes e
diversos outros tipos de carga.

Figura 32. Laje sendo preenchida em concreto.

Fonte: ENGENHARIACIVILDIARIA, 2015.

As cargas perpendiculares podem ser divididas em:

»» distribuídas na área da laje – peso próprio, contra piso, revestimento


inferior etc.;

»» distribuída linearmente – carga de parede, pilar apoiado na laje;

»» usualmente as cargas são transferidas para as lajes na sua borda, pelas vigas
de apoio, ou diretamente pelos pilares. Podem ser maciças, nervuradas,
pré-moldadas e outras.

Figura 33. Laje sendo preenchida em concreto.

Fonte: CONSTRUÇÃO CIVIL, 2009.

51
UNIDADE II │ CAPACIDADE DE SUPORTE

Ensaio de placa para encontrar a capacidade


de carga do solo
A Capacidade de carga de um elemento estrutural também pode ser encontrada por meio
da prova de carga, que é um tipo de ensaio sobre a placa. Esses são capazes de detectar
quanto o solo suporta de carga, encontrando sua tensão admissível e de ruptura.

A distinção do ensaio encontra-se na NBR 6489, onde são descritos os procedimentos.


As placas são rígidas, com áreas < que 0,5m², onde será instalada em um poço onde o
fundo estará nivelado, e tomando toda a extensão da área. Estabelecidas as correlações
entre largura versus profundidade e largura versus profundidade da fundação superficial.

Figura 34. Aspectos do carregamento da placa e das curvas tensão x recalque, são encontradas por meio do
ensaio de campo.

Fonte: UFJF, 2013.

A carga é colocada em camada programadas para não exceder 20% da taxa suportável
pelo terreno (admissível), faz-se as leituras com taxas de precisão de 0,01m, a cada
camada e intervalos de tempo corridos e dobrados (1,2,4,8,16, n..minutos). Após a
verificação do recalque, pode se colocar novas camadas de carga com tolerância de no
máximo 5% do recalque total.

As leituras são realizadas repetidamente, e devem ser realizadas até o dobro da taxa
de carga admissível que o solo aceita. A retirada da carga também é feita em etapas <
25% da carga total, lendo os recalques de maneira semelhante quando era carregada, e
fixando os estágios até se perceber a estabilidade do terreno.

Se o solo se rompe, ocorre a ruptura:

σ = pr / FS;

Onde, FS = 2,0;

52
CAPACIDADE DE SUPORTE │ UNIDADE II

Se ocorre a mudança de forma do solo (deformação local):

���� =? (5)
���� =? (5)
(5)
�� = �� �� (6)
�� = �� �� (6)
���� = ���� � = � �� � �� = ���
���� = ���� � = � �� � �� = ��� (6)
�� = �� ��
�� = �� ��

O menor valor de recalque de 25mm diminuído por segurança para um fator de 10mm,
é utilizado como taxa de trabalho. Essas taxas encontramos a partir da divisão do
coeficiente de segurança a tensão máxima atingida é de σn, sua atuação é de 12hs. Para
estar de acordo deve ser menor que a taxa de recalque admissível.
��
�= � �� = ���� � � �� = �� �� (7)(7)
��

Tabela 9. Destaque de algumas fundações e a carga suportável.

Resistência por metro linear


Fundações rasas (casas térreas) Sapata corrida em solo de Sapata corrida em solo de
argila DURA (3 kgf/m2) argila RIJA (2 kgf/m2)
Baldrame com alvenaria de tijolo de barro maciço de 1 tijolo. 7500 kgf/m 5.000 kgf/m
Baldrame com alvenaria de tijolo de barro maciço de 1 e ½ tijolo. 11.250 kgf/m 7.500 kgf/m
Baldrame com alvenaria de tijolo de barro maciço de 2 tijolos. 15.000 kgf/m f/m

Fonte: UFJF, 2013.

53
PREVISÃO DE RECALQUE Unidade iII

Capítulo 1
Pressões admissíveis

Toda a obra de pequeno ou grande porte sofre recalque. O recalque por pressões
admissíveis faz parte das investigações e projeções de fundações, assim é definida
até onde pode ser considerado um problema da obra ou o comportamento positivo
da estrutura. Se torna evidente que são causadas deformações a estrutura, e essas
podem ser visuais, estéticos e não causar danos de qualquer natureza. Mas existem a
patologia estrutural que provoca transtornos no que diz respeito à estrutura, colocando
o elemento estrutural em risco e comprometendo sua funcionalidade e segurança.

Caracterizada como a pressão que será exercida sobre o solo, a capacidade de suporte
de carga (σr,) é o mesmo que a pressão sofrida pelo solo por conta de uma fundação
direta (superficial), a partir dessa pressão o solo sofre ruptura. Logo após chegar essa
pressão, a ruptura é designada como recalques que permanece ininterrupto, mas sem
aumento de pressão.

Ao se dividir a capacidade de suporte de carga, σr por um coeficiente de segurança, η, de


acordo com cada caso especifico, encontra-se a pressão admissível σadm.
��
���� = (1)(1)

Para que a pressão admissível dos solos seja encontrada é necessário a realização
de diversos cálculos, como o da capacidade de carga, usando formulações teóricas,
execução de provas de carga (ensaios) e por último, mas não menos importante, pela
fixação de taxas acumuladas com a experiência em cada tipo de região comumente
homogênea. Os coeficientes de segurança para fundações superficiais no que diz
respeito às rupturas, estão relacionados entre 3 para cálculos estimados e 2 para
provas de carga.

Representativamente quer dizer que, η ≥ 2 (prova de carga) e η ≤ 3 (fórmulas teóricas).

54
PREVISÃO DE RECALQUE │ UNIDADE III

Definidas através de parâmetros, a capacidade de carga dos solos assume que a partir
do tipo e do estado de solo típicos como areia, argilas nas suas variadas tendências
naturais, a compacidade e resistência, com dimensões e de acordo com a forma da
sapata de variados tipos como; corridas, retangulares, quadradas ou circulares, assim
como a sua capacidade de fincamento no solo.

Temos as formulações matemáticas pré-definidas para cálculos de capacidade de carga


dos solos. Não são exatas, mas de uma grande valia para a engenharia de fundações, e
usualmente os resultados são satisfatórios. O estudo da resistência ao cisalhamento do
solo, dá a capacidade de entendimento das fórmulas que esclareceram os cálculos de
capacidade de carga. Equação para cálculo S = c + σ tg φ.

