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JN030 -2017
LÍNGUA PORTUGUESA
Interpretação de texto...........................................................................................................................................................01
Ortografia, acentuação e pontuação....................................................................................................................................10
Processo de formação de palavras.Emprego das classes de palavras...............................................................................23
Sintaxe de concordância e de regência................................................................................................................................28
Uso e colocação do pronome.................................................................................................................................................44
Uso dos tempos e modos verbais..........................................................................................................................................51
Estrutura do período e da oração........................................................................................................................................58
Redação (domínio da expressão escrita) - Variação linguística: modalidades do uso da língua e adequação linguísti-
ca....................................................................................................................................................................................................73
Tópicos de língua portuguesa padrão. Adequação conceitual. Pertinência, relevância e articulação dos argumentos.
Seleção vocabular.........................................................................................................................................................................86
RACIOCÍNIO LÓGICO
Raciocínio lógico: resolução de problemas envolvendo frações, conjuntos, porcentagens, sequencias (com números,
com figuras, de palavras).............................................................................................................................................................01
Raciocínio lógico-matemático: proposições, conectivos, equivalência e implicação lógica, argumentos válidos.........30
Didatismo e Conhecimento
Índice
CONHECIMENTOS GERAIS
Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988, e alterações posteriores: Título II: Dos
Direitos e Garantias Fundamentais; Capítulo I: Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; Capítulo II: Dos Direitos
Sociais; Capítulo III: Da Nacionalidade;...................................................................................................................................01
Título III: Da Organização do Estado; Capítulo I: Da Organização Político-Administrativa; Capítulo VII: Da Admi-
nistração Pública; Seção I: Disposições Gerais; Seção II: Dos Servidores Públicos; Título VIII: Da Ordem Social; Capítu-
lo I: Disposição Geral;.................................................................................................................................................................29
Declaração Universal dos Direitos Humanos;....................................................................................................................49
Lei Estadual nº 869, de 05 de julho de 1.952 e suas alterações posteriores - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis
do Estado de Minas Gerais;........................................................................................................................................................52
Lei Federal n.º 7.210, de 11 de Julho de 1984 (Institui a Lei de Execução Penal) e alterações posteriores;.................77
Lei Federal n.º 9.455 de 07 de abril de 1.997 (Lei da Tortura) e alterações posteriores;...............................................95
Lei Estadual n.º 11.404, de 25 de Janeiro de 1994 (Contém Normas de Execução Penal);............................................95
Lei Estadual nº 14.695, de 30 de julho de 2.003, que instituiu a carreira de Agente de Segurança Penitenciário;... 110
Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei n° 2.848/40 e suas alterações posteriores). Parte Especial - Título XI – Dos Cri-
mes Contra a Administração Pública, Capítulo I. Dos crimes praticados por funcionário público contra administração em
geral;............................................................................................................................................................................................ 114
Regulamento Disciplinar Prisional da Secretaria de Estado de Defesa Social do Estado de Minas Gerais (REDI-
PRI)............................................................................................................................................................................... 118
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SAC
SAC
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Didatismo e Conhecimento
Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.
Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.
*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.
Didatismo e Conhecimento
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
Exposição: Apresenta informações sobre assuntos, expõe
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO. ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias). Estrutura básica;
ideia principal; desenvolvimento; conclusão. Uso de linguagem
clara. Ex: ensaios, artigos científicos, exposições etc.
Compreensão e Interpretação de Texto Injunção: Indica como realizar uma ação. É também utilizado
para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza lingua-
Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que tam- gem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, emprega-
bém é transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo. dos no modo imperativo. Há também o uso do futuro do presente.
Ex: um romance, um conto, uma poesia... (Conotação, Figurado, Ex: Receita de um bolo e manuais.
Subjetivo, Pessoal).
Diálogo: é uma conversação estabelecida entre duas ou mais
Texto Não-Literário: preocupa-se em transmitir uma mensa- pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral, como pausas e
gem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de retomadas.
jornal, uma bula de medicamento. (Denotação, Claro, Objetivo,
Informativo). Entrevista: é uma conversação entre duas ou mais pessoas (o
O objetivo do texto é passar conhecimento para o leitor. Nesse entrevistador e o entrevistado), na qual perguntas são feitas pelo
tipo textual, não se faz a defesa de uma ideia. Exemplos de textos entrevistador para obter informação do entrevistado. Os repórteres
explicativos são os encontrados em manuais de instruções. entrevistam as suas fontes para obter declarações que validem as
informações apuradas ou que relatem situações vividas por per-
Informativo: Tem a função de informar o leitor a respeito de sonagens. Antes de ir para a rua, o repórter recebe uma pauta que
algo ou alguém, é o texto de uma notícia de jornal, de revista, contém informações que o ajudarão a construir a matéria. Além
das informações, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado assim
folhetos informativos, propagandas. Uso da função referencial da
como as fontes a serem entrevistadas. Antes da entrevista o repór-
linguagem, 3ª pessoa do singular.
ter costuma reunir o máximo de informações disponíveis sobre o
assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será entrevistada. Mu-
Descrição: Um texto em que se faz um retrato por escrito de
nido deste material, ele formula perguntas que levem o entrevista-
um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de pala-
do a fornecer informações novas e relevantes. O repórter também
vras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função
deve ser perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou ma-
caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até des-
nipula dados nas suas respostas, fato que costuma acontecer prin-
crever sensações ou sentimentos. Não há relação de anteriorida- cipalmente com as fontes oficiais do tema. Por exemplo, quando
de e posterioridade. Significa “criar” com palavras a imagem do o repórter vai entrevistar o presidente de uma instituição pública
objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da sobre um problema que está a afetar o fornecimento de serviços
personagem a que o texto se refere. à população, ele tende a evitar as perguntas e a querer reverter a
resposta para o que considera positivo na instituição. É importante
Narração: Modalidade em que se conta um fato, fictício ou que o repórter seja insistente. O entrevistador deve conquistar a
não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo confiança do entrevistado, mas não tentar dominá-lo, nem ser por
certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma ele dominado. Caso contrário, acabará induzindo as respostas ou
relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predo- perdendo a objetividade.
minante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as que As entrevistas apresentam com frequência alguns sinais de
nos contam histórias infantis, como o “Chapeuzinho Vermelho” pontuação como o ponto de interrogação, o travessão, aspas, re-
ou a “Bela Adormecida”, até as picantes piadas do cotidiano. ticências, parêntese e as vezes colchetes, que servem para dar ao
leitor maior informações que ele supostamente desconhece. O títu-
Dissertação: Dissertar é o mesmo que desenvolver ou expli- lo da entrevista é um enunciado curto que chama a atenção do lei-
car um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo tor e resume a ideia básica da entrevista. Pode estar todo em letra
pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto maiúscula e recebe maior destaque da página. Na maioria dos ca-
de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo sos, apenas as preposições ficam com a letra minúscula. O subtítu-
enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está preocu- lo introduz o objetivo principal da entrevista e não vem seguido de
pado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, ponto final. É um pequeno texto e vem em destaque também. A fo-
sendo, portanto, um texto informativo. tografia do entrevistado aparece normalmente na primeira página
da entrevista e pode estar acompanhada por uma frase dita por ele.
Argumentativo: Os textos argumentativos, ao contrário, têm As frases importantes ditas pelo entrevistado e que aparecem em
por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista destaque nas outras páginas da entrevista são chamadas de “olho”.
do autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar,
também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, Crônica: Assim como a fábula e o enigma, a crônica é um
temos um texto dissertativo-argumentativo. gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus
Exemplos: texto de opinião, carta do leitor, carta de solicita- grego do tempo), narra fatos históricos em ordem cronológica, ou
ção, deliberação informal, discurso de defesa e acusação (advo- trata de temas da atualidade. Mas não é só isso. Lendo esse texto,
cacia), resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial. você conhecerá as principais características da crônica, técnicas de
sua redação e terá exemplos.
Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA
Uma das mais famosas crônicas da história da literatura lu- De uma forma geral, passamos por diferentes níveis ou etapas
so-brasileira corresponde à definição de crônica como “narração até termos condições de aproveitar totalmente o assunto lido. Es-
histórica”. É a “Carta de Achamento do Brasil”, de Pero Vaz de sas etapas ou níveis são cumulativas e vão sendo adquiridas pela
Caminha”, na qual são narrados ao rei português, D. Manuel, o vida, estando presente em praticamente toda a nossa leitura.
descobrimento do Brasil e como foram os primeiros dias que os
marinheiros portugueses passaram aqui. Mas trataremos, sobretu- O Primeiro Nível é elementar e diz respeito ao período de
do, da crônica como gênero que comenta assuntos do dia a dia. alfabetização. Ler é uma capacidade cerebral muito sofisticada e
Para começar, uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis: requer experiência: não basta apenas conhecermos os códigos, a
gramática, a semântica, é preciso que tenhamos um bom domínio
O nascimento da crônica da língua.
“Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. O Segundo Nível é a pré-leitura ou leitura inspecional. Tem
É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando duas funções específicas: primeiro, prevenir para que a leitura pos-
as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sa- terior não nos surpreenda e, sendo, para que tenhamos chance de
cudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmos- escolher qual material leremos, efetivamente. Trata-se, na verdade,
féricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras de nossa primeira impressão sobre o livro. É a leitura que comu-
sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace mente desenvolvemos “nas livrarias”. Nela, por meio do salteio de
est rompue está começada a crônica. (...) partes, respondem basicamente às seguintes perguntas:
(Machado de Assis. “Crônicas Escolhidas”. São Paulo: - Por que ler este livro?
Editora Ática, 1994) - Será uma leitura útil?
- Dentro de que contexto ele poderá se enquadrar?
Publicada em jornal ou revista onde é publicada, destina-se
à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos. Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas que se
A crônica se diferencia no jornal por não buscar exatidão da in- seguem, procurando usar de imparcialidade quanto ao ponto de
formação. Diferente da notícia, que procura relatar os fatos que vista do autor, e o assunto, evitando preconceitos. Se você se pro-
acontecem, a crônica os analisa, dá-lhes um colorido emocional, puser a ler um livro sem interesse, com olhar crítico, rejeitando-o
mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista por ou- antes de conhecê-lo, provavelmente o aproveitamento será muito
tro ângulo, singular. baixo.
O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um Ler é armazenar informações; desenvolver; ampliar horizon-
leitor de jornal ou de revista. A preocupação com esse leitor é que tes; compreender o mundo; comunicar-se melhor; escrever me-
faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista dê maior aten- lhor; relacionar-se melhor com o outro.
ção aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contem-
porâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas Pré-Leitura
grandes cidades. Nome do livro
Jornalismo e literatura: É assim que podemos dizer que a crô- Autor
nica é uma mistura de jornalismo e literatura. De um recebe a ob- Dados Bibliográficos
servação atenta da realidade cotidiana e do outro, a construção da Prefácio e Índice
linguagem, o jogo verbal. Algumas crônicas são editadas em livro, Prólogo e Introdução
para garantir sua durabilidade no tempo.
O primeiro passo é memorizar o nome do autor e a edição do
Interpretação de Texto livro, fazer um folheio sistemático: ler o prefácio e o índice (ou
sumário), analisar um pouco da história que deu origem ao livro,
O primeiro passo para interpretar um texto consiste em de- ver o número da edição e o ano de publicação. Se falarmos em ler
compô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas ou um Machado de Assis, um Júlio Verne, um Jorge Amado, já esta-
ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os con- remos sabendo muito sobre o livro. É muito importante verificar
ceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Esta operação estes dados para enquadrarmos o livro na cronologia dos fatos e na
fará com que o significado do texto “salte aos olhos” do leitor. Ler atualidade das informações que ele contém. Verifique detalhes que
é uma atividade muito mais complexa do que a simples interpre- possam contribuir para a coleta do maior número de informações
tação dos símbolos gráficos, de códigos, requer que o indivíduo possível. Tudo isso vai ser útil quando formos arquivar os dados
seja capaz de interpretar o material lido, comparando-o e incorpo- lidos no nosso arquivo mental. A propósito, você sabe o que seja
rando-o à sua bagagem pessoal, ou seja, requer que o indivíduo um prólogo, um prefácio e uma introdução? Muita gente pensa que
mantenha um comportamento ativo diante da leitura. os três são a mesma coisa, mas não:
Prólogo: é um comentário feito pelo autor a respeito do tema
Os diferentes níveis de leitura e de sua experiência pessoal.
Prefácio: é escrito por terceiros ou pelo próprio autor, referin-
Para que isso aconteça, é necessário que haja maturidade para do-se ao tema abordado no livro e muitas vezes também tecendo
a compreensão do material lido, senão tudo cairá no esquecimento comentários sobre o autor.
ou ficará armazenado em nossa memória sem uso, até que tenha- Introdução: escrita também pelo autor, referindo-se ao livro
mos condições cognitivas para utilizar. e não ao tema.
Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
O segundo passo é fazer uma leitura superficial. Pode-se, nes- mente exercícios físicos com o propósito de melhorar a aparência
se caso, aplicar as técnicas da leitura dinâmica. e a saúde. Pois bem, embora não tenhamos condições de ver com
o que se apresenta nossa mente, somos capazes de senti-la quando
O Terceiro Nível é conhecido como analítico. Depois de vas- melhoramos nossas aptidões como o raciocínio, a prontidão de in-
culharmos bem o livro na pré-leitura, analisamos o livro. Para isso, formações e, obviamente, nossos conhecimentos intelectuais. Vale
é imprescindível que saibamos em qual gênero o livro se enquadra: a pena se esforçar no início e criar um método de leitura eficiente
trata-se de um romance, um tratado, um livro de pesquisa e, neste e rápido.
caso, existe apenas teoria ou são inseridas práticas e exemplos. No
caso de ser um livro teórico, que requeira memorização, procure Ideias Núcleo
criar imagens mentais sobre o assunto, ou seja, veja, realmente, o
que está lendo, dando vida e muita criatividade ao assunto. Note O primeiro passo para interpretar um texto consiste em de-
bem: a leitura efetiva vai acontecer nesta fase, e a primeira coisa a compô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas ou
fazer é ser capaz de resumir o assunto do livro em duas frases. Já ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os con-
temos algum conteúdo para isso, pois o encadeamento das ideias já ceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Esta operação
é de nosso conhecimento. Procure, agora, ler bem o livro, do início fará com que o significado do texto “salte aos olhos” do leitor.
ao fim. Esta é a leitura efetiva, aproveite bem este momento. Fique Exemplo:
atento! Aproveite todas as informações que a pré-leitura ofereceu.
Não pare a leitura para buscar significados de palavras em dicioná- “Incalculável é a contribuição do famoso neurologista aus-
rios ou sublinhar textos, isto será feito em outro momento. tríaco no tocante aos estudos sobre a formação da personalidade
humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes
O Quarto Nível de leitura é o denominado de controle. Trata- nas camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente
-se de uma leitura com a qual vamos efetivamente acabar com e subconsciente. Começou estudando casos clínicos de compor-
qualquer dúvida que ainda persista. Normalmente, os termos des- tamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da hipnose e em
conhecidos de um texto são explicitados neste próprio texto, à me- colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Es-
dida que vamos adiantando a leitura. Um mecanismo psicológico tudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obti-
fará com que fiquemos com aquela dúvida incomodando-nos até dos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje é usado pela
que tenhamos a resposta. Caso não haja explicação no texto, será psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos,
na etapa do controle que lançaremos mão do dicionário. estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente
Veja bem: a esta altura já conhecemos bem o livro e o ato de com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais. Para
interromper a leitura não vai fragmentar a compreensão do assunto este caminho de regresso às origens de um trauma, Freud se uti-
como um todo. Será, também, nessa etapa que sublinharemos os lizou especialmente da linguagem onírica dos pacientes, conside-
tópicos importantes, se necessário. Para ressaltar trechos impor- rando os sonhos como compensação dos desejos insatisfeitos na
tantes opte por um sinal discreto próximo a eles, visando principal- fase de vigília.
mente a marcar o local do texto em que se encontra, obrigando-o a Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo
fixar a cronologia e a sequência deste fato importante, situando-o cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose
no livro. é de origem sexual.”
Aproveite bem esta etapa de leitura. Para auxiliar no estudo, é (Salvatore D’Onofrio)
interessante que, ao final da leitura de cada capítulo, você faça um
breve resumo com suas próprias palavras de tudo o que foi lido. Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição
do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a
Um Quinto Nível pode ser opcional: a etapa da repetição formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939)
aplicada. Quando lemos, assimilamos o conteúdo do texto, mas conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique
aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos prática, ou seja, humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto afirma,
que tenhamos experiência do que foi lido na vida. Você só pode inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender
compreender conceitos que tenha visto em seu cotidiano. Nada os níveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente
como unir a teoria à prática. Na leitura, quando não passamos pela e subconsciente.
etapa da repetição aplicada, ficamos muitas vezes sujeitos àqueles
brancos quando queremos evocar o assunto. Para evitar isso, faça Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos clí-
resumos. nicos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a aju-
Observe agora os trechos sublinhados do livro e os resumos da da hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e
de cada capítulo, trace um diagrama sobre o livro, esforce-se para Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com
traduzi-lo com suas próprias palavras. Procure associar o assunto os resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até
lido com alguma experiência já vivida ou tente exemplificá-lo com hoje é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias
algo concreto, como se fosse um professor e o estivesse ensinando e de sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigi-
para uma turma de alunos interessados. É importante lembrar que das ao paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações
esquecemos mais nas próximas 8 horas do que nos 30 dias poste- mentais.” A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a
riores. Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a leitura e sua pesquisa estudando os comportamentos humanos anormais ou
ao retornarmos ao livro, consultamos os resumos. Não pense que doentios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou
é um exercício monótono. Nós somos capazes de realizar diaria- o das “livres associações de ideias e de sentimentos”.
Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso - Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior
às origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lin- clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o sig-
guagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como com- nificado;
pensação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está - Esclarecer o vocabulário;
explicitado que a descoberta das raízes de um trauma se faz por - Entender o vocabulário;
meio da compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem me- - Viver a história;
tafórica dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a dia. - Ative sua leitura;
- Ver, perceber, sentir, apalpar o que se pergunta e o que se
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud, pede;
que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação - Não se deve preocupar com a arrumação das letras nas al-
da tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o tex- ternativas;
to afirma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afir- - As perguntas são fáceis, dependendo de quem lê o texto ou
mando a novidade de que todo o trauma psicológico é de origem como o leu;
sexual. - Cuidado com as opiniões pessoais, elas não existem;
- Sentir, perceber a mensagem do autor;
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpre- - Cuidado com a exatidão das questões em relação ao texto;
tação de texto. Para isso, devemos observar o seguinte: - Descobrir o assunto e procurar pensar sobre ele;
- Todos os termos da análise sintática, cada termo tem seu
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; valor, sua importância;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitu- - Todas as orações subordinadas têm oração principal e as
ra, vá até o fim, ininterruptamente; ideias se completam.
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo
menos umas três vezes; Vícios de Leitura
- Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; Por acaso você tem o hábito de ler movimentando a cabeça?
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; Ou quem sabe, acompanhando com o dedo? Talvez vocalizando
- Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor baixinho... Você não percebe, mas esses movimentos são alguns
compreensão; dos tantos que prejudicam a leitura. Esses movimentos são conhe-
- Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do tex- cidos como vícios de linguagem.
to correspondente; Movimentar a cabeça: procure perceber se você não está
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; movimentando a cabeça enquanto lê. Este movimento, ao final
- Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de...), não, de pouco tempo, gera muito cansaço além de não causar nenhum
correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; efeito positivo. Durante a leitura apenas movimentamos os olhos.
palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a Regressar no texto, durante a leitura: pessoas que têm dificul-
entender o que se perguntou e o que se pediu; dade de memorizar um assunto, que não compreendem algumas
- Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a expressões ou palavras tendem a voltar na sua leitura. Este movi-
mais exata ou a mais completa; mento apenas incrementa a falta de memória, pois secciona a linha
- Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamen- de raciocínio e raramente explica o desconhecido, o que normal-
to de lógica objetiva; mente é elucidado no decorrer da leitura. Procure sempre manter
- Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais; uma sequência e não fique “indo e vindo” no livro. O assunto pode
- Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela respos- se tornar um bicho de sete cabeças!
ta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto; Ler palavra por palavra: para escrever usamos muitas pala-
- Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denun- vras que apenas servem como adereços. Procure ler o conjunto e
cia a resposta; perceber o seu significado.
- Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo Sub-vocalização: é o ato de repetir mentalmente a palavra.
autor, definindo o tema e a mensagem; Isto só será corrigido quando conseguirmos ultrapassar a marca de
- O autor defende ideias e você deve percebê-las; 250 palavras por minuto.
- Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são im- Usar apoios: algumas pessoas têm o hábito de acompanhar a
portantíssimos na interpretação do texto. Exemplos: leitura com réguas, apontando ou utilizando um objeto que salta
“linha a linha”. O movimento dos olhos é muito mais rápido quan-
Ele morreu de fome. do é livre do que quando o fazemos guiado por qualquer objeto.
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na
realização do fato (= morte de “ele”). Leitura Eficiente
Ele morreu faminto.
faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que “ele” se Ao ler realizamos as seguintes operações:
encontrava quando morreu.
- Captamos o estímulo, ou seja, por meio da visão, encami-
- As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as nhamos o material a ser lido para nosso cérebro.
ideias estão coordenadas entre si;
Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
- Passamos, então, a perceber e a interpretar o dado sensorial - Ambiente: o ambiente de leitura deve ser preparado para ela.
(palavras, números etc.) e a organizá-lo segundo nossa bagagem Nada de ambientes com muitos estímulos que forcem a dispersão.
de conhecimentos anteriores. Para essa etapa, precisamos de moti- Deve ser um local tranquilo, agradável, ventilado, com uma cadei-
vação, de forma a tornar o processo mais otimizado possível. ra confortável para o leitor e mesa para apoiar o livro a uma altura
- Assimilamos o conteúdo lido integrando-o ao nosso “arqui- que possibilite postura corporal adequada. Quanto a iluminação,
vo mental” e aplicando o conhecimento ao nosso cotidiano. deve vir do lado posterior esquerdo, pois o movimento de virar a
página acontecerá antes de ter sido lida a última linha da página di-
A leitura é um processo muito mais amplo do que podemos reita e, de outra forma, haveria a formação de sombra nesta página,
imaginar. Ler não é unicamente interpretar os símbolos gráficos, o que atrapalharia a leitura.
mas interpretar o mundo em que vivemos. Na verdade, passamos - Objetos necessários: para evitar que, durante a leitura, le-
todo o nosso tempo lendo! vantarmos para pegar algum objeto que julguemos importante,
O psicanalista francês Lacan disse que o olhar da mãe confi- devemos colocar lápis, marca-texto e dicionário sempre à mão.
gura a estrutura psíquica da criança, ou seja, esta se vê a partir de Quanto sublinhar os pontos importantes do texto, é preciso apren-
como vê seu reflexo nos olhos da mãe! O bebê, então, segundo der a técnica adequada. Não o fazer na primeira leitura, evitando
esta citação, lê nos olhos da mãe o sentimento com que é rece- que os aspectos sublinhados parecem-se mais com um mosaico de
bido e interpreta suas emoções: se o que encontra é rejeição, sua informações aleatórias.
experiência básica será de terror; se encontra alegria, sua expe- Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por
riência será de tranquilidade, etc. Ler está tão relacionado com o finalidade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o can-
fato de existirmos que nem nos preocupamos em aprimorar este didato deve compreender os níveis estruturais da língua por meio
processo. É lendo que vamos construindo nossos valores e estes da lógica, além de necessitar de um bom léxico internalizado.
são os responsáveis pela transformação dos fatos em objetos de As frases produzem significados diferentes de acordo com o
nosso sentimento. contexto em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sem-
Leitura é um dos grandes, senão o maior, ingrediente da ci- pre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o texto.
vilização. Ela é uma atividade ampla e livre, fato comprovado Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas
pela frustração de algumas pessoas ao assistirem a um filme, cuja por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedi-
história já foi lida em um livro. Quando lemos, associamos as in- mento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura
formações lidas à imensa bagagem de conhecimentos que temos ideológica do autor diante de uma temática qualquer.
armazenados em nosso cérebro e então somos capazes de criar,
imaginar e sonhar. Como ler e interpretar uma charge
É por meio da leitura que podemos entrar em contato com
pessoas distantes ou do passado, observando suas crenças, convic- Interpretar cartuns, charges ou quadrinhos exigem três habi-
ções e descobertas que foram imortalizadas por meio da escrita. lidades: observação, conhecimento do assunto e vocabulário ade-
Esta possibilita o avanço tecnológico e científico, registrando os quado. A primeira permite que o leitor “veja” todos os ícones pre-
conhecimentos, levando-os a qualquer pessoa em qualquer lugar sentes - e dono da situação - dê início à descrição minuciosa, mas
do mundo, desde que saibam decodificar a mensagem, interpre- que prioriza as relevâncias. A segunda requer um leitor “antenado”
tando os símbolos usados como registro da informação. A leitura com o noticiário mais recente, caso contrário não será possível es-
é o verdadeiro elo integrador do ser humano e a sociedade em que tabelecer sentidos para o que vê. A terceira encerra o ciclo, pois,
ele vive! sem dar nome ao que vê, o leitor não faz a tradução da imagem.
O mundo de hoje é marcado pelo enorme fluxo de informa- Desse modo, interpretar charges - ou qualquer outra forma de
ções oferecidas a todo instante. É preciso também tornarmo-nos expressão visual – exige procedimentos lógicos, atenção aos deta-
mais receptivos e atentos, para nos mantermos atualizados e com- lhes e uma preocupação rigorosa em associar imagens aos fatos.
petitivos. Para isso, é imprescindível leitura que nos estimule cada
vez mais em vista dos resultados que ela oferece. Se você pretende
acompanhar a evolução do mundo, manter-se em dia, atualizado e
bem informado, precisa preocupar-se com a qualidade da sua leitura.
Observe: você pode gostar de ler sobre esoterismo e uma pes-
soa próxima não se interessar por este assunto. Por outro lado, será
que esta mesma pessoa se interessa por um livro que fale sobre
História ou esportes? No caso da leitura, não existe livro interes-
sante, mas leitores interessados.
A pessoa que se preocupa com a qualidade de sua leitura e
com o resultado que poderá obter, deve pensar no ato de ler como
um comportamento que requer alguns cuidados, para ser realmente eficaz.
Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
Charges são desenhos humorísticos que se utilizam da ironia los meios de comunicação não apenas é inevitável, como também
e do sarcasmo para a constituição de uma crítica a uma situação pode vir a ser benéfica no que tange ao processo da constituição
social ou política vigente, e contra a qual se pretende – ou ao me- de posicionamentos críticos e ideológicos no debate democrático.
nos se pretendia, na origem desse fenômeno artístico, na Inglaterra Reafirmando aquele lugar-comum, mas válido, do dramaturgo
do século XIX – fazer uma oposição. Diferente do cartoon, arte Nelson Rodrigues (do qual eu nunca encontrei a citação, confes-
também surgida na Inglaterra e que pretendia parodiar situações so), “toda unanimidade é burra”. Por isso, é preciso compreender
do cotidiano da sociedade, constituindo assim uma crítica dos e identificar a linha editorial do veículo de comunicação no qual a
costumes que ultrapassa os limites do tempo e projeta-se como charge foi publicada, pois esta revela a ideologia que inspira o foco
crítica de época, a charge é caracterizada especificamente por ser de parcialidade que este dá às suas notícias.
uma crônica, ou seja, narra ou satiriza um fato acontecido em de-
terminado momento, e que perderá sua carga humorística ao ser
desvencilhada do contexto temporal no qual está inserida. Toda-
via, a palavra cartunista acabou designando, na nossa linguagem
cotidiana, a categoria de artistas que produz esse tipo de desenho
humorístico (charges ou cartoons)
Na verdade, quatro passos básicos para uma boa interpretação
político-ideológica de uma charge. Afinal, se a corrida eleitoral
para a Presidência da República já começou, não vai mal dar uma
boa olhada nas charges publicadas em cada jornal, impresso ou
eletrônico, para ver o que se passa na cabeça dos donos da grande
mídia sobre esse momento ímpar no processo democrático nacional…
Didatismo e Conhecimento 6
LÍNGUA PORTUGUESA
no momento do clique. Costumamos dizer que a fotografia con- 4. No contexto do primeiro parágrafo, o segmento Todavia,
gela o tempo, preservando um momento passageiro para toda a existe algo que descongela essa imagem pode ser substituído, sem
eternidade, e isso não deixa de ser verdade. Todavia, existe algo prejuízo para a correção e a coerência do texto, por:
que descongela essa imagem: nosso olhar. Em francês, imagem e (A) Tendo isso em vista, há que se descongelar essa imagem.
magia contêm as mesmas cinco letras: image e magie. Toda ima- (B) Ainda assim, há mais que uma imagem descongelada.
gem é magia, e nosso olhar é a varinha de condão que descongela (C) Apesar de tudo, essa imagem descongela algo.
o instante aprisionado nas geleiras eternas do tempo fotográfico. (D) Há, não obstante, o que faz essa imagem descongelar.
Toda fotografia é uma espécie de espelho da Alice do País (E) Há algo, outrossim, que essa imagem descongelará.
das Maravilhas, e cada pessoa que mergulha nesse espelho de pa- 5. Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre
pel sai numa dimensão diferente e vivencia experiências diversas, o texto:
pois o lado de lá é como o albergue espanhol do ditado: cada um (A) Apesar de se ombrearem com outras artes plásticas, a fo-
só encontra nele o que trouxe consigo. Além disso, o significado tografia nos faz desfrutar e viver experiências de natureza igual-
de uma imagem muda com o passar do tempo, até para o mesmo mente temporal.
observador. (B) Na superfície espacial de uma fotografia, nem se imagine
Variam, também, os níveis de percepção de uma fotografia. os tempos a que suscitarão essa imagem aparentemente congelada...
Isso ocorre, na verdade, com todas as artes: um músico, por exem- (C) Conquanto seja o registro de um determinado espaço, uma
plo, é capaz de perceber dimensões sonoras inteiramente insus- foto leva-nos a viver profundas experiências de caráter temporal.
peitas para os leigos. Da mesma forma, um fotógrafo profissional (D) Tal como ocorrem nos espelhos da Alice, as experiências
lê as imagens fotográficas de modo diferente daqueles que desco- físicas de uma fotografia podem se inocular em planos temporais.
nhecem a sintaxe da fotografia, a “escrita da luz”. Mas é difícil (E) Nenhuma imagem fotográfica é congelada suficientemen-
imaginar alguém que seja insensível à magia de uma foto. te para abrir mão de implicâncias semânticas no plano temporal.
(Adaptado de Pedro Vasquez, em Por trás daquela foto.
São Paulo: Companhia das Letras, 2010) Atenção: As questões de números 6 a 9 referem-se ao texto
seguinte.
1. O segmento do texto que ressalta a ação mesma da percep-
ção de uma foto é: Discriminar ou discriminar?
(A) A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do tempo.
(B) a fotografia congela o tempo. Os dicionários não são úteis apenas para esclarecer o sen-
(C) nosso olhar é a varinha de condão que descongela o ins- tido de um vocábulo; ajudam, com frequência, a iluminar teses
tante aprisionado. controvertidas e mesmo a incendiar debates. Vamos ao Dicionário
(D) o significado de uma imagem muda com o passar do tempo. Houaiss, ao verbete discriminar, e lá encontramos, entre outras,
(E) Mas é difícil imaginar alguém que seja insensível à magia estas duas acepções: a) perceber diferenças; distinguir, discernir;
de uma foto. b) tratar mal ou de modo injusto, desigual, um indivíduo ou grupo
de indivíduos, em razão de alguma característica pessoal, cor da
2. No contexto do último parágrafo, a referência aos vários pele, classe social, convicções etc.
níveis de percepção de uma fotografia remete Na primeira acepção, discriminar é dar atenção às diferen-
(A) à diversidade das qualidades intrínsecas de uma foto. ças, supõe um preciso discernimento; o termo transpira o senti-
(B) às diferenças de qualificação do olhar dos observadores. do positivo de quem reconhece e considera o estatuto do que é
(C) aos graus de insensibilidade de alguns diante de uma foto. diferente. Discriminar o certo do errado é o primeiro passo no
(D) às relações que a fotografia mantém com as outras artes. caminho da ética. Já na segunda acepção, discriminar é deixar
(E) aos vários tempos que cada fotografia representa em si agir o preconceito, é disseminar o juízo preconcebido. Discrimi-
mesma. nar alguém: fazê-lo objeto de nossa intolerância.
Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a de-
3. Atente para as seguintes afirmações: sigualdade. Nesse caso, deixar de discriminar (no sentido de dis-
I. Ao dizer, no primeiro parágrafo, que a fotografia congela o cernir) é permitir que uma discriminação continue (no sentido de
tempo, o autor defende a ideia de que a realidade apreendida numa preconceito). Estamos vivendo uma época em que a bandeira da
foto já não pertence a tempo algum. discriminação se apresenta em seu sentido mais positivo: trata-
II. No segundo parágrafo, a menção ao ditado sobre o alber- -se de aplicar políticas afirmativas para promover aqueles que
gue espanhol tem por finalidade sugerir que o olhar do observador vêm sofrendo discriminações históricas. Mas há, por outro lado,
não interfere no sentido próprio e particular de uma foto. quem veja nessas propostas afirmativas a forma mais censurável
III. Um fotógrafo profissional, conforme sugere o terceiro pa- de discriminação... É o caso das cotas especiais para vagas numa
rágrafo, vê não apenas uma foto, mas os recursos de uma lingua- universidade ou numa empresa: é uma discriminação, cujo senti-
gem específica nela fixados. do positivo ou negativo depende da convicção de quem a avalia.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma SOMENTE em As acepções são inconciliáveis, mas estão no mesmo verbete do
(A) I e II. dicionário e se mostram vivas na mesma sociedade.
(B) II e III. (Aníbal Lucchesi, inédito)
(C) I.
(D) II.
(E) III.
Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
6. A afirmação de que os dicionários podem ajudar a incendiar Bom para o sorveteiro
debates confirma-se, no texto, pelo fato de que o verbete discri-
minar Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a
(A) padece de um sentido vago e impreciso, gerando por isso notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha
inúmeras controvérsias entre os usuários. cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal,
(B) apresenta um sentido secundário, variante de seu sentido depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela
principal, que não é reconhecido por todos. da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar.
(C) abona tanto o sentido legítimo como o ilegítimo que se Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores espe-
costuma atribuir a esse vocábulo. cializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não
(D) faz pensar nas dificuldades que existem quando se trata de acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela monta-
determinar a origem de um vocábulo. nha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um
(E) desdobra-se em acepções contraditórias que correspon- belo espetáculo.
dem a convicções incompatíveis. À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar
7. Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, to-
desigualdade. dos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula.
Da afirmação acima é coerente deduzir esta outra: O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava
(A) Os homens são desiguais porque foram tratados com o encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora
mesmo critério de igualdade. teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com
(B) A igualdade só é alcançável se abolida a fixação de um ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se
mesmo critério para casos muito diferentes. começasse logo a repartir os bifes.
(C) Quando todos os desiguais são tratados desigualmente, a Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze
desigualdade definitiva torna-se aceitável. minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria
(D) Uma forma de perpetuar a igualdade está em sempre tratar voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de
os iguais como se fossem desiguais. agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que
(E) Critérios diferentes implicam desigualdades tais que os anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua en-
injustiçados são sempre os mesmos. tre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio.
Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma
8. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o
estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da efi-
sentido de um segmento em:
cácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia reco-
(A) iluminar teses controvertidas (1º parágrafo) = amainar
lher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva,
posições dubitativas.
a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil,
(B) um preciso discernimento (2º parágrafo) = uma arraigada
à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na
dissuasão.
(C) disseminar o juízo preconcebido (2º parágrafo) = dissua- areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs
dir o julgamento predestinado. anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo.
(D) a forma mais censurável (3º parágrafo) = o modo mais
repreensível. (Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo)
(E) As acepções são inconciliáveis (3º parágrafo) = as versões
são inatacáveis. 10. O cronista ressalta aspectos contrastantes do caso de Sa-
quarema, tal como se observa na relação entre estas duas expressões:
9. É preciso reelaborar, para sanar falha estrutural, a redação (A) drama da baleia encalhada e três dias se debatendo na
da seguinte frase: areia.
(A) O autor do texto chama a atenção para o fato de que o (B) em quinze minutos estava toda retalhada e foram disputa-
desejo de promover a igualdade corre o risco de obter um efeito das as toneladas da vítima.
contrário. (C) se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência e levar pas-
(B) Embora haja quem aposte no critério único de julgamento, téis e empadinhas para vender com ágio.
para se promover a igualdade, visto que desconsideram o risco do (D) o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar e lá se
contrário. foi, espero que salva, a baleia de Saquarema.
(C) Quem vê como justa a aplicação de um mesmo critério (E) Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás e Logo
para julgar casos diferentes não crê que isso reafirme uma situação uma estatal, ó céus.
de injustiça.
(D) Muitas vezes é preciso corrigir certas distorções aplican- 11. Atente para as seguintes afirmações sobre o texto:
do-se medidas que, à primeira vista, parecem em si mesmas dis- I. A analogia entre a baleia e a União Soviética insinua, entre
torcidas. outros termos de aproximação, o encalhe dos gigantes.
(E) Em nossa época, há desequilíbrios sociais tão graves que II. As reações dos envolvidos no episódio da baleia encalhada
tornam necessários os desequilíbrios compensatórios de uma ação revelam que, acima das diferentes providências, atinham-se todos
corretiva. a um mesmo propósito.
III. A expressão Tudo é símbolo prende-se ao fato de que o au-
Atenção: As questões de números 10 a 14 referem-se à crônica tor aproveitou o episódio da baleia encalhada para também figurar
abaixo. o encalhe de um país imobilizado pela alta inflação.
Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA PORTUGUESA
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma
(A) I, II e III. função eminentemente técnica e uma função eminentemente polí-
(B) I e III, apenas. tica. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo
(C) II e III, apenas. muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que
(D) I e II, apenas. ninguém prosseguir no comando da nação.
(E) III, apenas. Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há neces-
sidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a
12. Foram irrelevantes para a salvação da baleia estes dois avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qual-
fatores: quer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser
(A) o necrológio da União Soviética e os serviços da traineira processos marcados pela transparência do método e pela adequa-
da Petrobrás. ção aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação
(B) o prestígio dos valores ecológicos e o empenho no lúcido de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o
objetivo comum. desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre
(C) o fato de a jubarte ser um animal de sangue frio e o prestí- a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profun-
gio dos valores ecológicos. das de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento.
(D) o fato de a Petrobrás ser uma empresa estatal e as iniciati- Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o
vas que couberam a uma traineira. prestígio do “assembleísmo” surge como absoluto. Há quem pre-
(E) o aproveitamento comercial da situação e a força desco- tenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a “so-
munal empregada pela jubarte. berania” que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não
por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembran-
13. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o do a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a “meritocra-
sentido de um segmento em: cia”. Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a
(A) em necrológio eufórico (1º parágrafo) = em façanha mortal. legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento
(B) Comum, vírgula (2º parágrafo) = Geral, mas nem tanto. da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos deputado
(C) que se desse por perdida a batalha (2º parágrafo) = que se alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que
imaginasse o efeito de uma derrota. deverá pilotar nosso avião.
(D) estabeleceu uma trégua entre todos nós (3º parágrafo) =
(Júlio Castanho de Almeida, inédito)
derrogou uma imunidade para nós todos.
(E) é preciso dar provas da eficácia (4º parágrafo) = convém
15. Deve-se presumir, com base no texto, que a razão do mé-
explicitar os bons propósitos.
rito e a razão do voto devem ser consideradas, diante da tomada
de uma decisão,
14. Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre
(A) complementares, pois em separado nenhuma delas satis-
o último parágrafo do texto.
(A) Apesar de tratar do drama ocorrido com uma baleia, o faz o que exige uma situação dada.
cronista não deixa de aludir a circunstâncias nacionais, como o (B) excludentes, já que numa votação não se leva em conta
impulso para as privatizações e os custos da alta inflação. nenhuma questão de mérito.
(B) Mormente tratando de uma jubarte encalhado, o cronista (C) excludentes, já que a qualificação por mérito pressupõe
não obsta em tratar de assuntos da pauta nacional, como a inflação que toda votação é ilegítima.
ou o processo empresarial das privatizações. (D) conciliáveis, desde que as mesmas pessoas que votam se-
(C) Vê-se que um cronista pode assumir, como aqui ocorreu, o jam as que decidam pelo mérito.
papel tanto de um repórter curioso como analisar fatos oportunos, (E) independentes, visto que cada uma atende a necessidades
qual seja a escalada inflacionária ou a privatização. de bem distintas naturezas.
(D) O incidente da jubarte encalhado não impediu de que o
cronista se valesse de tal episódio para opinar diante de outros fa- 16. Atente para as seguintes afirmações:
tos, haja vista a inflação nacional ou a escalada das privatizações. I. A argumentação do ministro, referida no primeiro parágrafo,
(E) Ao bom cronista ocorre associar um episódio como o da é rebatida pelo autor do texto por ser falaciosa e escamotear os
jubarte com a natureza de outros, bem distintos, sejam os da eco- reais interesses de quem a formula.
nomia inflacionada, sejam o crescente prestígio das privatizações. II. O autor do texto manifesta-se francamente favorável à ra-
zão do mérito, a menos que uma situação de real impasse imponha
Atenção: As questões de números 15 a 18 referem-se ao texto a resolução pelo voto.
abaixo. III. A conotação pejorativa que o uso de aspas confere ao ter-
mo “assembleísmo” expressa o ponto de vista dos que desconsi-
A razão do mérito e a do voto deram a qualificação técnica.
Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em
Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a (A) I.
campanha pelas eleições diretas para presidente da República, (B) II.
buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumen- (C) III.
to: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma (D) I e II.
eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefe- (E) II e III.
ririam confiar no mérito do profissional mais abalizado?
Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
17. Considerando-se o contexto, são expressões bastante pró- Alfabeto
ximas quanto ao sentido:
(A) fazer uma eleição e confiar no mérito do profissional. O alfabeto passou a ser formado por 26 letras. As letras “k”,
(B) especialidade técnica e vocação política. “w” e “y” não eram consideradas integrantes do alfabeto (agora
(C) classificação de profissionais e escolha da liderança. são). Essas letras são usadas em unidades de medida, nomes pró-
(D) avaliação do mérito e reconhecimento da qualificação. prios, palavras estrangeiras e outras palavras em geral. Exemplos:
(E) transparência do método e desejo da maioria. km, kg, watt, playground, William, Kafka, kafkiano.
18. Atente para a redação do seguinte comunicado: Vogais: a, e, i, o, u.
Consoantes: b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,y,z.
Viemos por esse intermédio convocar-lhe para a assembleia Alfabeto: a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k,l,m,n,o,p,q,r,s,t,u,v,w,x,y,z.
geral da próxima sexta-feira, aonde se decidirá os rumos do nos-
so movimento reivindicatório. Emprego da letra H
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonéti-
As falhas do texto encontram-se plenamente sanadas em: co; conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e
(A) Vimos, por este intermédio, convocá-lo para a assembleia da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, hoje, porque esta pala-
geral da próxima sexta-feira, quando se decidirão os rumos do vra vem do latim hodie.
nosso movimento reivindicatório.
(B) Viemos por este intermédio convocar-lhe para a assem- Emprega-se o H:
bleia geral da próxima sexta-feira, onde se decidirá os rumos do - Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hérnia, he-
nosso movimento reivindicatório. sitar, haurir, etc.
(C) Vimos, por este intermédio, convocar-lhe para a assem- - Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: chave, bo-
bleia geral da próxima sexta-feira, em cuja se decidirão os rumos liche, telha, flecha companhia, etc.
do nosso movimento reivindicatório. - Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, hum!, etc.
(D) Vimos por esse intermédio convocá-lo para a assembleia - Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, harmo-
geral da próxima sexta-feira, em que se decidirá os rumos do nos- nia, hangar, hábil, hemorragia, hemisfério, heliporto, hematoma,
so movimento reivindicatório. hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipocrisia, homenagear,
(E) Viemos, por este intermédio, convocá-lo para a assem- hera, húmus;
bleia geral da próxima sexta-feira, em que se decidirão os rumos - Sem h, porém, os derivados baianos, baianinha, baião, baianada, etc.
do nosso movimento reivindicatório.
Não se usa H:
Respostas: 01-C / 02-B / 03-E / 04-D / 05-C / 06-E / 07-B / - No início de alguns vocábulos em que o h, embora etimoló-
08-D / 09-B / 10-C / 11-B / 12-E / 13-B / 14-A / 15-E / 16-A / 17-D gico, foi eliminado por se tratar de palavras que entraram na língua
/ 18-A por via popular, como é o caso de erva, inverno, e Espanha, res-
pectivamente do latim, herba, hibernus e Hispania. Os derivados
eruditos, entretanto, grafam-se com h: herbívoro, herbicida, hispâ-
ORTOGRAFIA, ACENTUAÇÃO E nico, hibernal, hibernar, etc.
PONTUAÇÃO.
Emprego das letras E, I, O e U
Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i/, /o/
e /u/ nem sempre é nítida. É principalmente desse fato que nascem
as dúvidas quando se escrevem palavras como quase, intitular, má-
Ortografia goa, bulir, etc., em que ocorrem aquelas vogais.
A palavra ortografia é formada pelos elementos gregos orto Escrevem-se com a letra E:
“correto” e grafia “escrita” sendo a escrita correta das palavras da - A sílaba final de formas dos verbos terminados em –uar: con-
língua portuguesa, obedecendo a uma combinação de critérios eti-
mológicos (ligados à origem das palavras) e fonológicos (ligados tinue, habitue, pontue, etc.
aos fonemas representados). - A sílaba final de formas dos verbos terminados em –oar:
Somente a intimidade com a palavra escrita, é que acaba tra- abençoe, magoe, perdoe, etc.
zendo a memorização da grafia correta. Deve-se também criar o - As palavras formadas com o prefixo ante– (antes, anterior):
hábito de consultar constantemente um dicionário. antebraço, antecipar, antedatar, antediluviano, antevéspera, etc.
Desde o dia primeiro de Janeiro de 2009 está em vigor o Novo - Os seguintes vocábulos: Arrepiar, Cadeado, Candeeiro,
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, por isso temos até 2012 Cemitério, Confete, Creolina, Cumeeira, Desperdício, Destilar,
para nos “habituarmos” com as novas regras, pois somente em Disenteria, Empecilho, Encarnar, Indígena, Irrequieto, Lacrimo-
2013 que a antiga será abolida. gêneo, Mexerico, Mimeógrafo, Orquídea, Peru, Quase, Quepe,
Senão, Sequer, Seriema, Seringa, Umedecer.
Esse material já se encontra segundo o Novo Acordo Orto-
gráfico.
Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
Emprega-se a letra I: vadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vau
- Na sílaba final de formas dos verbos terminados em –air/– vadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida de vadio
oer /–uir: cai, corrói, diminuir, influi, possui, retribui, sai, etc.
- Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra): antiaé- Emprego das letras G e J
reo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc. Para representar o fonema /j/ existem duas letras; g e j. Grafa-
- Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, artifício, ar- -se este ou aquele signo não de modo arbitrário, mas de acordo
timanha, camoniano, Casimiro, chefiar, cimento, crânio, criar, com a origem da palavra. Exemplos: gesso (do grego gypsos), jeito
criador, criação, crioulo, digladiar, displicente, erisipela, escárnio, (do latim jactu) e jipe (do inglês jeep).
feminino, Filipe, frontispício, Ifigênia, inclinar, incinerar, inigualá-
vel, invólucro, lajiano, lampião, pátio, penicilina, pontiagudo, pri- Escrevem-se com G:
vilégio, requisito, Sicília (ilha), silvícola, siri, terebintina, Tibiriçá, - Os substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem: gara-
Virgílio. gem, massagem, viagem, origem, vertigem, ferrugem, lanugem.
Exceção: pajem
Grafam-se com a letra O: abolir, banto, boate, bolacha, bole- - As palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio:
tim, botequim, bússola, chover, cobiça, concorrência, costume, en- contágio, estágio, egrégio, prodígio, relógio, refúgio.
golir, goela, mágoa, mocambo, moela, moleque, mosquito, névoa, - Palavras derivadas de outras que se grafam com g: massa-
nódoa, óbolo, ocorrência, rebotalho, Romênia, tribo. gista (de massagem), vertiginoso (de vertigem), ferruginoso (de
ferrugem), engessar (de gesso), faringite (de faringe), selvageria
Grafam-se com a letra U: bulir, burburinho, camundongo, (de selvagem), etc.
chuviscar, cumbuca, cúpula, curtume, cutucar, entupir, íngua, ja- - Os seguintes vocábulos: algema, angico, apogeu, auge, es-
buti, jabuticaba, lóbulo, Manuel, mutuca, rebuliço, tábua, tabuada, trangeiro, gengiva, gesto, gibi, gilete, ginete, gíria, giz, hegemonia,
tonitruante, trégua, urtiga. herege, megera, monge, rabugento, sugestão, tangerina, tigela.
Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
- SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência, - Os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cognatas:
consciente, crescer, cresço, descer, desço, desça, disciplina, discí- fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização, etc.
pulo, discernir, fascinar, florescer, imprescindível, néscio, oscilar, - Substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e de-
piscina, ressuscitar, seiscentos, suscetível, suscetibilidade, susci- notando qualidade física ou moral: pobreza (de pobre), limpeza
tar, víscera. (de limpo), frieza (de frio), etc.
- X: aproximar, auxiliar, auxílio, máximo, próximo, proximi- - As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, amizade,
dade, trouxe, trouxer, trouxeram, etc. aprazível, baliza, buzinar, bazar, chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar,
- XC: exceção, excedente, exceder, excelência, excelente, excel-
prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez.
so, excêntrico, excepcional, excesso, excessivo, exceto, excitar, etc.
Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
- Não soa nos grupos internos –xce- e –xci-: exceção, exceder, Emprego das iniciais maiúsculas
excelente, excelso, excêntrico, excessivo, excitar, inexcedível, etc. - A primeira palavra de período ou citação. Diz um provérbio
- Grafam-se com x e não com s: expectativa, experiente, ex- árabe: “A agulha veste os outros e vive nua”. No início dos versos
piar, expirar, expoente, êxtase, extasiado, extrair, fênix, texto, etc. que não abrem período é facultativo o uso da letra maiúscula.
- Escreve-se x e não ch: Em geral, depois de ditongo: caixa, - Substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos,
baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo, etc. Excetuam- nomes sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiradentes,
-se caucho e os derivados cauchal, recauchutar e recauchutagem. Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Mi-
Geralmente, depois da sílaba inicial en-: enxada, enxame, enxa- nerva, Via-Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
mear, enxaguar, enxaqueca, enxergar, enxerto, enxoval, enxugar, - Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas
enxurrada, enxuto, etc. Excepcionalmente, grafam-se com ch: religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da Independência
encharcar (de charco), encher e seus derivados (enchente, preen- do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc.
cher), enchova, enchumaçar (de chumaço), enfim, toda vez que se - Nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da Re-
trata do prefixo en- + palavra iniciada por ch. Em vocábulos de ori- pública, etc.
- Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Na-
gem indígena ou africana: abacaxi, xavante, caxambu, caxinguelê,
ção, Estado, Pátria, União, República, etc.
orixá, maxixe, etc. Nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar,
- Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremia-
faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, mexer, mexerico, puxar, rixa, ções, órgãos públicos, etc: Rua do Ouvidor, Praça da Paz, Academia
oxalá, praxe, vexame, xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, xampu. Brasileira de Letras, Banco do Brasil, Teatro Municipal, Colégio
Santista, etc.
Emprego do dígrafo CH - Nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, lite-
Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábulos: bu- rárias e científicas, títulos de jornais e revistas: Medicina, Arqui-
cha, charque, charrua, chavena, chimarrão, chuchu, cochilo, facha- tetura, Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro,
da, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, tocha. Correio da Manhã, Manchete, etc.
- Expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente,
Homônimos Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc.
- Nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os po-
Bucho = estômago vos do Oriente, o falar do Norte. Mas: Corri o país de norte a sul. O
Buxo = espécie de arbusto Sol nasce a leste.
Cocha = recipiente de madeira - Nomes comuns, quando personificados ou individuados: o
Coxa = capenga, manco Amor, o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc.
Tacha = mancha, defeito; pequeno prego; prego de cabeça lar-
ga e chata, caldeira. Emprego das iniciais minúsculas
Taxa = imposto, preço de serviço público, conta, tarifa - Nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gen-
Chá = planta da família das teáceas; infusão de folhas do chá tílicos, nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, carnaval,
ou de outras plantas ingleses, ave-maria, um havana, etc.
Xá = título do soberano da Pérsia (atual Irã) - Os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando em-
pregados em sentido geral: São Pedro foi o primeiro papa. Todos
Cheque = ordem de pagamento
amam sua pátria.
Xeque = no jogo de xadrez, lance em que o rei é atacado por - Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o
uma peça adversária rio Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc.
- Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação di-
Consoantes dobradas reta: “Qual deles: o hortelão ou o advogado?”; “Chegam os magos
- Nas palavras portuguesas só se duplicam as consoantes C, do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra”.
R, S. - No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a, com, de,
- Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoantes soam em, sem, grafam-se com inicial minúscula.
distintamente: convicção, occipital, cocção, fricção, friccionar,
facção, sucção, etc. Algumas palavras ou expressões costumam apresentar dificul-
- Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, intervocá- dades colocando em maus lençóis quem pretende falar ou redigir
licos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante, respectiva- português culto. Esta é uma oportunidade para você aperfeiçoar
mente: carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quando a um elemento seu desempenho. Preste atenção e tente incorporar tais palavras
de composição terminado em vogal seguir, sem interposição do certas em situações apropriadas.
hífen, palavra começada com /r/ ou /s/: arroxeado, correlação, A anos: a indica tempo futuro: Daqui a um ano iremos à Europa.
pressupor, bissemanal, girassol, minissaia, etc. Há anos: há indica tempo passado: não o vejo há meses.
CÊ - cedilha
“Procure o seu caminho
É a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a ter som
Eu aprendi a andar sozinho
de /S/: almaço, ameaça, cobiça, doença, eleição, exceção, força, Isto foi há muito tempo atrás
frustração, geringonça, justiça, lição, miçanga, preguiça, raça. Mas ainda sei como se faz
Nos substantivos derivados dos verbos: ter e torcer e seus de- Minhas mãos estão cansadas
rivados: ater, atenção; abster, abstenção; reter, retenção; torcer, Não tenho mais onde me agarrar.”
torção; contorcer, contorção; distorcer, distorção. (gravação: Nenhum de Nós)
O Ç só é usado antes de A,O,U.
Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há necessi-
dade de usar atrás, isto é um pleonasmo. Bem Vindo: é um adjetivo composto: Você é sempre bem vin-
do aqui, jovem.
Acerca de: equivale a (a respeito de): Falávamos acerca de Benvindo: é nome próprio: Benvindo é meu colega de classe.
uma solução melhor.
Há cerca de: equivale a (faz tempo). Há cerca de dias resol- Boêmia/Boemia: são formas variantes (usadas normalmente):
vemos este caso. Vivia na boêmia/boemia.
Ao encontro de: equivale (estar a favor de): Sua atitude vai ao
encontro da verdade. Botijão/Bujão de gás: ambas formas corretas: Comprei um bo-
De encontro a: equivale a (oposição, choque): Minhas opi- tijão/bujão de gás.
niões vão de encontro às suas.
Câmara: equivale ao local de trabalho onde se reúnem os ve-
A fim de: locução prepositiva que indica (finalidade): Vou a readores, deputados: Ficaram todos reunidos na Câmara Municipal.
fim de visitá-la. Câmera: aparelho que fotografa, tira fotos: Comprei uma câ-
Afim: é um adjetivo e equivale a (igual, semelhante): Somos
mera japonesa.
almas afins.
Ao invés de: equivale (ao contrário de): Ao invés de falar co- Champanha/Champanhe (do francês): O champanha/
meçou a chorar (oposição). champanhe está bem gelado.
Em vez de: equivale a (no lugar de): Em vez de acompanhar- Cessão: equivale ao ato de doar, doação: Foi confirmada a ces-
-me, ficou só.´ são do terreno.
Faça você a sua parte, ao invés de ficar me cobrando! Sessão: equivale ao intervalo de tempo de uma reunião: A ses-
Quantas vezes usamos “ao invés de” quando queremos dizer são do filme durou duas horas.
“no lugar de”! Seção/Secção: repartição pública, departamento: Visitei hoje a
Contudo, esse emprego é equivocado, uma vez que “invés” seção de esportes.
significa “contrário”, “inverso”. Não que seja absurdamente errado
escrever “ao invés de” em frases que expressam sentido de “em Demais: é advérbio de intensidade, equivale a muito, aparece
lugar de”, mas é preferível optar por “em vez de”. intensificando verbos, adjetivos ou o próprio advérbio. Vocês falam
Observe: Em vez de conversar, preferiu gritar para a escola demais, caras!
inteira ouvir! (em lugar de) Ele pediu que fosse embora ao invés Demais: pode ser usado como substantivo, seguido de artigo,
de ficar e discutir o caso. (ao contrário de) equivale a os outros. Chamaram mais dez candidatos, os demais
Use “ao invés de” quando quiser o significado de “ao contrá- devem aguardar.
rio de”, “em oposição a”, “avesso”, “inverso”.
De mais: é locução prepositiva, opõe-se a de menos, refere-se
Use “em vez de” quando quiser um sentido de “no lugar de”
ou “em lugar de”. No entanto, pode assumir o significado de “ao sempre a um substantivo ou a um pronome: Não vejo nada de mais
invés de”, sem problemas. Porém, o que ocorre é justamente o em sua decisão.
contrário, coloca-se “ao invés de” onde não poderia.
Dia a dia: é um substantivo, equivale a cotidiano, diário, que
A par: equivale a (bem informado, ciente): Estamos a par das faz ou acontece todo dia. Meu dia a dia é cheio de surpresas. (até
boas notícias. 01/01/2009, era grafado dia a dia)
Ao par: indica relação (de igualdade ou equivalência entre va- Dia a dia: é uma expressão adverbial, equivale a diariamente.
lores financeiros – câmbio): O dólar e o euro estão ao par. O álcool aumenta dia a dia. Pode isso?
Aprender: tomar conhecimento de: O menino aprendeu a lição. Descriminar: equivale a (inocentar, absolver de crime). O réu
Apreender: prender: O fiscal apreendeu a carteirinha do foi descriminado; pra sorte dele.
menino. Discriminar: equivale a (diferençar, distinguir, separar). Era
À toa: é uma locução adverbial de modo, equivale a (inutilmen-
te, sem razão): Andava à toa pela rua. impossível discriminar os caracteres do documento. Cumpre dis-
À toa: é um adjetivo (refere-se a um substantivo), equiva- criminar os verdadeiros dos falsos valores. /Os negros ainda são
le a (inútil, desprezível). Foi uma atitude à toa e precipitada. (até discriminados.
01/01/2009 era grafada: à-toa) Descrição: ato de descrever: A descrição sobre o jogador foi
Baixar: os preços quando não há objeto direto; os preços fun- perfeita.
cionam como sujeito: Baixaram os preços (sujeito) nos supermer- Discrição: qualidade ou caráter de ser discreto, reservado:
cados. Vamos comemorar, pessoal! Você foi muito discreto.
Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os postos
(sujeito) de combustível abaixaram os preços (objeto direto) da Entrega em domicílio: equivale a lugar: Fiz a entrega em domicílio.
gasolina. Entrega a domicílio com verbos de movimento: Enviou as
compras a domicílio.
Bebedor: é a pessoa que bebe: Tornei-me um grande bebedor
de vinho. As expressões “entrega em domicílio” e “entrega a domicílio”
Bebedouro: é o aparelho que fornece água. Este bebedouro são muito recorrentes em restaurantes, na propaganda televisa, no
está funcionando bem. outdoor, no folder, no panfleto, no catálogo, na fala. Convivem
Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
juntas sem problemas maiores porque são entendidas da mesma Nenhum: pronome indefinido variável em gênero e número;
forma, com um mesmo sentido. No entanto, quando falamos de vem antes de um substantivo, é oposto de algum: Nenhum jornal
gramática normativa, temos que ter cuidado, pois “a domicílio” divulgou o resultado do concurso.
não é aceita. Por quê? A regra estabelece que esta última locução
adverbial deve ser usada nos casos de verbos que indicam movi- Obrigada: As mulheres devem dizer: muito obrigada, eu
mento, como: levar, enviar, trazer, ir, conduzir, dirigir-se. mesma, eu própria.
Portanto, “A loja entregou meu sofá a casa” não está correto. Obrigado: Os homens devem dizer: muito obrigado, eu
Já a locução adverbial “em domicílio” é usada com os verbos sem mesmo, eu próprio.
noção de movimento: entregar, dar, cortar, fazer.
A dúvida surge com o verbo “entregar”: não indicaria movi-
Onde: indica o (lugar em que se está); refere-se a verbos que
mento? De acordo com a gramática purista não, uma vez que quem
exprimem estado, permanência: Onde fica a farmácia mais próxima?
entrega, entrega algo em algum lugar.
Porém, há aqueles que afirmam que este verbo indica sim mo- Aonde: indica (ideia de movimento); equivale (para onde) so-
vimento, pois quem entrega se desloca de um lugar para outro. mente com verbo de movimento desde que indique deslocamento,
Contudo, obedecendo às normas gramaticais, devemos usar ou seja, a+onde. Aonde vão com tanta pressa?
“entrega em domicílio”, nos atentando ao fato de que a finalidade “Pode seguir a tua estrada
é que vale: a entrega será feita no (em+o) domicílio de uma pessoa. o teu brinquedo de estar
Espectador: é aquele que vê, assiste: Os espectadores se far- fantasiando um segredo
taram da apresentação. o ponto aonde quer chegar...”
Expectador: é aquele que está na expectativa, que espera algu- (gravação: Barão Vermelho)
ma coisa: O expectador aguardava o momento da chamada.
Por ora: equivale a (por este momento, por enquanto): Por ora
Estada: permanência de pessoa (tempo em algum lugar): A es- chega de trabalhar.
tada dela aqui foi gratificante. Por hora: locução equivale a (cada sessenta minutos): Você
Estadia: prazo concedido para carga e descarga de navios ou deve cobrar por hora.
veículos: A estadia do carro foi prolongada por mais algumas se-
manas. Por que: escreve se separado; quando ocorre: preposição
Fosforescente: adjetivo derivado de fósforo; que brilha no es- por+que - advérbio interrogativo (Por que você mentiu?); prepo-
curo: Este material é fosforescente. sição por+que – pronome relativo pelo/a qual, pelos/as quais (A
Fluorescente: adjetivo derivado de flúor, elemento químico, cidade por que passamos é simpática e acolhedora.) (=pela qual);
refere-se a um determinado tipo de luminosidade: A luz branca do preposição por+que – conjunção subordinativa integrante; inicia
carro era fluorescente. oração subordinada substantiva (Não sei por que tomaram esta de-
cisão. (=por que motivo, razão)
Haja - do verbo haver - É preciso que não haja descuido.
Por quê: final de frase, antes de um ponto final, de interroga-
Aja - do verbo agir - Aja com cuidado, Carlinhos.
ção, de exclamação, reticências; o monossílabo que passa a ser tô-
Houve: pretérito perfeito do verbo haver, 3ª pessoa do singular nico (forte), devendo, pois, ser acentuado: __O show foi cancelado
Ouve: presente do indicativo do verbo ouvir, 3ª pessoa do mas ninguém sabe por quê. (final de frase); __Por quê? (isolado)
singular Porque: conjunção subordinativa causal: equivale a: pela cau-
sa, razão de que, pelo fato, motivo de que: Não fui ao encontro por-
Levantar: é sinônimo de erguer: Ginês, meu estimado cunha- que estava acamado; conjunção subordinativa explicativa: equivale
do, levantou sozinho a tampa do poço. a: pois, já que, uma vez que, visto que: “Mas a minha tristeza é
Levantar-se: pôr de pé: Luís e Diego levantaram-se cedo e, sossego porque é natural e justa.”; conjunção subordinativa final
dirigiram-se ao aeroporto. (verbo no subjuntivo, equivale a para que): “Mas não julguemos,
porque não venhamos a ser julgados.”
Mal: advérbio de modo, equivale a erradamente, é oposto de Porquê: funciona como substantivo; vem sempre acompanha-
bem: Dormi mal. (bem). Equivale a nocivo, prejudicial, enfermida- do de um artigo ou determinante: Não foi fácil encontrar o porquê
de; pode vir antecedido de artigo, adjetivo ou pronome: A comida daquele corre-corre.
fez mal para mim. Seu mal é crer em tudo. Conjunção subordinati-
va temporal, equivale a assim que, logo que: Mal chegou começou Senão: equivale a (caso contrário, a não ser): Não fazia coisa
a chorar desesperadamente. nenhuma senão criticar.
Mau: adjetivo, equivale a ruim, oposto de bom; plural=maus; Se não: equivale a (se por acaso não), em orações adverbiais
feminino=má. Você é um mau exemplo (bom). Substantivo: Os condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá des-
maus nunca vencem. ta situação crítica.
Tampouco: advérbio, equivale a (também não): Não compare-
Mas: conjunção adversativa (ideia contrária), equivale a po- ceu, tampouco apresentou qualquer justificativa.
rém, contudo, entretanto: Telefonei-lhe mas ela não atendeu. Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão pou-
Mais: pronome ou advérbio de intensidade, opõe-se a menos: co esta semana.
Há mais flores perfumadas no campo.
Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios
Nem um: equivale a nem um sequer, nem um único; a palavra Traz - do verbo trazer
um expressa quantidade: Nem um filho de Deus apareceu para ajudá-la.
Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui. 10. Complete com X ou CH: en.....er; dei.....ar; ......eiro;
Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está vultuosa fle......a; ei.....o; frou.....o; ma.....ucar; .....ocolate; en.....ada; en.....
e deformada. ergar; cai......a; .....iclete; fai......a; .....u......u; salsi......a; bai.......a;
capri......o; me......erica; ria.......o; ......ingar; .......aleira; amei......a;
Exercícios ......eirosos; abaca.....i.
01. Observe a ortografia correta das palavras: disenteria; progra-
ma; mortadela; mendigo; beneficente; caderneta; problema. 11. Complete com MAL ou MAU:
a) Disseram que Carlota passou......ontem.
Empregue as palavras acima nas frases:
b) Ele ficou de......humor após ter agido daquela forma.
a) O......teve.....porque comeu......estragada.
c) O time se considera......preparado para tal jogo.
b) O superpai protegeu demais seu filho e este lhe trouxe um.........:
sua.......escolar indicou péssimo aproveitamento. d) Carlota sofria de um..........curável.
c) A festa......teve um bom.......e, por isso, um bom aproveitamen- e) O.......é se ter afeiçoado às coisas materiais.
to. f) Ele não é um........sujeito.
g) Mas o.......não durou muito tempo.
02. Passe as palavras para o diminutivo:
- asa; japonês; pai; homem; adeus; português; só; anel; 12. Complete as frases com porque ou por que corretamente:
- beleza; rosa; país; avô; arroz; princesa; café; a) ....... você está chateada?
- flor; Oscar; rei; bom; casa; lápis; pé. b) Cuidar do animal é mais importante........ele fica limpinho.
c) .......... você não limpou o tapete?
03. Passe para o plural diminutivo: trem; pé; animal; só; papel; d) Concordo com papai.............ele tem razão.
jornal; mão; balão; automóvel; pai; cão; mercadoria; farol; rua; cha- e) ..........precisamos cuidar dos animais de estimação.
péu; flor.
13. Preencha as lacunas com: mas = porém; mais = indica
04. Preencha as lacunas com as seguintes palavras: seção, sessão, quantidade; más = feminino de mau.
cessão, comprimento, cumprimento, conserto, concerto a) A mãe e o filho discutiram,.......não chegaram a um acordo.
a) O pequeno jornaleiro foi à.........do jornal. b) Você quer.......razões para acreditar em seu pai?
b) Na..........musical os pequenos cantores apresentaram-se muito c) Pessoas.........deveriam fazer reflexões para acreditar...... na
bem. bondade do que no ódio.
c) O........do jornaleiro é amável. d) Eu limpo,.........depois vou brincar.
d) O..... das roupas é feito pela mãe do garoto. e) O frio não prejudica .........o Tico.
e) O......do sapato custou muito caro. f) Infelizmente Tico morreu, ........comprarei outro cãozinho.
f) Eu......meu amigo com amabilidade. g) Todas as atitudes ......devem ser perdoadas,.......jamais ser
g) A.......de cinema foi um sucesso. repetidas, pois, quanto............se vive,.........se aprende.
h) O vestido tem um.........bom.
i) Os pequenos violinistas participaram de um........ . 14. Preencha as lacunas com: trás, atrás e traz.
a) ........... de casa havia um pinheiro.
05. Dê a palavra derivada acrescentando os sufixos ESA ou EZA: b) A poluição.......consigo graves consequências.
Portugal; certo; limpo; bonito; pobre; magro; belo; gentil; duro; lindo; c) Amarre-o por......... da árvore.
China; frio; duque; fraco; bravo; grande. d) Não vou....... de comentários bobos..
06. Forme substantivos dos adjetivos: honrado; rápido; escasso; 15. Preencha as lacunas com: HÁ - indica tempo passado; A -
tímido; estúpido; pálido; ácido; surdo; lúcido; pequeno. tempo futuro e espaço.
a) A loja fica ....... pouco quilômetros daqui.
07. Use o H quando for necessário: alucinar; élice, umilde, esitar, b) .........instantes li sobre o Natal.
oje, humano, ora, onra, aver, ontem, êxito, ábil, arpa, irônico, orrível, c) Eles não vão à loja porque ........ mais de dois dias a mer-
árido, óspede, abitar. cadoria acabou.
8. Complete as lacunas com as seguintes formas verbais: Houve d) .........três dias que todos se preparam para a festa do Natal.
e Ouve. e) Esse fato aconteceu ....... muito tempo.
a) O menino .....muitas recomendações de seu pai. f) Os alunos da escola dramatizarão a história do Natal daqui
b) ........muita confusão na cabeça do pequeno. ......oito dias.
c) A criança não.........a professora porque não a compreende. g) Ele estava......... três passos da casa de André.
d) Na escola........festa do Dia do Índio. h) ........ dois quarteirões existe uma bela árvore de Natal.
9. A letra X representa vários sons. Leia atentamente as palavras
16. Atenção para as palavras: por cima; devagar; depressa; de
oralmente: trouxemos, exercícios, táxi, executarei, exibir-se, oxigê-
repente; por isso. Agora, empregue-as nas frases:
nio, exercer, proximidade, tóxico, extensão, existir, experiência, êxito,
a) ......... uma bola atingiu o cenário e o derrubou.
sexo, auxílio, exame. Separe as palavras em três seções, conforme o
b) Bem...........o povo começou a se retirar.
som do X.
c) O rei descobriu a verdade,..........ficou irritado.
- Som de Z;
d) Faça sua tarefa............, para podermos ir ao dentista.
- Som de KS;
e) ......... de sua vestimenta real, o rei usava um manto.
- Som de S.
Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA PORTUGUESA
17. Forme novas palavras usando ISAR ou IZAR: análise; 02.
pesquisa; anarquia; canal; civilização; colônia; humano; suave; - asinha; japonesinho; paizinho; homenzinho; adeusinho; por-
revisão; real; nacional; final; oficial; monopólio; sintonia; central; tuguesinho; sozinho; anelzinho;
paralisia; aviso. - belezinha; rosinha; paisinho; avozinho; arrozinho; princesi-
nha; cafezinho;
18. Haja ou aja. Use haja ou aja para completar as orações: - florzinha; Oscarzinho; reizinho; bonzinho; casinha; lapisi-
a) ........ com atenção para que não ........ muitos erros. nho; pezinho.
b) Talvez ......... greve; é preciso que........... cuidado e atenção.
c) Desejamos que ........ fraternidade nessa escola. 03. trenzinhos; pezinhos; animaizinhos; sozinhos; papeizi-
d) ...... com docilidade, meu filho! nhos; jornaizinhos; mãozinhas; balõezinhos; automoveizinhos;
paizinhos; cãezinhos; mercadoriazinhas; faroizinhos; ruazinhas;
19. A palavra MENOS não deve ser modificada para o femini- chapeuzinhos; florezinhas.
no. Complete as frases com a palavra MENOS:
a) Conheço todos os Estados brasileiros,.....a Bahia. 04. a) seção b) sessão c) cumprimento d) conserto e) conserto
b) Todos eram calmos,.........mamãe. f) cumprimento g) sessão h) comprimento i) concerto.
c) Quero levar.........sanduíches do que na semana passada.
d) Mamãe fazia doces e salgados........tortas grandes. 05. portuguesa; certeza; limpeza; boniteza; pobreza; magreza;
beleza; gentileza; dureza; lindeza; Chinesa; frieza; duquesa; fra-
20. Use por que , por quê , porque e porquê: queza; braveza; grandeza.
a) ..........ninguém ri agora?
b) Eis........ ninguém ri. 06. honradez; rapidez; escassez; timidez; estupidez; palidez;
c) Eis os princípios ............luto. acidez; surdez; lucidez; pequenez.
d) Ela não aprendeu, ...........?
e) Aproximei-me .........todos queriam me ouvir. 07. alucinar, ontem, hélice, êxito, humilde, hábil, hesitar, har-
f) Você está assustado, ..........? pa, hoje, irônico, humano, horrível, hora, árido, honra, hóspede,
g) Eis o motivo........errei. haver, habitar.
h) Creio que vou melhorar.......estudei muito.
i) O....... é difícil de ser estudado. 08. a) ouve b) Houve c) ouve d) houve
j) ........ os índios estão revoltados?
k) O caminho ........viemos era tortuoso. 09.
Som de Z: exercícios, executarei, exibir-se, exercer, existir,
21. Uso do S e Z. Complete as palavras com S ou Z. A se- êxito e exame.
guir, copie as palavras na forma correta: pou....ando; pre....ença; Som de KS: táxi, oxigênio, tóxico e sexo.
arte.....anato; escravi.....ar; nature.....a; va.....o; pre.....idente; fa..... Som de S: trouxemos, proximidade, extensão, experiência e auxílio.
er; Bra.....il; civili....ação; pre....ente; atra....ados; produ......irem;
a....a; hori...onte; torrão....inho; fra....e; intru ....o; de....ejamos; 10. encher, deixar, cheiro, flecha, eixo, frouxo, machucar, cho-
po....itiva; podero....o; de...envolvido; surpre ....a; va.....io; ca....o; colate, enxada, enxergar, caixa, chiclete, faixa, chuchu, salsicha,
coloni...ação. baixa, capricho, mexerica, riacho, xingar, chaleira, ameixa, chei-
rosos, abacaxi.
22. Complete com X ou S e copie as palavras com atenção:
e....trangeiro; e....tensão; e....tranho; e....tender; e....tenso; e....pon- 11. a) mal b) mau c) mal d) mal e) mau f) mau g) mal
tâneo; mi...to; te....te; e....gotar; e....terior; e....ceção; e...plêndido; 12. a) Por que b) porque c) Por que d) porque e) Porque
te....to; e....pulsar; e....clusivo.
23. Tão Pouco / Tampouco 13. a) mas b) más mais c) más d) mas e) mais f) mas g) más
mas mais mais
Complete as frases corretamente:
14. a) Atrás b) traz c) trás d) atrás
a) Eu tive ........oportunidades!
b) Tenho.......... alunos, que cabem todos naquela salinha.
15. a) a b) Há c) há d) Há e) há f) a g) a h) A
c) Ele não veio;.......virão seus amigos.
d) Eu tenho .........tempo para estudar. 16. a) De repente b) devagar c) por isso d) depressa e) Por cima
e) Nunca tive gosto para dançar;......para tocar piano.
f) As pessoas que não amam,........são felizes. 17. analisar; pesquisar; anarquizar; canalizar; civilizar; coloni-
g) As pessoas têm.....atitudes de amizade. zar; humanizar; suavizar; revisar; realizar; nacionalizar; finalizar;
h) O governo daquele país não resolve seus problemas,....... se oficializar; monopolizar; sintonizar; centralizar; paralisar; avisar.
preocupa em resolvê-los.
18. a) Aja haja b) haja haja c) haja d) Aja
Respostas
19. a) menos b) menos c) menos d) menos
01. a) mendigo disenteria mortadela b) problema caderneta c)
beneficente programa
Didatismo e Conhecimento 17
LÍNGUA PORTUGUESA
20. a) Por que b) por que c) por que d) por quê e) porque f) por - Com acento agudo se a vogal tônica for i, u ou a, e, o aber-
quê g) por que h) porque i) porquê j) Por que k) por que tos: xícara, úmido, queríamos, lágrima, término, déssemos, lógico,
binóculo, colocássemos, inúmeros, polígono, etc.
21. Pousando; Presença; Artesanato; Escravizar; Natureza; - Com acento circunflexo se a vogal tônica for fechada ou na-
Vaso; Presidente; Fazer; Brasil; Civilização; Presente; Atrasados; sal: lâmpada, pêssego, esplêndido, pêndulo, lêssemos, estômago,
Produzirem; Asa; Horizonte; Torrãozinho; Frase; Intruso; Deseja- sôfrego, fôssemos, quilômetro, sonâmbulo etc.
mos; Positiva; Poderoso; Desenvolvido; Surpresa; Vazio; Caso;
Colonização. Acentuação dos Vocábulos Paroxítonos
22. estrangeiro; extensão; estranho; estender; extenso; Espon- Acentuam-se com acento adequado os vocábulos paroxítonos
tâneo; Misto; Teste; Esgotar; Exterior; Exceção; Esplêndido; Tex- terminados em:
to; Expulsar; Exclusivo.
- ditongo crescente, seguido, ou não, de s: sábio, róseo, planí-
23. a) tão poucas b) tão poucos c) tampouco d) tão pouco e) cie, nódua, Márcio, régua, árdua, espontâneo, etc.
tampouco f) tampouco g) tão poucas h) tampouco - i, is, us, um, uns: táxi, lápis, bônus, álbum, álbuns, jóquei,
vôlei, fáceis, etc.
Acentuação Gráfica - l, n, r, x, ons, ps: fácil, hífen, dólar, látex, elétrons, fórceps,
etc.
Tonicidade - ã, ãs, ão, ãos, guam, guem: ímã, ímãs, órgão, bênçãos, enxá-
guam, enxáguem, etc.
Num vocábulo de duas ou mais sílabas, há, em geral, uma que
se destaca por ser proferida com mais intensidade que as outras: é a Não se acentua um paroxítono só porque sua vogal tônica é
sílaba tônica. Nela recai o acento tônico, também chamado acento aberta ou fechada. Descabido seria o acento gráfico, por exemplo,
de intensidade ou prosódico. Exemplos: café, janela, médico, es- em cedo, este, espelho, aparelho, cela, janela, socorro, pessoa, do-
tômago, colecionador. res, flores, solo, esforços.
O acento tônico é um fato fonético e não deve ser confundido
com o acento gráfico (agudo ou circunflexo) que às vezes o assi- Acentuação dos Vocábulos Oxítonos
nala. A sílaba tônica nem sempre é acentuada graficamente. Exem-
plo: cedo, flores, bote, pessoa, senhor, caju, tatus, siri, abacaxis. Acentuam-se com acento adequado os vocábulos oxítonos
As sílabas que não são tônicas chamam-se átonas (=fracas), terminados em:
e podem ser pretônicas ou postônicas, conforme estejam antes ou - a, e, o, seguidos ou não de s: xará, serás, pajé, freguês, vovô,
depois da sílaba tônica. Exemplo: montanha, facilmente, heroi- avós, etc. Seguem esta regra os infinitivos seguidos de pronome:
zinho. cortá-los, vendê-los, compô-lo, etc.
De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos com - em, ens: ninguém, armazéns, ele contém, tu conténs, ele con-
mais de uma sílaba classificam-se em: vém, ele mantém, eles mantêm, ele intervém, eles intervêm, etc.
Oxítonos: quando a sílaba tônica é a última: café, rapaz, es- Acentuação dos Monossílabos
critor, maracujá.
Paroxítonos: quando a sílaba tônica é a penúltima: mesa, lá- Acentuam-se os monossílabos tônicos: a, e, o, seguidos ou
pis, montanha, imensidade. não de s: há, pá, pé, mês, nó, pôs, etc.
Proparoxítonos: quando a sílaba tônica é a antepenúltima: ár-
vore, quilômetro, México. Acentuação dos Ditongos
Monossílabos são palavras de uma só sílaba, conforme a in- Acentuam-se a vogal dos ditongos abertos éi, éu, ói, quando
tensidade com que se proferem, podem ser tônicos ou átonos. tônicos.
Monossílabos tônicos são os que têm autonomia fonética, sen- Segundo as novas regras os ditongos abertos “éi” e “ói” não
do proferidos fortemente na frase em que aparecem: é, má, si, dó, são mais acentuados em palavras paroxítonas: assembléia, pla-
nó, eu, tu, nós, ré, pôr, etc. téia, idéia, colméia, boléia, Coréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio,
Monossílabos átonos são os que não têm autonomia fonética, heróico, paranóico, etc. Ficando: Assembleia, plateia, ideia, col-
sendo proferidos fracamente, como se fossem sílabas átonas do meia, boleia, Coreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, para-
vocábulo a que se apoiam. São palavras vazias de sentido como noico, etc.
artigos, pronomes oblíquos, elementos de ligação, preposições, Nos ditongos abertos de palavras oxítonas terminadas em
conjunções: o, a, os, as, um, uns, me, te, se, lhe, nos, de, em, e, que. éi, éu e ói e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói,
anéis, papéis, troféu, céu, chapéu.
Acentuação dos Vocábulos Proparoxítonos
Didatismo e Conhecimento 18
LÍNGUA PORTUGUESA
Acentuação dos Hiatos O til sobrepõe-se às letras “a” e “o” para indicar vogal nasal.
Pode figurar em sílaba:
A razão do acento gráfico é indicar hiato, impedir a ditonga- - tônica: maçã, cãibra, perdão, barões, põe, etc;
ção. Compare: caí e cai, doído e doido, fluído e fluido. - pretônica: romãzeira, balõezinhos, grã-fino, cristãmente, etc;
- Acentuam-se em regra, o /i/ e o /u/ tônicos em hiato com vo- - átona: órfãs, órgãos, bênçãos, etc.
gal ou ditongo anterior, formando sílabas sozinhos ou com s: saída
(sa-í-da), saúde (sa-ú-de), faísca, caíra, saíra, egoísta, heroína, caí, Trema (o trema não é acento gráfico)
Xuí, Luís, uísque, balaústre, juízo, país, cafeína, baú, baús, Gra-
jaú, saímos, eletroímã, reúne, construía, proíbem, influí, destruí-lo, Desapareceu o trema sobre o /u/ em todas as palavras do por-
instruí-la, etc. tuguês: Linguiça, averiguei, delinquente, tranquilo, linguístico.
- Não se acentua o /i/ e o /u/ seguidos de nh: rainha, fuinha, Exceto as de língua estrangeira: Günter, Gisele Bündchen, müle-
moinho, lagoinha, etc; e quando formam sílaba com letra que não riano.
seja s: cair (ca-ir), sairmos, saindo, juiz, ainda, diurno, Raul, ruim,
cauim, amendoim, saiu, contribuiu, instruiu, etc. Exercícios
Segundo as novas regras da Língua Portuguesa não se acen- 01- O acento gráfico de “três” justifica-se por ser o vocábulo:
tua mais o /i/ e /u/ tônicos formando hiato quando vierem depois a) Monossílabo átono terminado em ES.
de ditongo: baiúca, boiúna, feiúra, feiúme, bocaiúva, etc. Ficaram: b) Oxítono terminado em ES
baiuca, boiuna, feiura, feiume, bocaiuva, etc. c) Monossílabo tônico terminado em S
d) Oxítono terminado em S
Os hiatos “ôo” e “êe” não são mais acentuados: enjôo, vôo, e) Monossílabo tônico terminado em ES
perdôo, abençôo, povôo, crêem, dêem, lêem, vêem, relêem. Fi-
caram: enjoo, voo, perdoo, abençoo, povoo, creem, deem, leem, 02- Se o vocábulo concluiu não tem acento gráfico, tal não
veem, releem. acontece com uma das seguinte formas do verbo concluir:
a) concluia
Acento Diferencial b) concluirmos
c) concluem
d) concluindo
Emprega-se o acento diferencial como sinal distintivo de vo-
e) concluas
cábulos homógrafos, nos seguintes casos:
03- Nenhum vocábulo deve receber acento gráfico, exceto:
- pôr (verbo) - para diferenciar de por (preposição).
a) sururu
- verbo poder (pôde, quando usado no passado)
b) peteca
- é facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
c) bainha
palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a d) mosaico
frase mais clara. Exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo? e) beriberi
Segundo as novas regras da Língua Portuguesa não existe 04- Todos os vocábulos devem ser acentuados graficamente,
mais o acento diferencial em palavras homônimas (grafia igual, exceto:
som e sentido diferentes) como: a) xadrez
b) faisca
- côa(s) (do verbo coar) - para diferenciar de coa, coas (com c) reporter
+ a, com + as); d) Oasis
- pára (3ª pessoa do singular do presente do indicativo do ver- e) proteina
bo parar) - para diferenciar de para (preposição);
- péla (do verbo pelar) e em péla (jogo) - para diferenciar de 05- Assinale a opção em que o par de vocábulos não obedece
pela (combinação da antiga preposição per com os artigos ou pro- à mesma regra de acentuação gráfica.
nomes a, as); a) sofismático/ insondáveis
- pêlo (substantivo) e pélo (v. pelar) - para diferenciar de pelo b) automóvel/fácil
(combinação da antiga preposição per com os artigos o, os); c) tá/já
- péra (substantivo - pedra) - para diferenciar de pera (forma d) água/raciocínio
arcaica de para - preposição) e pêra (substantivo); e) alguém/comvém
- pólo (substantivo) - para diferenciar de polo (combinação
popular regional de por com os artigos o, os); 06- Os dois vocábulos de cada item devem ser acentuado gra-
- pôlo (substantivo - gavião ou falcão com menos de um ano) - ficamente, exceto:
para diferenciar de polo (combinação popular regional de por com a) herbivoro-ridiculo
os artigos o, os); b) logaritmo-urubu
c) miudo-sacrificio
Emprego do Til d) carnauba-germem
e) Biblia-hieroglifo
Didatismo e Conhecimento 19
LÍNGUA PORTUGUESA
07- “Andavam devagar, olhando para trás...” (J.A. de Almeida- A vírgula no interior da oração
-Américo A. Bagaceira). Assinale o item em que nem todas as pala- É utilizada nas seguintes situações:
vras são acentuadas pelo mesmo motivo da palavra grifada no texto. - separar o vocativo: Maria, traga-me uma xícara de café; A
a) Más – vês educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.
b) Mês – pás - separar alguns apostos: Valdete, minha antiga empregada,
c) Vós – Brás esteve aqui ontem.
d) Pés – atrás - separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado: Che-
e) Dês – pés gando de viagem, procurarei por você; As pessoas, muitas vezes,
são falsas.
