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AO JUIZO DA PRESIDÊNCIA DO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

GOVERNADOR DO ESTADO X, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., inscrito no RG


nº..., e no CPF nº..., residente e domiciliado no endereço..., e endereço eletrônico..., por
intermédio de seu procurador signatário, devidamente constituído, com instrumento de mandato
em anexo, endereço profissional em..., endereço que indicam para fins do art. 77, V do CPC,
vem respeitosamente perante esta Corte, com fulcro no art. 102, I, a da CF/88 e na Lei nº
9.868/99, impetrar

AÇÃO DIRETA DE INCOSTITUCIONALIDADE COM MEDIDA CAUTELAR

Movido em face da Emenda à Constituição Estadual nº... aprovada pela Assembleia Legislativa
do Estado X, ao qual será objeto dessa ação pelos motivos e fundamentos a seguir expostos.

I – DOS FATOS (OBJETO DA AÇÃO)

O objeto da referida ação é a Emenda à Constituição Estadual nº..., aprovada pela Assembleia
Legislativa do Estado X, que introduziram as seguintes normas constitucionais nas Disposições
Finais do diploma:

“Art. 250. Ficam equiparados e vinculados os vencimentos dos Agentes Fiscais de


Renda Estaduais aos subsídios dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.

Art. 251. Todo e qualquer convênio assinado pelo Governador do Estado deve ser
objeto de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que possa produzir
efeitos;

Art. 252. A alíquota do imposto de renda incidente sobre a remuneração dos


servidores públicos estaduais fica fixada em 10%, seja qual for o montante pago a
este título.”

Ocorre que, a Emenda fere diretamente a Constituição Federal, Carta Magna que deve ser
observada e respeitada.

Diante disso, o Governador do Estado X vem perante essa Corte propor ação para invalidar essa
Emenda Constitucional.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

a) Do Cabimento da Ação e Competência


A ação direta de inconstitucionalidade está fundamentada no art. 102, I, “a” da CF/88 e no
art. 1º da Lei nº 9.868/99, tendo seu cabimento contra inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo estadual, cabendo ao STF processar e julgar a referida ADI.
Conforme será exposto no decorrer desta peça, a Emenda à Constituição Estadual nº... é
inconstitucional por ferir diretamente a CF/88, sendo assim a ADI é medida cabível para esse
pleito.

b) Da Legitimidade Ativa
A legitimidade ativa está fundada expressamente no art. 103, V da CF/88 c/c o art. 2º da Lei
nº 9.868/99. Sendo atual Governador do Estado X possui legitimidade para a propositura da
presente ação.

c) Do Direito

A Emenda Constitucional Estadual nº..., aprovada pela Assembleia Legislativa é dissonante


da CF/88, conforme previsão no art. 102, I, “a” da CF/88.

Primeiramente, o art. 250 da referida Emenda, vincula e equipar os vencimentos dos Agentes
Fiscais de Renda Estaduais aos subsídios dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, sendo que o
art. 37, XIII da CF/88, em sua literalidade proíbe essa possiblidade, vejamos o inciso in verbis:

“XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies


remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;”

E de imposição vinculante mais que consolidada, dispõe a Súmula Vinculante 42 do STF: “É


inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou
municipais a índices federais de correção monetária.”

Sendo assim, essa equiparação e vinculação imposta pela Emenda não é possível devido sua
inconstitucionalidade, visto que, vai de encontro direto com o texto Constitucional Federal.

Já no art. 251 da referida Emenda prevê que “todo e qualquer convênio assinado pelo
Governador do Estado deve ser objeto de prévia autorização da Assembleia Legislativa para
que possa produzir efeitos”.

Tal artigo é uma ofensa ao princípio da independência e harmonia dos Poderes, conforme
previsão no art. 2º da CF/88, onde afirma que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário são
Poderes da União, independentes e harmônicos entre si. O princípio da independência e
harmonia dos Poderes determina que cada Poder tem a sua esfera de atuação preponderante,
sem que possa ingressar na esfera de atuação preponderante de outro Poder.

Ao submeter à Assembleia Legislativa Estadual a prévia autorização ou aprovação de


convênios, contraria a separação de poderes (art. 2º, CF/88), portanto é inconstitucional.

E por fim, o art. 252 da Emenda Constitucional Estadual nº..., prediz que “A alíquota do
imposto de renda incidente sobre a remuneração dos servidores públicos estaduais fica fixada
em 10%, seja qual for o montante pago a este título.”

É evidente que, em se tratando de impostos federais, a competência legislativa é da União e


não da esfera estadual, e por se tratar de imposto de renda no art. 252 da Emenda
Constitucional Estadual, a competência é privativa da União. Por tanto, o artigo mencionado
é completamente inconstitucional tendo em vista ir de encontro com a CF/88 em seu art.
153, III.
III – DA MEDIDA CAUTELAR

No art. 300, do CPC/15, a tutela de urgência é prevista quando estiverem presentes os


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.

A probabilidade do direito – fumus boni iuris - está fundamentada na total e já demonstrada


inconstitucionalidade da Emenda Constitucional Estadual nº... que fere diretamente a
Constituição Federal/88.

Já o perigo da demora – periculum in mora – se faz presente no caso concreto, pelos novos
requisitos criados inviabilizam a continuidade da independência e harmonia dos Poderes frente
que tal Emenda fere a competência do Poder do Executivo no âmbito Estadual em realizar
convênios com a prévia autorização da Assembleia Legislativa, que tal necessidade de
aprovação, além de interferir na esfera do Poder Executivo, deixará moroso o processo
administrativo, e sobre tudo por se cuidar de competência legislativa privativa da União ao
legislar sobre impostos federais.

Presentes os requisitos, há previsão da medida cautelar no art. 10 da Lei nº 9.868/99 c/c com
art. 102, I, “p” da CF/88, e deve ser tomada por essa Corte como Guardião da Constituição
Federal, pelos fatos e argumentos já expostos.

IV – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer:

a) A concessão da medida cautelar com o objetivo de sustar a eficácia da Emenda


Constitucional Estadual nº..., conforme art. 10º da Lei nº 9.868/99;

b) A declaração definitiva de inconstitucionalidade da Emenda Constitucional Estadual


nº...;

c) A solicitação de informações à Assembleia Legislativa do Estado X, conforme o art. 6º


da Lei nº 9.868/99;

d) A citação do Advogado-Geral da União e a oitiva do Procurador-Geral da República, nos


termos do art. 8º da Lei nº 9.868/99;

e) A juntada dos documentos anexos, nos termos do art. 3º, parágrafo único, da Lei nº
9.868/99.

Atribui-se a causa o valor de R$...

Nestes termos, pede deferimento.

Local..., data...

ADVOGADO/OAB...

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