De acordo com a norma NBR no 6122, a carga admissível é colocada sobre a sapata, e
a partir daí acontecem os recalques que não produzem problemas as estruturas, e sim
acresce a segurança satisfatória à ruptura de escoamento da fundação. Vários autores se
dedicaram nas formulações para que a capacidade de carga fosse instrumento positivo
na composição das estruturas. Alguns desses autores estão destacados, e são: Terzaghi,
Meyerhof, Skempton e de Brinch Hansen, e colaborações de Vesic.

O tipo de ruptura determina as fórmulas de capacidade de carga, identificando a ruptura


que o solo pode sofrer, a partir das condições de que o carregamento é colocado sobre
a estrutura.

A sapata retangular apresentada, com largura B, comprimento L, profundidade D.

Figura 35. Sapata retangular.

Fonte: Tecnologia das fundações, 2014.

O autor Terzaghi (1943) propôs três fórmulas para que a capacidade de carga fosse
determinada, observando os casos de sapatas corridas, quadradas e circulares, com
apoio abaixo da superfície do terreno. (H ou D) < B). Após a interpolação de um fator
de correção, por conta da forma da sapata, as três equações podem se tornar em apenas
uma, mas de forma geral.
55
UNIDADE III │ PREVISÃO DE RECALQUE

ߪ௥  ൌ ܿܰ௖ ܵ௖ ൅ ‫ܰ ݍ‬௤ ܵ௤ ൅ Φ ߛ ‫ܰ ܤ‬ఊ ܵఊ (2) (2)

onde,

»» c = coesão do solo;

»» Nc, Nq, Nγ = coeficientes de capacidade de carga f (ϕ);

»» Sc, Sq, Sγ = fatores de forma (Shape fators);

»» q =γH = pressão efetiva de terra à cota de apoio da sapata;

»» γ = peso especifico efetivo do solo na cota de apoio da sapata;

»» B = menor dimensão da sapata.

Essa equação precisou levar em considerações fatores como (σr) e é determinada por
meio do tipo e resistência do solo, da fundação e da profundidade de apoio da camada,
as diversas regiões que foram estudadas por Terzaghi 1945 foram:

»» PQP’ – Zona em equilíbrio (solidária à base da fundação);

»» PQR – Zona no estado plástico;

»» PRS – Zona no estado elástico.

O autor descreve o efeito posterior do atrito entre o solo e a base da sapata, ou sapata de
base rugosa. Alguns coeficientes de capacidade de carga do solo estão ligados ao ângulo
do solo. Alguns desses estão destacados na tabela a seguir.

Tabela 10. Coeficientes de capacidade de carga.

Ruptura Geral Ruptura Local

ϕ Nc Nq Nγ N’c N’q N’γ

0 5,7 1,0 0,0 5,7 1,0 0,0

5 7,3 1,6 0,5 6,7 1,4 0,2

10 9,6 2,7 1,2 8,0 1,9 0,5

15 12,9 4,4 2,5 9,7 2,7 0,9

20 17,7 7,4 5,0 11,8 3,9 1,7

25 25,1 12,7 9,7 14,8 5,6 3,2

30 37,2 22,5 19,7 19,0 8,3 5,7

34 52,6 36,5 35,0 23,7 11,7 9,0

35 57,8 41,4 42,4 25,2 12,6 10,1

40 95,7 81,3 100,4 34,9 20,5 18,8

Fonte: Tecnologia das Fundações, 2014.

56
PREVISÃO DE RECALQUE │ UNIDADE III

A equação sofre modificações quando a capacidade de ruptura do solo, se assemelha a


ruptura local, e se torna:

ߪ௥  ൌ ܿԢܰ ᇱ ௖ ܵ௖ ൅ ‫ܰ ݍ‬Ԣ௤ ܵ௤ ൅ Φ ߛ ‫ܰ ܤ‬Ԣఊ ܵఊ (3)(3)

Onde,

c’ = coesão reduzida (c’= tg φ);


φ = ângulo de atrito reduzido, encontrado por 2/3 tg φ;
N›c, N’q, N’γ = fatores de capacidade de carga reduzida, obtidos a partir de φ’.

Tabela 11. Fatores de forma.

Fatores de Forma
Forma da sapata
Sc Sq Sγ
Corrida 1,0 1,0 1,0
Quadrada 1,3 1,0 0,8
Circular 1,3 1,0 0,6

‫ܮ‬൐‫ܤ‬
Para sapatas retangulares ቀ ቁ
‫ ܮ‬൑ ͵‫ܽܤ‬ͷ‫ܤ‬
Fonte: Tecnologia das fundações, 2014.

Segundo Skempton (1951), após analisar as teorias já formadas sobre os cálculos de


capacidade de carga das argilas, com o conhecimento das experiências com os casos das
rupturas de fundações, fez a proposta de uma equação para argilas saturadas (φ = 0º),
resistência com a profundidade.

ߪ௥ ൌ ܿ ܰ ᇱ ௖ ൅ ‫ݍ‬ (4)(4)

onde,

»» c = coesão da argila (ensaio rápido);

»» NC = coeficiente de capacidade de carga, então NC = f(H /B ),tendo que a


relação H/B, está relacionada com o coeficiente de capacidade de carga;

»» H = profundidade de embutimento da sapata;

»» B = menor dimensionamento da sapata.

Tabela 12. Coeficiente de capacidade de carga de Skempton.

Valor de Nc
D/B
Quadrado, circular Corrida
0 6,2 5.14

57
UNIDADE III │ PREVISÃO DE RECALQUE

Valor de Nc
D/B
Quadrado, circular Corrida
0,25 6,7 5,6
0,5 7,1 5,9
0,75 7,4 6,2
1,0 7,7 6,4
1,5 8,1 6,5
2,0 8,4 7,0
2,5 8,6 7,2
3,0 8,8 7,4
4 9,0 7,5
>4 9,0 7,5

Fonte: Tecnologia das fundações, 2014.

Para sapatas retangulares usamos a equação:


������� = �1 + 0,2 � � ����������� (5)(5)

Prova de Carga para Fundação Superficiais


(Direta / Rasa)
Ensaio realizado com a ajuda de uma placa rígida, que distribui as tensões ao solo. Sua
área deve ser maior igual 0,5m², usualmente é utilizada uma placa de ∅ = 0,80.

Figura 36. Prova de carga.

Fonte: TEKNIER, 2014.

58
PREVISÃO DE RECALQUE │ UNIDADE III

Nesses ensaios são utilizadas cargas que representam uma taxa de trabalho ≤ 20% provável
do solo. São realizados carregamentos e leituras das deformações e dos intervalos de 1,
2, 4, 8, 15, 30 minutos, 1 hora, 2, 4, 8, 15 horas etc., os carregamentos são realizados
até que:

»» ocorra a ruptura do terreno;

»» a deformação do solo atinja 25mm;

»» a carga usada atinja valor semelhante ou o dobro da taxa de trabalho


presumida para o solo.