08- Indique a única alternativa em que nenhuma palavra é acen- - separar elementos de uma enumeração: Precisa-se de pedrei-
tuada graficamente: ros, serventes, mestre de obras.
a) lapis, canoa, abacaxi, jovens, - isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo: Ama-
b) ruim, sozinho, aquele, traiu nhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para
c) saudade, onix, grau, orquídea acertar a viagem.
d) flores, açucar, album, virus, - separar conjunções intercaladas: Não havia, porém, motivo
e) voo, legua, assim, tenis para tanta raiva.
- separar o complemento pleonástico antecipado: A mim, nada
09- Nas alternativas, a acentuação gráfica está correta em todas me importa.
as palavras, exceto: - isolar o nome de lugar na indicação de datas: Belo Horizon-
a) jesuíta, caráter te, 26 de janeiro de 2011.
b) viúvo, sótão - separar termos coordenados assindéticos: “Lua, lua, lua, lua,
c) baínha, raiz por um momento meu canto contigo compactua...” (Caetano Veloso)
d) Ângela, espádua - marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo): Ela
e) gráfico, flúor prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)
Termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem dis-
10- Até ........ momento, ........ se lembrava de que o antiquário pensam o uso da vírgula: Conversaram sobre futebol, religião e
tinha o ......... que procurávamos. política. Não se falavam nem se olhavam; Ainda não me decidi se
a) Aquêle-ninguém-baú viajarei para Bahia ou Ceará. Entretanto, se essas conjunções apa-
b) Aquêle-ninguém-bau recerem repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso da vírgula
c) Aquêle-ninguem-baú passa a ser obrigatório: Não fui nem ao velório, nem ao enterro,
d) Aquele-ninguém-baú nem à missa de sétimo dia.
e) Aquéle-ninguém-bau
A vírgula entre orações
Respostas: (1-E) (2-A) (3-E) (4-A) (5-A) (6-B) (7-D) (8-B) (9- É utilizada nas seguintes situações:
C) (10-D) - separar as orações subordinadas adjetivas explicativas: Meu
pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro.
Pontuação - separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas (ex-
ceto as iniciadas pela conjunção “e”: Acordei, tomei meu banho,
Os sinais de pontuação são sinais gráficos empregados na língua comi algo e saí para o trabalho; Estudou muito, mas não foi apro-
escrita para tentar recuperar recursos específicos da língua falada, tais vado no exame.
como: entonação, jogo de silêncio, pausas etc.
Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção:
Ponto ( . ) - quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes:
- indicar o final de uma frase declarativa: Lembro-me muito bem Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais
dele. pobres.
- separar períodos entre si: Fica comigo. Não vá embora. - quando a conjunção e vier repetida com a finalidade de dar
- nas abreviaturas: Av.; V. Ex.ª ênfase (polissíndeto): E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.
Vírgula ( , ): É usada para marcar uma pausa do enunciado com - quando a conjunção e assumir valores distintos que não seja
a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, apesar da adição (adversidade, consequência, por exemplo): Coitada! Es-
de participarem da mesma frase ou oração, não formam uma unidade tudou muito, e ainda assim não foi aprovada.
sintática: Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora única da Sena.
Podemos concluir que, quando há uma relação sintática entre - separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou
termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula. Não se reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração prin-
separam por vírgula: cipal: “No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda
- predicado de sujeito; mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho.” (O selvagem
- objeto de verbo; - José de Alencar)
- adjunto adnominal de nome; - separar as orações intercaladas: “- Senhor, disse o velho, te-
- complemento nominal de nome; nho grandes contentamentos em a estar plantando...”. Essas ora-
- predicativo do objeto do objeto; ções poderão ter suas vírgulas substituídas por duplo travessão:
- oração principal da subordinada substantiva (desde que esta “Senhor - disse o velho - tenho grandes contentamentos em a estar
não seja apositiva nem apareça na ordem inversa). plantando...”
Didatismo e Conhecimento 20
LÍNGUA PORTUGUESA
- separar as orações substantivas antepostas à principal: Quan- Aspas ( “ ” )
to custa viver, realmente não sei. - isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta,
como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos
Ponto-e-Vírgula ( ; ) e expressões populares: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do
- separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição, seu admirador; A festa na casa de Lúcio estava “chocante”; Con-
de uma sequência, etc: versando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a
Art. 127 – São penalidades disciplinares: mim requerido.
I- advertência; - indicar uma citação textual: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro
II- suspensão; vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e
III- demissão; refiz a mala”. (O prazer de viajar - Eça de Queirós)
IV- cassação de aposentadoria ou disponibilidade; Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer neces-
V- destituição de cargo em comissão; sário a utilização de novas aspas, estas serão simples. ( ‘ ‘ )
VI- destituição de função comissionada. (cap. V das penalida- Parênteses ( () )
des Direito Administrativo) - isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e
- separar orações coordenadas muito extensas ou orações datas: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreu inúmeras per-
coordenadas nas quais já tenham tido utilizado a vírgula: “O rosto das humanas; “Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como
de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, se fora na véspera), acordara depois duma grande tormenta no fim
era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da do verão”. (O milagre das chuvas no nordeste- Graça Aranha)
vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o tra-
transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, o vessão.
inferior um tanto tenso (...)” (Visconde de Taunay) Travessão ( __ )
Dois-Pontos ( : ) - dar início à fala de um personagem: O filho perguntou: __
- iniciar a fala dos personagens: Então o padre respondeu: Pai, quando começarão as aulas?
__Parta agora. - indicar mudança do interlocutor nos diálogos. __Doutor, o
- antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou que tenho é grave? __Não se preocupe, é uma simples infecção. É
sequência de palavras que explicam, resumem ideias anteriores: só tomar um antibiótico e estará bom.
Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo e Gilberto. - unir grupos de palavras que indicam itinerário: A rodovia
- antes de citação: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que Belém-Brasília está em péssimo estado.
o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito Também pode ser usado em substituição à virgula em expres-
enquanto dure.” sões ou frases explicativas: Xuxa – a rainha dos baixinhos – é loira.
Didatismo e Conhecimento 21
LÍNGUA PORTUGUESA
c) A estes, porém, o mais que pode acontecer é que se riam a) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir. Nossa capacida-
deles os outros, sem que este riso os impeça de conservar as suas de de retenção é variável e muitas vezes inconscientemente, detur-
roupas e o seu calçado. pamos o que ouvimos.
d) Na civilização e na fraqueza ia para onde me impeliam b) Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir: nossa capacidade de
muito dócil muito leve, como os pedaços da carta de ABC, tritu- retenção é variável e, muitas vezes, inconscientemente, deturpamos o
rados soltos no ar. que ouvimos.
e) Conduziram-me à rua da Conceição, mas só mais tarde no- c) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir! Nossa capacidade
tei, que me achava lá, numa sala pequena. de retenção é variável e muitas vezes inconscientemente, deturpamos
o que ouvimos.
02. Das redações abaixo, assinale a que não está pontuada d) Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir; nossa capacidade de
retenção, é variável e - muitas vezes inconscientemente, deturpamos
corretamente:
o que ouvimos.
a) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o resultado
e) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir. Nossa capacidade
do concurso. de retenção é variável - e muitas vezes inconscientemente - deturpa-
b) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o resultado mos, o que ouvimos.
do concurso.
c) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o resultado Nas questões 07 a 10, os períodos foram pontuados de cinco for-
do concurso. mas diferentes. Leia-os todos e assinale a letra que corresponde ao
d) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do concur- período de pontuação correta:
so, em fila.
e) Os candidatos, aguardavam ansiosos, em fila, o resultado 07.
do concurso. a) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque, conhece pou-
Instruções para as questões de números 03 e 04: Os períodos co os deveres da hospitalidade.
abaixo apresentam diferenças de pontuação, assinale a letra que b) Entra a propósito disse Alves, o seu moleque conhece pou-
corresponde ao período de pontuação correta: co os deveres da hospitalidade.
c) Entra a propósito, disse Alves o seu moleque conhece pou-
03. co os deveres da hospitalidade.
a) Pouco depois, quando chegaram, outras pessoas a reunião d) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque conhece pou-
ficou mais animada. co os deveres da hospitalidade.
b) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião e) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque conhece pou-
ficou mais animada. co, os deveres da hospitalidade.
c) Pouco depois, quando chegaram outras pessoas, a reunião
ficou mais animada. 08.
d) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião, a) Prima faça calar titio suplicou o moço, com um leve sorriso
ficou mais animada. que imediatamente se lhe apagou.
e) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião b) Prima, faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorri-
ficou, mais animada. so que imediatamente se lhe apagou.
c) Prima faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorriso
que imediatamente se lhe apagou.
04. d) Prima, faça calar titio suplicou o moço com um leve sorriso
a) Precisando de mim procure-me; ou melhor telefone que eu que imediatamente se lhe apagou.
venho. e) Prima faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorriso
b) Precisando de mim procure-me, ou, melhor telefone que que, imediatamente se lhe apagou.
eu venho.
c) Precisando, de mim, procure-me ou melhor, telefone, que 09.
eu venho. a) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
d) Precisando de mim, procure-me; ou melhor, telefone, que do, fisionomia insinuante, destas que mesmo sérias, trazem im-
eu venho. presso constante sorriso.
e) Precisando, de mim, procure-me ou, melhor telefone que b) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
eu venho. do, fisionomia insinuante, destas que mesmo sérias trazem, im-
presso constante sorriso.
05. Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação. c) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
Assinale a letra que corresponde ao período de pontuação correta: do, fisionomia insinuante, destas que, mesmo sérias, trazem im-
a) José dos Santos paulista, 23 anos vive no Rio. presso, constante sorriso.
b) José dos Santos paulista 23 anos, vive no Rio. d) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
do, fisionomia insinuante, destas que, mesmo sérias trazem im-
c) José dos Santos, paulista 23 anos, vive no Rio.
presso constante sorriso.
d) José dos Santos, paulista 23 anos vive, no Rio.
e) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
e) José dos Santos, paulista, 23 anos, vive no Rio. do, fisionomia insinuante, destas que, mesmo sérias, trazem im-
presso constante sorriso.
06. A alternativa com pontuação correta é:
Didatismo e Conhecimento 22
LÍNGUA PORTUGUESA
10. Radical:
a) Deixo ao leitor calcular quanta paixão a bela viúva, empre-
gou na execução do canto. Observe o seguinte grupo de palavras: livr-o; livr-inho; livr-
b) Deixo ao leitor calcular quanta paixão a bela viúva empre- -eiro; livr-eco. Você reparou que há um elemento comum nesse
gou na execução do canto. grupo? Você reparou que o elemento livr serve de base para o sig-
c) Deixo ao leitor calcular quanta paixão, a bela viúva, empre- nificado? Esse elemento é chamado de radical (ou semantema).
gou na execução do canto. Elemento básico e significativo das palavras, consideradas sob
d) Deixo ao leitor calcular, quanta paixão a bela viúva, empre- o aspecto gramatical e prático. É encontrado através do despojo
gou na execução do canto. dos elementos secundários (quando houver) da palavra. Exemplo:
e) Deixo ao leitor, calcular quanta paixão a bela viúva, empre- cert-o; cert-eza; in-cert-eza.
gou na execução do canto.
Afixos: são elementos secundários (geralmente sem vida autô-
Respostas: 01-C / 02-E / 03-C / 04-D / 05-E / 06-B / 07-D / noma) que se agregam a um radical ou tema para formar palavras
08-B / 09-E / 10-B derivadas. Sabemos que o acréscimo do morfema “-mente”, por
exemplo, cria uma nova palavra a partir de “certo”: certamente,
advérbio de modo. De maneira semelhante, o acréscimo dos mor-
femas “a-” e “-ar” à forma “cert-” cria o verbo acertar. Observe
PROCESSO DE FORMAÇÃO que a- e -ar são morfemas capazes de operar mudança de classe
DE PALAVRAS. gramatical na palavra a que são anexados.
EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS. Quando são colocados antes do radical, como acontece com
“a-”, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como “-ar”,
surgem depois do radical, os afixos são chamados de sufixos.
Exemplo: in-at-ivo; em-pobr-ecer; inter-nacion-al.
Estrutura e Formação de Palavras Desinências: são os elementos terminais indicativos das fle-
xões das palavras. Existem dois tipos:
Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores das - Desinências Nominais: indicam as flexões de gênero (mas-
palavras. Assim, compreendemos melhor o significado de cada culino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes.
uma delas. As palavras podem ser divididas em unidades menores, Exemplos: aluno-o / aluno-s; alun-a / aluna-s. Só podemos falar
a que damos o nome de elementos mórficos ou morfemas. em desinências nominais de gêneros e de números em palavras
Vamos analisar a palavra “cachorrinhas”. Nessa palavra ob- que admitem tais flexões, como nos exemplos acima. Em palavras
servamos facilmente a existência de quatro elementos. São eles: como mesa, tribo, telefonema, por exemplo, não temos desinência
cachorr - este é o elemento base da palavra, ou seja, aquele nominal de gênero. Já em pires, lápis, ônibus não temos desinên-
que contém o significado. cia nominal de número.
inh - indica que a palavra é um diminutivo
a - indica que a palavra é feminina - Desinências Verbais: indicam as flexões de número e pes-
s - indica que a palavra se encontra no plural soa e de modo e tempo dos verbos. A desinência “-o”, presente
em “am-o”, é uma desinência número pessoal, pois indica que o
Morfemas: unidades mínimas de caráter significativo. Exis- verbo está na primeira pessoa do singular; “-va”, de “ama-va”, é
tem palavras que não comportam divisão em unidades menores, desinência modo-temporal: caracteriza uma forma verbal do pre-
tais como: mar, sol, lua, etc. São elementos mórficos: térito imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação.
- Raiz, Radical, Tema: elementos básicos e significativos
- Afixos (Prefixos, Sufixos), Desinência, Vogal Temática: Vogal Temática: é a vogal que se junta ao radical, preparando-
elementos modificadores da significação dos primeiros -o para receber as desinências. Nos verbos, distinguem-se três vo-
- Vogal de Ligação, Consoante de Ligação: elementos de li- gais temáticas:
gação ou eufônicos. - Caracteriza os verbos da 1ª conjugação: buscar, buscavas, etc.
- Caracteriza os verbos da 2ª conjugação: romper, rompemos, etc.
Raiz: É o elemento originário e irredutível em que se concen- - Caracteriza os verbos da 3ª conjugação: proibir, proibirá, etc.
tra a significação das palavras, consideradas do ângulo histórico.
É a raiz que encerra o sentido geral, comum às palavras da mesma Tema: é o grupo formado pelo radical mais vogal temática.
família etimológica. Exemplo: Raiz noc [Latim nocere = prejudi- Nos verbos citados acima, os temas são: busca-, rompe-, proibi-
car] tem a significação geral de causar dano, e a ela se prendem,
pela origem comum, as palavras nocivo, nocividade, inocente, ino- Vogais e Consoantes de Ligação: As vogais e consoantes de
centar, inócuo, etc. ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja,
para facilitar ou mesmo possibilitar a pronúncia de uma determi-
Uma raiz pode sofrer alterações: at-o; at-or; at-ivo; aç-ão; ac- nada palavra. Exemplos: parisiense (paris= radical, ense=sufixo,
-ionar; vogal de ligação=i); gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-
-ada, cafe-t-eira, cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-tão, etc.
Didatismo e Conhecimento 23
LÍNGUA PORTUGUESA
Formação das Palavras: existem dois processos básicos pe- É impossível fazer o mesmo com palavras formadas por pa-
los quais se formam as palavras: a Derivação e a Composição. A rassíntese: não se pode dizer que expropriar provém de “propriar”
diferença entre ambos consiste basicamente em que, no processo ou de “expróprio”, pois tais palavras não existem. Logo, expro-
de derivação, partimos sempre de um único radical, enquanto no priar provém diretamente de próprio, pelo acréscimo concomitante
processo de composição sempre haverá mais de um radical. de prefixo e sufixo.
- Derivação Regressiva: ocorre derivação regressiva quando
Derivação: é o processo pelo qual se obtém uma palavra nova, uma palavra é formada não por acréscimo, mas por redução: com-
chamada derivada, a partir de outra já existente, chamada primiti- prar (verbo), compra (substantivo); beijar (verbo), beijo (substan-
va. Exemplo: Mar (marítimo, marinheiro, marujo); terra (enterrar, tivo).
terreiro, aterrar). Observamos que «mar» e «terra» não se formam
de nenhuma outra palavra, mas, ao contrário, possibilitam a for- Para descobrirmos se um substantivo deriva de um verbo ou
mação de outras, por meio do acréscimo de um sufixo ou prefixo. se ocorre o contrário, podemos seguir a seguinte orientação:
Logo, mar e terra são palavras primitivas, e as demais, derivadas. - Se o substantivo denota ação, será palavra derivada, e o ver-
bo palavra primitiva.
Tipos de Derivação - Se o nome denota algum objeto ou substância, verifica-se o
contrário.
- Derivação Prefixal ou Prefixação: resulta do acréscimo de Vamos observar os exemplos acima: compra e beijo indicam
prefixo à palavra primitiva, que tem o seu significado alterado: ações, logo, são palavras derivadas. O mesmo não ocorre, porém,
crer- descrer; ler- reler; capaz- incapaz. com a palavra âncora, que é um objeto. Neste caso, um substanti-
- Derivação Sufixal ou Sufixação: resulta de acréscimo de vo primitivo que dá origem ao verbo ancorar.
sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração de significado
ou mudança de classe gramatical: alfabetização. No exemplo, o Por derivação regressiva, formam-se basicamente substanti-
sufixo -ção transforma em substantivo o verbo alfabetizar. Este, vos a partir de verbos. Por isso, recebem o nome de substanti-
por sua vez, já é derivado do substantivo alfabeto pelo acréscimo vos deverbais. Note que na linguagem popular, são frequentes os
do sufixo -izar. exemplos de palavras formadas por derivação regressiva. o portu-
ga (de português); o boteco (de botequim); o comuna (de comu-
A derivação sufixal pode ser: nista); agito (de agitar); amasso (de amassar); chego (de chegar)
Nominal, formando substantivos e adjetivos: papel – papela-
ria; riso – risonho. O processo normal é criar um verbo a partir de um substanti-
Verbal, formando verbos: atual - atualizar. vo. Na derivação regressiva, a língua procede em sentido inverso:
Adverbial, formando advérbios de modo: feliz – felizmente. forma o substantivo a partir do verbo.
- Derivação Parassintética ou Parassíntese: Ocorre quando a - Derivação Imprópria: A derivação imprópria ocorre quando
palavra derivada resulta do acréscimo simultâneo de prefixo e sufi- determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão
xo à palavra primitiva. Por meio da parassíntese formam-se nomes em sua forma, muda de classe gramatical. Neste processo:
(substantivos e adjetivos) e verbos. Considere o adjetivo “triste”. Os adjetivos passam a substantivos: Os bons serão contem-
Do radical “trist-” formamos o verbo entristecer através da junção plados.
simultânea do prefixo “en-” e do sufixo “-ecer”. A presença de Os particípios passam a substantivos ou adjetivos: Aquele ga-
apenas um desses afixos não é suficiente para formar uma nova roto alcançou um feito passando no concurso.
palavra, pois em nossa língua não existem as palavras “entriste”, Os infinitivos passam a substantivos: O andar de Roberta era
nem “tristecer”. Exemplos: fascinante; O badalar dos sinos soou na cidadezinha.
emudecer Os substantivos passam a adjetivos: O funcionário fantasma
mudo – palavra inicial foi despedido; O menino prodígio resolveu o problema.
e – prefixo Os adjetivos passam a advérbios: Falei baixo para que nin-
mud – radical guém escutasse.
ecer – sufixo Palavras invariáveis passam a substantivos: Não entendo o
porquê disso tudo.
desalmado Substantivos próprios tornam-se comuns: Aquele coordena-
alma – palavra inicial dor é um caxias! (chefe severo e exigente)
des – prefixo
alm – radical Os processos de derivação vistos anteriormente fazem parte
ado – sufixo da Morfologia porque implicam alterações na forma das palavras.
No entanto, a derivação imprópria lida basicamente com seu sig-
Não devemos confundir derivação parassintética, em que o nificado, o que acaba caracterizando um processo semântico. Por
acréscimo de sufixo e de prefixo é obrigatoriamente simultâneo, essa razão, entendemos o motivo pelo qual é denominada “impró-
com casos como os das palavras desvalorização e desigualdade. pria”.
Nessas palavras, os afixos são acoplados em sequência: desvalo-
rização provém de desvalorizar, que provém de valorizar, que por
sua vez provém de valor.
Didatismo e Conhecimento 24
LÍNGUA PORTUGUESA
Composição: é o processo que forma palavras compostas, a di-: duplicidade: dissílabo, ditongo, dilema.
partir da junção de dois ou mais radicais. Existem dois tipos: dia-: movimento através de, afastamento: diálogo, diagonal,
diafragma, diagrama.
- Composição por Justaposição: ao juntarmos duas ou mais dis-: dificuldade, privação: dispneia, disenteria, dispepsia,
palavras ou radicais, não ocorre alteração fonética: passatempo, disfasia.
quinta-feira, girassol, couve-flor. Em «girassol» houve uma altera- ec-, ex-, exo-, ecto-: movimento para fora: eclipse, êxodo, ec-
ção na grafia (acréscimo de um «s») justamente para manter inal- toderma, exorcismo.
terada a sonoridade da palavra. en-, em-, e-: posição interior, movimento para dentro: encé-
falo, embrião, elipse, entusiasmo.
- Composição por Aglutinação: ao unirmos dois ou mais endo-: movimento para dentro: endovenoso, endocarpo, en-
vocábulos ou radicais, ocorre supressão de um ou mais de seus dosmose.
elementos fonéticos: embora (em boa hora); fidalgo (filho de algo epi-: posição superior, movimento para: epiderme, epílogo,
- referindo-se a família nobre); hidrelétrico (hidro + elétrico); pla- epidemia, epitáfio.
nalto (plano alto). Ao aglutinarem-se, os componentes subordi- eu-: excelência, perfeição, bondade: eufemismo, euforia, eu-
nam-se a um só acento tônico, o do último componente. caristia, eufonia.
hemi-: metade, meio: hemisfério, hemistíquio, hemiplégico.
- Redução: algumas palavras apresentam, ao lado de sua for- hiper-: posição superior, excesso: hipertensão, hipérbole, hi-
ma plena, uma forma reduzida. Observe: auto - por automóvel; pertrofia.
cine - por cinema; micro - por microcomputador; Zé - por José. hipo-: posição inferior, escassez: hipocrisia, hipótese, hipo-
Como exemplo de redução ou simplificação de palavras, podem dérmico.
ser citadas também as siglas, muito frequentes na comunicação meta-: mudança, sucessão: metamorfose, metáfora, metacarpo.
atual. para-: proximidade, semelhança, intensidade: paralelo, para-
sita, paradoxo, paradigma.
- Hibridismo: ocorre hibridismo na palavra em cuja forma- peri-: movimento ou posição em torno de: periferia, peripé-
ção entram elementos de línguas diferentes: auto (grego) + móvel cia, período, periscópio.
(latim). pro-: posição em frente, anterioridade: prólogo, prognóstico,
profeta, programa.
- Onomatopeia: numerosas palavras devem sua origem a uma pros-: adjunção, em adição a: prosélito, prosódia.
tendência constante da fala humana para imitar as vozes e os ruí- proto-: início, começo, anterioridade: proto-história, protóti-
dos da natureza. As onomatopeias são vocábulos que reproduzem po, protomártir.
aproximadamente os sons e as vozes dos seres: miau, zumzum, poli-: multiplicidade: polissílabo, polissíndeto, politeísmo.
piar, tinir, urrar, chocalhar, cocoricar, etc. sin-, sim-: simultaneidade, companhia: síntese, sinfonia, sim-
patia, sinopse.
Prefixos: os prefixos são morfemas que se colocam antes dos tele-: distância, afastamento: televisão, telepatia, telégrafo.
radicais basicamente a fim de modificar-lhes o sentido; raramen-
te esses morfemas produzem mudança de classe gramatical. Os Prefixos de Origem Latina
prefixos ocorrentes em palavras portuguesas se originam do latim
e do grego, línguas em que funcionavam como preposições ou ad- a-, ab-, abs-: afastamento, separação: aversão, abuso, absti-
vérbios, logo, como vocábulos autônomos. Alguns prefixos foram nência, abstração.
pouco ou nada produtivos em português. Outros, por sua vez, tive- a-, ad-: aproximação, movimento para junto:
ram grande vitalidade na formação de novas palavras: a- , contra- , adjunto,advogado, advir, aposto.
des- , em- (ou en-) , es- , entre- re- , sub- , super- , anti-. ante-: anterioridade, procedência: antebraço, antessala, an-
teontem, antever.
Prefixos de Origem Grega ambi-: duplicidade: ambidestro, ambiente, ambiguidade, am-
bivalente.
a-, an-: afastamento, privação, negação, insuficiência, carên- ben(e)-, bem-: bem, excelência de fato ou ação: benefício,
cia: anônimo, amoral, ateu, afônico. bendito.
ana-: inversão, mudança, repetição: analogia, análise, anagra- bis-, bi-: repetição, duas vezes: bisneto, bimestral, bisavô,
ma, anacrônico. biscoito.
anfi-: em redor, em torno, de um e outro lado, duplicidade: circu(m)-: movimento em torno: circunferência, circunscrito,
anfiteatro, anfíbio, anfibologia. circulação.
anti-: oposição, ação contrária: antídoto, antipatia, antagonis- cis-: posição aquém: cisalpino, cisplatino, cisandino.
ta, antítese. co-, con-, com-: companhia, concomitância: colégio, coope-
apo-: afastamento, separação: apoteose, apóstolo, apocalipse, rativa, condutor.
apologia. contra-: oposição: contrapeso, contrapor, contradizer.
arqui-, arce-: superioridade hierárquica, primazia, excesso: de-: movimento de cima para baixo, separação, negação: de-
arquiduque, arquétipo, arcebispo, arquimilionário. capitar, decair, depor.
cata-: movimento de cima para baixo: cataplasma, catálogo, de(s)-, di(s)-: negação, ação contrária, separação: desventura,
catarata. discórdia, discussão.
Didatismo e Conhecimento 25
LÍNGUA PORTUGUESA
e-, es-, ex-: movimento para fora: excêntrico, evasão, expor- Sufixos que formam nomes de lugar, depositório: -aria –
tação, expelir. churrascaria; -ário – herbanário; -eiro – açucareiro; -or – corre-
en-, em-, in-: movimento para dentro, passagem para um es- dor; -tério – cemitério; -tório – dormitório.
tado ou forma, revestimento: imergir, enterrar, embeber, injetar,
importar. Sufixos que formam nomes indicadores de abundância,
extra-: posição exterior, excesso: extradição, extraordinário, aglomeração, coleção: -aço – ricaço; -ada – papelada; -agem –
extraviar. folhagem; -al – capinzal; -ame – gentame; -ario(a) - casario, in-
i-, in-, im-: sentido contrário, privação, negação: ilegal, im- fantaria; -edo – arvoredo; -eria – correria; -io – mulherio; -ume
possível, improdutivo. – negrume.
inter-, entre-: posição intermediária: internacional, interpla-
netário. Sufixos que formam nomes técnicos usados na ciência:
intra-: posição interior: intramuscular, intravenoso, intraverbal. -ite - bronquite, hepatite (inflamação), amotite (fósseis).
intro-: movimento para dentro: introduzir, introvertido, in- -oma - mioma, epitelioma, carcinoma (tumores).
trospectivo. -ato, eto, Ito - sulfato, cloreto, sulfito (sais), granito (pedra).
justa-: posição ao lado: justapor, justalinear. -ina - cafeína, codeína (alcaloides, álcalis artificiais).
-ol - fenol, naftol (derivado de hidrocarboneto).
ob-, o-: posição em frente, oposição: obstruir, ofuscar, ocupar,
-ema - morfema, fonema, semema, semantema (ciência lin-
obstáculo.
guística).
per-: movimento através: percorrer, perplexo, perfurar, per-
-io - sódio, potássio, selênio (corpos simples)
verter.
pos-: posterioridade: pospor, posterior, pós-graduado. Sufixo que forma nomes de religião, doutrinas filosóficas,
pre-: anterioridade: prefácio, prever, prefixo, preliminar. sistemas políticos: - ismo: budismo, kantismo, comunismo.
pro-: movimento para frente: progresso, promover, prosse-
guir, projeção. Sufixos Formadores de Adjetivos
re-: repetição, reciprocidade: rever, reduzir, rebater, reatar.
retro-: movimento para trás: retrospectiva, retrocesso, retroa- - de substantivos: -aco – maníaco; -ado – barbado; -áceo(a)
gir, retrógrado. - herbáceo, liláceas; -aico – prosaico; -al – anual; -ar – escolar;
so-, sob-, sub-, su-: movimento de baixo para cima, inferiori- -ário - diário, ordinário; -ático – problemático; -az – mordaz;
dade: soterrar, sobpor, subestimar. -engo – mulherengo; -ento – cruento; -eo – róseo; -esco – pito-
super-, supra-, sobre-: posição superior, excesso: supercílio, resco; -este – agreste; -estre – terrestre; -enho – ferrenho; -eno
supérfluo. – terreno; -ício – alimentício; -ico – geométrico; -il – febril; -ino
soto-, sota-: posição inferior: soto-mestre, sota-voga, soto-pôr. – cristalino; -ivo – lucrativo; -onho – tristonho; -oso – bondoso;
trans-, tras-, tres-, tra-: movimento para além, movimento -udo – barrigudo.
através: transatlântico, tresnoitar, tradição.
ultra-: posição além do limite, excesso: ultrapassar, ultrarro- - de verbos:
mantismo, ultrassom, ultraleve, ultravioleta. -(a)(e)(i)nte: ação, qualidade, estado – semelhante, doente,
vice-, vis-: em lugar de: vice-presidente, visconde, vice-almi- seguinte.
rante. -(á)(í)vel: possibilidade de praticar ou sofrer uma ação – lou-
vável, perecível, punível.
Sufixos: são elementos (isoladamente insignificativos) que, -io, -(t)ivo: ação referência, modo de ser – tardio, afirmativo,
acrescentados a um radical, formam nova palavra. Sua principal pensativo.
característica é a mudança de classe gramatical que geralmente -(d)iço, -(t)ício: possibilidade de praticar ou sofrer uma ação,
referência – movediço, quebradiço, factício.
opera. Dessa forma, podemos utilizar o significado de um verbo
-(d)ouro,-(t)ório: ação, pertinência – casadouro, preparatório.
num contexto em que se deve usar um substantivo, por exemplo.
Como o sufixo é colocado depois do radical, a ele são incorpora-
Sufixos Adverbiais: Na Língua Portuguesa, existe apenas um
das as desinências que indicam as flexões das palavras variáveis. único sufixo adverbial: É o sufixo “-mente”, derivado do substan-
Existem dois grupos de sufixos formadores de substantivos extre- tivo feminino latino mens, mentis que pode significar “a mente,
mamente importantes para o funcionamento da língua. São os que o espírito, o intento”.Este sufixo juntou-se a adjetivos, na forma
formam nomes de ação e os que formam nomes de agente. feminina, para indicar circunstâncias, especialmente a de modo.
Exemplos: altiva-mente, brava-mente, bondosa-mente, nervo-
Sufixos que formam nomes de ação: -ada – caminhada; sa-mente, fraca-mente, pia-mente. Já os advérbios que se derivam
-ança – mudança; -ância – abundância; -ção – emoção; -dão – so- de adjetivos terminados em –ês (burgues-mente, portugues-men-
lidão; -ença – presença; -ez(a) – sensatez, beleza; -ismo – civismo; te, etc.) não seguem esta regra, pois esses adjetivos eram outrora
-mento – casamento; -são – compreensão; -tude – amplitude; -ura uniformes. Exemplos: cabrito montês / cabrita montês.
– formatura.
Sufixos Verbais: Os sufixos verbais agregam-se, via de regra,
Sufixos que formam nomes de agente: -ário(a) – secretário; ao radical de substantivos e adjetivos para formar novos verbos.
-eiro(a) – ferreiro; -ista – manobrista; -or – lutador; -nte – fei- Em geral, os verbos novos da língua formam-se pelo acréscimo
rante. da terminação-ar. Exemplos: esqui-ar; radiograf-ar; (a)doç-ar;
nivel-ar; (a)fin-ar; telefon-ar; (a)portugues-ar.
Didatismo e Conhecimento 26
LÍNGUA PORTUGUESA
Os verbos exprimem, entre outras ideias, a prática de ação. 06. Indique a palavra que foge ao processo de formação de
-ar: cruzar, analisar, limpar chapechape:
-ear: guerrear, golear a) zunzum
-entar: afugentar, amamentar b) reco-reco
-ficar: dignificar, liquidificar c) toque-toque
-izar: finalizar, organizar d) tlim-tlim
e) vivido
Verbo Frequentativo: é aquele que traduz ação repetida.
Verbo Factitivo: é aquele que envolve ideia de fazer ou cau- 07. Em que alternativa a palavra sublinhada resulta de deriva-
sar. ção imprópria?
Verbo Diminutivo: é aquele que exprime ação pouco in- a) Às sete horas da manhã começou o trabalho principal: a
tensa. votação.
b) Pereirinha estava mesmo com a razão. Sigilo... Voto secre-
Exercícios to... Bobagens, bobagens!
c) Sem radical reforma da lei eleitoral, as eleições continua-
01. Assinale a opção em que todas as palavras se formam pelo
riam sendo uma farsa!
mesmo processo:
d) Não chegaram a trocar um isto de prosa, e se entenderam.
a) ajoelhar / antebraço / assinatura
e) Dr. Osmírio andaria desorientado, senão bufando de raiva.
b) atraso / embarque / pesca
c) o jota / o sim / o tropeço
d) entrega / estupidez / sobreviver 08. Assinale a série de palavras em que todas são formadas
e) antepor / exportação / sanguessuga por parassíntese:
a) acorrentar, esburacar, despedaçar, amanhecer
02. A palavra “aguardente” formou-se por: b) solução, passional, corrupção, visionário
a) hibridismo c) enrijecer, deslealdade, tortura, vidente
b) aglutinação d) biografia, macróbio, bibliografia, asteróide
c) justaposição e) acromatismo, hidrogênio, litografar, idiotismo
d) parassíntese
e) derivação regressiva 09. As palavras couve-flor, planalto e aguardente são forma-
das por:
03. Que item contém somente palavras formadas por justa- a) derivação
posição? b) onomatopeia
a) desagradável – complemente c) hibridismo
b) vaga-lume - pé-de-cabra d) composição
c) encruzilhada – estremeceu e) prefixação
d) supersticiosa – valiosas
e) desatarraxou – estremeceu 10. Assinale a alternativa em que uma das palavras não é for-
mada por prefixação:
04. “Sarampo” é: a) readquirir, predestinado, propor
a) forma primitiva b) irregular, amoral, demover
b) formado por derivação parassintética c) remeter, conter, antegozar
c) formado por derivação regressiva d) irrestrito, antípoda, prever
d) formado por derivação imprópria e) dever, deter, antever
e) formado por onomatopéia
Respostas: 1-B / 2-B / 3-B / 4-C / 5-E / 6-E / 7-D / 8-A / 9-D
05. Numere as palavras da primeira coluna conforme os pro-
/ 10-E /
cessos de formação numerados à direita. Em seguida, marque a
alternativa que corresponde à sequência numérica encontrada:
( ) aguardente 1) justaposição
( ) casamento 2) aglutinação
( ) portuário 3) parassíntese
( ) pontapé 4) derivação sufixal
( ) os contras 5) derivação imprópria
( ) submarino 6) derivação prefixal
( ) hipótese
a) 1, 4, 3, 2, 5, 6, 1
b) 4, 1, 4, 1, 5, 3, 6
c) 1, 4, 4, 1, 5, 6, 6
d) 2, 3, 4, 1, 5, 3, 6
e) 2, 4, 4, 1, 5, 3, 6
Didatismo e Conhecimento 27
LÍNGUA PORTUGUESA
Seguem esta regra os pronomes adjetivos: A sua idade, sexo e
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA E DE profissão.; Seus planos e tentativas.; Aqueles vícios e ambições.;
REGÊNCIA. Por que tanto ódio e perversidade?; “Seu Príncipe e filhos”. Mui-
tas vezes é facultativa a escolha desta ou daquela concordância,
mas em todos os casos deve subordinar-se às exigências da eufo-
nia, da clareza e do bom gosto.
Concordância
- Quando dois ou mais adjetivos se referem ao mesmo subs-
A concordância consiste no mecanismo que leva as palavras tantivo determinado pelo artigo, ocorrem dois tipos de constru-
a adequarem-se umas às outras harmonicamente na construção ção, um e outro legítimos. Exemplos:
frasal. É o princípio sintático segundo o qual as palavras depen- Estudo as línguas inglesa e francesa.
dentes se harmonizam, nas suas flexões, com as palavras de que Estudo a língua inglesa e a francesa.
dependem. Os dedos indicador e médio estavam feridos.
“Concordar” significa “estar de acordo com”. Assim, na con- O dedo indicador e o médio estavam feridos.
cordância, tanto nominal quanto verbal, os elementos que com-
põem a frase devem estar em consonância uns com os outros. - Os adjetivos regidos da preposição de, que se referem a
Essa concordância poderá ser feita de duas formas: grama- pronomes neutros indefinidos (nada, muito, algo, tanto, que,
tical ou lógica (segue os padrões gramaticais vigentes); atrativa etc.), normalmente ficam no masculino singular:
ou ideológica (dá ênfase a apenas um dos vários elementos, com Sua vida nada tem de misterioso.
valor estilístico). Seus olhos têm algo de sedutor.
Todavia, por atração, podem esses adjetivos concordar com o
Concordância Nominal: adequação entre o substantivo e os substantivo (ou pronome) sujeito:
elementos que a ele se referem (artigo, pronome, adjetivo). “Elas nada tinham de ingênuas.” (José Gualda Dantas)
Concordância Verbal: variação do verbo, conformando-se ao
número e à pessoa do sujeito. Concordância do adjetivo predicativo com o sujeito: a con-
cordância do adjetivo predicativo com o sujeito realiza-se con-
Concordância Nominal soante as seguintes normas:
Concordância do adjetivo adjunto adnominal: a concordân- - O predicativo concorda em gênero e número com o sujeito
cia do adjetivo, com a função de adjunto adnominal, efetua-se de simples:
acordo com as seguintes regras gerais: A ciência sem consciência é desastrosa.
O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo Os campos estavam floridos, as colheitas seriam fartas.
a que se refere. Exemplo: O alto ipê cobre-se de flores amarelas. É proibida a caça nesta reserva.
O adjetivo que se refere a mais de um substantivo de gênero - Quando o sujeito é composto e constituído por substantivos
ou número diferentes, quando posposto, poderá concordar no mas- do mesmo gênero, o predicativo deve concordar no plural e no
culino plural (concordância mais aconselhada), ou com o substan-
gênero deles:
tivo mais próximo. Exemplo:
O mar e o céu estavam serenos.
- No masculino plural:
A ciência e a virtude são necessárias.
“Tinha as espáduas e o colo feitos de encomenda para os ves-
“Torvos e ferozes eram o gesto e os meneios destes homens
tidos decotados.” (Machado de Assis)
sem disciplina,” (Alexandre Herculano)
“Os arreios e as bagagens espalhados no chão, em roda.”
(Herman Lima)
“Ainda assim, apareci com o rosto e as mãos muito marca- - Sendo o sujeito composto e constituído por substantivos de
dos.” (Carlos Povina Cavalcânti) gêneros diversos, o predicativo concordará no masculino plural:
“...grande número de camareiros e camareiras nativos.” (Éri- O vale e a montanha são frescos.
co Veríssimo) “O céu e as árvores ficariam assombrados.” (Machado de
Assis)
- Com o substantivo mais próximo: Longos eram os dias e as noites para o prisioneiro.
A Marinha e o Exército brasileiro estavam alerta. “O César e a irmã são louros.” (Antônio Olinto)
Músicos e bailarinas ciganas animavam a festa.
“...toda ela (a casa) cheirando ainda a cal, a tinta e a barro - Se o sujeito for representado por um pronome de tratamen-
fresco.” (Humberto de Campos) to, a concordância se efetua com o sexo da pessoa a quem nos
“Meu primo estava saudoso dos tempos da infância e falava referimos:
dos irmãos e irmãs falecidas.” (Luís Henrique Tavares) Vossa Senhoria ficará satisfeito, eu lhe garanto.
- Anteposto aos substantivos, o adjetivo concorda, em geral, “Vossa Excelência está enganado, Doutor Juiz.” (Ariano
com o mais próximo: Suassuna)
“Escolhestes mau lugar e hora...” (Alexandre Herculano) Vossas Excelências, senhores Ministros, são merecedores de
“...acerca do possível ladrão ou ladrões.” (Antônio Calado) nossa confiança.
Velhas revistas e livros enchiam as prateleiras. Vossa Alteza foi bondoso. (com referência a um príncipe)
Velhos livros e revistas enchiam as prateleiras.
Didatismo e Conhecimento 28
LÍNGUA PORTUGUESA
O predicativo aparece às vezes na forma do masculino singu- Foi escolhida a rainha da festa.
lar nas estereotipadas locuções é bom, é necessário, é preciso, etc., Foi feita a entrega dos convites.
embora o sujeito seja substantivo feminino ou plural: Os jogadores tinham sido convocados.
Bebida alcoólica não é bom para o fígado. O governo avisa que não serão permitidas invasões de pro-
“Água de melissa é muito bom.” (Machado de Assis) priedades.
“É preciso cautela com semelhantes doutrinas.” (Camilo Cas-
telo Branco) Quando o núcleo do sujeito é, como no último exemplo, um
“Hormônios, às refeições, não é mau.” (Aníbal Machado) coletivo numérico, pode-se, em geral, efetuar a concordância com
o substantivo que o acompanha: Centenas de rapazes foram vis-
Observe-se que em tais casos o sujeito não vem determinado tos pedalando nas ruas; Dezenas de soldados foram feridos em
pelo artigo e a concordância se faz não com a forma gramatical da combate.
palavra, mas com o fato que se tem em mente: Referindo-se a dois ou mais substantivos de gênero diferen-
Tomar hormônios às refeições não é mau. tes, o particípio concordará no masculino plural: Atingidos por
É necessário ter muita fé. mísseis, a corveta e o navio foram a pique; “Mas achei natural que
o clube e suas ilusões fossem leiloados.” (Carlos Drummond de
Havendo determinação do sujeito, ou sendo preciso realçar o Andrade)
predicativo, efetua-se a concordância normalmente:
É necessária a tua presença aqui. (= indispensável) Concordância do pronome com o nome:
“Se eram necessárias obras, que se fizessem e largamente.”
(Eça de Queirós) - O pronome, quando se flexiona, concorda em gênero e nú-
“Seriam precisos outros três homens.” (Aníbal Machado) mero com o substantivo a que se refere:
“São precisos também os nomes dos admiradores.” (Carlos “Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e
de Laet) deitou-o no jazido de sua esposa”. (José de Alencar)
“O velho abriu as pálpebras e cerrou-as logo.” (José de Alen-
Concordância do predicativo com o objeto: A concordância car)
do adjetivo predicativo com o objeto direto ou indireto subordina-
-se às seguintes regras gerais: - O pronome que se refere a dois ou mais substantivos de gê-
neros diferentes, flexiona-se no masculino plural:
- O adjetivo concorda em gênero e número com o objeto “Salas e coração habita-os a saudade”” (Alberto de Oliveira)
quando este é simples: “A generosidade, o esforço e o amor, ensinaste-os tu em toda
Vi ancorados na baía os navios petrolíferos. a sua sublimidade.” (Alexandre Herculano)
“Olhou para suas terras e viu-as incultas e maninhas.” (Car- Conheci naquela escola ótimos rapazes e moças, com os quais
los de Laet) fiz boas amizades.
O tribunal qualificou de ilegais as nomeações do ex-prefeito. “Referi-me à catedral de Notre-Dame e ao Vesúvio familiar-
A noite torna visíveis os astros no céu límpido. mente, como se os tivesse visto.” (Graciliano Ramos)
- Quando o objeto é composto e constituído por elementos Os substantivos sendo sinônimos, o pronome concorda com
do mesmo gênero, o adjetivo se flexiona no plural e no gênero o mais próximo: “Ó mortais, que cegueira e desatino é o nosso!”
dos elementos: (Manuel Bernardes)
A justiça declarou criminosos o empresário e seus auxiliares.
Deixe bem fechadas a porta e as janelas. - Os pronomes um... outro, quando se referem a substantivos
de gênero diferentes, concordam no masculino:
- Sendo o objeto composto e formado de elementos de gênero Marido e mulher viviam em boa harmonia e ajudavam-se um
diversos, o adjetivo predicativo concordará no masculino plural: ao outro.
Tomei emprestados a régua e o compasso. “Repousavam bem perto um do outro a matéria e o espíri-
Achei muito simpáticos o príncipe e sua filha. to.” (Alexandre Herculano)
“Vi setas e carcás espedaçados”. (Gonçalves Dias) Nito e Sônia casaram cedo: um por amor, o outro, por interesse.
Encontrei jogados no chão o álbum e as cartas.
A locução um e outro, referida a indivíduos de sexos diferen-
- Se anteposto ao objeto, poderá o predicativo, neste caso, tes, permanece também no masculino: “A mulher do colchoeiro
concordar com o núcleo mais próximo: escovou-lhe o chapéu; e, quando ele [Rubião] saiu, um e outro
É preciso que se mantenham limpas as ruas e os jardins. agradeceram-lhe muito o benefício da salvação do filho.” (Macha-
Segue as mesmas regras o predicativo expresso pelos subs- do de Assis)
tantivos variáveis em gênero e número: Temiam que as tomassem
por malfeitoras; Considero autores do crime o comerciante e sua O substantivo que se segue às locuções um e outro e nem ou-
empregada. tro fica no singular. Exemplos: Um e outro livro me agradaram;
Nem um nem outro livro me agradaram.
Concordância do particípio passivo: Na voz passiva, o par-
ticípio concorda em gênero e número com o sujeito, como os ad- Outros casos de concordância nominal: Registramos aqui
jetivos: alguns casos especiais de concordância nominal:
Didatismo e Conhecimento 29
LÍNGUA PORTUGUESA
- Anexo, incluso, leso. Como adjetivos, concordam com o “Elas moram junto há algum tempo.” (José Gualda Dantas)
substantivo em gênero e número: “Foram direto ao galpão do engenheiro-chefe.” (Josué Gui-
Anexa à presente, vai a relação das mercadorias. marães)
Vão anexos os pareceres das comissões técnicas.
Remeto-lhe, anexas, duas cópias do contrato. - Todo. No sentido de inteiramente, completamente, costuma-
Remeto-lhe, inclusa, uma fotocópia do recibo. -se flexionar, embora seja advérbio:
Os crimes de lesa-majestade eram punidos com a morte. Esses índios andam todos nus.
Ajudar esses espiões seria crime de lesa-pátria. Geou durante a noite e a planície ficou toda (ou todo) branca.
As meninas iam todas de branco.
Observação: Evite a locução espúria em anexo. A casinha ficava sob duas mangueiras, que a cobriam toda.
- A olhos vistos. Locução adverbial invariável. Significa visi- Mas admite-se também a forma invariável:
velmente. Fiquei com os cabelos todo sujos de terá.
“Lúcia emagrecia a olhos vistos”. (Coelho Neto) Suas mãos estavam todo ensangüentadas.
“Zito envelhecia a olhos vistos.” (Autren Dourado)
- Alerta. Pela sua origem, alerta (=atentamente, de prontidão,
em estado de vigilância) é advérbio e, portanto, invariável:
- Só. Como adjetivo, só [sozinho, único] concorda em número
Estamos alerta.
com o substantivo. Como palavra denotativa de limitação, equiva- Os soldados ficaram alerta.
lente de apenas, somente, é invariável. “Todos os sentidos alerta funcionam.” (Carlos Drummond de
Eles estavam sós, na sala iluminada. Andrade)
Esses dois livros, por si sós, bastariam para torná-los célebre. “Os brasileiros não podem deixar de estar sempre alerta.”
Elas só passeiam de carro. (Martins de Aguiar)
Só eles estavam na sala.
Contudo, esta palavra é, atualmente, sentida antes como adje-
Forma a locução a sós [=sem mais companhia, sozinho]: Es- tivo, sendo, por isso, flexionada no plural:
távamos a sós. Jesus despediu a multidão e subiu ao monte para Nossos chefes estão alertas. (=vigilantes)
orar a sós. Papa diz aos cristãos que se mantenham alertas.
“Uma sentinela de guarda, olhos abertos e sentidos alertas, es-
- Possível. Usado em expressões superlativas, este adjetivo perando pelo desconhecido...” (Assis Brasil, Os Crocodilos, p. 25)
ora aparece invariável, ora flexionado:
“A volta, esperava-nos sempre o almoço com os pratos mais - Meio. Usada como advérbio, no sentido de um pouco, esta
requintados possível.” (Maria Helena Cardoso) palavra é invariável. Exemplos:
“Estas frutas são as mais saborosas possível.” (Carlos Góis) A porta estava meio aberta.
“A mania de Alice era colecionar os enfeites de louça mais As meninas ficaram meio nervosas.
grotescos possíveis.” (ledo Ivo) Os sapatos eram meio velhos, mas serviam.
“... e o resultado obtido foi uma apresentação com movimen-
tos os mais espontâneos possíveis.” (Ronaldo Miranda) - Bastante. Varia quando adjetivo, sinônimo de suficiente:
Não havia provas bastantes para condenar o réu.
Como se vê dos exemplos citados, há nítida tendência, no Duas malas não eram bastantes para as roupas da atriz.
português de hoje, para se usar, neste caso, o adjetivo possível no
plural. O singular é de rigor quando a expressão superlativa inicia Fica invariável quando advérbio, caso em que modifica um
adjetivo:
com a partícula o (o mais, o menos, o maior, o menor, etc.)
As cordas eram bastante fortes para sustentar o peso.
Os prédios devem ficar o mais afastados possível.
Os emissários voltaram bastante otimistas.
Ele trazia sempre as unhas o mais bem aparadas possível.
“Levi está inquieto com a economia do Brasil. Vê que se apro-
O médico atendeu o maior número de pacientes possível. ximam dias bastante escuros.” (Austregésilo de Ataíde)
- Adjetivos adverbiados. Certos adjetivos, como sério, claro, - Menos. É palavra invariável:
caro, barato, alto, raro, etc., quando usados com a função de advér- Gaste menos água.
bios terminados em – mente, ficam invariáveis: À noite, há menos pessoas na praça.
Vamos falar sério. [sério = seriamente]
Penso que falei bem claro, disse a secretária. Exercícios
Esses produtos passam a custar mais caro. [ou mais barato]
Estas aves voam alto. [ou baixo] 01. Assinale a frase que encerra um erro de concordância no-
minal:
Junto e direto ora funcionam como adjetivos, ora como ad- a) Estavam abandonadas a casa, o templo e a vila.
vérbios: b) Ela chegou com o rosto e as mãos feridas.
“Jorge e Dante saltaram juntos do carro.” (José Louzeiro) c) Decorrido um ano e alguns meses, lá voltamos.
“Era como se tivessem estado juntos na véspera.” (Autram d) Decorridos um ano e alguns meses, lá voltamos.
Dourado). e) Ela comprou dois vestidos cinza.
Didatismo e Conhecimento 30
LÍNGUA PORTUGUESA
02. Enumere a segunda coluna pela primeira (adjetivo pos- 08. Assinale a alternativa em que, pluralizando-se a frase, as
posto): palavras destacadas permanecem invariáveis:
(1) velhos a) Este é o meio mais exato para você resolver o problema:
(2) velhas estude só.
( ) camisa e calça. b) Meia palavra, meio tom - índice de sua sensatez.
( ) chapéu e calça. c) Estava só naquela ocasião; acreditei, pois em sua meia pro-
( ) calça e chapéu. messa.
( ) chapéu e paletó. d) Passei muito inverno só.
( ) chapéu e camisa. e) Só estudei o elementar, o que me deixa meio apreensivo.
07. A frase em que a concordância nominal está correta é: - O sujeito é simples: O sujeito sendo simples, com ele con-
a) A vasta plantação e a casa grande caiados há pouco tempo cordará o verbo em número e pessoa. Exemplos:
era o melhor sinal de prosperidade da família.
b) Eles, com ar entristecidos, dirigiram-se ao salão onde se Verbo depois do sujeito:
encontravam as vítimas do acidente. “As saúvas eram uma praga.” (Carlos Povina Cavalcânti)
c) Não lhe pareciam útil aquelas plantas esquisitas que ele cul- “Tu não és inimiga dele, não? (Camilo Castelo Branco)
tivava na sua pacata e linda chácara do interior. “Vós fostes chamados à liberdade, irmãos.” (São Paulo)
d) Quando foi encontrado, ele apresentava feridos a perna e o
braço direitos, mas estava totalmente lúcido. Verbo antes do sujeito:
e) Esses livro e caderno não são meus, mas poderão ser impor- Acontecem tantas desgraças neste planeta!
tante para a pesquisa que estou fazendo. Não faltarão pessoas que nos queiram ajudar.
A quem pertencem essas terras?
Didatismo e Conhecimento 31
LÍNGUA PORTUGUESA
- O sujeito é composto e da 3ª pessoa - Núcleos do sujeito unidos por ou
O sujeito, sendo composto e anteposto ao verbo, leva geral- Há duas situações a considerar:
mente este para o plural. Exemplos:
“A esposa e o amigo seguem sua marcha.” (José de Alencar) - Se a conjunção ou indicar exclusão ou retificação, o verbo
“Poti e seus guerreiros o acompanharam.” (José de Alencar) concordará com o núcleo do sujeito mais próximo:
“Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de uma Paulo ou Antônio será o presidente.
fonte perene.” (Machado de Assis) O ladrão ou os ladrões não deixaram nenhum vestígio.
Ainda não foi encontrado o autor ou os autores do crime.
É licito (mas não obrigatório) deixar o verbo no singular: - O verbo irá para o plural se a idéia por ele expressa se refe-
- Quando o núcleo dos sujeitos são sinônimos: rir ou puder ser atribuída a todos os núcleos do sujeito:
“A decência e honestidade ainda reinava.” (Mário Barreto) “Era tão pequena a cidade, que um grito ou gargalhada forte
“A coragem e afoiteza com que lhe respondi, perturbou-o...” a atravessavam de ponta a ponta.” (Aníbal Machado) (Tanto um
(Camilo Castelo Branco) grito como uma gargalhada atravessavam a cidade.)
“Que barulho, que revolução será capaz de perturbar esta se- “Naquela crise, só Deus ou Nossa Senhora podiam acudir-
renidade?” (Graciliano Ramos) -lhe.” (Camilo Castelo Branco)
- Quando os núcleos do sujeito formam sequência gradativa:
Uma ânsia, uma aflição, uma angústia repentina começou a Há, no entanto, em bons autores, ocorrência de verbo no sin-
me apertar à alma. gular:
“A glória ou a vergonha da estirpe provinha de atos indivi-
Sendo o sujeito composto e posposto ao verbo, este poderá duais.” (Vivaldo Coaraci)
concordar no plural ou com o substantivo mais próximo: “Há dessas reminiscências que não descansam antes que a
“Não fossem o rádio de pilha e as revistas, que seria de Eli- pena ou a língua as publique.” (Machado de Assis)
sa?” (Jorge Amado) “Um príncipe ou uma princesa não casa sem um vultoso
“Enquanto ele não vinha, apareceram um jornal e uma vela.” dote.” (Viriato Correia)
(Ricardo Ramos)
“Ali estavam o rio e as suas lavadeiras.” (Carlos Povina Ca- - Núcleos do sujeito unidos pela preposição com: Usa-se
valcânti) mais frequentemente o verbo no plural quando se atribui a mesma
... casa abençoada onde paravam Deus e o primeiro dos seus importância, no processo verbal, aos elementos do sujeito unidos
ministros.” (Carlos de Laet) pela preposição com. Exemplos:
Aconselhamos, nesse caso, usar o verbo no plural. Manuel com seu compadre construíram o barracão.
“Eu com outros romeiros vínhamos de Vigo...” (Camilo Cas-
- O sujeito é composto e de pessoas diferentes telo Branco)
“Ele com mais dois acercaram-se da porta.” (Camilo Castelo
Se o sujeito composto for de pessoas diversas, o verbo se fle- Branco)
xiona no plural e na pessoa que tiver prevalência. (A 1ª pessoa
prevalece sobre a 2ª e a 3ª; a 2ª prevale sobre a 3ª): Pode se usar o verbo no singular quando se deseja dar relevân-
“Foi o que fizemos Capitu e eu.” (Machado de Assis) (ela e cia ao primeiro elemento do sujeito e também quando o verbo vier
eu = nós) antes deste. Exemplos:
“Tu e ele partireis juntos.” (Mário Barreto) (tu e ele = vós) O bispo, com dois sacerdotes, iniciou solenemente a missa.
Você e meu irmão não me compreendem. (você e ele = vocês) O presidente, com sua comitiva, chegou a Paris às 5h da tarde.
“Já num sublime e público teatro se assenta o rei inglês com
Muitas vezes os escritores quebram a rigidez dessa regra: toda a corte.” (Luís de Camarões)
- Ora fazendo concordar o verbo com o sujeito mais próximo, - Núcleos do sujeito unidos por nem: Quando o sujeito é for-
quando este se pospõe ao verbo: mado por núcleos no singular unidos pela conjunção nem, usa-se,
“O que resta da felicidade passada és tu e eles.” (Camilo Cas- comumente, o verbo no plural. Exemplos:
telo Branco) Nem a riqueza nem o poder o livraram de seus inimigos.
“Faze uma arca de madeira; entra nela tu, tua mulher e teus Nem eu nem ele o convidamos.
filhos.” (Machado de Assis) “Nem o mundo, nem Deus teriam força para me constranger
- Ora preferindo a 3ª pessoa na concorrência tu + ele (tu + a tanto.” (Alexandre Herculano)
ele = vocês em vez de tu + ele = vós): “Nem a Bíblia nem a respeitabilidade lhe permitem praguejar
“...Deus e tu são testemunhas...” (Almeida Garrett) alto.” (Eça de Queirós)
“Juro que tu e tua mulher me pagam.” (Coelho Neto) É preferível a concordância no singular:
As normas que a seguir traçamos têm, muitas vezes, valor re- - Quando o verbo precede o sujeito:
lativo, porquanto a escolha desta ou daquela concordância depen- “Não lhe valeu a imensidade azul, nem a alegria das flores,
de, freqüentemente, do contexto, da situação e do clima emocional nem a pompa das folhas verdes...” (Machado de Assis)
que envolvem o falante ou o escrevente. Não o convidei eu nem minha esposa.
Didatismo e Conhecimento 32
LÍNGUA PORTUGUESA
“Na fazenda, atualmente, não se recusa trabalho, nem dinhei- - Sujeito Coletivo: O verbo concorda no singular com o sujei-
ro, nem nada a ninguém.” (Guimarães Rosa) to coletivo no singular. Exemplos:
A multidão vociferava ameaças.
- Quando há exclusão, isto é, quando o fato só pode ser atri- O exército dos aliados desembarcou no sul da Itália.
buído a um dos elementos do sujeito: Uma junta de bois tirou o automóvel do atoleiro.
Nem Berlim nem Moscou sediará a próxima Olimpíada. (Só Um bloco de foliões animava o centro da cidade.
uma cidade pode sediar a Olimpíada.)
Nem Paulo nem João será eleito governador do Acre. (Só um Se o coletivo vier seguido de substantivo plural que o espe-
candidato pode ser eleito governador.) cifique e anteceder ao verbo, este poderá ir para o plural, quando
se quer salientar não a ação do conjunto, mas a dos indivíduos,
- Núcleos do sujeito correlacionados: O verbo vai para o efetuando-se uma concordância não gramatical, mas ideológica:
plural quando os elementos do sujeito composto estão ligados por “Uma grande multidão de crianças, de velhos, de mulheres
uma das expressões correlativas não só... mas também, não só penetraram na caverna...” (Alexandre Herculano)
como também, tanto...como, etc. Exemplos: “Uma grande vara de porcos que se afogaram de escantilhão
Não só a nação mas também o príncipe estariam pobres.” no mar...” (Camilo Castelo Branco)
(Alexandre Herculano) “Reconheceu que era um par de besouros que zumbiam no
“Tanto a Igreja como o Estado eram até certo ponto inocen- ar.” (Machado de Assis)
tes.” (Alexandre Herculano) “Havia na União um grupo de meninos que praticavam esse
“Tanto Noêmia como Reinaldo só mantinham relações de divertimento com uma pertinácia admirável.” (Carlos Povina Ca-
amizade com um grupo muito reduzido de pessoas.” (José Condé) valcânti)
“Tanto a lavoura como a indústria da criação de gado não o
demovem do seu objetivo.” (Cassiano Ricardo) - A maior parte de, grande número de, etc: Sendo o sujei-
to uma das expressões quantitativas a maior parte de, parte de,
- Sujeitos resumidos por tudo, nada, ninguém: Quando o su- a maioria de, grande número de, etc., seguida de substantivo ou
jeito composto vem resumido por um dos pronomes, tudo, nada,
pronome no plural, o verbo, quando posposto ao sujeito, pode ir
ninguém, etc. o verbo concorda, no singular, com o pronome re-
para o singular ou para o plural, conforme se queira efetuar uma
sumidor. Exemplos:
concordância estritamente gramatical (com o coletivo singular) ou
Jogos, espetáculos, viagens, diversões, nada pôde satisfazê-lo.
uma concordância enfática, expressiva, com a idéia de pluralidade
“O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperioso, es-
sugerida pelo sujeito. Exemplos:
touvado, tudo isso me levou a fazer uma coisa única.” (Machado
A maior parte dos indígenas respeitavam os pajés.” (Gilberto
de Assis)
Jogadores, árbitro, assistentes, ninguém saiu do campo. Freire)
“A maior parte dos doidos ali metidos estão em seu perfeito
- Núcleos do sujeito designando a mesma pessoa ou coisa: O juízo.” (Machado de Assis)
verbo concorda no singular quando os núcleos do sujeito designam “A maior parte das pessoas pedem uma sopa, um prato de
a mesma pessoa ou o mesmo ser. Exemplos: carne e um prato de legumes.” (Ramalho Ortigão)
“Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o João- “A maior parte dos nomes podem ser empregados em sentido
-ninguém, agora é cédula de Cr$ 500,00!” (Carlos Drummond definido ou em sentido indefinido.” (Mário Barreto)
Andrade)
“Embora sabendo que tudo vai continuar como está, fica o Quando o verbo precede o sujeito, como nos dois últimos
registro, o protesto, em nome dos telespectadores.” (Valério An- exemplos, a concordância se efetua no singular. Como se vê dos
drade) exemplos supracitados, as duas concordâncias são igualmente legí-
Advogado e membro da instituição afirma que ela é corrupta. timas, porque têm tradição na língua. Cabe a quem fala ou escreve
escolher a que julgar mais adequada à situação. Pode-se, portanto,
- Núcleos do sujeito são infinitivos: O verbo concordará no no caso em foco, usar o verbo no plural, efetuando a concordância
plural se os infinitivos forem determinados pelo artigo ou expri- não com a forma gramatical das palavras, mas com a ideia de plu-
mirem idéias opostas; caso contrário, tanto é lícito usar o verbo no ralidade que elas encerram e sugerem à nossa mente. Essa concor-
singular como no plural. Exemplos: dância ideológica é bem mais expressiva que a gramatical, como
O comer e o beber são necessários. se pode perceber relendo as frases citadas de Machado de Assis,
Rir e chorar fazem parte da vida Ramalho Ortigão, Ondina Ferreira e Aurélio Buarque de Holanda,
Montar brinquedos e desmontá-los divertiam muito o menino. e cotejando-as com as dos autores que usaram o verbo no singular.
“Já tinha ouvido que plantar e colher feijão não dava traba-
lho.” (Carlos Povina Cavalcânti) (ou davam) - Um e outro, nem um nem outro: O sujeito sendo uma dessas
expressões, o verbo concorda, de preferência, no plural. Exemplos:
- Sujeito oracional: Concorda no singular o verbo cujo sujeito “Um e outro gênero se destinavam ao conhecimento...” (Her-
é uma oração: nâni Cidade)
Ainda falta / comprar os cartões. “Um e outro descendiam de velhas famílias do Norte.” (Ma-
Predicado Sujeito Oracional chado de Assis)
Uma e outra família tinham (ou tinha) parentes no Rio.
Estas são realidades que não adianta esconder. “Depois nem um nem outro acharam novo motivo para diá-
Sujeito de adianta: esconder que (as realidades) logo.” (Fernando Namora)
Didatismo e Conhecimento 33
LÍNGUA PORTUGUESA
- Um ou outro: O verbo concorda no singular com o sujeito Um dos meninos, que estava sentado à porta da casa, foi cha-
um ou outro: mar o pai. (Só um menino estava sentado.)
“Respondi-lhe que um ou outro colar lhe ficava bem.” (Ma- Um dos cinco homens, que assistiam àquela cena estupefatos,
chado de Assis) soltou um grito de protesto. (Todos os cinco homens assistiam à
“Uma ou outra pode dar lugar a dissentimentos.” (Machado cena.)
de Assis)
“Sempre tem um ou outro que vai dando um vintém.” (Raquel - Mais de um: O verbo concorda, em regra, no singular. O plu-
de Queirós) ral será de rigor se o verbo exprimir reciprocidade, ou se o numeral
for superior a um. Exemplos:
- Um dos que, uma das que: Quando, em orações adjetivas Mais de um excursionista já perdeu a vida nesta montanha.
restritivas, o pronome que vem antecedido de um dos ou expres- Mais de um dos circunstantes se entreolharam com espanto.
são análoga, o verbo da oração adjetiva flexiona-se, em regra, no Devem ter fugido mais de vinte presos.
plural:
“O príncipe foi um dos que despertaram mais cedo.” (Ale- - Quais de vós? Alguns de nós: Sendo o sujeito um dos prono-
xandre Herculano) mes interrogativos quais? quantos? Ou um dos indefinidos alguns,
“A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de muitos, poucos, etc., seguidos dos pronomes nós ou vós, o verbo
nós.” (Machado de Assis) concordará, por atração, com estes últimos, ou, o que é mais lógi-
“Areteu da Capadócia era um dos muitos médicos gregos que co, na 3ª pessoa do plural:
viviam em Roma.” (Moacyr Scliar) “Quantos dentre nós a conhecemos?” (Rogério César Cer-
Ele é desses charlatães que exploram a crendice humana. queira)
“Quais de vós sois, como eu, desterrados...?” (Alexandre Her-
Essa é a concordância lógica, geralmente preferida pelos es- culano)
critores modernos. Todavia, não é prática condenável fugir ao rigor “...quantos dentre vós estudam conscienciosamente o passa-
da lógica gramatical e usar o verbo da oração adjetiva no singular do?” (José de Alencar)
(fazendo-o concordar com a palavra um), quando se deseja desta- Alguns de nós vieram (ou viemos) de longe.
car o indivíduo do grupo, dando-se a entender que ele sobressaiu
ou sobressai aos demais: Estando o pronome no singular, no singular (3ª pessoa) ficará
Ele é um desses parasitas que vive à custa dos outros. o verbo:
“Foi um dos poucos do seu tempo que reconheceu a originali- Qual de vós testemunhou o fato?
dade e importância da literatura brasileira.” (João Ribeiro) Nenhuma de nós a conhece.
Nenhum de vós a viu?
Há gramáticas que condenam tal concordância. Por coerência, Qual de nós falará primeiro?
deveriam condenar também a comumente aceita em construções
anormais do tipo: Quais de vós sois isentos de culpa? Quantos de - Pronomes quem, que, como sujeitos: O verbo concordará,
nós somos completamente felizes? O verbo fica obrigatoriamente em regra, na 3ª pessoa, com os pronomes quem e que, em frases
no singular quando se aplica apenas ao indivíduo de que se fala, como estas:
como no exemplo: Sou eu quem responde pelos meus atos.
Jairo é um dos meus empregados que não sabe ler. (Jairo é o Somos nós quem leva o prejuízo.
único empregado que não sabe ler.) Eram elas quem fazia a limpeza da casa.
“Eras tu quem tinha o dom de encantar-me.” (Osmã Lins)
Ressalte-se porém, que nesse caso é preferível construir a fra-
se de outro modo: Todavia, a linguagem enfática justifica a concordância com o
Jairo é um empregado meu que não sabe ler. sujeito da oração principal:
Dos meus empregados, só Jairo não sabe ler. “Sou eu quem prendo aos céus a terra.” (Gonçalves Dias)
“Não sou eu quem faço a perspectiva encolhida.” (Ricardo
Na linguagem culta formal, ao empregar as expressões em Ramos)
foco, o mais acertado é usar no plural o verbo da oração adjetiva: “És tu quem dás frescor à mansa brisa.” (Gonçalves Dias)
O Japão é um dos países que mais investem em tecnologia. “Nós somos os galegos que levamos a barrica.” (Camilo Cas-
Gandhi foi um dos que mais lutaram pela paz. telo Branco)
O sertão cearense é uma das áreas que mais sofrem com as
secas. A concordância do verbo precedido do pronome relativo que
Heráclito foi um dos empresários que conseguiram superar far-se-á obrigatoriamente com o sujeito do verbo (ser) da oração
a crise. principal, em frases do tipo:
Sou eu que pago.
Embora o caso seja diferente, é oportuno lembrar que, nas ora- És tu que vens conosco?
ções adjetivas explicativas, nas quais o pronome que é separado de Somos nós que cozinhamos.
seu antecedente por pausa e vírgula, a concordância é determinada Eram eles que mais reclamavam.
pelo sentido da frase:
Didatismo e Conhecimento 34
LÍNGUA PORTUGUESA
Em construções desse tipo, é lícito considerar o verbo ser e a “Vendia-se seiscentos convites e aquilo ficava cheio.” (Ricar-
palavra que como elementos expletivos ou enfatizantes, portanto do Ramos)
não necessários ao enunciado. Assim: “Em Paris há coisas que não se entende bem.” (Rubem Braga)
Sou eu que pago. (=Eu pago)
Somos nós que cozinhamos. (=Nós cozinhamos) Nas locuções verbais formadas com os verbos auxiliares po-
Foram os bombeiros que a salvaram. (= Os bombeiros a sal- der e dever, na voz passiva sintética, o verbo auxiliar concordará
varam.) com o sujeito. Exemplos:
Seja qual for a interpretação, o importante é saber que, neste Não se podem cortar essas árvores. (sujeito: árvores; locução
caso, tanto o verbo ser como o outro devem concordar com o pro- verbal: podem cortar)
nome ou substantivo que precede a palavra que. Devem-se ler bons livros. (=Devem ser lidos bons livros) (su-
jeito: livros; locução verbal: devem-se ler)
- Concordância com os pronomes de tratamento: Os prono- “Nem de outra forma se poderiam imaginar façanhas me-
mes de tratamento exigem o verbo na 3ª pessoa, embora se refira à moráveis como a do fabuloso Aleixo Garcia.” (Sérgio Buarque de
2ª pessoa do discurso: Holanda)
Vossa Excelência agiu com moderação. “Em Santarém há poucas casas particulares que se possam
Vossas Excelências não ficarão surdos à voz do povo. dizer verdadeiramente antigas.” (Almeida Garrett)
“Espero que V.Sª. não me faça mal.” (Camilo Castelo Branco)
“Vossa Majestade não pode consentir que os touros lhe matem Entretanto, pode-se considerar sujeito do verbo principal a
o tempo e os vassalos.” (Rebelo da Silva) oração iniciada pelo infinitivo e, nesse caso, não há locução verbal
e o verbo auxiliar concordará no singular. Assim:
- Concordância com certos substantivos próprios no plural: Não se pode cortar essas árvores. (sujeito: cortar essas árvo-
Certos substantivos próprios de forma plural, como Estados Uni- res; predicado: não se pode)
dos, Andes, Campinas, Lusíadas, etc., levam o verbo para o plural Deve-se ler bons livros. (sujeito: ler bons livros; predicado:
quando se usam com o artigo; caso contrário, o verbo concorda no deve-se)
singular.
“Os Estados Unidos são o país mais rico do mundo.” (Eduar- Em síntese: de acordo com a interpretação que se escolher,
do Prado) tanto é lícito usar o verbo auxiliar no singular como no plural.
Os Andes se estendem da Venezuela à Terra do Fogo. Portanto:
“Os Lusíadas” imortalizaram Luís de Camões. Não se podem (ou pode) cortar essas árvores.
Campinas orgulha-se de ter sido o berço de Carlos Gomes. Devem-se (ou deve-se) ler bons livros.
Tratando-se de títulos de obras, é comum deixar o verbo no “Quando se joga, deve-se aceitar as regras.” (Ledo Ivo)
singular, sobretudo com o verbo ser seguido de predicativo no sin- “Concluo que não se devem abolir as loterias.” (Machado de
gular: Assis)
“As Férias de El-Rei é o título da novela.” (Rebelo da Silva)
“As Valkírias mostra claramente o homem que existe por de- - Verbos impessoais: Os verbos haver, fazer (na indicação do
trás do mago.” (Paulo Coelho) tempo), passar de (na indicação de horas), chover e outros que
“Os Sertões é um ensaio sociológico e histórico...” (Celso exprimem fenômenos meteorológicos, quando usados como im-
Luft) pessoais, ficam na 3ª pessoa do singular:
“Não havia ali vizinhos naquele deserto.” (Monteiro Lobato)
A concordância, neste caso, não é gramatical, mas ideológica, “Havia já dois anos que nos não víamos.” (Machado de Assis)
porque se efetua não com a palavra (Valkírias, Sertões, Férias de “Aqui faz verões terríveis.” (Camilo Castelo Branco)
El-Rei), mas com a ideia por ela sugerida (obra ou livro). Ressalte- “Faz hoje ao certo dois meses que morreu na forca o tal mal-
-se, porém, que é também correto usar o verbo no plural: vado...” (Camilo Castelo Branco)
As Valkírias mostram claramente o homem...
“Os Sertões são um livro de ciência e de paixão, de análise e Observações:
de protesto.” (Alfredo Bosi)
- Também fica invariável na 3ª pessoa do singular o verbo que
- Concordância do verbo passivo: Quando apassivado pelo forma locução com os verbos impessoais haver ou fazer:
pronome apassivador se, o verbo concordará normalmente com o Deverá haver cinco anos que ocorreu o incêndio.
sujeito: Vai haver grandes festas.
Vende-se a casa e compram-se dois apartamentos. Há de haver, sem dúvida, fortíssimas razões para ele não acei-
Gataram-se milhões, sem que se vissem resultados concre- tar o cargo.
tos. Começou a haver abusos na nova administração.
“Correram-se as cortinas da tribuna real.” (Rebelo da Silva)
“Aperfeiçoavam-se as aspas, cravavam-se pregos necessá- - o verbo chover, no sentido figurado (= cair ou sobrevir em
rios à segurança dos postes...” (Camilo Castelo Branco) grande quantidade), deixa de ser impessoal e, portanto concordará
com o sujeito:
Na literatura moderna há exemplos em contrário, mas que não
devem ser seguidos:
Didatismo e Conhecimento 35
LÍNGUA PORTUGUESA
Choviam pétalas de flores. - Quando o sujeito é uma palavra ou expressão de sentido
“Sou aquele sobre quem mais têm chovido elogios e diatri- coletivo ou partitivo, e o predicativo um substantivo no plural:
bes.” (Carlos de Laet) “A maioria eram rapazes.” (Aníbal Machado)
“Choveram comentários e palpites.” (Carlos Drummond de A maior parte eram famílias pobres.
Andrade) O resto (ou o mais) são trastes velhos.
“E nem lá (na Lua) chovem meteoritos, permanentemente.” “A maior parte dessa multidão são mendigos.” (Eça de Queirós)
(Raquel de Queirós)
- Quando o predicativo é um pronome pessoal ou um substan-
- Na língua popular brasileira é generalizado o uso de ter, tivo, e o sujeito não é pronome pessoal reto:
impessoal, por haver, existir. Nem faltam exemplos em escritores “O Brasil, senhores, sois vós.” (Rui Barbosa)
modernos: “Nas minhas terras o rei sou eu.” (Alexandre Herculano)
“No centro do pátio tem uma figueira velhíssima, com um “O dono da fazenda serás tu.” (Said Ali)
banco embaixo.” (José Geraldo Vieira) “...mas a minha riqueza eras tu.” (Camilo Castelo Branco)
“Soube que tem um cavalo morto, no quintal.” (Carlos Drum-
mond de Andrade) Mas: Eu não sou ele. Vós não sois eles. Tu não és ele.
Esse emprego do verbo ter, impessoal, não é estranho ao por-
tuguês europeu: “É verdade. Tem dias que sai ao romper de alva - Quando o predicativo é o pronome demonstrativo o ou a
e recolhe alta noite, respondeu Ângela.” (Camilo Castelo Branco) palavra coisa:
(Tem = Há) Divertimentos é o que não lhe falta.
“Os bastidores é só o que me toca.” (Correia Garção)
- Existir não é verbo impessoal. Portanto: “Mentiras, era o que me pediam, sempre mentiras.” ( Fernan-
Nesta cidade existem ( e não existe) bons médicos. do Namora)
Não deviam (e não devia) existir crianças abandonadas. “Os responsórios e os sinos é coisa importuna em Tibães.”
(Camilo Castelo Branco)
- Concordância do verbo ser: O verbo de ligação ser concor-
da com o predicativo nos seguintes casos: - Nas locuções é muito, é pouco, é suficiente, é demais, é mais
que (ou do que), é menos que (ou do que), etc., cujo sujeito expri-
- Quando o sujeito é um dos pronomes tudo, o, isto, isso, ou me quantidade, preço, medida, etc.:
aquilo: “Seis anos era muito.” (Camilo Castelo Branco)
“Tudo eram hipóteses.” (Ledo Ivo) Dois mil dólares é pouco.
“Tudo isto eram sintomas graves.” (Machado de Assis) Cinco mil dólares era quanto bastava para a viagem.
Na mocidade tudo são esperanças. Doze metros de fio é demais.
“Não, nem tudo são dessemelhanças e contrastes entre Brasil
e Estados Unidos.” (Viana Moog) - Na indicação das horas, datas e distância , o verbo ser é
impessoal (não tem sujeito) e concordará com a expressão desig-
A concordância com o sujeito, embora menos comum, é tam- nativa de hora, data ou distância:
bém lícita: Era uma hora da tarde.
“Tudo é flores no presente.” (Gonçalves Dias) “Era hora e meia, foi pôr o chapéu.” (Eça de Queirós)
“O que de mim posso oferecer-lhe é espinhos da minha co- “Seriam seis e meia da tarde.” ( Raquel de Queirós)
roa.” (Camilo Castelo Branco) “Eram duas horas da tarde.” (Machado de Assis)
Didatismo e Conhecimento 36
LÍNGUA PORTUGUESA
- Locução de realce é que: O verbo ser permanece invariável “Bem haja Sua Majestade!” (Camilo Castelo Branco)
na expressão expletiva ou de realce é que: Bem hajam os promovedores dessa campanha!
Eu é que mantenho a ordem aqui. (= Sou eu que mantenho a “Mal hajam as desgraças da minha vida...” (Camilo Castelo
ordem aqui.) Branco)
Nós é que trabalhávamos. (= Éramos nós que trabalhávamos)
As mães é que devem educá-los. (= São as mães que devem - Concordância dos verbos bater, dar e soar: Referindo-se
educá-los.) às horas, os três verbos acima concordam regularmente com o su-
Os astros é que os guiavam. (= Eram os astros que os guia- jeito, que pode ser hora, horas (claro ou oculto), badaladas ou
vam.) relógio:
“Nisto, deu três horas o relógio da botica.” (Camilo Castelo
Da mesma forma se diz, com ênfase: Branco)
“Vocês são muito é atrevidos.” (Raquel de Queirós) “Bateram quatro da manhã em três torres a um tempo...”
“Sentia era vontade de ir também sentar-me numa cadeira (Mário Barreto)
junto do palco.” (Graciliano Ramos) “Tinham batido quatro horas no cartório do tabelião Vaz Nu-
“Por que era que ele usava chapéu sem aba?” (Graciliano Ramos) nes.” (Machado de Assis)
“Deu uma e meia.” (Said Ali)
Observação: O verbo ser é impessoal e invariável em constru-
ções enfáticas como: Pasar, com referência a horas, no sentido de ser mais de, é
Era aqui onde se açoitavam os escravos. (= Aqui se açoitavam verbo impessoal, por isso fica na 3ª pessoa do singular: Quando
os escravos.) chegamos ao aeroporto, passava das 16 horas; Vamos, já passa
Foi então que os dois se desentenderam. (= Então os dois se das oito horas – disse ela ao filho.
desentenderam.)
- Concordância do verbo parecer: Em construções com o
- Era uma vez: Por tradição, mantém-se invariável a expres- verbo parecer seguido de infinitivo, pode-se flexionar o verbo pa-
são inicial de histórias era uma vez, ainda quando seguida de subs-
recer ou o infinitivo que o acompanha:
tantivo plural: Era uma vez dois cavaleiros andantes.
As paredes pareciam estremecer. (construção corrente)
As paredes parecia estremecerem. (construção literária)
- A não ser: É geralmente considerada locução invariável,
equivalente a exceto, salvo, senão. Exemplos:
Análise da construção dois: parecia: oração principal; as pare-
Nada restou do edifício, a não ser escombros.
des estremeceram: oração subordinada substantiva subjetiva.
A não ser alguns pescadores, ninguém conhecia aquela praia.
Outros exemplos:
“Nunca pensara no que podia sair do papel e do lápis, a não
ser bonecos sem pescoço...” (Carlos Drummond de Andrade) “Nervos... que pareciam estourar no minuto seguinte.” (Fer-
Mas não constitui erro usar o verbo ser no plural, fazendo-o nando Namora)
concordar com o substantivo seguinte, convertido em sujeito da “Referiu-me circunstâncias que parece justificarem o proce-
oração infinitiva. Exemplos: dimento do soberano.” (Latino Coelho)
“As dissipações não produzem nada, a não serem dívidas e “As lágrimas e os soluços parecia não a deixarem prosse-
desgostos.” (Machado de Assis) guir.” (Alexandre Herculano)
“A não serem os antigos companheiros de mocidade, nin- “...quando as estrelas, em ritmo moroso, parecia caminha-
guém o tratava pelo nome próprio.” (Álvaro Lins) rem no céu.” (Graça Aranha)
“A não serem os críticos e eruditos, pouca gente manuseia
hoje... aquela obra.” (Latino Coelho) Usando-se a oração desenvolvida, parecer concordará no sin-
gular:
- Haja vista: A expressão correta é haja vista, e não haja visto. “Mesmo os doentes parece que são mais felizes.” (Cecília
Pode ser construída de três modos: Meireles)
Hajam vista os livros desse autor. (= tenham vista, vejam-se) “Outros, de aparência acabadiça, parecia que não podiam
Haja vista os livros desse autor. (= por exemplo, veja) com a enxada.” (José Américo)
Haja vista aos livros desse autor. (= olhe-se para, atente-se “As notícias parece que têm asas.” (Oto Lara Resende) (Isto
para os livros) é: Parece que as notícias têm asas.)
A primeira construção (que é a mais lógica) analisa-se deste
modo. Essa dualidade de sintaxe verifica-se também com o verbo ver
Sujeito: os livros; verbo hajam (=tenham); objeto direto: vista. na voz passiva: “Viam-se entrar mulheres e crianças.” Ou “Via-
A situação é preocupante; hajam vista os incidentes de sábado. -se entrarem mulheres e crianças.”
Seguida de substantivo (ou pronome) singular, a expressão,
evidentemente, permanece invariável: A situação é preocupante; - Concordância com o sujeito oracional: O verbo cujo sujeito
haja vista o incidente de sábado. é uma oração concorda obrigatoriamente na 3ª pessoa do singular:
Parecia / que os dois homens estavam bêbedos.
- Bem haja. Mal haja: Bem haja e mal haja usam-se em fra- Verbo sujeito (oração subjetiva)
ses optativas e imprecativas, respectivamente. O verbo concordará Faltava / dar os últimos retoques.
normalmente com o sujeito, que vem sempre posposto: Verbo sujeito (oração subjetiva)
Didatismo e Conhecimento 37
LÍNGUA PORTUGUESA
Outros exemplos, com o sujeito oracional em destaque: Em casos como o da última frase, a concordância efetua-se,
Não me interessa ouvir essas parlendas. pela lógica, no feminino (oitenta e duas entre cem mulheres), ou,
Anotei os livros que faltava adquirir. (faltava adquirir os li- seguindo o uso geral, no masculino, por se considerar a porcenta-
vros) gem um conjunto numérico invariável em gênero.
Esses fatos, importa (ou convém) não esquecê-los.
São viáveis as reformas que se intenta implantar? - Concordância com o pronome nós subentendido: O verbo
concorda com o pronome subentendido nós em frases do tipo:
- Concordância com sujeito indeterminado: O pronome se, Todos estávamos preocupados. (= Todos nós estávamos
pode funcionar como índice de indeterminação do sujeito. Nesse preocupados.)
caso, o verbo concorda obrigatoriamente na 3ª pessoa do singular. Os dois vivíamos felizes. (=Nós dois vivíamos felizes.)
Exemplos; “Ficamos por aqui, insatisfeitos, os seus amigos.” (Carlos
Em casa, fica-se mais à vontade. Drummond de Andrade)
Detesta-se (e não detestam-se) aos indivíduos falsos.
Acabe-se de vez com esses abusos!
- Não restam senão ruínas: Em frases negativas em que se-
Para ir de São Paulo a Curitiba, levava-se doze horas.
não equivale a mais que, a não ser, e vem seguido de substantivo
no plural, costuma-se usar o verbo no plural, fazendo-o concordar
- Concordância com os numerais milhão, bilhão e trilhão:
Estes substantivos numéricos, quando seguidos de substantivo no com o sujeito oculto outras coisas. Exemplos:
plural, levam, de preferência, o verbo ao plural. Exemplos: Do antigo templo grego não restam senão ruínas. (Isto é: não
Um milhão de fiéis agruparam-se em procissão. restam outras coisas senão ruínas.)
São gastos ainda um milhão de dólares por ano para a manu- Da velha casa não sobraram senão escombros.
tenção de cada Ciep. “Para os lados do sul e poente, não se viam senão edifícios
Meio milhão de refugiados se aproximam da fronteira do Irã. queimados.” (Alexandre Herculano)
Meio milhão de pessoas foram às ruas para reverenciar os “Por toda a parte não se ouviam senão gemidos ou clamores.”
mártires da resistência. (Rebelo da Silva)
Didatismo e Conhecimento 38
LÍNGUA PORTUGUESA
02. Assinale a frase em que há erro de concordância verbal: 10. Soube que mais de dez alunos se ....... a participar dos
a) Um ou outro escravo conseguiu a liberdade. jogos que tu e ele ......
b) Não poderia haver dúvidas sobre a necessidade da imigração. a) negou – organizou
c) Faz mais de cem anos que a Lei Áurea foi assinada. b) negou – organizastes
d) Deve existir problemas nos seus documentos. c) negaram – organizaste
e) Choveram papéis picados nos comícios. d) negou – organizaram
e) negaram - organizastes
03. Assinale a opção em que há concordância inadequada:
a) A maioria dos estudiosos acha difícil uma solução para o Respostas: (01-C) (02-D) (03-D) (04-D) (05-D) (06-D) (07-
problema. C) (08-C) (09-A) (10-E)
b) A maioria dos conflitos foram resolvidos.
c) Deve haver bons motivos para a sua recusa. Regência Nominal
d) De casa à escola é três quilômetros.
e) Nem uma nem outra questão é difícil.
Regência nominal é a relação de dependência que se estabele-
ce entre o nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e o termo por
04. Há erro de concordância em:
a) atos e coisas más ele regido. Certos substantivos e adjetivos admitem mais de uma
b) dificuldades e obstáculo intransponível regência. Na regência nominal o principal papel é desempenhado
c) cercas e trilhos abandonados pela preposição.
d) fazendas e engenho prósperas No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que
e) serraria e estábulo conservados vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos
de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses
05. Indique a alternativa em que há erro: casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo:
a) Os fatos falam por si sós. Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem
b) A casa estava meio desleixada. complementos introduzidos pela preposição “a”.
c) Os livros estão custando cada vez mais caro. Obedecer a algo/ a alguém.
d) Seus apartes eram sempre o mais pertinentes possíveis. Obediente a algo/ a alguém.
e) Era a mim mesma que ele se referia, disse a moça.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da pre-
06. Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal: posição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e
a) Soava seis horas no relógio da matriz quando eles chegaram. procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a
b) Apesar da greve, diretores, professores, funcionários, nin- algum verbo cuja regência você conhece.
guém foram demitidos.
c) José chegou ileso a seu destino, embora houvessem muitas - acessível a: Este cargo não é acessível a todos.
ciladas em seu caminho. - acesso a, para: O acesso para a região ficou impossível.
d) Fomos nós quem resolvemos aquela questão. - acostumado a, com: Todos estavam acostumados a ouvi-lo.
e) O impetrante referiu-se aos artigos 37 e 38 que ampara sua - adaptado a: Foi difícil adaptar-me a esse clima.
petição. - afável com, para com: Tinha um jeito afável para com os
turistas.
07. A concordância verbal está correta na alternativa: - aflito: com, por.
a) Ela o esperava já faziam duas semanas.
- agradável a, de: Sua saída não foi agradável à equipe.
b) Na sua bolsa haviam muitas moedas de ouro.
- alheio: a, de.
c) Eles parece estarem doentes.
- aliado: a, com.
d) Devem haver aqui pessoas cultas.
e) Todos parecem terem ficado tristes. - alusão a: O professor fez alusão à prova final.
- amor a, por: Ele demonstrava grande amor à namorada.
08. É provável que ....... vagas na academia, mas não ....... pes- - análogo: a.
soas interessadas: são muitas as formalidades a ....... cumpridas. - antipatia a, por: Sentia antipatia por ela.
a) hajam - existem - ser - apto a, para: Estava apto para ocupar o cargo.
b) hajam - existe - ser - atenção a, com, para com: Nunca deu atenção a ninguém.
c) haja - existem - serem - aversão a, por: Sempre tive aversão à política.
d) haja - existe - ser - benéfico a, para: A reforma foi benéfica a todos.
e) hajam - existem - serem - certeza de, em: A certeza de encontrá-lo novamente a ani-
mou.
09. ....... de exigências! Ou será que não ....... os sacrifícios que - coerente: com.
....... por sua causa? - compatível: com.
a) Chega - bastam - foram feitos - contíguo: a.
b) Chega - bastam - foi feito - desprezo: a, de, por.
c) Chegam - basta - foi feito - dúvida em sobre: Anotou todas as dúvidas sobre a questão dada.
d) Chegam - basta - foram feitos - empenho: de, em, por.
e) Chegam - bastam - foi feito - equivalente: a.
Didatismo e Conhecimento 39
LÍNGUA PORTUGUESA
- favorável a: Sou favorável à sua candidatura. 04. “As mulheres da noite,......o poeta faz alusão a colorir Ara-
- fértil: de, em. caju,........coração bate de noite, no silêncio”. A opção que comple-
- gosto de, em: Tenho muito gosto em participar desta brin- ta corretamente as lacunas da frase acima é:
cadeira. a) as quais, de cujo
- grato a: Grata a todos que me ensinaram a ensinar. b) a que, no qual
- horror a, de: Tinha horror a quiabo refogado. c) de que, o qual
- hostil: a, para com. d) às quais, cujo
- impróprio para: O filme era impróprio para menores. e) que, em cujo
- inerente: a.
- junto a, com, de: Junto com o material, encontrei este do- 05. Assinale a alternativa correta quanto à regência:
cumento. a) A peça que assistimos foi muito boa.
- lento: em. b) Estes são os livros que precisamos.
- necessário a, para: A medida foi necessária para acabar com c) Esse foi um ponto que todos se esqueceram.
tanta dúvida. d) Guimarães Rosa é o escritor que mais aprecio.
- passível de: As regras são passíveis de mudanças. e) O ideal que aspiramos é conhecido por todos.
- preferível a: Tudo era preferível à sua queixa.
- próximo: a, de. 06. Assinale a alternativa que contém as respostas corretas.
- rente: a. I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, involunta-
- residente: em. riamente, prejudicou toda uma família.
- respeito a, com, de, entre, para com, por: É necessário o II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a firma a acei-
respeito às leis. tar qualquer ajuda do sogro.
- satisfeito: com, de, em, por. III. Desde criança sempre aspirava a uma posição de destaque,
- semelhante: a. embora fosse tão humilde.
- sensível: a. IV. Aspirando o perfume das centenas de flores que enfeita-
- sito em: O apartamento sito em Brasília foi vendido. vam a sala, desmaiou.
- situado em: Minha casa está situada na Avenida Internacional. a) II, III, IV
- suspeito: de. b) I, II, III
- útil: a, para. e) I, III, IV
- vazio: de. d) I, III
- versado: em. e) I, II
- vizinho: a, de.
07. Assinale o item em que há erro quanto à regência:
a) São essas as atitudes de que discordo.
Exercícios b) Há muito já lhe perdoei.
c) Informo-lhe de que paguei o colégio.
01. O projeto.....estão dando andamento é incompatível.....tra- d) Costumo obedecer a preceitos éticos.
dições da firma. e) A enfermeira assistiu irrepreensivelmente o doente.
a) de que, com as
b) a que, com as 08. Dentre as frases abaixo, uma apenas apresenta a regência
c) que, as nominal correta. Assinale-a:
d) à que, às a) Ele não é digno a ser seu amigo.
e) que, com as b) Baseado laudos médicos, concedeu-lhe a licença.
c) A atitude do Juiz é isenta de qualquer restrição.
02. Quanto a amigos, prefiro João.....Paulo,.....quem sinto...... d) Ele se diz especialista para com computadores eletrônicos.
simpatia. e) O sol é indispensável da saúde.
a) a, por, menos
b) do que, por, menos Respostas: 01-B / 02-A / 03-D / 04-D / 05-D / 06-A / 07-C /
c) a, para, menos 08-C
d) do que, com, menos
e) do que, para, menos Regência Verbal
03. Assinale a opção em que todos adjetivos podem ser segui- A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os
dos pela mesma preposição: verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e obje-
a) ávido, bom, inconsequente tos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). O estudo da
b) indigno, odioso, perito regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade expressiva,
c) leal, limpo, oneroso pois oferece oportunidade de conhecermos as diversas significa-
d) orgulhoso, rico, sedento ções que um verbo pode assumir com a simples mudança ou reti-
e) oposto, pálido, sábio rada de uma preposição.
Didatismo e Conhecimento 40
LÍNGUA PORTUGUESA
A mãe agrada o filho. (agradar significa acariciar, contentar) nho. (VTI) Emprega-se com preposição no sentido de caber, ter
A mãe agrada ao filho. (agradar significa “causar agrado ou direito ou razão: O direito de se defender assiste a todos. (VTI)
prazer”, satisfazer) No sentido de morar, residir é intransitivo e exige a preposição
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- em: Assiste em Manaus por muito tempo. (VI)
dar a alguém”.
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos Atender: empregado sem preposição no sentido de receber
aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também alguém com atenção: O médico atendeu o cliente pacientemente.
nominal). As preposições são capazes de modificar completamente (VTD) No sentido de ouvir, conceder: Deus atendeu minhas pre-
o sentido do que se está sendo dito. ces.(VTD); Atenderemos quaisquer pedido via internet. Emprega-
-se com preposição no sentido de dar atenção a alguém: Lamen-
Cheguei ao metrô. to não poder atender à solicitação de recursos. (VTI) Emprega-se
Cheguei no metrô. com preposição no sentido de ouvir com atenção o que alguém
diz: Atenda ao telefone, por favor; Atenda o telefone. (preferência
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo brasileira)
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei
no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se Avisar: avisar alguém de alguma coisa: O chefe avisou os
vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é funcionários de que os documentos estavam prontos. (VTD); Avi-
muito comum existirem divergências entre a regência coloquial, saremos os clientes da mudança de endereço. (VTD ); Já tem tra-
cotidiana de alguns verbos, e a regência culta. dição na língua o uso de avisar como OI de pessoa e OD de coisa;
Avisamos aos clientes que vamos atendê-los em novo endereço.
Abdicar: renunciar ao poder, a um cargo, título desistir. Pode Bater: emprega-se com preposição no sentido de dar panca-
ser intransitivo (VI não exige complemento) / transitivo direto das em alguém: Os irmãos batiam nele (ou batiam-lhe) à toa; Ner-
(TD) ou transitivo indireto (TI + preposição): D. Pedro abdi- voso, entrou em casa e bateu a porta.(fechou com força); Foi logo
cou em 1831. (VI); A vencedora abdicou o seu direto de rainha. batendo à porta. (bater junto à porta, para alguém abrir); Para que
(VTD); Nunca abdicarei de meus direitos. (VTI) ele pudesse ouvir, era preciso bater na porta de seu quarto. (dar
pancadas)
Abraçar: emprega-se sem / sem preposição no sentido de
apertar nos braços: A mãe abraçou-a com ternura. (VTD); Abra- Casar: Marina casou cedo e pobre. (VI não exige comple-
çou-se a mim, chorando. (VTI) mento); Você é realmente digno de casar com minha filha. (VTI
com preposição); Ela casou antes dos vinte anos. (VTD sem pre-
Agradar: emprega-se com preposição no sentido de conten- posição. O verbo casar pode vir acompanhado de pronome refle-
tar, satisfazer.(VTI): A banda Legião Urbana agrada aos jovens. xivo: Ela casou com o seu grande amor; ou Ela casou-se com seu
(VTI); Emprega-se sem preposição no sentido de acariciar, mimar: grande amor.
Márcio agradou a esposa com um lindo presente. (VTD)
Chamar: emprega-se sem preposição no sentido de convo-
Ajudar: emprega-se sem preposição; objeto direto de pessoa: car; O juiz chamou o réu à sua presença. (VTD) Emprega-se com
Eu ajudava-a no serviço de casa. (VTD) ou sem preposição no sentido de denominar, apelidar, construído
com objeto + predicativo: Chamou-o covarde. (VTD) / Chamou-o
Aludir: (=fazer alusão, referir-se a alguém), emprega-se com de covarde. (VID); Chamou-lhe covarde. (VTI) / Chamou-lhe de
preposição: Na conversa aludiu vagamente ao seu novo projeto. covarde. (VTI); Chamava por Deus nos momentos difíceis. (VTI)
(VTI)
Chegar: como intransitivo, o verbo chegar exige a preposi-
Ansiar: emprega-se sem preposição no sentido de causar ção a quando indica lugar: Chegou ao aeroporto meio apressada.
mal-estar, angustiar: A emoção ansiava-me. (VTD); Emprega-se Como transitivo direto (VTD) e intransitivo (VI) no sentido de
com preposição no sentido de desejar ardentemente por: Ansia- aproximar; Cheguei-me a ele.
va por vê-lo novamente. (VTI)
Contentar-se: emprega-se com as preposições com, de, em:
Aspirar: emprega-se sem preposição no sentido de respirar, Contentam-se com migalhas. (VTI); Contento-me em aplaudir da-
cheirar: Aspiramos um ar excelente, no campo. (VTD) Emprega- qui.
-se com preposição no sentido de querer muito, ter por objetivo:
Gincizinho aspira ao cargo de diretor da Penitenciária. (VTI) Custar: é transitivo direto no sentido de ter valor de, ser
caro. Este computador custa muito caro. (VTD) No sentido de ser
Assistir: emprega-se com preposição a no sentido de ver, pre- difícil é TI. É conjugado como verbo reflexivo, na 3ª pessoa do
senciar: Todos assistíamos à novela Almas Gêmeas. (VTI) Nesse singular, e seu sujeito é uma oração reduzida de infinitivo: Custou-
caso, o verbo não aceita o pronome lhe, mas apenas os pronomes -me pegar um táxi.(foi difícil); O carro custou-me todas as econo-
pessoais retos + preposição: O filme é ótimo. Todos querem as- mias. É transitivo direto e indireto (TDI) no sentido de acarretar:
sistir a ele. (VTI) Emprega-se sem / com preposição no sentido A imprudência custou-lhe lágrimas amargas. (VTDI)
de socorrer, ajudar: A professora sempre assiste os alunos com
carinho. (VTD); A professora sempre assiste aos alunos com cari-
Didatismo e Conhecimento 41
LÍNGUA PORTUGUESA
Ensinar: é intransitivo no sentido de doutrinar, pregar: Mi- Pagar: emprega-se sem preposição no sentido de saldar coi-
nha mãe ensina na FAI. É transitivo direto no sentido de educar: sa, é VTI): Cida pagou o pão; Paguei a costura. (VTD) Emprega-se
Nem todos ensinam as crianças. É transitivo direto e indireto no com preposição no sentido de remunerar pessoa, é VTI: Cida pa-
sentido de dar instrução sobre: Ensino os exercícios mais difíceis gou ao padeiro; Paguei à costureira., à secretária. (VTI) Emprega-
aos meus alunos. -se como verbo transitivo direto e indireto, pagar alguma coisa a
alguém: Cida pagou a carne ao açougueiro. (VTDI) Por alguma
Entreter: empregado como divertir-se exige as preposições: coisa: Quanto pagou pelo carro? Sem complemento: Assistiu aos
a, com, em: Entretinham-nos em recordar o passado. jogos sem pagar.
Esquecer / Lembrar: estes verbos admitem as construções: Pedir: somente se usa pedir para, quando, entre pedir e o
Esqueci o endereço dele; Lembrei um caso interessante; Esqueci- para, puder colocar a palavra licença. Caso contrário, diz-se pedir
-me do endereço dele; Lembrei-me de um caso interessante. Es- que; A secretária pediu para sair mais cedo. (pediu licença); A di-
queceu-me seu endereço; Lembra-me um caso interessante. Você reção pediu que todos os funcionários, comparecessem à reunião.
pode observar que no 1º exemplo tanto o verbo esquecer como
lembrar, não são pronominais, isto é, não exigem os pronomes Perdoar: emprega-se sem preposição no sentido de perdoar
me, se, lhe, são transitivos diretos (TD). Nos exemplos, ambos os coisa, é TD: Devemos perdoar as ofensas. (VTD ) Emprega-se com
verbos, esquecer e lembrar, exigem o pronome e a preposição preposição no sentido de conceder o perdão à pessoa, é TI: Perdoe-
de; são transitivos indiretos e pronominais. No exemplo o verbo mos aos nossos inimigos. (VTI) Emprega-se como verbo transitivo
esquecer está empregado no sentido de apagar da memória. e o direto e indireto, no sentido de ter necessidade: A mãe perdoou ao
verbo lembrar está empregado no sentido de vir à memória. Na filho a mentira. (VTDI) Admite voz passiva: Todos serão perdoados
pelos pais.
língua culta, os verbos esquecer e lembrar quando usados com a
preposição de, exigem os pronomes.
Permitir: empregado com preposição, exige objeto indireto de
pessoa: O médico permitiu ao paciente que falasse. (VTI) Constrói-
Implicar: emprega-se com preposição no sentido de ter im-
-se com o pronome lhe e não o: O assistente permitiu-lhe que entras-
plicância com alguém, é TI: Nunca implico com meus alunos.
se. Não se usa a preposição de antes de oração infinitiva: Os pais não
(VTI) Emprega-se sem preposição no sentido de acarretar, en- lhe permite ir sozinha à festa do Peão. (e não de ir sozinha)
volver, é TD: A queda do dólar implica corrida ao poder. (VTE);
O desestímulo ao álcool combustível implica uma volta ao pas- Pisar: é verbo transitivo direto VTD: Tinha pisado o continente
sado. (VTD) Emprega-se sem preposição no sentido de embara- brasileiro. (não exige a preposição no)
çar, comprometer, é TD: O vizinho implicou-o naquele caso de
estupro. (VTD) É inadequada a regência do verbo implicar em: Precisar: emprega-se com preposição no sentido de ter neces-
Implicou em confusão. sidade, é VTI: As crianças carentes precisam de melhor atendimen-
to médico. (VTI) Quando o verbo precisar vier acompanhado de
Informar: o verbo informar possui duas construções, VTD infinitivo, pode-se usar a preposição de; a língua moderna tende
e VTI: Informei-o que sua aposentaria saiu. (VTD); Informei-lhe a dispensá-la: Você é rico, não precisa trabalhar muito. Usa-se, às
que sua aposentaria. (VT); Informou-se das mudanças logo cedo. vezes na voz passiva, com sujeito indeterminado: Precisa-se de
(inteirar-se, verbo pronominal) funcionários competentes. (sujeito indeterminado) Emprega-se sem
preposição no sentido de indicar com exatidão: Perdeu muito di-
Investir: emprega-se com preposição (com ou contra) no nheiro no jogo, mas não sabe precisar a quantia.(VTD)
sentido de atacar, é TI: O touro Bandido investiu contra Tião.
Empregado como verbo transitivo direto e indireto, no sentido Preferir: emprega-se sem preposição no sentido de ter prefe-
de dar posse: O prefeito investiu Renata no cargo de assessora. rência. (sem escolha): Prefiro dias mais quentes. (VTD) Preferir
(VTDI) Emprega-se sem preposição no sentido também de em- VTDI, no sentido de ter preferência, exige a preposição a: Prefiro
pregar dinheiro, é TD: Nós investimos parte dos lucros em pes- dançar a nadar; Prefiro chocolate a doce de leite. Na linguagem for-
quisas científicas. (VTD) mal, culta, é inadequado usar este verbo reforçado pelas palavras ou
expressões: antes, mais, muito mais, mil vezes mais, do que.
Morar: antes de substantivo rua, avenida, usase morar com
a preposição em: D. Marina Falcão mora na rua Dorival de Barros. Presidir: emprega-se com objeto direto ou objeto indireto, com
a preposição a: O reitor presidiu à sessão; O reitor presidiu a sessão.
Namorar: a regência correta deste verbo é namorar alguém e
NÃO namorar com alguém: Meu filho, Paulo César, namora Cris- Prevenir: admite as construções: A paciência previne dissabo-
tiane. Marcelo namora Raquel. res; Preveni minha turma; Quero preveni-los; Prevenimo-nos para
o exame final.
Necessitar: emprega-se com verbo transitivo direto ou indire-
to, no sentido de precisar: Necessitávamos o seu apoio; Necessi- Proceder: emprega-se como verbo intransitivo no sentido de
távamos de seu apoio,(VTDI) ter fundamento: Sua tese não procede. (VI) Emprega-se com a
preposição de no sentido de originar-se, vir de: Muitos males da
Obedecer / Desobedecer: emprega-se com verbo transitivo humanidade procedem da falta de respeito ao próximo. Emprega-
direto e indireto no sentido de cumprir ordens: Obedecia às irmãs -se como transitivo indireto com a preposição a, no sentido de dar
e irmãos; Não desobedecia às leis de trânsito. início: Procederemos a uma investigação rigorosa. (VTI)
Didatismo e Conhecimento 42
LÍNGUA PORTUGUESA
Querer: emprega-se sem preposição no sentido de desejar: Em que pese a - expressão concessiva equivalendo a ainda
Quero vê-lo ainda hoje.(VTD) Emprega-se com preposição no que custe a, apesar de, não obstante: “Em que pese aos inimigos
sentido de gostar, ter afeto, amar: Quero muito bem às minhas do paraense, sinceramente confesso que o admiro.” (Graciliano
cunhadas Vera e Ceiça. Ramos)
Didatismo e Conhecimento 43
LÍNGUA PORTUGUESA
04. Em todas as alternativas, o verbo grifado foi empregado c) não sei bem onde foi publicado o edital;
com regência certa, exceto em: d) onde encontraremos quem nos forneça as informações de
a) a vista de José Dias lembrou-me o que ele me dissera. que necessitamos;
b) estou deserto e noite, e aspiro sociedade e luz. e) os processos onde podemos encontrar dados para o relató-
c) custa-me dizer isto, mas antes peque por excesso; rio estão arquivados
d) redobrou de intensidade, como se obedecesse a voz do má-
gico; Respostas: 1-A / 2-A / 3-D / 4-B / 5-D / 6-B / 7-B / 8-E / 9-D
e) quando ela morresse, eu lhe perdoaria os defeitos. / 10-B /
Didatismo e Conhecimento 44
LÍNGUA PORTUGUESA
lo, la, los, las: se vierem depois de: eis / nos / vos Eis a prova - Os pronomes pessoais oblíquos se, si e consigo devem ser
do suborno. = Ei-la; O tempo nos dirá. = no-lo dirá. (eis, nos, vos empregados somente como pronomes pessoais reflexivos e funcio-
perdem o S) nam como complementos de um verbo na 3ª pessoa, cujo sujeito
no, na, nos, nas: se o verbo terminar em ditongo nasal: m, ão, é também da 3ª pessoa: Nicole levantou-se com elegância e levou
õe: Deram-na como vencedora; Põe-nos sobre a mesa. consigo (com ela própria) todos os olhares. (Nicole sujeito, 3ª pes-
lhe, lhes colocados depois do verbo na 1ª pessoa do plural, soa/ levantou verbo 3ª pessoa / se complemento 3ª pessoa / levou
terminado em S não modificado: Nós entregamoS-lhe a cópia do verbo 3ª pessoa / consigo complemento 3ª pessoa)
contrato. (o S permanece) - O pronome pessoal oblíquo não funciona como reflexivo se
nos: colocado depois do verbo na 1ª pessoa do plural, perde o não se referir ao sujeito: Ela me protegeu do acidente. (ela sujeito
S: Sentamo-nos à mesa para um café rápido. 3ª pessoa me complemento 1ª pessoa)
me, te, lhe, nos, vos: quando colocado com verbos transitivos - Você é segunda ou terceira pessoa? Na estrutura da fala, você
diretos (TD), têm sentido possessivo, equivalendo a meu, teu, seu, é a pessoa a quem se fala e, portanto, da 2ª pessoa. Por outro lado,
dele, nosso, vosso: Os anos roubaram-lhe a esperança. (sua, dele, você, como os demais pronomes de tratamento senhor, senhora,
dela possessivo) senhorita, dona, pede o verbo na 3ª pessoa, e não na 2ª.
as formas conosco e convosco são substituídas por: com + - Os pronomes oblíquos me, te, lhe, nos, vos, lhes (formas de
nós, com + vós. seguidos de: ambos, todos, próprios, mesmos, ou- objeto indireto, 0I) juntam-se a o, a, os, as (formas de objeto dire-
tros, numeral: Mariane garantiu que viajaria com nós três. to), assim: me+o: mo/+a: ma/+ os: mos/+as: mas: Recebi a carta e
o pronome oblíquo funciona como sujeito com os verbos: dei- agradeci ao jovem, que me trouxe. nos +o: no-lo / + a: no-la / + os:
xar, fazer, ouvir, mandar, sentir e ver+verbo no infinitivo. Deixe- no-los / +as: no-las: Venderíamos a casa, se no-la exigissem. te+ o:
-me sentir seu perfume. (Deixe que eu sinta seu perfume me sujei- to/+ a: ta/+ os: tos/+ as: tas: Deite os meus melhores dias. Dei-tos.
to do verbo deixar Mandei-o calar. (= Mandei que ele calasse), o= lhe+ o: lho/+ a: lha/+ os: lhos/+ as:lhas: Ofereci-lhe flores. Ofereci
sujeito do verbo mandar. lhas. vos+ o: vo-lo/+ a: vo-la/+ os: vo-los/+ as: vo-las: Pedi-vos
os pronomes pessoais oblíquos nos, vos, e se recebem o nome conselho. Pedi vo-lo.
de pronomes recíprocos quando expressam uma ação mútua ou re-
cíproca: Nós nos encontramos emocionados. (pronome recíproco, No Brasil, quase não se usam essas combinações (mo, to, lho,
nós mesmos). Nunca diga: Eu se apavorei. / Eu já se arrumei; Eu no-lo, vo-lo), são usadas somente em escritores mais sofisticados.
me apavorei. / Eu me arrumei. (certos)
- Os pronomes pessoais retos eu e tu serão substituídos por Pronomes de Tratamento: São usados no trato com as pes-
mim e ti após preposição: O segredo ficará somente entre mim e ti. soas. Dependendo da pessoa a quem nos dirigimos, do seu car-
- É obrigatório o emprego dos pronomes pessoais eu e tu, go, idade, título, o tratamento será familiar ou cerimonioso: Vossa
quando funcionarem como Sujeito: Todos pediram para eu rela- Alteza-V.A.-príncipes, duques; Vossa Eminência-V.Ema-cardeais;
tar os fatos cuidadosamente. (pronome reto + verbo no infinitivo). Vossa Excelência-V.Ex.a-altas autoridades, presidente, oficiais;
Lembre-se de que mim não fala, não escreve, não compra, não Vossa Magnificência-V.Mag.a-reitores de universidades; Vossa
anda. Somente o Tarzã e o Capitão Caverna dizem: mim gosta / Majestade-V.M.-reis, imperadores; Vossa Santidade-V.S.-Papa;
mim tem / mim faz. / mim quer. Vossa Senhoria-V.Sa-tratamento cerimonioso.
- As formas oblíquas o, a, os, as são sempre empregadas - São também pronomes de tratamento: o senhor, a senhora, a
como complemento de verbos transitivos diretos ao passo que as senhorita, dona, você.
formas lhe, lhes são empregadas como complementos de verbos - Doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico.
transitivos indiretos; Dona Cecília, querida amiga, chamou-a. Nas comunicações oficiais devem ser utilizados somente dois fe-
(verbo transitivo direto, VTD); Minha saudosa comadre, Nircleia, chos:
obedeceu-lhe. (verbo transitivo indireto,VTI) - Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive para
- É comum, na linguagem coloquial, usar o brasileiríssimo a o presidente da República.
gente, substituindo o pronome pessoal nós: A gente deve fazer ca- - Atenciosamente: para autoridades de mesma hierarquia ou
ridade com os mais necessitados. de hierarquia inferior.
- Os pronomes pessoais retos ele, eles, ela, elas, nós e vós - A forma Vossa (Senhoria, Excelência) é empregada quando
serão pronomes pessoais oblíquos quando empregados como com- se fala com a própria pessoa: Vossa Senhoria não compareceu à
plementos de um verbo e vierem precedidos de preposição. O reunião dos sem terra? (falando com a pessoa)
conserto da televisão foi feito por ele. (ele= pronome oblíquo) - A forma Sua (Senhoria, Excelência ) é empregada quando
- Os pronomes pessoais ele, eles e ela, elas podem se contrair se fala sobre a pessoa: Sua Eminência, o cardeal, viajou para um
com as preposições de e em: Não vejo graça nele./ Já frequentei Congresso. (falando a respeito do cardeal)
a casa dela. - Os pronomes de tratamento com a forma Vossa (Senhoria,
- Se os pronomes pessoais retos ele, eles, ela, elas estiverem Excelência, Eminência, Majestade), embora indiquem a 2ª pessoa
funcionando como sujeito, e houver uma preposição antes deles, (com quem se fala), exigem que outros pronomes e o verbo sejam
não poderá haver uma contração: Está na hora de ela decidir seu usados na 3ª pessoa. Vossa Excelência sabe que seus ministros o
caminho. (ela sujeito de decidir; sempre com verbo no infinitivo) apoiarão.
- Chamam-se pronomes pessoais reflexivos os pronomes pes-
soais que se referem ao sujeito: Eu me feri com o canivete. (eu 1ª
pessoa sujeito / me pronome pessoal reflexivo)
Didatismo e Conhecimento 45
LÍNGUA PORTUGUESA
Pronomes Possessivos: São os pronomes que indicam posse - dependendo do contexto, também são considerados prono-
em relação às pessoas da fala. mes demonstrativos o, a, os, as, mesmo, próprio, semelhante, tal,
Singular: 1ª pessoa: meu, meus, minha, minhas; 2ª pessoa: equivalendo a aquele, aquela, aquilo. O próprio homem destrói a
teu, teus, tua, tuas; 3ª pessoa: seu, seus, sua, suas; natureza; Depois de muito procurar, achei o que queria; O profes-
Plural: 1ª pessoa: nosso/os nossa/as, 2ª pessoa: vosso/os vos- sor fez a mesma observação; Estranhei semelhante coincidência;
sa/as. 3ª pessoa: seu, seus, sua, suas. Tal atitude é inexplicável.
- para retomar elementos já enunciados, usamos aquele (e va-
Emprego dos Pronomes Possessivos riações) para o elemento que foi referido em 1º lugar e este (e
variações) para o que foi referido em último lugar. Pais e mães vie-
- O uso do pronome possessivo da 3ª pessoa pode provocar, ram à festa de encerramento; aqueles, sérios e orgulhosos, estas,
às vezes, a ambiguidade da frase. João Luís disse que Laurinha elegantes e risonhas.
estava trabalhando em seu consultório. - dependendo do contexto os demonstrativos também servem
- O pronome seu toma o sentido ambíguo, pois pode referir se como palavras de função intensificadora ou depreciativa. Júlia fez
tanto ao consultório de João Luís como ao de Laurinha. No caso, o exercício com aquela calma! (=expressão intensificadora). Não
usa-se o pronome dele, dela para desfazer a ambiguidade. se preocupe; aquilo é uma tranqueira! (=expressão depreciativa)
- Os possessivos, às vezes, podem indicar aproximações nu- - as formas nisso e nisto podem ser usadas com valor de então
méricas e não posse: Cláudia e Haroldo devem ter seus trinta anos. ou nesse momento. A festa estava desanimada; nisso, a orquestra
- Na linguagem popular, o tratamento seu como em: Seu Ri- atacou um samba é todos caíram na dança.
cardo, pode entrar!, não tem valor possessivo, pois é uma alteração - os demonstrativos esse, essa, são usados para destacar um
fonética da palavra senhor elemento anteriormente expresso. Ninguém ligou para o incidente,
- Os pronomes possessivos podem ser substantivados: Dê mas os pais, esses resolveram tirar tudo a limpo.
lembranças a todos os seus.
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo concor- Pronomes Indefinidos: São aqueles que se referem à 3ª pes-
da com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e anotações. soa do discurso de modo vago indefinido, impreciso: Alguém disse
- Usam-se elegantemente certos pronomes oblíquos: me, te, que Paulo César seria o vencedor. Alguns desses pronomes são
lhe, nos, vos, com o valor de possessivos. Vou seguir-lhe os passos. variáveis em gênero e número; outros são invariáveis.
(os seus passos) Variáveis: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo,
- Deve-se observar as correlações entre os pronomes pessoais vários, tanto, quanto, um, bastante, qualquer.
e possessivos. “Sendo hoje o dia do teu aniversário, apresso-me Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, outrem, algo, quem,
em apresentar-te os meus sinceros parabéns; Peço a Deus pela tua nada, cada, mais, menos, demais.
felicidade; Abraça-te o teu amigo que te preza.”
- Não se emprega o pronome possessivo (seu, sua) quando se Emprego dos Pronomes Indefinidos
trata de parte do corpo. Veja: “Um cavaleiro todo vestido de ne-
gro, com um falcão em seu ombro esquerdo e uma espada em sua, Não sei de pessoa alguma capaz de convencê-lo. (alguma,
mão”. (usa-se: no ombro; na mão) equivale a nenhum)
- Em frases de sentido negativo, nenhum (e variações) equi-
Pronomes Demonstrativos: Indicam a posição dos seres de- vale ao pronome indefinido um: Fiquei sabendo que ele não é ne-
signados em relação às pessoas do discurso, situando-os no espaço nhum ignorante.
ou no tempo. Apresentam-se em formas variáveis e invariáveis. - O indefinido cada deve sempre vir acompanhado de um
substantivo ou numeral, nunca sozinho: Ganharam cem dólares
- Em relação ao espaço: cada um. (inadequado: Ganharam cem dólares cada.)
Este (s), esta (s), isto: indicam o ser ou objeto que está próxi- - Colocados depois do substantivo, os pronomes algum/algu-
mo da pessoa que fala. ma ganham sentido negativo. Este ano, funcionário público algum
Esse (s), essa (s), isso: indicam o ser ou objeto que está próxi- terá aumento digno.
mo da pessoa,com quem se fala, que ouve (2ª pessoa) - Colocados antes do substantivo, os pronomes algum/algu-
Aquele (s), aquela (s), aquilo: indicam o ser ou objeto que está ma ganham sentido positivo. Devemos sempre ter alguma espe-
longe de quem fala e da pessoa de quem se fala (3ª pessoa) rança.
- Certo, certa, certos, certas, vários, várias, são indefinidos
- Em relação ao tempo: quando colocados antes do substantivo e adjetivos, quando coloca-
Este (s), esta (s), isto: indicam o tempo presente em relação ao dos depois do substantivo: Certo dia perdi o controle da situação.
momento em que se fala. Este mês termina o prazo das inscrições (antes do substantivo= indefinido); Eles voltarão no dia certo. (de-
para o vestibular da FAL. pois do substantivo=adjetivo).
Esse (s), essa (s), isso: indicam o tempo passado há pouco ou - Todo, toda (somente no singular) sem artigo, equivale a
o futuro em relação ao momento em se fala. Onde você esteve essa qualquer: Todo ser nasce chorando. (=qualquer ser; indetermina,
semana toda? generaliza).
Aquele (s), aquela (s), aquilo: indicam um tempo distante em - Outrem significa outra pessoa: Nunca se sabe o pensamento
relação ao momento em que se fala. Bons tempos aqueles em que de outrem.
brincávamos descalços na rua... - Qualquer, plural quaisquer: Fazemos quaisquer negócios.
Didatismo e Conhecimento 46
LÍNGUA PORTUGUESA
Locuções Pronominais Indefinidas: São locuções pronomi- Exercícios
nais indefinidas duas ou mais palavras que esquiva em ao pronome Reescreva os períodos abaixo, corrigindo-os quando for o
indefinido: cada qual / cada um / quem quer que seja / seja quem caso:
for / qualquer um / todo aquele que / um ou outro / tal qual (=certo)
/ tal e, ou qual / 01. “Jamais haverá inimizade entre você e eu “, disse o rapaz
lamentando e chorando”.
Pronomes Relativos: São aqueles que representam, numa 2ª 02. “Venha e traga contigo todo o material que estiver aí!”
oração, alguma palavra que já apareceu na oração anterior. Essa 03. “Ela falou que era para mim comer, e depois, para mim
palavra da oração anterior chama-se antecedente: Comprei um sair dali.”
carro que é movido a álcool e à gasolina. É Flex Power. Percebe- 04. Polidamente, mandei eles entrar e, depois, deixei eles sentar”
-se que o pronome relativo que, substitui na 2ª oração, o carro, por 05. “Durante toda a aula os alunos falaram sobre ti e sobre
isso a palavra que é um pronome relativo. Dica: substituir que por mim.”
o, a, os, as, qual / quais. 06. “Comunico-lhe que, quanto ao livro, deram-no ao professor.”
07. “Informamo- lhe que tudo estava bem conosco e com
Os pronomes relativos estão divididos em variáveis e inva-
eles.”
riáveis.
08. “Espero que V. Exa. e vossa distinta consorte nos honrem
Variáveis: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cujos, cuja,
com vossa visita.
cujas, quanto, quantos; 09. “Vossa Majestade, Senhor Rei, sois generoso e bom para
Invariáveis: que, quem, quando, como, onde. com o vosso povo.”
10. “Ela irá com nós mesmo, disse o homem com voz grave
Emprego dos Pronomes Relativos e solene.
11. “Ele falou do lugar onde foi com entusiasmo e saudade ao
- O relativo que, por ser o mais usado, é chamado de relati- mesmo tempo”
vo universal. Ele pode ser empregado com referência à pessoa ou 12. “Você já sabe aonde ela foi com aquele canalha?
coisa, no plural ou no singular: Este é o CD novo que acabei de 13. “Espero que ele vá ao colégio e leve consigo o livro que
comprar; João Adolfo é o cara que pedi a Deus. me pertence.
- O relativo que pode ter por seu antecedente o pronome de- 14. “Se vier, traga comigo o livro que lhe pedi”
monstrativo o, a, os, as: Não entendi o que você quis dizer. (o que 15. “Mandaram-no à delegacia para explicar o caso da morte.”
= aquilo que). 16. Enviaremos lhe todo o estoque que estiver disponível.
- O relativo quem refere se a pessoa e vem sempre precedido 17. “Para lhe dizer tudo, eu preciso de muito mais dinheiro.”
de preposição: Marco Aurélio é o advogado a quem eu me referi. 18. “Ela me disse apenas isto: me deixe passar que eu quero
- O relativo cujo e suas flexões equivalem a de que, do qual, morrer.”
de quem e estabelecem relação de posse entre o antecedente e o 19. “Me diga toda a verdade porque, assim as coisas ficam
termo seguinte. (cujo, vem sempre entre dois substantivos) mais fáceis.”
- O pronome relativo pode vir sem antecedente claro, explí- 20. “Tenho informado-o sobre todos os pormenores da via-
cito; é classificado, portanto, como relativo indefinido, e não vem gem.”
precedido de preposição: Quem casa quer casa; Feliz o homem 21. “Mandei-te todo o material de que precisas.”
cujo objetivo é a honestidade; Estas são as pessoas de cujos no- 22. “Dir-lhe-ei toda a verdade sobre o caso do roubo do banco.”
mes nunca vou me esquecer. 23. Espero que lhe não digam nada a meu respeito.
- Só se usa o relativo cujo quando o consequente é diferente 24. “Haviam-lhe informado que ela só chegaria depois das
do antecedente: O escritor cujo livro te falei é paulista. três horas.”
25. “Nesse ano, muitos alunos passarão no vestibular.”
- O pronome cujo não admite artigo nem antes nem depois
26. “Corria o ano de 1964. Neste ano houve uma revolução
de si.
no Brasil.”
- O relativo onde é usado para indicar lugar e equivale a: em
27. “Estes alunos que estão aqui podem sair, aqueles irão de-
que, no qual: Desconheço o lugar onde vende tudo mais barato. (= pois.”
lugar em que) 28. “Os livros cujas páginas estiverem rasgadas serão devol-
- Quanto, quantos e quantas são relativos quando usados de- vidos.’
pois de tudo, todos, tanto: Naquele momento, a querida comadre 29. “Apalpei-lhe as pernas que se deixavam entrever pela saia
Naldete, falou tudo quanto sabia. rasgada.”
Pronomes Interrogativos: São os pronomes em frases inter- 30. “Agora, pegue a tua caneta e comece a substituir, abaixo
rogativas diretas ou indiretas. Os principais interrogativos são: os complementos grifados pelo pronome oblíquo correspondente:
que, quem, qual, quanto: a) Mandamos o filho ao colégio.
Afinal, quem foram os prefeitos desta cidade? (interrogativa b) Enviamos à menina um telegrama
direta, com o ponto de interrogação) c) Informaram os meninos sobre a menina.
- Gostaria de saber quem foram os prefeitos desta cidade. (in- d) Fez o exercício corretamente.
terrogativa indireta, sem a interrogação) e) Diremos aos professores toda a verdade.
f) Ela nunca obedece aos superiores.
g) Ontem, ela viu você com outra.
h) Chamei a amiga para a festa.
Didatismo e Conhecimento 47
LÍNGUA PORTUGUESA
31. Indique quando, na segunda frase, ocorre a substituição 20. Tenho- o...
errada das palavras destacadas na primeira, por um pronome: 21. Mandar- te- ei
a) O gerente chamou os empregados. 22 ...
O gerente chamou-os 23 ...
b) Quero muito a meu irmão. 24 ...
Quero-lhe muito. 25 ... neste ano
c) Perdoei sua falta por duas vezes. 26 ...
Perdoei-lhe por duas vezes 27 ...
d) Tentei convencer o diretor de que a solução não seria justa 28 ...
Tentei convencê-lo de que a solução não seria justa. 29 ...
e) A proposta não agradou aos jovens 30.
A proposta não lhe agradou. a) Mandamos-o...
b) Enviamos-lhe...
32. Numa das frases, está usado indevidamente um pronome c) Informaram-nos
de tratamento. Assinale-a: d) Fê-lo
a) Os Reitores das Universidades recebem o título de Vossa e) Dir-lhes-emos
Magnificência. f) Ela nunca lhes obedece
b) Senhor Deputado, peço a Vossa Excelência que conclua a g) ...ela o viu...
sua oração. h) Chamei-a ...
c) Sua Eminência, o Papa Paulo VI, assistiu à solenidade. 31-A / 32-C /
d) Procurei a chefe da repartição, mas Sua Senhoria se recu-
sou a ouvir minhas explicações. 33-A
33. Em “O que estranhei é que as substâncias eram transferi- Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da frase,
das........! sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a palavra que não
a) artigo - expletivo exerce função sintática; como o próprio nome indica, é usada ape-
b) pronome pessoal - pronome relativo nas para dar realce. Como partícula expletiva, aparece também na
c) pronome demonstrativo - integrante expressão é que. Exemplo:
d) pronome demonstrativo - expletivo - Quase que não consigo chegar a tempo.
e) artigo - pronome relativo - Elas é que conseguiram chegar.
34. Em “Todo sistema coordenado é...........”. “Mas o propó-
sito de toda teoria física é.......”. As palavras destacadas são.... e Como Pronome, a palavra que pode ser:
significam, respectivamente:
a) pronomes substantivos indefinidos qualquer e qualquer - Pronome Relativo: retoma um termo da oração antecedente,
b) pronomes adjetivos indefinidos qualquer e inteiro projetando-o na oração consequente. Equivale a o qual e flexões.
c) pronomes adjetivos demonstrativos inteiro e cada um Exemplo: Não encontramos as pessoas que saíram.
d) pronomes adjetivos indefinidos inteiro e qualquer
e) pronomes adjetivos indefinidos qualquer e qualquer. - Pronome Indefinido: nesse caso, pode funcionar como pro-
nome substantivo ou pronome adjetivo.
Respostas:
01 .... entre você e mim. - Pronome Substantivo: equivale a que coisa. Quando for
02 ...Traga consigo... pronome substantivo, a palavra que exercerá as funções próprias
03 ....para eu comer... para eu sair do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto indireto, etc.). Exem-
04 ... mandei-os entrar ... deixei-os sair plo: Que aconteceu com você?
05 ...sobre ele...
06 ... - Pronome Adjetivo: determina um substantivo. Nesse caso,
07 ...bem com nós exerce a função sintática de adjunto adnominal. Exemplo: Que
08 ...sua distinta ... com sua visita vida é essa?
09 ...é generoso e ...seu povo...
10 ... 34-D
11 ... aonde
12 ... Colocação Pronominal
13 ...
14 ... traga consigo. Um dos aspectos da harmonia da frase refere-se à colocação
15 ... dos pronomes oblíquos átonos. Tais pronomes situam-se em três
16 ... enviar-lhe-emos posições:
17 ... - Antes do verbo (próclise): Não te conheço.
18 ...deixe-me passar - No meio do verbo (mesóclise): Avisar-te-ei.
19. Diga-me ... - Depois do verbo (ênclise): Sente-se, por favor.
Didatismo e Conhecimento 48
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Próclise Mas
Em se plantando no Brasil, tudo dá.
Por atração: usa-se a próclise quando o verbo vem precedido Não se falando em futebol, ninguém briga.
das seguintes partículas atrativas: Ninguém me provocando, fico em paz.
- Palavras ou expressões negativas: Não te afastes de mim.
- Advérbios: Agora se negam a depor. Se houver pausa (na - Infinitivo Impessoal: Não era minha intenção magoar-te.
escrita, vírgula) entre o advérbio e o verbo, usa-se a ênclise: Agora, Se o infinitivo vier precedido de palavra atrativa, ocorre tanto a
negam-se a depor. próclise quanto a ênclise.
- Pronomes Relativos: Apresentaram-se duas pessoas que se Espero com isto não te magoar.
identificaram com rapidez. Espero com isto não magoar-te.
- Pronomes Indefinidos: Poucos se negaram ao trabalho.
- Conjunções subordinativas: Soube que me dariam a autori- - No início de frases ou depois de pausa: Vão-se os anéis,
zação solicitada. ficam os dedos. Decorre daí a afirmação de que, na variante culta
escrita, não se inicia frase com pronome oblíquo átono. Causou-
-me surpresa a tua reação.
Com certas frases: há casos em que a próclise é motivada
pelo próprio tipo de frase em que se localiza o pronome.
O Pronome Oblíquo Átono nas Locuções Verbais
- Frases Interrogativas: Quem se atreveria a isso?
- Com palavras atrativas: quando a locução vem precedida
- Frases Exclamativas: Quanto te arriscas com esse procedi- de palavra atrativa, o pronome se coloca antes do verbo auxiliar ou
mento! depois do verbo principal. Exemplo: Nunca te posso negar isso;
- Frases Optativas (exprimem desejo): Deus nos proteja. Se, Nunca posso negar-te isso. É possível, nesses casos, o uso da pró-
nas frases optativas, o sujeito vem depois do verbo, usa-se a êncli- clise antes do verbo principal. Nesse caso, o pronome não se liga
se: Proteja-nos Deus. por hífen ao verbo auxiliar: Nunca posso te negar isso.
Com certos verbos: a próclise pode ser motivada também pela - No início da oração ou depois de pausa: quando a locução
forma verbal a que se prende o pronome. se situa no início da oração, não se usa o pronome antes do ver-
- Com o gerúndio precedido de preposição ou de negação: Em bo auxiliar. Exemplo: Posso-lhe dar garantia total; Posso dar-lhe
se ausentando, complicou-se; Não se satisfazendo com os resulta- garantia total. A mesma norma é válida para os casos em que a
dos, mudou de método. locução verbal vem precedida de pausa. Exemplo: Em dias de lua
- Com o infinito pessoal precedido de preposição: Por se acha- cheia, pode-se ver a estrada mesmo com faróis apagados; Em dias
rem infalíveis, caíram no ridículo. de lua cheia, pode ver-se a estrada mesmo com os faróis apagados.
Mesóclise - Sem atração nem pausa: quando a locução verbal não vem
precedida de palavra atrativa nem de pausa, admite-se qualquer
Usa-se a mesóclise tão somente com duas formas verbais, o colocação do pronome. Exemplo:
futuro do presente e o futuro do pretérito, assim quando não vie- A vida lhe pode trazer surpresas.
rem precedidos de palavras atrativas. Exemplos: A vida pode-lhe trazer surpresas.
Confrontar-se-ão os resultados. A vida pode trazer-lhe surpresas.
Confrontar-se-iam os resultados.
Observações
Mas:
Não se confrontarão os resultados. - Quando o verbo auxiliar de uma locução verbal estiver no
futuro do presente ou no futuro do pretérito, o pronome pode vir
Não se confrontariam os resultados.
em mesóclise em relação a ele: Ter-nos-ia aconselhado a partir.
Não se usa a ênclise com o futuro do presente ou com o futuro
- Nas locuções verbais, jamais se usa pronome oblíquo átono
do pretérito sob hipótese alguma. Será contrária à norma culta es- depois do particípio. Não o haviam convidado. (correto); Não ha-
crita, portanto, uma colocação do tipo: viam convidado-o. (errado).
Diria-se que as coisas melhoraram. (errado) - Há uma colocação pronominal, restrita a contextos literários,
Dir-se-ia que as coisas melhoraram. (correto) que deve ser conhecida: Há males que se não curam com remé-
dios. Quando há duas partículas atraindo o pronome oblíquo átono,
Ênclise este pode vir entre elas. Poderíamos dizer também: Há males que
não se curam com remédios.
Usa-se a ênclise nos seguintes casos:
- Os pronomes oblíquos átonos combinam-se entre si em ca-
- Imperativo Afirmativo: Prezado amigo, informe-se de seus sos como estes:
compromissos. me + o/a = mo/ma
te + o/a = to/ta
- Gerúndio não precedido da preposição “em” ou de partícu- lhe + o/a = lho/lha
la negativa: Falando-se de comércio exterior, progredimos muito. nos + o/a = no-lo/no-la
vos + o/a = vo-lo/vo-la
Didatismo e Conhecimento 49
LÍNGUA PORTUGUESA
Tais combinações podem vir: 02. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinha-
- Proclítica: Eu não vo-lo disse? dos na frase:
- Mesoclítica: Dir-vo-lo-ei já. a) O autor preza a discussão à qual se envolvem os moradores
- Enclítica: A correspondência, entregaram-lha há muito tem- de um condomínio, quando os anima a aspiração de um consenso.
po. b) A frase de Mitterrand na qual se arremeteu o candidato
Giscard não representava, de fato, uma posição com a qual nin-
Segundo a norma culta, a regra é a ênclise, ou seja, o pronome guém pudesse discordar.
após o verbo. Isso tem origem em Portugal, onde essa colocação c) A frase de cujo teor Giscard discordou revelava, de fato, o
é mais comum. No Brasil, o uso da próclise é mais frequente, por sentimento de superioridade do qual o discurso de Mitterrand era
apresentar maior informalidade. Mas, como devemos abordar os uma clara manifestação.
aspectos formais da língua, a regra será ênclise, usando próclise d) Os candidatos em cujos argumentos são fracos costumam
em situações excepcionais, que são: valer-se da oposição entre o certo e errado à qual se apóiam os
- Palavras invariáveis (advérbios, alguns pronomes, conjun- maniqueístas.
ção) atraem o pronome. Por “palavras invariáveis”, entendemos e) O comportamento dos condôminos cuja a disposição é o
os advérbios, as conjunções, alguns pronomes que não se fle- consenso deveria servir de exemplo ao dos candidatos que seu
xionam, como o pronome relativo que, os pronomes indefinidos único interesse é ganhar a eleição.
quanto/como, os pronomes demonstrativos isso, aquilo, isto.
Exemplos: “Ele não se encontrou com a namorada.” – próclise 03. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinha-
obrigatória por força do advérbio de negação. “Quando se encon- dos na frase:
tra com a namorada, ele fica muito feliz.” – próclise obrigatória a) A diferenciação entre profissionais, à que o autor faz re-
por força da conjunção; ferência, tem como critério um padrão ético, de cujo depende o
- Orações exclamativas (“Vou te matar!”) ou que expressam rumo do processo civilizatório.
desejo, chamadas de optativas (“Que Deus o abençoe!”) – próclise b) Se há apenas avanço técnico, numa época onde impera a
obrigatória. globalização, as demandas sociais ficarão sem o atendimento a
- Orações subordinadas – (“... e é por isso que nele se acentua que são carentes.
o pensador político” – uma oração subordinada causal, como a da c) As razões porque a globalização não distribui a riqueza
questão, exige a próclise.). prendem-se à relação mecânica entre oferta e demanda, cuja a
crueldade é notória.
d) Os tecnocratas maliciosos imputam para o exercício da de-
Emprego Proibido:
mocracia os desajustes econômicos em que assolam os excluídos
- Iniciar período com pronome (a forma correta é: Dá-me um
da globalização.
copo d’água; Permita-me fazer uma observação.);
e) O aumento da produção, de cuja necessidade não há quem
- Após verbo no particípio, no futuro do presente e no futuro
discorde, deve prever qualquer impacto ecológico, para o qual se
do pretérito. Com essas formas verbais, usa-se a próclise (desde
deve estar sempre alerta.
que não caia na proibição acima), modifica-se a estrutura (troca o
“me” por “a mim”) ou, no caso dos futuros, emprega-se o prono-
04. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinha-
me em mesóclise. Exemplos: “Concedida a mim a licença, pude dos na seguinte frase:
começar a trabalhar.” (Não poderia ser “concedida-me” – após a) A simpatia de que não goza um ator junto ao eleitorado é
particípio é proibido -nem “me concedida” – iniciar período com por vezes estendida a um político profissional sobre cuja honesti-
pronome é proibido). “Recolher-me-ei à minha insignificância” dade há controvérsias.
(Não poderia ser “recolherei-me” nem “Me recolherei”). b) O candidato a que devotamos nosso respeito tem uma his-
tória aonde os fatos nem sempre revelam uma conduta irrepreen-
sível.
Exercícios c) Reagan teve uma carreira de ator em cuja não houve mo-
mentos brilhantes, como também não houve os mesmos na de
01. A expressão sublinhada está empregada adequadamente Schwarzenegger.
na frase: d) Há uma ambivalência em relação aos atores na qual espe-
a) A inesgotabilidade da água é uma ilusão na qual não pode- lha a divisão entre o respeito e o menosprezo que deles costuma-
mos mais alimentar. mos alimentar.
b) A cadeia econômica à qual o texto faz referência tem na e) Os atores sobre os quais se fez menção no texto construí-
água seu centro vital. ram uma carreira cinematográfica de cujo sucesso comercial nin-
c) Os maus tempos dos quais estamos atravessando devem-se guém pode discutir.
a uma falta de previsão.
d) A água é um elemento cujo o valor ninguém mais põe em 05. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinha-
dúvida. dos na frase:
e) A certeza em que ninguém mais pode fugir é a do valor a) Os sonhos de cujos nós queremos alimentar não satisfazem
inestimável da água. os desejos com que a eles nos moveram.
b) A expressão de Elio Gaspari, a qual se refere o autor do
texto, é “cidadãos descartáveis”, e alude às criaturas desesperadas
cujo o rumo é inteiramente incerto.
Didatismo e Conhecimento 50
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c) Os objetivos de que se propõem os neoliberais não coinci- 10. O czar caçava homens, não ocorrendo ao czar que, em
dem com as necessidades por cujas se movem os “cidadãos des- vez de homens, se caçassem andorinhas e borboletas, parecendo-
cartáveis”. -lhe uma barbaridade levar andorinhas e borboletas à morte.
d) As miragens a que nos prendemos, ao longo da vida, são Evitam-se as repetições viciosas da frase acima substituindo-se,
projeções de anseios cujo destino não é a satisfação conclusiva. de forma correta, os elementos sublinhados por, respectivamente,
e) A força do nosso trabalho, de que não relutamos em vender, a) não o ocorrendo - de tais - levá-las.
dificilmente será paga pelo valor em que nos satisfaremos. b) não ocorrendo-lhe - dos mesmos - levar-lhes.
c) lhe não ocorrendo - destes - as levar-lhes.
06. É adequado o emprego de ambas as expressões sublinha- d) não ocorrendo-o - dos cujos - as levarem.
das na frase: e) não lhe ocorrendo - destes - levá-las.
a) As fogueiras de que todos testemunhamos nos noticiários
da TV constituem um sinal a quem ninguém pode ser insensível. Respostas: 01-B / 02-C / 03-E / 04-A / 05-D / 06-D / 07-E /
b) O encolhimento do Estado, ao qual muita gente foi com- 08-E / 09-E / 10-E /
placente, abriu espaço para a lógica do mercado, de cuja frieza
vem fazendo um sem-número de vítimas.
c) Com essa sua subserviência, pela qual muitos se insurgem, USO DOS TEMPOS E MODOS VERBAIS.
o Estado deixa de cumprir o papel social de que tantos estão con-
tando.
d) As medidas repressivas de que o Estado vem se valendo
em nada contribuem para o encaminhamento das soluções a que Verbo
os desempregados aspiram.
e) Diante da pujança do Mercado europeu, de cuja poucos Verbo é a palavra que indica ação, movimento, fenômenos da
vêm desfrutando, os excluídos acendem fogueiras cujo o vigor natureza, estado, mudança de estado. Flexiona-se em número (sin-
fala por si só. gular e plural), pessoa (primeira, segunda e terceira), modo (indi-
cativo, subjuntivo e imperativo, formas nominais: gerúndio, infi-
nitivo e particípio), tempo (presente, passado e futuro) e apresenta
07. A maior parte da água da chuva é interceptada pela copa
voz (ativa, passiva, reflexiva). De acordo com a vogal temática, os
das árvores, ...... cobrem toda a região. ...... evapora rapidamente,
verbos estão agrupados em três conjugações:
causando mais chuva, o que não ocorre em áreas desmatadas, ......
solo é pobre em matéria orgânica. As lacunas da frase acima estão
1ª conjugação – ar: cantar, dançar, pular.
corretamente preenchidas, respectivamente, por
2ª conjugação – er: beber, correr, entreter.
a) onde - A chuva - que o
3ª conjugação – ir: partir, rir, abrir.
b) nas quais - Aquela chuva - cujo
c) em que - A água da chuva - que o O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor, compor,
d) que elas - Essa chuva - aonde impor) pertencem a 2ª conjugação devido à sua origem latina poer.
e) que - Essa água – cujo
Elementos Estruturais do Verbo: As formas verbais apresen-
08. As razões ___ ele deverá invocar para justificar o que fez tam três elementos em sua estrutura: Radical, Vogal Temática e
não alcançarão qualquer ressonância ___ membros do Conselho, Tema.
___ votos ele depende para permanecer na empresa. Preenchem
de modo correto as lacunas da frase acima, respectivamente, as Radical: elemento mórfico (morfema) que concentra o signi-
expressões: ficado essencial do verbo. Observe as formas verbais da 1ª conju-
a) a que - para com os - de cujos gação: contar, esperar, brincar. Flexionando esses verbos, nota-se
b) de que - junto aos - cujos os que há uma parte que não muda, e que nela está o significado real
c) que - diante dos - de quem os do verbo.
d) às quais - em vista dos - em cujos cont é o radical do verbo contar;
e) que - junto aos - de cujos esper é o radical do verbo esperar;
brinc é o radical do verbo brincar.
09. Sonhos não faltam; há sonhos dentro de nós e por toda
parte, razão pela qual a estratégia Neoliberal convoca esses so- Se tiramos as terminações ar, er, ir do infinitivo dos verbos,
nhos, atribui a esses sonhos um valor incomensurável, sabendo teremos o radical desses verbos. Também podemos antepor prefi-
que nunca realizaremos esses sonhos. Evitam-se as viciosas repe- xos ao radical: des nutr ir / re conduz ir.
tições dos elementos sublinhados na frase acima substituindo-os,
na ordem dada, por: Vogal Temática: é o elemento mórfico que designa a qual con-
a) há eles - convoca-os - atribui-lhes - realizaremo-los jugação pertence o verbo. Há três vogais temáticas: 1ª conjugação:
b) os há - os convoca - lhes atribui - realizaremo-los a; 2ª conjugação: e; 3ª conjugação: i.
c) há-os - convoca-lhes - os atribui – realizá-los-emos Tema: é o elemento constituído pelo radical mais a vogal te-
d) há estes - lhes convoca - atribui-lhes - os realizaremos mática: contar: -cont (radical) + a (vogal temática) = tema. Se
e) há-os - os convoca - atribui-lhes - os realizaremos não houver a vogal temática, o tema será apenas o radical: contei
= cont ei.
Didatismo e Conhecimento 51
LÍNGUA PORTUGUESA
Desinências: são elementos que se juntam ao radical, ou ao - Pretérito Mais-Que-Perfeito: Expressa um fato passado
tema, para indicar as flexões de modo e tempo, desinências modo anterior a outro acontecimento passado. Ex: Nós cantáramos no
temporais e número pessoa, desinências número pessoais. congresso de música.
- Futuro do Presente: Na indicação de um fato realizado num
Contávamos instante posterior ao que se fala. Ex: Cantarei domingo no coro da
Cont = radical igreja matriz.
a = vogal temática - Futuro do Pretérito: Para expressar um acontecimento pos-
va = desinência modo temporal terior a um outro acontecimento passado. Ex: Compraria um car-
mos = desinência número pessoal ro se tivesse dinheiro
Didatismo e Conhecimento 52
LÍNGUA PORTUGUESA
Futuro: é empregado para indicar um fato hipotético, pode Além dos três modos citados, os verbos apresentam ainda as
ou não acontecer. Quando/Se você fizer o trabalho, será generosa- formas nominais: infinitivo – impessoal e pessoal, gerúndio e par-
mente gratificado. ticípio.
Didatismo e Conhecimento 53
LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o infinitivo preposicionado, ou não, preceder ou es- - Quando tiver sujeito diferente daquele da oração principal;
tiver distante do verbo da oração principal (verbo regente), pode Por exemplo: O professor deu um prazo de cinco dias para os alu-
ser flexionado para melhor clareza do período e também para se nos estudarem bastante para a prova; Perdôo-te por me traíres; O
enfatizar o sujeito (agente) da ação verbal. Por exemplo: hotel preparou tudo para os turistas ficarem à vontade; O guarda
- Na esperança de sermos atendidos, muito lhe agradecemos. fez sinal para os motoristas pararem.
- Foram dois amigos à casa de outro, a fim de jogarem fute- - Quando se quiser indeterminar o sujeito (utilizado na tercei-
bol. ra pessoa do plural); Por exemplo: Faço isso para não me acharem
- Para estudarmos, estaremos sempre dispostos. inútil; Temos de agir assim para nos promoverem; Ela não sai
- Antes de nascerem, já estão condenadas à fome muitas sozinha à noite a fim de não falarem mal da sua conduta.
crianças.
- Quando apresentar reciprocidade ou reflexibilidade de ação;
Com os verbos causativos “deixar”, “mandar” e “fazer” e seus Por exemplo: Vi os alunos abraçarem-se alegremente; Fizemos os
sinônimos que não formam locução verbal com o infinitivo que os adversários cumprimentarem-se com gentileza; Mandei as meni-
segue; Por exemplo: Deixei-os sair cedo hoje. nas olharem-se no espelho.
Com os verbos sensitivos “ver”, “ouvir”, “sentir” e sinôni-
mos, deve-se também deixar o infinitivo sem flexão. Por exemplo: Como se pode observar, a escolha do Infinitivo Flexionado é
Vi-os entrar atrasados; Ouvi-as dizer que não iriam à festa. feita sempre que se quer enfatizar o agente (sujeito) da ação ex-
pressa pelo verbo.
É inadequado o emprego da preposição “para” antes dos ob-
jetos diretos de verbos como “pedir”, “dizer”, “falar” e sinônimos; - Se o infinitivo de um verbo for escrito com “j”, esse “j” apa-
- Pediu para Carlos entrar (errado), recerá em todas as outras formas. Por exemplo:
- Pediu para que Carlos entrasse (errado). Enferrujar: enferrujou, enferrujaria, enferrujem, enferrujarão,
- Pediu que Carlos entrasse (correto). enferrujassem, etc. (Lembre, contudo, que o substantivo ferrugem
é grafado com “g”.).
Quando a preposição “para” estiver regendo um verbo, como Viajar: viajou, viajaria, viajem (3ª pessoa do plural do presen-
na oração “Este trabalho é para eu fazer”, pede-se o emprego do te do subjuntivo, não confundir com o substantivo viagem) viaja-
pronome pessoal “eu”, que se revela, neste caso, como sujeito. Ou- rão, viajasses, etc.
tros exemplos: - Quando o verbo tem o infinitivo com “g”, como em “dirigir”
- Aquele exercício era para eu corrigir. e “agir” este “g” deverá ser trocado por um “j” apenas na primeira
- Esta salada é para eu comer? pessoa do presente do indicativo. Por exemplo: eu dirijo/ eu ajo
- Ela me deu um relógio para eu consertar. - O verbo “parecer” pode relacionar-se de duas maneiras dis-
tintas com o infinitivo. Quando “parecer” é verbo auxiliar de um
Em orações como “Esta carta é para mim!”, a preposição está outro verbo: Elas parecem mentir. Elas parece mentirem. Neste
ligada somente ao pronome, que deve se apresentar oblíquo tônico. exemplo ocorre, na verdade, um período composto. “Parece” é o
verbo de uma oração principal cujo sujeito é a oração subordina-
Infinitivo Pessoal: É o infinitivo relacionado às três pessoas da substantiva subjetiva reduzida de infinitivo “elas mentirem”.
do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desi- Como desdobramento dessa reduzida, podemos ter a oração “Pa-
nências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, rece que elas mentem.”
flexiona-se da seguinte maneira:
Gerúndio: O gerúndio pode funcionar como adjetivo ou ad-
2ª pessoa do singular: Radical + ES. Ex.: teres (tu) vérbio. Por exemplo: Saindo de casa, encontrei alguns amigos.
1ª pessoa do plural: Radical + mos. Ex.: termos (nós) (função de advérbio); Nas ruas, havia crianças vendendo doces.
2ª pessoa do plural: Radical + dês. Ex.: terdes (vós) (função adjetivo)
3ª pessoa do plural: Radical + em. Ex.: terem (eles) Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na
forma composta, uma ação concluída. Por exemplo: Trabalhan-
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa co- do, aprenderás o valor do dinheiro; Tendo trabalhado, aprendeu o
locação. valor do dinheiro.
Quando se diz que um verbo está no infinitivo pessoal, isso Particípio: Quando não é empregado na formação dos tempos
significa que ele atribui um agente ao processo verbal, flexionan- compostos, o particípio indica geralmente o resultado de uma ação
do-se. terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exem-
plo: Terminados os exames, os candidatos saíram. Quando o par-
O infinitivo deve ser flexionado nos seguintes casos: ticípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal,
- Quando o sujeito da oração estiver claramente expresso; Por assume verdadeiramente a função de adjetivo (adjetivo verbal).
exemplo: Se tu não perceberes isto...; Convém vocês irem primei- Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para representar a escola.
ro; O bom é sempre lembrarmos desta regra (sujeito desinencial,
sujeito implícito = nós).
Didatismo e Conhecimento 54
LÍNGUA PORTUGUESA
1ª Conjugação –AR Formas Nominais
Infinitivo Impessoal: dançar. Infinitivo: ser
Infinitivo Pessoal: dançar eu, dançares tu; dançar ele, dançar- Gerúndio: sendo
mos nós, dançardes vós, dançarem eles. Particípio: sido
Gerúndio: dançando.
Particípio: dançado. Estar
Didatismo e Conhecimento 55
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Pretérito Perfeito Composto: tenho tido. Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse havido.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu tivera, tu tiveras, Futuro Simples: quando eu houver, quando tu houveres,
ele tivera, nós tivéramos, vós tivéreis, eles tiveram. quando ele houver, quando nós houvermos, quando vós houver-
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha tido. des, quando eles houverem.
Futuro do Presente Simples: eu terei, tu terás, ele terá, nós Futuro Composto: tiver havido.
teremos, vós tereis, eles terão.
Modo Imperativo
Futuro do Presente Composto: terei tido. Imperativo Afirmativo: haja ele, hajamos nós, havei vós,
Futuro do Pretérito Simples: eu teria, tu terias, ele teria, nós hajam eles.
teríamos, vós teríeis, eles teriam. Imperativo Negativo: não hajas tu, não haja ele, não hajamos
Futuro do Pretérito composto: teria tido. nós, não hajais vós, não hajam eles.
Infinitivo Pessoal: por haver eu, por haveres tu, por haver ele,
Modo Subjuntivo por havermos nós, por haverdes vós, por haverem eles.
Presente: que eu tenha, que tu tenhas, que ele tenha, que nós
tenhamos, que vós tenhais, que eles tenham.
Formas Nominais
Pretérito Imperfeito: se eu tivesse, se tu tivesses, se ele ti-
Infinitivo: haver
vesse, se nós tivéssemos, se vós tivésseis, se eles tivessem.
Gerúndio: havendo
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse tido.
Futuro: quando eu tiver, quando tu tiveres, quando ele tiver, Particípio: havido
quando nós tivermos, quando vós tiverdes, quando eles tiverem.
Futuro Composto: tiver tido. Verbos Regulares: Não sofrem modificação no radical duran-
te toda conjugação (em todos os modos) e as desinências seguem
Modo Imperativo as do verbo paradigma (verbo modelo)
Imperativo Afirmativo: tem tu, tenha ele, tenhamos nós, ten-
de vós, tenham eles. Amar: (radical: am) Amo, Amei, Amava, Amara, Amarei,
Imperativo Negativo: não tenhas tu, não tenha ele, não te- Amaria, Ame, Amasse, Amar.
nhamos nós, não tenhais vós, não tenham eles. Comer: (radical: com) Como, Comi, Comia, Comera, Come-
Infinitivo Pessoal: por ter eu, por teres tu, por ter ele, por rei, Comeria, Coma, Comesse, Comer.
termos nós, por terdes vós, por terem eles. Partir: (radical: part) Parto, Parti, Partia, Partira, Partirei, Par-
tiria, Parta, Partisse, Partir.
Formas Nominais
Infinitivo: ter Verbos Irregulares: São os verbos que sofrem modificações
Gerúndio: tendo no radical ou em suas desinências.
Particípio: tido
Dar: dou, dava, dei, dera, darei, daria, dê, desse, der
Haver Caber: caibo, cabia, coube, coubera, caberei, caberia, caiba,
coubesse, couber.
Modo Indicativo Agredir: agrido, agredia, agredi, agredira, agredirei, agrediria,
Presente: eu hei, tu hás, ele há, nós havemos, vós haveis, eles agrida, agredisse, agredir.
hão.
Pretérito Imperfeito: eu havia, tu havias, ele havia, nós ha- Anômalos: São aqueles que têm uma anomalia no radical.
víamos, vós havíeis, eles haviam. Ser, Ir
Pretérito Perfeito Simples: eu houve, tu houveste, ele houve,
nós houvemos, vós houvestes, eles houveram.
Ir
Pretérito Perfeito Composto: tenho havido.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu houvera, tu houve-
ras, ele houvera, nós houvéramos, vós houvéreis, eles houveram. Modo Indicativo
Pretérito Mais-que-Prefeito Composto: tinha havido. Presente: eu vou, tu vais, ele vai, nós vamos, vós ides, eles
Futuro do Presente Simples: eu haverei, tu haverás, ele ha- vão.
verá, nós haveremos, vós havereis, eles haverão. Pretérito Imperfeito: eu ia, tu ias, ele ia, nós íamos, vós íeis,
Futuro do Presente Composto: terei havido. eles iam.
Futuro do Pretérito Simples: eu haveria, tu haverias, ele ha- Pretérito Perfeito: eu fui, tu foste, ele foi, nós fomos, vós
veria, nós haveríamos, vós haveríeis, eles haveriam. fostes, eles foram.
Futuro do Pretérito Composto: teria havido. Pretérito Mais-que-Perfeito: eu fora, tu foras, ele fora, nós
fôramos, vós fôreis, eles foram.
Modo Subjuntivo Futuro do Presente: eu irei, tu irás, ele irá, nós iremos, vós
Presente: que eu haja, que tu hajas, que ele haja, que nós ha- ireis, eles irão.
jamos, que vós hajais, que eles hajam. Futuro do Pretérito: eu iria, tu irias, ele iria, nós iríamos, vós
Pretérito Imperfeito: se eu houvesse, se tu houvesses, se ele iríeis, eles iriam.
houvesse, se nós houvéssemos, se vós houvésseis, se eles houves-
sem.
Didatismo e Conhecimento 56
LÍNGUA PORTUGUESA
Modo Subjuntivo - Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjuntivo: É a
Presente: que eu vá, que tu vás, que ele vá, que nós vamos, formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Preté-
que vós vades, que eles vão. rito Imperfeito do Subjuntivo e o principal no particípio, tendo
Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele fosse, se o mesmo valor que o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo simples.
nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem. Por exemplo: Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mu-
Futuro: quando eu for, quando tu fores, quando ele for, quan- dado de cidade. Perceba que todas as frases remetem a ação obri-
do nós formos, quando vós fordes, quando eles forem. gatoriamente para o passado. A frase Se eu estudasse, aprenderia
é completamente diferente de Se eu tivesse estudado, teria apren-
Modo Imperativo dido.
Imperativo Afirmativo: vai tu, vá ele, vamos nós, ide vós, - Futuro do Presente Composto do Indicativo: É a formação
vão eles. de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Pre-
Imperativo Negativo: não vás tu, não vá ele, não vamos nós, sente simples do Indicativo e o principal no particípio, tendo o
não vades vós, não vão eles. mesmo valor que o Futuro do Presente simples do Indicativo. Por
Infinitivo Pessoal: ir eu, ires tu, ir ele, irmos nós, irdes vós, exemplo: Amanhã, quando o dia amanhecer, eu já terei partido.
irem eles. - Futuro do Pretérito Composto do Indicativo: É a formação
de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Pre-
Formas Nominais: térito simples do Indicativo e o principal no particípio, tendo o
Infinitivo: ir mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples do Indicativo. Por
Gerúndio: indo exemplo: Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado
Particípio: ido de cidade.
- Futuro Composto do Subjuntivo: É a formação de locução
Verbos Defectivos: São aqueles que possuem um defeito. Não verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Subjuntivo sim-
têm todos os modos, tempos ou pessoas. ples e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro
do Subjuntivo simples. Por exemplo: Quando você tiver terminado
Verbo Pronominal: É aquele que é conjugado com o pro- sua série de exercícios, eu caminharei 6 Km. Veja os exemplos:
nome oblíquo. Ex: Eu me despedi de mamãe e parti sem olhar Quando você chegar à minha casa, telefonarei a Manuel.
para o passado. Quando você chegar à minha casa, já terei telefonado a Ma-
nuel.
Verbos Abundantes: “São os verbos que têm duas ou mais
formas equivalentes, geralmente de particípio.” (Sacconi) Perceba que o significado é totalmente diferente em ambas as
frases apresentadas. No primeiro caso, esperarei “você” praticar
Infinitivo: Aceitar, Anexar, Acender, Desenvolver, Emergir, a sua ação para, depois, praticar a minha; no segundo, primeiro
Expelir. praticarei a minha. Por isso o uso do advérbio “já”. Assim, observe
Particípio Regular: Aceitado, Anexado, Acendido, Desenvol- que o mesmo ocorre nas frases a seguir:
vido, Emergido, Expelido. Quando você tiver terminado o trabalho, telefonarei a Manuel.
Particípio Irregular: Aceito, Anexo, Aceso, Desenvolto, Quando você tiver terminado o trabalho, já terei telefonado a
Emerso, Expulso. Manuel.
Tempos Compostos: São formados por locuções verbais que - Infinitivo Pessoal Composto: É a formação de locução ver-
têm como auxiliares os verbos ter e haver e como principal, qual- bal com o auxiliar ter ou haver no Infinitivo Pessoal simples e
quer verbo no particípio. São eles: o principal no particípio, indicando ação passada em relação ao
momento da fala. Por exemplo: Para você ter comprado esse carro,
- Pretérito Perfeito Composto do Indicativo: É a formação de necessitou de muito dinheiro
locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Indi-
cativo e o principal no particípio, indicando fato que tem ocorrido Exercícios
com freqüência ultimamente. Por exemplo: Eu tenho estudado de-
mais ultimamente. 01. Assinale o período em que aparece forma verbal incorreta-
- Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo: É a formação mente empregada em relação à norma culta da língua:
de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do a) Se o compadre trouxesse a rabeca, a gente do ofício ficaria
Subjuntivo e o principal no particípio, indicando desejo de que exultante.
algo já tenha ocorrido. Por exemplo: Espero que você tenha estu- b) Quando verem o Leonardo, ficarão surpresos com os trajes
dado o suficiente, para conseguir a aprovação. que usava.
- Pretérito Mais-que-Perfeito Composto do Indicativo: É a c) Leonardo propusera que se dançasse o minuete da corte.
formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Preté- d) Se o Leonardo quiser, a festa terá ares aristocráticos.
rito Imperfeito do Indicativo e o principal no particípio, tendo o e) O Leonardo não interveio na decisão da escolha do padri-
mesmo valor que o Pretérito Mais-que-Perfeito do Indicativo sim- nho do filho.
ples. Por exemplo: Eu já tinha estudado no Maxi, quando conheci
Magali.
Didatismo e Conhecimento 57
LÍNGUA PORTUGUESA
02. ....... em ti; mas nem sempre ....... dos outros. 08. Assinale a alternativa em que uma forma verbal foi empre-
a) Creias – duvidas gada incorretamente:
b) Crê – duvidas a) O superior interveio na discussão, evitando a briga.
c) Creias – duvida b) Se a testemunha depor favoravelmente, o réu será absol-
d) Creia – duvide vido.
e) Crê - duvides c) Quando eu reouver o dinheiro, pagarei a dívida.
d) Quando você vir Campinas, ficará extasiado.
03. Assinale a frase em que há erro de conjugação verbal: e) Ele trará o filho, se vier a São Paulo.
a) Os esportes entretêm a quem os pratica.
b) Ele antevira o desastre. 09. Assinale a alternativa incorreta quanto à forma verbal:
c) Só ficarei tranquilo, quando vir o resultado. a) Ele reouve os objetos apreendidos pelo fiscal.
d) Eles se desavinham frequentemente. b) Se advierem dificuldades, confia em Deus.
e) Ainda hoje requero o atestado de bons antecedentes. c) Se você o vir, diga-lhe que o advogado reteve os documentos.
d) Eu não intervi na contenda porque não pude.
04. Dê, na ordem em que aparecem nesta questão, as seguintes e) Por não se cumprirem as cláusulas propostas, as partes de-
formas verbais: savieram-se e requereram rescisão do contrato.
advertir - no imperativo afirmativo, segunda pessoa do plural
compor - no futuro do subjuntivo, segunda pessoa do plural 10. Indique a incorreta:
rever - no perfeito do indicativo, segunda pessoa do plural a) Estão isentados das sanções legais os citados no artigo 6º.
prover - no perfeito do indicativo, segunda pessoa do singular b) Estão suspensas as decisões relativas ao parágrafo 3º do
artigo 2º.
a) adverti, componhais, revês, provistes c) Fica revogado o ato que havia extinguido a obrigatoriedade
b) adverti, compordes, revestes, provistes de apresentação dos documentos mencionados.
c) adverte, compondes, reveis, proviste d) Os pareceres que forem incursos na Resolução anterior são
d) adverti, compuserdes, revistes, proveste de responsabilidade do Governo Federal.
e) n.d.a e) Todas estão incorretas.
05. “Eu não sou o homem que tu procuras, mas desejava ver- Respostas: 01-B / 02-E / 03-E / 04-D / 05-B / 06-D / 07-E /
-te, ou, quando menos, possuir o teu retrato.” Se o pronome tu 08-B / 09-D / 10-A /
fosse substituído por Vossa Excelência, em lugar das palavras
destacadas no texto acima transcrito teríamos, respectivamente, as
seguintes formas: ESTRUTURA DO PERÍODO
a) procurais, ver-vos, vosso E DA ORAÇÃO.
b) procura, vê-la, seu
c) procura, vê-lo, vosso
d) procurais, vê-la, vosso
e) procurais, ver-vos, seu Oração: é todo enunciado linguístico dotado de sentido, po-
rém há, necessariamente, a presença do verbo. A oração encerra
06. Assinale a única alternativa que contém erro na passagem uma frase (ou segmento de frase), várias frases ou um período,
da forma verbal, do imperativo afirmativo para o imperativo ne- completando um pensamento e concluindo o enunciado através de
gativo: ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns casos, através
a) parti vós - não partais vós de reticências.
b) amai vós - não ameis vós Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes elíp-
c) sede vós - não sejais vós ticos). Não têm estrutura sintática, portanto não são orações, não
d) ide vós - não vais vós podem ser analisadas sintaticamente frases como:
e) perdei vós - não percais vós Socorro!
Com licença!
07. Vi, mas não ............; o policial viu, e também não ............, Que rapaz impertinente!
dois agentes secretos viram, e não ............ Se todos nós ............ , Muito riso, pouco siso.
talvez .......... tantas mortes. “A bênção, mãe Nácia!” (Raquel de Queirós)
a) intervir - interviu - tivéssemos intervido - teríamos evitado
b) me precavi - se precaveio - se precaveram - nos precavísse- Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como partes
mos - não teria havido de um conjunto harmônico: elas formam os termos ou as unidades
c) me contive - se conteve - contiveram - houvéssemos conti- sintáticas da oração. Cada termo da oração desempenha uma fun-
do - tivéssemos impedido ção sintática. Geralmente apresentam dois grupos de palavras: um
d) me precavi - se precaveu - precaviram - precavêssemo-nos grupo sobre o qual se declara alguma coisa (o sujeito), e um grupo
não houvesse que apresenta uma declaração (o predicado), e, excepcionalmente,
e) intervim - interveio - intervieram - tivéssemos intervindo - só o predicado. Exemplo:
houvéssemos evitado
Didatismo e Conhecimento 58
LÍNGUA PORTUGUESA
A menina banhou-se na cachoeira. Exemplos:
A menina – sujeito
banhou-se na cachoeira – predicado A padaria está fechada hoje.
está fechada hoje: predicado nominal
Choveu durante a noite. (a oração toda predicado) fechada: nome adjetivo = núcleo do predicado
a padaria: sujeito
O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em padaria: núcleo do sujeito - nome feminino singular
número e pessoa. É normalmente o “ser de quem se declara algo”,
“o tema do que se vai comunicar”. Nós mentimos sobre nossa idade para você.
O predicado é a parte da oração que contém “a informação mentimos sobre nossa idade para você: predicado verbal
nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere ao sujeito, cons- mentimos: verbo = núcleo do predicado
tituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. nós: sujeito
Observe: O amor é eterno. O tema, o ser de quem se declara
No interior de uma sentença, o sujeito é o termo determinante,
algo, o sujeito, é “O amor”. A declaração referente a “o amor”, ou
ao passo que o predicado é o termo determinado. Essa posição de
seja, o predicado, é “é eterno”.
determinante do sujeito em relação ao predicado adquire sentido
Já na frase: Os rapazes jogam futebol. O sujeito é “Os rapa- com o fato de ser possível, na língua portuguesa, uma sentença
zes”, que identificamos por ser o termo que concorda em número sem sujeito, mas nunca uma sentença sem predicado.
e pessoa com o verbo “jogam”. O predicado é “jogam futebol”. Exemplos:
Núcleo de um termo é a palavra principal (geralmente um
substantivo, pronome ou verbo), que encerra a essência de sua sig- As formigas invadiram minha casa.
nificação. Nos exemplos seguintes, as palavras amigo e revestiu as formigas: sujeito = termo determinante
são o núcleo do sujeito e do predicado, respectivamente: invadiram minha casa: predicado = termo determinado
“O amigo retardatário do presidente prepara-se para desem-
barcar.” (Aníbal Machado) Há formigas na minha casa.