Se não houver ruptura do terreno no último estágio de 12 horas, a retirada da carga


será realizada em estágios sucessivos não superiores a 25% da carga total, logo as
deformações são medidas semelhantemente a do carregamento. Os resultados são
demonstrados graficamente como a Figura 37.

Quanto aos solos da alta resistência, leva-se em consideração o critério de ruptura, pois
as deformações são mínimas. Quando de baixa resistência, fixa-se o recalque admissível,
pois as deformações serão grandes.

Figura 37. Curvas de ruptura local e geral.

Fonte: TECHNE, 2016.

A Norma Brasileira, NBR no 6122 (ABNT, 2010), tem definições expressas para a
execução e elaboração de projetos de fundações. A seguir, alguns fatores para que a
pressão admissível possa ser determinada:

»» profundidade da fundação;

»» dimensões e forma dos elementos;

»» tipo de terreno abaixo do nível da fundação;

»» nível d’água;

59
UNIDADE III │ PREVISÃO DE RECALQUE

»» estruturas modificadas do terreno por conta de alívio de pressões, teor de


umidade dos dois;

»» a rigidez da estrutura e características da obra.

A pressão admissível pode ser encontrada por meio de métodos predefinidos


e normatizados.

Teorias desenvolvidas na Mecânica dos solos


Tendo como base a compressibilidade, a resistência ao cisalhamento e outros padrões
estabelecidos, os conhecimentos em mecânica dos solos podem determinar a pressão
admissível, absorvendo ainda critérios como inclinações da carga do terreno, e as
devidas irregularidades.

Após encontrar a capacidade de carga de ruptura, é encontrada a pressão admissível


utilizando coeficientes de segurança, recomendados pelos autores das teorias de
terminação da capacidade de carga. Caso não, se não for pedido essa etapa adota-se o
mais compatível com a teoria e com a experiência em relação ao solo, e deve sempre
estar acima de 3. Depois desses procedimentos, faz-se a verificação de recalques para
essa força, sendo encontrando valores aceitáveis, e será aceita como admissível. Caso
contrário, o valor deve ser reduzido até que se obtenham recalques aceitáveis.

Aceitando a teoria de prova de cargas

Quando semiempíricos, as características dos materiais são pensadas tendo como base
as semelhanças, e são utilizadas em teorias de mecânica dos solos, sendo adaptada para
absorver a natureza empírica do método. Para ser usados com segurança, devem ser
justificados demonstrando as origens e reciprocidades.

Já os meios empíricos a pressão admissível é conhecida com base na descrição do


terreno, tendo características fundamentadas em compacidade ou consistência, e
justificadas na tabelas de classificação do solo. Como a tabela a seguir:

Tabela 13. Utilizada quando não há dúvidas sobre as características do solo.

Valores Básicos
Classe Solo
MPa Kg/cm2
Rocha sã, maciça, sem laminações ou sinal de decomposição
1 5 50
Rochas laminadas, com pequenas fissuras estratificadas
3 Solos cocrecionados 3,5 35

60
PREVISÃO DE RECALQUE │ UNIDADE III

Valores Básicos
Classe Solo
MPa Kg/cm2
4 Pedregulhos e solos pedregulhosos, mal graduados, compactos 0,8 8
5 Pedregulhos e solos pedregulhosos, mal graduados, fofa 0,5 5
6 Areias grossas e areias pedregulhosas, bem graduadas, compactas 0,8 8
7 Areias grossas e areias pedregulhosas, bem graduadas, fofas 0,4 4
Areias finas e médias:
Muito compactas; 0,6 6
8
Compactadas; 0,4 4
Medianamente compactadas 0,2 2
Argilas e solos argilosos:
Consistência dura; 0,4 4
9
Consistência rija; 0,2 2
Contistência média 0,1 1
Siltes e solos siltosos:
Muito compactados 0,4 4
10
Compactados 0,2 2
Medianamente compactados 0,1 1

Fonte: Tecnologia das fundações, 2014.

Exercícios resolvidos
Os exercícios a seguir foram retirados da obra de Alonso (1989).

1o Exercício ─ Calcule o diâmetro da sapata circular da Figura 38 usando a teoria de


Terzaghi, com FS=3. Despreze o peso próprio da sapata.

Figura 38. Ilustração de sapata para resolução do exercício.

Fonte: autora.

61
UNIDADE III │ PREVISÃO DE RECALQUE

Características do solo:

»» C=0

»» φ=33º

»» γ =17,5 kN/m3

Solução:
0,6
�� � �,���� + ���� + ���
2

Sabendo que:

��
�� = � �� = 3��
3
� = 0� � ��3��� = 0
�� ≅ 30
� = 33� � � �
�� ≅ 35

Então:

͵ߪ௦ ൌ Ͳ ൅ Ͳǡ͵ ൈ ͳ͹ǡͷ ൈ ‫ ܦ‬ൈ ͵Ͳ ൅ ͳǡʹ ൈൈ ͳ͹ǡͷ ൈ ͵ͷ ‫ߪ ׵‬௦ ൌ ͷʹǡͷܵ

Em contrapartida:
� 4 × 550 700
�� = = ≅ �
� ��� �
Portanto:
700
� ����� � ����
��

A solução desta última equação deve ser obtida por iteração, de forma que o valor do
diâmetro D atenda a equação e que o D ≅ 1,5 m.

2o Exercício ─ Uma sapata corrida com 8,5 m de largura está apoiada a 3m de


profundidade, em um solo de argila mole saturada (γ = 17kN/m3).

O nível da água (N.A.) está a 2,45 m de profundidade. Estime a tensão admissível com
base na fórmula de Terzaghi para as situações a seguir:

»» Situação 1: a carga é aplicada de maneira rápida, de modo que as condições


não drenadas prevalecem.

»» Situação 2: a carga é aplicada de maneira lenta para que não haja


acréscimo de pressão neutra no solo.

62
PREVISÃO DE RECALQUE │ UNIDADE III

Características da argila mole: ensaio rápido (não adensado e não drenado): c = 24kPa.
No ensaio lento (adensado e drenado): ܵ ൌ Ͷ ൅ ߪത‫͵ʹ݃ݐ‬௢ ሺ݇ܲܽሻ. Adote γsub=7kN/m3 e FS=3.

Solução:

A ruptura deste solo será do tipo local, uma vez que ele é uma argila mole, ou seja,
devemos adotar os valores de N’ e 2/3c.