A avezinha revestiu o interior do ninho com macias plumas. há formigas na minha casa: predicado = termo determinado
Os termos da oração da língua portuguesa são classificados sujeito: inexistente
em três grandes níveis:
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado. O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma nomi-
- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal e nal, isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse nome se
Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e Agente refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o sujeito é repre-
da Passiva). sentado por um pronome pessoal do caso reto (eu, tu, ele, etc.). Se
- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, Adjun- o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa, sua representa-
to Adverbial, Aposto e Vocativo. ção pode ser feita através de um substantivo, de um pronome subs-
tantivo ou de qualquer conjunto de palavras, cujo núcleo funcione,
- Termos Essenciais da Oração: São dois os termos essen- na sentença, como um substantivo.
ciais (ou fundamentais) da oração: sujeito e predicado. Exemplos: Exemplos:
Didatismo e Conhecimento 59
LÍNGUA PORTUGUESA
O sino era grande. Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a pos-
Ela tem uma educação fina. posição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em nossa língua.
Vossa Excelência agiu como imparcialidade. Exemplos:
Isto não me agrada. É fácil este problema!
Vão-se os anéis, fiquem os dedos.
O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um subs- “Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores.”
tantivo ou pronome. Em torno do núcleo podem aparecer palavras (José de Alencar)
secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas, etc.) Exemplo: “Foi ouvida por Deus a súplica do condenado.” (Ramalho
“Todos os ligeiros rumores da mata tinham uma voz para a Ortigão)
selvagem filha do sertão.” (José de Alencar) “Mas terás tu paciência por duas horas?” (Camilo Castelo
Branco)
O sujeito pode ser:
Sem Sujeito: constituem a enunciação pura e absoluta de um
Simples: quando tem um só núcleo: As rosas têm espinhos; fato, através do predicado; o conteúdo verbal não é atribuído a ne-
“Um bando de galinhas-d’angola atravessa a rua em fila indiana.” nhum ser. São construídas com os verbos impessoais, na 3ª pessoa
Composto: quando tem mais de um núcleo: “O burro e o ca- do singular: Havia ratos no porão; Choveu durante o jogo.
valo nadavam ao lado da canoa.” Observação: São verbos impessoais: Haver (nos sentidos de
Expresso: quando está explícito, enunciado: Eu viajarei amanhã. existir, acontecer, realizar-se, decorrer), Fazer, passar, ser e estar,
Oculto (ou elíptico): quando está implícito, isto é, quando não com referência ao tempo e Chover, ventar, nevar, gear, relampejar,
está expresso, mas se deduz do contexto: Viajarei amanhã. (sujei- amanhecer, anoitecer e outros que exprimem fenômenos meteoro-
to: eu, que se deduz da desinência do verbo); “Um soldado saltou lógicos.
para a calçada e aproximou-se.” (o sujeito, soldado, está expresso
na primeira oração e elíptico na segunda: e (ele) aproximou-se.); Predicado: assim como o sujeito, o predicado é um segmento
extraído da estrutura interna das orações ou das frases, sendo, por
Crianças, guardem os brinquedos. (sujeito: vocês)
isso, fruto de uma análise sintática. Nesse sentido, o predicado é
Agente: se faz a ação expressa pelo verbo da voz ativa: O Nilo
sintaticamente o segmento linguístico que estabelece concordância
fertiliza o Egito.
com outro termo essencial da oração, o sujeito, sendo este o termo
Paciente: quando sofre ou recebe os efeitos da ação expres-
determinante (ou subordinado) e o predicado o termo determinado
sa pelo verbo passivo: O criminoso é atormentado pelo remorso;
(ou principal). Não se trata, portanto, de definir o predicado como
Muitos sertanistas foram mortos pelos índios; Construíram-se
“aquilo que se diz do sujeito” como fazem certas gramáticas da
açudes. (= Açudes foram construídos.) língua portuguesa, mas sim estabelecer a importância do fenômeno
Agente e Paciente: quando o sujeito faz a ação expressa por da concordância entre esses dois termos essenciais da oração. Então
um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe os efeitos dessa têm por características básicas: apresentar-se como elemento deter-
ação: O operário feriu-se durante o trabalho; Regina trancou-se minado em relação ao sujeito; apontar um atributo ou acrescentar
no quarto. nova informação ao sujeito. Exemplos:
Indeterminado: quando não se indica o agente da ação verbal:
Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem atropelou a senhora? Carolina conhece os índios da Amazônia.
Não se diz, não se sabe quem a atropelou.); Come-se bem naquele sujeito: Carolina = termo determinante
restaurante. predicado: conhece os índios da Amazônia = termo determinado
Observações:
- Não confundir sujeito indeterminado com sujeito oculto. Todos nós fazemos parte da quadrilha de São João.
- Sujeito formado por pronome indefinido não é indetermina- sujeito: todos nós = termo determinante
do, mas expresso: Alguém me ensinará o caminho. Ninguém lhe predicado: fazemos parte da quadrilha de São João = termo
telefonou. determinado
- Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o verbo
na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer agente já ex- Nesses exemplos podemos observar que a concordância é esta-
presso nas orações anteriores: Na rua olhavam-no com admiração; belecida entre algumas poucas palavras dos dois termos essenciais.
“Bateram palmas no portãozinho da frente.”; “De qualquer modo, No primeiro exemplo, entre “Carolina” e “conhece”; no segundo
foi uma judiação matarem a moça.” exemplo, entre “nós” e “fazemos”. Isso se dá porque a concordân-
- Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo ativo cia é centrada nas palavras que são núcleos, isto é, que são respon-
na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se. O prono- sáveis pela principal informação naquele segmento. No predicado o
me se, neste caso, é índice de indeterminação do sujeito. Pode ser núcleo pode ser de dois tipos: um nome, quase sempre um atributo
omitido junto de infinitivos. que se refere ao sujeito da oração, ou um verbo (ou locução ver-
Aqui vive-se bem. bal). No primeiro caso, temos um predicado nominal (seu núcleo
Devagar se vai ao longe. significativo é um nome, substantivo, adjetivo, pronome, ligado ao
Quando se é jovem, a memória é mais vivaz. sujeito por um verbo de ligação) e no segundo um predicado verbal
Trata-se de fenômenos que nem a ciência sabe explicar. (seu núcleo é um verbo, seguido, ou não, de complemento(s) ou ter-
mos acessórios). Quando, num mesmo segmento o nome e o verbo
- Assinala-se a indeterminação do sujeito deixando-se o verbo são de igual importância, ambos constituem o núcleo do predicado
no infinitivo impessoal: Era penoso carregar aqueles fardos enor- e resultam no tipo de predicado verbo-nominal (tem dois núcleos
mes; É triste assistir a estas cenas repulsivas. significativos: um verbo e um nome). Exemplos:
Didatismo e Conhecimento 60
LÍNGUA PORTUGUESA
Minha empregada é desastrada. “Não simpatizava com as pessoas investidas no poder.” (Ca-
predicado: é desastrada milo Castelo Branco)
núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito
tipo de predicado: nominal Observe que, sem os seus complementos, os verbos puxou, in-
vejo, aspiro, etc., não transmitiriam informações completas: puxou
O núcleo do predicado nominal chama-se predicativo do o quê? Não invejo a quem? Não aspiro a que?
sujeito, porque atribui ao sujeito uma qualidade ou característica. Os verbos de predicação completa denominam-se intransiti-
Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, etc.) funcionam como vos e os de predicação incompleta, transitivos. Os verbos transiti-
um elo entre o sujeito e o predicado. vos subdividem-se em: transitivos diretos, transitivos indiretos
e transitivos diretos e indiretos (bitransitivos).
A empreiteira demoliu nosso antigo prédio. Além dos verbos transitivos e intransitivos, quem encerram
predicado: demoliu nosso antigo prédio uma noção definida, um conteúdo significativo, existem os de li-
núcleo do predicado: demoliu = nova informação sobre o gação, verbos que entram na formação do predicado nominal, re-
sujeito lacionando o predicativo com o sujeito.
tipo de predicado: verbal Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em:
Os manifestantes desciam a rua desesperados. Intransitivos: são os que não precisam de complemento, pois
predicado: desciam a rua desesperados têm sentido completo.
núcleos do predicado: desciam = nova informação sobre o “Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis)
sujeito; desesperados = atributo do sujeito “Os guerreiros Tabajaras dormem.” (José de Alencar)
tipo de predicado: verbo-nominal “A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia.”
(Marquês de Maricá)
Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é respon-
sável também por definir os tipos de elementos que aparecerão no Observações: Os verbos intransitivos podem vir acompanha-
segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta para compor o dos de um adjunto adverbial e mesmo de um predicativo (quali-
predicado (verbo intransitivo). Em outros casos é necessário um dade, características): Fui cedo; Passeamos pela cidade; Cheguei
complemento que, juntamente com o verbo, constituem a nova in- atrasado; Entrei em casa aborrecido. As orações formadas com
formação sobre o sujeito. De qualquer forma, esses complementos verbos intransitivos não podem “transitar” (= passar) para a voz
do verbo não interferem na tipologia do predicado. passiva. Verbos intransitivos passam, ocasionalmente, a transitivos
Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do verbo, quando construídos com o objeto direto ou indireto.
quando este puder ser facilmente subentendido, em geral por estar - “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do Nascimento)
expresso ou implícito na oração anterior. Exemplos: - “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís Jardim)
- “Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves Dias)
“A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes - “Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no mundo que
inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o verbo é já morreu...” (Ciro dos Anjos)
depois de algozes)
“Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira da Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer, cres-
Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe) cer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar, chegar,
“A cidade parecia mais alegre; o povo, mais contente.” (Povi- vir, mentir, suar, adoecer, etc.
na Cavalcante) (isto é: o povo parecia mais contente)
Transitivos Diretos: são os que pedem um objeto direto, isto
Chama-se predicação verbal o modo pelo qual o verbo forma é, um complemento sem preposição. Pertencem a esse grupo: jul-
o predicado. gar, chamar, nomear, eleger, proclamar, designar, considerar, de-
Há verbos que, por natureza, tem sentido completo, podendo, clarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos:
por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos de predicação Comprei um terreno e construí a casa.
completa denominados intransitivos. Exemplo: “Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de
Maricá)
As flores murcharam. “Então, solenemente Maria acendia a lâmpada de sábado.”
Os animais correm. (Guedes de Amorim)
As folhas caem.
“Os inimigos de Moreiras rejubilaram.” (Graciliano Ramos) Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os que
formam o predicado verbo nominal e se constrói com o comple-
Outros verbos há, pelo contrário, que para integrarem o pre- mento acompanhado de predicativo. Exemplos:
dicado necessitam de outros termos: são os verbos de predicação Consideramos o caso extraordinário.
incompleta, denominados transitivos. Exemplos: Inês trazia as mãos sempre limpas.
O povo chamava-os de anarquistas.
João puxou a rede. Julgo Marcelo incapaz disso.
“Não invejo os ricos, nem aspiro à riqueza.” (Oto Lara Re-
sende)
Didatismo e Conhecimento 61
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: Os verbos transitivos diretos, em geral, podem Observações: Os verbos de ligação não servem apenas de ane-
ser usados também na voz passiva; Outra características desses xo, mas exprimem ainda os diversos aspectos sob os quais se con-
verbos é a de poderem receber como objeto direto, os pronomes sidera a qualidade atribuída ao sujeito. O verbo ser, por exemplo,
o, a, os, as: convido-o, encontro-os, incomodo-a, conheço-as; Os traduz aspecto permanente e o verbo estar, aspecto transitório: Ele
verbos transitivos diretos podem ser construídos acidentalmen- é doente. (aspecto permanente); Ele está doente. (aspecto transitó-
te, com preposição, a qual lhes acrescenta novo matiz semânti- rio). Muito desses verbos passam à categoria dos intransitivos em
co: arrancar da espada; puxar da faca; pegar de uma ferramenta; frases como: Era =existia) uma vez uma princesa.; Eu não estava
tomar do lápis; cumprir com o dever; Alguns verbos transitivos em casa.; Fiquei à sombra.; Anda com dificuldades.; Parece que
diretos: abençoar, achar, colher, avisar, abraçar, comprar, castigar, vai chover.
contrariar, convidar, desculpar, dizer, estimar, elogiar, entristecer,
encontrar, ferir, imitar, levar, perseguir, prejudicar, receber, saldar, Os verbos, relativamente à predicação, não têm classificação
socorrer, ter, unir, ver, etc. fixa, imutável. Conforme a regência e o sentido que apresentam
Transitivos Indiretos: são os que reclamam um complemento na frase, podem pertencer ora a um grupo, ora a outro. Exemplo:
regido de preposição, chamado objeto indireto. Exemplos: O homem anda. (intransitivo)
“Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma ado- O homem anda triste. (de ligação)
lescente.” (Ciro dos Anjos)
“Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e neu- O cego não vê. (intransitivo)
tros.” (Érico Veríssimo) O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto)
“Lúcio não atinava com essa mudança instantânea.” (José
Américo) Deram 12 horas. (intransitivo)
“Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiritual.” A terra dá bons frutos. (transitivo direto)
(José Geraldo Vieira)
Não dei com a chave do enigma. (transitivo indireto)
Observações: Entre os verbos transitivos indiretos importa Os pais dão conselhos aos filhos. (transitivo direto e indireto)
distinguir os que se constroem com os pronomes objetivos lhe,
lhes. Em geral são verbos que exigem a preposição a: agradar-lhe, Predicativo: Há o predicativo do sujeito e o predicativo do
agradeço-lhe, apraz lhe, bate-lhe, desagrada-lhe, desobedecem- objeto.
-lhe, etc. Entre os verbos transitivos indiretos importa distinguir os
que não admitem para objeto indireto as formas oblíquas lhe, lhes, Predicativo do Sujeito: é o termo que exprime um atributo,
construindo-se com os pronomes retos precedidos de preposição: um estado ou modo de ser do sujeito, ao qual se prende por um
aludir a ele, anuir a ele, assistir a ela, atentar nele, depender dele, verbo de ligação, no predicado nominal. Exemplos:
investir contra ele, não ligar para ele, etc. A bandeira é o símbolo da Pátria.
Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam a A mesa era de mármore.
forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer, e pouco O mar estava agitado.
mais, usados também como transitivos diretos: João paga (perdoa, A ilha parecia um monstro.
obedece) o médico. O médico é pago (perdoado, obedecido) por
João. Há verbos transitivos indiretos, como atirar, investir, conten- Além desse tipo de predicativo, outro existe que entra na
tar-se, etc., que admitem mais de uma preposição, sem mudança constituição do predicado verbo-nominal. Exemplos:
de sentido. Outros mudam de sentido com a troca da preposição, O trem chegou atrasado. (=O trem chegou e estava atrasado.)
como nestes exemplos: Trate de sua vida. (tratar=cuidar). É desa- O menino abriu a porta ansioso.
gradável tratar com gente grosseira. (tratar=lidar). Verbos como Todos partiram alegres.
aspirar, assistir, dispor, servir, etc., variam de significação confor- Marta entrou séria.
me sejam usados como transitivos diretos ou indiretos.
Observações: O predicativo subjetivo às vezes está preposi-
Transitivos Diretos e Indiretos: são os que se usam com dois cionado; Pode o predicativo preceder o sujeito e até mesmo ao
objetos: um direto, outro indireto, concomitantemente. Exemplos: verbo: São horríveis essas coisas!; Que linda estava Amélia!;
No inverso, Dona Cléia dava roupas aos pobres. Completamente feliz ninguém é.; Raros são os verdadeiros líde-
A empresa fornece comida aos trabalhadores. res.; Quem são esses homens?; Lentos e tristes, os retirantes iam
Oferecemos flores à noiva. passando.; Novo ainda, eu não entendia certas coisas.; Onde está
Ceda o lugar aos mais velhos. a criança que fui?
De Ligação: Os que ligam ao sujeito uma palavra ou expres- Predicativo do Objeto: é o termo que se refere ao objeto de
são chamada predicativo. Esses verbos, entram na formação do um verbo transitivo. Exemplos:
predicado nominal. Exemplos: O juiz declarou o réu inocente.
A Terra é móvel. O povo elegeu-o deputado.
A água está fria. As paixões tornam os homens cegos.
O moço anda (=está) triste. Nós julgamos o fato milagroso.
Mário encontra-se doente.
A Lua parecia um disco.
Didatismo e Conhecimento 62
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: O predicativo objetivo, como vemos dos exem- Em tais construções é de rigor que o objeto venha acompanha-
plos acima, às vezes vem regido de preposição. Esta, em certos do de um adjunto.
casos, é facultativa; O predicativo objetivo geralmente se refere
ao objeto direto. Excepcionalmente, pode referir-se ao objeto in- Objeto Direto Preposicionado: Há casos em que o objeto
direto do verbo chamar. Chamavam-lhe poeta; Podemos antepor direto, isto é, o complemento de verbos transitivos diretos, vem
o predicativo a seu objeto: O advogado considerava indiscutíveis precedido de preposição, geralmente a preposição a. Isto ocorre
os direitos da herdeira.; Julgo inoportuna essa viagem.; “E até principalmente:
embriagado o vi muitas vezes.”; “Tinha estendida a seus pés uma - Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico: Deste
planta rústica da cidade.”; “Sentia ainda muito abertos os ferimen- modo, prejudicas a ti e a ela.; “Mas dona Carolina amava mais a
tos que aquele choque com o mundo me causara.” ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me que Roberto hostiliza-
va antes a mim do que à ideia.”; “Ricardina lastimava o seu amigo
Termos Integrantes da Oração como a si própria.”; “Amava-a tanto como a nós”.
Chamam-se termos integrantes da oração os que completam - Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro Seve-
a significação transitiva dos verbos e nomes. Integram (inteiram, riano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a todos; deu
completam) o sentido da oração, sendo por isso indispensável à um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo desenvolvimento
compreensão do enunciado. São os seguintes: das suas graças.”; “Agora sabia que podia manobrar com ele, com
- Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto); aquele homem a quem na realidade também temia, como todos
- Complemento Nominal; ali”.
- Agente da Passiva. - Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evitando
que o objeto direto seja tomado como sujeito, impedindo constru-
Objeto Direto: é o complemento dos verbos de predicação ções ambíguas: Convence, enfim, ao pai o filho amado.; “Vence
incompleta, não regido, normalmente, de preposição. Exemplos: o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem cerimônia, como a um ir-
As plantas purificaram o ar. mão.”; A qual delas iria homenagear o cavaleiro?
“Nunca mais ele arpoara um peixe-boi.” (Ferreira Castro) - Em expressões de reciprocidade, para garantir a clareza e a
Procurei o livro, mas não o encontrei. eufonia da frase: “Os tigres despedaçam-se uns aos outros.”; “As
Ninguém me visitou. companheiras convidavam-se umas às outras.”; “Era o abraço de
duas criaturas que só tinham uma à outra”.
O objeto direto tem as seguintes características: - Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas, prin-
- Completa a significação dos verbos transitivos diretos; cipalmente na expressão dos sentimentos ou por amor da eufonia
- Normalmente, não vem regido de preposição; da frase: Judas traiu a Cristo.; Amemos a Deus sobre todas as
- Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um verbo coisas. “Provavelmente, enganavam é a Pedro.”; “O estrangeiro
ativo: Caim matou Abel. foi quem ofendeu a Tupã”.
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva: Abel foi morto - Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o objeto
por Caim. direto para dar-lhe realce: A você é que não enganam!; A médico,
confessor e letrado nunca enganes.; “A este confrade conheço
O objeto direto pode ser constituído: desde os seus mais tenros anos”.
- Por um substantivo ou expressão substantivada: O lavrador - Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro caiu,
cultiva a terra.; Unimos o útil ao agradável. molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os matava a ambos...”.
- Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos: - Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes a
Espero-o na estação.; Estimo-os muito.; Sílvia olhou-se ao espe- pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a uns e odeias a
lho.; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo a tempo.; outros?; Aumente a sua felicidade, tornando felizes também aos
Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos amo.; “Marchei outros.; A quantos a vida ilude!.
resolutamente para a maluca e intimei-a a ficar quieta.”; “Vós ha- - Em certas construções enfáticas, como puxar (ou arrancar)
veis de crescer, perder-vos-ei de vista.” da espada, pegar da pena, cumprir com o dever, atirar com os li-
- Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém na loja.; vros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas de aço fino...”;
A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto de plantei); “Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da
Onde foi que você achou isso? Quando vira as folhas do livro, linha, enfiou a linha na agulha e entrou a coser.”; “Imagina-se a
ela o faz com cuidado.; “Que teria o homem percebido nos meus consternação de Itaguaí, quando soube do caso.”
escritos?”
Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a prepo-
Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos, dando-se sição é de rigor, nos cinco outros, facultativa; A substituição do
lhes por objeto direto uma palavra cognata ou da mesma esfera objeto direto preposicionado pelo pronome oblíquo átono, quando
semântica: possível, se faz com as formas o(s), a(s) e não lhe, lhes: amar a
“Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.” (Vi- Deus (amá-lo); convencer ao amigo (convencê-lo); O objeto dire-
valdo Coaraci) to preposicionado, é obvio, só ocorre com verbo transitivo direto;
“Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal Ma- Podem resumir-se em três as razões ou finalidades do emprego do
chado) objeto direto preposicionado: a clareza da frase; a harmonia da
“Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.” (Machado frase; a ênfase ou a força da expressão.
de Assis)
Didatismo e Conhecimento 63
LÍNGUA PORTUGUESA
Objeto Direto Pleonástico: Quando queremos dar destaque Complemento Nominal: é o termo complementar reclamado
ou ênfase à idéia contida no objeto direto, colocamo-lo no início pela significação transitiva, incompleta, de certos substantivos, ad-
da frase e depois o repetimos ou reforçamos por meio do pronome jetivos e advérbios. Vem sempre regido de preposição. Exemplos:
oblíquo. A esse objeto repetido sob forma pronominal chama-se A defesa da pátria; Assistência às aulas; “O ódio ao mal é amor
pleonástico, enfático ou redundante. Exemplos: do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino.”; “Ah, não fosse
O dinheiro, Jaime o trazia escondido nas mangas da camisa. ele surdo à minha voz!”
O bem, muitos o louvam, mas poucos o seguem.
“Seus cavalos, ela os montava em pêlo.” (Jorge Amado) Observações: O complemento nominal representa o recebe-
dor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um nome: amor
Objeto Indireto: É o complemento verbal regido de preposi- a Deus, a condenação da violência, o medo de assaltos, a remessa
ção necessária e sem valor circunstancial. Representa, ordinaria- de cartas, útil ao homem, compositor de músicas, etc. É regido
mente, o ser a que se destina ou se refere a ação verbal: “Nunca pelas mesmas preposições usadas no objeto indireto. Difere des-
desobedeci a meu pai”. O objeto indireto completa a significação te apenas porque, em vez de complementar verbos, complementa
dos verbos: nomes (substantivos, adjetivos) e alguns advérbios em –mente. A
- Transitivos Indiretos: Assisti ao jogo; Assistimos à missa e nomes que requerem complemento nominal correspondem, ge-
à festa; Aludiu ao fato; Aspiro a uma vida calma. ralmente, verbos de mesmo radical: amor ao próximo, amar o
- Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou passiva): próximo; perdão das injúrias, perdoar as injúrias; obediente aos
Dou graças a Deus; Ceda o lugar aos mais velhos; Dedicou sua pais, obedecer aos pais; regresso à pátria, regressar à pátria; etc.
vida aos doentes e aos pobres; Disse-lhe a verdade. (Disse a ver-
dade ao moço.) Agente da Passiva: é o complemento de um verbo na voz pas-
siva. Representa o ser que pratica a ação expressa pelo verbo passi-
O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras ca- vo. Vem regido comumente pela preposição por, e menos frequen-
tegorias, os quais, no caso, são considerados acidentalmente tran- temente pela preposição de: Alfredo é estimado pelos colegas; A
sitivos indiretos: A bom entendedor meia palavra basta; Sobram- cidade estava cercada pelo exército romano; “Era conhecida de
-lhe qualidades e recursos. (lhe=a ele); Isto não lhe convém; A todo mundo a fama de suas riquezas.”
proposta pareceu-lhe aceitável.
O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos ou
Observações: Há verbos que podem construir-se com dois ob- pelos pronomes:
jetos indiretos, regidos de preposições diferentes: Rogue a Deus As flores são umedecidas pelo orvalho.
por nós.; Ela queixou-se de mim a seu pai.; Pedirei para ti a A carta foi cuidadosamente corrigida por mim.
meu senhor um rico presente; Não confundir o objeto direto com Muitos já estavam dominados por ele.
o complemento nominal nem com o adjunto adverbial; Em frases
como “Para mim tudo eram alegrias”, “Para ele nada é impossí- O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na voz
vel”, os pronomes em destaque podem ser considerados adjuntos ativa:
adverbiais. A rainha era chamada pela multidão. (voz passiva)
A multidão aclamava a rainha. (voz ativa)
O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa ou Ele será acompanhado por ti. (voz passiva)
implícita. A preposição está implícita nos pronomes objetivos in- Tu o acompanharás. (voz ativa)
diretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Exemplos: Obedece-
-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence. (=Isto pertence a ti.); Observações: Frase de forma passiva analítica sem comple-
Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...); Peço-vos isto. (=Peço isto mento agente expresso, ao passar para a ativa, terá sujeito inde-
a vós.). Nos demais casos a preposição é expressa, como carac- terminado e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi expulso da
terística do objeto indireto: Recorro a Deus.; Dê isto a (ou para) cidade. (Expulsaram-no da cidade.); As florestas são devastadas.
ele.; Contenta-se com pouco.; Ele só pensa em si.; Esperei por ti.; (Devastam as florestas.); Na passiva pronominal não se declara o
Falou contra nós.; Conto com você.; Não preciso disto.; O filme agente: Nas ruas assobiavam-se as canções dele pelos pedestres.
a que assisti agradou ao público.; Assisti ao desenrolar da luta.; (errado); Nas ruas eram assobiadas as canções dele pelos pedes-
A coisa de que mais gosto é pescar.; A pessoa a quem me refiro tres. (certo); Assobiavam-se as canções dele nas ruas. (certo)
você a conhece.; Os obstáculos contra os quais luto são muitos.;
As pessoas com quem conto são poucas. Termos Acessórios da Oração
Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é repre- Termos acessórios são os que desempenham na oração uma
sentado pelos substantivos (ou expressões substantivas) ou pelos função secundária, qual seja a de caracterizar um ser, determinar
pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são: a, com, con- os substantivos, exprimir alguma circunstância. São três os ter-
tra, de, em, para e por. mos acessórios da oração: adjunto adnominal, adjunto adverbial
e aposto.
Objeto Indireto Pleonástico: à semelhança do objeto direto, o
objeto indireto pode vir repetido ou reforçado, por ênfase. Exem- Adjunto adnominal: É o termo que caracteriza ou determina
plos: “A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa a mim o os substantivos. Exemplo: Meu irmão veste roupas vistosas. (Meu
destino de uma mulher tísica...? “E, aos brigões, incapazes de se determina o substantivo irmão: é um adjunto adnominal – vistosas
moverem, basta-lhes xingarem-se a distância.” caracteriza o substantivo roupas: é também adjunto adnominal).
Didatismo e Conhecimento 64
LÍNGUA PORTUGUESA
O adjunto adnominal pode ser expresso: Pelos adjetivos: água “No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nos-
fresca, terras férteis, animal feroz; Pelos artigos: o mundo, as sa gente.” (Mário de Andrade)
ruas, um rapaz; Pelos pronomes adjetivos: nosso tio, este lugar,
pouco sal, muitas rãs, país cuja história conheço, que rua?; Pelos O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome subs-
numerais: dois pés, quinto ano, capítulo sexto; Pelas locuções ou tantivo:
expressões adjetivas que exprimem qualidade, posse, origem, fim Foram os dois, ele e ela.
ou outra especificação: Só não tenho um retrato: o de minha irmã.
- presente de rei (=régio): qualidade O dia amanheceu chuvoso, o que me obrigou a ficar em casa.
- livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença
- água da fonte, filho de fazendeiros: origem O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases se-
- fio de aço, casa de madeira: matéria guintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do sujeito:
- casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas.
- homem sem escrúpulos (=inescrupuloso): qualidade As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de
- criança com febre (=febril): característica cores.
- aviso do diretor: agente
Os apostos, em geral, destacam-se por pausas, indicadas, na
Observações: Não confundir o adjunto adnominal formado escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo pau-
por locução adjetiva com complemento nominal. Este represen- sa, não haverá vírgula, como nestes exemplos:
ta o alvo da ação expressa por um nome transitivo: a eleição do Minha irmã Beatriz; o escritor João Ribeiro; o romance Tóia;
presidente, aviso de perigo, declaração de guerra, empréstimo o rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o Colégio Tiradentes, etc.
de dinheiro, plantio de árvores, colheita de trigo, destruidor de “Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?” (Gra-
matas, descoberta de petróleo, amor ao próximo, etc. O adjunto ciliano Ramos)
adnominal formado por locução adjetiva representa o agente da
ação, ou a origem, pertença, qualidade de alguém ou de alguma O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, às
coisa: o discurso do presidente, aviso de amigo, declaração do vezes, está elíptico. Exemplos:
ministro, empréstimo do banco, a casa do fazendeiro, folhas de Rapaz impulsivo, Mário não se conteve.
árvores, farinha de trigo, beleza das matas, cheiro de petróleo, Mensageira da idéia, a palavra é a mais bela expressão da
amor de mãe. alma humana.
“Irmão do mar, do espaço, amei as solidões sobre os roche-
Adjunto adverbial: É o termo que exprime uma circunstância dos ásperos.” (Cabral do Nascimento)(refere-se ao sujeito oculto
(de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras palavras, que modifica eu).
o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. Exemplo: “Meninas
numa tarde brincavam de roda na praça”. O adjunto adverbial O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. Exemplos:
é expresso: Pelos advérbios: Cheguei cedo.; Ande devagar.; Ma- Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, sinal de
ria é mais alta.; Não durma ao volante.; Moramos aqui.; Ele fala tempestade iminente.
bem, fala corretamente.; Volte bem depressa.; Talvez esteja en- O espaço é incomensurável, fato que me deixa atônito.
ganado.; Pelas locuções ou expressões adverbiais: Às vezes viaja- Simão era muito espirituoso, o que me levava a preferir sua
va de trem.; Compreendo sem esforço.; Saí com meu pai.; Júlio companhia.
reside em Niterói.; Errei por distração.; Escureceu de repente.
Um aposto pode referir-se a outro aposto:
Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição antes de “Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do ve-
adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite, não dormi. lho coronel Tavares, senhor de engenho.” (Ledo Ivo)
(=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No domin-
go...); Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (=De ouvidos O aposto pode vir precedido das expressões explicativas isto
atentos...); Os adjuntos adverbiais classificam-se de acordo com as é, a saber, ou da preposição acidental como:
circunstâncias que exprimem: adjunto adverbial de lugar, modo, Dois países sul-americanos, isto é, a Bolívia e o Paraguai,
tempo, intensidade, causa, companhia, meio, assunto, negação, não são banhados pelo mar.
etc; É importante saber distinguir adjunto adverbial de adjunto ad- Este escritor, como romancista, nunca foi superado.
nominal, de objeto indireto e de complemento nominal: sair do
mar (ad.adv.); água do mar (adj.adn.); gosta do mar (obj.indir.); O aposto que se refere a objeto indireto, complemento nomi-
ter medo do mar (compl.nom.). nal ou adjunto adverbial vem precedido de preposição:
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.
Aposto: É uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, “Acho que adoeci disso, de beleza, da intensidade das coi-
desenvolve ou resume outro termo da oração. Exemplos: sas.” (Raquel Jardim)
D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio. De cobras, morcegos, bichos, de tudo ela tinha medo.
“Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.”
(Carlos Drummond de Andrade) Vocativo: (do latim vocare = chamar) é o termo (nome, título,
“No Brasil, região do ouro e dos escravos, encontramos a apelido) usado para chamar ou interpelar a pessoa, o animal ou a
felicidade.” (Camilo Castelo Branco) coisa personificada a que nos dirigimos:
Didatismo e Conhecimento 65
LÍNGUA PORTUGUESA
“Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria a) sujeito – objeto direto;
de Lourdes Teixeira) b) sujeito – aposto;
“A ordem, meus amigos, é a base do governo.” (Machado de c) objeto direto – aposto;
Assis) d) objeto direto – objeto direto;
“Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (fagundes Varela) e) objeto direto – complemento nominal.
“Ei-lo, o teu defensor, ó Liberdade!” (Mendes Leal)
06. “Usando do direito que lhe confere a Constituição”, as
Observação: Profere-se o vocativo com entoação exclamativa. palavras grifadas exercem a função respectivamente de:
Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo inicial, os pontos a) objeto direto – objeto direto;
interrogativo e exclamativo indicam um chamado alto e prolonga- b) sujeito – objeto direto;
do. O vocativo se refere sempre à 2ª pessoa do discurso, que pode c) objeto direto – sujeito;
ser uma pessoa, um animal, uma coisa real ou entidade abstrata d) sujeito – sujeito;
personificada. Podemos antepor-lhe uma interjeição de apelo (ó, e) objeto direto – objeto indireto.
olá, eh!):
“Tem compaixão de nós , ó Cristo!” (Alexandre Herculano) 07. “Recebeu o prêmio o jogador que fez o gol”. Nessa frase
“Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!” (Graci- o sujeito de “fez”?
liano Ramos) a) o prêmio;
“Esconde-te, ó sol de maio, ó alegria do mundo!” (Camilo b) o jogador;
Castelo Branco) c) que;
O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura da d) o gol;
oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado. e) recebeu.
Didatismo e Conhecimento 66
LÍNGUA PORTUGUESA
Existe uma maneira prática de saber quantas orações há num Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num período ha- que expressa idéia de acréscimo ou adição com referência à oração
verá tantas orações quantos forem os verbos ou as locuções verbais anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva.
nele existentes. Exemplos:
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração) A doença vem a cavalo e volta a pé.
Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações) As pessoas não se mexiam nem falavam.
Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma oração) “Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até ne-
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções nhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara.” (Machado
verbais, duas orações) de Assis)
Há três tipos de período composto: por coordenação, por su-
bordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo tempo - Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, porém,
(também chamada de misto). todavia, contudo, entretanto, no entanto.
Estudei bastante / mas não passei no teste.
Período Composto por Coordenação. Orações Coordenadas OCA OCS Adversativa
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
Considere, por exemplo, este período composto: que expressa idéia de oposição à oração anterior, ou seja, por uma
conjunção coordenativa adversativa.
Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos
de infância. A espada vence, mas não convence.
1ª oração: Passeamos pela praia “É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles)
2ª oração: brincamos Tens razão, contudo não te exaltes.
3ª oração: recordamos os tempos de infância Havia muito serviço, entretanto ninguém trabalhava.
As três orações que compõem esse período têm sentido pró- - Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por
prio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática: elas isso, pois, logo.
são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de sentido, Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão.
mas, como já dissemos, uma não depende da outra sintaticamente. OCA OCS Conclusiva
As orações independentes de um período são chamadas de
orações coordenadas (OC), e o período formado só de orações Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
coordenadas é chamado de período composto por coordenação. que expressa idéia de conclusão de um fato enunciado na oração
As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.
sindéticas.
Vives mentindo; logo, não mereces fé.
- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade.
não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: Raimundo é homem são, portanto deve trabalhar.
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram.
OCA OCA OCA - Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou,
ora... ora, seja... seja, quer... quer.
“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de As- Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
sis) OCA OCS Alternativa
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” (An-
tônio Olavo Pereira) Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” (Coe- que estabelece uma relação de alternância ou escolha com refe-
lho Neto) rência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
alternativa.
- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm
introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo: Venha agora ou perderá a vez.
O homem saiu do carro / e entrou na casa. “Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de
OCA OCS Assis)
“Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço
As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acor- muito caro.” (Renato Inácio da Silva)
do com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas que as “A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente.”
introduzem. Pode ser: (Luís Jardim)
- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... - Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque,
mas também, não só... mas ainda. pois, porquanto.
Saí da escola / e fui à lanchonete. Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
OCA OCS Aditiva OCA OCS Explicativa
Didatismo e Conhecimento 67
LÍNGUA PORTUGUESA
Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção que a) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
expressa idéia de explicação, de justificativa em relação à oração b) por isso, porque, mas, portanto, que
anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa explicativa. c) logo, porém, pois, porque, mas
d) porém, pois, logo, todavia, porque
Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã. e) entretanto, que, porque, pois, portanto
“A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico Ve-
ríssimo) Resposta: B
“Qualquer que seja a tua infância, conquista-a, que te aben- Por isso – conjunção conclusiva.
çôo.” (Fernando Sabino) Porque – conjunção explicativa.
O cavalo estava cansado, pois arfava muito. Mas – conjunção adversativa.
Portanto – conjunção conclusiva.
Exercícios Que – conjunção explicativa.
05. Reúna as três orações em um período composto por coor-
01. Relacione as orações coordenadas por meio de conjun- denação, usando conjunções adequadas.
ções: Os dias já eram quentes.
a) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram. A água do mar ainda estava fria.
b) Não durma sem cobertor. A noite está fria. As praias permaneciam desertas.
c) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los.
Resposta: Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda
Respostas: estava fria, por isso as praias permaneciam desertas.
Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram.
Não durma sem cobertor, pois a noite está fria. 06. No período “Penso, logo existo”, oração em destaque é:
Quero desculpar-me, mais consigo encontrá-los. a) coordenada sindética conclusiva
b) coordenada sindética aditiva
02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o maru- c) coordenada sindética alternativa
lhar das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de: d) coordenada sindética adversativa
a) causa e) n.d.a
b) explicação
c) conclusão Resposta: A
d) proporção
e) comparação 07. Por definição, oração coordenada que seja desprovida de
conectivo é denominada assindética. Observando os períodos se-
Resposta: E guintes:
A conjunção como exercer a função comparativa. Os amplos I- Não caía um galho, não balançava uma folha.
bocejos ouvidos são comparados à força do marulhar das ondas. II- O filho chegou, a filha saiu, mas a mãe nem notou.
III- O fiscal deu o sinal, os candidatos entregaram a prova.
03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração Acabara o exame.
sublinhada pode indicar uma ideia de:
a) concessão Nota-se que existe coordenação assindética em:
b) oposição a) I apenas
c) condição b) II apenas
d) lugar c) III apenas
e) consequência d) I e III
e) nenhum deles
Resposta: C
A condição necessária para procurar emprego é entrar na fa- Resposta: D
culdade.
08. “Vivemos mais uma grave crise, repetitiva dentro do ci-
04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem, en- clo de graves crises que ocupa a energia desta nação. A frustra-
tre as orações de cada item, uma correta relação de sentido. ção cresce e a desesperança não cede. Empresários empurrados
à condição de liderança oficial se reúnem, em eventos como este,
1. Correu demais, ... caiu. para lamentar o estado de coisas. O que dizer sem resvalar para o
2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz. pessimismo, a crítica pungente ou a autoabsorvição?
3. A matéria perece, ... a alma é imortal. É da história do mundo que as elites nunca introduziram mu-
4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com danças que favorecessem a sociedade como um todo. Estaríamos
detalhes. nos enganando se achássemos que estas lideranças empresariais
5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde. aqui reunidas teriam motivação para fazer a distribuição de po-
deres e rendas que uma nação equilibrada precisa ter. Aliás, é in-
genuidade imaginar que a vontade de distribuir renda passe pelo
Didatismo e Conhecimento 68
LÍNGUA PORTUGUESA
empobrecimento da elite. É também ocioso pensar que nós, de tal Não fui à escola / porque fiquei doente.
elite, temos riqueza suficiente para distribuir. Faço sempre, para OP OSA Causal
meu desânimo, a soma do faturamento das nossas mil maiores e
melhores empresas, e chego a um número menor do que o fatura- O tambor soa porque é oco.
mento de apenas duas empresas japonesas. Digamos, a Mitsubishi Como não me atendessem, repreendi-os severamente.
e mais um pouquinho. Sejamos francos. Em termos mundiais so- Como ele estava armado, ninguém ousou reagir.
mos irrelevantes como potência econômica, mas o mesmo tempo “Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de Sousa)
extremamente representativos como população.” - Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a
(“Discurso de Semler aos empresários”, Folha de São Paulo) ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, con-
tanto que, a menos que, a não ser que, desde que.
Dentre os períodos transcritos do texto acima, um é composto Irei à sua casa / se não chover.
por coordenação e contém uma oração coordenada sindética ad- OP OSA Condicional
versativa. Assinalar a alternativa correspondente a este período: Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos ofensores.
a) A frustração cresce e a desesperança não cede. Se o conhecesses, não o condenarias.
b) O que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pun- “Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de
gente ou a autoabsorvição. Andrade)
c) É também ocioso pensar que nós, da tal elite, temos riqueza A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência te-
suficiente para distribuir. nha êxito.
d) Sejamos francos.
e) Em termos mundiais somos irrelevantes como potência - Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração
econômica, mas ao mesmo tempo extremamente representativos principal, sem, no entanto, impedir sua realização. Conjunções:
como população. embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais que, mesmo
Resposta E que.
Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
Período Composto por Subordinação OP OSA Concessiva
Observe os termos destacados em cada uma destas orações: Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que ou
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal) se bem que) não o conhecesse pessoalmente.
Todos querem sua participação. (objeto direto) Embora não possuísse informações seguras, ainda assim
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de causa) arriscou uma opinião.
Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando ou
Veja, agora, como podemos transformar esses termos em ora- ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.
ções com a mesma função sintática: Por mais que gritasse, não me ouviram.
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada com
função de adjunto adnominal) - Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com
Todos querem / que você participe. (oração subordinada com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
função de objeto direto) O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração subordina- OP OSA Conformativa
da com função de adjunto adverbial de causa)
O homem age conforme pensa.
Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma certa Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi.
função sintática em relação à primeira, sendo, portanto, subordi- Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas.
nada a ela. Quando um período é constituído de pelo menos um O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação.
conjunto de duas orações em que uma delas (a subordinada) de-
pende sintaticamente da outra (principal), ele é classificado como - Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que
período composto por subordinação. As orações subordinadas são foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim que,
classificadas de acordo com a função que exercem: adverbiais, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que).
substantivas e adjetivas. Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
OP OSA Temporal
Orações Subordinadas Adverbiais
Formiga, quando quer se perder, cria asas.
As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas que “Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se esva-
exercem a função de adjunto adverbial da oração principal (OP). ziam.” (Carlos Povina Cavalcânti)
São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa que as “Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês
introduz: de Maricá)
Didatismo e Conhecimento 69
LÍNGUA PORTUGUESA
Enquanto foi rico, todos o procuravam. Orações Subordinadas Substantivas
- Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas
enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de que, num período, exercem funções sintáticas próprias de subs-
que, porque (=para que), que. tantivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções integrantes
Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar. que e se. Elas podem ser:
OP OSA Final
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aquela
“O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.” (Mar- que exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal.
quês de Maricá) Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor. O grupo quer / que você ajude.
“Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que = para OP OSS Objetiva Direta
que) O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O mestre
“Instara muito comigo não deixasse de freqüentar as recep- exigia a presença de todos.)
ções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse = para que não Mariana esperou que o marido voltasse.
deixasse) Ninguém pode dizer: Desta água não beberei.
- Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enun- O fiscal verificou se tudo estava em ordem.
ciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (= por-
que), pois que, visto que. - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É
A chuva foi tão forte / que inundou a cidade. aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração
OP OSA Consecutiva principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)
Necessito / de que você me ajude.
Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos. OP OSS Objetiva Indireta
“A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua
J. Veiga) viagem.)
De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais. Aconselha-o a que trabalhe mais.
As notícias de casa eram boas, de maneira que pude prolon- Daremos o prêmio a quem o merecer.
gar minha viagem. Lembre-se de que a vida é breve.
- Comparativas: Expressam ideia de comparação com re- - Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que
ferência à oração principal. Conjunções: como, assim como, tal exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Observe:
como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com É importante sua colaboração. (sujeito)
menos ou mais). É importante / que você colabore.
Ela é bonita / como a mãe. OP OSS Subjetiva
OP OSA Comparativa
A oração subjetiva geralmente vem:
A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.” - depois de um verbo de ligação + predicativo, em construções
(Marquês de Maricá) do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É certo que
Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro. ele voltará amanhã.
Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram. - depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta-
Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à luz -se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade.
daquele olhar. - depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, ocor-
rer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e seguidos das
Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam clara- conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos participem da re-
mente o verbo, como no exemplo acima, em que está subentendido união.
o verbo ser (como a mãe é).
É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é neces-
- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona pro- sária.)
porcionalmente ao que foi enunciado na principal. Conjunções: à Parece que a situação melhorou.
medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto Aconteceu que não o encontrei em casa.
menos. Importa que saibas isso bem.
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia.
OSA Proporcional OP - Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É
aquela que exerce a função de complemento nominal de um termo
À medida que se vive, mais se aprende. da oração principal. Observe: Estou convencido de sua inocência.
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando. (complemento nominal)
O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai dimi- Estou convencido / de que ele é inocente.
nuindo. OP OSS Completiva Nominal
Didatismo e Conhecimento 70
LÍNGUA PORTUGUESA
Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão - Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quando
dele.) restringem ou especificam o sentido da palavra a que se referem.
Estava ansioso por que voltasses. Exemplo:
Sê grato a quem te ensina. O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar.
“Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo.” OP OSA Restritiva
(Graciliano Ramos)
Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica o
- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela sentido do substantivo cantor, indicando que o público não aplau-
que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal, diu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar.
vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O importante é sua
felicidade. (predicativo) Pedra que rola não cria limo.
O importante é / que você seja feliz. Os animais que se alimentam de carne chamam-se carní-
OP OSS Predicativa voros.
Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas es-
creveram.
Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.)
“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário Ma-
Minha esperança era que ele desistisse.
riano)
Meu maior desejo agora é que me deixem em paz.
Não sou quem você pensa. - Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se refe-
exerce a função de aposto de um termo da oração principal. Obser- rem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem restringi-
ve: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício do país. -lo ou especificá-lo. Exemplo:
(aposto) O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do novo livro.
país. OP OSA Explicativa OP
OP OSS Apositiva
Deus, que é nosso pai, nos salvará.
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma coi- Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
sa: a sua felicidade) Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho.
Só lhe peço isto: honre o nosso nome. Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado.
“Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de
que virias a morrer...” (Osmã Lins) Orações Reduzidas
“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo
oculto?” (Machado de Assis) Observe que as orações subordinadas eram sempre introdu-
zidas por uma conjunção ou pronome relativo e apresentavam o
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois- verbo numa forma do indicativo ou do subjuntivo. Além desse tipo
-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à oração de orações subordinadas há outras que se apresentam com o ver-
principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a saúde, bo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio e particípio).
tornou-se realidade. Exemplos:
Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as ora- - Ao entrar nas escola, encontrei o professor de inglês. (in-
finitivo)
ções substantivas podem ser introduzidas por outros conectivos,
- Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio)
tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
- Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. (par-
Não sei quando ele chegou.
ticípio)
Diga-me como resolver esse problema.
As orações subordinadas que apresentam o verbo numa das
Orações Subordinadas Adjetivas formas nominais são chamadas de reduzidas.
Para classificar a oração que está sob a forma reduzida, de-
As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a fun- vemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo: colocamos a
ção de adjunto adnominal de algum termo da oração principal. conjunção ou o pronome relativo adequado ao sentido e passamos
Observe como podemos transformar um adjunto adnominal em o verbo para uma forma do indicativo ou subjuntivo, conforme
oração subordinada adjetiva: o caso. A oração reduzida terá a mesma classificação da oração
Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal) desenvolvida.
Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada adjetiva)
Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês.
As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas Quando entrei na escola, / encontrei o professor de inglês.
por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem OSA Temporal
ser classificadas em: Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial temporal,
reduzida de infinitivo.
Didatismo e Conhecimento 71
LÍNGUA PORTUGUESA
Precisando de ajuda, telefone-me. Exercícios
Se precisar de ajuda, / telefone-me.
OSA Condicional 01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que estava
Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial condicio- para ser mãe”, a oração destacada é:
nal, reduzida de gerúndio. a) subordinada substantiva objetiva indireta
b) subordinada substantiva completiva nominal
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. c) subordinada substantiva predicativa
Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o ves- d) coordenada sindética conclusiva
tiário. e) coordenada sindética explicativa
OSA Temporal
Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal, re- 02. A segunda oração do período? “Não sei no que pensas” ,
duzida de particípio. é classificada como:
a) substantiva objetiva direta
Observações: b) substantiva completiva nominal
c) adjetiva restritiva
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de de- d) coordenada explicativa
senvolvimento. Há casos também de orações reduzidas fixas, isto e) substantiva objetiva indireta
é, orações reduzidas que não são passíveis de desenvolvimento.
Exemplo: Tenho vontade de visitar essa cidade. 03. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada. Há
- O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem orações reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na realida-
reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal. Exemplos: de.” A oração sublinhada é:
Preciso terminar este exercício. a) adverbial conformativa
Ele está jantando na sala. b) adjetiva
Essa casa foi construída por meu pai. c) adverbial consecutiva
d) adverbial proporcional
- Uma oração coordenada também pode vir sob a forma redu- e) adverbial causal
zida. Exemplo:
O homem fechou a porta, saindo depressa de casa. 04. No seguinte grupo de orações destacadas:
O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração 1. É bom que você venha.
coordenada sindética aditiva) 2. Chegados que fomos, entramos na escola.
Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de ge- 3. Não esqueças que é falível.
rúndio.
Temos orações subordinadas, respectivamente:
Qual é a diferença entre as orações coordenadas explicativas e a) objetiva direta, adverbial temporal, subjetiva
as orações subordinadas causais, já que ambas podem ser iniciadas b) subjetiva, objetiva direta, objetiva direta
por que e porque? Às vezes não é fácil estabelecer a diferença c) objetiva direta, subjetiva, adverbial temporal
entre explicativas e causais, mas como o próprio nome indica, as d) subjetiva, adverbial temporal, objetiva direta
causais sempre trazem a causa de algo que se revela na oração e) predicativa, objetiva direta, objetiva indireta
principal, que traz o efeito.
Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre a ora- 05. A palavra “se” é conjunção integrante (por introduzir ora-
ção explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes, imperati- ção subordinada substantiva objetiva direta) em qual das orações
va, o que não acontece com a oração adverbial causal. Essa noção seguintes?
de causa e efeito não existe no período composto por coordenação. a) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão.
Exemplo: Rosa chorou porque levou uma surra. Está claro que a b) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo.
oração iniciada pela conjunção é causal, visto que a surra foi sem c) O aluno fez-se passar por doutor.
dúvida a causa do choro, que é efeito. Rosa chorou, porque seus d) Precisa-se de operários.
olhos estão vermelhos. e) Não sei se o vinho está bom.
O período agora é composto por coordenação, pois a oração
iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se revelou 06. “Lembro-me de que ele só usava camisas brancas.” A
na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e efeito: o oração sublinhada é:
fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é causa de ela ter a) subordinada substantiva completiva nominal
chorado. b) subordinada substantiva objetiva indireta
c) subordinada substantiva predicativa
Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto. d) subordinada substantiva subjetiva
OP OSA Comparativa SA Condicional e) subordinada substantiva objetiva direta
Didatismo e Conhecimento 72
LÍNGUA PORTUGUESA
a) complementos nominais; orações subordinadas adverbiais No Poder Público, a todo momento nós nos deparamos com
concessivas, coordenadas entre si situações em que precisamos escrever – ou falar – com pessoas
b) adjuntos adnominais; orações subordinadas adverbiais com as quais não temos familiaridade. Nesses casos, os pronomes
comparativas de tratamento assumem uma condição e precisam estar adequados
c) agentes da passiva; orações subordinadas adjetivas, coor- à categoria hierárquica da pessoa a quem nos dirigimos. E mais,
denadas entre si exige-se, em discurso falado ou escrito, uma homogeneidade na
d) objetos diretos; orações subordinadas adjetivas, coordena- forma de tratamento, não só nos pronomes como também nos ver-
das entre si bos.
e) objetos indiretos; orações subordinadas adverbiais compa- No entanto, as formas de tratamento não são do conhecimento
rativas de todos. Para tanto, a partir do Manual da Presidência da Repú-
blica, apresentaremos as discriminações de usos dos pronomes de
08. Neste período “não bate para cortar” , a oração “para cor- tratamento:
tar” em relação a “não bate” , é:
a) a causa São de uso consagrado: Vossa Excelência, para as seguin-
b) o modo tes autoridades:
c) a consequência a) do Poder Executivo
d) a explicação Presidente da República;
e) a finalidade Vice-Presidente da República;
Ministro de Estado;
09. Em todos os períodos há orações subordinadas substanti- Secretário-Geral da Presidência da República;
vas, exceto em: Consultor-Geral da República;
a) O fato era que a escravatura do Santa Fé não andava nas Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
festas do Pilar, não vivia no coco como a do Santa Rosa. Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República;
b) Não lhe tocara no assunto, mas teve vontade de tomar o Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República;
trem e ir valer-se do presidente. Secretários da Presidência da República;
c) Um dia aquele Lula faria o mesmo com a sua filha, faria o Procurador – Geral da República;
mesmo com o engenho que ele fundara com o suor de seu rosto. Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito
d) O oficial perguntou de onde vinha, e se não sabia notícias Federal;
de Antônio Silvino. Chefes de Estado – Maior das Três Armas;
e) Era difícil para o ladrão procurar os engenhos da várzea, ou Oficiais Generais das Forças Armadas;
meter-se para os lados de Goiana Embaixadores;
Secretário Executivo e Secretário Nacional de Ministérios;
10. Em - “Há enganos que nos deleitam”, a oração grifada é: Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
a) substantiva subjetiva Prefeitos Municipais.
b) substantiva objetiva direta
c) substantiva completiva nominal b) do Poder Legislativo:
d) substantiva apositiva Presidente, Vice–Presidente e Membros da Câmara dos De-
e) adjetiva restritiva putados e do Senado Federal;
Presidente e Membros do Tribunal de Contas da União;
Respostas: (01-B) (02-E) (03-A) (04-D) (05-E) (06-B) (07-C) Presidente e Membros dos Tribunais de Contas Estaduais;
(08-E) (09-C) (10-E) Presidente e Membros das Assembleias Legislativas Esta-
duais;
Presidente das Câmaras Municipais.
REDAÇÃO (DOMÍNIO DA EXPRESSÃO
ESCRITA) - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: c) do Poder Judiciário:
MODALIDADES DO USO DA LÍNGUA E Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal;
ADEQUAÇÃO LINGUÍSTICA. Presidente e Membros do Superior Tribunal de Justiça;
Presidente e Membros do Superior Tribunal Militar;
Presidente e Membros do Tribunal Superior Eleitoral;
Presidente e Membros do Tribunal Superior do Trabalho;
Pronomes de tratamento na redação oficial Presidente e Membros dos Tribunais de Justiça;
Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Federais;
A redação Oficial é a maneira para o poder público redigir atos Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais;
normativos. Para redigi-los, muitas regras fazem-se necessárias. Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho;
Entre elas, escrever de forma clara, concisa, sem muito compro- Juízes e Desembargadores;
metimento, bem como um uso adequado das formas de tratamen- Auditores da Justiça Militar.”
to. Tais regras, acompanhadas de uma boa redação, com um bom
uso da linguagem, asseguram que os atos normativos sejam bem
executados.
Didatismo e Conhecimento 73
LÍNGUA PORTUGUESA
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos A Impessoalidade
Chefes do Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo res-
pectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; Excelen- A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela
tíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Excelentíssimo escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém
Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. que comunique, b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba
essa comunicação. No caso da redação oficial, quem comunica é
E mais: As demais autoridades serão tratadas com o vocativo sempre o Serviço Público (este ou aquele Ministério, Secretaria,
Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Senhor Juiz, Departamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é
Senhor Ministro, Senhor Governador. sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão que comu-
O Manual ainda preceitua que a forma de tratamento “Dig- nica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto
níssimo” fica abolida para as autoridades descritas acima, afinal, dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros
a dignidade é condição primordial para que tais cargos públicos Poderes da União.
sejam ocupados. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser
Fica ainda dito que doutor não é forma de tratamento, mas dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre:
titulação acadêmica de quem defende tese de doutorado. Portanto, a) da ausência de impressões individuais de quem comunica:
é aconselhável que não se use discriminadamente tal termo. embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Che-
fe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padro-
nização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes
1. ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL setores da Administração guardem entre si certa uniformidade;
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com
O que é Redação Oficial duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre
concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos,
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira temos um destinatário concebido de forma homogênea e impes-
soal;
pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunica-
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o uni-
ções. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo.
verso temático das comunicações oficiais restringe-se a questões
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade,
que dizem respeito ao interesse público, é natural que não caiba
uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade
qualquer tom particular ou pessoal.
e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da
Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões
Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração públi-
pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a um
ca direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obe- literário. A redação oficial deve ser isenta da interferência da indi-
decerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, vidualidade que a elabora.
publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a impessoali- A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que
dade princípios fundamentais de toda administração pública, claro nos valemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ain-
que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunica- da, para que seja alcançada a necessária impessoalidade.
ções oficiais.
Não se concebe que um ato normativo de qualquer nature- A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
za seja redigido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite
sua compreensão. A transparência do sentido dos atos normativos, A necessidade de empregar determinado nível de linguagem
bem como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado de nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio
Direito: é inaceitável que um texto legal não seja entendido pelos caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua fi-
cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e nalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter
concisão. normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou
Fica claro também que as comunicações oficiais são neces- regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcança-
sariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador (o do se em sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O
Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua
Serviço Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão é a de informar com clareza e objetividade.
a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de As comunicações que partem dos órgãos públicos federais
forma homogênea (o público). devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro.
A redação oficial não é necessariamente árida e infensa à evo- Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem
lução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com im- restrita a determinados grupos. Não há dúvida de que um texto
pessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso marcado por expressões de circulação restrita, como a gíria, os
que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreen-
texto jornalístico, da correspondência particular, etc. são dificultada.
Apresentadas essas características fundamentais da redação Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a lín-
oficial, passemos à análise pormenorizada de cada uma delas. gua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de
forma imediata qualquer alteração de costumes, e pode eventual-
mente contar com outros elementos que auxiliem a sua compreen-
Didatismo e Conhecimento 74
LÍNGUA PORTUGUESA
são, como os gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas al- Concisão e Clareza
guns dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua escrita
incorpora mais lentamente as transformações, tem maior vocação A concisão é antes uma qualidade do que uma característi-
para a permanência e vale-se apenas de si mesma para comunicar. ca do texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um
Os textos oficiais, devido ao seu caráter impessoal e sua finali- máximo de informações com um mínimo de palavras. Para que
dade de informar com o máximo de clareza e concisão, requerem o se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além
uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão culto de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário
é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal e b) tempo para revisar o texto depois de pronto. É nessa releitura que
se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do muitas vezes se percebem eventuais redundâncias ou repetições
idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do pa- desnecessárias de ideias.
drão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está acima O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao princí-
das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos pio de economia linguística, à mencionada fórmula de empregar
modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitin- o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve, de
do, por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por forma alguma, entendê-la como economia de pensamento, isto é,
todos os cidadãos. não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de
Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a simplici- reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras
dade de expressão, desde que não seja confundida com pobreza inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já
de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica foi dito.
emprego de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintá- A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial.
ticos e figuras de linguagem próprios da língua literária. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um “pa- compreensão pelo leitor. No entanto a clareza não é algo que se
drão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão culto nos atinja por si só: ela depende estritamente das demais características
atos e comunicações oficiais. É claro que haverá preferência pelo da redação oficial. Para ela concorrem:
uso de determinadas expressões, ou será obedecida certa tradição - a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações
que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;
no emprego das formas sintáticas, mas isso não implica, necessa-
- o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en-
riamente, que se consagre a utilização de uma forma de linguagem
tendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação
burocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evi-
restrita, como a gíria e o jargão;
tado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
- a formalidade e a padronização, que possibilitam a impres-
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações
cindível uniformidade dos textos;
que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos re- - a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguís-
buscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a deter- ticos que nada lhe acrescentam.
minada área, são de difícil entendimento por quem não esteja com É pela correta observação dessas características que se redige
eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá- com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo
-los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da adminis- texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obs-
tração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. curos e de erros gramaticais provém principalmente da falta da
releitura que torna possível sua correção.
Formalidade e Padronização A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com
que são elaboradas certas comunicações quase sempre comprome-
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, te sua clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que
obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exi- não seja seguida por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há
gências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com
imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata sua indesejável repercussão no redigir.
somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou da-
quele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível; Pronomes de Tratamento
mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade Concordância com os Pronomes de Tratamento
no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta)
uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal,
una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gra-
padrão. O estabelecimento desse padrão exige que se atente para matical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comu-
todas as características da redação oficial e que se cuide, ainda, da nicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o
apresentação dos textos. verbo concorda com o substantivo que integra a locução como seu
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa
definitivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para
Excelência conhece o assunto”.
a padronização.
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pro-
nomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Se-
nhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”).
Didatismo e Conhecimento 75
LÍNGUA PORTUGUESA
Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero Ministro de Estado da Justiça
gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere,
e não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura
interlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está ata- em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao
refado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, menos a última frase anterior ao fecho.
“Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar
satisfeita”. Forma de diagramação
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às
autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma: Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte
forma de apresentação:
A Sua Excelência o Senhor - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo
Fulano de Tal 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
Ministro de Estado da Justiça - para símbolos não existentes na fonte Times New Roman
70.064-900 – Brasília. DF poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
A Sua Excelência o Senhor - é obrigatório constar a partir da segunda página o número
Senador Fulano de Tal da página;
Senado Federal - os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres-
70.165-900 – Brasília. DF sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda
e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem
Senhor Ministro, espelho”);
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni-
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) mo, 3,0 cm de largura;
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân-
Fechos para Comunicações cia da margem esquerda;
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de
de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para
6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não
fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria
comportar tal recurso, de uma linha em branco;
no 1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze pa-
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado,
drões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para todas
outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do
as modalidades de comunicação oficial:
documento;
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da
- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel
República: Respeitosamente,
branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
e ilustrações;
quia inferior: Atenciosamente,
- todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo
devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério Rich Text nos documentos de texto;
das Relações Exteriores. - dentro do possível, todos os documentos elaborados devem
ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro-
Identificação do Signatário veitamento de trechos para casos análogos;
- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Re- formados da seguinte maneira:
pública, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o tipo do documento + número do documento + palavras-chaves
nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de do conteúdo
sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte: Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
(espaço para assinatura)
Nome
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República
Didatismo e Conhecimento 76
LÍNGUA PORTUGUESA
Aviso e Ofício Exposição de Motivos
Didatismo e Conhecimento 77
LÍNGUA PORTUGUESA
Forma e Estrutura [Órgão Expedidor]
As mensagens contêm: a) a indicação do tipo de expediente [setor do órgão expedidor]
e de seu número, horizontalmente, no início da margem esquerda; [endereço do órgão expedidor]
b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo Destinatário:____________________________________
do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___
(Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal); c) o texto, Remetente: ____________________________________
iniciando a 2 cm do vocativo; d) o local e a data, verticalmente a 2 Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____
cm do final do texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final No de páginas: ________No do documento:____________
com a margem direita.
Observações:___________________________________
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente Correio Eletrônico
da República, não traz identificação de seu signatário.
Definição e finalidade
Telegrama O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celerida-
de, transformou-se na principal forma de comunicação para trans-
Definição e Finalidade missão de documentos.
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os pro-
cedimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda Forma e Estrutura
comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua es-
públicos e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do trutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível
telegrama apenas àquelas situações que não seja possível o uso de com uma comunicação oficial.
correio eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização O campo “assunto” do formulário de correio eletrônico men-
e, também em razão de seu custo elevado, esta forma de comuni- sagem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização docu-
cação deve pautar-se pela concisão. mental tanto do destinatário quanto do remetente.
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, pre-
ferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha
Forma e Estrutura
algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteú-
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura do.
dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirma-
sítio na Internet. ção de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da mensagem
pedido de confirmação de recebimento.
Fax
Valor documental
Definição e Finalidade Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma correio eletrônico tenha valor documental, e para que possa ser
forma de comunicação que está sendo menos usada devido ao de- aceito como documento original, é necessário existir certificação
senvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de men- digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida
sagens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo em lei.
conhecimento há premência, quando não há condições de envio do
documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA E GRAMÁTICA
segue posteriormente pela via e na forma de praxe.
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia do Problemas de Construção de Frases
fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, dete-
A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas prin-
riora-se rapidamente.
cipalmente pela construção adequada da frase, “a menor unidade
autônoma da comunicação”, na definição de Celso Pedro Luft.
Forma e Estrutura A função essencial da frase é desempenhada pelo predicado,
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendido como “a
que lhes são inerentes. enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre que a frase possuir
É conveniente o envio, juntamente com o documento prin- pelo menos um verbo, recebe o nome de período, que terá tantas
cipal, de folha de rosto, e de pequeno formulário com os dados orações quantos forem os verbos não auxiliares que o constituem.
de identificação da mensagem a ser enviada, conforme exemplo Outra função relevante é a do sujeito – mas não indispensável,
a seguir: pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –, de quem se diz
algo, cujo núcleo é sempre um substantivo. Sempre que o verbo o
exigir, teremos nas orações substantivos (nomes ou pronomes) que
desempenham a função de complementos (objetos direto e indireto,
predicativo e complemento adverbial). Função acessória desempe-
nham os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da ora-
ção, mas que podem ser ou intercalados aos elementos que desem-
penham as outras funções, ou deslocados para o início da oração.
Didatismo e Conhecimento 78
LÍNGUA PORTUGUESA
Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cortadas,
que compõem uma oração (Observação: os parênteses indicam os (...).
elementos que podem não ocorrer): Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim.
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial). Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.
Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
Podem ser identificados seis padrões básicos para as orações Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
pessoais (i. é, com sujeito) na língua portuguesa (a função que vem Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
entre parênteses é facultativa e pode ocorrer em ordem diversa): Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)
O Presidente - regressou - (ontem). Frases Fragmentadas
2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (adjunto A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma oração
adverbial) subordinada ou uma simples locução como se fosse uma frase
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na manhã completa”. Decorre da pontuação errada de uma frase simples.
de terça-feira). Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a frag-
mentação de frases deve ser evitada nos textos oficiais, pois muitas
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto - (adjun- vezes dificulta a compreensão. Ex.:
to adverbial). Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso Na-
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os setores). cional. Depois de ser longamente debatido.
Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso Nacio-
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. direto - obj. nal, depois de ser longamente debatido.
indireto - (adj. Adv.) Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa rece-
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações - ao beu a aprovação do Congresso Nacional.
Deputado - (no Congresso). Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente subme-
tido ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas as
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento adverbial áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
- (adjunto adverbial) Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente submetido
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Aires ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as áreas
- (na próxima semana). envolvidas na elaboração do texto legal.
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira)
Erros de Paralelismo
6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto adver-
bial) Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita “con-
O problema - será - resolvido - prontamente. siste em apresentar ideias similares numa forma gramatical idênti-
ca”, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se em erro ao
Esses seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, as conferir forma não paralela a elementos paralelos. Vejamos alguns
frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na construção exemplos:
de períodos, as várias funções podem ocorrer em ordem inversa à Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios
mencionada, misturando-se e confundindo-se. Não interessa aqui economizar energia e que elaborassem planos de redução de des-
análise exaustiva de todos os padrões existentes na língua portu- pesas.
guesa. O que importa é fixar a ordem normal dos elementos nesses
seis padrões básicos. Acrescente-se que períodos mais complexos, Nesta frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
compostos por duas ou mais orações, em geral podem ser reduzi- pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
dos aos padrões básicos (de que derivam). ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é re-
Os problemas mais frequentemente encontrados na constru- duzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem planos
ção de frases dizem respeito à má pontuação, à ambiguidade da de redução de despesas) é uma oração desenvolvida introduzida
ideia expressa, à elaboração de falsos paralelismos, erros de com- pela conjunção integrante que. Há mais de uma possibilidade de
paração, etc. Decorrem, em geral, do desconhecimento da ordem escrevê-la com clareza e correção; uma seria a de apresentar as
das palavras na frase. Indicam-se, a seguir, alguns desses defeitos duas orações subordinadas como desenvolvidas, introduzidas pela
mais comuns e recorrentes na construção de frases, registrados em conjunção integrante que:
documentos oficiais. Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
que economizassem energia e (que) elaborassem planos para re-
Sujeito dução de despesas.
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a
ação enunciada na oração. Ele pode ter complemento, mas não ser Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas como
complemento. Devem ser evitadas, portanto, construções como: reduzidas de infinitivo:
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda. economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cortadas, Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na coorde-
(...). nação de orações subordinadas.
Didatismo e Conhecimento 79
LÍNGUA PORTUGUESA
Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta: Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por-
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não ser taria.
inseguro, inteligência e ter ambição. Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
O problema aqui decorre de coordenar palavras (substantivos) Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
com orações (reduzidas de infinitivo). que os Ministérios do Governo.
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por trans- No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou “de-
formá-la em frase simples, substituindo as orações reduzidas por mais”) acarretou imprecisão:
substantivos: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, seguran- que os outros Ministérios do Governo.
ça, inteligência e ambição. Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
que os demais Ministérios do Governo.
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso paralelis-
mo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) a ideias de Ambiguidade
hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, de forma paralela,
estruturas sintáticas distintas: Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial,
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Paris, deve-se atentar para as construções que possam gerar equívocos de
Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade de corre- compreensão.
ção é transformá-la em duas frases simples, com o cuidado de não A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de identifi-
repetir o verbo da primeira (visitar): car--se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta última antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer com:
capital, encontrou-se com o Papa. - pronomes pessoais:
Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que ele
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado pelo seria exonerado.
Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu secreta-
uso inadequado da expressão “e que” num período que não contém
riado.
nenhum “que” anterior.
Ou então, caso o entendimento seja outro:
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem só-
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exonera-
lida formação acadêmica.
ção deste.
Para corrigir a frase, ou suprimimos o pronome relativo:
- pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida
Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da República, em
formação acadêmica. seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Estado, mas isso
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: não o surpreendeu.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas pre- Observe-se a multiplicidade de ambiguidade no exemplo aci-
cipitadas, e que comprometam o andamento de todo o programa. ma, as quais tornam virtualmente inapreensível o sentido da frase.
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior aqui Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente da
podemos ou suprimir a conjunção: República. No pronunciamento, solicitou a intervenção federal em
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas precipi- seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente da República.
tadas, que comprometam o andamento de todo o programa.
- pronome relativo:
Erros de Comparação Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu costuma-
va trabalhar.
A omissão de certos termos ao fazermos uma comparação, Não fica claro se o pronome relativo da segunda oração refe-
omissão própria da língua falada, deve ser evitada na língua es- re--se à mesa ou a gabinete. Essa ambiguidade se deve ao prono-
crita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre é possível me relativo “que”, sem marca de gênero. A solução é recorrer às
identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A ausência indevi- formas o qual, a qual, os quais, as quais, que marcam gênero e
da de um termo pode impossibilitar o entendimento do sentido que número.
se quer dar a uma frase: Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costumava
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um trabalhar.
médico. Se o entendimento é outro, então:
A omissão de termos provocou uma comparação indevida: “o Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costumava
salário de um professor” com “um médico”. trabalhar.
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o salá- Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da dúvida
rio de um médico. sobre a que se refere a oração reduzida:
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o funcio-
um médico. nário.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria. Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, deve-se
Novamente, a não repetição dos termos comparados confun- deixar claro qual o sujeito da oração reduzida.
de. Alternativas para correção:
Didatismo e Conhecimento 80
LÍNGUA PORTUGUESA
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este indis- 4-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNI-
ciplinado. CO FORENSE - CESPE/2013) Na parte superior do ofício,
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora cha- do aviso e do memorando, antes do assunto, devem constar
mou o médico. o nome e o endereço da autoridade a quem é direcionada a
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi chama- comunicação.
do por uma senhora. ( ) Certo ( ) Errado
Fontes: O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_publica- partes:
coes_ver.php?id=2 a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/redacao-ofi- o expede:
cial-para-concursos.html
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinha-
mento à direita:
ATIVIDADES
c) assunto: resumo do teor do documento
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigi-
– TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) O da a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o
correio eletrônico é uma forma de comunicação célere, na qual endereço.
deve ser utilizada linguagem compatível com a comunicação e) texto;
oficial, embora não seja definida uma forma rígida para sua f) fecho;
estrutura. g) assinatura do autor da comunicação; e
( ) Certo ( ) Errado h) identificação do signatário
(Fonte: http://webcache.googleusercontent.com/
O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e cele- search?q=cache:omaLJnt2UtQJ:www.planalto.gov.br/cci-
ridade, transformou-se na principal forma de comunicação para vil_03/manual/Manual_Rich_RedPR2aEd.rtf+&cd=1&hl=pt-
transmissão de documentos. -BR&ct=clnk&gl=br)
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua RESPOSTA: “ERRADO”.
estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompa-
tível com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos 5-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚS-
e Comunicações Oficiais). TRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO
(Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual. ADMINISTRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência
htm) deve estar satisfeita com os resultados das negociações”, o ad-
jetivo estará corretamente empregado se dirigido a ministro
RESPOSTA: “CERTO”. de Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE ALAGOAS – Excelência”.
AGENTE DE POLÍCIA – CESPE/2012) O vocativo a ser em- ( ) Certo ( ) Errado
pregado em comunicações dirigidas ao chefe do Poder Executi-
Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo feminino (mi-
vo da República Federativa do Brasil é Excelentíssimo Senhor.
nistra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo masculino, o
( ) Certo ( ) Errado
adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O pronome de trata-
(...) O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas mento é apenas a maneira como tratar a autoridade, não regendo
aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo as demais concordâncias.
respectivo:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República (...) RESPOSTA: “ERRADO”.
(Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.
htm) 6-) (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL -
RESPOSTA: “CERTO”. FUMARC/2013) Sobre a Redação Oficial, NÃO é correto afir-
mar que
3-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNI- (A) exige emprego do padrão formal de linguagem.
CO FORENSE - CESPE/2013) A concisão, uma das qualida- (B) deve permitir uma única interpretação e ser estritamente
des essenciais ao texto oficial, para a qual concorrem o domínio impessoal.
do assunto tratado e a revisão textual, consiste em se transmi- (C) sua finalidade básica é comunicar com impessoalidade e
tir, no texto escrito, o máximo de informações empregando-se máxima clareza.
um mínimo de palavras. (D) dispensa a formalidade de tratamento, uma vez que o co-
( ) Certo ( ) Errado municador e o receptor são o Serviço Público.
É a qualidade esperada de um bom texto, assim ele não se
torna prolixo: “fala, fala, mas não diz nada!”.
RESPOSTA: “CERTO”.
Didatismo e Conhecimento 81
LÍNGUA PORTUGUESA
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas
obedecem a certas regras de forma: além das (...) exigências de demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de
impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e,
ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata somente da no caso do ofício, também com particulares.
eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou daquele pro- (Fonte: http://www.fontedosaber.com/portugues/redacao-
nome de tratamento para uma autoridade de certo nível (...); mais -oficial-dicas-e-macetes.html)
do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no
próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação. RESPOSTA: “ERRADO”.
(Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.
htm_) 9-) (ANP – CONHECIMENTO BÁSICO PARA TODOS
OS CARGOS – CESPE/2013) Na redação de uma ata, devem-
RESPOSTA: “D”. -se relatar exaustivamente, com o máximo de detalhamento
possível, incluindo-se os aspectos subjetivos, as discussões, as
7-) (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS propostas, as resoluções e as deliberações ocorridas em reu-
GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - niões e eventos que exigem registro.
FUMARC/2013 - adaptada) “Na revisão de um expediente, ( ) Certo ( ) Errado
deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu
destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido Ata é um documento administrativo que tem a finalidade de
por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos registrar de modo sucinto a sequência de eventos de uma reunião
em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes ou assembleia de pessoas com um fim específico. É característi-
faz com que os tomemos como de conhecimento geral, o que ca da Ata apresentar um resumo, cronologicamente disposto, de
nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, preci- modo infalível, de todo o desenrolar da reunião.
se os termos técnicos, o significado das siglas e abreviações e os (Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_reda-
conceitos específicos que não possam ser dispensados.” cao_oficial_ata/)
(Manual de Redação Oficial da Presidência da República. p.
14). RESPOSTA: “ERRADO”.
Sobre a Redação Oficial, pode-se concluir que 10-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
(A) a concisão de um texto está relacionada ao grau de espe- Segundo o Manual de Redação da Presidência da República,
cificação dos termos. NÃO se deve usar Vossa Excelência para
(B) a padronização de termos e conceitos viabiliza a uniformi- (A) embaixadores.
dade dos documentos. (B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais.
(C) a revisão possibilita a substituição de termos, muitas ve- (C) prefeitos municipais.
zes, desconhecidos pelo leitor. (D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
(D) claro é o texto que exige releituras mais aprofundadas. (E) vereadores.
Através da leitura do excerto e das próprias alternativas, che- (...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria (abre-
gamos à conclusão de que um texto, principalmente oficial, deve viado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa Câmara de
priorizar a revisão. Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu presidente, de
acordo com o Manual de Redação da Presidência da República
RESPOSTA: “C”. (1991).
(Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece-detail.
8-) (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013) O expe- php?id=393)
diente adequado para a comunicação entre ministros de Estado é
a mensagem. RESPOSTA: “E”.
( ) Certo
( ) Errado Variação Linguistica
Mensagem – é o instrumento de comunicação oficial entre os “Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se
Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade;
pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador
sobre fato da Administração Pública; expor o plano de governo por errante ou um lavrador de pequeno campo fértil (...)”
ocasião da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso
Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; Todas as pessoas que falam uma determinada língua conhe-
apresentar veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo cem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento podem sofrer
quanto seja de interesse dos poderes públicos e da Nação. variações devido à influência de inúmeros fatores. Tais variações,
Aviso e Ofício - são modalidades de comunicação oficial pra- que às vezes são pouco perceptíveis e outras vezes bastantes evi-
ticamente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é ex- dentes, recebem o nome genérico de variedades ou variações lin-
pedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades guísticas.
Didatismo e Conhecimento 82
LÍNGUA PORTUGUESA
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os - a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregula-
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se res: vareia (varia), negoceia (negocia).
que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mes- - uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-
mo significado dentro de um mesmo contexto. Suponham-se, por -versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o
exemplo, os dois enunciados a seguir: champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da
cal).
Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz tempo. - a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e ad-
Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos. jetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro
Qualquer falante do português reconhecerá que os dois enun- indicado, as noite fria, os caso mais comum.
ciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido, mas tam- - o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o
bém que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que o segundo é Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições;
de gente mais “estudada”. Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível
Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber dar que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.
grandes explicações, as pessoas têm noção de que existem muitas
maneiras de falar a mesma língua. É o que os teóricos chamam de Variações Sintáticas
variações linguísticas.
As variações que distinguem uma variante de outra se mani- Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. No
festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas as dife-
sintático e lexical. renças entre uma variante e outra. Como exemplo, podemos citar:
- o uso de pronomes do caso reto com outra função que não a
Variações Fônicas de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão
sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de
São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons constituin- ti) e ele.
tes da palavra. Os exemplos de variação fônica são abundantes e, - o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de
ao lado do vocabulário, constituem os domínios em que se percebe “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.
com mais nitidez a diferença entre uma variante e outra. Entre es- - a ausência da preposição adequada antes do pronome rela-
ses casos, podemos citar: tivo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez
- a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de
oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô. a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais
- o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me confio.
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica, - a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome
hoje frequentes na fala caipira. “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de”
- a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, ma- com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a
relo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem família dele (em vez de ...cuja família eu já conhecia).
oral coloquial. - a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando
- a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró- se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com
polis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formam típicas você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua)
de pessoas de baixa extração social. voz me irrita.
- A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das - ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che-
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela
do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol.
- deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, Variações Léxicas
estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa extração social.
É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do
Variações Morfológicas plano do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas
e caracterizam com nitidez uma variante em confronto com
São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. Nesse outra. Eis alguns, entre múltiplos exemplos possíveis de citar:
domínio, as diferenças entre as variantes não são tão numerosas - a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para
quanto as de natureza fônica, mas não são desprezíveis. Como formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua-
exemplos, podemos citar: gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil;
- o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar Esse amigo é um carinha maior esforçado.
o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da lingua- - as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às
gem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssi- vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado
mo), uma prova hiper difícil (em vez de dificílima), um carro hiper a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no
possante (em vez de possantíssimo). Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil,
- a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regu- em Portugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz
lares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que cha-
(vir) o recado, quando ele repor (repuser). mamos de suéter, malha, camiseta.
Didatismo e Conhecimento 83
LÍNGUA PORTUGUESA
Designações das Variantes Lexicais: tos sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades
proibidas. A lista de gírias é numerosíssima em qualquer língua:
- Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo ou má sorte), ir pro
isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida. É brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-se irremediavelmente),
o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década de cara ou cabra (indivíduo, pessoa), bicha (homossexual masculino),
60, o rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz gatinha ou levar um lero (conversar).
forma semelhante), e um homem bonito era um pão; na linguagem
antiga, médico era designado pelo nome físico; um bobalhão era - Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico excessivamente
chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usava-se gasosa; erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez de corrigir); procras-
algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa. tinar (em vez de adiar); discrepar (em vez de discordar); cinesíforo
(em vez de motorista); obnubilar (em vez de obscurecer ou embaçar);
- Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de palavras conúbio (em vez de casamento); chufa (em vez de caçoada, troça).
recém-criadas, muitas das quais mal ou nem estraram para os di-
cionários. A moderna linguagem da computação tem vários exem- - Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso de um
léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de quem diz, por
plos, como escanear, deletar, printar; outros exemplos extraídos
exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de
da tecnologia moderna são mixar (fazer a combinação de sons),
se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de cheirar mal), ranho (em
robotizar, robotização.
vez de muco, secreção do nariz).
- Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras empresta- Tipos de Variação
das de outra língua, que ainda não foram aportuguesadas, preser-
vando a forma de origem. Nesse caso, há muitas expressões lati- Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para as variantes
nas, sobretudo da linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus linguísticas um sistema de classificação que seja simples e, ao mesmo
(literalmente, “tenhas o corpo” ou, mais livremente, “estejas em tempo, capaz de dar conta de todas as diferenças que caracterizam
liberdade”), ipso facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo”), os múltiplos modos de falar dentro de uma comunidade linguística.
ipsis litteris (textualmente, “com as mesmas letras”), grosso modo O principal problema é que os critérios adotados, muitas vezes, se
(“de modo grosseiro”, “impreciso”), sic (“assim, como está escri- superpõem, em vez de atuarem isoladamente.
to”), data venia (“com sua permissão”). As variações mais importantes, para o interesse do concurso pú-
As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight (com- blico, são os seguintes:
preensão repentina de algo, uma percepção súbita), feeling (“sen-
sibilidade”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de in- - Sócio-Cultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com
formações básicas), jingle (mensagem publicitária em forma de certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase:
música).
Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda não “Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.” (frase
se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours (“fora de 1)
concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête (palestra particu-
lar entre duas pessoas), esprit de corps (“espírito de corpo”, cor- Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos carac-
porativismo), menu (cardápio), à la carte (cardápio “à escolha do terizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado? Um traba-
freguês”), physique du rôle (aparência adequada à caracterização lhador braçal de construção civil? Um médico? Um garimpeiro? Um
de um personagem). repórter de televisão?
E quem usaria a frase abaixo?
- Jargão: é o lexo típico de um campo profissional como a
“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.”
medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. No jargão
(frase 2)
médico temos uso tópico (para remédios que não devem ser inge-
ridos), apneia (interrupção da respiração), AVC ou acidente vascu-
Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes a gru-
lar cerebral (derrame cerebral). No jargão jornalístico chama-se pos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, muitas vezes,
de gralha, pastel ou caco o erro tipográfico como a troca ou inver- não frequentaram nem a escola primária, ou, quando muito, fizeram-
são de uma letra. A palavra lide é o nome que se dá à abertura de -no em condições não adequadas.
uma notícia ou reportagem, onde se apresenta sucintamente o as- Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que tiveram
sunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é muito prolixo, possibilidades socioeconômicas melhores e puderam, por isso, ter um
é chamado de nariz-de-cera. Furo é notícia dada em primeira mão. contato mais duradouro com a escola, com a leitura, com pessoas de
Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. Entre os jornalistas um nível cultural mais elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu
é comum o uso do verbo repercutir como transitivo direto: __ Vá modo de utilização da língua.
lá repercutir a notícia de renúncia! (esse uso é considerado errado Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita acima
pela gramática normativa). está bastante simplificada, uma vez que há diversos outros fatores que
interferem na maneira como o falante escolhe as palavras e constrói
- Gíria: é o lexo especial de um grupo (originariamente de as frases. Por exemplo, a situação de uso da língua: um advogado,
marginais) que não deseja ser entendido por outros grupos ou que num tribunal de júri, jamais usaria a expressão “tá na cara”, mas
pretende marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a isso não significa que ele não possa usá-la numa situação informal
gíria de grupos marginalizados, de grupos jovens e de segmen- (conversando com alguns amigos, por exemplo).
Didatismo e Conhecimento 84
LÍNGUA PORTUGUESA
Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que as (...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os me-
condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos, geran- ninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam ceroulas,
do, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma língua. bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, mas retratis-
A elas damos o nome de variações socioculturais. tas, e os cristãos não morriam: descansavam.
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora.