��� = 5,7
Situação 1: � = 0 � � ��� = 0
��� = 1,0

2
�� = × 24 × 5,7 + 0 + 2,45 × 17 + 0,55 × 7 ∴
3

�� ≅ 137�����

137
�� ≅ ≅ 4����
3

��� ≅ 13
Situação 2: � � 23 → ���� ≅ 2,5

��� ≅ 5,0

2 1
�� = × 4 × 13 + × 7 × 8,5 + 8,5 × 2,5 + (2,45 × 17 + 0,55 × 7) ∴
3 3

�� ≅ 337�����

337
�� ≅ ≅ 112���
3

3o Exercício – Determine o lado da sapata quadrada da Figura 39 utilizando a teoria


de Skempton.
Figura 39. Ilustração da sapata do 3o Exercício.

Fonte: autora.

63
UNIDADE III │ PREVISÃO DE RECALQUE

Primeiro vamos adotar B = 3m:


� 1,2
= = 0,4�� ≅ 7
� 3

40 × 7
�� = � 1 × 17 � 1,2 × 1� ≅ 132����
3
Para verificar se este resultado e aceitável vamos calcular a tensão aplicada:
� 800
��������� = = � 8�����
� 3×3

Na primeira tentativa, verificamos que a tensão aplicada pela sapata é menor do que a
tensão admissível do solo. Portanto, faremos uma nova tentativa reduzindo o lado da
sapata para B=2,5, a fim de torá-la mais econômica.
� 1,2
= = 0,4� = 0,4�� ≅ 7,1
� 2,5

40 × 7,1
�� = � 1 × 17 � 1,2 × 1� ≅ 1�� ���
2,5

Para verificar se este resultado e aceitável vamos calcular a tensão aplicada:


� 800
��������� = = = �28���
� 2,5 × 2,5

Como a tensão aplicada pela sapata, na segunda tentativa, é menor do que a tensão
admissível e possui um valor próximo dela, o valor de B=2,5 m pode ser adotado como
solução ao problema.

64
Capítulo 2
Recalques elásticos

Recalque elástico, também chamado de imediato, provocado pela deformidade dos solos
seco e úmidos e também saturados, sem que seja alterado o teor de umidade. As teorias
da elasticidade calçam as equações para cálculos do recalque elástico. O recalque de
uma fundação em sua totalidade é encontrado por fórmulas matemáticas tipo:

ܵܶ ൌ ܵ௖ ൅ ܵ௦ ൅ ܵ௘ (6)(6)

Onde,

»» ST = recalque total;

»» Sc = recalque por adensamento primário;

»» Ss = recalque por compressão secundária;

»» Se = recalque elástico.

Para as fundações sobre material (elástico de espessura infinita) o recalque elástico


pode ser calculado a partir das equações oriundas das teorias de elasticidade.

ͳ െ ߤ௦ଶ
ܵ௘ ൌ οߪ‫ܤ‬ ‫ܫ‬ (7)(7)
‫ܧ‬௦ ௣

Onde,

»» Se = recalque elástico;

»» ∆σ = pressão vertical (líquida aplicada);

»» B = largura da fundação (diâmetro da fundação circular);

»» μs = coeficiente de Poisson do solo;

»» Es = módulo de elasticidade do solo;

»» Ip = fator de influência adimensional.

Segundo o autor Schleicher 1926, o fator de influência para um local (canto) de uma
sapata retangular flexível como:

1 1 + ���� + 1
�� = ��� �� � � + �� � �� + ���� + 1�� (8)(8)
� ��

65
UNIDADE III │ PREVISÃO DE RECALQUE

onde,
mi = comprimento da fundação/ largura da fundação.

Tabela 14. Fatores de influência para fundações.

Ip
Flexível
Forma m1 Centro Canto Rígido
Círculo - 1 0,64 0,79
Retângulo 1 1,12 0,56 0,88
1,5 1,36 0,68 1,07
2 1,53 0,77 1,21
3 1,78 0,89 1,42
5 2,1 1,05 1,7
10 2,54 1,27 2,10
20 2,99 1,49 2,46
50 3,57 1,8 3,0
100 4,01 2,0 3,43

Fonte: FT, UNICAMP, 2009.

Devem ser considerados alguns aspectos quando for definir recalques elásticos.
Os parâmetros são rigidez, forma e profundidade, apoio de sapata e a espessura
da camada deformável. Muitas vezes são a determinação do valor do recalque de
semiespaço infinito.

Tabela 15. Valores Representativos do Coeficiente de Poisson.

Tipo de Solo Coeficiente de Poisson, μs


Areia fofa 0,2 – 0,4
Areia média 0,02 – 0,4
Areia compacta 0,3 – 0,45
Areia com Silte 0,2 – 0,4
Argila mole 0,15 – 0,25
Argila média 0,2 – 0,25

Fonte: FT, UNICAMP, 2009.

Tabela 16. Fatores de Influência para fundações.

Es
Tipo de Solo KN/m² Ib/ in²
Argila mole 1.800 – 3.500 250 – 500
Argila dura 6.000 –14.000 850 – 2.000

66
PREVISÃO DE RECALQUE │ UNIDADE III

Es
Tipo de Solo KN/m² Ib/ in²

Argila fofa 10.00–28.000 1.500 – 4.000

Argila compacta 35.000–70.000 5.000-10.000

Fonte: FT, UNICAMP, 2009.

Exercício prático:

Considerando um bloco de fundação retangular de 1m x 2 m em planta localizada em


uma camada de areia que se entende a uma grande profundidade. Levando em conta
que Es = 14.000kn/m² e μs= 0,4. Para o aumento de tensão na fundação de 96 KN/m²,
encontrar o recalque elástico levando em conta que a fundação seja rígida. Utilizando
a fórmula a seguir:

ͳ െ ߤ௦ଶ
ܵ௘ ൌ οߪ‫ܤ‬ ‫ܫ‬ (9)(9)
‫ܧ‬௦ ௣

Dados: B1M. l = 2m, m1 L/B = 2.

1 − 0,4�
�� = 961 �1,21� = 0,0069� � = 6,9� �� (10)(10)
14.000

OBS.: quando fundações são realizadas em solos cujas as camadas de argila, onde a
propriedade de ser compressível atua (diminui seu valor após sofrer compressão), o
recalque elástico é muito menor, prevalece nesses casos o recalque por adensamento.

67
Capítulo 3
Recalques diferenciais

De acordo com a NBR no 6122 (ABNT, 2010), todo recalque é uma movimentação
vertical no sentido para baixo (decrescente) de uma fundação, se o movimento for o
contrário é chamado de levante, o específico é a correlação entre os apoios e a distância
entre eles. Assim em fundações quando o solo se rompe temos o recalque, a fundação
desce um pouco mais que o esperado. Se for grelha, ou seja, em toda a extensão da
fundação, denominamos de recalque total. E se for pontual, chamamos de diferencial.

Sendo um dos recalques mais representativos, o recalque de adensamento ou o


assentamento da estrutura sobre a fundação. (MILITISKLY, 2005). Ainda segundo o
autor, qualquer solo quando é exposto a uma carga pode ser observado o recalque,
esses têm um tempo para tomar forma e se estabilizar, sendo um período curto ou não,
quem irá definir esses parâmetros são as características geotécnicas do solo.

Esse ajustamento do solo com a fundação é o responsável por vários acontecimentos


nas edificações como fissuras (inclinadas, rasgo maiores), trincas e rachaduras, se o
recalque da mesma por diferencial, o que significa dizer que parte da estrutura desce
(rebaixa), mas que a outra causando desequilíbrio estrutural, fora do contexto estimado
para a estrutura e que pode levar a mesma ao desmoronamento.

Figura 40. Exemplo de recalques diferencial acentuados.

Fonte: Tecnologia das fundações, 2015.

O ensaio de compressibilidade e adensamento do solo e tenta demostrar o comportamento


do solo ao ser comprimido, tentando evitar problemas futuros nas estruturas. Por isso,
o ensaio de compressão é realizado com uma amostra colocada dentro de molde que irá
inibir as variadas deformações laterais, ao serem impostas novas camadas, também é
verificado o efeito sobre o solo (em aterros, por exemplo).

68
PREVISÃO DE RECALQUE │ UNIDADE III

De fácil aplicação é bastante usual para o efeito da carga sobre as estruturas em formas
de sapatas que provocam deformações nos solos.

O recalque pode ser estimado por meio de teorias e fórmulas, como a descrita seguir,
que justifica o recalque por adensamento:

� �� ����
�� �
�� =
�� � ���
� ���� ���
��

� ��� ��� � � ���� �� ���
��� �� (11)(11)

Onde,

»» Cr = índice de recompressão;

»» Cc = índice de compressão primário;

»» Cαε = índice de compressão secundário

Quanto à velocidade de agravamento dos recalques, temos a teoria de Terzaghi, o fator


tempo correlacionado com a taxa de adensamento. Ou seja :

ܶ ൌ ‫ݒܥ‬Ǥ ‫ݐ‬Ȁ‫ʹ݀ܪ‬ (12)(12)

»» T= (p/4). U para U < 60%.

»» T=-0, 933.log (1-U) – 0,085 para U > 60%.

Principais causas dos recalques de maior ou menor proporção são:

»» solos colapsáveis são os que contém alto índice de porosidade, ocorre a


descimentação quando em contato com água, esta é a causa do colapso
instantâneo do solo;

»» escavações em áreas próximas, deixando a fundação muitas vezes nua,


ou descoberta, ainda que esteja escorada pode provocar recalques nas
edificações mais próximas;

»» lençol freático rebaixado se ocorrer que neste local tenha a presença de


solos compressíveis, será gerada uma pressão geostática na camada do
solo, estando ou não com carga externa;

»» vibrações provenientes de obras próximas com equipamentos de carga


elevada, como rolos compactadores, vibratórios, tráfego viário, bate
estacas etc.

O recalque total é cálculo por fórmulas matemáticas definidas a partir do estudo da


estrutura a que se refere o recalque, ver figura a seguir.

69
UNIDADE III │ PREVISÃO DE RECALQUE

A relação entre o recalque diferencial com a distância entre as sapatas, ou seja, dois
pontos, representam o recalque diferencial específico. Para se obter o recalque total
Ht, faz a análise do produto final do recalque, sua atuação sobre o elemento estrutural
(fundação).

Figura 41. Efeitos do recalque diferencial em uma estrutura levando-a ao colapso.

Fonte: FT, UNICAMP, 2017.

A diferença entre recalque admissível e o recalque diferencial é que no primeiro, a


estrutura suporta sem sofrer danos que prejudiquem sua utilização, diferentemente do
segundo que pode tornar a estrutura colapsível, ou seja, os danos são tão excessivos que
podem levar a ruína.

Nos dias atuais foram desenvolvidas técnicas de engenharia para atuar no campo destas
patologias, que vem trazendo resultados positivos e representativos para a engenharia.
Modernos métodos foram desenvolvidos abrindo campo para diversas inovações
profissionais, então se o recalque for recuperável de grau médio pode sim a estrutura
após sofrer intervenções voltar a ser utilizada.

»» Recalque Diferencial δ (δ1, δ2...).

»» Recalque Diferencial Específico - δ / l (δ1/l, δ2 / l...).

»» Recalque Diferencial de Desaprumo:

ߜ ൌ ο‫ܪ‬ଶ െ ο‫ܪ‬ଵ (13)(13)

70
DIMENSIONAMENTO
DAS FUNDAÇÕES Unidade iV
SUPERFICIAIS
As fundações superficiais se dividem em sapatas corridas ou contínuas, sapatas isoladas
e radiers, além disso, há os blocos de concreto, também. Nesta unidade, vamos estudar
todas essas modalidades. Na Figura 42, há uma representação gráfica desses tipos de
fundações superficiais.

Figura 42. Diagrama de fundações superficiais.

Simples
Sapata corrida ou
contínua
Armada

Simples
Sapata isolada
Armada
Fundações diretas
ou rasas
Rígidos
Radier
Flexíveis

Simples
Blocos
Armado

Fonte: autora.

71
Capítulo 1
Sapata

As tensões admissíveis dos solos são menores que a tensão à compressão do concreto, de
uma maneira geral, por conta disso as seções dos pilares, que estão perto da superfície do
terreno são aumentadas, pois a força transformada pela ação do pilar se torna pressão e
essa é direcionada para o terreno e devem coexistir. A esse conjunto denominamos sapata.

Para que o valor da tensão admissível (σadm) seja encontrado, utilizamos alguns
parâmetros como:

»» formulação teóricas;

»» prova de carga;

»» valores tabelados pela NBR no 6122 (ABNT, 2010);

»» sondagens SPT, onde σadm =0,02.Nmédio (MPA).

Então a sapata é o elemento de fundação superficial mais conhecido, dependendo do solo


onde está inserida, a execução é a fundação direta que melhor responde a essa questão de
sustentação de uma edificação. Tem variação na dimensão e configuração e forma.

Sendo um elemento de fundações superficial, que a partir das dimensões geométricas


que está projetada. De acordo com o que está prescrito pela norma NBR no 6122 (ABNT,
2010), é dimensionada para que as pressões de tração que provém dela, enfrentem a
resistência pela armadura colocada em seu interior.

Ainda pela NBR no 6118 (ABNT, 2014), se diz que sapata sendo utilizada na fundação
superficial (direta) é aquela capaz de passar as pressões (cargas) ao terreno onde está
sendo empregada é o elemento que transmite as forças exercidas sobre ela.