- Geográfica: é, no Brasil, bastante grande e pode ser facil-
mente notada. Ela se caracteriza pelo acento linguístico, que é o Texto II
conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura, timbre, inten-
sidade), por isso é uma variante cujas marcas se notam principal- Entre Palavras
mente na pronúncia. Ao conjunto das características da pronúncia
de uma determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque mi- Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – cir-
neiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc. A variação geográ- culamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há trinta
fica, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser percebida no anos, ou figura com outras acepções. A todo momento impõe-se
vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sentidos diferen-
tornar conhecimento de novas palavras e combinações de.
tes que algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma
país.
palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. Ama-
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho abaixo,
em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria a fala de nhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô;
um típico sertanejo do centro-norte de Minas: talvez ele não entenda o que você diz.
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet,
“__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática,
Mangolô!]. a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940?
__ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a
faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era moço, motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico,
isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, foras o enfarte, a acumputura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a apar-
d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta de fa- theid, o som pop, as estruturas e a infraestrutura.
zer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou percurando Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo,
é sossego...” a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o
- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Elas mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem.
se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a forma de Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servo-
falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Essas altera- mecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurologia, a
ções recebem o nome de variações históricas. homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de Andrade. Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU.
Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, mostra como a lín- Estão reclamando, porque não citei a conotação, o conglo-
gua vai mudando com o tempo. No texto I, ele fala das palavras de merado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM, a IBM,
antigamente e, no texto II, fala das palavras de hoje. o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra elétrica.
Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tenso-
Texto I ra, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, filhotes de
bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da gira-
Antigamente fa, poluição.
Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos fis-
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram
cais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa microrranhuras.
todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam prima-
Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos super congelados.
veras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões,
Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh!
faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos
meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o remédio era tirar Pow! Click!
o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os mais ido- Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás,
sos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a apa-
e também tomava cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, recer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo
esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chu- geral. A enumeração caótica não é uma invenção crítica de Leo
pando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre palavras circula-
quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até mos, vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente, mas com
em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua. que significado?
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos (Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa,
queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)
mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramon-
tana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita - De Situação: aquelas que são provocadas pelas alterações
que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era das circunstâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um
artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo enca- modo de falar compatível com determinada situação é incompatí-
petados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, vel com outra:
não: verdadeiros cromos, umas teteias.
Didatismo e Conhecimento 85
LÍNGUA PORTUGUESA
Ô mano, ta difícil de te entendê. Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau de
formalidade e planejamento típico do texto escrito, mas trata-se de
Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em situação um estilo bem mais formal e vigiado que o da menina ao telefone.
informal, não tem cabimento se o interlocutor é o professor em
situação de aula.
Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme em TÓPICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA
todas as circunstâncias, excetuados alguns falantes da linguagem PADRÃO. ADEQUAÇÃO CONCEITUAL.
culta, que servem invariavelmente de uma linguagem formal, sen- PERTINÊNCIA, RELEVÂNCIA E
do, por isso mesmo, considerados excessivamente formais ou afe- ARTICULAÇÃO DOS ARGUMENTOS.
tados. SELEÇÃO VOCABULAR.
São muitos os fatores de situação que interferem na fala de um
indivíduo, tais como o tema sobre o qual ele discorre (em princípio
ninguém fala da morte ou de suas crenças religiosas como falaria
de um jogo de futebol ou de uma briga que tenha presenciado), o Norma Culta
ambiente físico em que se dá um diálogo (num templo não se usa
a mesma linguagem que numa sauna), o grau de intimidade entre Norma culta ou linguagem culta é uma expressão empregada
os falantes (com um superior, a linguagem é uma, com um colega pelos linguistas brasileiros para designar o conjunto de variedades
de mesmo nível, é outra), o grau de comprometimento que a fala linguísticas efetivamente faladas, na vida cotidiana, pelos falantes
implica para o falante (num depoimento para um juiz no fórum cultos, sendo assim classificados os cidadãos nascidos e criados
escolhem-se as palavras, num relato de uma conquista amorosa em zona urbana e com grau de instrução superior completo.
para um colega fala-se com menos preocupação). O Instituto Camões entende que a “noção de correção está
As variações de acordo com a situação costumam ser chama- [...] baseada no valor social atribuído às [...] formas [linguísti-
das de níveis de fala ou, simplesmente, variações de estilo e são cas]. Ainda assim, informa que a norma-padrão do português eu-
classificadas em duas grandes divisões: ropeu é o dialeto da região que abrange Lisboa e Coimbra; refere
- Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão sobre também que se aceita no Brasil como norma-padrão a fala do Rio
o que se diz, bem como o estado de atenção e vigilância. É na lin- e de São Paulo.
guagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é mais tenso.
Aquisição da linguagem
- Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com
despreocupação e espontaneidade, em que o grau de reflexão sobre
Iniciamos o aprendizado da língua em casa, no contato com a
o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e familiar que
família, que é o primeiro círculo social para uma criança, imitando
esse estilo melhor se manifesta.
o que se ouve e aprendendo, aos poucos, o vocabulário e as leis
combinatórias da língua. Um jovem falante também vai exerci-
Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um pequeno
tando o aparelho fonador, ou seja, a língua, os lábios, os dentes,
trecho da gravação de uma conversa telefônica entre duas universi- os maxilares, as cordas vocais para produzir sons que se transfor-
tárias paulistanas de classe média, transcrito do livro Tempos Lin- mam, mais tarde, em palavras, frases e textos.
guísticos, de Fernando Tarallo. AS reticências indicam as pausas. Quando um falante entra em contato com outra pessoa, na rua,
na escola ou em qualquer outro local, percebe que nem todos falam
Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem da mesma forma. Há pessoas que falam de forma diferente por per-
dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara rachada? Fica tencerem a outras cidades ou regiões do país, ou por terem idade
assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um diferente da nossa, ou por fazerem parte de outro grupo ou classe
menino lá que faiz pós-graduação na, na GV, ele me, nóis ficamo social. Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades
até duas hora da manhã ele me explicando toda a matéria de eco- linguísticas.
nomia, das nove da noite.
Variedades Linguísticas
Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia
nem com a continuidade das ideias, nem com a escolha das pala- Variedades linguísticas são as variações que uma língua apre-
vras. Para exemplificar o estilo formal, eis um trecho da gravação senta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e
de uma aula de português de uma professora universitária do Rio históricas em que é utilizada.
de Janeiro, transcrito do livro de Dinah Callou. A linguagem falada Todas as variedades linguísticas são adequadas, desde que
culta na cidade do Rio de Janeiro. As pausas são marcadas com cumpram com eficiência o papel fundamental de uma língua, o de
reticências. permitir a interação verbal entre as pessoas, isto é, a comunicação.
Apesar disso, uma dessas variedades, a norma culta ou nor-
...o que está ocorrendo com nossos alunos é uma fragmenta- ma padrão, tem maior prestígio social. É a variedade linguística
ção do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo... e fica com ensinada na escola, contida na maior parte dos livros e revistas e
uma série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não sabe também em textos científicos e didáticos, em alguns programas
vincular a realidade nenhuma de seu idioma... isto é válido tam- de televisão, etc. As demais variedades, como a regional, a gíria
bém para a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série... de ou calão, o jargão de grupos ou profissões (a linguagem dos poli-
conceitos teóricos... que têm nomes bonitos e sofisticados... mas ciais, dos jogadores de futebol, dos metaleiros, dos surfistas), são
que... na hora de serem empregados... deixam muito a desejar... chamadas genericamente de dialeto popular ou linguagem popular.
Didatismo e Conhecimento 86
LÍNGUA PORTUGUESA
Propósito da Língua 3Expressões não recomendadas
A língua que utilizamos não transmite apenas nossas ideias, - a partir de (a não ser com valor temporal). Opção: com base
transmite também um conjunto de informações sobre nós mesmos. em, tomando-se por base, valendo-se de...
Certas palavras e construções que empregamos acabam denun- - através de (para exprimir “meio” ou instrumento). Opção:
ciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do país por, mediante, por meio de, por intermédio de, segundo...
nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, às - devido a. Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por
vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies, como causa de.
skate, rock, surfe, etc. O uso da língua também pode informar nos- - dito. Opção: citado, mensionado.
sa timidez, sobre nossa capacidade de nos adaptarmos e situações - enquanto. Opção: ao passo que.
novas, nossa insegurança, etc. - fazer com que. Opção: compelir, constranger, fazer que, for-
A língua é um poderoso instrumento de ação social. Ela pode çar, levar a.
tanto facilitar quanto dificultar o nosso relacionamento com as pes- - inclusive (a não ser quando significa incluindo-se). Opção:
soas e com a sociedade em geral. até, ainda, igualmente, mesmo, também.
- no sentido de, com vistas a. Opção: a fim de, para, com o fito
Língua Culta na Escola (ou objetivo, ou intuito) de, com a finalidade de, tendo em vista.
- pois (no início da oração). Opção: já que, porque, uma vez
O ensino da língua culta, na escola, não tem a finalidade de que, visto que.
condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou em - principalmente. Opção: especialmente, mormente, notada-
nossa comunidade. Ao contrário, o domínio da língua culta, soma- mente, sobretudo, em especial, em particular.
do ao domínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais - sendo que. Opção: e.
preparados para nos comunicarmos. Saber usar bem uma língua
equivale a saber empregá-la de modo adequado às mais diferentes Expressões que demandam atenção
situações sociais de que participamos.
- acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se
Graus de Formalismo - aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
aceito
São muitos os tipos de registro quanto ao formalismo, tais - acendido, aceso (formas similares) – idem
como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o - à custa de – e não às custas de
coloquial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando- - à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
-se por construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, forme
frases curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza - na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
pelo uso de ortografia simplificada, construções simples e usado - a meu ver – e não ao meu ver
entre membros de uma mesma família ou entre amigos. - a ponto de – e não ao ponto de
As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de - a posteriori, a priori – não tem valor temporal
formalismo existente na situação de comunicação; com o modo - de modo (maneira, sorte) que – e não a
de expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com - em termos de – modismo; evitar
a sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus - em vez de – em lugar de
de cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário - ao invés de – ao contrário de
específico de algum campo científico, por exemplo). - enquanto que – o que é redundância
- entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a
Atitudes não recomendadas - implicar em – a regência é direta (sem em)
- ir de encontro a – chocar-se com
Expressões Condenáveis - ir ao encontro de – concordar com
- junto a – usar apenas quando equivale a adido ou similar
- a nível de, ao nível. Opção: em nível, no nível. - o (a, s) mesmo (a, s) – uso condenável para substituir pro-
- face a, frente a. Opção: ante, diante, em face de, em vista nomes
de, perante. - se não, senão – quando se pode substituir por caso não, sepa-
- onde (quando não exprime lugar). Opção: em que, na qual, rado; quando se pode, junto
nas quais, no qual, nos quais. - todo mundo – todos
- (medidas) visando... Opção: (medidas) destinadas a. - todo o mundo – o mundo inteiro
- sob um ponto de vista. Opção: de um ponto de vista. - não-pagamento = hífen somente quando o segundo termo
- sob um prisma. Opção: por (ou através de) um prisma. for substantivo
- como sendo. Opção: suprimir a expressão. - este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo
- em função de. Opção: em virtude de, por causa de, em con- presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando)
sequência de, por, em razão de. - esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre-
sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).
Didatismo e Conhecimento 87
LÍNGUA PORTUGUESA
Erros Comuns - “Mal cheiro”, “mau-humorado”. Mal opõe-se a bem e mau,
a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-hu-
- “Hoje ao receber alguns presentes no qual completo vinte morado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito,
anos tenho muitas novidades para contar”. Temos aí um exemplo mal-estar.
de uso inadequado do pronome relativo. Ele provoca falta de coe- - “Fazem” cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impes-
são, pois não consegue perceber a que antecedente ele se refere, soal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.
portanto nada conecta e produz relação absurda. - “Houveram” muitos acidentes. Haver, como existir, também
- “Tenho uma prima que trabalha num circo como mágica é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. /
e uma das mágicas mais engraçadas era uma caneta com tinta Deve haver muitos casos iguais.
invisível que em vez de tinta havia saído suco de lima”. Você per- - “Existe” muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e
cebe aí a incapacidade do concursando ou vestibulando organizar sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças.
sintaticamente o período. Selecionar as frases e organizar as ideias / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns
é necessário. Escrever com clareza é muito importante.
objetos. / Sobravam ideias.
- “Ainda brincava de boneca quando conheci Davi, piloto de
- Para “mim” fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito.
cart, moreno, 20 anos, com olhos cor de mel. “Tudo começou na-
quele baile de quinze anos”, “...é aos dezoito anos que se começa Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.
a procurar o caminho do amanhã e encontrar as perspectiva que - Entre “eu” e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti:
nos acompanham para sempre na estrada da vida”. Você pode ter Entre mim e você. / Entre eles e ti.
conhecimento do vocabulário e das regras gramaticais e, assim, - “Há” dez anos “atrás”. Há e atrás indicam passado na frase.
construir um texto sem erros. Entretanto, se você reproduz sem Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.
nenhuma crítica ou reflexão expressões gastas, vulgarizadas pelo - “Entrar dentro”. O certo: entrar em. Veja outras redundân-
uso contínuo. A boa qualidade do texto fica comprometida. cias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo,
- Tema: Para você, as experiências genéticas de clonagem já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.
põem em xeque todos os conceitos humanos sobre Deus e a vida? - “Venda à prazo”. Não existe crase antes de palavra masculi-
“Bem a clonagem não é tudo, mas na vida tudo tem o seu valor e na, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda
os homens a todo momento necessitam de descobrir todos os mis- de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a
térios da vida que nos cerca a todo instante”. É importante você cavalo, a caráter.
escrever atendendo ao que foi proposto no tema. Antes de começar - “Porque” você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a
o seu texto leia atentamente todos os elementos que o examinador palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? /
apresentou para você utilizar. Esquematize suas ideias, veja se não Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você
há falta de correspondência entre o tema proposto e o texto criado. se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o
- “Uma biópsia do tumor retirado do fígado do meu primo trânsito estava congestionado.
(...) mostrou que ele não era maligno”. Esta frase está ambígua, - Vai assistir “o” jogo hoje. Assistir como presenciar exige a:
pois não se sabe se o pronome ele refere-se ao fígado ou ao primo. Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A
Para se evitar a ambiguidade, você deve observar se a relação entre medida não agradou (desagradou) à população. / Eles obedeceram
cada palavra do seu texto está correta. (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pa-
- “Ele me tratava como uma criança, mas eu era apenas uma gou ao amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos
criança”. O conectivo mas indica uma circunstância de oposição, estudantes.
de ideia contrária a. Portanto, a relação adversativa introduzida - Preferia ir “do que” ficar. Prefere-se sempre uma coisa a ou-
pelo “mas” no fragmento acima produz uma ideia absurda. tra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É prefe-
- “Entretanto, como já diziam os sábios: depois da tempes-
rível lutar a morrer sem glória.
tade sempre vem a bonança. Após longo suplício, meu coração
- O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula
apaziguava as tormentas e a sensatez me mostrava que só esta-
ríamos separadas carnalmente”. Não utilize provérbios ou ditos o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu.
populares. Eles empobrecem a redação, pois fazer parecer que seu Outro erro: O prefeito prometeu, novas denúncias. Não existe o
autor não tem criatividade ao lançar mão de formas já gastas pelo sinal entre o predicado e o complemento: O prefeito prometeu no-
uso frequente. vas denúncias.
- “Estou sem inspiração para fazer uma redação. Escrever - Não há regra sem “excessão”. O certo é exceção. Veja ou-
sobre a situação dos sem-terra? Bem que o professor poderia pro- tras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: “paralizar”
por outro tema”. Você não deve falar de sua redação dentro do (paralisar), “beneficiente” (beneficente), “xuxu” (chuchu), “previ-
próprio texto. légio” (privilégio), “vultuoso” (vultoso), “cincoenta” (cinquenta),
- “Todos os deputados são corruptos”. Evite pensamentos ra- “zuar” (zoar), “frustado” (frustrado), “calcáreo” (calcário), “ad-
dicais. É recomendável não generalizar e evitar, assim, posições vinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem-vindo), “ascenção” (as-
extremistas. censão), “pixar” (pichar), “impecilho” (empecilho), “envólucro”
- “Bem, acho que - você sabe - não é fácil dizer essas coisas. (invólucro).
Olhe, acho que ele não vai concordar com a decisão que você to- - Quebrou “o” óculos. Concordância no plural: os óculos,
mou, quero dizer, os fatos levam você a isso, mas você sabe - todos meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames,
sabem - ele pensa diferente. É bom a gente pensar como vai fazer seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.
para, enfim, para ele entender a decisão”. Não se esqueça que o - Comprei “ele” para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não
ato de escrever é diferente do ato de falar. O texto escrito deve se podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também:
apresentar desprovido de marcas de oralidade. Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me.
Didatismo e Conhecimento 88
LÍNGUA PORTUGUESA
- Nunca “lhe” vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês e - Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca,
por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o meio esperta, meio amiga.
convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama. - “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para
- “Aluga-se” casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam- a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa
-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. você também. / Chegue aqui.
/ Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados. - A questão não tem nada “haver” com você. A questão, na
- “Tratam-se” de. O verbo seguido de preposição não varia verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma:
nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de Tem tudo a ver com você.
empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos. - A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e regular: A
- Chegou “em” São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e corrida custa 5 reais.
não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os - Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não tomar por
filhos ao circo. empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o
- Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto no sentido livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta concordância: Pediu em-
de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção im- prestadas duas malas.
plica responsabilidade. - Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi
- Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.
também em via de, e não “em vias de”: Espécie em via de extin- - Ele foi um dos que “chegou” antes. Um dos que faz a con-
ção. / Trabalho em via de conclusão. cordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que
- Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é cidadãos. chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam
Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, com a vitória.
tabeliães, gângsteres. - “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de indica arredon-
- O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é gratúito, assim damento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20
como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica pessoas o saudaram.
a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, - Ministro nega que “é” negligente. Negar que introduz sub-
ibéro, pólipo.
juntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negli-
- A última “seção” de cinema. Seção significa divisão, repar-
gente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez
tição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção
o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa.
Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cine-
- Tinha “chego” atrasado. “Chego” não existe. O certo: Tinha
ma, sessão de pancadas, sessão do Congresso.
chegado atrasado.
- Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é palavra mas-
- Tons “pastéis” predominam. Nome de cor, quando expresso
culina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas,
por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc. por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza,
- “Por isso”. Duas palavras, por isso, como de repente e a par- camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos
tir de. azuis, canetas pretas, fitas amarelas.
- Não viu “qualquer” risco. É nenhum, e não “qualquer”, que - Queria namorar “com” o colega. O com não existe: Queria
se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém namorar o colega.
lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão. - O processo deu entrada “junto ao” STF. Processo dá entrada
- A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e não “junto
A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã. ao”) Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não
- Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai o pronome: “junto aos”) leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não “junto
Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O ao”) banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não “junto ao”)
mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e Procon.
os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pro- - As pessoas “esperavam-o”. Quando o verbo termina em m,
nunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e
haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro. nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos,
- O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha. Veja outras impõem-nos.
confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) queimou. / Casa “germi- - Vocês “fariam-lhe” um favor? Não se usa pronome átono
nada” (geminada), “ciclo” (círculo) vicioso, “cabeçário” (cabeça- (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, fu-
lho). turo do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês
- Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sabiam onde lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos co-
ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não nhecimentos (e nunca “imporá-se”). / Os amigos nos darão (e não
sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos? “darão-nos”) um presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo
- “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: “formado-me”).
“Obrigada”, disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obri- - Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos.
gados por tudo. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância
- O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como vir. Assim: ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há
O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, inter- (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O
viemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, manti- atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu
vesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entre- há (faz) pouco menos de dez dias.
vimos, condisser, etc.
Didatismo e Conhecimento 89
LÍNGUA PORTUGUESA
- Blusa “em” seda. Usa-se de, e não em, para definir o mate- - A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica singular sem-
rial de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, pre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.
medalha de prata, estátua de madeira. - Comeu frango “ao invés de” peixe. Em vez de indica substi-
- A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à luz, ape- tuição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa ape-
nas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu “a nas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.
luz a” gêmeos. - Se eu “ver” você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr.
- Estávamos “em” quatro à mesa. O em não existe: Estávamos Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter),
quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala. mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer),
- Sentou “na” mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.
sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para comer. / - Ele “intermedia” a negociação. Mediar e intermediar con-
Sentou ao piano, à máquina, ao computador. jugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação.
- Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. Embora Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: Reme-
popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque deiam, que eles anseiem, incendeio.
ninguém se feriu.
- Ninguém se “adequa”. Não existem as formas “adequa”,
- O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por: O time em-
“adeque”, etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o:
patou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma
adequaram, adequou, adequasse, etc.
forma: empate por.
- À medida «em» que a epidemia se espalhava... O certo é: À - Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as pessoas em
medida que a epidemia se espalhava... Existe ainda na medida em que depois do “d” vêm “e” e “i”: Explode, explodiram, etc. Por-
que (tendo em vista que): É preciso cumprir as leis, na medida em tanto, não escreva nem fale “exploda” ou “expluda”, substituindo
que elas existem. essas formas por rebente, por exemplo. Precaver-se também não se
- Não queria que “receiassem” a sua companhia. O i não exis- conjuga em todas as pessoas. Assim, não existem as formas “pre-
te: Não queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: cavejo”, “precavês”, “precavém”, “precavenho”, “precavenha”,
passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento “precaveja”, etc.
cai no e que precede a terminação ear: receiem, passeias, enfeiam). - Governo “reavê” confiança. Equivalente: Governo recupera
- Eles “tem” razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este
é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e tem a letra v: Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não
põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem. existem “reavejo”, “reavê”, etc.
- A moça estava ali “há” muito tempo. Haver concorda com - Disse o que “quiz”. Não existe z, mas apenas s, nas pessoas
estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus,
Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem pusesse, puseram, puséssemos.
dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando o verbo - O homem “possue” muitos bens. O certo: O homem possui
está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.) muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui,
- Não “se o” diz. É errado juntar o se com os pronomes o, a, polui. Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue,
os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz atenue.
isso), vê-se-a, etc. - A tese “onde”... Onde só pode ser usado para lugar: A casa
- Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos compostos, onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos de-
só o último elemento varia: acordos político-partidários. Outros mais casos, use em que: A tese em que ele defende essa ideia. /
exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-finan- O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em
ceiras, partidos social-democratas. que...
- Andou por “todo” país. Todo o (ou a) é que significa inteiro: - Já “foi comunicado” da decisão. Uma decisão é comunica-
Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a
da, mas ninguém “é comunicado” de alguma coisa. Assim: Já foi
tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qual-
informado (cientificado, avisado) da decisão. Outra forma errada:
quer: Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer
nação) tem inimigos. A diretoria “comunicou” os empregados da decisão. Opções corre-
- “Todos” amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: To- tas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão
dos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as contra- foi comunicada aos empregados.
dições do texto. - “Inflingiu” o regulamento. Infringir é que significa transgre-
- Favoreceu “ao” time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejei- dir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não “inflingir”) significa
ta a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores. impor: Infligiu séria punição ao réu.
- Ela “mesmo” arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a pró- - A modelo “pousou” o dia todo. Modelo posa (de pose).
prio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também
mesmas recorreram à polícia. iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico
- Chamei-o e “o mesmo” não atendeu. Não se pode empregar (contrabando) com tráfego (trânsito).
o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não - Espero que “viagem” hoje. Viagem, com g, é o substantivo:
atendeu. / Os funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que
país conhecerá a decisão dos servidores (e não “dos mesmos”). viajem hoje. Evite também “comprimentar” alguém: de cumpri-
- Vou sair “essa” noite. É este que designa o tempo no qual se mento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento
está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concre-
se está), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século tizado).
(o século 20).
Didatismo e Conhecimento 90
LÍNGUA PORTUGUESA
- O pai “sequer” foi avisado. Sequer deve ser usado com ne- Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo
gativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o
pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar. conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir
- Comprou uma TV “a cores”. Veja o correto: Comprou uma a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo
TV em cores (não se diz TV “a” preto e branco). Da mesma forma: tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de
Transmissão em cores, desenho em cores. vista defendidos.
- “Causou-me” estranheza as palavras. Use o certo: Causa- As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas
ram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a
de concordância quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse
exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não “foi iniciado” acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu-
esta noite as obras). tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o
- A realidade das pessoas “podem” mudar. Cuidado: palavra que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio
próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso: A da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos
realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões entre os de linguagem.
funcionários foi punida (e não “foram punidas”). Para compreender claramente o que é um argumento, é bom
- O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o fato passou voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C.,
despercebido, não foi notado. Desapercebido significa despreve- numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando
nido. se tem de escolher entre duas ou mais coisas”.
- “Haja visto” seu empenho... A expressão é haja vista e não Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
vista suas críticas. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
- A moça “que ele gosta”. Como se gosta de, o certo é: A moça coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-
de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o filme a cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
que assistiu (e não que assistiu), a prova de que participou, o amigo mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
a que se referiu, etc. uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
- É hora «dele» chegar. Não se deve fazer a contração da pre- domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
posição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo:
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo convidado... / De-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
pois de esses fatos terem ocorrido...
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
- Vou “consigo”. Consigo só tem valor reflexivo (pensou con-
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
sigo mesmo) e não pode substituir com você, com o senhor. Por-
enunciador está propondo.
tanto: Vou com você, vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumenta-
senhor (e não “para si”).
- Já “é” 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tem- ção. O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
po variam: Já são 8 horas. / Já é (e não “são”) 1 hora, já é meio-dia, demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
já é meia-noite. missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
- A festa começa às 8 “hrs.”. As abreviaturas do sistema mé- admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
trico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
“kms.”), 5 m, 10 kg. mento de premissas e conclusões.
- “Dado” os índices das pesquisas... A concordância é normal:
Dados os índices das pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
suas ideias...
- Ficou “sobre” a mira do assaltante. Sob é que significa debai- A é igual a B.
xo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. A é igual a C.
Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o te- Então: C é igual a A.
lhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o piano
têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz alguma Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamen-
coisa e alguém vai para trás. te, que C é igual a A.
- “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A meu Outro exemplo:
ver, a seu ver, a nosso ver.
Todo ruminante é um mamífero.
Argumentação A vaca é um ruminante.
Logo, a vaca é um mamífero.
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma infor-
mação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou também será verdadeira.
inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja ad- No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
mitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
faça o que ele propõe. sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
Didatismo e Conhecimento 91
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confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada da Argumento de Quantidade
família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú-
banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
confiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argu- desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
mentativo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é largo uso do argumento de quantidade.
provável que se creia que um banco mais antigo seja mais confiá-
vel do que outro fundado há dois ou três anos. Argumento do Consenso
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten- em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
der bem como eles funcionam. verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de
acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o audi- que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu-
tório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não
quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas cren- desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as
ças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer um afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que
auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao
ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu-
ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. carentes de qualquer base científica.
Nos Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efei-
to, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Argumento de Existência
Brasil. O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que
é valorizado ou desvalorizado numa dada cultura. É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
Tipos de Argumento provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o
argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a mão do que dois voando”.
fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um ar- Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais
gumento. Exemplo: (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas con-
cretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Duran-
Argumento de Autoridade te a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exér-
cito americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para vista como propagandística. No entanto, quando documentada
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse re- pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de
curso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do pro- navios, etc., ganhava credibilidade.
dutor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao
texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do Argumento quase lógico
texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e
verdadeira. Exemplo: É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios
lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias en-
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para tre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis,
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há co- plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual
nhecimento. Nunca o inverso. a C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identi-
dade lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é
Alex José Periscinoto. meu amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma iden-
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 tidade provável.
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
acreditar que é verdade. com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generaliza-
ções indevidas.
Didatismo e Conhecimento 92
LÍNGUA PORTUGUESA
Argumento do Atributo - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para
daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais destruir o argumento.
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do
que é mais grosseiro, etc. contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce- -as e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o
lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza, caso, por exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias
alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor não permite que outras crescam”, em que o termo imperialismo
tende a associar o produto anunciado com atributos da celebridade. é descabido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da visando a reduzir outros à sua dependência política e econômica”.
competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social- A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi-
em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação,
dizer dá confiabilidade ao que se diz. o assunto, etc).
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde Convém ainda alertar que não se convence ninguém com ma-
de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei- nifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo
ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade- mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas
quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evi-
estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico: dente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu
texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando deve construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas
em conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
houve por bem determinar o internamento do governador pelo pe- A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
ríodo de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hos- Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
pital por três dias. ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar-
Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen- gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che-
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo
ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se
deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu
texto tem sempre uma orientação argumentativa. comportamento.
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão válida,
traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou propo-
homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo sição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio
ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen-
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó- tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a
dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não mímica e até o choro.
outras, etc. Veja: Alguns autores classificam a dissertação em duas modalida-
des, expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa,
trocavam abraços afetuosos.” apresenta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a esco-
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras lha dos dados levantados, a maneira de expô-los no texto já reve-
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse lam uma “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, dissertação, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos.
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discus-
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- são, debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensa-
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: mento, a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão liberdade de questionar é fundamental, mas não é suficiente para
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu con- organizar um texto dissertativo. É necessária também a exposição
trário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode dos fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto
ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem de vista.
ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
ambiente, injustiça, corrupção). curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
Didatismo e Conhecimento 93
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Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e seus Fulano é homem (premissa menor = particular)
respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes, a aná- Logo, Fulano é mortal (conclusão)
lise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, essa capa-
cidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para aprender a A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
argumentar e contra-argumentar consiste em desenvolver as seguin- se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nes-
tes habilidades: se caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja,
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma parte de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desco-
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição totalmen- nhecidos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa.
te contrária; Exemplo:
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria O calor dilata o ferro (particular)
contra a argumentação proposta;
O calor dilata o bronze (particular)
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação oposta.
O calor dilata o cobre (particular)
O ferro, o bronze, o cobre são metais
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, argu-
mentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões válidas, Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
como se procede no método dialético. O método dialético não en-
volve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. Trata-se Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser váli-
de um método de investigação da realidade pelo estudo de sua ação do e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em questão e da mu- também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos,
dança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu-
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata,
método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia
simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mesma são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, inten-
coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões verda- ção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não
deiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, começando-se tem essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo
pelas proposições mais simples até alcançar, por meio de deduções, de argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo sim-
a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, é fundamen- ples de sofisma no seguinte diálogo:
tal determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar os conceitos,
simplificando-os, enumerar todos os seus elementos e determinar o - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
lugar de cada um no conjunto da dedução. - Lógico, concordo.
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro - Claro que não!
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca da
verdade: Exemplos de sofismas:
- evidência;
- divisão ou análise; Dedução
- ordem ou dedução; Todo professor tem um diploma (geral, universal)
- enumeração.
Fulano tem um diploma (particular)
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão e
a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o enca-
deamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo. Indução
A forma de argumentação mais empregada na redação acadêmi- O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (par-
ca é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que con- ticular)
tém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a conclusão. Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
As três proposições são encadeadas de tal forma, que a conclusão é Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa maior deve Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (ge-
ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não caracteriza a ral – conclusão falsa)
universalidade. Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo- pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro-
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden-
do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou
é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou aná-
em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à lise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos,
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de baseados nos sentimentos não ditados pela razão.
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não funda-
de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa mentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da
para o efeito. Exemplo: verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
Didatismo e Conhecimento 94
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existem outros métodos particulares de algumas ciências, que Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu mé- Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
todo próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos siste-
máticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
sistematizar a pesquisa. tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interliga- classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância,
dos; a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes é uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimen-
para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, to de uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato
uma depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, en- mais importante para o menos importante, ou decrescente, primei-
quanto a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, ro o menos importante e, no final, o impacto do mais importante;
porém, que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se é indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
alguém reunisse todas as peças de um relógio, não significa que do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou
reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
Só reconstruiria todo se as partes estivessem organizadas, devida- (Garcia, 1973, p. 302304.)
mente combinadas, seguida uma ordem de relações necessárias, Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
funcionais, então, o relógio estaria reconstruído. introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para ex-
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por pressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con- racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as jus-
junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, tificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e a
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo- posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também
sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. os pontos de vista sobre ele.
As operações que se realizam na análise e na síntese podem ser A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lin-
assim relacionadas: guagem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. a espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen-
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. cia dos outros elementos dessa mesma espécie.
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa-
abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
dos elementos que farão parte do texto. metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a ló-
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou gica tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
informal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é - o termo a ser definido;
característica das ciências matemáticas, físico-naturais e experi- - o gênero ou espécie;
mentais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discer- - a diferença específica.
nir” por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos
de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno. O que distingue o termo definido de outros elementos da mes-
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe- ma espécie. Exemplo:
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme- Elemento especie diferença
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a ser definido específica
a classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou
menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
são empregados de modo mais ou menos convencional. A classi- por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
ficação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é
gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
características comuns e diferenciadoras. A classificação dos va- forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-
riados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é ar- te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
tificial. p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, cami- Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
nhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
relógio, sabiá, torradeira. que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
ou instalação”;
Didatismo e Conhecimento 95
LÍNGUA PORTUGUESA
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, se-
os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restri- gundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
to para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; assim, desse ponto de vista.
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
- deve ser breve (contida num só período). Quando a defini- frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes,
ção, ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de perío- depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
dos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
expandida;d respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
+ cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjun- além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
tos (as diferenças). interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma
de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mes-
que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a ma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para
palavra e seus significados. estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, me-
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. nos que, melhor que, pior que.
Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira
e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar o
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma fun-
damentação coerente e adequada. Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julga- mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
mento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no
e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se de modo uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na
livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso linha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar
aprender a reconhecer os elementos que constituem um argumen- ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem
to: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais mais caráter confirmatório que comprobatório.
elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argu-
mento está expresso corretamente; se há coerência e adequação en- Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam ex-
tre seus elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende plicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido
os processos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo- por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural.
-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um Nesse caso, incluem-se
tipo específico de relação entre as premissas e a conclusão. - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
mortal, aspira à imortalidade);
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen- - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postu-
tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afirma- lados e axiomas);
ção: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de na-
tureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto
meio de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões co- não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ain-
muns nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior da que parece absurdo).
a, de maior relevância que. Empregam-se também dados estatís-
ticos, acompanhados de expressões: considerando os dados; con- Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
forme os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as concretos, estatísticos ou documentais.
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que,
por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de. Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli- se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação.
Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer
dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou
Didatismo e Conhecimento 96
LÍNGUA PORTUGUESA
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opi- poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
niões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprova- argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do ar-
da, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que gumento básico;
expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra- menos a seguinte:
-argumentação:
Introdução
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons-
trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu- - função social da ciência e da tecnologia;
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; - definições de ciência e tecnologia;
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
Desenvolvimento
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
dadeira; vimento tecnológico;
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- as condições de vida no mundo atual;
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali- - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
dade da afirmação; mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
desenvolvidos;
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con- - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de au- - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do
toridade que contrariam a afirmação apresentada; passado; apontar semelhanças e diferenças;
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de- banos;
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. mais a sociedade.
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen- Conclusão
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse-
uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para con- quências maléficas;
traargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
é que gera o controle demográfico”. apresentados.
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao ção: é um dos possíveis.
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
Informações Explícitas e Implícitas
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
elaboração de um Plano de Redação.
Texto:
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evo- “Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses
lução tecnológica craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ain-
da tem um longo caminho a trilhar (...).”
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, respon- Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15.
der a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da
resposta, justificar, criando um argumento básico; Esse texto diz explicitamente que:
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e - Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação - Neto não tem o mesmo nível desses craques;
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la - Neto tem muito tempo de carreira pela frente.
(rever tipos de argumentação);
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias O texto deixa implícito que:
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po- - Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos cra-
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e conse- ques citados;
quência); - Esses craques são referência de alto nível em sua especiali-
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o dade esportiva;
argumento básico; - Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz res-
peito ao tempo disponível para evoluir.
Didatismo e Conhecimento 97
LÍNGUA PORTUGUESA
Todos os textos transmitem explicitamente certas informa- O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa a mu-
ções, enquanto deixam outras implícitas. Por exemplo, o texto dança do curso do São Francisco e, por consequência, a solução do
acima não explicita que existe a possibilidade de Neto se equi- problema da seca no Nordeste. O diálogo não teria continuidade se
parar aos quatro futebolistas, mas a inclusão do advérbio ainda um interlocutor não admitisse ou colocasse sob suspeita essa cer-
estabelece esse implícito. Não diz também com explicitude que teza. Em outros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo
há oposição entre Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo:
de contar com tempo para evoluir. A escolha do conector “mas”
entre a segunda e a primeira oração só é possível levando em conta “Mas quem disse que é certa a mudança do curso do rio?”
esse dado implícito. Como se vê, há mais significados num texto
do que aqueles que aparecem explícitos na sua superfície. Leitura A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor permite
proficiente é aquela capaz de depreender tanto um tipo de signifi- levar adiante o debate; sua negação compromete o diálogo, uma
cado quanto o outro, o que, em outras palavras, significa ler nas vez que destrói a base sobre a qual se constrói a argumentação,
entrelinhas. Sem essa habilidade, o leitor passará por cima de sig- e daí nenhum argumento tem mais importância ou razão de ser.
nificados importantes ou, o que é bem pior, concordará com ideias Com pressupostos distintos, o diálogo não é possível ou não tem
e pontos de vista que rejeitaria se os percebesse. sentido.
Os significados implícitos costumam ser classificados em A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode ser
duas categorias: os pressupostos e os subentendidos. embaraçosa ou não, dependendo do que está pressuposto em cada
situação. Para alguém que não faz segredo sobre a mudança de
Pressupostos: são ideias implícitas que estão implicadas logi- emprego, não causa o menor embaraço uma pergunta como esta:
camente no sentido de certas palavras ou expressões explicitadas
na superfície da frase. Exemplo: “Como vai você no seu novo emprego?”
“André tornouse um antitabagista convicto.” O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se diri-
gisse a uma pessoa que conseguiu um segundo emprego e quer
A informação explícita é que hoje André é um antitabagista manter sigilo até decidir se abandona o anterior. O adjetivo novo
convicto. Do sentido do verbo tornarse, que significa “vir a ser”,
estabelece o pressuposto de que o interrogado tem um emprego
decorre logicamente que antes André não era antitabagista convic-
diferente do anterior.
to. Essa informação está pressuposta. Ninguém se torna algo que
já era antes. Seria muito estranho dizer que a palmeira tornouse
Marcadores de Pressupostos
um vegetal.
- Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substan-
“Eu ainda não conheço a Europa.”
tivo
A informação explícita é que o enunciador não tem conheci-
mento do continente europeu. O advérbio ainda deixa pressuposta Julinha foi minha primeira filha.
a possibilidade de ele um dia conhecêla. “Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras
As informações explícitas podem ser questionadas pelo recep- nasceram depois de Julinha.
tor, que pode ou não concordar com elas. Os pressupostos, porém,
devem ser verdadeiros ou, pelo menos, admitidos como tais, por- Destruíram a outra igreja do povoado.
que esta é uma condição para garantir a continuidade do diálogo “Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja
e também para fornecer fundamento às afirmações explícitas. Isso além da usada como referência.
significa que, se o pressuposto é falso, a informação explícita não
tem cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca a - Certos verbos
aula nenhuma, não tem o menor sentido dizer “Até Maria compa-
receu à aula de hoje”. Até estabelece o pressuposto da inclusão de Renato continua doente.
um elemento inesperado. O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo-
Na leitura, é muito importante detectar os pressupostos, pois mento anterior ao presente.
eles são um recurso argumentativo que visa a levar o receptor a
aceitar a orientação argumentativa do emissor. Ao introduzir uma Nossos dicionários já aportuguesaram a palavrea copydesk.
ideia sob a forma de pressuposto, o enunciador pretende transfor- O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi-
mar seu interlocutor em cúmplice, pois a ideia implícita não é pos- desque não existia em português.
ta em discussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem - Certos advérbios
para confirmála. O pressusposto aprisiona o receptor no sistema de
pensamento montado pelo enunciador. A produção automobilística brasileira está totalmente nas
A demonstração disso pode ser feita com as “verdades incon- mãos das multinacionais.
testáveis” que estão na base de muitos discursos políticos, como o O advérbio totalmente pressupõe que não há no Brasil indús-
que segue: tria automobilística nacional.
“Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será re- Você conferiu o resultado da loteria?
solvido o problema da seca no Nordeste.” Hoje não.
Didatismo e Conhecimento 98
LÍNGUA PORTUGUESA
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito QUESTÕES COMPLEMENTARES
limitado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo
(hoje) é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resul- 1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO
tado da loteria. ABC/SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a
alternativa correta quanto à concordância, de acordo com
- Orações adjetivas a norma-padrão da língua portuguesa.
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so-
Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só
se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, cial está no centro dos debates atuais.
fecham os cruzamentos, etc. (B) Políticos, economistas e teóricos diverge em relação
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam aos efeitos da desigualdade social.
com a coletividade. (C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
mais pobres é um fenômeno crescente.
Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se (D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti-
preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fe- cado por alguns teóricos.
cham os cruzamentos, etc. (E) Os debates relacionado à distribuição de riquezas
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se
não são de exclusividade dos economistas.
importam com a coletividade.
No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é res- Realizei a correção nos itens:
tritiva. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se (A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade social
refere à totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, está = estão
que o que elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de (B) Políticos, economistas e teóricos diverge = divergem
um conjunto. O produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma (C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos mais
explicativa segundo o pressuposto que quiser comunicar. pobres é um fenômeno crescente.
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criticado
Subentendidos: são insinuações contidas em uma frase ou um
= criticada
grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa estivesse em visita
à casa de outra num dia de frio glacial e que uma janela, por onde (E) Os debates relacionado = relacionados
entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse
“Que frio terrível”, poderia estar insinuando que a janela deveria RESPOSTA: “C”.
ser fechada.
Há uma diferença capital entre o pressuposto e o subenten- 2-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO –
dido. O primeiro é uma informação estabelecida como indiscu- FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de
tível tanto para o emissor quanto para o receptor, uma vez que concordância verbal na frase:
decorre necessariamente do sentido de algum elemento linguístico a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível nas
colocado na frase. Ele pode ser negado, mas o emissor colocao
ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a visibili-
implicitamente para que não o seja. Já o subentendido é de res-
ponsabilidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás do dade social.
sentido literal das palavras e negar que tenha dito o que o receptor b) As duas tábuas em que se comprimem o famigera-
depreendeu de suas palavras. Assim, no exemplo dado acima, se do homem-placa carregam ditos que soam irônicos, como
o dono da casa disser que é muito pouco higiênico fechar todas “compro ouro”.
as janelas, o visitante pode dizer que também acha e que apenas c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a
constatou a intensidade do frio. exposição pública a que se submetem os guardadores de
O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor proteger-
se, para transmitir a informação que deseja dar a conhecer sem
carros.
se comprometer. Imaginemos, por exemplo, que um funcionário d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na pro-
recémpromovido numa empresa ouvisse de um colega o seguinte: paganda imobiliária, poupou-se a todos uma demonstração
de mau gosto.
“Competência e mérito continuam não valendo nada como e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados em
critério de promoção nesta empresa...” apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles velhos car-
Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita: ros-placa.
“Você está querendo dizer que eu não merecia a promoção?”
Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um subenten- Fiz as correções entre parênteses:
dido, poderia responder: a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lugar
visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a
“Absolutamente! Estou falando em termos gerais.” visibilidade social.
Didatismo e Conhecimento 99
LÍNGUA PORTUGUESA
b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime) o 4-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
famigerado homem-placa carregam ditos que soam irônicos, A concordância verbal e nominal está inteiramente correta
como “compro ouro”. na frase:
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a ex- (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
posição pública a que se submetem os guardadores de carros. que determinam as escolhas dos governantes, para conferir
d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros-placa legitimidade a suas decisões.
na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma demonstra- (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem
ser embasados na percepção dos valores e princípios que
ção de mau gosto.
regem a prática política.
e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis inte-
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadei-
ressados em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ro regime democrático, em que se respeita tanto as liberda-
velhos carros-placa. des individuais quanto as coletivas.
(D) As instituições fundamentais de um regime demo-
RESPOSTA: “C”. crático não pode estar subordinado às ordens indiscrimina-
das de um único poder central.
3-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
FCC/2012) A concordância verbal está plenamente obser- para o momento eleitoral, que expõem as diferentes opi-
vada na frase: niões existentes na sociedade.
(A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e ma-
Fiz os acertos entre parênteses:
terialistas, o posicionamento de alguns religiosos e parla-
mentares acerca da educação religiosa nas escolas públi- (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
cas. que determinam as escolhas dos governantes, para conferir le-
(B) Sempre deverão haver bons motivos, junto àqueles gitimidade a suas decisões.
que são contra a obrigatoriedade do ensino religioso, para (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem
se reservar essa prática a setores da iniciativa privada. (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos valores e
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto, princípios que regem a prática política.
contra os que votam a favor do ensino religioso na escola (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um verda-
pública, consistem nos altos custos econômicos que acar- deiro regime democrático, em que se respeita (respeitam) tanto
retarão tal medida. as liberdades individuais quanto as coletivas.
(D) O número de templos em atividade na cidade de
(D) As instituições fundamentais de um regime demo-
São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor-
ção maior do que ocorrem com o número de escolas pú- crático não pode (podem) estar subordinado (subordinadas) às
blicas. ordens indiscriminadas de um único poder central.
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) voltados
como a regulação natural do mercado sinalizam para as (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (expõe) as di-
inconveniências que adviriam da adoção do ensino religio- ferentes opiniões existentes na sociedade.
so nas escolas públicas.
RESPOSTA: “A”.
(A) Provocam = provoca (o posicionamento)
(B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver 5 -) (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINIS-
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto, con- TRATIVO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as
tra os que votam a favor do ensino religioso na escola pública, frases do texto:
consistem = consiste. I, Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota negati-
(D) O número de templos em atividade na cidade de São va...
Paulo vêm gradativamente aumentando, em proporção maior
II,... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classifi-
do que ocorrem = ocorre
cação do continente americano (2,0)...
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como a
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e
regulação natural do mercado sinalizam para as inconveniên-
cias que adviriam da adoção do ensino religioso nas escolas II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos
exemplos, em:
públicas.
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o pró-
ximo ano. Será que alguém tem opinião diferente da maio-
RESPOSTA: “E”.
ria?
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas.
Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase
todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
RESPOSTA: “E”.
Didatismo e Conhecimento 1
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo Potenciação de Números Naturais
4 vezes 9 é somar o número 9 quatro vezes: 4 x 9 = 9 + 9 + 9 Para dois números naturais m e n, a expressão mn é um produ-
+ 9 = 36 to de n fatores iguais ao número m, ou seja: mn = m . m . m ... m .
O resultado da multiplicação é denominado produto e os nú- m → m aparece n vezes
meros dados que geraram o produto, são chamados fatores. Usa- O número que se repete como fator é denominado base que
mos o sinal × ou · ou x, para representar a multiplicação. neste caso é m. O número de vezes que a base se repete é denomi-
nado expoente que neste caso é n. O resultado é denominado po-
Propriedades da multiplicação tência. Esta operação não passa de uma multiplicação com fatores
iguais, como por exemplo: 23 = 2 × 2 × 2 = 8 → 43 = 4 × 4 × 4 = 64
- Fechamento: A multiplicação é fechada no conjunto N dos
números naturais, pois realizando o produto de dois ou mais nú- Propriedades da Potenciação
meros naturais, o resultado estará em N. O fato que a operação de - Uma potência cuja base é igual a 1 e o expoente natural é n,
multiplicação é fechada em N é conhecido na literatura do assunto denotada por 1n, será sempre igual a 1.
como: A multiplicação é uma lei de composição interna no con- Exemplos:
junto N. a- 1n = 1×1×...×1 (n vezes) = 1
- Associativa: Na multiplicação, podemos associar 3 ou mais b- 13 = 1×1×1 = 1
fatores de modos diferentes, pois se multiplicarmos o primeiro fa- c- 17 = 1×1×1×1×1×1×1 = 1
tor com o segundo e depois multiplicarmos por um terceiro núme- - Se n é um número natural não nulo, então temos que no=1.
ro natural, teremos o mesmo resultado que multiplicar o terceiro Por exemplo:
pelo produto do primeiro pelo segundo. (m . n) . p = m .(n . p) → - (a) nº = 1
(3 . 4) . 5 = 3 . (4 . 5) = 60 - (b) 5º = 1
- Elemento Neutro: No conjunto dos números naturais existe - (c) 49º = 1
um elemento neutro para a multiplicação que é o 1. Qualquer que - A potência zero elevado a zero, denotada por 0o, é carente de
seja o número natural n, tem-se que: 1 . n = n . 1 = n → 1 . 7 = 7 sentido no contexto do Ensino Fundamental.
.1=7 - Qualquer que seja a potência em que a base é o número na-
- Comutativa: Quando multiplicamos dois números naturais tural n e o expoente é igual a 1, denotada por n1, é igual ao próprio
quaisquer, a ordem dos fatores não altera o produto, ou seja, mul- n. Por exemplo:
tiplicando o primeiro elemento pelo segundo elemento teremos o - (a) n¹ = n
mesmo resultado que multiplicando o segundo elemento pelo pri- - (b) 5¹ = 5
meiro elemento. m . n = n . m → 3 . 4 = 4 . 3 = 12 - (c) 64¹ = 64
- Toda potência 10n é o número formado pelo algarismo 1 se-
Propriedade Distributiva guido de n zeros.
Exemplos:
Multiplicando um número natural pela soma de dois números a- 103 = 1000
naturais, é o mesmo que multiplicar o fator, por cada uma das par- b- 108 = 100.000.000
celas e a seguir adicionar os resultados obtidos. m . (p + q) = m . p c- 10o = 1
+ m . q → 6 x (5 + 3) = 6 x 5 + 6 x 3 = 30 + 18 = 48
Questões
Divisão de Números Naturais
1 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) A partir de 1º de
Dados dois números naturais, às vezes necessitamos saber março, uma cantina escolar adotou um sistema de recebimento por
quantas vezes o segundo está contido no primeiro. O primeiro nú- cartão eletrônico. Esse cartão funciona como uma conta corrente:
mero que é o maior é denominado dividendo e o outro número que coloca-se crédito e vão sendo debitados os gastos. É possível o sal-
é menor é o divisor. O resultado da divisão é chamado quociente. do negativo. Enzo toma lanche diariamente na cantina e sua mãe
Se multiplicarmos o divisor pelo quociente obteremos o dividendo. credita valores no cartão todas as semanas. Ao final de março, ele
No conjunto dos números naturais, a divisão não é fechada, anotou o seu consumo e os pagamentos na seguinte tabela:
pois nem sempre é possível dividir um número natural por outro
número natural e na ocorrência disto a divisão não é exata.
Relações essenciais numa divisão de números naturais
- Em uma divisão exata de números naturais, o divisor deve
ser menor do que o dividendo. 35 : 7 = 5
- Em uma divisão exata de números naturais, o dividendo é o
produto do divisor pelo quociente. 35 = 5 x 7
- A divisão de um número natural n por zero não é possível
pois, se admitíssemos que o quociente fosse q, então poderíamos
escrever: n ÷ 0 = q e isto significaria que: n = 0 x q = 0 o que não
é correto! Assim, a divisão de n por 0 não tem sentido ou ainda é
dita impossível. No final do mês, Enzo observou que tinha
Didatismo e Conhecimento 2
RACIOCÍNIO LÓGICO
A) crédito de R$ 7,00. A) 3995
B) débito de R$ 7,00. B) 7165
C) crédito de R$ 5,00. C) 7532
D) débito de R$ 5,00. D) 7575
E) empatado suas despesas e seus créditos. E) 7933
2 - (PREF. IMARUI/SC – AUXILIAR DE SERVIÇOS GE- 7 - (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPE-
RAIS - PREF. IMARUI/2014) José, funcionário público, recebe RACIONAIS – MAKIYAMA/2013) Durante um mutirão para
salário bruto de R$ 2.000,00. Em sua folha de pagamento vem o promover a limpeza de uma cidade, os 15.000 voluntários foram
desconto de R$ 200,00 de INSS e R$ 35,00 de sindicato. Qual o igualmente divididos entre as cinco regiões de tal cidade. Sendo
salário líquido de José? assim, cada região contou com um número de voluntários igual a:
A) R$ 1800,00 A) 2500
B) R$ 1765,00
B) 3200
C) R$ 1675,00
C) 1500
D) R$ 1665,00
D) 3000
3 – (Professor/Pref.de Itaboraí) O quociente entre dois nú- E) 2000
meros naturais é 10. Multiplicando-se o dividendo por cinco e
reduzindo-se o divisor à metade, o quociente da nova divisão será: 8 - (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPE-
A) 2 RACIONAIS – MAKIYAMA/2013) Em determinada loja, o pa-
B) 5 gamento de um computador pode ser feito sem entrada, em 12
C) 25 parcelas de R$ 250,00. Sendo assim, um cliente que opte por essa
D) 50 forma de pagamento deverá pagar pelo computador um total de:
E) 100 A) R$ 2500,00
B) R$ 3000,00
4 - (PREF. ÁGUAS DE CHAPECÓ – OPERADOR DE MÁ- C) R$1900,00
QUINAS – ALTERNATIVE CONCURSOS) Em uma loja, as D) R$ 3300,00
compras feitas a prazo podem ser pagas em até 12 vezes sem juros. E) R$ 2700,00
Se João comprar uma geladeira no valor de R$ 2.100,00 em 12
vezes, pagará uma prestação de: 9 – (CREFITO/SP – ALMOXARIFE – VUNESP/2012) O su-
A) R$ 150,00. cessor do dobro de determinado número é 23. Esse mesmo deter-
B) R$ 175,00. minado número somado a 1 e, depois, dobrado será igual a
C) R$ 200,00. A) 24.
D) R$ 225,00. B) 22.
C) 20.
5 - PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERA- D) 18.
CIONAIS – MAKIYAMA/2013) Ontem, eu tinha 345 bolinhas E) 16.
de gude em minha coleção. Porém, hoje, participei de um cam-
peonato com meus amigos e perdi 67 bolinhas, mas ganhei outras 10 - (SABESP – ANALISTA DE GESTÃO I -CONTABILI-
90. Sendo assim, qual a quantidade de bolinhas que tenho agora, DADE – FCC/2012) Uma montadora de automóveis possui cinco
depois de participar do campeonato?
unidades produtivas num mesmo país. No último ano, cada uma
A) 368
dessas unidades produziu 364.098 automóveis. Toda a produção
B) 270
foi igualmente distribuída entre os mercados consumidores de sete
C) 365
D) 290 países. O número de automóveis que cada país recebeu foi
E) 376 A) 26.007
B) 26.070
6 – (Pref. Niterói) João e Maria disputaram a prefeitura de C) 206.070
uma determinada cidade que possui apenas duas zonas eleitorais. D) 260.007
Ao final da sua apuração o Tribunal Regional Eleitoral divulgou E) 260.070
a seguinte tabela com os resultados da eleição. A quantidade de Respostas
eleitores desta cidade é:
1 - RESPOSTA: “B”.
1ª Zona Eleitoral 2ª Zona Eleitoral
crédito: 40+30+35+15=120
João 1750 2245 débito: 27+33+42+25=127
Maria 850 2320 120-127=-7
Ele tem um débito de R$ 7,00.
Nulos 150 217
Brancos 18 25 2 - RESPOSTA: “B”.
Abstenções 183 175 2000-200=1800-35=1765
O salário líquido de José é R$1765,00.
Didatismo e Conhecimento 3
RACIOCÍNIO LÓGICO
3 - RESPOSTA: “E”.
D= dividendo
d= divisor
Q = quociente = 10
R= resto = 0 (divisão exata)
Equacionando: Conjunto dos Números Inteiros – Z
D= d.Q + R
D= d.10 + 0 → D= 10d Definimos o conjunto dos números inteiros como a reunião do
conjunto dos números naturais (N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...}, o con-
Pela nova divisão temos: junto dos opostos dos números naturais e o zero. Este conjunto é
denotado pela letra Z (Zahlen=número em alemão). Este conjunto
pode ser escrito por: Z = {..., -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, ...}
O conjunto dos números inteiros possui alguns subconjuntos
notáveis:
Didatismo e Conhecimento 4
RACIOCÍNIO LÓGICO
O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado, mas Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros é o mes-
o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser dispensado. mo que adicionar o primeiro com o oposto do segundo.
Propriedades da adição de números inteiros: O conjunto
Z é fechado para a adição, isto é, a soma de dois números inteiros Multiplicação de Números Inteiros
ainda é um número inteiro.
A multiplicação funciona como uma forma simplificada de
Associativa: Para todos a,b,c em Z: uma adição quando os números são repetidos. Poderíamos analisar
a + (b + c) = (a + b) + c tal situação como o fato de estarmos ganhando repetidamente al-
2 + (3 + 7) = (2 + 3) + 7 guma quantidade, como por exemplo, ganhar 1 objeto por 30 vezes
consecutivas, significa ganhar 30 objetos e esta repetição pode ser
Comutativa: Para todos a,b em Z: indicada por um x, isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
a+b=b+a Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos: 2 + 2 + 2
3+7=7+3 + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60
Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos: (–2) +
Elemento Neutro: Existe 0 em Z, que adicionado a cada z em (–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60
Z, proporciona o próprio z, isto é: Observamos que a multiplicação é um caso particular da adi-
z+0=z ção onde os valores são repetidos.
7+0=7 Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indi-
cado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras.
Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em Z, tal que Para realizar a multiplicação de números inteiros, devemos
z + (–z) = 0 obedecer à seguinte regra de sinais:
9 + (–9) = 0 (+1) x (+1) = (+1)
(+1) x (-1) = (-1)
Subtração de Números Inteiros (-1) x (+1) = (-1)
(-1) x (-1) = (+1)
A subtração é empregada quando:
- Precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade; Com o uso das regras acima, podemos concluir que:
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto uma delas
tem a mais que a outra; Sinais dos números Resultado do produto
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto falta a
uma delas para atingir a outra. Iguais Positivo
Diferentes Negativo
A subtração é a operação inversa da adição.
Propriedades da multiplicação de números inteiros: O
Observe que: 9 – 5 = 4 4+5=9 conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto é, a multiplicação
diferença de dois números inteiros ainda é um número inteiro.
subtraendo
minuendo Associativa: Para todos a,b,c em Z:
a x (b x c) = (a x b) x c
2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7
Considere as seguintes situações:
Comutativa: Para todos a,b em Z:
1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião passou de axb=bxa
+3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da temperatura? 3x7=7x3
Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6) – (+3)
= +3 Elemento neutro: Existe 1 em Z, que multiplicado por todo z
em Z, proporciona o próprio z, isto é:
2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, durante o dia, zx1=z
era de +6 graus. À Noite, a temperatura baixou de 3 graus. Qual a 7x1=7
temperatura registrada na noite de terça-feira? Elemento inverso: Para todo inteiro z diferente de zero, existe
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) + (–3) = +3 um inverso z–1=1/z em Z, tal que
Se compararmos as duas igualdades, verificamos que (+6) – z x z–1 = z x (1/z) = 1
(+3) é o mesmo que (+6) + (–3). 9 x 9–1 = 9 x (1/9) = 1
Didatismo e Conhecimento 5
RACIOCÍNIO LÓGICO
Divisão de Números Inteiros Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125
Sabemos que na divisão exata dos números naturais: Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se
40 : 5 = 8, pois 5 . 8 = 40 a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6 = (+13)8 – 6 =
36 : 9 = 4, pois 9 . 4 = 36 (+13)2
Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a divisão Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se
exata de números inteiros. Veja o cálculo: os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10
(–20) : (+5) = q (+5) . q = (–20) q = (–4)
Logo: (–20) : (+5) = - 4 Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1 = +9
(–13)1 = –13
Considerando os exemplos dados, concluímos que, para efe-
tuar a divisão exata de um número inteiro por outro número in- Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual
teiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo pelo a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1
módulo do divisor. Daí:
- Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo sinal, o quo- Radiciação de Números Inteiros
ciente é um número inteiro positivo.
- Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferentes, o quo- A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a é a ope-
ciente é um número inteiro negativo. ração que resulta em outro número inteiro não negativo b que ele-
- A divisão nem sempre pode ser realizada no conjunto Z. Por vado à potência n fornece o número a. O número n é o índice da
exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são divisões que não podem raiz enquanto que o número a é o radicando (que fica sob o sinal
ser realizadas em Z, pois o resultado não é um número inteiro. do radical).
- No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro a é a ope-
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro. ração que resulta em outro número inteiro não negativo que eleva-
1- Não existe divisão por zero. do ao quadrado coincide com o número a.
Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não existe um
número inteiro cujo produto por zero seja igual a –15. Observação: Não existe a raiz quadrada de um número intei-
2- Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de ro negativo no conjunto dos números inteiros.
zero, é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é
igual a zero. Erro comum: Frequentemente lemos em materiais didáticos
Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 b) 0 : (+6) = 0 c) 0 : (–1) = 0 e até mesmo ocorre em algumas aulas aparecimento de:
√9 = ±3
Potenciação de Números Inteiros mas isto está errado. O certo é:
√9 = +3
A potência an do número inteiro a, é definida como um produ-
to de n fatores iguais. O número a é denominado a base e o número Observamos que não existe um número inteiro não negativo
n é o expoente. que multiplicado por ele mesmo resulte em um número negativo.
an = a x a x a x a x ... x a A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a ope-
a é multiplicado por a n vezes ração que resulta em outro número inteiro que elevado ao cubo
seja igual ao número a. Aqui não restringimos os nossos cálculos
Exemplos:33 = (3) x (3) x (3) = 27 somente aos números não negativos.
(-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125
(-7)² = (-7) x (-7) = 49 Exemplos
(+9)² = (+9) x (+9) = 81
- Toda potência de base positiva é um número inteiro posi- (a)
3
8 = 2, pois 2³ = 8.
tivo.
Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9 (b)
3
− 8 = –2, pois (–2)³ = -8.
- Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o produto de
número inteiro negativo. números inteiros, concluímos que:
Didatismo e Conhecimento 6
RACIOCÍNIO LÓGICO
(a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de número inteiro negativo.
(b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a raiz de qualquer número inteiro.
Questões
2 - (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM/2014) Ruth tem somente R$ 2.200,00 e deseja gastar a maior quantidade possí-
vel, sem ficar devendo na loja.
Verificou o preço de alguns produtos:
TV: R$ 562,00
DVD: R$ 399,00
Micro-ondas: R$ 429,00
Geladeira: R$ 1.213,00
Na aquisição dos produtos, conforme as condições mencionadas, e pagando a compra em dinheiro, o troco recebido será de:
A) R$ 84,00
B) R$ 74,00
C) R$ 36,00
D) R$ 26,00
E) R$ 16,00
I abac=ax
II
III
De acordo com as propriedades da potenciação, temos que, respectivamente, nas operações I, II e III:
A) x=b-c, y=b+c e z=c/2.
B) x=b+c, y=b-c e z=2c.
C) x=2bc, y=-2bc e z=2c.
D) x=c-b, y=b-c e z=c-2.
E) x=2b, y=2c e z=c+2.
4 - (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESGRANRIO/2013) Multiplicando-se o maior número inteiro menor do que 8 pelo
menor número inteiro maior do que - 8, o resultado encontrado será
A) - 72
B) - 63
C) - 56
D) - 49
E) – 42
5 - (SEPLAG - POLÍCIA MILITAR/MG - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - FCC/2012) Em um jogo de tabuleiro, Carla e Mateus
obtiveram os seguintes resultados:
Didatismo e Conhecimento 7
RACIOCÍNIO LÓGICO
6 – (Operador de máq./Pref.Coronel Fabriciano/MG) Quantos são os valores inteiros e positivos de x para os quais é
um número inteiro?
A) 0
B) 1
C) 2
D) 3
E) 4
7- (CASA DA MOEDA) O quadro abaixo indica o número de passageiros num vôo entre Curitiba e Belém, com duas escalas, uma no
Rio de Janeiro e outra em Brasília. Os números indicam a quantidade de passageiros que subiram no avião e os negativos, a quantidade dos
que desceram em cada cidade.
Curtiba +240
-194
Rio de Janeiro
+158
-108
Brasília
+94
Respostas
1 - RESPOSTA:“E”.
Pela definição:
Fazendo w=2
Didatismo e Conhecimento 8
RACIOCÍNIO LÓGICO
2 - RESPOSTA: “D”.
Geladeira + Microondas + DVD = 1213+429+399 = 2041 - Q* = conjunto dos racionais não nulos;
Geladeira + Microondas + TV = 1213+429+562 = 2204, ex- - Q+ = conjunto dos racionais não negativos;
trapola o orçamento - Q*+ = conjunto dos racionais positivos;
Geladeira +TV + DVD=1213+562+399=2174, é a maior - Q _ = conjunto dos racionais não positivos;
quantidade gasta possível dentro do orçamento. - Q*_ = conjunto dos racionais negativos.
Troco:2200-2174=26 reais
Representação Decimal das Frações
3 - RESPOSTA: “B”.
p
Tomemos um número racional q , tal que p não seja múltiplo
I da propriedade das potências, temos:
de q. Para escrevê-lo na forma decimal, basta efetuar a divisão do
numerador pelo denominador.
Nessa divisão podem ocorrer dois casos:
II
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um
número finito de algarismos. Decimais Exatos:
III
2 = 0,4
5
4 - RESPOSTA: “D”.
Maior inteiro menor que 8 é o 7 1 = 0,25
Menor inteiro maior que -8 é o -7. 4
Portanto: 7⋅(-7)=-49
35 = 8,75
5 - RESPOSTA: “C”. 4
Carla: 520-220-485+635=450 pontos
Mateus: -280+675+295-115=575 pontos 153 = 3,06
Diferença: 575-450=125 pontos 50
6 - RESPOSTA:“C”.
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos
Fazendo substituição dos valores de x, dentro dos conjuntos
algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente.
do inteiros positivos temos:
Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
x=0 ; x=1 1
= 0,333...
3
1 = 0,04545...
22
7 - RESPOSTA:“D”.
Representação Fracionária dos Números Decimais
240- 194 +158 -108 +94 = 190
Trata-se do problema inverso: estando o número racional
Números Racionais – Q
escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na forma de
m fração. Temos dois casos:
Um número racional é o que pode ser escrito na forma
n
, onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente
1º) Transformamos o número em uma fração cujo numerador
de zero. Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de
é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto
m por n.
pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas
Como podemos observar, números racionais podem ser obti-
decimais do número decimal dado:
dos através da razão entre dois números inteiros, razão pela qual, o
conjunto de todos os números racionais é denotado por Q. Assim,
0,9 = 9
é comum encontrarmos na literatura a notação: 10
m
Q={ : m e n em Z, n diferente de zero} 57
n 5,7 =
10
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjuntos:
Didatismo e Conhecimento 9
RACIOCÍNIO LÓGICO
0,76 = 76 Soma (Adição) de Números Racionais
100
Como todo número racional é uma fração ou pode ser escrito
3,48 = 348 na forma de uma fração, definimos a adição entre os números
100 a c
racionais e , da mesma forma que a soma de frações,
b d
através de:
0,005 = 5 = 1
1000 200 a ad + bc
+ c =
b d bd
2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; para tanto,
vamos apresentar o procedimento através de alguns exemplos: Propriedades da Adição de Números Racionais
Exemplo 1
O conjunto Q é fechado para a operação de adição, isto é, a
Seja a dízima 0, 333... . soma de dois números racionais ainda é um número racional.
- Associativa: Para todos a, b, c em Q: a + ( b + c ) = ( a +
Façamos x = 0,333... e multipliquemos ambos os membros b)+c
por 10: 10x = 0,333 - Comutativa: Para todos a, b em Q: a + b = b + a
Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade da - Elemento neutro: Existe 0 em Q, que adicionado a todo q em
segunda: Q, proporciona o próprio q, isto é: q + 0 = q
10x – x = 3,333... – 0,333... ⇒ 9x = 3 ⇒ x = 3/9 - Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em Q, tal que
q + (–q) = 0
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração 3 .
9
Subtração de Números Racionais
Exemplo 2
A subtração de dois números racionais p e q é a própria
Seja a dízima 5, 1717... operação de adição do número p com o oposto de q, isto é:
p – q = p + (–q)
Façamos x = 5,1717... e 100x = 517,1717... .
Subtraindo membro a membro, temos: Multiplicação (Produto) de Números Racionais
99x = 512 ⇒ x = 512/99
Como todo número racional é uma fração ou pode ser escrito
Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração 512 .
99 na forma de uma fração, definimos o produto de dois números
Exemplo 3 racionais a e c , da mesma forma que o produto de frações,
b d
através de:
Seja a dízima 1, 23434...
a c ac
x =
Façamos x = 1,23434... 10x = 12,3434... 1000x = 1234,34... . b d bd
Subtraindo membro a membro, temos: O produto dos números racionais a e b também pode ser
990x = 1234,34... – 12,34... ⇒ 990x = 1222 ⇒ x= indicado por a × b, axb, a.b ou ainda ab sem nenhum sinal entre
1222/990 as letras.
Para realizar a multiplicação de números racionais, devemos
Simplificando, obtemos x = 611 , a fração geratriz da dízima obedecer à mesma regra de sinais que vale em toda a Matemática:
1, 23434... 495 (+1) × (+1) = (+1)
(+1) × (-1) = (-1)
Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto que (-1) × (+1) = (-1)
representa esse número ao ponto de abscissa zero. (-1) × (-1) = (+1)
Podemos assim concluir que o produto de dois números com o
mesmo sinal é positivo, mas o produto de dois números com sinais
Exemplo: Módulo de - 3 é 3 . Indica-se - 3 = 3 diferentes é negativo.
2 2 2 2
3
Módulo de + 3 é 3 . Indica-se + 3 = Propriedades da Multiplicação de Números Racionais
2 2 2 2
O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é, o produto
Números Opostos: Dizemos que – 32 e 32 são números de dois números racionais ainda é um número racional.
racionais opostos ou simétricos e cada um deles é o oposto do - Associativa: Para todos a, b, c em Q: a × ( b × c ) = ( a ×
outro. As distâncias dos pontos – 3 e 3 ao ponto zero da reta são b)×c
2 2
iguais. - Comutativa: Para todos a, b em Q: a × b = b × a
Didatismo e Conhecimento 10
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado por todo - Produto de potências de mesma base. Para reduzir um produto
q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q × 1 = q de potências de mesma base a uma só potência, conservamos a
- Elemento inverso: Para todo q = a em Q, q diferente de base e somamos os expoentes.
zero, existe q-1 = b em Q: q × q-1 = 1 b a x b =1 2 3 2+3 5
a b a ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2 2⎞ ⎛ 2 2 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞
⎜⎝ ⎟⎠ .⎜⎝ ⎟⎠ = ⎜⎝ . ⎟⎠ .⎜⎝ . . ⎟⎠ = ⎜⎝ ⎟⎠ =⎜ ⎟
⎝ 5⎠
- Distributiva: Para todos a, b, c em Q: a × ( b + c ) = ( a × 5 5 5 5 5 5 5 5
b)+(a×c)
- Quociente de potências de mesma base. Para reduzir
Divisão de Números Racionais um quociente de potências de mesma base a uma só potência,
A divisão de dois números racionais p e q é a própria operação conservamos a base e subtraímos os expoentes.
de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p ÷ q =
p × q-1
b)
Didatismo e Conhecimento 11
RACIOCÍNIO LÓGICO
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no conjunto D) 2
dos números racionais se ele for um quadrado perfeito. E) 3
2 6 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Em um jogo mate-
O número não tem raiz quadrada em Q, pois não existe
3 mático, cada jogador tem direito a 5 cartões marcados com um nú-
número racional que elevado ao quadrado dê 2 .
3 mero, sendo que todos os jogadores recebem os mesmos números.
Após todos os jogadores receberem seus cartões, aleatoriamente,
Questões
realizam uma determinada tarefa que também é sorteada. Vence o
jogo quem cumprir a tarefa corretamente. Em uma rodada em que
1 - (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPE-
a tarefa era colocar os números marcados nos cartões em ordem
RACIONAIS – MAKIYAMA/2013) Na escola onde estudo, ¼ dos
crescente, venceu o jogador que apresentou a sequência
alunos tem a língua portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm
a matemática como favorita e os demais têm ciências como favori-
ta. Sendo assim, qual fração representa os alunos que têm ciências
como disciplina favorita?
A) 1/4
B) 3/10
C) 2/9
D) 4/5
E) 3/2
Didatismo e Conhecimento 12
RACIOCÍNIO LÓGICO
10 - (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS
OPERACIONAIS – MAKIYAMA/2013) Quando perguntado so-
bre qual era a sua idade, o professor de matemática respondeu:
“O produto das frações 9/5 e 75/3 fornece a minha idade!”.
Sendo assim, podemos afirmar que o professor tem:
A) 40 anos.
B) 35 anos. 6 - RESPOSTA: “D”.
C) 45 anos.
D) 30 anos.
E) 42 anos.
Respostas
1 - RESPOSTA: “B”.
Somando português e matemática: A ordem crescente é :
7 - RESPOSTA: “B”.
x=0,181818... temos então pela transformação na fração gera-
triz: 18/99 = 2/11, substituindo:
O que resta gosta de ciências:
2 - RESPOSTA: “B”.
8 - RESPOSTA: “A”.
Como recebeu um desconto de 10 centavos, Dirce pagou 58
reais
Troco:100-58=42 reais
3 - RESPOSTA: “C”.
Mmc(3,5,9)=45
4 - RESPOSTA: “D”.
5 - RESPOSTA: “B”.
1,3333= 12/9 = 4/3
1,5 = 15/10 = 3/2
Didatismo e Conhecimento 13
RACIOCÍNIO LÓGICO
10 - RESPOSTA: “C”. - Números reais transcendentes: não são raízes de polinô-
mios com coeficientes inteiros. Várias constantes matemáticas são
transcendentes, como pi ( ) e o número de Euler ( ). Pode-se
dizer que existem mais números transcendentes do que números
algébricos (a comparação entre conjuntos infinitos pode ser feita
na teoria dos conjuntos).
Números Irracionais A definição mais genérica de números algébricos e transcen-
dentes é feita usando-se números complexos.
Os números racionais, aqueles que podem ser escritos na for-
ma de uma fração a/b onde a e b são dois números inteiros, com Identificação de números irracionais
a condição de que b seja diferente de zero, uma vez que sabemos
da impossibilidade matemática da divisão por zero. Fundamentado nas explanações anteriores, podemos afirmar
Vimos também, que todo número racional pode ser escrito na que:
forma de um número decimal periódico, também conhecido como - Todas as dízimas periódicas são números racionais.
dízima periódica. - Todos os números inteiros são racionais.
Vejam os exemplos de números racionais a seguir: - Todas as frações ordinárias são números racionais.
3 / 4 = 0,75 = 0, 750000... - Todas as dízimas não periódicas são números irracionais.
- 2 / 3 = - 0, 666666... - Todas as raízes inexatas são números irracionais.
1 / 3 = 0, 333333... - A soma de um número racional com um número irracional é
2 / 1 = 2 = 2, 0000... sempre um número irracional.
4 / 3 = 1, 333333... - A diferença de dois números irracionais, pode ser um núme-
- 3 / 2 = - 1,5 = - 1, 50000... ro racional.
0 = 0, 000...
Exemplo: - = 0 e 0 é um número racional.
Existe, entretanto, outra classe de números que não podem - O quociente de dois números irracionais, pode ser um nú-
ser escritos na forma de fração a/b, conhecidos como números ir- mero racional.
racionais.
Exemplo: : = = 2 e 2 é um número racional.
Exemplo - O produto de dois números irracionais, pode ser um número
racional.
O número real abaixo é um número irracional, embora pareça
uma dízima periódica: x = 0,10100100010000100000... Exemplo: . = = 5 e 5 é um número racional.
- A união do conjunto dos números irracionais com o conjunto
Observe que o número de zeros após o algarismo 1 aumenta dos números racionais, resulta num conjunto denominado conjun-
a cada passo. Existem infinitos números reais que não são dízimas to R dos números reais.
periódicas e dois números irracionais muito importantes, são: - A interseção do conjunto dos números racionais com o con-
junto dos números irracionais, não possui elementos comuns e,
e = 2,718281828459045..., portanto, é igual ao conjunto vazio ( ).
Pi () = 3,141592653589793238462643...
Simbolicamente, teremos:
Que são utilizados nas mais diversas aplicações práticas Q I=R
como: cálculos de áreas, volumes, centros de gravidade, previsão Q I =
populacional, etc.
Questões
Classificação dos Números Irracionais
Existem dois tipos de números irracionais: 1 - (TRF 2ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2012) Consi-
dere as seguintes afirmações:
- Números reais algébricos irracionais: são raízes de poli- I. Para todo número inteiro x, tem-se
nômios com coeficientes inteiros. Todo número real que pode ser
representado através de uma quantidade finita de somas, subtra-
ções, multiplicações, divisões e raízes de grau inteiro a partir dos
números inteiros é um número algébrico, por exemplo,
II.
.
Didatismo e Conhecimento 14
RACIOCÍNIO LÓGICO
Relativamente a essas afirmações, é certo que
Números Reais
Propriedade
O conjunto dos números reais com as operações binárias de
soma e produto e com a relação natural de ordem formam um
corpo ordenado. Além das propriedades de um corpo ordenado, R
tem a seguinte propriedade: Se R for dividido em dois conjuntos
(uma partição) A e B, de modo que todo elemento de A é menor
II que todo elemento de B, então existe um elemento x que separa os
dois conjuntos, ou seja, x é maior ou igual a todo elemento de A e
menor ou igual a todo elemento de B.
10x=4,4444...
-x=0,4444.....
9x=4
x=4/9
Didatismo e Conhecimento 15
RACIOCÍNIO LÓGICO
Os números Irracionais possuem infinitos algarismos decimais
não-periódicos. As operações com esta classe de números sempre
produzem erros quando não se utilizam todos os algarismos
decimais. Por outro lado, é impossível utilizar todos eles nos
cálculos. Por isso, somos obrigados a usar aproximações, isto é,
cortamos o decimal em algum lugar e desprezamos os algarismos
restantes. Os algarismos escolhidos serão uma aproximação do
número Real. Observe como tomamos a aproximação de e do
número nas tabelas.
Aproximação por
Falta Excesso
Erro menor que π π
1 unidade 1 3 2 4
1 décimo 1,4 3,1 1,5 3,2
1 centésimo 1,41 3,14 1,42 3,15
Podemos concluir que na representação dos números Reais
1 milésimo 1,414 3,141 1,415 3,142
sobre uma reta, dados uma origem e uma unidade, a cada ponto
da reta corresponde um número Real e a cada número Real 1 décimo de
1,4142 3,1415 1,4134 3,1416
corresponde um ponto na reta. milésimo
Valor Absoluto
Como vimos, o erro pode ser:
- Por excesso: neste caso, consideramos o erro positivo.
- Por falta: neste caso, consideramos o erro negativo.
Didatismo e Conhecimento 16
RACIOCÍNIO LÓGICO
Quando o erro é dado sem sinal, diz-se que está dado em valor A) 320
absoluto. O valor absoluto de um número a é designado por |a| e B) 290
coincide com o número positivo, se for positivo, e com seu oposto, C) 435
se for negativo. D) 145
Exemplo: Um livro nos custou 8,50 reais. Pagamos com uma
nota de 10 reais. Se nos devolve 1,60 real de troco, o vendedor 3 - (TRT 6ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO- ADMINISTRATI-
cometeu um erro de +10 centavos. Ao contrário, se nos devolve VA – FCC/2012) Em uma praia chamava a atenção um catador de
1,40 real, o erro cometido é de 10 centavos. cocos (a água do coco já havia sido retirada). Ele só pegava cocos
inteiros e agia da seguinte maneira: o primeiro coco ele coloca
inteiro de um lado; o segundo ele dividia ao meio e colocava as
metades em outro lado; o terceiro coco ele dividia em três partes
iguais e colocava os terços de coco em um terceiro lugar, diferen-
te dos outros lugares; o quarto coco ele dividia em quatro partes
iguais e colocava os quartos de coco em um quarto lugar diferente
dos outros lugares. No quinto coco agia como se fosse o primeiro
coco e colocava inteiro de um lado, o seguinte dividia ao meio, o
seguinte em três partes iguais, o seguinte em quatro partes iguais e
seguia na sequência: inteiro, meios, três partes iguais, quatro par-
tes iguais. Fez isso com exatamente 59 cocos quando alguém disse
ao catador: eu quero três quintos dos seus terços de coco e metade
dos seus quartos de coco. O catador consentiu e deu para a pessoa
A) 52 pedaços de coco.
B) 55 pedaços de coco.
C) 59 pedaços de coco.
D) 98 pedaços de coco.
E) 101 pedaços de coco.
Didatismo e Conhecimento 17
RACIOCÍNIO LÓGICO
7 - (UFOP/MG – ADMINISTRADOR DE EDIFICIOS –
UFOP/2013) Uma pessoa caminha 5 minutos em ritmo normal e,
em seguida, 2 minutos em ritmo acelerado e, assim, sucessivamen- O número de exemplares que não são da Editora A e nem são
te, sempre intercalando os ritmos da caminhada (5 minutos nor- antigas são 290.
mais e 2 minutos acelerados). A caminhada foi iniciada em ritmo
normal, e foi interrompida após 55 minutos do início. 3 - RESPOSTA: “B”.
O tempo que essa pessoa caminhou aceleradamente foi:
A) 6 minutos
B) 10 minutos
C) 15 minutos
D) 20 minutos 14 vezes iguais
Coco inteiro: 14
8 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF. Metades:14.2=28
IMARUÍ/2014) Sobre o conjunto dos números reais é CORRETO Terça parte:14.3=42
dizer: Quarta parte:14.4=56
A) O conjunto dos números reais reúne somente os números 3 cocos: 1 coco inteiro, metade dos cocos, terça parte
racionais. Quantidade total
B) R* é o conjunto dos números reais não negativos. Coco inteiro: 14+1=15
C) Sendo A = {-1,0}, os elementos do conjunto A não são Metades: 28+2=30
números reais. Terça parte:42+3=45
D) As dízimas não periódicas são números reais. Quarta parte :56
9 - (TJ/SP - AUXILIAR DE SAÚDE JUDICIÁRIO - AU-
XILIAR EM SAÚDE BUCAL – VUNESP/2013) Para numerar
as páginas de um livro, uma impressora gasta 0,001 mL por cada
algarismo impresso. Por exemplo, para numerar as páginas 7, 58 e 4 - RESPOSTA “B”.
290 gasta-se, respectivamente, 0,001 mL, 0,002 mL e 0,003 mL de
tinta. O total de tinta que será gasto para numerar da página 1 até a
página 1 000 de um livro, em mL, será
A) 1,111.
B) 2,003. Sobrou 1/4 do bolo.
C) 2,893.
D) 1,003.
E) 2,561.
Didatismo e Conhecimento 18
RACIOCÍNIO LÓGICO
7 - RESPOSTA: “C”. Exemplo 1
A caminhada sempre vai ser 5 minutos e depois 2 minutos,
23
então 7 minutos ao total. 23% de 240 = . 240 = 55,2
Dividindo o total da caminhada pelo tempo, temos: 100
Exemplo 2
Didatismo e Conhecimento 19
RACIOCÍNIO LÓGICO
p
VA = V + A = V + .V
100
p
VA = ( 1 + ).V
100
p
Em que (1 + 100 ) é o fator de aumento.
Desconto
Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor. Chamemos de D o valor do
desconto e VD o valor após o desconto. Então, D = p% de V = p . V
100
p
VD = V – D = V – .V
100
p
VD = (1 – ).V
100
p
Em que (1 – ) é o fator de desconto.
100
Exemplo
Uma empresa admite um funcionário no mês de janeiro sabendo que, já em março, ele terá 40% de aumento. Se a empresa deseja que
o salário desse funcionário, a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que salário deve admiti-lo?
Resolução: VA = 1,4 . V
3 500 = 1,4 . V
3500
V= = 2500
1,4
Resposta: R$ 2 500,00
Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer dois aumentos sucessivos
de p1% e p2%. Sendo V1 o valor após o primeiro aumento, temos:
p1
V1 = V . (1 + )
100
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, temos:
V2 = V1 . (1 + p2 )
100
p1 p
V2 = V . (1 + ) . (1 + 2 )
100 100
Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois descontos sucessivos de p1% e p2%.
V1 = V. (1 – p1 )
100
Sendo V2 o valor após o segundo desconto, temos:
p2
V2 = V1 . (1 – )
100
V2 = V . (1 – p1 ) . (1 – p2 )
100 100
Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%.
Sendo V1 o valor após o aumento, temos:
p1
V1 = V . (1+ )
100
Didatismo e Conhecimento 20
RACIOCÍNIO LÓGICO
Sendo V2 o valor após o desconto, temos:
V2 = V1 . (1 – p2 )
100
V2 = V . (1 + p1 ) . (1 – p2 )
100 100
Exemplo
(VUNESP-SP) Uma instituição bancária oferece um rendimento de 15% ao ano para depósitos feitos numa certa modalidade de
aplicação financeira. Um cliente deste banco deposita 1 000 reais nessa aplicação. Ao final de n anos, o capital que esse cliente terá em reais,
relativo a esse depósito, são:
n
p
Resolução: VA = 1 + .v
100
n
VA = 1. 15 .1000
100
VA = 1 000 . (1,15)n
VA = 1 000 . 1,15n
VA = 1 150,00n
Questões
1 - (PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO/2014) Se em um tanque de um carro for misturado 45 litros de etanol em
28 litros de gasolina, qual será o percentual aproximado de gasolina nesse tanque?
A) 38,357%
B) 38,356%
C) 38,358%
D) 38,359%
2 - (CEF / Escriturário) Uma pessoa x pode realizar uma certa tarefa em 12 horas. Outra pessoa, y, é 50% mais eficiente que x. Nessas
condições, o número de horas necessárias para que y realize essa tarefa é :
A) 4
B) 5
C) 6
D) 7
E) 8
3 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Observe a tabela que indica o consumo mensal de uma mesma torneira da pia de uma cozi-
nha, aberta meia volta por um minuto, uma vez ao dia.
Em relação ao cosumo mensal da torneira alimentada pela água da rua, o da torneira alimentada pela água da caixa representa, aproxi-
madamente,
A) 20%
B) 26%
C) 30%
D) 35%
E) 40%
4 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) O preço de uma mercadoria, na loja J, é de R$
50,00. O dono da loja J resolve reajustar o preço dessa mercadoria em 20%. A mesma mercadoria, na loja K, é vendida por R$ 40,00. O dono
da loja K resolve reajustar o preço dessa mercadoria de maneira a igualar o preço praticado na loja J após o reajuste de 20%. Dessa maneira
o dono da loja K deve reajustar o preço em
A) 20%.
B) 50%.
Didatismo e Conhecimento 21
RACIOCÍNIO LÓGICO
C) 10%. 9 - (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014)
D) 15%. Numa liquidação de bebidas, um atacadista fez a seguinte promo-
E) 60%. ção:
1 - RESPOSTA: “B”.
Mistura:28+45=73
73------100%
28------x
X=38,356%
2 - RESPOSTA “C”.
12 horas → 100 %
Didatismo e Conhecimento 22
RACIOCÍNIO LÓGICO
Tem que ser menina E gostar de maçã.
50 % de 12 horas = = 6 horas Meninas:100-70=30%
4 - RESPOSTA: “B”.
PV - 0,16PV = 1,4PC
0,84PV=1,4PC
Valor total: R$36.000,00+R$1.800,00=R$37.800,00
Geometria
7 - RESPOSTA: “A”.
Ao todo tem 12 bolas, portanto a probabilidade de se tirar uma
Definições.
preta é:
a) Segmentos congruentes.
Dois segmentos são congruentes se têm a mesma medida.
Didatismo e Conhecimento 23
RACIOCÍNIO LÓGICO
Um ponto P é ponto médio do segmento AB se pertence ao
segmento e divide AB em dois segmentos congruentes.
c) Mediatriz de um segmento.
É a reta perpendicular ao segmento no seu ponto médio
Ângulo
Área
Área é a medida de uma superfície.
Definições. A área do campo de futebol é a medida de sua superfície
(gramado).
a) Ângulo é a região plana limitada por duas semirretas de Se pegarmos outro campo de futebol e colocarmos em uma
mesma origem. malha quadriculada, a sua área será equivalente à quantidade de
quadradinho. Se cada quadrado for uma unidade de área:
b) Ângulos congruentes: Dois ângulos são ditos congruentes
se têm a mesma medida.
Didatismo e Conhecimento 24
RACIOCÍNIO LÓGICO
Retângulo Quadrado
É o quadrilátero que tem todos os ângulos internos congruentes É o quadrilátero que tem os lados congruentes e todos os
e iguais a 90º. ângulos internos a congruentes (90º).
No cálculo da área de qualquer retângulo podemos seguir o Sua área também é calculada com o produto da base pela
raciocínio: altura. Mas podemos resumir essa fórmula:
Didatismo e Conhecimento 25
RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe o desenho de um trapézio e os seus elementos mais
importantes (elementos utilizados no cálculo da sua área): AT = B . h + b . h
2 2
AT = h (B + b)
Um trapézio é formado por uma base maior (B), por uma base 2
menor (b) e por uma altura (h).
Para fazermos o cálculo da área do trapézio é preciso dividi-lo Portanto, no cálculo da área de um trapézio qualquer
em dois triângulos, veja como: utilizamos a seguinte fórmula:
Primeiro: completamos as alturas no trapézio:
A = h (B + b)
2
h = altura
B = base maior do trapézio
b = base menor do trapézio
Losango
A área desse trapézio pode ser calculada somando as áreas dos Em todo losango as diagonais são:
dois triângulos (∆CFD e ∆CEF).
Antes de fazer o cálculo da área de cada triângulo a) perpendiculares entre si;
separadamente observamos que eles possuem bases diferentes e
alturas iguais. b) bissetrizes dos ângulos internos.
A∆2 = b . h
2
Somando as duas áreas encontradas, teremos o cálculo da
área de um trapézio qualquer:
AT = A∆1 + A∆2
Didatismo e Conhecimento 26
RACIOCÍNIO LÓGICO
Triângulo 3) Em todo triângulo, a soma das medidas dos 3 ângulos
externos é 360º.
Figura geométrica plana com três lados.
b) quanto aos ângulos: Altura - É a distância entre o vértice e a reta suporte do lado
- triângulo retângulo. oposto.
- triângulo obtusângulo.
- triângulo acutângulo. Área do triangulo
Segmentos proporcionais
Teorema de Tales.
2) Em todo triângulo, a medida de um ângulo externo é igual à Em todo feixe de retas paralelas, cortado por uma reta
soma das medidas dos 2 ângulos internos não adjacentes. transversal, a razão entre dois segmento quaisquer de uma
transversal é igual à razão entre os segmentos correspondentes da
outra transversal.
Didatismo e Conhecimento 27
RACIOCÍNIO LÓGICO
Semelhança de triângulos 6. Num cartão retangular, cujo comprimento é igual ao dobro
de sua altura, foram feitos dois vincos AC e BF, que formam, entre
Definição. si, um ângulo reto (90°). Observe a figura:
Dois triângulos são semelhantes se têm os ângulos dois a dois
congruentes e os lados correspondentes dois a dois proporcionais.
Exercícios
1. Seja um paralelogramo com as medidas da base e da altura 8. Na figura a seguir, as distâncias dos pontos A e B à reta va-
respectivamente, indicadas por b e h. Se construirmos um outro lem 2 e 4. As projeções ortogonais de A e B sobre essa reta são os
paralelogramo que tem o dobro da base e o dobro da altura do pontos C e D. Se a medida de CD é 9, a que distância de C deverá
outro paralelogramo, qual será relação entre as áreas dos parale- estar o ponto E, do segmento CD, para que CÊA=DÊB
logramos? a)3
b)4
2. Os lados de um triângulo equilátero medem 5 mm. Qual é a c)5
área deste triângulo equilátero? d)6
e)7
3. Qual é a medida da área de um paralelogramo cujas medi-
das da altura e da base são respectivamente 10 cm e 2 dm?
9. Para ladrilhar uma sala são necessários exatamente 400 pe-
4. As diagonais de um losango medem 10 cm e 15 cm. Qual é ças iguais de cerâmica na forma de um quadrado. Sabendo-se que
a medida da sua superfície? a área da sala tem 36m², determine:
a) a área de cada peça, em m².
5. Considerando as informações constantes no triangulo PQR, b) o perímetro de cada peça, em metros.
pode-se concluir que a altura PR desse triângulo mede:
10. Na figura, os ângulos ABC, ACD, CÊD, são retos. Se
AB=2 3 m e CE= 3 m, a razão entre as áreas dos triângulos
ABC e CDE é:
a)6
b)4
c)3
d)2
e) 3
Didatismo e Conhecimento 28
RACIOCÍNIO LÓGICO
Respostas
Substituindo na fórmula:
l² 3 5² 3
S
= ⇒= S = 6, 25 3 ⇒ =
S 10,8
4 4
3. Sabemos que 2 dm equivalem a 20 cm, temos:
h=10
b=20
Substituindo na fórmula:
.
üüü =
= 20.10
= 100 =
² 2 ²
4. Para o cálculo da superfície utilizaremos a fórmula que envolve as diagonais, cujos valores temos abaixo:
d1=10
d2=15
d1.d 2 10.15
S= ⇒ = 75cm ²
2 2
5. 4 6 36
= ⇒ PR = =6
PR 9 6
x 9
6.
= ⇒ x ² = 144 ⇒ x = 12
16 x
=a ) x 12(
= altura ); 2 x 24(comprimento)
b) AC = 9² + x ² = 81 + 144 = 15
7.
Didatismo e Conhecimento 29
RACIOCÍNIO LÓGICO
8. 3. Valor lógico
Considerando os princípios citados acima, uma proposição é
classificada como verdadeira ou falsa.
Sendo assim o valor lógico será:
- a verdade (V), quando se trata de uma proposição verdadeira.
- a falsidade (F), quando se trata de uma proposição falsa.
4. Conectivos lógicos
Conectivos lógicos são palavras usadas para conectar as pro-
posições formando novas sentenças.
Os principais conectivos lógicos são:
9. ~ não
∧ e
V Ou
→ se…então
↔ se e somente se
Proposições compostas
P: O número 12 é divisível por 3 e 6 é o dobro de 12.
Estruturas lógicas Q: A raiz quadrada de 9 é 3 e 24 é múltiplo de 3.
1. Proposição R(s, t): O número 9 é ímpar e o número 13 é primo.
Proposição ou sentença é um termo utilizado para exprimir
ideias, através de um conjunto de palavras ou símbolos. Este con- 6. Tabela-Verdade
junto descreve o conteúdo dessa ideia. A tabela-verdade é usada para determinar o valor lógico de
São exemplos de proposições: uma proposição composta, sendo que os valores das proposições
p: Pedro é médico. simples já são conhecidos. Pois o valor lógico da proposição com-
q: 5 > 8 posta depende do valor lógico da proposição simples.
r: Luíza foi ao cinema ontem à noite. A seguir vamos compreender como se constrói essas tabelas-
-verdade partindo da árvore das possibilidades dos valores lógicos
2. Princípios fundamentais da lógica das preposições simples, e mais adiante veremos como determinar
Princípio da Identidade: A é A. Uma coisa é o que é. O que o valor lógico de uma proposição composta.
é, é; e o que não é, não é. Esta formulação remonta a Parménides
de Eleia.
Principio da não contradição: Uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa, ao mesmo tempo.
Principio do terceiro excluído: Uma alternativa só pode ser
verdadeira ou falsa.
Didatismo e Conhecimento 30
RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposição composta do tipo P(p, q) 8. O conectivo e e a conjunção
O conectivo e e a conjunção de duas proposições p e q é outra
proposição que tem como valor lógico V se p e q forem verda-
deiras, e F em outros casos. O símbolo p Λ q (p e q) representa a
conjunção, com a seguinte tabela-verdade:
P q pΛq
V V V
V F F
Proposição composta do tipo P(p, q, r) F V F
F F F
Exemplo
p = 2 é par
q = o céu é rosa
p Λ q = 2 é par e o céu é rosa
P q pΛq
Proposição composta do tipo P(p, q, r, s) V F F
A tabela-verdade possui 24 = 16 linhas e é formada igualmente
as anteriores. p = 9 < 6
q = 3 é par
p Λ q: 9 < 6 e 3 é par
Proposição composta do tipo P(p1, p2, p3,..., pn)
A tabela-verdade possui 2n linhas e é formada igualmente as
anteriores. P q pΛq
F F F
7. O conectivo não e a negação
O conectivo não e a negação de uma proposição p é outra
proposição que tem como valor lógico V se p for falsa e F se p é 9. O conectivo ou e a disjunção
verdadeira. O símbolo ~p (não p) representa a negação de p com O conectivo ou e a disjunção de duas proposições p e q é ou-
a seguinte tabela-verdade: tra proposição que tem como valor lógico V se alguma das propo-
sições for verdadeira e F se as duas forem falsas. O símbolo p ∨
P ~P q (p ou q) representa a disjunção, com a seguinte tabela-verdade:
V F
P q pVq
F V
V V V
Exemplo: V F V
F V V
p = 7 é ímpar
~p = 7 não é ímpar F F F
Exemplo:
P ~P
V F p = 2 é par
q = o céu é rosa
q = 24 é múltiplo de 5 p ν q = 2 é par ou o céu é rosa
~q = 24 não é múltiplo de 5
P q pVq
q ~q V F V
F V
10. O conectivo se… então… e a condicional
A condicional se p então q é outra proposição que tem como
valor lógico F se p é verdadeira e q é falsa. O símbolo p → q re-
presenta a condicional, com a seguinte tabela-verdade:
Didatismo e Conhecimento 31
RACIOCÍNIO LÓGICO
P q p→q
V V V
V F F
F V V
F F V
Exemplo:
P: 7 + 2 = 9
Q: 9 – 7 = 2
p → q: Se 7 + 2 = 9 então 9 – 7 = 2
P q p→q
V V V
p = 7 + 5 < 4
q = 2 é um número primo
p → q: Se 7 + 5 < 4 então 2 é um número primo.
P q p→q
F V V
P q p→q
V F F
p = 25 é múltiplo de 2
q = 12 < 3
p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3.
P q p→q
F F V
P q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V
Exemplo
p = 24 é múltiplo de 3
q = 6 é ímpar
= 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ímpar.
Didatismo e Conhecimento 32
RACIOCÍNIO LÓGICO
P q p↔q
V F F
Exemplo
Veja como se procede a construção de uma tabela-verdade da proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) → (p ⋀ q), onde p e q são
duas proposições simples.
Resolução
Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q) possui 24 = 4 linhas, logo:
d) Valores lógicos de p Λ q
Didatismo e Conhecimento 33
RACIOCÍNIO LÓGICO
e) Valores lógicos de ((p V p)→(~p))→(p Λ q)
13. Tautologia
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma Tautologia se ela for sempre verdadeira,
independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem.
Exemplos:
• Gabriela passou no concurso do INSS ou Gabriela não passou no concurso do INSS
• Não é verdade que o professor Zambeli parece com o Zé gotinha ou o professor Zambeli parece com o Zé gotinha.
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso melhor.
Exemplo:
Grêmio cai para segunda divisão ou o Grêmio não cai para segunda divisão
Exemplo
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a tabela-verdade.
p ~P pVq
V F V
F V V
Exemplo
A proposição (p Λ q) → (p q) é uma tautologia, pois a última coluna da tabela-verdade só possui V.
14. Contradição
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma contradição se ela for sempre falsa, inde-
pendentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem
Exemplos:
• O Zorra total é uma porcaria e Zorra total não é uma porcaria
• Suelen mora em Petrópolis e Suelen não mora em Petrópolis
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso melhor.
Exemplo:
Lula é o presidente do Brasil e Lula não é o presidente do Brasil
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda de “~p” e o conetivo de “^”
Assim podemos representar a “frase” acima da seguinte forma: p ^ ~p
Didatismo e Conhecimento 34
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo Diferenciação dos símbolos ↔ e ⇔
A proposição (p Λ q) Λ (p Λ q) é uma contradição, pois o seu O símbolo ↔ representa uma operação entre as propo-
valor lógico é sempre F conforme a tabela-verdade. Que significa sições P e Q, que tem como resultado uma nova proposi-
que uma proposição não pode ser falsa e verdadeira ao mesmo ção P ↔ Q com valor lógico V ou F.
tempo, isto é, o princípio da não contradição. O símbolo ⇔ representa a não ocorrência de VF e de FV na
tabela-verdade P ↔ Q, ou ainda que o valor lógico de P ↔ Q é
p ~P q Λ (~q) sempre V, ou então P ↔ Q é uma tautologia.
V F F Exemplo
F V F A tabela da bicondicional (p → q) ↔ (~q → ~p) será:
Diferenciação dos símbolos → e ⇒ Dizemos que duas proposições são logicamente equivalen-
O símbolo → representa uma operação matemática entre as tes (ou simplesmente equivalentes) quando os resultados de suas
proposições P e Q que tem como resultado a proposição P → Q, tabelas-verdade são idênticos.
com valor lógico V ou F. Uma consequência prática da equivalência lógica é que ao tro-
O símbolo ⇒ representa a não ocorrência de VF na tabela- car uma dada proposição por qualquer outra que lhe seja equiva-
-verdade de P → Q, ou ainda que o valor lógico da condicio- lente, estamos apenas mudando a maneira de dizê-la.
nal P → Q será sempre V, ou então que P → Q é uma tautologia. A equivalência lógica entre duas proposições, p e q, pode ser
representada simbolicamente como: p q, ou simplesmente por p
Exemplo = q.
A tabela-verdade da condicional (p Λ q) → (p ↔ q) será: Começaremos com a descrição de algumas equivalências ló-
gicas básicas.
Didatismo e Conhecimento 35
RACIOCÍNIO LÓGICO
Para facilitar a memorização, veja a tabela abaixo: (Obs: a BICONDICIONAL tem esse nome: porque equivale
a duas condicionais!)
Para negar a bicondicional, teremos na verdade que negar a
sua conjunção equivalente.
E para negar uma conjunção, já sabemos, nega-se as duas par-
tes e troca-se o E por OU. Fica para casa a demonstração da nega-
ção da bicondicional. Ok?
Outras equivalências
Algumas outras equivalências que podem ser relevantes são
as seguintes:
1) p e (p ou q) = p
Ex: Paulo é dentista, e Paulo é dentista ou Pedro é médico =
Paulo é dentista
Equivalências da Condicional 2) p ou (p e q) = p
Ex: Paulo é dentista, ou Paulo é dentista e Pedro é médico =
As duas equivalências que se seguem são de fundamental Paulo é dentista
importância. Estas equivalências podem ser verificadas, ou seja,
demonstradas, por meio da comparação entre as tabelas-verdade. Por meio das tabelas-verdade estas equivalências podem ser
Fica como exercício para casa estas demonstrações. As equivalên- facilmente demonstradas.
cias da condicional são as seguintes: Para auxiliar nossa memorização, criaremos a tabela seguinte:
2) Se p então q = Não p ou q.
Ex: Se estudo então passo no concurso = Não estudo ou passo NEGAÇAO DE PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
no concurso
Colocando estes resultados em uma tabela, para ajudar a me-
morização, teremos:
Didatismo e Conhecimento 36
RACIOCÍNIO LÓGICO
P Q ~Q (P/\~Q) ~(P/\~Q) P V ~(P/\~Q) A decisão judicial é “O réu deve ser imediatamente solto, se
por outro motivo não estiver preso”, logo se o réu continuar pre-
V V F F V V so sem outro motivo para estar preso, será descumprida a decisão
V F V V F V judicial.
F V F F V V
5. Se o réu for imediatamente solto, mesmo havendo outro
F F V F V V motivo para permanecer preso, então, a decisão judicial terá sido
descumprida.
2. (PM-BA - Soldado da Polícia Militar - FCC /2012) A) Certo
A negação lógica da proposição: “Pedro é o mais velho da B) Errado
classe ou Jorge é o mais novo da classe” é
A) Pedro não è o mais novo da classe ou Jorge não é o mais P = se houver outro motivo
velho da classe. Q = será solto
B) Pedro é o mais velho da classe e Jorge não é o mais novo A decisão foi: Se não P então Q, logo VV = V
da classe. A questão afirma: Se P então Q, logo FV = V
C) Pedro não é o mais velho da classe e Jorge não é o mais Não contrariou, iria contrariar se a questão resultasse V + F = F
novo da classe.
D) Pedro não é o mais novo da classe e Jorge não é o mais 6. As proposições “Se o réu não estiver preso por outro mo-
velho da classe. tivo, deve ser imediatamente solto” e “Se o réu não for imediata-
E) Pedro é o mais novo da classe ou Jorge é o mais novo da mente solto, então, ele está preso por outro motivo” são logica-
classe. mente equivalentes.
p v q= Pedro é o mais velho da classe ou Jorge é o mais novo A) Certo
da classe. B) Errado
~p=Pedro não é o mais velho da classe.
~q=Jorge não é o mais novo da classe. O réu não estiver preso por outro motivo = ~P
~(p v q)=~p v ~q= Pedro não é o mais velho da classe ou Jorge Deve ser imediatamente solto = S
não é o mais novo da classe. Se o réu não estiver preso por outro motivo, deve ser imedia-
tamente solto=P S
3. (PC-MA - Farmacêutico Legista - FGV/2012) Se o réu não for imediatamente solto, então, ele está preso por
Em frente à casa onde moram João e Maria, a prefeitura está outro motivo = ~SP
fazendo uma obra na rua. Se o operário liga a britadeira, João sai De acordo com a regra de equivalência (A B) = (~B ~A) a
de casa e Maria não ouve a televisão. Certo dia, depois do almoço, questão está correta.
Maria ouve a televisão.
Pode-se concluir, logicamente, que 7. A negação da proposição relativa à decisão judicial estará
A) João saiu de casa. corretamente representada por “O réu não deve ser imediatamente
B) João não saiu de casa. solto, mesmo não estando preso por outro motivo”.
C) O operário ligou a britadeira. A) Certo
D) O operário não ligou a britadeira. B) Errado
E) O operário ligou a britadeira e João saiu de casa.
“Se o operário liga a britadeira, João sai de casa e Maria não “O réu deve ser imediatamente solto, se por outro
ouve a televisão”, logo se Maria ouve a televisão, a britadeira não motivo não estiver preso” está no texto, assim:
pode estar ligada. P = “Por outro motivo não estiver preso”
Q = “O réu deve ser imediatamente solto”
(TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012) PQ, a negação ~(P Q) = P e ~Q
Em decisão proferida acerca da prisão de um réu, depois de P e ~Q = Por outro motivo estiver preso o réu não deve ser
constatado pagamento de pensão alimentícia, o magistrado deter- imediatamente solto”
minou: “O réu deve ser imediatamente solto, se por outro motivo
não estiver preso”. 8. (Polícia Civil/SP - Investigador – VUNESP/2014) Um
Considerando que a determinação judicial corresponde a uma antropólogo estadunidense chega ao Brasil para aperfeiçoar seu
proposição e que a decisão judicial será considerada descumprida conhecimento da língua portuguesa. Durante sua estadia em nos-
se, e somente se, a proposição correspondente for falsa, julgue os so país, ele fica muito intrigado com a frase “não vou fazer coisa
itens seguintes. nenhuma”, bastante utilizada em nossa linguagem coloquial. A dú-
vida dele surge porque
4. Se o réu permanecer preso, mesmo não havendo outro moti- A) a conjunção presente na frase evidencia seu significado.
vo para estar preso, então, a decisão judicial terá sido descumprida. B) o significado da frase não leva em conta a dupla negação.
A) Certo C) a implicação presente na frase altera seu significado.
B) Errado D) o significado da frase não leva em conta a disjunção.
E) a negação presente na frase evidencia seu significado.
Didatismo e Conhecimento 37
RACIOCÍNIO LÓGICO
~(~p) é equivalente a p 11. (BRDE - ANALISTA DE SISTEMAS - AOCP/2012)
Logo, uma dupla negação é equivalente a afirmar. Considere a sentença: “Se Ana é professora, então Camila é médi-
RESPOSTA: “B”. ca.” A proposição equivalente a esta sentença é
A) Ana não é professora ou Camila é médica.
9. (Receita Federal do Brasil – Analista Tributário - B) Se Ana é médica, então Camila é professora.
ESAF/2012) A negação da proposição “se Paulo estuda, então C) Se Camila é médica, então Ana é professora.
Marta é atleta” é logicamente equivalente à proposição: D) Se Ana é professora, então Camila não é médica.
A) Paulo não estuda e Marta não é atleta. E) Se Ana não é professora, então Camila não é médica.
B) Paulo estuda e Marta não é atleta. Existem duas equivalências particulares em relação a uma
C) Paulo estuda ou Marta não é atleta. condicional do tipo “Se A, então B”.
D) se Paulo não estuda, então Marta não é atleta.
E) Paulo não estuda ou Marta não é atleta. 1ª) Pela contrapositiva ou contraposição: “Se A, então B” é
equivalente a “Se ~B, então ~A”
A negação de uma condicional do tipo: “Se A, então B” (AB) “Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equiva-
será da forma: lente a:
~(A B) A^ ~B “Se Camila não é médica, então Ana não é professora.”
Ou seja, para negarmos uma proposição composta represen-
tada por uma condicional, devemos confirmar sua primeira parte 2ª) Pela Teoria da Involução ou Dupla Negação: “Se A, então
(“A”), trocar o conectivo condicional (“”) pelo conectivo conjun- B” é equivalente a “~A ou B”
ção (“^”) e negarmos sua segunda parte (“~ B”). Assim, teremos: “Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equiva-
RESPOSTA: “B”. lente a:
“Ana não é professora ou Camila é médica.”
10. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CE- Ficaremos, então, com a segunda equivalência, já que esta
TRO/2012) Se Viviane não dança, Márcia não canta. Logo, configura no gabarito.
A) Viviane dançar é condição suficiente para Márcia cantar. RESPOSTA: “A”.
B) Viviane não dançar é condição necessária para Márcia não
cantar. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Consideran-
C) Viviane dançar é condição necessária para Márcia cantar. do que P e Q representem proposições conhecidas e que V e F re-
D) Viviane não dançar é condição suficiente para Márcia can- presentem, respectivamente, os valores verdadeiro e falso, julgue
tar. os próximos itens. (374 a 376)
E) Viviane dançar é condição necessária para Márcia não can-
tar. 12. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) (PC/DF
– Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) As proposições Q e P (¬
Inicialmente, reescreveremos a condicional dada na forma de Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, P for F.
condição suficiente e condição necessária: ( )Certo ( ) Errado
“Se Viviane não dança, Márcia não canta” Observando a tabela-verdade da proposição composta “P (¬
Q)”, em função dos valores lógicos de “P” e “Q”, temos:
1ª possibilidade: Viviane não dançar é condição suficiente
para Márcia não cantar. Não há RESPOSTA: para essa possibi- P Q ¬Q P→(¬Q)
lidade.
V V F F
2ª possibilidade: Márcia não cantar é condição necessária para V F V V
Viviane não dançar.. Não há RESPOSTA: para essa possibilidade. F V F V
Não havendo RESPOSTA: , modificaremos a condicional
inicial, transformando-a em outra condicional equivalente, nesse F F V V
caso utilizaremos o conceito da contrapositiva ou contra posição:
pq ~q ~p Observando-se a 3 linha da tabela-verdade acima, ―Q‖ e ―P
“Se Viviane não dança, Márcia não canta” “Se Márcia canta, ® (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, ―P‖ for F.
Viviane dança” Resposta: CERTO.
Transformando, a condicional “Se Márcia canta, Viviane dan-
ça” na forma de condição suficiente e condição necessária, obtere- 13. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A pro-
mos as seguintes possibilidades: posição [PvQ]Q é uma tautologia.
1ª possibilidade: Márcia cantar é condição suficiente para Vi- ( )Certo ( ) Errado
viane dançar. Não há RESPOSTA: para essa possibilidade.
2ª possibilidade: Viviane dançar é condição necessária para Construindo a tabela-verdade da proposição composta: [P Ú
Márcia cantar. Q] ® Q, teremos como solução:
RESPOSTA: “C”.
Didatismo e Conhecimento 38
RACIOCÍNIO LÓGICO
P(P;Q) = VFVV
Portanto, essa proposição composta é uma contingência ou
indeterminação lógica.
Resposta: ERRADO.
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Sendo verdadeira (V) a proposição simples ―a impunidade
P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta. é alta‖, então, confirmaremos também como verdadeira (V), a 1ª
P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz. parte da condicional representada pela premissa P1.
P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
P4: Há criminosos livres.
C: Portanto a criminalidade é alta.
Considerando o argumento apresentado acima, em que P1, P2,
P3 e P4 são as premissas e C, a conclusão, julgue os itens subse-
quentes. (377 e 378)
Didatismo e Conhecimento 39
RACIOCÍNIO LÓGICO
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO DEDUÇÕES
EXEMPLO:
Todo ser humano têm mãe.
Todos os homens são humanos.
Todos os homens têm mãe.
EXEMPLOS: EXEMPLO:
1. Todos os cariocas são alegres. O Flamengo é um bom time de futebol.
Todas as pessoas alegres vão à praia O Palmeiras é um bom time de futebol.
Todos os cariocas vão à praia. O Vasco é um bom time de futebol.
2. Todos os cientistas são loucos. O Cruzeiro é um bom time de futebol.
Einstein é cientista. Todos os times brasileiros de futebol são bons.
Einstein é louco! Note que não podemos afirmar que todos os times brasileiros
são bons sabendo apenas que 4 deles são bons.
Nestes exemplos temos o famoso silogismo categórico de
forma típica ou simplesmente silogismo. Os silogismos são os ar- Exemplo: (FCC) Considere que as seguintes afirmações são
gumentos que têm somente duas premissas e mais a conclusão, e verdadeiras:
utilizam os termos: todo, nenhum e algum, em sua estrutura. “Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
“Existem crianças que são inteligentes.”
ANALOGIAS Assim sendo, certamente é verdade que:
(A) Alguma criança inteligente não gosta de passear no Me-
A analogia é uma das melhores formas para utilizar o racio- trô de São Paulo.
cínio. Nesse tipo de raciocínio usa-se a comparação de uma situa- (B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de São
ção conhecida com uma desconhecida. Uma analogia depende de Paulo é inteligente.
três situações: (C) Alguma criança não inteligente não gosta de passear no
• os fundamentos precisam ser verdadeiros e importantes; Metrô de São Paulo.
• a quantidade de elementos parecidos entre as situações (D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de São Paulo
deve ser significativo; é inteligente.
• não pode existir conflitos marcantes. (E) Toda criança inteligente não gosta de passear no Metrô
de São Paulo.
INFERÊNCIAS
SOLUÇÃO:
A indução está relacionada a diversos casos pequenos que Representando as proposições na forma de conjuntos (diagra-
chegam a uma conclusão geral. Nesse sentido podemos definir mas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos) teremos:
também a indução fraca e a indução forte. Essa indução forte ocor- “Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
re quando não existe grandes chances de que um caso discorde da “Existem crianças que são inteligentes.”
premissa geral. Já a fraca refere-se a falta de sustentabilidade de
um conceito ou conclusão.
Didatismo e Conhecimento 40
RACIOCÍNIO LÓGICO
Com isso, qualquer mulher que esteja no conjunto das desem-
pregadas (ver boneco), automaticamente estará no conjunto das
mulheres que vivem pouco. Portanto, se a conclusão for a propo-
sição “Mulheres desempregadas vivem pouco”, tem-se um argu-
mento correto (correto = válido!).
Argumento Inválido
Dizemos que um argumento é inválido, quando a verdade das
premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclusão,
Pelo gráfico, observamos claramente que se todas as crian- ou seja, quando a conclusão não é uma consequência obrigató-
ças gostam de passear no metrô e existem crianças inteligentes, ria das premissas.
então alguma criança que gosta de passear no Metrô de São
Paulo é inteligente. Logo, a alternativa correta é a opção B.
Exemplo: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se Ana
CONCLUSÕES cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita, mas (e) Ana
não cometeu um crime perfeito, então Ana é suspeita.
VALIDADE DE UM ARGUMENTO
Uma proposição é verdadeira ou falsa. No caso de um argu- SOLUÇÃO:
mento dedutivo diremos que ele é válido ou inválido. Atente- Representando as premissas do enunciado na forma de dia-
-se para o fato que todos os argumentos indutivos são inválidos, gramas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógicos), obteremos:
portanto não há de se falar em validade de argumentos indutivos. Premissas:
A validade é uma propriedade dos argumentos que depende “Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspei-
apenas da forma (estrutura lógica) das suas proposições (premissas ta” = “Toda pessoa que comete um crime perfeito não é suspeita”.
e conclusões) e não do seu conteúdo. “Ana não cometeu um crime perfeito”.
Conclusão:
Argumento Válido “Ana é suspeita”. (Não se “desenha” a conclusão, apenas as
Um argumento será válido quando a sua conclusão é uma con- premissas!)
sequência obrigatória de suas premissas. Em outras palavras, po-
demos dizer que quando um argumento é válido, a verdade de suas
premissas deve garantir a verdade da conclusão do argumento.
Isso significa que, se o argumento é válido, jamais poderemos che-
gar a uma conclusão falsa quando as premissas forem verdadeiras.
SOLUÇÃO: O fato do enunciado ter falado apenas que “Ana não cometeu
Se representarmos na forma de diagramas lógicos (ver artigo um crime perfeito”, não nos diz se ela é suspeita ou não. Por isso
sobre diagramas lógicos), para facilitar a resolução, teremos: temos duas possibilidades (ver bonecos). Logo, a questão está er-
I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz. = rada, pois não podemos afirmar, com certeza, que Ana é suspeita.
Toda mulher desempregada é infeliz. Logo, o argumento é inválido.
II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. = Toda
mulher infeliz vive pouco. EXERCICIOS:
Didatismo e Conhecimento 41
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resposta: B.
Fazendo a tabela verdade:
Didatismo e Conhecimento 42
RACIOCÍNIO LÓGICO
Com base na situação descrita acima, julgue o item a seguir.
5. O argumento cujas premissas correspondem às quatro afirmações do jornalista e cuja conclusão é “Pedro não disputará a
eleição presidencial da República” é um argumento válido.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
Argumento válido é aquele que pode ser concluído a partir das premissas, considerando que as premissas são verdadeiras então tenho
que:
Se João for eleito prefeito ele disputará a presidência;
Se João disputar a presidência então Pedro não vai disputar;
Se João não for eleito prefeito se tornará presidente do partido e não apoiará a candidatura de Pedro à presidência;
Se o presidente do partido não apoiar Pedro ele não disputará a presidência.
6. A proposição “Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades, então não
tenho um mínimo de maturidade” é equivalente a “Se eu tenho um mínimo de maturidade, então não estou há 7 anos na faculdade
e tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: B.
Equivalência de Condicional: P -> Q = ~ Q -> ~ P
Negação de Proposição: ~ (P ^ Q) = ~ P v ~ Q
7. Considere as seguintes proposições: “Tenho 25 anos”, “Moro com você e papai”, “Dou despesas a vocês” e “Dependo de mesa-
da”. Se alguma dessas proposições for falsa, também será falsa a proposição “Se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas
a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha idade”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
(A^B^C^D) E
Ora, se A ou B ou C ou D estiver falsa como afirma o enunciado, logo torna a primeira parte da condicional falsa, (visto que trata-se da
conjunção) tornando- a primeira parte da condicional falsa, logo toda a proposição se torna verdadeira.
Didatismo e Conhecimento 43
RACIOCÍNIO LÓGICO
8. A proposição “Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança, e se não tenho um mínimo de matu-
ridade, sou tratado como criança” é equivalente a “Se não ajo como um homem da minha idade ou não tenho um mínimo de ma-
turidade, sou tratado como criança”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
A = Se não ajo como um homem da minha idade,
B = sou tratado como criança,
C= se não tenho um mínimo de maturidade
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
1. (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) Dos 43 vereadores de uma cidade, 13 dele
não se inscreveram nas comissões de Educação, Saúde e Saneamento Básico. Sete dos vereadores se inscreveram nas três comissões
citadas. Doze deles se inscreveram apenas nas comissões de Educação e Saúde e oito deles se inscreveram apenas nas comissões de
Saúde e Saneamento Básico. Nenhum dos vereadores se inscreveu em apenas uma dessas comissões. O número de vereadores inscri-
tos na comissão de Saneamento Básico é igual a
A) 15.
B) 21.
C) 18.
D) 27.
E) 16.
Didatismo e Conhecimento 44
RACIOCÍNIO LÓGICO
Só em saneamento se inscreveram: 3+7+8=18 A análise adequada do diagrama permite concluir corre-
tamente que o número de medalhas conquistadas por esse país
RESPOSTA: “C”. nessa edição dos jogos universitários foi de
A) 15.
2. (TRT 19ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014) B) 29.
Dos 46 técnicos que estão aptos para arquivar documentos 15 C) 52.
deles também estão aptos para classificar processos e os de- D) 46.
mais estão aptos para atender ao público. Há outros 11 téc- E) 40.
nicos que estão aptos para atender ao público, mas não são
capazes de arquivar documentos. Dentre esses últimos técni- O diagrama mostra o número de atletas que ganharam meda-
cos mencionados, 4 deles também são capazes de classificar lhas.
processos. Sabe-se que aqueles que classificam processos são, No caso das intersecções, devemos multiplicar por 2 por ser
ao todo, 27 técnicos. Considerando que todos os técnicos que 2 medalhas e na intersecção das três medalhas multiplica-se por 3.
executam essas três tarefas foram citados anteriormente, eles
somam um total de Intersecções:
A) 58. 6 ∙ 2 = 12
B) 65. 1∙2=2
C) 76. 4∙2=8
D) 53. 3∙3=9
E) 95. !
Somando as outras:
15 técnicos arquivam e classificam 2+5+8+12+2+8+9=46
46-15=31 arquivam e atendem
4 classificam e atendem RESPOSTA: “D”.
Classificam:15+4=19 como são 27 faltam 8
4. (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM
SAÚDE NM – AOCP/2014) Qual é o número de elementos que
formam o conjunto dos múltiplos estritamente positivos do nú-
mero 3, menores que 31?
A) 9
B) 10
C) 11
D) 12
E) 13
A={3,6,9,12,15,18,21,24,27,30}
10 elementos
RESPOSTA: “E”.
Didatismo e Conhecimento 45
RACIOCÍNIO LÓGICO
6. (TJ/BA – ANAISTA JUDICIARIO – BANCO DE
DADOS – FAPERP/2012) Foi realizada uma pesquisa, com
um grupo de pessoas, envolvendo a preferência por até duas
marcas de carros dentre as marcas C1, C2 e C3. A pesquisa
apresentou os seguintes dados:
-59 preferem a marca C1
40 preferem a marca C2
-50 preferem a marca C3.
-17 preferem as marcas C1 e C2.
-12 preferem as marcas C1 e C3
-23 preferem as marcas C2 e C3
-49 não preferem nenhuma das três marcas. A+B+C=90
Simpatiza com as três: 10
O número de pessoas que preferem apenas a marca C2 é Não simpatizam com nenhuma 20
igual a 90+10+20 =120 pessoas
A) 0 Como têm 160 pessoas:
B) 15 X+Y+Z=160-120=40 pessoas
C) 25. Portanto, a quantidade de sócios que simpatizam com pelo
D) 40. menos 2 são 40 (dos sócios que simpatizam com duas pessoas) +
10 (simpatizam com três)=50
RESPOSTA: “D”.
Didatismo e Conhecimento 46
CONHECIMENTOS GERAIS
CONHECIMENTOS GERAIS
h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem ser uti-
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA lizados como um escudo para práticas ilícitas ou como argumento
para afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos ilí-
FEDERATIVA DO BRASIL, DE 05 DE citos, assim estes direitos não são ilimitados e encontram seus li-
OUTUBRO DE 1988, E ALTERAÇÕES mites nos demais direitos igualmente consagrados como humanos.
POSTERIORES: TÍTULO II: DOS
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMEN- 1) Direitos e deveres individuais e coletivos.
O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres indivi-
TAIS; CAPÍTULO I: DOS DIREITOS E duais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo já se extrai
DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS; que a proteção vai além dos direitos do indivíduo e também abran-
CAPÍTULO II: DOS DIREITOS SOCIAIS; ge direitos da coletividade. A maior parte dos direitos enumerados
CAPÍTULO III: DA NACIONALIDADE no artigo 5º do texto constitucional é de direitos individuais, mas
são incluídos alguns direitos coletivos e mesmo remédios consti-
; tucionais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: man-
dado de segurança coletivo).
Didatismo e Conhecimento 1
CONHECIMENTOS GERAIS
1.3) Relação direitos-deveres Este inciso é especificamente voltado à necessidade de igual-
O capítulo em estudo é denominado “direitos e garantias de- dade de gênero, afirmando que não deve haver nenhuma distinção
veres e coletivos”, remetendo à necessária relação direitos-deve- sexo feminino e o masculino, de modo que o homem e a mulher
res entre os titulares dos direitos fundamentais. Acima de tudo, possuem os mesmos direitos e obrigações.
o que se deve ter em vista é a premissa reconhecida nos direitos Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais do
fundamentais de que não há direito que seja absoluto, correspon- que a igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva mais ampla.
dendo-se para cada direito um dever. Logo, o exercício de direitos O direito à igualdade é um dos direitos norteadores de inter-
fundamentais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício por pretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro enfoque que foi
parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos. dado a este direito foi o de direito civil, enquadrando-o na primei-
Explica Canotilho2 quanto aos direitos fundamentais: “a ideia ra dimensão, no sentido de que a todas as pessoas deveriam ser
de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como o ‘ou- garantidos os mesmos direitos e deveres. Trata-se de um aspecto
tro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de um direito relacionado à igualdade enquanto liberdade, tirando o homem do
arbítrio dos demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria
fundamental corresponde um dever por parte de um outro titu-
se falando na igualdade perante a lei.
lar, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado aos direitos
No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que não
fundamentais como destinatário de um dever fundamental. Neste
bastava igualar todos os homens em direitos e deveres para tor-
sentido, um direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia ná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas condições de
um dever correspondente”. Com efeito, a um direito fundamental exercer estes direitos e deveres. Logo, não é suficiente garantir um
conferido à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço direito à igualdade formal, mas é preciso buscar progressivamen-
de direitos conferidos às outras pessoas. te a igualdade material. No sentido de igualdade material que
aparece o direito à igualdade num segundo momento, pretenden-
1.4) Direitos e garantias em espécie do-se do Estado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu caput: e executar a lei, uma postura de promoção de políticas governa-
mentais voltadas a grupos vulneráveis.
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis- Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notáveis: o
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação uniforme da lei
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, a todas as pessoas que vivem em sociedade; e o de igualdade ma-
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos terial, correspondendo à necessidade de discriminações positivas
seguintes [...]. com relação a grupos vulneráveis da sociedade, em contraponto à
igualdade formal.
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos princi-
pais (senão o principal) artigos da Constituição Federal, consagra Ações afirmativas
o princípio da igualdade e delimita as cinco esferas de direitos in- Neste sentido, desponta a temática das ações afirmativas,que
dividuais e coletivos que merecem proteção, isto é, vida, liberda- são políticas públicas ou programas privados criados temporaria-
de, igualdade, segurança e propriedade. Os incisos deste artigos mente e desenvolvidos com a finalidade de reduzir as desigual-
delimitam vários direitos e garantias que se enquadram em alguma dades decorrentes de discriminações ou de uma hipossuficiência
destas esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es- econômica ou física, por meio da concessão de algum tipo de van-
pecíficas que ganham também destaque no texto constitucional, tagem compensatória de tais condições.
quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos constitucionais Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, em uma
-penais. sociedade pluralista, a condição de membro de um grupo especí-
fico não pode ser usada como critério de inclusão ou exclusão de
benefícios. Ademais, afirma-se que elas desprivilegiam o critério
- Direito à igualdade
republicano do mérito (segundo o qual o indivíduo deve alcançar
Abrangência
determinado cargo público pela sua capacidade e esforço, e não
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o consti-
por pertencer a determinada categoria); fomentariam o racismo e
tuinte afirmou por duas vezes o princípio da igualdade: o ódio; bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
discriminação reversa.
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis- Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas defende
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos que elas representam o ideal de justiça compensatória (o objeti-
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, vo é compensar injustiças passadas, dívidas históricas, como uma
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos compensação aos negros por tê-los feito escravos, p. ex.); repre-
seguintes [...]. sentam o ideal de justiça distributiva (a preocupação, aqui, é com
o presente. Busca-se uma concretização do princípio da igualdade
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro inciso: material); bem como promovem a diversidade.
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a verdadei-
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direitos e ra igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a proteção
obrigações, nos termos desta Constituição. especial ao trabalho da mulher e do menor, as garantias aos porta-
2 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teo- dores de deficiência, entre outras medidas que atribuam a pessoas
ria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479. com diferentes condições, iguais possibilidades, protegendo e res-
Didatismo e Conhecimento 2
CONHECIMENTOS GERAIS
peitando suas diferenças3. Tem predominado em doutrina e juris- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
prudência, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
afirmativas são válidas. sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
- Direito à vida de medida legal.
Abrangência § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
direito à vida. A vida humana é o centro gravitacional em torno de um a quatro anos.
do qual orbitam todos os direitos da pessoa humana, possuindo § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
reflexos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos. Daí a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu-
existir uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo são é de oito a dezesseis anos.
aquilo que uma pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se ela § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer I - se o crime é cometido por agente público;
pessoa, é o primeiro valor moral inerente a todos os seres huma- II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador
nos4. de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de nascer/ III - se o crime é cometido mediante sequestro.
permanecer vivo, o que envolve questões como pena de morte, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em-
eutanásia, pesquisas com células-tronco e aborto; quanto o direito prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo
de viver com dignidade, o que engloba o respeito à integridade da pena aplicada.
física, psíquica e moral, incluindo neste aspecto a vedação da tor- § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
tura, bem como a garantia de recursos que permitam viver a vida ou anistia.
com dignidade. § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipó-
tese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos in-
cisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos direitos
- Direito à liberdade
mais discutidos em termos jurisprudenciais e sociológicos. É no
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
direito à vida que se encaixam polêmicas discussões como: aborto
direito à liberdade, delimitada em alguns incisos que o seguem.
de anencéfalo, pesquisa com células tronco, pena de morte, euta-
násia, etc. Liberdade e legalidade
Prevê o artigo 5º, II, CF:
Vedação à tortura
De forma expressa no texto constitucional destaca-se a veda- Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
ção da tortura, corolário do direito à vida, conforme previsão no fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
inciso III do artigo 5º:
O princípio da legalidade se encontra delimitado neste inciso,
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem a prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer ou deixar de
tratamento desumano ou degradante. fazer alguma coisa a não ser que a lei assim determine. Assim,
salvo situações previstas em lei, a pessoa tem liberdade para agir
A tortura é um dos piores meios de tratamento desumano, ex- como considerar conveniente.
pressamente vedada em âmbito internacional, como visto no tópi- Portanto, o princípio da legalidade possui estrita relação com
co anterior. No Brasil, além da disciplina constitucional, a Lei nº o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à pessoa é líci-
9.455, de 7 de abril de 1997 define os crimes de tortura e dá outras to. Somente é vedado o que a lei expressamente estabelecer como
providências, destacando-se o artigo 1º: proibido. A pessoa pode fazer tudo o que quiser, como regra, ou
seja, agir de qualquer maneira que a lei não proíba.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave Liberdade de pensamento e de expressão
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: O artigo 5º, IV, CF prevê:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa; Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento, sen-
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; do vedado o anonimato.
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de pensa-
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento mento e da liberdade de expressão.
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Afinal,
de caráter preventivo. “o ser humano, através dos processos internos de reflexão, formula
juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do que a opinião
3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e II. de seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao consagrar a li-
In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos vre manifestação do pensamento, imprime a existência jurídica ao
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
chamado direito de opinião”5. Em outras palavras, primeiro existe
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte. Co-
o direito de ter uma opinião, depois o de expressá-la.
mentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários
à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano.
15. Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
Didatismo e Conhecimento 3
CONHECIMENTOS GERAIS
No mais, surge como corolário do direito à liberdade de pen- mudar de religião, além da liberdade de não aderir a religião algu-
samento e de expressão o direito à escusa por convicção filosófica ma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu
ou política: e de exprimir o agnosticismo, apenas excluída a liberdade de em-
baraçar o livre exercício de qualquer religião, de qualquer crença.
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por mo- A liberdade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar os
tivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, sal- atos próprios das manifestações exteriores em casa ou em público,
vo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta bem como a de recebimento de contribuições para tanto. Por fim,
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. a liberdade de organização religiosa refere-se à possibilidade de
estabelecimento e organização de igrejas e suas relações com o
Trata-se de instrumento para a consecução do direito assegu- Estado.
rado na Constituição Federal – não basta permitir que se pense Como decorrência do direito à liberdade religiosa, asseguran-
diferente, é preciso respeitar tal posicionamento. do o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é limita-
do. Um destes limites é o anonimato, que consiste na garantia de Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
atribuir a cada manifestação uma autoria certa e determinada, per- tação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
mitindo eventuais responsabilizações por manifestações que con- internação coletiva.
trariem a lei.
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos prisionais
civis e militares, mas também a hospitais.
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelec- Ainda, surge como corolário do direito à liberdade religiosa o
tual, artística, científica e de comunicação, independentemente direito à escusa por convicção religiosa:
de censura ou licença.
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por mo-
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expressão, tivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, sal-
referente de forma específica a atividades intelectuais, artísticas,
vo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta
científicas e de comunicação. Dispensa-se, com relação a estas,
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
a exigência de licença para a manifestação do pensamento, bem
como veda-se a censura prévia.
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por exemplo,
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impedir a divul-
a todos os homens maiores de 18 anos o alistamento militar, não
gação e o acesso a informações como modo de controle do poder.
cabe se escusar, a não ser que tenha fundado motivo em crença re-
A censura somente é cabível quando necessária ao interesse públi-
ligiosa ou convicção filosófica/política, caso em que será obrigado
co numa ordem democrática, por exemplo, censurar a publicação
a cumprir uma prestação alternativa, isto é, uma outra atividade
de um conteúdo de exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à indenização que não contrarie tais preceitos.
(artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapartida para aquele que
teve algum direito seu violado (notadamente inerentes à privacida- Liberdade de informação
de ou à personalidade) em decorrência dos excessos no exercício O direito de acesso à informação também se liga a uma di-
da liberdade de expressão. mensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o artigo 5º,
XIV, CF:
Liberdade de crença/religiosa
Dispõe o artigo 5º, VI, CF: Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à informa-
ção e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exer-
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e de cício profissional.
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a Trata-se da liberdade de informação, consistente na liberdade
suas liturgias. de procurar e receber informações e ideias por quaisquer meios,
independente de fronteiras, sem interferência.
Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como bem A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao passo
entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença ou religião que a liberdade de expressão tem uma característica ativa, de for-
que seja proibida, garantindo-se que a profissão desta fé possa se ma que juntas formam os aspectos ativo e passivo da exterioriza-
realizar em locais próprios. ção da liberdade de pensamento: não basta poder manifestar o seu
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos distintos, próprio pensamento, é preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há
porém intrinsecamente relacionados de liberdades: a liberdade de necessidade de se garantir o acesso ao pensamento manifestado
crença; a liberdade de culto; e a liberdade de organização religiosa. para a sociedade.
Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra na li- Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de to-
berdade de crença a liberdade de escolha da religião, a liberdade dos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a respeito
de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de de fatos que sejam de seu interesse, notadamente pelos meios de
6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. comunicação imparciais e não monopolizados (artigo 220, CF).
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. No entanto, nem sempre é possível que a imprensa divulgue com
Didatismo e Conhecimento 4
CONHECIMENTOS GERAIS
quem obteve a informação divulgada, sem o que a segurança desta Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território nacional
poderia ficar prejudicada e a informação inevitavelmente não che- em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
garia ao público. nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
Especificadamente quanto à liberdade de informação no âmbi-
to do Poder Público, merecem destaque algumas previsões. A liberdade de locomoção é um aspecto básico do direito à
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o território do país
em tempos de paz (em tempos de guerra é possível limitar tal liber-
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos órgãos dade em prol da segurança). A liberdade de sair do país não signi-
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse fica que existe um direito de ingressar em qualquer outro país, pois
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de caberá à ele, no exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescin- Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liberdade.
dível à segurança da sociedade e do Estado. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa nos casos au-
torizados pela própria Constituição Federal. A despeito da norma-
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 regula tiva específica de natureza penal, reforça-se a impossibilidade de
o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, CF, se restringir a liberdade de locomoção pela prisão civil por dívida.
também conhecida como Lei do Acesso à Informação. Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívida, sal-
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independen- vo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
temente do pagamento de taxas: de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Tribunal
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para de- Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que
fesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal. seja a modalidade do depósito”. Por isso, a única exceção à regra
da prisão por dívida do ordenamento é a que se refere à obrigação
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre ob- alimentícia.
servar que o direito de petição deve resultar em uma manifestação
do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma questão pro-
Liberdade de trabalho
posta, em um verdadeiro exercício contínuo de delimitação dos
O direito à liberdade também é mencionado no artigo 5º, XIII,
direitos e obrigações que regulam a vida social e, desta maneira,
CF:
quando “dificulta a apreciação de um pedido que um cidadão quer
apresentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer trabalho,
“demora para responder aos pedidos formulados” (administrativa
e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou con- ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
dições para a formulação de petição”, traz a chamada insegurança lei estabelecer.
jurídica, que traz desesperança e faz proliferar as desigualdades e
as injustiças. O livre exercício profissional é garantido, respeitados os limi-
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por exem- tes legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de advogado
plo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar cópias repro- aquele que não se formou em Direito e não foi aprovado no Exame
gráficas e certidões, bem como de ofertar denúncias de irregulari- da Ordem dos Advogados do Brasil; não pode exercer a medicina
dades. Contudo, o constituinte, talvez na intenção de deixar clara aquele que não fez faculdade de medicina reconhecida pelo MEC
a obrigação dos Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a e obteve o cadastro no Conselho Regional de Medicina.
letra b) do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido do
direito de obter certidões ser dissociado do direito de petição. Liberdade de reunião
Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF: Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF:
Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade dos Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamente,
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de
social o exigirem. autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso
Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o será à autoridade competente.
quando a intimidade merecer preservação (ex: processo criminal
de estupro ou causas de família em geral) ou quando o interes- Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na
se social exigir (ex: investigações que possam ser comprometidas defesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar tal
pela publicidade). A publicidade é instrumento para a efetivação reunião. Tal dever remonta-se a questões de segurança coletiva.
da liberdade de informação. Imagine uma grande reunião de pessoas por uma causa, a exem-
plo da Parada Gay, que chega a aglomerar milhões de pessoas em
Liberdade de locomoção algumas capitais: seria absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o
Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no artigo 5º, prévio aviso do poder público para que ele organize o policiamen-
XV, CF: to e a assistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas
Didatismo e Conhecimento 5
CONHECIMENTOS GERAIS
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso de ar- Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a associar-
mas, totalmente vedado, assim como de substâncias ilícitas (Ex: se ou a permanecer associado.
embora a Marcha da Maconha tenha sido autorizada pelo Supremo
Tribunal Federal, vedou-se que nela tal substância ilícita fosse uti- - Direitos à privacidade e à personalidade
lizada).
Abrangência
Liberdade de associação Prevê o artigo 5º, X, CF:
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII,
CF: Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeni-
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para zação pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo dispo-
A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua pe- sitivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
renidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exercida de Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade, ao
forma sazonal, eventual, a liberdade de associação implica na for- abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é a privaci-
mação de um grupo organizado que se mantém por um período de dade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de círculos de ami-
tempo considerável, dotado de estrutura e organização próprias. gos –, Silva7 entende que “o segredo da vida privada é condição
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associações de expansão da personalidade”, mas não caracteriza os direitos de
ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o ideal de personalidade em si.
realizar sua própria justiça paralelamente à estatal. A união da intimidade e da vida privada forma a privacidade,
O texto constitucional se estende na regulamentação da liber- sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita. É possível
dade de associação. ilustrar a vida social como se fosse um grande círculo no qual há
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: um menor, o da vida privada, e dentro deste um ainda mais restri-
to e impenetrável, o da intimidade. Com efeito, pela “Teoria das
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma da Esferas” (ou “Teoria dos Círculos Concêntricos”), importada do
lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a direito alemão, quanto mais próxima do indivíduo, maior a pro-
interferência estatal em seu funcionamento. teção a ser conferida à esfera (as esferas são representadas pela
intimidade, pela vida privada, e pela publicidade).
Neste sentido, associações são organizações resultantes da re- “O direito à honra distancia-se levemente dos dois anteriores,
união legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem personalidade podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de si (honra
jurídica, para a realização de um objetivo comum; já cooperativas subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os outros (honra ob-
são uma forma específica de associação, pois visam a obtenção de jetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no meio social. O direito à
vantagens comuns em suas atividades econômicas. imagem também possui duas conotações, podendo ser entendido
Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF: em sentido objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa,
por meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido subje-
Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compulso- tivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas pela pessoa
riamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão e reconhecidas como suas pelo grupo social”8.
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado.
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspondência
O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a as- Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviolabilida-
sociação deixará de existir para sempre. Obviamente, é preciso o de do domicílio e o sigilo das correspondências e comunicações.
trânsito em julgado da decisão judicial que assim determine, pois Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê:
antes disso sempre há possibilidade de reverter a decisão e permitir
que a associação continue em funcionamento. Contudo, a decisão Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
judicial pode suspender atividades até que o trânsito em julgado guém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, sal-
ocorra, ou seja, no curso de um processo judicial. vo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socor-
Em destaque, a legitimidade representativa da associação ro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode nele
Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando expres- entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM QUAL-
samente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filia- QUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador foi fla-
dos judicial ou extrajudicialmente. grado na prática de crime e fugiu para seu domicílio) ou desastre
(incêndio, enchente, terremoto...) ou para prestar socorro (morador
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordinária, teve ataque do coração, está sufocado, desmaiado...), e SOMEN-
pela qual um ente vai a juízo defender interesse de outra(s) pes- TE DURANTE O DIA por determinação judicial.
soa(s) porque a lei assim autoriza. 7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
A liberdade de associação envolve não somente o direito de 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
criar associações e de fazer parte delas, mas também o de não as- 8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitu-
sociar-se e o de deixar a associação, conforme artigo 5º, XX, CF: cional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
Didatismo e Conhecimento 6
CONHECIMENTOS GERAIS
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunicações, pre- reverter plenamente os danos causados pela manifestação ilí-
vê o artigo 5º, XII, CF: cita de pensamento, razão pela qual a pessoa inda fará jus à
indenização.
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência e A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa um
das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações tele- dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser indivi-
fônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e dual ou coletivo, moral ou material, econômico e não econômico.
na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal Dano material é aquele que atinge o patrimônio (material ou
ou instrução processual penal. imaterial) da vítima, podendo ser mensurado financeiramente e in-
denizado.
O sigilo de correspondência e das comunicações está melhor “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa
regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido
nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade corporal,
Personalidade jurídica e gratuidade de registro a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afeti-
Quando se fala em reconhecimento como pessoa perante a lei vos, a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome,
desdobra-se uma esfera bastante específica dos direitos de perso- a capacidade, o estado de família)”10.
nalidade, consistente na personalidade jurídica. Basicamente, con- Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Código
siste no direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei. Civil:
Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se necessá-
rio o registro. Por ser instrumento que serve como pressuposto ao Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à ad-
exercício de direitos fundamentais, assegura-se a sua gratuidade ministração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a di-
aos que não tiverem condição de com ele arcar. vulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação,
Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF: a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser
proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que
Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecidamen- couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade,
te pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a ou se se destinarem a fins comerciais.
certidão de óbito.
- Direito à segurança
O reconhecimento do marco inicial e do marco final da perso- O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
nalidade jurídica pelo registro é direito individual, não dependen- direito à segurança. Na qualidade de direito individual liga-se à se-
do de condições financeiras. Evidente, seria absurdo cobrar de uma gurança do indivíduo como um todo, desde sua integridade física e
pessoa sem condições a elaboração de documentos para que ela mental, até a própria segurança jurídica.
seja reconhecida como viva ou morta, o que apenas incentivaria a No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal é o
indigência dos menos favorecidos. direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade e liberto
de agressões, logo, é uma maneira de garantir o direito à vida.
Direito à indenização e direito de resposta Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto de di-
Com vistas à proteção do direito à privacidade, do direito à reitos aparelha situações, proibições, limitações e procedimentos
personalidade e do direito à imagem, asseguram-se dois instru- destinados a assegurar o exercício e o gozo de algum direito indi-
mentos, o direito à indenização e o direito de resposta, conforme vidual fundamental (intimidade, liberdade pessoal ou a incolumi-
as necessidades do caso concreto. dade física ou moral)”.
Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF: Especificamente no que tange à segurança jurídica, tem-se o
disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, propor-
cional ao agravo, além da indenização por dano material, moral Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito adquiri-
ou à imagem. do, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
“A manifestação do pensamento é livre e garantida em nível Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade da
constitucional, não aludindo a censura prévia em diversões e es- lei.
petáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos no exercício Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito
indevido da manifestação do pensamento são passíveis de exame Brasileiro:
e apreciação pelo Poder Judiciário com a consequente responsa-
bilidade civil e penal de seus autores, decorrentes inclusive de Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
publicações injuriosas na imprensa, que deve exercer vigilância e respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
controle da matéria que divulga”9. julgada.
O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem de se § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a
defender de críticas públicas no mesmo meio em que foram lei vigente ao tempo em que se efetuou.
publicadas garantida exatamente a mesma repercussão. Mes- 10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. Bue-
mo quando for garantido o direito de resposta não é possível nos Aires: Astrea, 1982.
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed. São 11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positi-
Paulo: Malheiros, 2011. vo... Op. Cit., p. 437.
Didatismo e Conhecimento 7
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu ti- Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a proprie-
tular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo dade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de
do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
inalterável, a arbítrio de outrem. I - aproveitamento racional e adequado;
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e
de que já não caiba recurso. preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de
- Direito à propriedade trabalho;
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e
direito à propriedade, tanto material quanto intelectual, delimitada dos trabalhadores.
em alguns incisos que o seguem.
Desapropriação
Função social da propriedade material No caso de desrespeito à função social da propriedade cabe até
O artigo 5º, XXII, CF estabelece: mesmo desapropriação do bem, de modo que pode-se depreender
do texto constitucional duas possibilidades de desapropriação: por
Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade. desrespeito à função social e por necessidade ou utilidade pública.
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desapropria-
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o princi- ção por desatendimento à função social:
pal fator limitador deste direito:
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público municipal,
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir,
social. nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edi-
ficado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser consi- aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
derada como um direito individual nem como instituição do direito
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
privado. [...] embora prevista entre os direitos individuais, ela não
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
mais poderá ser considerada puro direito individual, relativizando-
progressivo no tempo;
se seu conceito e significado, especialmente porque os princípios
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dí-
da ordem econômica são preordenados à vista da realização de
vida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Fe-
seu fim: assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
deral, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais,
da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que,
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os
ademais, tem que atender a sua função social, fica vinculada à con-
secução daquele princípio”. juros legais14.
Com efeito, a proteção da propriedade privada está limitada
ao atendimento de sua função social, sendo este o requisito que Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por interesse
a correlaciona com a proteção da dignidade da pessoa humana. A social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja
propriedade de bens e valores em geral é um direito assegurado na cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indeniza-
Constituição Federal e, como todos os outros, se encontra limitado ção em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do
pelos demais princípios conforme melhor se atenda à dignidade do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do se-
ser humano. gundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei15.
A Constituição Federal delimita o que se entende por função
social: Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias serão
indenizadas em dinheiro.
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urbano,
executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes ge- No que tange à desapropriação por necessidade ou utilidade
rais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvi- pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
mento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de
seus habitantes. para a implantação da política de desenvolvimento urbano, norteando a ação
dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade).
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câmara 14 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de imóvel ur-
Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habi- bano por desatendimento à função social é necessário tomar duas providên-
tantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de cias, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edificação compulsórios; depois,
expansão urbana. o estabelecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem ineficazes, parte-se para a
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua fun- desapropriação por desatendimento à função social.
ção social quando atende às exigências fundamentais de ordena- 15 A desapropriação em decorrência do desatendimento da função
social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desapropriação por ne-
ção da cidade expressas no plano diretor13.
cessidade ou utilidade pública, já que na primeira há violação do ordenamento
12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. constitucional pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se em
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valorizados quanto o dinhei-
13 Instrumento básico de um processo de planejamento municipal ro.
Didatismo e Conhecimento 8
CONHECIMENTOS GERAIS
Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento para Um grande problema que faz com que processos que tenham a
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por in- desapropriação por objeto se estendam é a indevida valorização do
teresse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, imóvel pelo Poder Público, que geralmente pretende pagar valor
ressalvados os casos previstos nesta Constituição. muito abaixo do devido, necessitando o Judiciário intervir em prol
da correta avaliação.
Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF: Outra questão reside na chamada tredestinação, pela qual há
a destinação de um bem expropriado (desapropriação) a finalidade
diversa da que se planejou inicialmente. A tredestinação pode ser
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urbanos lícita ou ilícita. Será ilícita quando resultante de desvio do propó-
serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. sito original; e será lícita quando a Administração Pública dê ao
bem finalidade diversa, porém preservando a razão do interesse
Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF: público.
Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel como de Política agrária e reforma agrária
interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a Enquanto desdobramento do direito à propriedade imóvel e da
propor a ação de desapropriação. função social desta propriedade, tem-se ainda o artigo 5º, XXVI,
CF:
Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, assim de-
procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o pro- finida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto
cesso judicial de desapropriação. de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ativi-
dade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
A desapropriação por utilidade ou necessidade pública deve se desenvolvimento.
dar mediante prévia e justa indenização em dinheiro. O Decreto-lei
nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando o procedimento e concei- Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pequena
tuando utilidade pública, em seu artigo 5º: propriedade será assegurado que permaneça com ela e a torne mais
produtiva.
Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se casos de A preservação da pequena propriedade em detrimento dos
utilidade pública: grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes-guias da
regulamentação da política agrária brasileira, que tem como prin-
a) a segurança nacional; cipal escopo a realização da reforma agrária.
b) a defesa do Estado; Parte da questão financeira atinente à reforma agrária se en-
c) o socorro público em caso de calamidade; contra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
d) a salubridade pública;
e) a criação e melhoramento de centros de população, seu Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente o volume
abastecimento regular de meios de subsistência; total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de re-
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas mine- cursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.
rais, das águas e da energia hidráulica;
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, ca- Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, esta-
sas de saude, clínicas, estações de clima e fontes medicinais; duais e municipais as operações de transferência de imóveis desa-
propriados para fins de reforma agrária.
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logra- Como a finalidade da reforma agrária é transformar terras im-
douros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcela- produtivas e grandes propriedades em atinentes à função social,
mento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização alguns imóveis rurais não podem ser abrangidos pela reforma
econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de agrária:
distritos industriais;
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para fins de
k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e reforma agrária:
artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em
bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os lei, desde que seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.
aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à pro-
paisagens e locais particularmente dotados pela natureza; priedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos re-
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, do- quisitos relativos a sua função social.
cumentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico;
m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemo- Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo 187:
rativos e cemitérios;
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e executada
para aeronaves; na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produ-
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza ção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos
científica, artística ou literária; setores de comercialização, de armazenamento e de transportes,
p) os demais casos previstos por leis especiais. levando em conta, especialmente:
Didatismo e Conhecimento 9
CONHECIMENTOS GERAIS
I - os instrumentos creditícios e fiscais; a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da localização,
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a ga- área urbana é a que está dentro do perímetro urbano. Pela teoria da
rantia de comercialização; destinação, mais importante que a localização é a sua utilização.
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários e estiver dentro do perímetro
IV - a assistência técnica e extensão rural; urbana, o imóvel é rural. Para fins de usucapião a maioria diz que
V - o seguro agrícola; prevalece a teoria da localização.
VI - o cooperativismo; b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse maior isolar
VII - a eletrificação rural e irrigação; área de 250m² e ingressar com a ação? A jurisprudência é pacífica
VIII - a habitação para o trabalhador rural. que a posse desde o início deve ficar restrita a 250m². Predomina
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades também que o terreno deve ter 250m², não a área construída (a área
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais. de um sobrado, por exemplo, pode ser maior que a de um terreno).
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição Federal
reforma agrária. de 1988 que criou esta modalidade. E se antes de 05 de outubro de
1988 uma pessoa tivesse há 4 anos dentro do limite da usucapião
As terras devolutas e públicas serão destinadas conforme a urbana? Predominou que só corria o prazo a partir da criação do
política agrícola e o plano nacional de reforma agrária (artigo 188, instituto, não só porque antes não existia e o prazo não podia cor-
caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a concessão, a qualquer rer, como também não se poderia prejudicar o proprietário.
título, de terras públicas com área superior a dois mil e quinhen- d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse, é pre-
tos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta ciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, ao longo de
pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional”, todo o prazo (não só no início ou no final). Logo, não cabe acessio
salvo no caso de alienações ou concessões de terras públicas para temporis por cessão da posse.
fins de reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF). e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no Brasil.
Os que forem favorecidos pela reforma agrária (homens, mu- O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se alguém não quiser
lheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão negociar seus a usucapião, prova o contrário. Este requisito é verificado no mo-
mento em que completa 5 anos.
títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF).
Em relação à previsão da usucapião especial rural, destaca-se
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição ou o
o artigo 191, CF:
arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica
estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização
Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel
do Congresso Nacional” (artigo 190, CF).
rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos,
sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cin-
Usucapião
quenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
Usucapião é o modo originário de aquisição da propriedade
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
que decorre da posse prolongada por um longo tempo, preenchi- Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos
dos outros requisitos legais. Em outras palavras, usucapião é uma por usucapião.
situação em que alguém tem a posse de um bem por um tempo
longo, sem ser incomodado, a ponto de se tornar proprietário. Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pública,
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade mediante pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os seguintes requi-
posse prolongada no tempo – usucapião – em casos específicos, sitos específicos:
denominados usucapião especial urbana e usucapião especial ru- a) Imóvel rural
ral. b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que estabe-
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião espe- lece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da Terra). É pos-
cial urbana: sível usucapir áreas menores que o módulo rural? Tem prevalecido
o entendimento de que pode, mas é assunto muito controverso.
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana de até c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de outubro
duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininter- de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a área é de até 25
ruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de hectares sim, pois já havia tal possibilidade antes da CF/88. Se
sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprie- área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.
tário de outro imóvel urbano ou rural. d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar na
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos área rural.
ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado e) Nenhum outro imóvel.
civil. f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado a área
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro labore”. Depen-
mais de uma vez. derá do caso concreto.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Uso temporário
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pública, No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito de
pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os seguintes requi- propriedade que não possui o caráter definitivo da desapropriação,
sitos específicos: mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF:
Didatismo e Conhecimento 10
CONHECIMENTOS GERAIS
Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a Propriedade intelectual
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, Além da propriedade material, o constituinte protege também
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano. a propriedade intelectual, notadamente no artigo 5º, XXVII, XX-
VIII e XXIX, CF:
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de peri-
go, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma base para Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclusivo
capturar um fugitivo), pois o interesse da coletividade é maior que de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmis-
o do indivíduo proprietário. sível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangeiros si- Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inventos
tuados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos
favorável a lei pessoal do de cujus. nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista
o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico
O direito à herança envolve o direito de receber – seja devido do País.
a uma previsão legal, seja por testamento – bens de uma pessoa
que faleceu. Assim, o patrimônio passa para outra pessoa, con- Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que
forme a vontade do falecido e/ou a lei determine. A Constituição deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob o patri-
estabelece uma disciplina específica para bens de estrangeiros si- monial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei nº 9.610, de
tuados no Brasil, assegurando que eles sejam repassados ao côn- 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos autorais, isto é,
juge e filhos brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil “os direitos de autor e os que lhes são conexos”.
ou do país estrangeiro). O artigo 7° do referido diploma considera como obras inte-
lectuais que merecem a proteção do direito do autor os textos de
Direito do consumidor obras de natureza literária, artística ou científica; as conferências,
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: sermões e obras semelhantes; as obras cinematográficas e televisi-
vas; as composições musicais; fotografias; ilustrações; programas
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei, a de computador; coletâneas e enciclopédias; entre outras.
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, inalie-
defesa do consumidor.
náveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito de rei-
vindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na utilização
O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade a par-
desta, assegurar a integridade desta ou modificá-la e retirá-la de
tir do momento em que garante à pessoa que irá adquirir bens e circulação se esta passar a afrontar sua honra ou imagem.
serviços que estes sejam entregues e prestados da forma adequada, Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos artigos
impedindo que o fornecedor se enriqueça ilicitamente, se aproveite 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos contados do
de maneira indevida da posição menos favorável e de vulnerabili- primeiro ano seguinte à sua morte ou do falecimento do último
dade técnica do consumidor. coautor, ou contados do primeiro ano seguinte à divulgação da
O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo re- obra se esta for de natureza audiovisual ou fotográfica. Estes, por
cente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamentou foi sua vez, abrangem, basicamente, o direito de dispor sobre a repro-
promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de 11 de setem- dução, edição, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases
bro de 1990, conforme determinado pela Constituição Federal de de dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo que
1988, que também estabeleceu no artigo 48 do Ato das Disposi- estas modalidades de utilização podem se dar a título oneroso ou
ções Constitucionais Transitórias: gratuito.
“Os direitos autorais, também conhecidos como copyright (di-
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e reito de cópia), são considerados bens móveis, podendo ser alie-
vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de nados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se que a permissão
defesa do consumidor. a terceiros de utilização de criações artísticas é direito do autor.
[...] A proteção constitucional abrange o plágio e a contrafação.
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi um Enquanto que o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra cria-
grande passo para a proteção da pessoa nas relações de consumo da ou produzida por terceiros, como se fosse própria, a segunda
que estabeleça, respeitando-se a condição de hipossuficiente técni- configura a reprodução de obra alheia sem a necessária permissão
co daquele que adquire um bem ou faz uso de determinado serviço, do autor”16.
enquanto consumidor. 16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria
Didatismo e Conhecimento 11
CONHECIMENTOS GERAIS
- Direitos de acesso à justiça uma controvérsia for levada ao Poder Judiciário, preenchidos os
A formação de um conceito sistemático de acesso à justiça se requisitos de admissibilidade, ela será resolvida, independente-
dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram três ondas mente de haver ou não previsão específica a respeito na legislação.
de acesso, isto é, três posicionamentos básicos para a realização Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no que
efetiva de tal acesso. Tais ondas foram percebidas paulatinamente tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favorecidos eco-
com a evolução do Direito moderno conforme implementadas as nomicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
bases da onda anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a
emergência de uma nova onda quando superada a afirmação das Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurídica
premissas da onda anterior, restando parcialmente implementada integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recur-
(visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno atendimento sos.
em todas as ondas).
Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu uma onda O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso ao Po-
de concessão de assistência judiciária aos pobres, partindo-se da der Judiciário, sendo também necessária a efetividade processual,
prestação sem interesse de remuneração por parte dos advogados incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o inciso LXXVIII
ao artigo 5º da Constituição:
e, ao final, levando à criação de um aparato estrutural para a pres-
tação da assistência pelo Estado.
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e admi-
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth18, veio
nistrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os
a onda de superação do problema na representação dos interesses
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
difusos, saindo da concepção tradicional de processo como algo
restrito a apenas duas partes individualizadas e ocasionando o sur- Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o acesso à
gimento de novas instituições, como o Ministério Público. justiça se este não fosse célere e eficaz. Não significa que se deve
Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma terceira onda acelerar o processo em detrimento de direitos e garantias assegu-
consistente no surgimento de uma concepção mais ampla de aces- rados em lei, mas sim que é preciso proporcionar um trâmite que
so à justiça, considerando o conjunto de instituições, mecanismos, dure nem mais e nem menos que o necessário para a efetiva reali-
pessoas e procedimentos utilizados: “[...] esse enfoque encoraja zação da justiça no caso concreto.
a exploração de uma ampla variedade de reformas, incluindo al-
terações nas formas de procedimento, mudanças na estrutura dos - Direitos constitucionais-penais
tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas
ou paraprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores, Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção
modificações no direito substantivo destinadas a evitar litígios ou Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
facilitar sua solução e a utilização de mecanismos privados ou in-
formais de solução dos litígios. Esse enfoque, em suma, não receia Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem senten-
inovações radicais e compreensivas, que vão muito além da esfera ciado senão pela autoridade competente”, consolida o princípio
de representação judicial”. do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito de conhecer
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos aspectos previamente daquele que a julgará no processo em que seja par-
podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o Poder Judiciário te, revestindo tal juízo em jurisdição competente para a matéria
e se disponibilizar meios para que todas as pessoas possam bus- específica do caso antes mesmo do fato ocorrer.
cá-lo; de outro lado, não basta garantir meios de acesso se estes
forem insuficientes, já que para que exista o verdadeiro acesso à Por sua vez, um desdobramento deste princípio encontra-se
justiça é necessário que se aplique o direito material de maneira no artigo 5º, XXXVII, CF:
justa e célere.
Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de ex-
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, prevê a
ceção.
Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente criado
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Po-
para uma situação pretérita, bem como não reconhecido como le-
der Judiciário lesão ou ameaça a direito. gítimo pela Constituição do país.
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princípio de Tribunal do júri
Direito Processual Público subjetivo, também cunhado como Prin- A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o artigo
cípio da Ação, em que a Constituição garante a necessária tutela 5º, XXXVIII, CF:
estatal aos conflitos ocorrentes na vida em sociedade. Sempre que
geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República Federativa
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com a
do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997. organização que lhe der a lei, assegurados:
17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Tra- a) a plenitude de defesa;
dução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor, b) o sigilo das votações;
1998, p. 31-32. c) a soberania dos veredictos;
18 Ibid., p. 49-52 d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos con-
19 Ibid., p. 67-73 tra a vida.
Didatismo e Conhecimento 12
CONHECIMENTOS GERAIS
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que julgam Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao princí-
os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o de ser julgado pio da igualdade numa concepção ampla, razão pela qual práticas
por seus iguais, membros da sociedade e não magistrados, no caso discriminatórias não podem ser aceitas. No entanto, o constituinte
de determinados crimes que por sua natureza possuem fortes fato- entendeu por bem prever tratamento específico a certas práticas
res de influência emocional. criminosas.
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto a defe- Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
sa técnica e deve ser mais ampla que a denominada ampla defesa
assegurada em todos os procedimentos judiciais e administrativos. Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
Sigilo das votações envolve a realização de votações secretas, inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter-
preservando a liberdade de voto dos que compõem o conselho que mos da lei.
irá julgar o ato praticado.
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a sobe- A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes resul-
rania dos veredictos veda a alteração das decisões dos jurados, não tantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles não cabe fian-
a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal do Júri para que seja ça (pagamento de valor para deixar a prisão provisória) e não se
procedido novo julgamento uma vez cassada a decisão recorrida, aplica o instituto da prescrição (perda de pretensão de se processar/
haja vista preservar o ordenamento jurídico pelo princípio do du- punir uma pessoa pelo decurso do tempo).
plo grau de jurisdição. Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes dolosos
(em que há intenção ou ao menos se assume o risco de produção do Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafiançáveis
resultado) contra a vida, que são: homicídio, aborto, induzimento, e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
instigação ou auxílio a suicídio e infanticídio. Sua competência ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
não é absoluta e é mitigada, por vezes, pela própria Constituição como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
(artigos 29, X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I).
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Anterioridade e irretroatividade da lei
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes ter-
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
mos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue
totalmente a punibilidade, a graça e o indulto apenas extinguem
Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que o
a punibilidade, podendo ser parciais; a anistia, em regra, atinge
defina, nem pena sem prévia cominação legal.
crimes políticos, a graça e o indulto, crimes comuns; a anistia pode
ser concedida pelo Poder Legislativo, a graça e o indulto são de
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena sine
competência exclusiva do Presidente da República; a anistia pode
praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio da legali-
dade (ou reserva legal), na medida em que não há crime sem lei ser concedida antes da sentença final ou depois da condenação ir-
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal, e o princípio recorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito em julgado
da anterioridade, posto que não há crime sem lei anterior que o da sentença condenatória; graça e o indulto apenas extinguem a
defina. punibilidade, persistindo os efeitos do crime, apagados na anistia;
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-se o graça é em regra individual e solicitada, enquanto o indulto é co-
artigo 5º, XL, CF: letivo e espontâneo.
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar que o
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para be- artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra crimes de tor-
neficiar o réu. tura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos (previstos na Lei nº
8.072 de 25 de julho de 1990). Além disso, são crimes que não
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da anteriori- aceitam fiança.
dade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha definido um fato Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
como crime e dado certo tratamento penal a este fato (ex.: pena de
detenção ou reclusão, tempo de pena, etc.) antes que ele ocorra; Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e imprescri-
por outro lado, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do tível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (diminuindo constitucional e o Estado Democrático.
a pena ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da irretroati- Personalidade da pena
vidade da lei penal in pejus quanto o da retroatividade da lei penal A personalidade da pena encontra respaldo no artigo 5º, XLV,
mais benéfica. CF:
Menções específicas a crimes Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa do con-
O artigo 5º, XLI, CF estabelece: denado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucesso-
Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação aten- res e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
tatória dos direitos e liberdades fundamentais. transferido.
Didatismo e Conhecimento 13
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O princípio da personalidade encerra o comando de o crime Preserva-se a individualização da pena porque é tomada a
ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, a úni- condição peculiar da presa que possui filho no período de ama-
ca pessoa passível de sofrer a sanção. Seria flagrante a injustiça mentação, mas também se preserva a dignidade da criança, não
se fosse possível alguém responder pelos atos ilícitos de outrem: a afastando do seio materno de maneira precária e impedindo a
caso contrário, a reação, ao invés de restringir-se ao malfeitor, al- formação de vínculo pela amamentação.
cançaria inocentes. Contudo, se uma pessoa deixou patrimônio e
faleceu, este patrimônio responderá pelas repercussões financeiras Vedação de determinadas penas
do ilícito. O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de penas,
consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
Individualização da pena
Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
A individualização da pena tem por finalidade concretizar o
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
princípio de que a responsabilização penal é sempre pessoal, de- do art. 84, XIX;
vendo assim ser aplicada conforme as peculiaridades do agente. b) de caráter perpétuo;
A primeira menção à individualização da pena se encontra no c) de trabalhos forçados;
artigo 5º, XLVI, CF: d) de banimento;
e) cruéis.
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da
pena e adotará, entre outras, as seguintes: Em resumo, o inciso consolida o princípio da humanidade,
a) privação ou restrição da liberdade; pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que
b) perda de bens; atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a consti-
c) multa; tuição físico-psíquica dos condenados”20 .
d) prestação social alternativa; Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o consti-
e) suspensão ou interdição de direitos. tuinte não estabeleceu uma total vedação, autorizando-a nos casos
de guerra declarada. Obviamente, deve-se respeitar o princípio da
Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve ser anterioridade da lei, ou seja, a legislação deve prever a pena de
individualizada nos planos legislativo, judiciário e executório, morte ao fato antes dele ser praticado. No ordenamento brasileiro,
evitando-se a padronização a sanção penal. A individualização da este papel é cumprido pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº
1.001/1969), que prevê a pena de morte a ser executada por fuzila-
pena significa adaptar a pena ao condenado, consideradas as carac-
mento nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes
terísticas do agente e do delito. militares em tempo de guerra.
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, com Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer cir-
maior ou menor intensidade, a liberdade do condenado, consis- cunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de
tente em permanecer em algum estabelecimento prisional, por um banimento e cruéis.
determinado tempo. No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que o tra-
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do pa- balho obrigatório não é considerado um tratamento contrário à
trimônio do indivíduo delituoso. dignidade do recluso, embora o trabalho forçado o seja. O traba-
A prestação social alternativa corresponde às penas restritivas lho é obrigatório, dentro das condições do apenado, não poden-
de direitos, autônomas e substitutivas das penas privativas de li- do ser cruel ou menosprezar a capacidade física e intelectual do
berdade, estabelecidas no artigo 44 do Código Penal. condenado; como o trabalho não existe independente da educação,
Por seu turno, a individualização da pena deve também se fa- cabe incentivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o
zer presente na fase de sua execução, conforme se depreende do trabalho deve se aproximar da realidade do mundo externo, será
artigo 5º, XLVIII, CF: remunerado; além disso, condições de dignidade e segurança do
trabalhador, como descanso semanal e equipamentos de proteção,
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabeleci- deverão ser respeitados.
mentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
Respeito à integridade do preso
sexo do apenado.
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
A distinção do estabelecimento conforme a natureza do delito Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à in-
visa impedir que a prisão se torne uma faculdade do crime. Infe- tegridade física e moral.
lizmente, o Estado não possui aparato suficiente para cumprir tal
diretiva, diferenciando, no máximo, o nível de segurança das pri- Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral do pre-
sões. Quanto à idade, destacam-se as Fundações Casas, para cum- so é uma violação do princípio da dignidade da pessoa humana.
primento de medida por menores infratores. Quanto ao sexo, pri- Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade estão
sões costumam ser exclusivamente para homens ou para mulheres. mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Federal. Em
Também se denota o respeito à individualização da pena nesta primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e de tratamentos de-
faceta pelo artigo 5º, L, CF: sumanos e degradantes (artigo 5º, III, CF), o que vale na execução
da pena.
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condições No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:
para que possam permanecer com seus filhos durante o período 20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. ed.
de amamentação. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.
Didatismo e Conhecimento 14
CONHECIMENTOS GERAIS
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será sub- Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos crimes de
metido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.
lei.
A chamada ação penal privada subsidiária da pública encontra
Se uma pessoa possui identificação civil, não há porque fazer respaldo constitucional, assegurando que a omissão do poder pú-
identificação criminal, colhendo digitais, fotos, etc. Pensa-se que blico na atividade de persecução criminal não será ignorada, forne-
seria uma situação constrangedora desnecessária ao suspeito, sen- cendo-se instrumento para que o interessado a proponha.
do assim, violaria a integridade moral.
Prisão e liberdade
Devido processo legal, contraditório e ampla defesa O constituinte confere espaço bastante extenso no artigo 5º
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF: em relação ao tratamento da prisão, notadamente por se tratar de
ato que vai contra o direito à liberdade. Obviamente, a prisão não
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou de é vedada em todos os casos, porque práticas atentatórias a direitos
seus bens sem o devido processo legal. fundamentais implicam na tipificação penal, autorizando a restri-
ção da liberdade daquele que assim agiu.
Pelo princípio do devido processo legal a legislação deve ser No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
respeitada quando o Estado pretender punir alguém judicialmente.
Logo, o procedimento deve ser livre de vícios e seguir estritamente Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em flagrante
a legislação vigente, sob pena de nulidade processual. delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade ju-
Surgem como corolário do devido processo legal o contra- diciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
ditório e a ampla defesa, pois somente um procedimento que os crime propriamente militar, definidos em lei.
garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo 5º, LV, CF:
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante delito
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou ad- (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou em caráter tem-
ministrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contra- porário, provisório ou definitivo (as duas primeiras independente
ditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. do trânsito em julgado, preenchidos requisitos legais e a última
pela irreversibilidade da condenação).