Figura 43. Sapata para fundações superficiais.

B = menor dimensão da sapata


Fonte: autora.

72
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS │ UNIDADE IV

A norma brasileira NBR no 6118 (ABNT, 2014), Projeto de estruturas de concreto –


procedimento exige que os dimensionamentos de sapatas sejam realizados de acordo
com seus procedimentos.

As sapatas estão definidas como sapatas isoladas, corridas, com viga de equilíbrio e
associadas, sendo ainda explícita a condição de classificação de serem rígidas ou flexíveis.

Sapata isolada
Algumas regras são utilizadas para um bom dimensionamento são elas:

»» calcular os itens que tem carga extra, e o peso específico de cada material
utilizado na fundação.

Figura 44. Alicerces Comuns.

Fonte disponível em: <http://www.ebah.com.br/content.com.br>.

»» calcular as cargas que irão atuar sobre pelo menos 1 m linear de cada
parede;

»» levar os cálculos determinados para uma formula simplificada, R = P / S.

Usualmente, mas comum nas edificações, passa para o solo as forças de um pilar
individualmente, essa força é transformada em pressão que é transmitido para o solo.
Geralmente para atender a condição de superficial são rasas, flexíveis, e armada), com
altura h ≤ ¼ e Zf ≤ 1,5 B (base).

As dimensões do pilar, P a carga que é transmitida é σadm chamada de tensão admissível


do terreno. A área de contato da sapata com o solo é descrita como:

As = P / σadm

São exigidos também que no dimensionamento da fundação direta neste caso sapata.
73
UNIDADE IV │ DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

As tensões devem estar distribuídas em toda a extensão, ou seja, os centros de gravidades


de pilar sapatas devem ser idênticos, assim as pressões serão também distribuídas de
maneira uniforme.

Para um dimensionamento econômico, as dimensões de sapatas e pilares precisam


esta ligadas, as distâncias devem ser iguais, para que os momentos iguais nos balaços
e secção da armadura estejam em igualdade nos dois sentidos, ou seja L – B = l – b,
entendendo que L x B = A da sapata, dando simplificação resolução dos cálculos.

O dimensionamento pode ser cálculo por meio da fórmula:

�� ��� 1 �
�= = ��� � � � � = � � � � � = �� + �� � ��� � � = (2)
���� 2 4 � (2)

Ou seja, para dimensionar é preciso saber a profundidade e quais são as dimensões da


fundação. O mínimo aceitável é 80cm e as sapatas devem esta inseridas no centro de
gravidade do pilar.

Figura 45. Sapatas Isoladas.

Fonte: ESCOLA DE ENGENHARIA, 2017.

Sapatas Associadas
Acontece quando os pilares estão unidos por uma viga, colocada por conta das cargas
estruturais serem excessivas para a tensão admissível do solo, também por conta das
camadas estarem sobrepostas. Para funcionar bem o conjunto sapata pilar devem estar
com centro de carga centralizados, quando estão com superposição em sapatas muitas
próximas deve-se associá-las. Esse centro de gravidade estar definido pela equação:

��
��� = � (3)(3)

74
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS │ UNIDADE IV

Definição de Área de sapata:

�� � �� �
�= = � � = �� � �� (4)(4)
���� ����

Figura 46. Sapata Associada.

Fonte: ESCOLA DE ENGENHARIA, 2017.

Sapata de Divisa (alavancada)


Sapata de Divisa, ou seja, o pilar estar situado na divisa do terreno com o terreno
vizinho, não podendo ir adiante, então a sapata apresenta um comportamento incomum
se afastando do centro então a distribuição deixa de ser uniforme. Para resolver essa
discordância teremos que fazer com que a resultante na base se torne centrada, para isto
são colocadas vigas de equilíbrio ou alavancadas para que ela realize a compensação.

� ��
�� �1 ± � (5)(5)
������� �

O centro de gravidade terá que estar sobre o eixo da viga alavancada, as faces laterais
devem ser paralelas as da viga de alavanca.

A simplificação para cálculos dimensionamento podem ser vistas a seguir:

Fixa o valor de R1 > P1 (R1 = 1,10, P1)

Calcula-se,

݈
ܴଵ ൌ ܲଵ (6)(6)
݈െ݁

Em seguida B é cálculo por:

���
�� (7)(7)
2

75
UNIDADE IV │ DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

Através da área da sapata encontra-se L,

ܴଵ
ൌ ‫ܤܮ‬ (8)(8)
ߪ௔ௗ௠

Descobre o valor da relação L/B, esta função para que a sapata se torne econômica,
deve ser:


2≤ ≤3 (9)(9)

Se L /B estiver diferente, adota-se outro valor para R1. Quando não for aceitável a
sapata econômica, L / B diferente, mas ainda próximo do valor do intervalo. O cálculo
da segunda sapata será com a função:

1
�� � �� − �� (10)(10)
2

Onde, ∆P = R1 - P1.

Área da segunda sapata encontra-se,

1
�� �� − ��
�� = = 2 (11)(11)
���� ����

Figura 47. Sapata Alavancada (divisa).

Fonte: ESCOLA DE ENGENHARIA, 2017.

A fundação rasa ou direta, para seu dimensionamento em areia, pode ser estimada o
seu valor de suporte de carga do solo e encontrar diretamente o valor da base, e assim

76
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS │ UNIDADE IV

calcular a área necessária para a fundação. E não a capacidade de carga da areia está
diretamente ligada ao tamanho da fundação e da pressão que ela carrega. Já com a
argila, o suporte de carga não é proporcional à dimensão da fundação, apenas esta
correlacionada com o valor da coesão e da pressão de sobrecarga.

Dimensionamento estrutural da armação de


sapatas corridas e isoladas

Para o dimensionamento de sapatas isoladas e corridas, podemos utilizar o método


das bielas. Primeiramente, vamos estudar as sapatas corridas e depois as isoladas.
Este método foi citado por Alonso (1989), portanto, vamos nos basear nesta obra para
esse estudo.

Sapatas corridas

No caso de sapatas corridas, é necessário conhecer a base da sapata (b), a altura (d) e
secção transversal do pilar (b0). Como pode ser observado na Figura 48 e nas que ações
a seguir.

Figura 48. Ilustração de sapata corrida para dimensionamento usando o método das bielas.

Fonte: autora.

� � ��

� 4
��
�1,44� � �� ��� � = 0,85 ���
� �� �
1,96

��� � �� )
�=
8�

1,61�
�� = �� ��� 1,61 = �� �� = 1,4 × 1,15
���

77
UNIDADE IV │ DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

Sapatas Isoladas

Para sapatas isoladas, a metodologia de cálculo é um pouco diferente, conforme a Figura


49 e a Figura 50 e a formulação a seguir:

Figura 49. Ilustração de sapata isolada para dimensionamento usando o método das bielas.

Fonte: autora.

Figura 50. Ilustração de sapata isolada para dimensionamento usando o método das bielas (vista superior).

Fonte: autora.

� � ��
� 4

� � � ��
�� 4

� � ���
� 1,44� �� ��� �� = 0,85
� �� 1,96

��� � �� )
�� =
8�

��� � �� )
�� =
8�

1,61��
��� = ��������� �������� �� ���� �)
���

1,61��
��� = ��������� �������� �� ���� �)
���

78
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS │ UNIDADE IV

Exercício resolvido

Calcule a armação de uma sapata quadrada com 2,3 m de lado. Esta sapata apoia um
pilar, também quadrado, com lado 0,45 m e carga de 1000 kN. Utilize o aço CA 50 e
fck = 15MPa.

Primeiramente, devemos calcular o d, (como a sapata é quadrada, a=b):

2,3 − 0,45
� � 0,50���
� 4
��
�1,44� 1000 × 1,96 � � 0,60��
� 0,85 × 15.000

Vamos adotar o valor de d=60 cm, que é o valor mais conservador. Além disso, o aço
deve ser coberto por 5 cm de concreto, então a altura total da sapata será de 65 cm. O
próximo passo é calcular a carga T:

1000(2,30 − 0,45)
�� = �� = = 385���
80 × 0,60

Por fim, vamos calcular a área da armação:

������ 385
��� = ��� = = ���5���� � �������� ������0���
50

Tabela 17. Área de seção de armadura As(cm2).

Bitola Ø nominal para cálculo Número de fios ou de barras


Peso μ
Fios Barras Diâm.
linear perm. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(mm) (mm) (pol)
kgf/m (cm)
3,2 - 0,06 1,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48 0,56 0,64 0,72 0,80
4 - 0,10 1,25 0,125 0,25 0,375 0,50 0,625 0,75 0,875 1,00 1,125 1,25

5 5 ≅ 3/16 0,16 1,60 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00

6,3 6,3 ≅ 1/4 0,25 2,00 0,315 0,63 0,945 1,26 1,575 1,89 2,205 2,52 2,835 3,15

8 8 ≅ 5/16 0,40 2,50 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00

10 10 ≅ 3/8 0,63 3,15 0,80 1,60 2,40 3,20 4,00 4,80 5,60 6,40 7,20 8,00

- 12,5 ≅ 1/2 1,0 4,00 1,25 2,50 3,75 5,00 6,25 7,50 8,75 10,00 11,25 12,50

- 16 ≅ 5/8 1,6 5,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,0 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00

- 20 ≅ 3/4 2,50 6,30 3,15 6,30 9,45 12,6 15,75 18,90 22,05 25,20 28,35 31,50

- 22 ≅ 7/8 3,05 6,90 3,80 7,60 11,4 15,2 19,0 22,80 26,60 30,40 34,20 38,00

- 25 ≅1 4,00 8,00 5,00 10,0 15,0 20,0 25,0 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00

- 32 ≅1 1/4 6,30 10,00 8,00 16,0 24,0 40,0 40,0 40,00 56,00 64,00 72,00 80,00

Fonte: Alonso, 1989.

79
Capítulo 2
Blocos

Os blocos são elementos de fundação rasas (superficiais) de concreto, calculados para


que as pressões que se nascem neles fiquem barradas no concreto, para que isso torne a
necessidade de armadura nula. Em geral, seus lados podem ser verticais ou inclinados,
tendo seções quadradas ou retangulares.

Segundo a NBR no 6122 (ABNT, 2010), o elemento que tenha projeções altas e a pressão
de tração elevada seja reduzida, e consegue ser absorvida pelo concreto evitando a
colocação de armadura, essas tensões devem ser de pequenas intensidades para atingir
esse conceito, deve ser relativamente grande, pensando na economia de concreto
usualmente são em formas de pedestal, ou inclinados.

Bem aceito nas pequenas obras, pois as tenções admissíveis do solo onde será empregado
seja menor que 1,0 Kgf/ cm², a carga deve estar no centro do pilar, isto anula momentos
na fundação, com cargas < 50.000 Kgf.

Figura 51. Ilustração de bloco de concreto.

Fonte: FEB, 2013.

Se tg β > 1,5 bloco de fundação direta dispensa armadura de flexão porque o concreto
resiste a tensão máxima existe na base do bloco. O dimensionamento é feito com o
concreto simples sem armadura. Regras estabelecidas pela NBR no 6122 (ABNT, 2010),
determinam o ângulo de 60º:

��� � ����


���
+1 (12)(12)

80
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS │ UNIDADE IV

onde,

σadm é a tensão admissível do terreno, em MPa;

fct = 0,4 fckt ≤ 0,8 MPa, sendo que fct é a tensão de tração no concreto;

fckt é a resistência característica à tração do concreto.

Tensão admissível à tração do concreto, é especificado pela NBR no 6118 (ABNT, 2003).

Figura 52. Bloco de concreto de fundações superficiais.

Fonte: ECIVILNET, 2001.

Exercício resolvido
Um pilar de 35 x 60 cm, deverá ser apoiado em um bloco de concreto com fck=15 MPa.
A carga de solicitação será de 1.700 kN. Dimensione o bloco, considerando que o solo
possui σs = 0,4 MPa. Despreze o peso próprio do bloco.

Primeiro, vamos dimensionar a base:


� 1.700
�= = = ������
�� 500

Feito isso, podemos escolher um bloco com 180 x 1,90 m. O próximo passo é dimensionar
o bloco e seus escalonamentos:
��� 15
��� � � 25 = 25 = �������
�������

81
UNIDADE IV │ DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

Sabendo que: fct = 0,6 MPa e σs = 0,4 MPa, então α ≅ 60o.

� � 1,90������� � 0,60��

� � 1,80������� � 0,35��

1,90 − 0,60
���60� � 1,15��
ℎ≥� 2
1,80 − 0,35
���60� � 1,25��
2

Adotaremos o valor maior da altura, que é 1,25 m. Fazendo 4 escalonamentos teremos


que:
Figura 53 Escalonamentos do bloco dimensionado.

Fonte: Própria autora.

Figura 54 Dimensões do bloco.

Fonte: autora.