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao juiz
O devido processo legal possui a faceta formal, pela qual se
e à família ou pessoa indicada pelo preso:
deve seguir o adequado procedimento na aplicação da lei e, sendo
assim, respeitar o contraditório e a ampla defesa. Não obstante,
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local
o devido processo legal tem sua faceta material que consiste na
onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com-
tomada de decisões justas, que respeitem os parâmetros da razoa-
petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
bilidade e da proporcionalidade.
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos os seus
Vedação de provas ilícitas direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo entrar em contato
Conforme o artigo 5º, LVI, CF: com sua família e com um advogado, conforme artigo 5º, LXIII,
CF:
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as provas
obtidas por meios ilícitos. Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direitos,
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo 157 assistência da família e de advogado.
do CPP, são as obtidas em violação a normas constitucionais ou
legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra de direito material, Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:
constitucional ou legal, no momento da sua obtenção. São veda-
das porque não se pode aceitar o descumprimento do ordenamento Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação dos
para fazê-lo cumprir: seria paradoxal. responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial.
Presunção de inocência Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata do de-
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII: poimento do interrogatório são assinados pelas autoridades envol-
vidas nas práticas destes atos procedimentais.
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até o Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para que
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, tanto que
assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
Consolida-se o princípio da presunção de inocência, pelo qual
uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, o Judiciário assim Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente rela-
decida, respeitados todos os princípios e garantias constitucionais. xada pela autoridade judiciária.
Ação penal privada subsidiária da pública Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previsão do
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF: artigo 5º, LXVI, CF:
Didatismo e Conhecimento 15
CONHECIMENTOS GERAIS
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela cia majoritários na época. “O princípio da primazia dos direitos
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem humanos nas relações internacionais implica em que o Brasil deve
fiança. incorporar os tratados quanto ao tema ao ordenamento interno bra-
sileiro e respeitá-los. Implica, também em que as normas voltadas
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido ao prin- à proteção da dignidade em caráter universal devem ser aplicadas
cípio da presunção de inocência, entende-se que ela não deve ser no Brasil em caráter prioritário em relação a outras normas”22.
mantida presa quando não preencher os requisitos legais para pri- Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com
são preventiva ou temporária. força de lei ordinária no ordenamento jurídico brasileiro porque
somente existe previsão constitucional quanto à possibilidade da
Indenização por erro judiciário equiparação às emendas constitucionais se o tratado abranger ma-
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário en- téria de direitos humanos. Antes da emenda alterou o quadro quan-
contra-se no artigo 5º, LXXV, CF: to aos tratados de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso
não significa que tais direitos eram menos importantes devido ao
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos implícitos.
erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixa- Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucional nº
do na sentença. 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Federal, de
modo que os tratados internacionais de direitos humanos foram
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e jul- equiparados às emendas constitucionais, desde que houvesse a
gamento de um processo criminal, resultando em condenação de aprovação do tratado em cada Casa do Congresso Nacional e ob-
alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. Ele também tivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos votos dos
indenizará uma pessoa que ficar presa além do tempo que foi con- respectivos membros:
denada a cumprir.
Artigo 5º, §3º, CF. Os tratados e convenções internacionais
1.5) Direitos fundamentais implícitos sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal: Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas consti-
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta tucionais.
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de direi-
que a República Federativa do Brasil seja parte. tos humanos que ingressarem no ordenamento jurídico brasileiro,
versando sobre matéria de direitos humanos, irão passar por um
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem estar ex- processo de aprovação semelhante ao da emenda constitucional.
pressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo assim, o rol Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à possi-
enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas exemplificativo, não bilidade de considerar como hierarquicamente constitucional os
taxativo. tratados internacionais de direitos humanos que ingressaram no
ordenamento jurídico brasileiro anteriormente ao advento da re-
1.6) Tratados internacionais incorporados ao ordenamen- ferida emenda. Tal discussão se deu com relação à prisão civil
to interno do depositário infiel, prevista como legal na Constituição e ilegal
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias po- no Pacto de São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos
dem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados internacionais aprovado antes da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal
em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Federal firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de
Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurídi- direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição que pa-
co brasileiro deve ser observado um procedimento complexo, que ralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não revogaria a
exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bilateral ou Constituição no ponto controverso).
multilateral, com posterior assinatura do Presidente da República),
submissão do tratado assinado ao Congresso Nacional (que dará 1.7) Tribunal Penal Internacional
referendo por meio do decreto legislativo), ratificação do tratado Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
(confirmação da obrigação perante a comunidade internacional)
e a promulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo21. Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tribu-
Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados interna- nal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
cionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que tenham por fulcro
ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou seja, tratado internacional O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi pro-
de direitos humanos. mulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de setembro de
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária na 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em Roma, no dia 17
Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos direi- de julho de 1998, regendo a competência e o funcionamento deste
tos humanos, desde logo consagrando o princípio da primazia dos Tribunal voltado às pessoas responsáveis por crimes de maior gra-
direitos humanos, como reconhecido pela doutrina e jurisprudên- vidade com repercussão internacional (artigo 1º, ETPI).
21 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e Pri- 22 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Pú-
são Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008. blico e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009.
Didatismo e Conhecimento 16
CONHECIMENTOS GERAIS
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja jurisdi- f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público ou pri-
ção é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional compete o vado.
processo e julgamento de violações contra indivíduos; e, distinta- g) Competência: é determinada pela autoridade coatora, sen-
mente dos Tribunais de crimes de guerra da Iugoslávia e de Ruan- do a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.: Delegado de
da, criados para analisarem crimes cometidos durante esses con- Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara Criminal Estadual;
flitos, sua jurisdição não está restrita a uma situação específica”23. Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a autoridade coatora, impe-
Resume Mello24: “a Conferência das Nações Unidas sobre a
tra no Tribunal de Justiça.
criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida em Roma,
em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é permanente. Tem sede h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo 648, CPP:
em Haia. A corte tem personalidade internacional. Ela julga: a)
crime de genocídio; b) crime contra a humanidade; c) crime de Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando
guerra; d) crime de agressão. Para o crime de genocídio usa a de- não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais
finição da convenção de 1948. Como crimes contra a humanidade tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação
são citados: assassinato, escravidão, prisão violando as normas in- não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessa-
ternacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual, prosti- do o motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém
tuição forçada, esterilização, etc. São crimes de guerra: homicídio admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI
internacional, destruição de bens não justificada pela guerra, de- - quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta
portação, forçar um prisioneiro a servir nas forças inimigas, etc.”.
a punibilidade.
1.8) Remédios constitucionais
Remédios constitucionais são as espécies de ações judiciárias i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667 do Có-
que visam proteger os direitos fundamentais reconhecidos no texto digo de Processo Penal.
constitucional quando a declaração e a garantia destes não se mos-
trar suficiente. Assim, o Poder Judiciário será acionado para sanar - Mandado de segurança individual
o desrespeito a estes direitos fundamentais, servindo cada espécie Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
de ação para uma forma de violação.
Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segurança
- Habeas corpus. para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-
corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou
No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a Constitui-
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídi-
ção em seu artigo 5º, LXVIII:
ca no exercício de atribuições do Poder Público.
Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacuna de-
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso corrente da sistemática do habeas corpus e das liminares posses-
de poder. sórias.
b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com natureza
Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXXVII, subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de autoridade
CF. ou a suspensão dos efeitos da omissão administrativa, geradores de
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de 1215, lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder.
foi o primeiro documento a mencionar este remédio e o Habeas
São protegidos todos os direitos líquidos e certos à exceção da
Corpus Act, de 1679, o regulamentou.
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade de lo- proteção de direitos humanos à liberdade de locomoção e ao aces-
comoção. Antes de haver proteção no Brasil por outros remédios so ou retificação de informações relativas à pessoa do impetrante,
constitucionais de direitos que não este, o habeas-corpus foi uti- constantes de registros ou bancos de dados de entidades gover-
lizado para protegê-los. Hoje, apenas serve à lesão ou ameaça de namentais ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumentos
lesão ao direito de ir e vir. específicos.
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho predomi- c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil,
nantemente penal, pois protege o direito de ir e vir e vai contra a independente da natureza do ato impugnado (administrativo, juris-
restrição arbitrária da liberdade. dicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de violação d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência de
ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo conduto”, ou repres- violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando já consu-
sivo, para quando ameaça já tiver se materializado.
e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá-lo, em mado o abuso/ilegalidade.
próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministério Público (ar- e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser demons-
tigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa com a ação e paciente trado de plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade
é aquele que está sendo vítima da restrição à liberdade de locomo- de dilação probatória, isto devido à natureza célere e sumária do
ção. As duas figuras podem se concentrar numa mesma pessoa. procedimento.
f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abrangendo
23 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & Di-
reito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou estrangeira,
24 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacio- residente ou não no Brasil, bem como órgãos públicos desperso-
nal Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. nalizados e universalidades/pessoas formais reconhecidas por lei.
Didatismo e Conhecimento 17
CONHECIMENTOS GERAIS
g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve ser auto- - Mandado de injunção.
ridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui-
ções do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
preceitua que “considera-se autoridade coatora aquela que tenha
praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção
prática”. sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade coatora. exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerroga-
i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de agosto tivas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
de 2009.
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09. a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que seja
proposto o mandado de injunção são a existência de norma cons-
- Mandado de segurança coletivo titucional de eficácia limitada que prescreva direitos, liberdades
constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingresso com
rania e à cidadania; além da falta de norma regulamentadores, im-
mandado de segurança coletivo, consoante ao artigo 5º, LXX:
possibilitando o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas
em questão. Assim, visa curar o hábito que se incutiu no legislador
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode brasileiro de não regulamentar as normas de eficácia limitada para
ser impetrado por: a) partido político com representação no Con- que elas não sejam aplicáveis.
gresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva a re-
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo gulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada.
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou as- c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou estran-
sociados. geira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize direito
fundamental não materializável por omissão legislativa do Poder
a) Origem: Constituição Federal de 1988. público, bem como o Ministério Público na defesa de seus inte-
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líquido e certo resses institucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de pessoas
relacionado a interesses transindividuais (individuais homogêneos jurídicas de direito público.
ou coletivos), e devido à questão da legitimidade ativa, pertencente d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a ela-
a partidos políticos e determinadas associações. boração de norma regulamentadora for atribuição do Presidente
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil, da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados,
independente da natureza do ato, de caráter coletivo. do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas,
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo são do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superio-
os direitos coletivos e os direitos individuais homogêneos. Tal res, ou do próprio Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF);
instituto não se presta à proteção dos direitos difusos, conforme ao Superior Tribunal de Justiça, quando a elaboração da norma
posicionamento amplamente majoritário, já que, dada sua difícil regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade
individualização, fica improvável a verificação da ilegalidade ou federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos da
do abuso do poder sobre tal direito (art. 21, parágrafo único, Lei competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça
nº 12.016/09). Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Fe-
e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disciplina deral (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior Eleitoral, quando
constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, é de partido as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais denegarem habeas
político com representação no Congresso Nacional, bem como de corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de in-
junção (art. 121, §4º, V, CF); e aos Tribunais de Justiça Estaduais,
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
frente aos entes a ele vinculados.
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em
e) Procedimento: aplicação analógica da Lei nº 12.016/09,
defesa de direitos líquidos e certos que atinjam diretamente seus
não havendo lei específica.
interesses ou de seus membros.
f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09: - Habeas data.
Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança coletivo, O artigo 5º, LXXII, CF prevê:
a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do gru-
po ou categoria substituídos pelo impetrante. Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para
§ 1º O mandado de segurança coletivo não induz litispen- assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
dência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entida-
não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a des governamentais ou de caráter público; b) para a retificação
desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, ju-
dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança dicial ou administrativo.
coletiva.
§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (artigo 5º,
ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa LXXVII, CF).
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, de
72 (setenta e duas) horas. 1974.
Didatismo e Conhecimento 18
CONHECIMENTOS GERAIS
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais cons- Os direitos assegurados nesta categoria encontram menção
tantes de registros ou bancos de dados de entidades governamen- genérica no artigo 6º, CF:
tais ou de caráter público, para o conhecimento ou retificação (cor-
reção). Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimenta-
c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o acesso ção, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança,
a informações pessoais. a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou estrangei- assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
ra, ou por pessoa jurídica, de direito público ou privado, tratan-
do-se de ação personalíssima – os dados devem ser a respeito da Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado Social de
pessoa que a propõe. Direito. Em suma, são elencados os direitos humanos de 2ª dimen-
e) Legitimidade passiva: entidades governamentais da Ad- são, notadamente conhecidos como direitos econômicos, sociais
ministração Pública Direta e Indireta nas três esferas, bem como e culturais. Em resumo, os direitos sociais envolvem prestações
instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas presta- positivas do Estado (diferente dos de liberdade, que referem-se à
dores de serviços de interesse público que possuam dados relativos postura de abstenção estatal), ou seja, políticas estatais que visem
à pessoa do impetrante. consolidar o princípio da igualdade não apenas formalmente, mas
f) Competência: Conforme o caso, nos termos da Constitui- materialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
ção, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior Por seu turno, embora no capítulo específico do Título II que
Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Fe- aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa regulamen-
derais (art. 108, I, “c”), bem como dos juízes federais (art. 109, tação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, o Título VIII da
VIII). Constituição Federal, que aborda a ordem social, se concentra em
g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de no- trazer normativas mais detalhadas a respeitos de direitos indicados
vembro de 1997. como sociais.
h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
2.1) Igualdade material e efetivação dos direitos sociais
- Ação popular Independentemente da categoria de direitos que esteja sendo
Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF: abordada, a igualdade nunca deve aparecer num sentido meramen-
te formal, mas necessariamente material. Significa que discrimi-
Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima nações indevidas são proibidas, mas existem certas distinções que
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô- não só devem ser aceitas, como também se mostram essenciais.
nio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralida- No que tange aos direitos sociais percebe-se que a igualdade
de administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e material assume grande relevância. Afinal, esta categoria de direi-
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas tos pressupõe uma postura ativa do Estado em prol da efetivação.
judiciais e do ônus da sucumbência. Nem todos podem arcar com suas despesas de saúde, educação,
cultura, alimentação e moradia, assim como nem todos se encon-
a) Origem: Constituição Federal de 1934. tram na posição de explorador da mão-de-obra, sendo a grande
b) Escopo: é instrumento de exercício direto da democracia, maioria da população de explorados. Estas pessoas estão numa
permitindo ao cidadão que busque a proteção da coisa pública, ou clara posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para que
seja, que vise assegurar a preservação dos interesses transindivi- progressivamente atinjam uma posição de igualdade real, já que
duais. não é por conta desta posição desfavorável que se pode afirmar
c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, que visa que são menos dignos, menos titulares de direitos fundamentais.
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser alcan-
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e çada pelo Estado em prol da consolidação da igualdade material.
ao patrimônio histórico e cultural Sendo assim, o Estado buscará o crescente aperfeiçoamento da
d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aquele na- oferta de serviços públicos com qualidade para que todos os na-
cional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. cionais tenham garantidos seus direitos fundamentais de segunda
e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pública, di- dimensão da maneira mais plena possível.
reta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum modo lide Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas um
com a coisa pública. papel direto na promoção dos direitos econômicos, sociais e cul-
f) Competência: Será fixada de acordo com a origem do ato turais, mas também um indireto, quando por meio de sua gestão
ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº 4.717/65). permite que os indivíduos adquiram condições para sustentarem
g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de junho suas necessidades pertencentes a esta categoria de direitos.
de 1965.
h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65. 2.2) Reserva do possível e mínimo existencial
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, notada-
2) Direitos sociais mente porque estão previstos em normas programáticas e porque a
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no capítulo implementação deles gera um ônus para o Estado. Diferentemente
II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria normas progra- dos direitos individuais, que dependem de uma postura de absten-
máticas e que necessitam de uma postura interventiva estatal em ção estatal, os direitos sociais precisam que o Estado assuma um
prol da implementação. papel ativo em prol da efetivação destes.
Didatismo e Conhecimento 19
CONHECIMENTOS GERAIS
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma Cons- merece ser tomada em conceito amplo, abrangendo inclusive deci-
tituição, a despeito de um instante bem-intencionado de palavras sões judiciais; por outro lado, a decisão judicial não tem por fulcro
promovido pelo constituinte, pode levar à negativa, paradoxal – e, alterar a norma, o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o
portanto, inadmissível – consequência de uma Carta Magna cujas direito de prever que aquela decisão judicial não está incorporada
finalidades não condigam com seus próprios prescritos, fato que na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há enten-
deslegitima o Poder Público como determinador de que particula- dimento dominante.
res respeitem os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios,
os administradores, conseguem cumprir o que consta de seu Esta- 2.4) Direito individual do trabalho
tuto Máximo25. O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar a cláu- dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais ti-
sula da reserva do possível como argumento para a não imple- picamente trabalhistas, mas que não excluem os demais direitos
mentação de determinado direito social – seja pela absoluta ausên- fundamentais (ex.: honra é um direito no espaço de trabalho, sob
cia de recursos (reserva do possível fática), seja pela ausência de pena de se incidir em prática de assédio moral).
previsão orçamentária nos termos do artigo 167, CF (reserva do
possível jurídica). Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra des-
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que os di- pedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei comple-
reitos sociais “não pode converter-se em promessa constitucional mentar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas ex- direitos.
pectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de manei-
ra ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um Significa que a demissão, se não for motivada por justa causa,
gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determi- assegura ao trabalhador direitos como indenização compensatória,
na a própria Lei Fundamental do Estado”26. entre outros, a serem arcados pelo empregador.
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do possível,
embora viável, não pode servir de muleta para que o Estado não Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desempre-
arque com obrigações básicas. Neste viés, geralmente, quando in- go involuntário.
vocada a cláusula é afastada, entendendo o Poder Judiciário que
não cabe ao Estado se eximir de garantir direitos sociais com o Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do em-
simples argumento de que não há orçamento específico para isso pregador, o trabalhador que fique involuntariamente desemprega-
– ele deveria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para do – entendendo-se por desemprego involuntário o que tenha ori-
atender esta demanda. gem num acordo de cessação do contrato de trabalho – tem direito
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, que ao seguro-desemprego, a ser arcado pela previdência social, que
tem por fulcro limitar a discricionariedade político-administrativa tem o caráter de assistência financeira temporária.
e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a serem seguidas,
sob pena de caber a intervenção do Poder Judiciário em prol de Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço.
sua efetivação.
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger o
2.3) Princípio da proibição do retrocesso trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma con- contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, quando o
quista garantida na Constituição Federal sofra um retrocesso, de empregador efetua o primeiro depósito. O saldo da conta vincula-
modo que um direito social garantido não pode deixar de o ser. da é formado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador,
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve ser equivalentes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
tomada com reservas, até mesmo porque segundo entendimento atualização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem a
predominante as normas do artigo 7º, CF não são cláusula pétrea, oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser sacado em
sendo assim passíveis de alteração. Se for alterada normativa sobre momentos especiais, como o da aquisição da casa própria ou da
direito trabalhista assegurado no referido dispositivo, não sendo o aposentadoria e em situações de dificuldades, que podem ocorrer
prejuízo evidente, entende-se válida (por exemplo, houve altera- com a demissão sem justa causa ou em caso de algumas doenças
ção do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores agrí- graves.
colas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é um retrocesso
evidente, seja excluindo uma categoria de direitos (ex.: abolir o Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacional-
Sistema Único de Saúde), seja diminuindo sensivelmente a abran- mente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais bá-
gência da proteção (ex.: excluindo o ensino médio gratuito). sicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: se uma saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social,
decisão judicial melhorar a efetivação de um direito social, ela se com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
torna vinculante e é impossível ao legislador alterar a Constituição sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.
para retirar este avanço? Por um lado, a proibição do retrocesso T
25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mínimo
rata-se de uma visível norma programática da Constituição
existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em face da reali- que tem por pretensão um salário mínimo que atenda a todas as
dade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57. necessidades básicas de uma pessoa e de sua família. Em pesqui-
26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO. sa que tomou por parâmetro o preceito constitucional, detectou-se
Didatismo e Conhecimento 20
CONHECIMENTOS GERAIS
que “o salário mínimo do trabalhador brasileiro deveria ter sido Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há no
de R$ 2.892,47 em abril para que ele suprisse suas necessidades Código Penal brasileiro uma norma que determina a ação de re-
básicas e da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, tenção de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF dizer
07, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos So- que é crime a retenção dolosa de salário, o dispositivo é norma de
cioeconômicos (Dieese)”27. eficácia limitada, pois depende de lei ordinária, ainda mais porque
qualquer norma penal incriminadora é regida pela legalidade estri-
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e à ta (artigo 5º, XXXIX, CF).
complexidade do trabalho.
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados,
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de emprego, seja desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação
ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, construtor civil, na gestão da empresa, conforme definido em lei.
enfermeiro, recebe um salário base, chamado de Piso Salarial, que
é sua garantia de recebimento dentro de seu grau profissional. O A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é conheci-
da também por Programa de Participação nos Resultados (PPR),
Valor do Piso Salarial é estabelecido em conformidade com a data
está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde
base da categoria, por isso ele é definido em conformidade com um
a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Ela funciona como
acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador.
um bônus, que é ofertado pelo empregador e negociado com uma
comissão de trabalhadores da empresa. A CLT não obriga o em-
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto pregador a fornecer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
em convenção ou acordo coletivo.
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do depen-
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão redução dente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
implique num prejuízo maior, por exemplo, demissão em massa
durante uma crise, situações que devem ser negociadas em con- Salário-família é o benefício pago na proporção do respectivo
venção ou acordo coletivo. número de filhos ou equiparados de qualquer condição até a ida-
de de quatorze anos ou inválido de qualquer idade, independente
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao de carência e desde que o salário-de-contribuição seja inferior ou
mínimo, para os que percebem remuneração variável. igual ao limite máximo permitido. De acordo com a Portaria Inter-
ministerial MPS/MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, mesmo será de R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
daqueles que recebem remuneração variável (ex.: baseada em co- para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que receber
missões por venda e metas); de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-família por filho
de até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade será de R$
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na re- 24,66.
muneração integral ou no valor da aposentadoria.
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não superior
Também conhecido como gratificação natalina, foi instituída a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o trabalhador re- compensação de horários e a redução da jornada, mediante acor-
ceba o correspondente a 1/12 (um doze avos) da remuneração por do ou convenção coletiva de trabalho.
mês trabalhado, ou seja, consiste no pagamento de um salário ex-
tra ao trabalhador e ao aposentado no final de cada ano. Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraordinário
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal.
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno superior
A legislação trabalhista vigente estabelece que a duração
à do diurno.
normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de 8 (oito) horas
diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, no máximo. Todavia,
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido durante poderá a jornada diária de trabalho dos empregados maiores ser
a noite, de modo que cada hora noturna sofre a redução de 7 mi- acrescida de horas suplementares, em número não excedentes a
nutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acréscimo de 12,5% sobre duas, no máximo, para efeito de serviço extraordinário, mediante
o valor da hora diurna. Considera-se noturno, nas atividades ur- acordo individual, acordo coletivo, convenção coletiva ou senten-
banas, o trabalho realizado entre as 22:00 horas de um dia às 5:00 ça normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade imperio-
horas do dia seguinte; nas atividades rurais, é considerado noturno sa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente permitido. A
o trabalho executado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às remuneração do serviço extraordinário, desde a promulgação da
5:00 horas do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 Constituição Federal, deverá constar, obrigatoriamente, do acordo,
horas do dia seguinte. convenção ou sentença normativa, e será, no mínimo, 50% (cin-
quenta por cento) superior à da hora normal.
Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, consti-
tuindo crime sua retenção dolosa. Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o trabalho
27 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-minimo-deve- realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego-
ria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril ciação coletiva.
Didatismo e Conhecimento 21
CONHECIMENTOS GERAIS
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 horas para mulheres, sendo que os homens recebem mais porque os empre-
os turnos ininterruptos de revezamento, expressamente ressalvan- gadores entendem que eles necessitam de um salário maior para
do a hipótese de negociação coletiva, objetivou prestigiar a atua- manter a família. Tais disparidades colocam em evidência que o
ção da entidade sindical. Entretanto, a jurisprudência evoluiu para mercado de trabalho da mulher deve ser protegido de forma es-
uma interpretação restritiva de seu teor, tendo como parâmetro o pecial.
fato de que o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas-
tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisiológica para Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo de
o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito psicossocial já que serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.
dificulta o convívio em sociedade e com a própria família.
Nas relações de emprego, quando uma das partes deseja res-
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, preferen- cindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por prazo indetermi-
cialmente aos domingos. nado, deverá, antecipadamente, notificar à outra parte, através do
aviso prévio. O aviso prévio tem por finalidade evitar a surpresa
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e quatro) na ruptura do contrato de trabalho, possibilitando ao empregador
horas consecutivas, devendo ser concedido preferencialmente aos o preenchimento do cargo vago e ao empregado uma nova colo-
domingos, sendo garantido a todo trabalhador urbano, rural ou do- cação no mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
méstico. Havendo necessidade de trabalho aos domingos, desde trabalhado ou indenizado.
que previamente autorizados pelo Ministério do Trabalho, aos tra-
balhadores é assegurado pelo menos um dia de repouso semanal Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao traba-
remunerado coincidente com um domingo a cada período, depen- lho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
dendo da atividade (artigo 67, CLT).
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente do tra-
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas com, balho salubre. Fiorillo28 destaca que o equilíbrio do meio ambien-
pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. te do trabalho está sedimentado na salubridade e na ausência de
agentes que possam comprometer a incolumidade físico-psíquica
dos trabalhadores.
O salário das férias deve ser superior em pelo menos um terço
ao valor da remuneração normal, com todos os adicionais e bene-
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ativi-
fícios aos quais o trabalhador tem direito. A cada doze meses de
dades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
trabalho – denominado período aquisitivo – o empregado terá di-
reito a trinta dias corridos de férias, se não tiver faltado injustifica-
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, molesto,
damente mais de cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias
trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que não é perigo-
das férias serão diminuídos de acordo com o número de faltas).
so ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e vigilância acima
do comum. Ainda não há na legislação específica previsão sobre o
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do em- adicional de penosidade.
prego e do salário, com a duração de cento e vinte dias. São consideradas atividades ou operações insalubres as que se
desenvolvem excesso de limites de tolerância para: ruído contínuo
O salário da trabalhadora em licença é chamado de salário ou intermitente, ruídos de impacto, exposição ao calor e ao frio,
-maternidade, é pago pelo empregador e por ele descontado dos radiações, certos agentes químicos e biológicos, vibrações, umi-
recolhimentos habituais devidos à Previdência Social. A trabalha- dade, etc. O exercício de trabalho em condições de insalubridade
dora pode sair de licença a partir do último mês de gestação, sendo assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre
que o período de licença é de 120 dias. A Constituição também o salário base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão
garante que, do momento em que se confirma a gravidez até cinco mais benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente
meses após o parto, a mulher não pode ser demitida. a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;
20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio; 10% (dez
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fixados por cento), para insalubridade de grau mínimo.
em lei. O adicional de periculosidade é um valor devido ao emprega-
do exposto a atividades perigosas. São consideradas atividades ou
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade para es- operações perigosas, aquelas que, por sua natureza ou métodos de
tar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a mãe nos pro- trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição per-
cessos pós-operatórios. manente do trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia elé-
trica; e a roubos ou outras espécies de violência física nas ativida-
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da mu- des profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor do
lher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. adicional de periculosidade será o salário do empregado acrescido
de 30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios
Embora as mulheres sejam maioria na população de 10 anos ou participações nos lucros da empresa.
ou mais de idade, elas são minoria na população ocupada, mas O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendimento
estão em maioria entre os desocupados. Acrescenta-se ainda, que unânime sobre a possibilidade de cumulação destes adicionais.
elas são maioria também na população não economicamente ativa. 28 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental
Além disso, ainda há relevante diferença salarial entre homens e brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.
Didatismo e Conhecimento 22
CONHECIMENTOS GERAIS
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribuição
com natureza de tributo que as empresas pagam para custear be-
A aposentadoria é um benefício garantido a todo trabalhador nefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho ou doença ocu-
brasileiro que pode ser usufruído por aquele que tenha contribuído pacional, cobrindo a aposentadoria especial. A alíquota normal é
ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) pelos prazos de um, dois ou três por cento sobre a remuneração do empregado,
estipulados nas regras da Previdência Social e tenha atingido as mas as empresas que expõem os trabalhadores a agentes nocivos
idades mínimas previstas. Aliás, o direito à previdência social é químicos, físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferen-
considerado um direito social no próprio artigo 6º, CF. ciados. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas atual-
mente o Ministério da Previdência Social pode alterar a alíquota se
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e depen- a empresa investir na segurança do trabalho.
dentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches Neste sentido, nada impede que a empresa seja responsabili-
e pré-escolas. zada pelos acidentes de trabalho, indenizando o trabalhador. Na
atualidade entende-se que a possibilidade de cumulação do benefí-
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com mais cio previdenciário, assim compreendido como prestação garantida
de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físico para que
pelo Estado ao trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva)
as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquanto elas trabalham.
com a indenização devida pelo empregador em caso de culpa (res-
Caso não ofereçam esse espaço aos bebês, a empresa é obrigada
ponsabilidade subjetiva), é pacífica, estando amplamente difundi-
a dar auxílio-creche a mulher para que ela pague uma creche para
o bebê de até 6 meses. O valor desse auxílio será determinado da na jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
conforme negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou
convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias regis- Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultantes
tradas não tem obrigação de conceder o benefício. É facultativo das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
(ela pode oferecer ou não). Existe a possibilidade de o benefício para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
ser estendido até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador homem. após a extinção do contrato de trabalho.
A duração do auxílio-creche e o valor envolvido variarão confor-
me negociação coletiva na empresa. Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela jurisdicio-
nal para assegurar direitos violados. Sendo assim, há um período
Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e acor- de tempo que o empregado tem para requerer seu direito na Justiça
dos coletivos de trabalho. do Trabalho. A prescrição trabalhista é sempre de 2 (dois) anos a
partir do término do contrato de trabalho, atingindo as parcelas re-
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho, que lativas aos 5 (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante
encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º a 11 da Cons- a vigência do contrato de trabalho.
tituição. Pelas convenções e acordos coletivos, entidades represen-
tativas da categoria dos trabalhadores entram em negociação com Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, de
as empresas na defesa dos interesses da classe, assegurando o res- exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
peito aos direitos sociais; idade, cor ou estado civil.
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na Há uma tendência de se remunerar melhor homens brancos
forma da lei. na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo patente a diferença
remuneratória para com pessoas de diferente etnia, faixa etária ou
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo homem, sexo. Esta distinção atenta contra o princípio da igualdade e não é
que pode ser feita, notadamente, qualificando o profissional para aceita pelo constituinte, sendo possível inclusive invocar a equipa-
exercer trabalhos que não possam ser desempenhados por uma ração salarial judicialmente.
máquina (ex.: se criada uma máquina que substitui o trabalhador,
deve ser ele qualificado para que possa operá-la).
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discriminação no
tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de trabalho,
a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está de deficiência.
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas limitações,
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar do possui condições de ingressar no mercado de trabalho e não pode
assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a definição de ser preterida meramente por conta de sua deficiência.
doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de legislação espe-
cífica sobre o tema, mas sim de uma norma que dispõe sobre as Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre trabalho
modalidades de benefícios da previdência social. Referida Lei, em manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos.
seu artigo 19 da preceitua que acidente do trabalho é o que ocorre
pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igualmen-
do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional te relevantes e contribuem todos para a sociedade, não cabendo a
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporá- desvalorização de um trabalho apenas por se enquadrar numa ou
ria, da capacidade para o trabalho. outra categoria.
Didatismo e Conhecimento 23
CONHECIMENTOS GERAIS
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, peri- V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado
goso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a sindicato;
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negocia-
partir de quatorze anos. ções coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabelecendo-se organizações sindicais;
uma idade mínima para trabalho e proibindo-se o trabalho em con- VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
dições desfavoráveis. tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o trabalha- mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
dor com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avul- Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à or-
so. ganização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, aten-
didas as condições que a lei estabelecer.
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias empresas,
mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de mão-de-obra, O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo 9º,
possuindo os mesmos direitos que um trabalhador com vínculo CF:
empregatício permanente.
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como PEC Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra-
das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único do artigo 7º: balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
interesses que devam por meio dele defender.
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à categoria § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e dis-
dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, porá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comu-
VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, nidade.
XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabeleci- § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
das em lei e observada a simplificação do cumprimento das obri- da lei.
gações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação
de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o exer-
IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência cício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o
social. atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá ou-
tras providências. Enquanto não for disciplinado o direito de greve
2.5) Direito coletivo do trabalho dos servidores públicos, esta é a legislação que se aplica, segundo
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos dos o STF.
trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalhadores, coletiva- O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
mente ou no interesse de uma coletividade, quais sejam: associa-
ção profissional ou sindical, greve, substituição processual, parti- Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalhado-
cipação e representação classista29. res e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
A liberdade de associação profissional ou sindical tem escopo seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
no artigo 8º, CF: discussão e deliberação.
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindical, ob- Por fim, aborda-se o direito de representação classista no ar-
servado o seguinte: tigo 11, CF:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fun-
dação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos emprega-
vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na or- dos, é assegurada a eleição de um representante destes com a
ganização sindical; finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindi- os empregadores.
cal, em qualquer grau, representativa de categoria profissional
ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos 3) Nacionalidade
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser in- O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que vem
ferior à área de um Município; a ser corolário dos direitos políticos, já que somente um nacional
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses cole- pode adquirir direitos políticos.
tivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um
ou administrativas; indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tra- integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e
tando de categoria profissional, será descontada em folha, para obrigações.
custeio do sistema confederativo da representação sindical res- Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo não é
pectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; a mesma coisa que população. População é o conjunto de pessoas
29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros residentes no
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. país e os apátridas.
Didatismo e Conhecimento 24
CONHECIMENTOS GERAIS
3.1) Nacionalidade como direito humano fundamental a) Brasileiros natos
Os direitos humanos internacionais são completamente con- Art. 12, CF. São brasileiros:
trários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o indivíduo que I - natos:
não possui o vínculo da nacionalidade com nenhum Estado. Logo, a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que
a nacionalidade é um direito da pessoa humana, o qual não pode de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
ser privado de forma arbitrária. Não há privação arbitrária quando país;
respeitados os critérios legais previstos no texto constitucional no b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe bra-
que tange à perda da nacionalidade. Em outras palavras, o consti- sileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República
tuinte brasileiro não admite a figura do apátrida. Federativa do Brasil;
Contudo, é exatamente por ser um direito que a nacionalida- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
de não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pessoa o direito brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasilei-
ra competente ou venham a residir na República Federativa do
de deixar de ser nacional de um país e passar a sê-lo de outro,
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maiori-
mudando de nacionalidade, por um processo conhecido como na-
dade, pela nacionalidade brasileira.
turalização.
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a atribui-
artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. II) ção da nacionalidade primária – nacional nato –, notadamente: ius
Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem soli, direito de solo, o nacional nascido em território do país inde-
do direito de mudar de nacionalidade”. pendentemente da nacionalidade dos pais; e ius sanguinis, direito
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos aprofunda- de sangue, que não depende do local de nascimento mas sim da
se em meios para garantir que toda pessoa tenha uma nacionalida- descendência de um nacional do país (critério comum em países
de desde o seu nascimento ao adotar o critério do jus solis, expli- que tiveram êxodo de imigrantes).
citando que ao menos a pessoa terá a nacionalidade do território O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce no terri-
onde nasceu, quando não tiver direito a outra nacionalidade por tório brasileiro – critério do ius soli, ainda que filho de pais estran-
previsões legais diversas. geiros, desde que não sejam estrangeiros que estejam a serviço de
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa huma- seu país ou de organismo internacional (o que geraria um conflito
na. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um indivíduo não de normas). Contudo, também é possível ser brasileiro nato ainda
pode ficar ao mero capricho de um governo, de um governante, que não se tenha nascido no território brasileiro.
de um poder despótico, de decisões unilaterais, concebidas sem No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato tam-
bém pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais estiver a
regras prévias, sem o contraditório, a defesa, que são princípios
serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, mesmo que nasça
fundamentais de todo sistema jurídico que se pretenda democráti-
em outro país. Se qualquer dos pais não estiverem a serviço do
co. A questão não pode ser tratada com relativismos, uma vez que Brasil e a pessoa nascer no exterior é exigido que o nascido do ex-
é muito séria”30. terior venha ao território brasileiro e aqui resida ou que tenha sido
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e internacional registrado em repartição competente, caso em que poderá, aos 18
a previsão do direito de asilo, consistente no direito de buscar anos, manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionalidade
abrigo em outro país quando naquele do qual for nacional esti- brasileira ou não.
ver sofrendo alguma perseguição. Tal perseguição não pode ter
motivos legítimos, como a prática de crimes comuns ou de atos b) Brasileiros naturalizados
atentatórios aos princípios das Nações Unidas, o que subverteria
a própria finalidade desta proteção. Em suma, o que se pretende Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
com o direito de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos II - naturalizados:
humanos de uma pessoa por parte daqueles que deveriam prote- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra-
gê-los – isto é, os governantes e os entes sociais como um todo –, sileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa
e não proteger pessoas que justamente cometeram tais violações. apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
3.2) Naturalidade e naturalização República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininter-
O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem são os ruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a naciona-
lidade brasileira.
nacionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias: natos e na-
turalizados. Percebe-se que naturalidade é diferente de nacionali-
A naturalização deve ser voluntária e expressa.
dade – naturalidade é apenas o local de nascimento, nacionalidade O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a questão
é um efetivo vínculo com o Estado. da naturalização em mais detalhes, prevendo no artigo 112:
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira tanto por
ter nascido no território brasileiro quanto por voluntariamente se Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a concessão
naturalizar como brasileiro, como se percebe no teor do artigo 12, da naturalização:
CF. O estrangeiro, num conceito tomado à base de exclusão, é todo I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
aquele que não é nacional brasileiro. II - ser registrado como permanente no Brasil;
30 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e III - residência contínua no território nacional, pelo prazo
XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88. naturalização;
Didatismo e Conhecimento 25
CONHECIMENTOS GERAIS
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as con- Presidente da República, seu vice-presidente desempenha o cargo;
dições do naturalizando; ausente este assume o Presidente da Câmara; também este ausente,
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manu- em seguida, exerce o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o
tenção própria e da família; Presidente do Supremo pode assumir a presidência na ausência
VI - bom procedimento; dos anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido num
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no critério de revezamento nenhum membro pode ser naturalizado);
Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena ou a de que o cargo ocupado possui forte impacto em termos de
mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) representação do país ou de segurança nacional.
ano; e Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasileiro
VIII - boa saúde. naturalizado como membro do Conselho da República (artigos 89
e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário de empresa jornalís-
Destaque vai para o requisito da residência contínua. Em re- tica, de radiodifusão sonora e imagens, salvo se já naturalizado há
gra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos contínuos, con- 10 anos (artigo 222, CF); possibilidade de extradição do brasileiro
forme o inciso III do referido artigo 112. No entanto, por previsão naturalizado que tenha praticado crime comum antes da natura-
constitucional do artigo 12, II, “a”, se o estrangeiro foi originário lização ou, depois dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI,
de país com língua portuguesa o prazo de residência contínua é CF).
reduzido para 1 ano. Daí se afirmar que o constituinte estabeleceu
a naturalização ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização 3.3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses
extraordinária no artigo 12, II, “a”. Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária se
aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segundo o qual “a Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência perma-
satisfação das condições previstas nesta Lei não assegura ao es- nente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
trangeiro direito à naturalização”. Logo, na naturalização ordinária serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
não há direito subjetivo à naturalização, mesmo que preenchidos previstos nesta Constituição.
todos os requisitos. Trata-se de ato discricionário do Ministério
da Justiça. O mesmo não vale para a naturalização extraordinária, É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o mes-
quando há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder mo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado de Amizade,
Judiciário para fazê-lo valer31. Cooperação e Consulta entre a República Federativa do Brasil e a
República Portuguesa, assinado em 22 de abril de 2000 (Decreto
c) Tratamento diferenciado nº 3.927/2001).
A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou natura- As vantagens conferidas são: igualdade de direitos civis, não
lizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste sentido, o artigo sendo considerado um estrangeiro; gozo de direitos políticos se re-
12, § 2º, CF: sidir há 3 anos no país, autorizando-se o alistamento eleitoral. No
caso de exercício dos direitos políticos nestes moldes, os direitos
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distinção en- desta natureza ficam suspensos no outro país, ou seja, não exerce
tre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos simultaneamente direitos políticos nos dois países.
nesta Constituição.
3.4) Perda da nacionalidade
Percebe-se que a Constituição simultaneamente estabelece a Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacionalidade
não distinção e se reserva ao direito de estabelecer as hipóteses de do brasileiro que:
distinção. I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial,
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram enu- em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
meradas no parágrafo seguinte. II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os car- estrangeira;
gos: b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; permanência em seu território ou para o exercício de direitos ci-
III - de Presidente do Senado Federal; vis.
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática; A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, de 18
VI - de oficial das Forças Armadas; de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e a reaquisição da
VII - de Ministro de Estado da Defesa. nacionalidade, e a perda dos direitos políticos. No processo deve
ser respeitado o contraditório e a iniciativa de propositura é do
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no exer- Procurador da República.
cício da presidência da República ou de cargo que possa levar a No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, percebe-se
esta posição provisoriamente deve ser natural do país (ausente o a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea “a” aceita-se que a
31 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferên- pessoa tenha nacionalidade brasileira e outra se ao seu nascimento
cia. tiver adquirido simultaneamente a nacionalidade do Brasil e outro
Didatismo e Conhecimento 26
CONHECIMENTOS GERAIS
país; na alínea “b” é reconhecida a mesma situação se a aquisição c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um
da nacionalidade do outro país for uma exigência para continuar lá tratado de extradição entre dois países ter sido celebrado após a
permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se assim não ocorrência do crime não impede a extradição.
o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma nacionalidade e, d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): Se o
provavelmente, se ver privado da nacionalidade brasileira. crime for apenado por qualquer das penas vedadas pelo artigo 5º,
XLVII da CF, a extradição não será autorizada, salvo se houver a
3.5) Deportação, expulsão e entrega comutação da pena, transformação para uma pena aceita no Brasil.
A deportação representa a devolução compulsória de um es- Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei nº
trangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no territó- 6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedimento:
rio nacional, estando prevista na Lei nº 6.815/1980, em seus arti-
gos 57 e 58. Neste caso, não houve prática de qualquer ato nocivo Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo
ao Brasil, havendo, pois, mera irregularidade de visto. requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao
A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro de um Brasil a reciprocidade.
estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no artigo 65 e seu
parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980: Art. 77. Não se concederá a extradição quando:
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa naciona-
Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o estrangei- lidade verificar-se após o fato que motivar o pedido;
ro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no
ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e Brasil ou no Estado requerente;
a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à con- III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o
veniência e aos interesses nacionais. crime imputado ao extraditando;
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estran- IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual
geiro que: ou inferior a 1 (um) ano;
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanên- V - o extraditando estiver a responder a processo ou já hou-
cia no Brasil;
ver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei,
que se fundar o pedido;
dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo,
VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a
não sendo aconselhável a deportação;
lei brasileira ou a do Estado requerente;
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
VII - o fato constituir crime político; e
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para
VIII - o extraditando houver de responder, no Estado reque-
estrangeiro.
rente, perante Tribunal ou Juízo de exceção.
§ 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando
A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um nacio-
nal a um tribunal internacional do qual o próprio país faz parte. É o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum,
o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil entregasse um brasileiro ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir
para julgamento pelo Tribunal Penal Internacional (competência o fato principal.
reconhecida na própria Constituição no artigo 5º, §4º). § 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal,
a apreciação do caráter da infração.
3.6) Extradição § 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e da crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou quais-
entrega. Extradição é um ato de cooperação internacional que con- quer autoridades, bem assim os atos de anarquismo, terrorismo,
siste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um ou sabotagem, sequestro de pessoa, ou que importem propaganda de
mais crimes, ao país que a reclama. O Brasil, sob hipótese alguma, guerra ou de processos violentos para subverter a ordem política
extraditará brasileiros natos mas quanto aos naturalizados assim ou social.
permite caso tenham praticado crimes comuns (exceto crimes po-
líticos e/ou de opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois Art. 78. São condições para concessão da extradição:
da naturalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito de I - ter sido o crime cometido no território do Estado reque-
entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF). rente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse
Aplicam-se os seguintes princípios à extradição: Estado; e
a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangeiro só II - existir sentença final de privação de liberdade, ou estar
pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime objeto do pe- a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou au-
dido de extradição. O importante é que o extraditado só seja sub- toridade competente do Estado requerente, salvo o disposto no
metido às penas relativas aos crimes que foram objeto do pedido artigo 82.
de extradição.
b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado deve ser Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição da
punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, além do fato ser mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daque-
típico em ambos os países, deve ser punível em ambos (se houve le em cujo território a infração foi cometida.
prescrição em algum dos países, p. ex., não pode ocorrer a extra- § 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, su-
dição). cessivamente:
Didatismo e Conhecimento 27
CONHECIMENTOS GERAIS
I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometido § 4o Caso o pedido não seja formalizado no prazo previsto no
o crime mais grave, segundo a lei brasileira; § 3 , o extraditando deverá ser posto em liberdade, não se admi-
o
II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do ex- tindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem que a
traditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e extradição haja sido devidamente requerida. (Redação dada pela
III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do Lei nº 12.878, de 2013)
extraditando, se os pedidos forem simultâneos.
§ 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pro-
Governo brasileiro. nunciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal sobre
§ 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Estados sua legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão.
requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem respeito
à preferência de que trata este artigo. Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), o pe-
dido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
Art. 80. A extradição será requerida por via diplomática ou, Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento final
quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério da Justiça, do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a liberdade
devendo o pedido ser instruído com a cópia autêntica ou a certi- vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue.
dão da sentença condenatória ou decisão penal proferida por juiz
ou autoridade competente. Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora
§ 1o O pedido deverá ser instruído com indicações precisas para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, dar-
sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do fato cri- lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, correndo do interroga-
minoso, a identidade do extraditando e, ainda, cópia dos textos tório o prazo de dez dias para a defesa.
legais sobre o crime, a competência, a pena e sua prescrição. § 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa reclamada,
§ 2o O encaminhamento do pedido pelo Ministério da Justiça defeito de forma dos documentos apresentados ou ilegalidade da
ou por via diplomática confere autenticidade aos documentos. extradição.
§ 3o Os documentos indicados neste artigo serão acompanha- § 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Tri-
dos de versão feita oficialmente para o idioma português. bunal, a requerimento do Procurador-Geral da República, poderá
converter o julgamento em diligência para suprir a falta no prazo
Art. 81. O pedido, após exame da presença dos pressupostos improrrogável de 60 (sessenta) dias, decorridos os quais o pedido
formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, será será julgado independentemente da diligência.
encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Supremo Tribunal § 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da data
Federal. da notificação que o Ministério das Relações Exteriores fizer à
Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos de que Missão Diplomática do Estado requerente.
trata o caput, o pedido será arquivado mediante decisão funda-
mentada do Ministro de Estado da Justiça, sem prejuízo de re- Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado
novação do pedido, devidamente instruído, uma vez superado o através do Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplomá-
óbice apontado. tica do Estado requerente que, no prazo de sessenta dias da co-
municação, deverá retirar o extraditando do território nacional.
Art. 82. O Estado interessado na extradição poderá, em caso
de urgência e antes da formalização do pedido de extradição, ou Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditando do
conjuntamente com este, requerer a prisão cautelar do extradi- território nacional no prazo do artigo anterior, será ele posto em
tando por via diplomática ou, quando previsto em tratado, ao Mi- liberdade, sem prejuízo de responder a processo de expulsão, se o
nistério da Justiça, que, após exame da presença dos pressupostos motivo da extradição o recomendar.
formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, re-
presentará ao Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pedido
Lei nº 12.878, de 2013) baseado no mesmo fato.
§ 1o O pedido de prisão cautelar noticiará o crime cometido
e deverá ser fundamentado, podendo ser apresentado por correio, Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado, ou
fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que assegure a tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena pri-
comunicação por escrito. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de vativa de liberdade, a extradição será executada somente depois
2013) da conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalva-
§ 2o O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao do, entretanto, o disposto no artigo 67.
Ministério da Justiça por meio da Organização Internacional de Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igualmente
Polícia Criminal (Interpol), devidamente instruído com a docu- adiada se a efetivação da medida puser em risco a sua vida por
mentação comprobatória da existência de ordem de prisão profe- causa de enfermidade grave comprovada por laudo médico oficial.
rida por Estado estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 12.878,
de 2013) Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ainda que
§ 3o O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noventa) responda a processo ou esteja condenado por contravenção.
dias contado da data em que tiver sido cientificado da prisão do
extraditando, formalizar o pedido de extradição. (Redação dada Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado reque-
pela Lei nº 12.878, de 2013) rente assuma o compromisso:
Didatismo e Conhecimento 28
CONHECIMENTOS GERAIS
I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos
anteriores ao pedido;
TÍTULO III: DA ORGANIZAÇÃO DO
II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi impos-
ta por força da extradição; ESTADO; CAPÍTULO I: DA ORGANIZA-
III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena cor- ÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA;
poral ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que CAPÍTULO VII: DA ADMINISTRAÇÃO
a lei brasileira permitir a sua aplicação; PÚBLICA; SEÇÃO I: DISPOSIÇÕES
IV - de não ser o extraditando entregue, sem consentimento
GERAIS; SEÇÃO II: DOS SERVIDORES
do Brasil, a outro Estado que o reclame; e
V - de não considerar qualquer motivo político, para agravar PÚBLICOS; TÍTULO VIII: DA ORDEM
a pena. SOCIAL; CAPÍTULO I: DISPOSIÇÃO
GERAL;
Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis bra-
sileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos
e instrumentos do crime encontrados em seu poder.
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste
artigo poderão ser entregues independentemente da entrega do
Da organização político-administrativa
extraditando. O artigo 18 da Constituição Federal tem caráter genérico e
regulamenta a organização político-administrativa do Estado. Ba-
Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Estado sicamente, define os entes federados que irão compor o Estado
requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou brasileiro.
por ele transitar, será detido mediante pedido feito diretamente Neste dispositivo se percebe o Pacto Federativo firmado en-
por via diplomática, e de novo entregue sem outras formalidades. tre os entes autônomos que compõem o Estado brasileiro. Na fe-
deração, todos os entes que compõem o Estado têm autonomia,
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permiti- cabendo à União apenas concentrar esforços necessários para a
do, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território nacional, de manutenção do Estado uno.
pessoas extraditadas por Estados estrangeiros, bem assim o da O pacto federativo brasileiro se afirmou ao inverso do que os
respectiva guarda, mediante apresentação de documentos com- Estados federados geralmente se formam. Trata-se de federalismo
probatórios de concessão da medida. por desagregação – tinha-se um Estado uno, com a União centra-
lizada em suas competências, e dividiu-se em unidades federadas.
3.7) Idioma e símbolos Difere-se do denominado federalismo por agregação, no qual uni-
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da Repú- dades federativas autônomas se unem e formam um Poder federal
blica Federativa do Brasil. no qual se concentrarão certas atividades, tornando o Estado mais
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a ban- forte (ex.: Estados Unidos da América).
deira, o hino, as armas e o selo nacionais. No federalismo por agregação, por já vir tradicionalmente das
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão bases do Estado a questão da autonomia das unidades federadas,
ter símbolos próprios. percebe-se um federalismo real na prática. Já no federalismo por
desagregação nota-se uma persistente tendência centralizadora.
Idioma é a língua falada pela população, que confere caráter Prova de que nem mesmo o constituinte brasileiro entendeu
diferenciado em relação à população do resto do mundo. Sendo o federalismo que estava criando é o fato de ter colocado o muni-
assim, é manifestação social e cultural de uma nação. cípio como entidade federativa autônoma. No modelo tradicional,
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da nação o pacto federativo se dá apenas entre União e estados-membros,
e permitem o seu reconhecimento nacional e internacionalmente. motivo pelo qual a doutrina afirma que o federalismo brasileiro é
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a previsão é atípico.
feito dentro do capítulo do texto constitucional que aborda o tema. Além disso, pelo que se desprende do modelo de divisão de
competências a ser estudado neste capítulo, acabou-se esvaziando
a competência dos estados-membros, mantendo uma concentra-
ção de poderes na União e distribuindo vasta gama de poderes aos
municípios.
Didatismo e Conhecimento 29
CONHECIMENTOS GERAIS
reflete tanto numa capacidade de auto-organização (normatização dores. Afinal, não possuem liberdade para agirem como quiserem
própria) quanto numa capacidade de autogoverno (administrar-se e somente podem fazer o que a lei permite (princípio da legalidade
pelos membros eleitos pelo eleitorado da unidade federada). aplicado à Administração Pública).
Artigo 18, §1º, CF. Brasília é a Capital Federal. Repartição de competências e bens.
O título III da Constituição Federal regulamenta a organiza-
Brasília é a capital da República Federativa do Brasil, sendo ção do Estado, definindo competências administrativas e legislati-
um dos municípios que compõem o Distrito Federal. O Distrito vas, bem como traçando a estrutura organizacional por ele tomada.
Federal tem peculiaridades estruturais, não sendo nem um Municí- Bens Públicos são todos aqueles que integram o patrimônio
pio, nem um Estado, tanto é que o caput deste artigo 18 o nomeia da Administração Pública direta e indireta, sendo que todos os de-
em separado. Trata-se, assim, de unidade federativa autônoma. mais bens são considerados particulares. Destaca-se a disciplina
do Código Civil:
Artigo 18, §2º, CF. Os Territórios Federais integram a União,
e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Esta-
Artigo 98, CC. São públicos os bens de domínio nacional per-
do de origem serão reguladas em lei complementar.
tencentes as pessoas jurídicas de direito público interno; todos os
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Apesar dos Territórios Federais integrarem a União, eles não
podem ser considerados entes da federação, logo não fazem parte
da organização político-administrativa, não dispõem de autonomia Artigo 99, CC. São bens públicos:
política e não integram o Estado Federal. São meras descentrali- I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas,
zações administrativo-territoriais pertencentes à União. A Consti- ruas e praças;
tuição Federal de 1988 aboliu todos os territórios então existentes: II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos des-
Fernando de Noronha tornou-se um distrito estadual do Estado de tinados a serviço ou estabelecimento da administração federal,
Pernambuco, Amapá e Roraima ganham o status integral de Esta- estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
dos da Federação. III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas
jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou
Artigo 18, §3º, CF. Os Estados podem incorporar-se entre si, real, de cada uma dessas entidades.
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, conside-
formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante apro- ram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de
vação da população diretamente interessada, através de plebisci- direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
to, e do Congresso Nacional, por lei complementar.
Artigo 100, CC. Os bens públicos de uso comum do povo e
Artigo 18, §4º, CF. A criação, a incorporação, a fusão e o os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, qualificação, na forma que a lei determinar.
dentro do período determinado por Lei Complementar Federal,
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às popula- Artigo 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser alie-
ções dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de nados, observadas as exigências da lei.
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.
Artigo 102, CC. Os bens públicos não estão sujeitos a usu-
Como se percebe pelos dispositivos retro, é possível criar, in- capião.
corporar e desmembrar os Estados-membros e os Municípios. No
caso dos Estados, exige-se plebiscito e lei federal. No caso dos
Artigo 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode ser
municípios, exige-se plebiscito e lei estadual.
gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela
Ressalta-se que é aceita a subdivisão e o desmembramento no
entidade a cuja administração pertencerem.
âmbito interno, mas não se permite que uma parte do país se separe
do todo, o que atentaria contra o pacto federativo.
Os bens da União estão enumerados no artigo 20 e os bens
Art. 19, CF. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fede- dos Estados-membros no artigo 26, ambos da Constituição, que
ral e aos Municípios: seguem abaixo. Na divisão de bens estabelecida pela Constituição
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, Federal denota-se o caráter residual dos bens dos Estados-mem-
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus re- bros porque exige-se que estes não pertençam à União ou aos Mu-
presentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na nicípios.
forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos; Artigo 20, CF. São bens da União:
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
atribuídos;
Embora o artigo 19 traga algumas vedações expressas aos en- II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
tes federados, fato é que todo o sistema constitucional traz impe- das fortificações e construções militares, das vias federais de co-
dimento à atuação das unidades federativas e de seus administra- municação e à preservação ambiental, definidas em lei;
Didatismo e Conhecimento 30
CONHECIMENTOS GERAIS
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos Artigo 21, CF. Compete à União:
de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro organizações internacionais;
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias II - declarar a guerra e celebrar a paz;
fluviais; III - assegurar a defesa nacional;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com ou- IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
tros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per-
excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto maneçam temporariamente;
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven-
federal, e as referidas no art. 26, II; ção federal;
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de mate-
econômica exclusiva; rial bélico;
VI - o mar territorial; VII - emitir moeda;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar
VIII - os potenciais de energia hidráulica; as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito,
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológi- privada;
cos e pré-históricos; IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de or-
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. denação do território e de desenvolvimento econômico e social;
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces-
direta da União, participação no resultado da exploração de pe- são ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da
tróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um
de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo órgão regulador e outros aspectos institucionais;
território, plataforma continental, mar territorial ou zona econô-
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces-
mica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
são ou permissão:
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura,
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fron-
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aprovei-
teira, é considerada fundamental para defesa do território nacio-
tamento energético dos cursos de água, em articulação com os
nal, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor-
Artigo 26, CF. Incluem-se entre os bens dos Estados:
tuária;
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decor- d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre
rentes de obras da União; portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem limites de Estado ou Território;
no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Muni- e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e inter-
cípios ou terceiros; nacional de passageiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério
Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pú-
Competência material e legislativa da União, Estados e blica dos Territórios;
Municípios. XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o
1) Competência organizacional-administrativa exclusiva corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como pres-
da União tar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de
A Constituição Federal, quando aborda a competência da serviços públicos, por meio de fundo próprio;
União, traz no artigo 21 a expressão “compete à União” e no artigo XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística,
22 a expressão “compete privativamente à União”. Neste sentido, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
questiona-se se a competência no artigo 21 seria privativa. Ob- XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diver-
viamente, não seria compartilhada, pois os casos que o são estão sões públicas e de programas de rádio e televisão;
enumerados no texto constitucional. XVII - conceder anistia;
Com efeito, entende-se que o artigo 21, CF, enumera com- XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as
petências exclusivas da União. Estas expressões que a princípio calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;
seriam sinônimas assumem significado diverso. Exclusiva é a XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recur-
competência da União que pode ser delegada a outras unidades sos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
federadas e privativa é a competência da União que somente pode XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, in-
ser exercida por ela. clusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
O artigo 21, que traz as competências exclusivas da União, XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema na-
trabalha com questões organizacional-administrativas. cional de viação;
Didatismo e Conhecimento 31
CONHECIMENTOS GERAIS
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuá- Artigo 22, CF. Compete privativamente à União legislar so-
ria e de fronteiras; bre:
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qual- I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrá-
quer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a la- rio, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
vra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o II - desapropriação;
comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo
seguintes princípios e condições: e em tempo de guerra;
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodi-
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso fusão;
Nacional; V - serviço postal;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa- VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
ção e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médi- metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de
cos, agrícolas e industriais;
valores;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, co-
VIII - comércio exterior e interestadual;
mercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
inferior a duas horas; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da aérea e aeroespacial;
existência de culpa; XI - trânsito e transporte;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
atividade de garimpagem, em forma associativa. XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão
Envolve a competência organizacional-administrativa da de estrangeiros;
União a atuação regionalizada com vistas à redução das desigual- XVI - organização do sistema nacional de emprego e condi-
dade regionais, descrita no artigo 43 da Constituição Federal: ções para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Dis-
Artigo 43, CF. Para efeitos administrativos, a União poderá trito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Terri-
articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e so- tórios, bem como organização administrativa destes
cial, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualda- XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia
des regionais. nacionais;
§ 1º Lei complementar disporá sobre: XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupan-
I - as condições para integração de regiões em desenvolvi- ça popular;
mento; XX - sistemas de consórcios e sorteios;
II - a composição dos organismos regionais que executarão, XXI - normas gerais de organização, efetivos, material béli-
na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos na- co, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e
cionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados junta- corpos de bombeiros militares;
mente com estes. XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviá-
§ 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, ria e ferroviária federais;
na forma da lei: XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de cus-
XXV - registros públicos;
tos e preços de responsabilidade do Poder Público;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
II - juros favorecidos para financiamento de atividades prio-
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas
ritárias; as modalidades, para as administrações públicas diretas, autár-
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tribu- quicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Mu-
tos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; nicípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173,
dos rios e das massas de água represadas ou represáveis nas re- § 1°, III;
giões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marí-
§ 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a tima, defesa civil e mobilização nacional;
recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e mé- XXIX - propaganda comercial.
dios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas, Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Es-
de fontes de água e de pequena irrigação. tados a legislar sobre questões específicas das matérias relacio-
nadas neste artigo.
2) Competência legislativa privativa da União
A competência legislativa da União é privativa e, sendo assim, 3) Competência organizacional-administrativa comparti-
pode ser delegada. As matérias abaixo relacionadas somente po- lhada
dem ser legisladas por atos normativos com abrangência nacional, União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios com-
mas é possível que uma lei complementar autorizar que determina- partilham certas competências organizacional-administrativas.
do Estado regulamente questão devidamente especificada. Significa que qualquer dos entes federados poderá atuar, desenvol-
Didatismo e Conhecimento 32
CONHECIMENTOS GERAIS
ver políticas públicas, nestas áreas. Todas estas áreas são áreas que VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao con-
necessitam de atuação intensa ou vigilância constantes, de modo sumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
que mediante gestão cooperada se torna possível efetivar o máxi- turístico e paisagístico;
mo possível os direitos fundamentais em casa uma delas. IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
pesquisa, desenvolvimento e inovação;
Artigo 23, CF. É competência comum da União, dos Estados, X - criação, funcionamento e processo do juizado de peque-
do Distrito Federal e dos Municípios: nas causas;
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das institui- XI - procedimentos em matéria processual;
ções democráticas e conservar o patrimônio público; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e ga- XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
rantia das pessoas portadoras de deficiência; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor deficiência;
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens natu- XV - proteção à infância e à juventude;
rais notáveis e os sítios arqueológicos; XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de civis.
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cul- § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
tural; União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais
ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; não exclui a competência suplementar dos Estados.
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
qualquer de suas formas; exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; peculiaridades.
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abas- § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais sus-
tecimento alimentar; pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
IX - promover programas de construção de moradias e a me-
lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; O estudo das competências concorrentes permite vislumbrar
os limites da atuação conjunta entre União, Estados e Distrito Fe-
X - combater as causas da pobreza e os fatores de margina-
deral no modelo Federativo adotado no Brasil, visando à obtenção
lização, promovendo a integração social dos setores desfavoreci-
de uma homogeneidade nacional, com preservação dos pluralis-
dos;
mos regionais e locais.
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direi-
O cerne da distinção da competência entre os entes federados
tos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em
repousa na competência da União para o estabelecimento de nor-
seus territórios;
mas gerais. A competência legislativa dos Estados-membros e dos
XII - estabelecer e implantar política de educação para a se-
Municípios nestas questões é suplementar, ou seja, as normas es-
gurança do trânsito. taduais agregam detalhes que a norma da União não compreende,
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para notadamente trazendo peculiaridades regionais.
a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os No caso do artigo 24, CF, a União dita as normas gerais e as
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do normas suplementares ficam por conta dos Estados, ou seja, as pe-
bem-estar em âmbito nacional. culiaridades regionais são normatizadas pelos Estados. As normas
estaduais, neste caso, devem guardar uma relação de compatibili-
4) Competência legislativa compartilhada dade com as normas federais (relação hierárquica). Diferentemen-
Além de compartilharem competências organizacional-ad- te da competência comum em que as leis estão em igualdade de
ministrativas, os entes federados compartilham competência para condições, uma não deve subordinação à outra.
legislar sobre determinadas matérias. Entretanto, excluem-se do Entretanto, os Estados não ficam impedidos de criar leis regu-
artigo 24, CF, os entes federados da espécie Município, sendo que lamentadoras destas matérias enquanto a União não o faça. Sobre-
estes apenas legislam sobre assuntos de interesse local. vindo norma geral reguladora, perdem a eficácia os dispositivos de
lei estadual com ela incompatível.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre: 5) Limitações e regras mínimas aplicáveis à competência
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e organizacional-administrativa autônoma dos Estados-mem-
urbanístico; bros
II - orçamento;
III - juntas comerciais; Artigo 25, CF. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
IV - custas dos serviços forenses; Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
V - produção e consumo; Constituição.
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente sejam vedadas por esta Constituição.
e controle da poluição; § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, tu- concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
rístico e paisagístico; vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
Didatismo e Conhecimento 33
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir 6) Limitações e regras mínimas aplicáveis à competência
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, organizacional-administrativa autônoma dos Municípios
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para in- Os Municípios gozam de autonomia no modelo federativo
tegrar a organização, o planejamento e a execução de funções brasileiro e, sendo assim, possuem capacidade de auto-organiza-
públicas de interesse comum. ção, normatização e autogoverno.
Notadamente, mediante lei orgânica, conforme se extrai do
O documento que está no ápice da estrutura normativa de um artigo 29, caput, CF, o Município se normatiza, devendo esta lei
Estado-membro é a Constituição estadual. Ela deve guardar com- guardar compatibilidade tanto com a Constituição Federal quanto
patibilidade com a Constituição Federal, notadamente no que tan- com a respectiva Constituição estadual. O dispositivo mencionado
ge aos princípios nela estabelecidos, sob pena de ser considerada traça, ainda, regras mínimas de estruturação do Poder Executivo e
norma inconstitucional.
do Legislativo municipais.
A competência do Estado é residual – tudo o que não obrigato-
Por exemplo, só haverá eleição de segundo turno se o muni-
riamente deva ser regulamentado pela União ou pelos Municípios,
pode ser legislado pelo Estado-membro, sem prejuízo da já estuda- cípio tiver mais de duzentos mil habitantes. Destaca-se, ainda, a
da competência legislativa concorrente com a União. exaustiva regra sobre o número de vereadores e a questão dos sub-
O §3º do artigo 25 regulamenta a conurbação, que abrange sídios. Incidente, também a regra sobre o julgamento do Prefeito
regiões metropolitanas (um município, a metrópole, está em des- pelo Tribunal de Justiça.
taque) e aglomerações urbanas (não há município em destaque), O artigo 29-A, CF, por seu turno, detalha os limites de despe-
e as microrregiões (não conurbadas, mas limítrofes, geralmente sas com o Poder Legislativo municipal, permitindo a responsabi-
identificada por bacias hidrográficas). lização do Prefeito e do Presidente da Câmara por violação a estes
A estrutura e a organização dos Poderes Legislativo e Execu- limites.
tivo no âmbito do Estado-membro é detalhada na Constituição es-
tadual, mas os artigos 27e 28 trazem bases regulamentadoras que Artigo 29, CF. O Município reger-se-á por lei orgânica, vota-
devem ser respeitadas. da em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e apro-
vada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a
Artigo 27, CF. O número de Deputados à Assembleia Le- promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Consti-
gislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na tuição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes pre-
Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será ceitos:
acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para
de doze.
mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo rea-
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema lizado em todo o País;
eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primei-
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Ar- ro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato
madas. dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei Municípios com mais de duzentos mil eleitores;
de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo, III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro
setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para do ano subsequente ao da eleição;
os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, IV - para a composição das Câmaras Municipais, será obser-
57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. vado o limite máximo de: (Vide ADIN 4307)
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze
regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua se- mil) habitantes;
cretaria, e prover os respectivos cargos. b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo le- (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes;
gislativo estadual. c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000
(trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;
Artigo 28, CF. A eleição do Governador e do Vice-Gover- d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000
nador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no
(cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes;
primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de
domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano an-
terior ao do término do mandato de seus antecessores, e a posse 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil)
ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, habitantes;
quanto ao mais, o disposto no art. 77. f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro car- 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento ses-
go ou função na administração pública direta ou indireta, res- senta mil) habitantes;
salvada a posse em virtude de concurso público e observado o g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
disposto no art. 38, I, IV e V. 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezen-
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos tos mil) habitantes;
Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da As- h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
sembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. e cinquenta mil) habitantes;
Didatismo e Conhecimento 34
CONHECIMENTOS GERAIS
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes,
de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cen-
600.000 (seiscentos mil) habitantes; to do subsídio dos Deputados Estaduais;
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes,
600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por
cinquenta mil) habitantes; cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes,
750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000 o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por
(novecentos mil) habitantes; cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habi-
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um mi- tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessen-
lhão e cinquenta mil) habitantes; ta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o sub-
de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até sídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000 não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; do Município;
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, pa-
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até lavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Mu-
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes; nicípio;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da verean-
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até ça, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; os membros do Congresso Nacional e na Constituição do respecti-
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais vo Estado para os membros da Assembleia Legislativa;
de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes; XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de Câmara Municipal;
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até XII - cooperação das associações representativas no planeja-
3.000.000 (três milhões) de habitantes; mento municipal;
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse especí-
de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (qua- fico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifesta-
tro milhões) de habitantes; ção de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28,
de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 parágrafo único (assumir outro cargo).
(cinco milhões) de habitantes;
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais Artigo 29-A, CF. O total da despesa do Poder Legislativo
de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os
(seis milhões) de habitantes; gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percen-
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais tuais, relativos ao somatório da receita tributária e das transfe-
de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete rências previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetiva-
milhões) de habitantes; mente realizado no exercício anterior:
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de
de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito até 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda
milhões) de habitantes; e Constituição Constitucional nº 58, de 2009) (Produção de efeito)
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre
de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população
Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) ha-
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, bitantes;
e 153, § 2º, I; IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e
Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, ob- 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
servado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população
estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de
máximos: habitantes;
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máxi- VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Mu-
mo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio nicípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um)
dos Deputados Estaduais; habitantes.
Didatismo e Conhecimento 35
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame
com o subsídio de seus Vereadores. e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Muni- termos da lei.
cipal: § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste ar- de Contas Municipais.
tigo;
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou 7) Peculiaridades da competência organizacional-admi-
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei nistrativa do Distrito Federal e Territórios
Orçamentária. O Distrito Federal não se divide em Municípios, mas em re-
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da giões administrativas. Se regulamenta por lei orgânica, mas esta lei
Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. orgânica aproxima-se do status de Constituição estadual, cabendo
controle de constitucionalidade direto de leis que a contrariem pelo
As competências legislativas e administrativas dos municí- Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.
pios estão fixadas no artigo 30, CF. Quanto à competência legisla- O Distrito Federal possui um governador e uma Câmara Le-
tiva, é suplementar, garantindo o direito de legislar sobre assuntos gislativa, eleitos na forma dos governadores e deputados estaduais.
de interesse local. Entretanto, não tem eleições municipais. O Distrito Federal tem 3
senadores, 8 deputados federais e 24 deputados distritais.
Artigo 30, CF. Compete aos Municípios: Quanto aos territórios, não existem hoje no país, mas se vie-
I - legislar sobre assuntos de interesse local; rem a existir serão nomeados pelo Presidente da República.
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, Artigo 32, CF. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos
de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legis- Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios
lação estadual;
estabelecidos nesta Constituição.
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis-
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído
lativas reservadas aos Estados e Municípios.
o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, obser-
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União
vadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá
e do Estado, programas de educação infantil e de ensino funda-
com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato
mental;
de igual duração.
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se
e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento terri- o disposto no art. 27.
torial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
e da ocupação do solo urbano; Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombei-
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural ros militar.
local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e es-
tadual. Artigo 33, CF. A lei disporá sobre a organização administra-
tiva e judiciária dos Territórios.
A fiscalização dos Municípios se dá tanto no âmbito interno § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos
quanto no externo. Externamente, é exercida pelo Poder Legislati- quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste
vo com auxílio de Tribunal de Contas. A constituição, no artigo 31, Título.
CF, veda a criação de novos Tribunais de Contas municipais, mas § 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao
não extingue os já existentes. Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas
da União.
Artigo 31, CF. A fiscalização do Município será exercida pelo § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes,
Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá
sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do
forma da lei. Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência
com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Muni- deliberativa.
cípio ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,
onde houver. Intervenção nos Estados e Municípios.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre A intervenção consiste no afastamento temporário das prer-
as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de rogativas totais ou parciais próprias da autonomia dos entes fe-
prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara derados, por outro ente federado, prevalecendo a vontade do ente
Municipal. interventor. Neste sentido, necessária a verificação de:
Didatismo e Conhecimento 36
CONHECIMENTOS GERAIS
a) Pressupostos materiais – requisitos a serem verificados III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de repre-
quanto ao atendimento de uma das justificativas para a intervenção. sentação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art.
b) Pressupostos processuais – requisitos para que o ato da in- 34, VII (observância de princípios constitucionais), e no caso de
tervenção seja válido, como prazo, abrangência, condições, além recusa à execução de lei federal.
da autorização do Poder Legislativo (artigo 36, CF). § 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude,
A intervenção pode ser federal, quando a União interfere nos o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o
Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou estadual, quando os interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacio-
Estados-membros interferem em seus Municípios (artigo 35, CF). nal ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e
quatro horas.
Artigo 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem no § 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a
Distrito Federal, exceto para: Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no
I - manter a integridade nacional; mesmo prazo de vinte e quatro horas.
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Fede- § 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de decisão/lei fe-
ração em outra; deral e violação de certos princípios constitucionais), ou do art. 35,
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; IV (idem com relação à intervenção em municípios), dispensada a
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legisla-
unidades da Federação; tiva, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impug-
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: nado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afas-
anos consecutivos, salvo motivo de força maior; tadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fi-
xadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; 1) Princípios da Administração Pública
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão ju- Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem que
dicial; ele consolide o bem comum e garanta a preservação dos interes-
ses da coletividade, se encontram exteriorizados em princípios e
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios cons-
regras. Estes, por sua vez, são estabelecidos na Constituição Fede-
titucionais:
ral e em legislações infraconstitucionais, a exemplo das que serão
a) forma republicana, sistema representativo e regime de-
estudadas neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n°
mocrático;
8.112/90 e Lei n° 8.429/92.
b) direitos da pessoa humana;
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no setor
c) autonomia municipal;
público partem da Constituição Federal, que estabelece alguns
d) prestação de contas da administração pública, direta e in-
princípios fundamentais para a ética no setor público. Em outras
direta. palavras, é o texto constitucional do artigo 37, especialmente o
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de im- caput, que permite a compreensão de boa parte do conteúdo das
postos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, leis específicas, porque possui um caráter amplo ao preconizar os
na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e servi- princípios fundamentais da administração pública. Estabelece a
ços públicos de saúde”. Constituição Federal:
Artigo 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municípios, Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta de
nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
exceto quando: e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes-
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois soalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao se-
anos consecutivos, a dívida fundada; guinte: [...]
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita mu- São princípios da administração pública, nesta ordem:
nicipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e Legalidade
serviços públicos de saúde; Impessoalidade
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação Moralidade
para assegurar a observância de princípios indicados na Cons- Publicidade
tituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou Eficiência
de decisão judicial”. Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam o
vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Administra-
Artigo 36, CF. A decretação da intervenção dependerá: ção Pública. É de fundamental importância um olhar atento ao sig-
I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes), de nificado de cada um destes princípios, posto que eles estruturam
solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto todas as regras éticas prescritas no Código de Ética e na Lei de
ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se Improbidade Administrativa, tomando como base os ensinamentos
a coação for exercida contra o Poder Judiciário; de Carvalho Filho32 e Spitzcovsky33:
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, 32 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribu- nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
nal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral; 33 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau-
Didatismo e Conhecimento 37
CONHECIMENTOS GERAIS
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade sig- Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de participa-
nifica a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Contudo, ção do usuário na administração pública direta e indireta, regu-
como a administração pública representa os interesses da coleti- lando especialmente:
vidade, ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela qual só I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
poderá fazer o que a lei expressamente determina (assim, na esfera em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
estatal, é preciso lei anterior editando a matéria para que seja pre- ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualida-
servado o princípio da legalidade). A origem deste princípio está de dos serviços;
na criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Esta- II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a in-
do deve respeitar as leis que dita.
formações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º,
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses que
X e XXXIII;
representa, a administração pública está proibida de promover dis-
criminações gratuitas. Discriminar é tratar alguém de forma di- III - a disciplina da representação contra o exercício negli-
ferente dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este gente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração
princípio, a administração pública deve tratar igualmente todos pública.
aqueles que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio
da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a im- e) Princípio da eficiência: A administração pública deve
pessoalidade no que tange à contratação de serviços. O princípio manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de
da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso
qual o alvo a ser alcançado pela administração pública é somente público seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao
o interesse público. Com efeito, o interesse particular não pode in- manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exonerar um
fluenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se buscar somente servidor público por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando
a preservação do interesse coletivo. o teto de remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no a procura por produtividade e economicidade. Alcança os serviços
artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie de públicos e os serviços administrativos internos, se referindo dire-
moralidade administrativa, intimamente relacionada ao poder pú- tamente à conduta dos agentes.
blico. A administração pública não atua como um particular, de Além destes cinco princípios administrativo-constitucionais
modo que enquanto o descumprimento dos preceitos morais por diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser apontados
parte deste particular não é punido pelo Direito (a priori), o or-
como princípios de natureza ética relacionados à função pública a
denamento jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio da mo- probidade e a motivação:
ralidade deve se fazer presente não só para com os administrados, a) Princípio da probidade: um princípio constitucional in-
mas também no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado à cluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o dever de
noção de bom administrador, que não somente deve ser conhece- todo o administrador público, o dever de honestidade e fidelidade
dor da lei, mas também dos princípios éticos regentes da função com o Estado, com a população, no desempenho de suas funções.
administrativa. TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE Possui contornos mais definidos do que a moralidade. Diógenes
ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação Gasparini34 alerta que alguns autores tratam veem como distintos
com os dois princípios anteriores. os princípios da moralidade e da probidade administrativa, mas
d) Princípio da publicidade: A administração pública é obri- não há características que permitam tratar os mesmos como pro-
gada a manter transparência em relação a todos seus atos e a todas cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar que a
informações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a publi- probidade administrativa é um aspecto particular da moralidade
cação em órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por exem- administrativa.
plo, a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF) remonta b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao ad-
ao ideário de que todos devem tomar conhecimento do processo ministrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de efei-
seletivo de servidores do Estado. Diante disso, como será visto, tos concretos. É considerado, entre os demais princípios, um dos
se negar indevidamente a fornecer informações ao administrado mais importantes, uma vez que sem a motivação não há o devido
caracteriza ato de improbidade administrativa.
processo legal, uma vez que a fundamentação surge como meio
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o prin-
interpretativo da decisão que levou à prática do ato impugnado,
cípio da publicidade seja deturpado em propaganda político-elei-
toral: sendo verdadeiro meio de viabilização do controle da legalidade
dos atos da Administração.
Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, obras, Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter edu- caso concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram à
cativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos administrativos
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção devem ser motivados para que o Judiciário possa controlar o méri-
pessoal de autoridades ou servidores públicos. to do ato administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse
controle, devem ser observados os motivos dos atos administrati-
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a legali- vos.
dade e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para Em relação à necessidade de motivação dos atos administra-
proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV, tivos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único comporta-
CF), além do habeas data e - residualmente - do mandado de segu- mento possível) e dos atos discricionários (aqueles que a lei, den-
rança. Neste viés, ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 34 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo:
lo: Método, 2011. Saraiva, 2004.
Didatismo e Conhecimento 38
CONHECIMENTOS GERAIS
tro dos limites nela previstos, aponta um ou mais comportamentos Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público
possíveis, de acordo com um juízo de conveniência e oportuni- depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou
dade), a doutrina é uníssona na determinação da obrigatoriedade de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
de motivação com relação aos atos administrativos vinculados; do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
todavia, diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis- nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre no-
cricionários. meação e exoneração.
Meirelles35 entende que o ato discricionário, editado sob os
limites da Lei, confere ao administrador uma margem de liberdade Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:
para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de car-
necessária a motivação. No entanto, se houver tal fundamentação,
reira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia
o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da necessidade de ob-
habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos,
servância da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricio- Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o
nário, é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção,
adotado pelo administrador. Gasparini36, com respaldo no art. 50 serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de
da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos.
doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para todos
os atos nele elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo seu
discricionários quanto os vinculados. desempenho nas provas, ao passo que nos concursos de provas e
títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional também
2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos servidores é considerado. Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não
O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princípios exige concurso público, sendo exceção à regra geral.
da administração pública estudados no tópico anterior, aos quais
estão sujeitos servidores de quaisquer dos Poderes em qualquer Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público
das esferas federativas, e, em seus incisos, regras mínimas sobre o será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
serviço público:
Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto
no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público
Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas são
de provas ou de provas e títulos será convocado com priorida-
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabele-
de sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na
cidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. carreira.
Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:
8.112/1990, que prevê:
Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá valida-
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para in- de de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez,
vestidura em cargo público: por igual período.
I - a nacionalidade brasileira; §1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua
II - o gozo dos direitos políticos; realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
V - a idade mínima de dezoito anos; aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expi-
VI - aptidão física e mental. rado.
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de
outros requisitos estabelecidos em lei. [...] O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição,
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e casos de isenção, número de vagas e prazo de validade. Havendo
candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve
tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
ser chamado para assumir eventual vaga e não ser realizado novo
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
concurso.
procedimentos desta Lei. Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos
8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207 II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos no responsável, nos termos da lei.
ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
35 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização da-
São Paulo: Malheiros, 1993. quele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no serviço
36 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas
Saraiva, 2004. e títulos.
Didatismo e Conhecimento 39
CONHECIMENTOS GERAIS
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comis-
são, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento.
Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.
A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito individual e de direito
social.
Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela preservação da
sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei
geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).
Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá
os critérios de sua admissão.
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provi-
mento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20%
(vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de ex-
cepcional interesse público.
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, definindo a natureza da relação estabelecida entre o servidor contratado e
a Administração Pública, para atender à “necessidade temporária de excepcional interesse público”.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que comporta dependência jurídica do servidor perante o Estado, duas opções
se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das prerrogativas de Poder Público, ou institucional,
estatutária, preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é o do contrato, que
tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando-se no campo do Direito Público). [...]
Uma solução intermediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual coexis-
tam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sentido de atender às exigências
do Estado moderno, que procura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos empreendimentos não-governamentais”38.
37 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html
38 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.
Didatismo e Conhecimento 40
CONHECIMENTOS GERAIS
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públicos Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder Le-
e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser gislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos
fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa pri- pagos pelo Poder Executivo.
vativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na
mesma data e sem distinção de índices. Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocupan- Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá perce-
tes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o ber, mensalmente, a título de remuneração, importância superior
disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a
II, 153, III, e 153, § 2º, I. qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Minis-
tros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea de do Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. Excluem-se do
proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. teto de remuneração as vantagens previstas nos incisos II a VII
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pú- do art. 61.
blica, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constitui-
ção, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem aprofunda-
de livre nomeação e exoneração. mentos sobre o mencionado inciso XI:
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos artigos Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efeito dos
40 e 41: limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício
de cargo público, com valor fixado em lei. Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso XI do
caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres- fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constitui-
cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. ções e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou cargo Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a
em comissão será paga na forma prevista no art. 62. noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou
mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se apli-
entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de acor-
cando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados
do com o estabelecido no § 1º do art. 93.
Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
de caráter permanente, é irredutível.
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equiparação
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
salarial:
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser-
vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter in-
dividual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equiparação
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salá- de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remunera-
rio mínimo. ção de pessoal do serviço público.
Ainda, o artigo 37 da Constituição: Os padrões de vencimentos são fixados por conselho de polí-
tica de administração e remuneração de pessoal, integrado por ser-
Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocupan- vidores designados pelos respectivos Poderes (artigo 39, caput e §
tes de cargos, funções e empregos públicos da administração 1º), sem qualquer garantia constitucional de tratamento igualitário
direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer aos cargos que se mostrem similares.
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebidos
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, por servidor público não serão computados nem acumulados
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pes- para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
soais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o sub-
sídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal A preocupação do constituinte, ao implantar tal preceito, foi
Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do de que não eclodisse no sistema remuneratório dos servidores, ou
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do seja, evitar que se utilize uma vantagem como base de cálculo de
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Depu- um outro benefício. Dessa forma, qualquer gratificação que venha
tados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o a ser concedida ao servidor só pode ter como base de cálculo o pró-
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado prio vencimento básico. É inaceitável que se leve em consideração
a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do sub- outra vantagem até então percebida.
sídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada de
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen- cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de ho-
sores Públicos. rários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a
Didatismo e Conhecimento 41
CONHECIMENTOS GERAIS
de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da República. De fato, a
outro, técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos pri- acumulação ilícita de cargos públicos constitui uma das infrações
vativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. mais comuns praticadas por servidores públicos, o que se constata
observando o elevado número de processos administrativos ins-
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se a taurados com esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas é relativamente brando, quando cotejado com outros estatutos de
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e so- alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso nessa ilici-
ciedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público. tude diversas oportunidades para regularizar sua situação e esca-
par da pena de demissão. Também prevê a lei em comentário, um
Segundo Carvalho Filho39, “o fundamento da proibição é im- processo administrativo simplificado (processo disciplinar de rito
pedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o servidor sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 40.
não execute qualquer delas com a necessária eficiência. Além
disso, porém, pode-se observar que o Constituinte quis também Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus ser-
impedir a cumulação de ganhos em detrimento da boa execução vidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e juris-
de tarefas públicas. [...] Nota-se que a vedação se refere à acumu- dição, precedência sobre os demais setores administrativos, na
lação remunerada. Em consequência, se a acumulação só encerra a forma da lei.
percepção de vencimentos por uma das fontes, não incide a regra
constitucional proibitiva”. Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da União,
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a questão: dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades es-
senciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990. Ressalvados os casos previstos carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realiza-
na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos ção de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
públicos. com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos forma da lei ou convênio.