82
Capítulo 3
Radier

Quando houver muitas sapatas, é preferível que se use o radier, que é o conjunto de
sapatas associadas, que comportam todos os pilares da construção ou os carregamentos
distribuídos. A grande diferença entre a sapata corrida é que o bloco suporta cargas não
alinhadas, e nas sapatas corridas podem ser colocadas carga, como pilares e paredes,
mas estas devem estar alinhadas. É indispensável o estudo do solo, para saber se suporta
esse tipo de fundação e os possíveis problemas que podem ocorrer, é normativa que a
compactação mínima seja de no pelo menos 95%, e deve ser observado de maneira
cauteloso o cálculo estrutural para a área onde será implantada a fundação radier.
Com a vantagem de utilizar menos mão de obra, ser bem aceita em terrenos argilosos e
ter um tempo de execução menor que as demais, a fundação em radier é uma boa opção
para construções de pequeno porte que tenham os requisitos oferecidos por ela, pois
em estruturas com cargas elevadas é a primeira hipótese a ser descartada, para que sua
resistência seja aumenta e o volume de concreto que deve ser acrescido o que ocasiona
um gasto a mais na obra.

No país, vem sendo utilizada em grande escala nas obras do Programa Minha Casa
Minha Vida do governo federal, por oferecer custo menor que as demais, mas deve-se
ter cuidados específicos e saber como lidar com as patologias que poderão surgir após
o assentamento desse elemento de fundação. Vem trazendo inovações como placas de
concreto, cada vez maiores sem juntas, assim como a utilização das técnicas de concreto
de retração para casos específicos de radier pré-moldado. A exigência para uma mão de
obra qualificada é mínima. Como essa obra é popular, e exige das construtoras, uma
racionalização do trabalho, assim como agilidade para sua entrega, o radier ganha
destaque, em muitos casos foram bem-sucedidos, mas tem alguns que necessitam ser
reavaliados, no geral foi uma boa escolha.

Figura 55. Radier com e sem enrijecimento.

Fonte: TECHNE, 2008.

83
UNIDADE IV │ DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

Segundo norma NBR no 6122 (ABNT, 2010), o radier é um elemento de fundação superficial
que aceita todos os pilares de uma estrutura, tendo seu carregamento distribuído,
seus dimensionamentos são definidos por meio de dimensionamento geométrico e de
cálculo estrutural.
Figura 56. Detalhamento do Radier.

Montante de perfil Fechamento interno


Ue enrijecido

Isolamento termo acústico

Fechamento externo
Acabamento piso
Ancoragem do painel
à fundação

Laje
radier

Nível do terreno
Armadura
Fonte: TECHNE, 2008.

Sendo uma fundação rasa, transmite sua carga diretamente para o solo, com uma
profundidade em média ≤ 2,0m. Geralmente alguns fatores são necessários para
sua execução.

»» a carga da edificação;

»» profundidade da camada resistente de solo;

»» custo do método executivo, prazo de execução;

Para o dimensionamento, as cargas dispostas no radier são como a distribuição em


grelhas, são uniformes, concentradas nas junções (nó), usando o método de carga de
influência onde as forças são direcionadas para os nós, esses são calculados pela equação.

ܳ௜ ൌ ሺ݃ ൅ ‫ݍ‬ሻ‫ܣ‬௙ (13)(13)

onde,

»» g = carga permanente sobre na laje, por unidade de área;

»» q = carga acidental sobre a laje, por unidade de área;

»» Af = área de influência do nó i;

»» Qi = carga aplicada no nó i da grelha.


84
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS │ UNIDADE IV

As cargas concentradas são colocadas diretamente no nó.

Figura 57. Aplicação de pressão concentrada na grelha.

Fonte: CORAL; UFSM, 2008.

As propriedades das barras, estão diretamente ligadas aos resultados de cada faixa da
grelha. A espessura e largura de cada uma faixa da placa, as barras devem apresentar
as propriedades geométrica e física para a placa analisada. As físicas estão ligadas ao
material caso o material fosse o concreto armado, tem-se que determinar o módulo de
cisalhamento G.

Esse valor é encontrado por meio da resistência dos materiais e o coeficiente de Poisson
e do módulo de deformação longitudinal no caso o secante para concreto Ecs seguindo a
orientação da norma NBR no 6118 (ABNT, 2014), definido pela expressão:

‫ܧ‬௖௦ ൌ Ͳǡͺͷ ‫ܧ‬௖௜ (14)(14)

onde, Eci é o módulo tangente, dado por: Eci = 5600 = resistência do concreto em Mpa.

A definição de G, depende do valor de v e E estimados, para o tipo de material no caso


aqui foi o isotrópico em estado uniforme de tensões.

‫ܧ‬
‫ܩ‬ൌ
ʹሺͳ ൅ ߥሻ (15)(15)

Figura 58. Elemento de grelha.

Fonte: CORAL; UFSM, 2008.

85
UNIDADE IV │ DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

Suas atribuições geométricas são levadas em conta a partir da faixa de largura b, igual
a soma da metade das distâncias entre os elementos e da espessura h da laje. Momento
de inércia que ocorrem são a flexão (I) e torção (J) são, portanto, cálculos para uma
seção retangular de dimensões b x h, veja a seguir.

�ℎ�
�= (16)
12 (16)

�� � ℎ� (17)
�= (17)
1��� � + ℎ� )

Figura 59. Esforços que atuam nas barras da grelha.

Fonte: CORAL; UFSM, 2008.

As rotações e deslocamentos horizontais nas barras são causados pelo carregamento,


também ocorrem esforços nodais. Esses são:

»» momentos fletores, no sentido do eixo da barra – m;

»» esforços cortantes, no sentido do eixo z –v;

»» momentos torçores, no sentido transversal ao eixo da barra – t.


����
Exercício de Dimensionamento ─ Características do solo arenoso: � � = 32� � �� = ��
� � = 2������ �� =
����
2� � �� = � � = 2������ �� = ��3������� = 2���;
��

Resistências às cargas

�� = 1,0 � �0 + 1,3 � 400 = 1320�� ��� = 26,56� ��� = 11,59� ��� = 12,59

�� ��
�� = 1 − 0,3 = 0,7�� = 1 + ��� � � � = 1,447
�� ��

� �
�� = ����� = � � � ���� �� + ����� �� � �� = � 10�11,59�0,7 + 20�12,59�1,477� ��
� �

�� � �� � � � 1,�1 �

86
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS │ UNIDADE IV

Assentamento admissível:

�� ����
� = 800 � �00 = 1200��; ∆ℎ = �1 − � � ��� ; �= − 20; �� = 0,82
� ��

1200
�� � − 20
�1 − � ��� = �
� �1 − 0,3� �0,82 � 0,02 � � � 2,0�
� 20000

Figura 60. Exemplo de dimensionamento.

Fonte CIVIL; IST; UTL, 2017.

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y,34.83h,81.86t/data=!3m7!1e1!3m5!1s9wcpMrpKW6oTuecyIxYfWQ !2e0!3e2!7i133
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