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos “O Estado tem como finalidade essencial a garantia do bem
Estados, dos Territórios e dos Municípios. -estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públicos que dis-
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicio- ponibiliza, seja através de investimentos na área social (educação,
nada à comprovação da compatibilidade de horários. saúde, segurança pública). Para atingir esses objetivos primários,
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven- deve desenvolver uma atividade financeira, com o intuito de obter
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da recursos indispensáveis às necessidades cuja satisfação se com-
inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remu- prometeu quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988.
nerações forem acumuláveis na atividade. [...] A importância da Administração Tributária foi reconhecida
expressamente pelo constituinte que acrescentou, no artigo 37 da
Art. 119, Lei nº 8.112/1990. O servidor não poderá exercer Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua precedência e de
mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará- seus servidores sobre os demais setores da Administração Pública,
grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em dentro de suas áreas de competência”41.
órgão de deliberação coletiva.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à re- Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá ser
muneração devida pela participação em conselhos de administra- criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
ção e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mis- de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
ta, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha
participação no capital social, observado o que, a respeito, dispu- Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislativa, em
ser legislação específica. cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas
no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas
Art. 120, Lei nº 8.112/1990. O servidor vinculado ao regime em empresa privada.
desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando
investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado Órgãos da administração indireta somente podem ser criados
de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver por lei específica e a criação de subsidiárias destes dependem de
compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, autorização legislativa (o Estado cria e controla diretamente deter-
declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades minada empresa pública ou sociedade de economia mista, e estas,
envolvidos. por sua vez, passam a gerir uma nova empresa, denominada sub-
sidiária. Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da acu-
40 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
mulação de cargos e funções públicas, regulamentam, no âmbito cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/artigos/
do serviço público federal a vedação genérica constante do art. almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
39 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- 41 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tributaria_
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. sao_paulo.htm
Didatismo e Conhecimento 42
CONHECIMENTOS GERAIS
parêntese para observar que quase todos os autores que abordam o A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encontra dis-
assunto afirmam categoricamente que, a despeito da referência no ciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
texto constitucional a ‘subsidiárias das entidades mencionadas no
inciso anterior’, somente empresas públicas e sociedades de eco- Art. 142, Lei nº 8.112/1990. A ação disciplinar prescreverá:
nomia mista podem ter subsidiárias, pois a relação de controle que I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição
de pessoas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias e de cargo em comissão;
fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos que, II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
se o legislador de um ente federado pretendesse, por exemplo, III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
autorizar a criação de uma subsidiária de uma fundação pública, § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
NÃO haveria base constitucional para considerar inválida sua au- fato se tornou conhecido.
torização”42. § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se
Ainda sobre a questão do funcionamento da administração in-
às infrações disciplinares capituladas também como crime.
direta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto nos §§ 8º e 9º
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo
do artigo 37, CF:
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamentária e por autoridade competente.
financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indi- § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
reta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, caben- Prescrição é um instituto que visa regular a perda do direito
do à lei dispor sobre: de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 anos para as
I - o prazo de duração do contrato; infrações mais graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, di- de suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de adver-
reitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; tência), contados da data em que o fato se tornou conhecido pela
III - a remuneração do pessoal. administração pública. Se a infração disciplinar for crime, valerão
os prazos prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos
Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às em- favoráveis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar
presas públicas e às sociedades de economia mista e suas subsi- a contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Da
diárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Dis- abertura da sindicância ou processo administrativo disciplinar até
trito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de a decisão final proferida por autoridade competente não corre a
pessoal ou de custeio em geral. prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa a contar do zero.
Passado o prazo, não caberá mais propor ação disciplinar.
Continua o artigo 37, CF:
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as res-
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados na trições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta
legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contra- e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
tados mediante processo de licitação pública que assegure igual-
dade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre o conflito
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições de interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Execu-
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá
tivo federal e impedimentos posteriores ao exercício do cargo ou
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis
emprego; e revoga dispositivos da Lei nº 9.986, de 18 de julho de
à garantia do cumprimento das obrigações.
2000, e das Medidas Provisórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o art. 2001, e 2.225-45, de 4 de setembro de 2001.
37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para li- Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
citações e contratos da Administração Pública e dá outras provi-
dências. Licitação nada mais é que o conjunto de procedimentos Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configuram
administrativos (administrativos porque parte da administração conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou emprego
pública) para as compras ou serviços contratados pelos governos no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos e restrições
Federal, Estadual ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. a ocupantes de cargo ou emprego que tenham acesso a informa-
De forma mais simples, podemos dizer que o governo deve com- ções privilegiadas, os impedimentos posteriores ao exercício do
prar e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licitação cargo ou emprego e as competências para fiscalização, avaliação
é um processo formal onde há a competição entre os interessados. e prevenção de conflitos de interesses regulam-se pelo disposto
nesta Lei.
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de prescrição
para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que 3) Atos de improbidade administrativa
causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administrativa, que
ressarcimento. é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo de desonesti-
42 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descompli- dade administrativa. A improbidade é uma lesão ao princípio da
cado. São Paulo: GEN, 2014. moralidade, que deve ser respeitado estritamente pelo servidor
Didatismo e Conhecimento 43
CONHECIMENTOS GERAIS
público. O agente ímprobo sempre será um violador do princípio b) Ato de improbidade administrativa que importe lesão
da moralidade, pelo qual “a Administração Pública deve agir com ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992)
boa-fé, sinceridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”43. O grupo intermediário de atos de improbidade administrativa
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada devido se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário ou aos cofres
ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes do serviço pú- públicos + gerando perda patrimonial ou dilapidação do patri-
blico que se intensificavam com a ineficácia do diploma então vi- mônio público. Assim como o artigo anterior, o caput descreve
gente, o Decreto-Lei nº 3240/41. Decorreu, assim, da necessidade a fórmula genérica e os incisos algumas atitudes específicas que
de acabar com os atos atentatórios à moralidade administrativa e exemplificam o seu conteúdo45.
causadores de prejuízo ao erário público ou ensejadores de enri- Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: desvio,
quecimento ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil. que é o direcionamento indevido; apropriação, que é a transferên-
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públicos cia indevida para a própria propriedade; malbaratamento, que sig-
passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos atos de im- nifica desperdício; e dilapidação, que se refere a destruição46.
probidade administrativa descritos nos artigos 9º, 10 e 11, ficando O objeto da tutela é a preservação do patrimônio público, em
sujeitos às penas do art. 12. A existência de esferas distintas de todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a ocorrência de
responsabilidade (civil, penal e administrativa) impede falar-se em dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
bis in idem, já que, ontologicamente, não se trata de punições idên- Este artigo admite expressamente a variante culposa, o que
ticas, embora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n° 939.142/
em esferas distintas do Direito.
RJ, apontou alguns aspectos da inconstitucionalidade do artigo.
Destaca-se um conceito mais amplo de agente público pre-
Contudo, “a jurisprudência do STJ consolidou a tese de que é in-
visto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º porque o agen-
dispensável a existência de dolo nas condutas descritas nos arti-
te público pode ser ou não um servidor público. Ele poderá estar
vinculado a qualquer instituição ou órgão que desempenhe direta- gos 9º e 11 e ao menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas
mente o interesse do Estado. Assim, estão incluídos todos os inte- quais o dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo com o
grantes da administração direta, indireta e fundacional, conforme ministro Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente
o preâmbulo da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade pri- não pretende atingir o resultado danoso, mas atua com negligência,
vada que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação ou imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”47. Para Carvalho
custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50% do patrimônio Filho48, não há inconstitucionalidade na modalidade culposa, lem-
ou receita anual. Caso a verba pública que tenha auxiliado uma brando que é possível dosar a pena conforme o agente aja com
entidade privada a qual o Estado não tenha concorrido para cria- dolo ou culpa.
ção ou custeio, também haverá sujeição às penalidades da lei. Em O ponto central é lembrar que neste artigo não se exige que o
caso de custeio/criação pelo Estado que seja inferior a 50% do sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas, basta o dano
patrimônio ou receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretan- ao erário. Se tiver recebido vantagem indevida, incide no artigo
to, nestes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o anterior. Exceto pela não percepção da vantagem indevida, os tipos
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. Signifi- exemplificados se aproximam muito dos previstos nos incisos do
ca que se o prejuízo causado for maior que a efetiva contribuição art. 9°.
por parte do poder público, o ressarcimento terá que ser buscado c) Ato de improbidade administrativa que atente con-
por outra via que não a ação de improbidade administrativa. tra os princípios da administração pública (artigo 11, Lei nº
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de impro- 8.429/1992)
bidade administrativa em três categorias: Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “constitui ato
a) Ato de improbidade administrativa que importe enri- de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
quecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992) administração pública qualquer ação ou omissão que viole os de-
O grupo mais grave de atos de improbidade administrativa se veres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito + resultante instituições [...]”. O grupo mais ameno de atos de improbidade
de uma vantagem patrimonial indevida + em razão do exercício administrativa se caracteriza pela simples violação a princípios
de cargo, mandato, emprego, função ou outra atividade nas enti-
da administração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude
dades do artigo 1° da Lei nº 8.429/1992.
do sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público.
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não se opõe
Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios gerais da
que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos ditames morais,
notadamente no desempenho de função de interesse estatal. administração pública49.
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial ilícita. lo: Método, 2011.
Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocorrido dano aos
45 Ibid.
cofres públicos (por exemplo, quando um policial recebe propina
46 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
pratica ato de improbidade administrativa, mas não atinge direta- nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
mente os cofres públicos).
47 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade administra-
Como fica difícil imaginar que alguém possa se enriquecer tiva: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponível em: <http://
ilicitamente por negligência, imprudência ou imperícia, todas as www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.tex-
condutas configuram atos dolosos (com intenção). Não cabe prá- to=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
tica por omissão.44 48 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
43 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 49 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau-
44 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau- lo: Método, 2011.
Didatismo e Conhecimento 44
CONHECIMENTOS GERAIS
O objeto de tutela são os princípios constitucionais. Basta a - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que en-
vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis o enriqueci- globa dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária e juros
mento ilícito e o dano ao erário. Somente é possível a prática de de mora.
algum destes atos com dolo (intenção), embora caiba a prática por - Perda de função pública: “se o agente é titular de mandato,
ação ou omissão. a perda se processa pelo instrumento de cassação. Sendo servidor
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade para estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço público. Havendo
não permitir a caracterização de abuso de poder, diante do conteú- contrato de trabalho (servidores trabalhistas e temporários), a per-
do aberto do dispositivo. Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, da da função pública se consubstancia pela rescisão do contrato
ou seja, que se aplica quando o ato de improbidade administrativa com culpa do empregado. No caso de exercer apenas uma função
não tiver gerado obtenção de vantagem pública, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação da
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não são designação”. Lembra-se que determinadas autoridades se sujeitam
crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na esfera cível, a procedimento especial para perda da função pública, ponto em
não criminal. Por isso, caso o ato configure simultaneamente um que não se aplica a Lei de Improbidade Administrativa.
ato de improbidade administrativa desta lei e um crime previsto na - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas
legislação penal, o que é comum no caso do artigo 9°, responderá flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados nesta mar-
o agente por ambos, nas duas esferas. gem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte forma: ini- cálculo, conforme o tipo de ato de improbidade (a base será o valor
cialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito passivo) e daqueles do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração
que podem praticar os atos de improbidade administrativa (sujeito do agente). A natureza da multa é de sanção civil, não possuindo
ativo); ainda, aborda a reparação do dano ao lesionado e o ressar- caráter indenizatório, mas punitivo.
cimento ao patrimônio público; após, traz a tipologia dos atos de - Proibição de receber benefícios: não se incluem as imunida-
improbidade administrativa, isto é, enumera condutas de tal natu- des genéricas e o agente punido deve ser ao menos sócio majoritá-
reza; seguindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, rio da instituição vitimada.
descreve os procedimentos administrativo e judicial. - Proibição de contratar: o agente punido não pode participar
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente obtém um de processos licitatórios.
enriquecimento ilícito (vantagem econômica indevida) e pode ain-
da causar dano ao erário, por isso, deverá não só reparar eventual
4) Responsabilidade civil do Estado e de seus servidores
dano causado mas também colocar nos cofres públicos tudo o que
O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do di-
adquiriu indevidamente. Ou seja, poderá pagar somente o que enri-
reito obrigacional, uma vez que a principal consequência da prá-
queceu indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo
tica de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de
causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de
reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que se re-
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento ilícito,
fere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em
mas sempre existirá dano ao erário, o qual será reparado (even-
tualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o valor ad- omissão que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
quirido ser tomado pelo Estado). Já no artigo 11, o máximo que decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.52
pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarcimento. Além A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, podendo
disso, em todos os casos há perda da função pública. Nas três ca- recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites da heran-
tegorias, são estabelecidas sanções de suspensão dos direitos polí- ça, embora existam reflexos na ação que apure a responsabilidade
ticos, multa e vedação de contratação ou percepção de vantagem, civil conforme o resultado na esfera penal (por exemplo, uma ab-
graduadas conforme a gravidade do ato. É o que se depreende da solvição por negativa de autoria impede a condenação na esfera
leitura do artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, cível, ao passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
CF, que prevê: “Os atos de improbidade administrativa impor- A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocínio
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pú- de que a principal consequência da prática de um ato ilícito é a
blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal o pagamento de indenização que se refere às perdas e danos. To-
cabível”. dos os cidadãos se sujeitam às regras da responsabilidade civil,
A única sanção que se encontra prevista na Lei nº 8.429/1992 tanto podendo buscar o ressarcimento do dano que sofreu quanto
mas não na Constituição Federal é a de multa. (art. 37, §4°, CF). respondendo por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o
Não há nenhuma inconstitucionalidade disto, pois nada impediria Estado tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos
que o legislador infraconstitucional ampliasse a relação mínima de danos que seus agentes causem durante a prestação do serviço,
penalidades da Constituição, pois esta não limitou tal possibilidade inclusive se tais danos caracterizarem uma violação aos direitos
e porque a lei é o instrumento adequado para tanto50. humanos reconhecidos.
Carvalho Filho51 tece considerações a respeito de algumas das Trata-se de responsabilidade extracontratual porque não de-
sanções: pende de ajuste prévio, basta a caracterização de elementos genéri-
- Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre os bens cos pré-determinados, que perpassam pela leitura concomitante do
acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se alcançasse Código Civil (artigos 186, 187 e 927) com a Constituição Federal
anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem escora constitu- (artigo 37, §6°).
cional. Além disso, o acréscimo deve derivar de origem ilícita”. Genericamente, os elementos da responsabilidade civil se en-
50 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- contram no art. 186 do Código Civil:
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. 52 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed.
51 Ibid. São Paulo: Saraiva, 2005.
Didatismo e Conhecimento 45
CONHECIMENTOS GERAIS
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, sador direto do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a ou- considerada a existência de uma relação obrigacional que se forma
trem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. entre a vítima e a instituição que o agente compõe.
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente causar
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade civil, aos membros da sociedade, mas se este agente agiu com dolo ou
que tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago à vítima. O agente
não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do causará danos ao praticar condutas incompatíveis com o compor-
agente (dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e tamento ético dele esperado.53
culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito A responsabilidade civil do servidor exige prévio processo
entre a ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo administrativo disciplinar no qual seja assegurado contraditório
sofrido pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou e ampla defesa. Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou
material, econômico e não econômico). com culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor que
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial e anor- gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (administrado),
mal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano específico, o servidor terá o dever de indenizar.
individualizado, que atinge determinada ou determinadas pessoas. Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos violado-
Anormal é o dano que ultrapassa os problemas comuns da vida res de direitos humanos se sujeitam à responsabilidade penal e
em sociedade (por exemplo, infelizmente os assaltos são comuns à responsabilidade administrativa, todas autônomas uma com
e o Estado não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que relação à outra e à já mencionada responsabilidade civil. Neste
na circunstância específica possuía o dever de impedir o assalto, sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90:
como no caso de uma viatura presente no local - muito embora o
direito à segurança pessoal seja um direito humano reconhecido). Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais e ad-
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe dentro da ministrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
administração pública, tenha ingressado ou não por concurso, pos-
sua cargo, emprego ou função. Envolve os agentes políticos, os No caso da responsabilidade civil, o Estado é diretamente
servidores públicos em geral (funcionários, empregados ou tem- acionado e responde pelos atos de seus servidores que violem di-
porários) e os particulares em colaboração (por exemplo, jurado reitos humanos, cabendo eventualmente ação de regresso contra
ou mesário). ele. Contudo, nos casos da responsabilidade penal e da responsa-
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta quali- bilidade administrativa aciona-se o agente público que praticou o
dade - é preciso que o agente esteja lançando mão das prerrogati- ato.
vas do cargo, não agindo como um particular. São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser pratica-
dos pelo agente público no exercício de sua função que violam
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o Estado
direitos humanos. A título de exemplo, peculato, consistente em
para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mais relevante
apropriação ou desvio de dinheiro público (art. 312, CP), que viola
que tenha sido a esfera de direitos atingida. Assim, não é qual-
o bem comum e o interesse da coletividade; concussão, que é a
quer dano que permite a responsabilização civil do Estado, mas
exigência de vantagem indevida (art. 316, CP), expondo a vítima
somente aquele que é causado por um agente público no exercício
a uma situação de constrangimento e medo que viola diretamente
de suas funções e que exceda as expectativas do lesado quanto à
sua dignidade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano,
atuação do Estado.
cuja pena é agravada quando praticada por funcionário público
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os direi- (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc.
tos humanos, porque o Estado é uma ficção formada por um gru- Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-se, a tí-
po de pessoas que desempenham as atividades estatais diversas. tulo de exemplo, as penalidades cabíveis descritas no art. 127 da
Assim, viola direitos humanos não o Estado em si, mas o agente Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo funcionário que violar a
que o representa, fazendo com que o próprio Estado seja responsa- ética do serviço público, como advertência, suspensão e demissão.
bilizado por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação Evidencia-se a independência entre as esferas civil, penal e
dos danos materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, administrativa no que tange à responsabilização do agente público
caberá ação de regresso se agiram com dolo ou culpa. que cometa ato ilícito.
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: Tomadas as exigências de características dos danos acima co-
lacionadas, notadamente a anormalidade, considera-se que para o
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público e as Estado ser responsabilizado por um dano, ele deve exceder ex-
de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir do Estado uma ex-
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a ter- cepcional vigilância da sociedade e a plena cobertura de todas as
ceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos fatalidades que possam acontecer em território nacional.
casos de dolo ou culpa. Diante de tal premissa, entende-se que a responsabilidade ci-
vil do Estado será objetiva apenas no caso de ações, mas sub-
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídica jetiva no caso de omissões. Em outras palavras, verifica-se se o
autônoma entre o Estado e o agente público que causou o dano Estado se omitiu tendo plenas condições de não ter se omitido, isto
no desempenho de suas funções. Nesta relação, a responsabilidade é, ter deixado de agir quando tinha plenas condições de fazê-lo,
civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do acarretando em prejuízo dentro de sua previsibilidade.
agente pelo dano causado, ao qual foi anteriormente condenado a 53 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau-
reparar. Direito de regresso é justamente o direito de acionar o cau- lo: Método, 2011.
Didatismo e Conhecimento 46
CONHECIMENTOS GERAIS
São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade omis- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
siva do Estado: morte de filho menor em creche municipal, bura- de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
cos não sinalizados na via pública, tentativa de assalto a usuário públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi-
do metrô resultando em morte, danos provocados por enchentes e tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração
escoamento de águas pluviais quando o Estado sabia da problemá- de convênios ou contratos entre os entes federados.
tica e não tomou providência para evitá-las, morte de detento em § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
prisão, incêndio em casa de shows fiscalizada com negligência, disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, XVII,
etc. XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requi-
Logo, não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há sitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o
excludentes da responsabilidade estatal, notadamente: a) caso exigir.
fortuito (fato de terceiro) ou força maior (fato da natureza) fora dos § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
alcances da previsibilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima. Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni-
5) Exercício de mandato eletivo por servidores públicos ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servidor pú- prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
blico encontra previsão constitucional em seu artigo 38, que nota- obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
damente estabelece quais tipos de mandatos geram incompatibi- § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
lidade ao serviço público e regulamenta a questão remuneratória: nicípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor re-
muneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso,
Artigo 38, CF. Ao servidor público da administração direta, o disposto no art. 37, XI.
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, apli- § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publica-
cam-se as seguintes disposições: rão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos car-
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distri- gos e empregos públicos.
tal, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, nicípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários prove-
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remune- nientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autar-
ração; quia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo-
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público,
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso ante- § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
rior; carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercí-
cio de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para Artigo 40, CF. Aos servidores titulares de cargos efetivos da
todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluí-
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afas- das suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previ-
tamento, os valores serão determinados como se no exercício es- dência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição
tivesse. do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio fi-
6) Regime de remuneração e previdência dos servidores nanceiro e atuarial e o disposto neste artigo.
públicos § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de
Regulamenta-se o regime de remuneração e previdência dos que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proven-
servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constituição Federal: tos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:
I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcio-
Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os nais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente
Municípios instituirão conselho de política de administração e re- em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou
muneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos incurável, na forma da lei;
respectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tem-
nº 19, de 1998 e aplicação suspensa pela ADIN nº 2.135-4, des- po de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75
tacando-se a redação anterior: “A União, os Estados, o Distrito (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competên- III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de
cia, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no
da administração pública direta, das autarquias e das fundações cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as se-
públicas”). guintes condições:
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais com- a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se
ponentes do sistema remuneratório observará: homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição,
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade se mulher;
dos cargos componentes de cada carreira; b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos
II - os requisitos para a investidura; de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de
III - as peculiaridades dos cargos. contribuição.
Didatismo e Conhecimento 47
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respec- desde que instituam regime de previdência complementar para os
tivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fi-
que serviu de referência para a concessão da pensão. xar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por oca- pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido
sião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utili- para os benefícios do regime geral de previdência social de que
zadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de trata o art. 201.
previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. § 15. O regime de previdência complementar de que trata o
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Exe-
para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime
cutivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no
de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis
que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência
complementares, os casos de servidores:
I - portadores de deficiência; complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
II - que exerçam atividades de risco; participantes planos de benefícios somente na modalidade de con-
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais tribuição definida.
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis-
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão posto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver in-
reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, a, gressado no serviço público até a data da publicação do ato de ins-
para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo tituição do correspondente regime de previdência complementar.
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensi- § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o
no fundamental e médio. cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualiza-
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos dos, na forma da lei.
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposenta-
de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência dorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo
previsto neste artigo. que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com
morte, que será igual: percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor faleci- cargos efetivos.
do, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado
geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de
setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposen- as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no §
tado à data do óbito; ou 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição
cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo previdenciária até completar as exigências para aposentadoria
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência so- compulsória contidas no § 1º, II.
cial de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da par- § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio
cela excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito. de previdência social para os servidores titulares de cargos efe-
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para pre- tivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em
servar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme crité- cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.
rios estabelecidos em lei. § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape-
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão
será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os be-
correspondente para efeito de disponibilidade. nefícios do regime geral de previdência social de que trata o art.
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta- 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for
gem de tempo de contribuição fictício. portador de doença incapacitante.
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acu-
7) Estágio probatório e perda do cargo
mulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a ser lido
atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previ-
dência social, e ao montante resultante da adição de proventos em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990:
de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma
desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre Artigo 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exercí-
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. cio os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em
§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência virtude de concurso público.
dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
de previdência social. II - mediante processo administrativo em que lhe seja asse-
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em gurada ampla defesa;
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem III - mediante procedimento de avaliação periódica de de-
como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se sempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla de-
o regime geral de previdência social. fesa.
Didatismo e Conhecimento 48
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disciplina do
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estágio probatório mudou, notadamente aumentando o prazo de 2
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indeniza- anos para 3 anos. Tendo em vista que a norma constitucional pre-
ção, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com valece sobre a lei federal, mesmo que ela não tenha sido atualiza-
remuneração proporcional ao tempo de serviço. da, deve-se seguir o disposto no artigo 41 da Constituição Federal.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- Uma vez adquirida a aprovação no estágio probatório, o ser-
vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor- vidor público somente poderá ser exonerado nos casos do §1º do
cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em artigo 40 da Constituição Federal, notadamente: em virtude de
outro cargo. sentença judicial transitada em julgado; mediante processo ad-
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obri- ministrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; ou me-
gatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituí- diante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na
da para essa finalidade. forma de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta
lei complementar ainda inexistente no âmbito federal.
Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o servidor
nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio
8) Dos militares
probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o
Prevê o artigo 42, CF:
qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o
desempenho do cargo, observados os seguinte fatores:
I - assiduidade; Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-
II - disciplina; beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia
III - capacidade de iniciativa; e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
IV - produtividade; Territórios.
V - responsabilidade. § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro- e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as dispo-
batório, será submetida à homologação da autoridade competente sições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º,
a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art.
constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos
lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo respectivos governadores.
da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito
a V do caput deste artigo. Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específi-
§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exo- ca do respectivo ente estatal.
nerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupa-
do, observado o disposto no parágrafo único do art. 29. Ordem Social: Disposição Geral.
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer quais-
quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, CAPÍTULO I
chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so- DISPOSIÇÃO GERAL
mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão Art. 193. A ordem social tem como base o primado do traba-
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis lho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
6, 5 e 4, ou equivalentes. Ordem social é a expressão que se refere à organização da
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser sociedade, proporcionando o bem-estar e a justiça social. Neste
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81,
sentido, invariavelmente seus vetores se ligam aos direitos econô-
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar
micos, sociais e culturais, bem como aos direitos difusos e coleti-
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para
vos (notadamente ambiental).
outro cargo na Administração Pública Federal.
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e
os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim
na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado
a partir do término do impedimento. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS HUMANOS;
O estágio probatório pode ser definido como um lapso de
tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão avaliadas
de acordo com critérios de assiduidade, disciplina, capacidade de
iniciativa, produtividade e responsabilidade. O servidor não apro-
vado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, recon- DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMA-
duzido ao cargo anteriormente ocupado. Não existe vedação para NOS
um servidor em estágio probatório exercer quaisquer cargos de
provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso- Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações
ramento no órgão ou entidade de lotação. Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948.
Didatismo e Conhecimento 49
CONHECIMENTOS GERAIS
Preâmbulo Artigo 4
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravi-
todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e dão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas for-
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mas.
mundo,
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos Artigo 5
humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou casti-
da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e go cruel, desumano ou degradante.
homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de
viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a Artigo 6
mais alta aspiração do ser humano comum, Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares,
Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam reconhecido como pessoa perante a lei.
protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja
compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a Artigo 7
opressão, Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis-
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
relações amistosas entre as nações, contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, contra qualquer incitamento a tal discriminação.
na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dig-
nidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do Artigo 8
homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais
melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos
Considerando que os Países-Membros se comprometeram a fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou
promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni- pela lei.
versal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a
observância desses direitos e liberdades,
Artigo 9
Considerando que uma compreensão comum desses direitos
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento
desse compromisso,
Artigo 10
Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente De-
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa
claração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a
e pública audiência por parte de um tribunal independente e impar-
ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo
cial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qual-
de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre
em mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da quer acusação criminal contra ele.
educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e,
pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e inter- Artigo 11
nacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância 1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países- de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido
Membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe te-
nham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
Artigo 1 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que,
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou
e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em internacional. Também não será imposta pena mais forte de que
relação uns aos outros com espírito de fraternidade. aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo 2 Artigo 12
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direi- Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na
tos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem dis- sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à
tinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, reli- sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da
gião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional lei contra tais interferências ou ataques.
ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição Artigo 13
política, jurídica ou internacional do país ou território a que per- 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de loco-
tença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob moção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.
tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limita- 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive
ção de soberania. o próprio e a esse regressar.
Artigo 3 Artigo 14
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança 1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de
pessoal. procurar e de gozar asilo em outros países.
Didatismo e Conhecimento 50
CONHECIMENTOS GERAIS
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição Artigo 23
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de
contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção
contra o desemprego.
Artigo 15 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. igual remuneração por igual trabalho.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalida- 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune-
de, nem do direito de mudar de nacionalidade. ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí-
lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que
Artigo 16 se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles
restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de ingressar para proteção de seus interesses.
contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais di-
Artigo 24
reitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a
2. O casamento não será válido senão com
limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas
o livre e pleno consentimento dos nubentes. periódicas.
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem
direito à proteção da sociedade e do Estado. Artigo 25
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz
Artigo 17 de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive ali-
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em so- mentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços
ciedade com outros. sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desem-
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. prego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda
dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
Artigo 18 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, cons- especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimô-
ciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de reli- nio, gozarão da mesma proteção social.
gião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença
pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular. Artigo 26
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A ins-
Artigo 19 trução será gratuita, pelo menos nos graus elementa-
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres- res e fundamentais. A instrução elementar será obrigató-
são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi- ria. A instrução técnico-profissional será acessível a todos,
niões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
quaisquer meios e independentemente de fronteiras. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi-
mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito
Artigo 20 pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais.
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso- A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade
ciação pacífica. entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará
as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associa-
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instru-
ção.
ção que será ministrada a seus filhos.
Artigo 21 Artigo 27
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo 1. Todo ser humano tem o direito de participar livre-
de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre- mente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e
mente escolhidos. de participar do progresso científico e de seus benefícios.
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e
público do seu país. materiais decorrentes de qualquer produção científica literária ou
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; artística da qual seja autor.
essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por
sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que Artigo 28
assegure a liberdade de voto. Todo ser humano tem direito a uma ordem social e interna-
cional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente
Artigo 22 Declaração possam ser plenamente realizados.
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à
segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera- Artigo 29
ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada 1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual
Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. 2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará
Didatismo e Conhecimento 51
CONHECIMENTOS GERAIS
sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente Parágrafo único - Os vencimentos dos cargos públicos obede-
com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direi- cerão a padrões previamente fixados em lei.
tos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da mo-
ral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. Art. 4º - Os cargos são de carreira ou isolados.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser Parágrafo único - São de carreira os que se integram em clas-
exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações ses e correspondem a uma profissão; isolados, os que não se podem
Unidas. integrar em classes e correspondem a certa e determinada função.
(Vide Lei nº 10.961, de 14/12/1992.)
Artigo 30
Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser inter- Art. 5º - Classe é um agrupamento de cargos da mesma profis-
são e de igual padrão de vencimento.
pretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pes-
soa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer
Art. 6º - Carreira é um conjunto de classes da mesma profis-
ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades são, escalonadas segundo os padrões de vencimentos.
aqui estabelecidos.
Art. 7º - As atribuições de cada carreira serão definidas em
regulamento.
Parágrafo único - Respeitada essa regulamentação, as atribui-
ções inerentes a uma carreira podem ser cometidas, indistintamen-
LEI ESTADUAL Nº 869, DE 05 DE JULHO te, aos funcionários de suas diferentes classes.
DE 1.952 E SUAS ALTERAÇÕES POSTE-
RIORES - ESTATUTO DOS FUNCIONÁ- Art. 8º - Quadro é um conjunto de carreiras, de cargos isolados
RIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE e de funções gratificadas.
MINAS GERAIS;
Art. 9º - Não haverá equivalência entre as diferentes carreiras,
nem entre cargos isolados ou funções gratificadas.
TÍTULO I
Do Provimento
LEI 869 DE 05/07/1952 - TEXTO ATUALIZADO CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do
Estado de Minas Gerais. Art. 10 - Os cargos públicos são acessíveis a todos os brasilei-
ros, observados os requisitos que a lei estabelecer.
(Vide Lei nº 10.254, de 20/7/1990.) Parágrafo único - Os cargos de carreira serão de provimento
(Vide inciso I do art. 8º da Lei nº 20.010, de 5/1/2012.) efetivo; os isolados, de provimento efetivo ou em comissão, se-
gundo a lei que os criar.
O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus representantes, (Vide Lei nº 10.961, de 14/12/1992.)
decretou e eu, em seu nome, sanciono a seguinte Lei:
Art. 11 - Compete ao Governador do Estado prover, na forma
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES da lei e com as ressalvas estatuídas na Constituição, os cargos pú-
blicos estaduais.
Art. 1º - Esta lei regula as condições do provimento dos cargos
públicos, os direitos e as vantagens, os deveres e responsabilidades Art. 12 - Os cargos públicos são providos por:
dos funcionários civis do Estado. I - Nomeação;
Parágrafo único - As suas disposições aplicam-se igualmente II - Promoção;
ao Ministério Público e ao Magistério. III - Transferência;
(Vide art. 171 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) IV - Reintegração;
(Vide art. 85 da Lei Complementar nº 30, de 10/8/1993.) V - Readmissão;
(Vide art. 232 da Lei Complementar nº 34, de 12/9/1994.) (Vide art. 35 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
(Vide art. 301 da Lei Complementar nº 59, de 18/1/2001.) (Vide art. 40 da Lei nº 10.961, de 14/12/1992.)
(Vide art. 2° da Lei Complementar nº 85, de 28/12/2005.) VI - Reversão;
VII - Aproveitamento.
Art. 2º - Funcionário público é a pessoa legalmente investida
em cargo público. Art. 13 - Só poderá ser provido em cargo público quem satis-
fizer os seguintes requisitos:
Art. 3º - Cargo público, para os efeitos deste estatuto, é o cria- I - ser brasileiro;
do por lei em número certo, com a denominação própria e pago II - ter completado dezoito anos de idade;
pelos cofres do Estado. III - haver cumprido as obrigações militares fixadas em lei;
Didatismo e Conhecimento 52
CONHECIMENTOS GERAIS
IV - estar em gozo dos direitos políticos; (Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
V - ter boa conduta; (Vide Lei nº 11.867, de 28/7/1995.)
VI - gozar de boa saúde, comprovada em inspeção médica; (Vide Lei Complementar nº 73, de 30/7/2003.)
VII - ter-se habilitado previamente em concurso, salvo quando
se tratar de cargos isolados para os quais não haja essa exigência; Art. 18 - Não ficarão sujeitos a limites de idade, para inscrição
VIII - ter atendido às condições especiais, inclusive quanto à em concurso e nomeação, os ocupantes de cargos efetivos ou fun-
idade, prescrita no respectivo edital de concurso. ções públicas estaduais.
(Inciso com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 6.871, de (Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
17/9/1976.) (Vide Lei nº 11.867, de 28/7/1995.)
Parágrafo único - (Revogado pelo art. 2º da Lei nº 6.871, de
(Vide Lei Complementar nº 73, de 30/7/2003.)
17/9/1976.)
Dispositivo revogado:
“Parágrafo único - Não poderá ser investido em cargo inicial Art. 19 - Os concursos deverão realizar-se dentro dos seis me-
de carreira a pessoa que contar mais de 40 anos de idade.” ses seguintes ao encerramento das respectivas inscrições.
Parágrafo único - Realizado o concurso será expedido, pelo
CAPÍTULO II órgão competente, o certificado de habilitação.
Da nomeação (Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
SEÇÃO I (Vide Lei nº 11.867, de 28/7/1995.)
Disposições Gerais (Vide Lei Complementar nº 73, de 30/7/2003.)
Didatismo e Conhecimento 53
CONHECIMENTOS GERAIS
SEÇÃO IV § 2º - O substituto perderá, durante o tempo da substituição, o
Do Estágio Probatório vencimento ou remuneração do cargo de que for ocupante efetivo,
(Vide art. 35 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) salvo no caso de função gratificada e opção.
(O Parágrafo 2º foi revogado pelo art. 21 da Lei nº 4.185, de
Art. 23 - Estágio probatório é o período de dois anos de efeti- 30/5/1966, sendo o Parágrafo 3º renumerado para Parágrafo 2º
vo exercício do funcionário nomeado em virtude de concurso, e de pelo mesmo artigo da Lei.)
cinco anos para os demais casos. (Vide art. 289 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
(Vide art. 14 do Decreto nº 43.764, de 16/3/2004.)
§ 1º - No período de estágio apurar-se-ão os seguintes requi- CAPÍTULO III
sitos: Da Promoção
I - idoneidade moral;
II - assiduidade; Art. 26 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
III - disciplina; 16/10/1994.)
IV - eficiência. Dispositivo revogado:
§ 2º - Não ficará sujeito a novo estágio probatório o funcio- “Art. 26 - As promoções obedecerão ao critério de antiguidade
nário que, nomeado para outro cargo público, já houver adquirido de classe e ao de merecimento alternadamente, sendo a primeira
estabilidade em virtude de qualquer prescrição legal. sempre pelo critério de antiguidade.
§ 3º - Sem prejuízo da remessa periódica do boletim de mere- § 1º - O critério a que obedecer a promoção deverá vir expres-
cimento ao Serviço de Pessoal, o diretor da repartição ou serviço so no decreto respectivo.
em que sirva o funcionário, sujeito ao estágio probatório, quatro § 2º - Somente se dará promoção de uma classe à imediata-
meses antes da terminação deste, informará reservadamente ao mente superior.”
Órgão de Pessoal sobre o funcionário, tendo em vista os requisitos (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
enumerados nos itens I a IV deste artigo.
§ 4º - Em seguida, o Órgão de Pessoal formulará parecer escri- Art. 27 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
to, opinando sobre o merecimento do estagiário em relação a cada 16/10/1964.)
um dos requisitos e concluindo a favor ou contra a confirmação.
Dispositivo revogado:
§ 5º - Desse parecer, se contrário à confirmação, será dada
“Art. 27 - A promoção por antiguidade recairá no funcionário
vista ao estagiário pelo prazo de cinco dias.
mais antigo na classe.”
§ 6º - Se o despacho do Governador do Estado for favorável
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
à permanência do funcionário, a confirmação não dependerá de
qualquer novo ato.
Art. 28 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
§ 7º - A apuração dos requisitos de que trata este artigo deverá
16/10/1964.)
processar-se de modo que a exoneração do funcionário possa ser
feita antes de findo o período de estágio. Dispositivo revogado:
(Vide art. 33 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) “Art. 28 - A promoção por merecimento recairá no funcioná-
(Vide art. 104 do Ato das Disposições Constitucionais Tran- rio de maior mérito, segundo dados objetivos apurados na forma
sitórias.) do regulamento.”
(Vide art. 10 da Emenda à Constituição n° 49, de 13/6/2001.) (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
Didatismo e Conhecimento 54
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 31 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de Art. 35 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
16/10/1964) 16/10/1964.)
Dispositivo revogado: Dispositivo revogado:
“Art. 31 - A antiguidade de classe será determinada pelo tem- “Art. 35 - Não serão considerados, para efeito dos arts. 33 e
po de efetivo exercício do funcionário na classe a que pertencer. 34, os filhos maiores e os que exerçam qualquer atividade remune-
§ 1º - Quando houver fusão de classes, o funcionário contará rada pública ou privada.
na nova classe também a antiguidade que trouxer da anterior. Parágrafo único - Também não será considerado para o mes-
§ 2º - No caso do parágrafo precedente, serão promovidos, mo efeito o estado de casado, desde que ambos os cônjuges sejam
em primeiro lugar, os funcionários que eram ocupantes dos cargos servidores públicos.”
da classe superior, obedecendo-se o mesmo critério em ordem de- (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
crescente.
§ 3º - O funcionário, exonerado na forma do § 6º, do art. 20, Art. 36 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
que for nomeado em virtude de habilitação no mesmo concurso, 16/10/1964.)
contará, como antiguidade de classe o tempo de efetivo exercício
Dispositivo revogado:
na interinidade.”
“Art. 36 - O tempo de exercício para verificação de antiguida-
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
de de classe será apurado somente em dias.”
Art. 32 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
16/10/1964.)
Dispositivo revogado: Art. 37 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
“Art. 32 - A antiguidade de classe no caso de transferência, a 16/10/1964.)
pedido, ou por permuta, será contada da data em que o funcionário Dispositivo revogado:
entrar em exercício na nova classe. “Art. 37 - As promoções serão processadas e realizadas em
Parágrafo único - Se a transferência ocorrer “ex-officio”, no época fixada em regulamento.”
interesse da administração, serão levados em conta o tempo de efe- (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
tivo exercício e o merecimento na classe a que pertencia.”
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) Art. 38 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
16/10/1964)
Art. 33 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de Dispositivo revogado:
16/10/1964.) “Art. 38 - O funcionário suspenso poderá ser promovido, mas
Dispositivo revogado: a promoção ficará sem efeito, se verificada a procedência da pena-
“Art. 33 - Na classificação por antiguidade, quando ocorrer lidade aplicada.
empate no tempo de classe, terá preferência, sucessivamente: Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o funcionário só
a) o funcionário mais antigo na carreira; perceberá o vencimento correspondente à nova classe quando tor-
b) o mais antigo no Serviço Público Estadual; nada sem efeito a penalidade aplicada, caso em que a promoção
c) o que tiver maior tempo de serviço público; surtirá efeito a partir da data de sua publicação.”
d) o funcionário casado ou viúvo que tiver maior número de (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
filhos;
e) o casado; Art. 39 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
f) o solteiro que tiver filhos reconhecidos; 16/10/1964.)
g) o mais idoso.” Dispositivo revogado:
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
“Art. 39 - Será declarado sem efeito em benefício daquele a
quem cabia de direito a promoção, o decreto que promover indevi-
Art. 34 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
damente o funcionário.
16/10/1964.)
Dispositivo revogado: § 1º - O funcionário promovido indevidamente não ficará
“Art. 34 - No caso de igualdade de merecimento adotar-se-á obrigado a restituir o que a mais houver recebido.
como fator de desempate, sucessivamente: § 2º - O funcionário, a quem cabia a promoção, será indeniza-
a) o fato de ter o funcionário participado em operação de guer- do da diferença de vencimento ou remuneração a que tiver direito,
ra; ficando essa indenização a cargo de quem, comprovadamente, te-
b) o funcionário mais antigo na classe; nha ocasionado a indevida promoção.”
c) o funcionário mais antigo na carreira; (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
d) o mais antigo no Serviço Público Estadual;
e) o que tiver maior tempo de serviço público; Art. 40 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
f) o funcionário casado ou viúvo que tiver maior número de 16/10/1964.)
filhos; Dispositivo revogado:
g) o casado; “Art. 40 - Os funcionários que demonstrarem parcialidade no
h) o solteiro que tiver filhos reconhecidos; julgamento do merecimento serão punidos disciplinarmente pela
i) o mais idoso.” autoridade a que estiverem subordinados.”
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
Didatismo e Conhecimento 55
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 41 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de CAPÍTULO V
16/10/1964.) Da Permuta
Dispositivo revogado:
“Art. 41 - A promoção de funcionário em exercício de manda- Art. 49 - A transferência e a remoção por permuta serão pro-
to legislativo só se poderá fazer por antiguidade.” cessadas a pedido escrito de ambos os interessados e de acordo
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) com o prescrito no Capítulo IV desse Título e no Título II.
Parágrafo único - Tratando-se de permuta entre titulares de
Art. 42 - (Vetado). cargos isolados, não será obrigatória a regra instituída no artigo 46.
(Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de 16/10/1964). (Vide art. 70 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) (Vide art. 40 da Lei nº 9.381, de 18/12/1986.)
(Vide art. 1° da Lei nº 9.938, de 26/7/1989.)
Art. 43 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de (Vide art. 65 da Lei nº 11.050, de 19/1/1993.)
16/10/1964.)
Dispositivo revogado: CAPÍTULO VI
“Art. 43 - Na apuração de antiguidade e merecimento, só Da Reintegração
serão observados os critérios estabelecidos nesta lei e no regula-
mento de promoções, não devendo ser considerados, em hipótese Art. 50 - A reintegração, que decorrerá de decisão administra-
alguma, os pedidos de promoções feito pelo funcionário ou por tiva ou sentença judiciária passada em julgado, é o ato pelo qual o
alguém a seu rogo. funcionário demitido reingressa no serviço público, com ressarci-
Parágrafo único - Não se compreendem neste artigo os recur- mento dos prejuízos decorrentes do afastamento.
sos interpostos pelo funcionário relativamente a apuração de anti- § 1º - A reintegração será feita no cargo anteriormente ocu-
guidade ou merecimento.” pado se esse houver sido transformado, no cargo resultante da
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) transformação; e, se provido ou extinto, em cargo de natureza,
vencimento ou remuneração equivalentes, respeitada a habilitação
CAPÍTULO IV profissional.
§ 2º - Não sendo possível fazer a reintegração pela forma pres-
Da Transferência
crita no parágrafo anterior, será o ex-funcionário posto em disponi-
bilidade no cargo que exercia, com provento igual ao vencimento
Art. 44 - O funcionário poderá ser transferido:
ou remuneração.
I - de uma para outra carreira;
§ 3º - O funcionário reintegrado será submetido a inspeção
II - de um cargo isolado, de provimento efetivo e que exija
médica; verificada a incapacidade será aposentado no cargo em
concurso, para outro de carreira;
que houver sido reintegrado.
III - de um cargo de carreira para outro isolado, de provimento (Vide § 2º do inciso III do art. 35 da Constituição do Estado
efetivo; de Minas Gerais.)
IV - de um cargo isolado, de provimento efetivo, para outro
da mesma natureza. CAPÍTULO VII
Da Readmissão
Art. 45 - As transferências, de qualquer natureza, serão feitas
a pedido do funcionário, atendida a conveniência do serviço ou Art. 51 - (Revogado pelo art. 42 da Lei nº 5.945, de 11/7/1972.)
“ex-officio” respeitada sempre a habilitação profissional. Dispositivo revogado:
§ 1º - A transferência a pedido para o cargo de carreira só “Art. 51 - Readmissão é o ato pelo qual o funcionário demi-
poderá ser feita para vaga que tenha de ser provida mediante pro- tido ou exonerado reingressa no serviço público sem direito a res-
moção por merecimento. sarcimento de prejuízos, assegurada, apenas, a contagem de tempo
§ 2º - As transferências para cargos de carreira não poderão de serviço em cargos anteriores, para efeito de aposentadoria e
exceder de um terço dos cargos de cada classe e só poderão ser disponibilidade.
efetuadas no mês seguinte ao fixado para as promoções. Parágrafo único - Em nenhum caso poderá efetuar-se readmis-
(Vide § 13 do art. 14 da Constituição do Estado de Minas Ge- são sem que mediante inspeção médica, fique provada a capacida-
rais.) de para o exercício da função.”
(Vide arts. 28 e 107 do Ato das Disposições Constitucionais
Art. 46 - A transferência só poderá ser feita para cargo do mes- Transitórias.)
mo padrão de vencimento ou igual remuneração, salvo nos casos
dos itens III e IV do art. 44, quando a transferência a pedido poderá Art. 52 - (Revogado pelo art. 42 da Lei nº 5.945, de 11/7/1972.)
dar-se para cargo de padrão de vencimento inferior. Dispositivo revogado:
“Art. 52 - O ex-funcionário poderá ser readmitido, quando
Art. 47 - A transferência “ex-officio”, no interesse da admi- ficar apurado, em processo, que não mais subsistem os motivos
nistração, será feita mediante proposta do Secretário de Estado ou determinantes de sua demissão ou verificado que não há incon-
Chefe do departamento autônomo. veniência para o serviço público, quando a exoneração se tenha
processado a pedido.”
Art. 48 - O interstício para a transferência será de 365 dias na (Vide arts. 28 e 107 do Ato das Disposições Constitucionais
classe e no cargo isolado. Transitórias.)
Didatismo e Conhecimento 56
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 53 - (Revogado pelo art. 42 da Lei nº 5.945, de 11/7/1972.) Art. 59 - Havendo mais de um concorrente à mesma vaga terá
Dispositivo revogado : preferência o de maior tempo de disponibilidade e, no caso de em-
“Art. 53 - A readmissão, que se entenderá como nova admis- pate, o de maior tempo de serviço público.
são, far-se-á de preferência no cargo anteriormente exercido pelo
ex-funcionário ou em outro equivalente, respeitada a habilitação Art. 60 - Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada
profissional e as condições que a lei fixar para o provimento. a disponibilidade se o funcionário não tomar posse no prazo legal,
Parágrafo único - A readmissão em cargo de carreira depende- salvo caso de doença comprovada em inspeção médica.
rá da existência de vaga que deva ser preenchida mediante promo- Parágrafo único - Provada a incapacidade definitiva em inspe-
ção por merecimento.” ção médica, será decretada a aposentadoria.
(Vide arts. 28 e 107 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias.) CAPÍTULO X
Dos Atos Complementares
CAPÍTULO VIII SEÇÃO I
Da Reversão Da Posse
Art. 54 - Reversão é o ato pelo qual o aposentado reingresse Art. 61 - Posse é o ato que investe o cidadão em cargo ou em
no serviço público, após verificação, em processo, de que não sub- função gratificada.
sistem os motivos determinantes da aposentadoria. Parágrafo único - Não haverá posse nos casos de promoção,
§ 1º - A reversão far-se-á a pedido ou «ex-officio». remoção, designação para o desempenho de função não gratificada
§ 2º - O aposentado não poderá reverter à atividade se contar e reintegração.
mais de cinquenta e cinco anos de idade.
§ 3º - Em nenhum caso poderá efetuar-se a reversão, sem que Art. 62 - São competentes para dar posse:
mediante inspeção médica fique provada a capacidade para o exer- I - o Governador do Estado;
cício da função. II - os Secretários de Estado;
§ 4º - Será cassada a aposentadoria do funcionário que reverter III - os Diretores de Departamentos diretamente subordinados
e não tomar posse e entrar em exercício dentro dos prazos legais. ao Governador;
(Vide art. 28 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) IV - as demais autoridades designadas em regulamentos.
(Vide art. 37 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
(Vide art. 47 do Ato das Disposições Constitucionais Transi- Art. 63 - A posse verificar-se-á mediante a lavratura de um ter-
tórias.) mo que, assinado pela autoridade que a der e pelo funcionário, será
arquivado no órgão de pessoal da respectiva Repartição, depois
Art. 55 - A reversão far-se-á de preferência no mesmo cargo. dos competentes registros.
§ 1º - A reversão «ex-officio» não poderá verificar-se em cargo Parágrafo único - O funcionário prestará, no ato da posse, o
de vencimento ou remuneração inferior ao provento da inativida- compromisso de cumprir fielmente os deveres do cargo ou da fun-
de. ção.
§ 2º - A reversão ao cargo de carreira dependerá da existência
da vaga que deva ser preenchida mediante promoção por mereci- Art. 64 - A posse poderá ser tomada por procuração, quando se
mento. tratar de funcionário ausente do Estado, em missão do Governo, ou
(Vide art. 37 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) em casos especiais, a critério da autoridade competente.
(Vide art. 47 do Ato das Disposições Constitucionais Transi-
tórias.) Art. 65 - A autoridade que der posse deverá verificar, sob pena
de ser pessoalmente responsabilizada, se forem satisfeitas as con-
Art. 56 - A reversão dará direito para nova aposentadoria, à dições estabelecidas no art. 13 e as especiais fixadas em lei ou
contagem de tempo em que o funcionário esteve aposentado. regulamento, para a investidura no cargo ou na função.
(Vide art. 37 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
(Vide art. 47 do Ato das Disposições Constitucionais Transi- Art. 66 - A posse deverá verificar-se no prazo de trinta dias,
tórias.) contados da data da publicação do decreto no órgão oficial.
§ 1º - Esse prazo poderá ser prorrogado, por outros trinta dias,
CAPÍTULO IX mediante solicitação escrita e fundamentada do interessado e des-
Do Aproveitamento pacho da autoridade competente para dar posse.
§ 2º - Se a posse não se der dentro do prazo inicial e no da
Art. 57 - Aproveitamento é o reingresso no serviço público do prorrogação, será tornada sem efeito, por decreto, a nomeação.
funcionário em disponibilidade.
SEÇÃO II
Art. 58 - Será obrigatório o aproveitamento do funcionário Da Fiança
estável em cargo, de natureza e vencimentos ou remuneração com-
patíveis com o anteriormente ocupado. Art. 67 - O exercício do cargo cujo provimento, por prescrição
Parágrafo único - O aproveitamento dependerá de prova de legal ou regulamentar, exija fiança, dependerá da prévia prestação
capacidade mediante inspeção médica. desta.
Didatismo e Conhecimento 57
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 1º - A fiança poderá ser prestada: Parágrafo único - Esse período de trânsito será contado da
I - em dinheiro; data do desligamento do funcionário.
II - em títulos da dívida pública;
III - em apólices de seguro de fidelidade funcional, emitidas Art. 76 - Nenhum funcionário poderá ausentar-se do Estado,
por institutos oficiais ou companhias legalmente autorizadas. para estudo ou missão de qualquer natureza, com ou sem ônus
§ 2º - Não poderá ser autorizado o levantamento da fiança para os cofres públicos, sem autorização ou designação expressa
antes de tomadas as contas do funcionário. do Governador do Estado.
Art. 70 - O exercício do cargo ou da função terá início dentro Art. 79 - O funcionário preso por crime comum ou denunciado
do prazo de trinta dias, contados: por crime funcional ou, ainda, condenado por crime inafiançável
I - da data da publicação oficial do ato, nos casos de promo- em processo no qual não haja pronúncia será afastado do exercício
ção, remoção, reintegração e designação para função gratificada; até decisão final passada em julgado.
II - da data da posse, nos demais casos. § 1º - Nos casos previstos neste artigo, o funcionário perderá,
§ 1º - Os prazos previstos neste artigo poderão ser prorroga- durante o tempo do afastamento, um terço do vencimento ou re-
dos, por solicitação do interessado e a juízo da autoridade compe- muneração, com direito à diferença, se absolvido.
tente, desde que a prorrogação não exceda a trinta dias. § 2º - No caso de condenação, e se esta não for de natureza
§ 2º - No caso de remoção e transferência, o prazo inicial para que determine a demissão, será o funcionário afastado, na forma
o funcionário em férias ou licenciado, exceto no caso de licença deste artigo, a partir da decisão definitiva, até o cumprimento total
para tratar de interesses particulares, será contado da data em que da pena, com direito, apenas, a um terço do vencimento ou remu-
voltar ao serviço. neração.
(Artigo com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 2.364, de
Art. 71 - O funcionário nomeado deverá ter exercício na re- 13/1/1961.)
partição cuja lotação houver vaga.
Parágrafo único - O funcionário promovido poderá continuar TÍTULO II
em exercício na repartição em que estiver servindo. Da Remoção
Art. 72 - Nenhum funcionário poderá ter exercício em serviço Art. 80 - A remoção, que se processará a pedido do funcioná-
ou repartição diferente daquele em que estiver lotado, salvo os ca-
rio ou “ex-officio”, dar-se-á:
sos previstos neste Estatuto ou prévia autorização do Governador
I - de uma para outra repartição ou serviço;
do Estado.
II - de um para outro órgão de repartição, ou serviço.
Parágrafo único - Nesta última hipótese, o afastamento do
§ 1º - A remoção só poderá ser feita respeitada a lotação de
funcionário só será permitido para fim determinado e por prazo
certo. cada repartição ou serviço.
§ 2º - A autoridade competente para ordenar a remoção será
Art. 73 - Entende-se por lotação o número de funcionários de aquela a quem estiverem subordinados os órgãos, ou as repartições
cada carreira e de cargos isolados que devam ter exercício em cada ou serviços entre os quais ela se faz.
repartição ou serviço. § 3º - Ficam asseguradas à professora primária casada com
servidor federal, estadual e militar as garantias previstas pela Lei
Art. 74 - O funcionário deverá apresentar ao órgão compe- nº 814, de 14/12/51.
tente, após ter tomado posse e antes de entrar em exercício, os (Vide arts. 70 e 93 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
elementos necessários a abertura do assentamento individual. (Vide Lei nº 8.193, de 13/5/1982.)
(Vide art. 8° da Lei nº 9.347, de 5/12/1986.)
Art. 75 - O número de dias que o funcionário gastar em via- (Vide art. 56 da Lei nº 9.381, de 18/12/1986.)
gem para entrar em exercício será considerado, para todos os efei- (Vide art. 1° da Lei nº 9.938, de 26/7/1989.)
tos, como de efetivo exercício. (Vide art. 65 da Lei nº 11.050, de 19/1/1993.)
Didatismo e Conhecimento 58
CONHECIMENTOS GERAIS
TÍTULO III TÍTULO IV
Da Readaptação Do Tempo de Serviço
Art. 81 - Dar-se-á readaptação: Art. 87 - A apuração do tempo de serviço, para efeito de apo-
a) nos casos de perda da capacidade funcional decorrente da sentadoria, promoção e adicionais, será feita em dias.
modificação do estado físico ou das condições de saúde do funcio- § 1º - Serão computados os dias de efetivo exercício, à vista de
nário, que não justifiquem a aposentadoria;
documentação própria que comprove a frequência, especialmente
b) nos casos de desajustamento funcional no exercício das
atribuições do cargo isolado de que for titular o funcionário ou da livro de ponto e folha de pagamento.
carreira a que pertencer. § 2º - Para efeito de aposentadoria e adicionais, o número de
(Vide arts. 70 e 93 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) dias será convertido em anos, considerados sempre estes como de
(Vide Lei nº 8.193, de 13/5/1982.) trezentos e sessenta e cinco dias.
(Vide art. 8° da Lei nº 9.347, de 5/12/1986.) § 3º - Feita a conversão de que trata o parágrafo anterior, os
(Vide art. 56 da Lei nº 9.381, de 18/12/1986.) dias restantes até cento e oitenta e dois não serão computados, ar-
(Vide art. 1° da Lei nº 9.938, de 26/7/1989.) redondando-se para um ano quando excederem esse número.
(Vide art. 65 da Lei nº 11.050, de 19/1/1993.) (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
(Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do Ato das
Art. 82 - A readaptação prevista na alínea “a” do art. anterior Disposições Constitucionais Transitórias.)
verificar-se-á mediante atribuições de novos encargos ao funcio-
nário, compatíveis com a sua condição física e estado de saúde (Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
atuais.
Art. 88 - Serão considerados de efetivo exercício para os efei-
Art. 83 - Far-se-á a readaptação prevista na alínea “b” do art. tos do artigo anterior os dias em que o funcionário estiver afastado
81: do serviço em virtude de:
I - pelo cometimento de novos encargos ao funcionário, res- I - férias e férias-prêmio;
peitadas as atribuições inerentes ao cargo isolado ou à carreira a II - casamento, até oito dias;
que pertencer, quando se verificar uma das seguintes causas: III - luto pelo falecimento do cônjuge, filho, pai, mãe e irmão
a) o nível mental ou intelectual do funcionário não correspon- até oito dias;
der às exigências da função que esteja desempenhando; IV - exercício de outro cargo estadual, de provimento em co-
b) a função atribuída ao funcionário não corresponder aos
seus pendores vocacionais. missão;
II - Por transferência, a juízo da administração, nos casos de: V - convocação para serviço militar;
a) não ser possível verificar-se a readaptação na forma do item VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
anterior; VII - exercício de funções de governo ou administração em
b) não possuir o funcionário habilitação profissional exigida qualquer parte do território estadual, por nomeação do Governador
em lei para o exercício do cargo de que for titular; do Estado;
c) ser o funcionário portador de diploma de escola superior VIII - exercício de funções de governo ou administração em
devidamente legalizado, de título ou certificado de conclusão de qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presidente
curso científico ou prático instituído em lei e estar em exercício de da República;
cargo isolado ou de carreira, cujas atribuições não correspondam IX - desempenho de mandato eletivo federal, estadual ou mu-
aos seus pendores vocacionais, tendo-se em vista a especialização.
nicipal;
Art. 84 - A readaptação de que trata o item II, do artigo ante- X - licença ao funcionário acidentado em serviço ou atacado
rior, poderá ser feita para cargo de padrão de vencimento superior de doença profissional;
ao daquele que ocupar o funcionário, verificado que o desajusta- XI - licença à funcionária gestante;
mento funcional decorre do exercício de atribuições de nível inte- XII - missão ou estudo de interesse da administração, noutros
lectual menos elevado. pontos do território nacional ou no estrangeiro, quando o afasta-
§ 1º - Quando o vencimento do readaptando for inferior ao de mento houver sido expressamente autorizado pelo Governador do
cargo inicial da carreira para a qual deva ser transferido, só poderá Estado.
haver readaptação para cargo dessa classe inicial. Parágrafo único - Para efeito de promoção por antiguidade,
§ 2º - Se a readaptação tiver que ser feita para classe inter- computar-se-á, como de efetivo exercício, o período de licença
mediária de carreira, só haverá transferência para cargo de igual
para tratamento de saúde.
padrão de vencimento.
§ 3º - No caso de que trata o parágrafo anterior, a readaptação (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
só poderá ser feita na vaga que deva ser provida pelo critério de (Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do Ato das
merecimento. Disposições Constitucionais Transitórias.)
(Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 85 - A readaptação por transferência só poderá ser feita
mediante rigorosa verificação da capacidade intelectual do readap- Art. 89 - Na contagem de tempo para os efeitos de aposenta-
tando. doria, computar-se-á integralmente:
a) o tempo de serviço público prestado à União, aos Municí-
Art. 86 - A readaptação será sempre “ex-officio” e se fará nos pios do Estado, às entidades autárquicas e paraestatais da União e
termos do regulamento próprio. do Estado;
Didatismo e Conhecimento 59
CONHECIMENTOS GERAIS
b) o período de serviço ativo no Exército, na Armada, nas For- Parágrafo único - O disposto no presente artigo aplica-se,
ças Aéreas e nas Auxiliares, prestado durante a paz, computando- igualmente, aos funcionários investidos em cargo ou função de
se pelo dobro o tempo em operações de guerra; chefia.
c) o número de dias em que o funcionário houver trabalhado (Vide art. 288 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
como extranumerário ou sob outra qualquer forma de admissão, (Vide art. 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transi-
desde que remunerado pelos cofres públicos; tórias.)
d) o período em que o funcionário esteve afastado para trata-
mento de saúde; Art. 94 - A frequência será apurada por meio do ponto.
e) o período em que o funcionário tiver desempenhado, me-
diante autorização do Governo do Estado, cargos ou funções fede- Art. 95 - Ponto é o registro pelo qual se verificarão, diariamen-
rais, estaduais ou municipais; te, as entradas e saídas dos funcionários em serviço.
f) o tempo de serviço prestado, pelo funcionário, mediante a § 1º - Nos registros de ponto deverão ser lançados todos os
autorização do Governo do Estado, às organizações autárquicas e
elementos necessários à apuração da frequência.
paraestatais;
§ 2º - Salvo nos casos expressamente previstos em lei ou re-
g) o período relativo à disponibilidade remunerada;
gulamento é vedado dispensar o funcionário de registro de ponto e
h) o período em que o funcionário tiver desempenhado man-
dato eletivo federal, estadual ou municipal, antes de haver ingres- abonar faltas ao serviço.
sado ou de haver sido readmitido nos quadros do funcionalismo
estadual. Art. 96 - O período de trabalho poderá ser antecipado ou pror-
(Alínea acrescentada pelo art. 37 da Lei nº 2.001, de rogado para toda repartição ou partes, conforme a necessidade do
17/11/1959) serviço.
(Alínea com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 2.327, de Parágrafo único - No caso de antecipação ou prorrogação des-
07/01/1961.) se período, será remunerado o trabalho extraordinário, na forma
Parágrafo único - O tempo de serviço, a que se referem as estabelecida no Capítulo VII do Título VII.
alíneas “e” e “f” será computado à vista de certidão passada pela
autoridade competente. Art. 97 - Nos dias úteis, só por determinação do Governador
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 937, de do Estado poderão deixar de funcionar as repartições públicas, ou
18/6/1953.) ser suspensos os seus trabalhos, em todo ou em parte.
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
(Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do Ato das Art. 98 - Para efeito de pagamento, apurar-se-á a frequência
Disposições Constitucionais Transitórias.) do seguinte modo:
(Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) I - pelo ponto;
II - pela forma que for determinada, quanto aos funcionários
Art. 90 - É vedado a acumulação de tempo de serviço simul- não sujeitos a ponto.
taneamente prestado, em dois ou mais cargos ou funções, à União, Parágrafo único - Haverá um boletim padronizado para a co-
ao Estado, aos Municípios e às autarquias. municação da frequência.
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
(Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do Ato das Art. 99 - O funcionário perderá:
Disposições Constitucionais Transitórias.) I - o vencimento ou remuneração do dia, se não comparecer
(Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) ao serviço;
II - um quinto do vencimento ou remuneração, quando com-
Art. 91 - Para nenhum efeito será computado o tempo de ser-
parecer depois da hora marcada para início do expediente, até 55
viço gratuito, salvo o prestado a título de aprendizado em serviço
minutos;
público.
III - o vencimento ou remuneração do dia, quando comparecer
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
(Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do Ato das na repartição sem a observância do limite horário estabelecido no
Disposições Constitucionais Transitórias.) item anterior;
(Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) IV - quatro quintos do vencimento ou remuneração, quando se
retirar da repartição no fim da segunda hora do expediente;
TÍTULO V V - três quintos do vencimento ou remuneração, quando se re-
Da Frequência e do Horário tirar no período compreendido entre o princípio e o fim da terceira
hora do expediente;
Art. 92 - O expediente normal das repartições públicas será VI - dois quintos do vencimento ou remuneração, quando se
estabelecido pelo Governo, em decreto, no qual a determinará o retirar no período compreendido entre o princípio e o fim da quarta
número de horas de trabalho normal para os diversos cargos e fun- hora;
ções. VII - um quinto do vencimento ou remuneração, quando se
(Vide Lei nº 9.381, de 18/12/1986.) retirar do princípio da quinta hora em diante.
Art. 93 - O funcionário deverá permanecer na repartição du- Art. 100 - No caso de faltas sucessivas, serão computados,
rante as horas do trabalho ordinário e as do expediente. para efeito de descontos, os domingos e feriados intercalados.
Didatismo e Conhecimento 60
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 101 - O funcionário que, por motivo de moléstia grave d) destituição na forma do art. 248.
ou súbita, não puder comparecer ao serviço, fica obrigado a fazer (Vide arts. 87 e 88 da Constituição do Estado de Minas Ge-
pronta comunicação do fato, por escrito ou por alguém a seu rogo, rais.)
ao chefe direto, cabendo a este mandar examiná-lo, imediatamen- CAPÍTULO II
te, na forma do Regulamento. Da Exoneração
Art. 102 - Aos funcionários que sejam estudantes será possi- Art. 106 - Dar-se-á exoneração:
bilitada, nos termos dos regulamentos, tolerância quanto ao com- a) a pedido do funcionário;
parecimento normal do expediente da repartição, obedecidas as b) a critério do Governo quando se tratar de ocupante de cargo
seguintes condições: em comissão ou interino em cargo de carreira ou isolado, de pro-
a) deverá o interessado apresentar, ao órgão de pessoal res- vimento efetivo;
pectivo, atestado fornecido pela Secretaria do Instituto de Ensino (Vide art. 117 do Ato das Disposições Constitucionais Tran-
comprovando ser aluno do mesmo e declarando qual o horário das sitórias.)
aulas; c) quando o funcionário não satisfizer as condições de estágio
b) apresentará o interessado, mensalmente, atestado de fre- probatório;
quência às aulas, fornecido pela aludida Secretaria da escola; d) quando o funcionário interino em cargo de carreira ou iso-
c) o limite da tolerância será, no máximo, de uma hora e trinta lado, de provimento efetivo, não satisfizer as exigências para a ins-
minutos por dia; crição, em concurso;
d) comprometer-se-á o interessado a manter em dia e em boa e) automaticamente, após a homologação do resultado do
ordem os trabalhos que lhe forem confiados, sob pena de perda da concurso para provimento do cargo ocupado interinamente pelo
regalia. funcionário.
(Vide art. 27 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
TÍTULO VI
Da Vacância CAPÍTULO III
CAPÍTULO I Da Demissão
Disposições Gerais
Art. 107 - A demissão será aplicada como penalidade.
Art. 103 - A vacância do cargo decorrerá de:
(Vide incisos II e III do § 1º do art. 35 da Constituição do
a) exoneração;
Estado de Minas Gerais.)
b) demissão;
c) promoção;
CAPÍTULO IV
d) transferência;
e) aposentadoria; Da Aposentadoria
f) posse em outro cargo, desde que dela se verifique acumu-
lação vedada; Art. 108 - O funcionário, ocupante de cargo de provimento
g) falecimento. efetivo, será aposentado:
(Vide arts. 87 e 88 da Constituição do Estado de Minas Ge- a) compulsoriamente, aos setenta anos de idade;
rais.) b) se o requerer, quando contar 30 anos de serviço;
c) quando verificada a sua invalidez para o serviço público;
Art. 104 - Verificada vaga em uma carreira, serão, na mesma d) quando inválido em consequência de acidente ou agressão,
data, consideradas abertas todas as que decorrerem do seu preen- não provocada, no exercício de suas atribuições, ou doença pro-
chimento. fissional;
Parágrafo único - Verifica-se a vaga na data: e) quando acometido de tuberculose ativa, alienação mental,
I - do falecimento do ocupante do cargo; neoplasia maligna, cegueira, cardiopatia descompensada, hanse-
II - da publicação do decreto que transferir, aposentar, demitir níase, leucemia, pênfigo foliáceo, paralisia, síndrome da imunode-
ou exonerar o ocupante do cargo; ficiência adquirida - AIDS-, nefropatia grave, esclerose múltipla,
III - da publicação da lei que criar o cargo, e conceder dotação doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, mal de Paget,
para o seu provimento, ou da que determinar apenas esta última hepatopatia grave ou outra doença que o incapacite para o exercí-
medida, se o cargo estiver criado; cio da função pública.
IV - da aceitação de outro cargo pela posse do mesmo, quando (Alínea com redação dada pelo art. 1º da Lei Complementar
desta decorra acumulação legalmente vedada. nº 44, de 5/7/1996.)
(Vide arts. 87 e 88 da Constituição do Estado de Minas Ge- (Vide art. 9º da Emenda à Constituição nº 84, de 22/12/2010.)
rais.)
§ 1º - Acidente é o evento danoso que tiver como causa me-
Art. 105 - Quando se tratar de função gratificada, dar-se-á a diata ou imediata o exercício das atribuições inerentes ao cargo.
vacância por: § 2º - Equipara-se a acidente a agressão sofrida e não provoca-
a) dispensa a pedido do funcionário; da pelo funcionário no exercício de suas atribuições.
b) dispensa a critério da autoridade; § 3º - A prova de acidente será feita em processo especial, no
c) não haver o funcionário designado assumido o exercício prazo de oito dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigi-
dentro do prazo legal; rem, sob pena de suspensão.
Didatismo e Conhecimento 61
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 4º - Entende-se por doença profissional a que decorrer das (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais Transi-
condições do serviço ou de fato nele ocorrido, devendo o laudo tórias.)
médico estabelecer-lhe a rigorosa caracterização. (Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Complemen-
§ 5º - A aposentadoria, a que se referem as alíneas «c», «d» e tar nº 64, de 25/3/2002.)
«e” só será concedida quando verificado o caráter incapacitante e
irreversível da doença ou da lesão, que implique a impossibilidade Art. 111 - (Revogado pelo art. 18 da Lei nº 1.435, de
de o servidor reassumir o exercício do cargo mesmo depois de ha- 30/1/1956.)
ver esgotado o prazo máximo admitido neste Estatuto para o gozo Dispositivo revogado:
de licença para tratamento de saúde. “Art. 111 - O funcionário que contar 30 anos de serviço públi-
(Parágrafo com redação dada pelo art. 1º da Lei Complemen- co será aposentado desde que o requeira:
tar nº 44, de 5/7/1996.) a) com as vantagens da comissão ou função gratificada em
(Vide art. 9º da Emenda à Constituição nº 84, de 22/12/2010.) cujo exercício se achar, desde que o exercício abranja, sem inter-
§ 6º - No caso de serviços que, por sua natureza, demandem rupção, os seis anos anteriores;
tratamento especial, a lei poderá fixar, para os funcionários que b) com idênticas vantagens, desde que o exercício do cargo
neles trabalhem, redução dos prazos relativos à aposentadoria re- em comissão ou da função gratificada tenha compreendido um pe-
querida ou idade inferior para a compulsória. ríodo de dez anos, consecutivos ou não, mesmo que, ao aposentar-
§ 7º - Será aposentado, se o requerer, o funcionário que contar se, o funcionário já esteja fora daquele exercício.
vinte e cinco anos de efetivo exercício no magistério. § 1º - No caso da letra «b» deste artigo, quando mais de um
Para todos os fins e vantagens, considera-se como “efetivo cargo ou função tenha sido exercido, serão atribuídas as vantagens
exercício no magistério” o referente à duração do Curso de Aper- de maior padrão desde que lhe corresponda um exercício mínimo
feiçoamento frequentado pelo funcionário. de dois anos; fora dessa hipótese, atribuir-se-ão as vantagens do
§ 8º - As professoras primárias têm direito à aposentadoria, cargo ou função de remuneração imediatamente inferior.
desde que contem sessenta anos de idade. § 2º - A aplicação do regime estabelecido neste artigo exclui
§ 9º - Os demais funcionários ao atingirem a idade fixada no as vantagens instituídas no art. 117, salvo o direito de opção.”
parágrafo anterior e desde que contem mais de 20 (vinte) anos de (Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.)
serviço prestado ao Estado, poderão ser aposentados, se o reque- (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
rerem, com o vencimento ou a remuneração calculados de acordo (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais Transi-
com o disposto nos itens III e IV do art. 110. tórias.)
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 4.065, de (Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Complemen-
28/12/1965.) tar nº 64, de 25/3/2002.)
(Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.)
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) Art. 112 - O funcionário interino não poderá ser aposentado,
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais Transi- exceto no caso previsto no art. 108, alíneas “d” e “e”.
tórias.) (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
(Vide art. 36 da Lei nº 11.050, de 19/1/1993.) (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais Transi-
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Complemen- tórias.)
tar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Complemen-
tar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 109 - A aposentadoria dependente de inspeção médica só
será decretada depois de verificada a impossibilidade de readapta- Art. 113 - Os proventos da inatividade serão revistos sempre
ção do funcionário. que, por motivo de alteração de poder aquisitivo da moeda, se mo-
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) dificarem os vencimentos dos funcionários em atividade.
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais Transi- (Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.)
tórias.) (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Complemen- (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais Transi-
tar nº 64, de 25/3/2002.) tórias.)
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Complemen-
Art. 110 - Os proventos da aposentadoria serão integrais: tar nº 64, de 25/3/2002.)
I - se o funcionário contar 30 anos de efetivo exercício;
II - quando ocuparem as hipóteses das alíneas “c”, “d” e “e” Art. 114 - (Vetado).
do art. 108, e parágrafo 8º do mesmo artigo; (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
III - proporcional ao tempo de serviço na razão de tantos avos (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais Transi-
por ano quantos os anos necessários de permanência no serviço, tórias.)
nos casos previstos nos parágrafos 6º e 7º do art. 108; (Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Complemen-
IV - proporcional ao tempo de serviço na razão de um trinta tar nº 64, de 25/3/2002.)
avos por ano, sobre o vencimento ou remuneração de atividade,
nos demais casos. Art. 115 - Os vencimentos da aposentadoria não poderão ser
(Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.) superiores ao vencimento ou remuneração da atividade, nem infe-
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) riores a um terço.
Didatismo e Conhecimento 62
CONHECIMENTOS GERAIS
(Vide § 4º da alínea “d” do inciso III do art. 36 da Constituição Art. 119 - Excetuados os casos expressamente previstos no
do Estado de Minas Gerais.) artigo anterior, o funcionário não poderá receber, a qualquer tí-
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) tulo, seja qual for o motivo ou a forma de pagamento, nenhuma
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais Transi- outra vantagem pecuniária dos órgãos ou serviços públicos, das
tórias.) entidades autárquicas ou paraestatais, ou organizações públicas,
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Complemen- em razão de seu cargo ou função, nos quais tenha sido mandado
tar nº 64, de 25/3/2002.) servir, ou ainda de particular.
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
Art. 116 - Serão incorporados aos vencimentos, para efeito de (Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
aposentadoria:
a) os adicionais por tempo de serviço; CAPÍTULO II
b) adicional de família extinguindo-se à medida que os filhos, Do Vencimento e da Remuneração
existentes ao tempo da aposentadoria, forem atingindo o limite de
idade estabelecida no art. 126, nº II; Art. 120 - Vencimento é a retribuição paga ao funcionário pelo
c) (Revogada pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de 16/10/1964.) efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.
Dispositivo revogado: (Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do Estado
“c) a gratificação de função, nos termos do art. 143, letra “g”.” de Minas Gerais.)
d) (Vetado).
(Vide arts. 7° e 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- Art. 121 - Remuneração é a retribuição paga ao funcionário
rais.) pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão de ven-
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais Transi- cimento e mais as quotas ou porcentagens, que, por lei, lhe tenham
tórias.) sido atribuídas.
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Complemen- (Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do Estado
tar nº 64, de 25/3/2002.) de Minas Gerais.)
Didatismo e Conhecimento 63
CONHECIMENTOS GERAIS
I - pela esposa; CAPÍTULO V
II - por filho menor de 21 anos que não exerça profissão lu- Da Ajuda de Custo
crativa;
(Inciso com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 2.364, de (Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
13/1/1961.)
III - por filho inválido ou mentalmente incapaz; Art. 132 - Será concedida ajuda de custo ao funcionário que,
IV - por filha solteira que não tiver profissão lucrativa; em virtude de transferência, remoção, designação para função gra-
V - por filho estudante que frequentar curso secundário ou tificada, passar a ter exercício em nova sede, ou quando designado
superior em estabelecimento de ensino oficial ou particular fisca- para serviço ou estudo fora do Estado.
lizado pelo Governo, e que não exerça atividade lucrativa, até a § 1º - A ajuda de custo destina-se a indenizar o funcionário das
idade de 24 anos. despesas de viagem e de nova instalação.
(Inciso com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 937, de § 2º - O transporte do funcionário e de sua família correrá por
18/6/1953.) conta do Estado.
Parágrafo único - Compreende-se neste artigo os filhos de
Art. 133 - A ajuda de custo será arbitrada pelos Secretários do
qualquer condição, os enteados, os adotivos e o menor que, me-
Estado e Diretores de Departamento diretamente subordinados ao
diante autorização judicial, viver sob a guarda e sustento do fun-
Governador do Estado, tendo em vista cada caso, as condições de
cionário.
vida na nova sede, a distância que deverá ser percorrida, o tempo
(Parágrafo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 3.071, de de viagem e os recursos orçamentários disponíveis.
30/12/1963.) § 1º - A ajuda de custo não poderá ser inferior à importância
(Vide art. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) correspondente a um mês de vencimento e nem superior a três,
salvo quando se tratar do funcionário designado para serviço ou
Art. 127 - Quando pai ou mãe forem funcionários inativos e estudo no estrangeiro.
viverem em comum, o abono de família será concedido àquele que § 2º - No caso de remuneração, calcular-se-á sobre a média
tiver o maior vencimento. mensal da mesma no último exercício financeiro.
§ 1º - Se não viverem em comum, será concedido ao que tiver § 3º - Será a ajuda de custo calculada, nos casos de promo-
os dependentes sob sua guarda. ção, na base do vencimento ou remuneração do novo cargo a ser
§ 2º - Se ambos os tiverem, será concedido a um e outro dos exercido.
pais, de acordo com a distribuição dos dependentes.
(Vide arts. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) Art. 134 - A ajuda de custo será paga ao funcionário dianta-
damente no local da repartição ou do serviço do que foi desligado.
Art. 128 - (Revogado pelo art. 4º da Lei nº 937, de 18/6/1953.) Parágrafo único - O funcionário sempre que o preferir, poderá
Dispositivo revogado: receber, integralmente, a ajuda de custo, na sede da nova reparti-
“Art. 128 - Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a madras- ção ou serviço.
ta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.”
(Vide arts. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) Art. 135 - Não será concedida a ajuda de custo:
I - quando o funcionário se afastar da sede, ou a ela voltar, em
Art. 129 - O abono de família será pago, ainda nos casos em virtude de mandato eletivo;
que o funcionário ativo ou inativo deixar de perceber vencimento, II quando for posto à disposição do Governo Federal, munici-
remuneração ou provento. pal e de outro Estado;
(Vide arts. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) III - quando for transferido ou removido a pedido ou permuta,
inclusive.
Art. 130 - O abono de família não está sujeito a qualquer im-
Art. 136 - Restituirá a ajuda de custo que tiver recebido:
posto ou taxa, mas servirá de base para qualquer contribuição ou
I - o funcionário que não seguir para a nova sede dentro dos
consignação em folha, inclusive para fins de previdência social.
prazos determinados;
(Artigo com redação dada pelo art. 5º da Lei nº 937, de II - o funcionário que, antes de terminado o desempenho da
18/6/1953.) incumbência que lhe foi cometida, regressar da nova sede, pedir
(Vide arts. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) exoneração ou abandonar o serviço.
§ 1º - A restituição será feita parceladamente, salvo no caso de
CAPÍTULO IV recebimento indevido, em que a importância correspondente será
Do Auxílio para Diferença de Caixa descontada integralmente do vencimento ou remuneração, sem
prejuízo da aplicação da pena disciplinar cabível na espécie.
Art. 131 - Ao funcionário que, no desempenho de suas atri- § 2º - A responsabilidade pela restituição de que trata este arti-
buições comuns, pagar ou receber, em moeda corrente, poderá ser go atinge exclusivamente a pessoa do funcionário.
concedido um auxílio, fixado em lei, para compensar as diferenças § 3º - Se o regresso do funcionário for determinado pela au-
de caixa. toridade competente, ou, em caso de pedido de exoneração, apre-
Parágrafo único - O auxílio não poderá exceder a cinco por sentado pelo menos noventa dias após seus exercício na nova sede,
cento do padrão de vencimento e só será concedido dentro dos ou doença comprovada, não ficará ele obrigado a restituir a ajuda
limites da dotação orçamentária. de custo.
Didatismo e Conhecimento 64
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 137 - O transporte do funcionário e de sua família com- CAPÍTULO VII
preende passagens e bagagens, observado, quanto a estas, o limite Das Gratificações
estabelecido no regulamento próprio.
§ 1º - Poderá ainda ser fornecida passagem a um serviçal que Art. 143 - Será concedida gratificação ao funcionário:
acompanhe o funcionário. a) pelo exercício em determinadas zonas ou locais;
§ 2º - O funcionário será obrigado a repor a importância cor- b) pela execução de trabalho de natureza especial, com risco
respondente ao transporte irregularmente requisitado, além de so- de vida ou saúde;
frer a pena disciplinar que for aplicável. c) pela elaboração de trabalho técnico ou científico de utilida-
de para o serviço público;
Art. 138 - Compete ao Governador do Estado arbitrar a ajuda d)de representação, quando em serviço ou estudo no estran-
de custo que será paga ao funcionário designado para serviço ou geiro ou no país;
estudo fora do Estado. e) quando regularmente nomeado ou designado para fazer
Parágrafo único - A ajuda de custo, de que trata este artigo, parte do órgão legal de deliberação coletiva ou para cargo ou fun-
não poderá ser inferior a um mês de vencimento ou remuneração ção de confiança;
do funcionário. f) pela prestação de serviço extraordinário;
g) de função de chefia prevista em lei;
CAPÍTULO VI h) adicional por tempo de serviço, nos termos de lei.
Das Diárias § 1º - A gratificação a que se refere a alínea «e» deste artigo
será fixada no limite máximo de um terço do vencimento ou re-
(Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.) muneração.
§ 2º - Será estabelecido em decreto o quanto das gratificações
Art. 139 - O funcionário que se deslocar de sua sede, eventual- a que se referem as alíneas «a» e «b» deste artigo.
mente e por motivo de serviço, faz jus à percepção de diária, nos
termos de regulamento. Art. 144 - A gratificação pelo exercício em determinadas zo-
§ 1º - A diária não é devida: nas ou locais e pela execução de trabalhos de natureza especial,
1) no período de trânsito, ao funcionário removido ou trans- com risco da vida ou da saúde, será determinada em lei.
ferido.
2) quando o deslocamento do funcionário durar menos de seis Art. 145 - A gratificação pela elaboração de trabalho técnico
horas;
ou científico, ou de utilidade para o serviço público, será arbitrada
3) quando o deslocamento se der para a localidade onde o fun-
pelo Governador do Estado, após sua conclusão.
cionário resida;
4) quando relativa a sábado, domingo ou feriado, salvo se a
Art. 146 - A gratificação a título de representação quando em
permanência do funcionário fora da sede nesses dias for conve-
serviço ou estudo fora do Estado, será autorizada pelo Governador
niente ou necessária ao serviço.
do Estado, levando em conta o vencimento e a duração certa ou
§ 2º - Sede é a localidade onde o funcionário tem exercício.
presumível do estudo e as condições locais, salvo se a lei ou regu-
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 7.179, de
19/12/1977.) lamento já dispuser a respeito.
Parágrafo único - A gratificação de que trata este artigo terá
Art. 140 - O pagamento de diária, que pode ser feito anteci- limite mínimo de um terço do vencimento do funcionário.
padamente, destina-se a indenizar o funcionário por despesas com
alimentação e pousada, devendo ocorrer por dia de afastamento e Art. 147 - A gratificação relativa ao exercício em órgão legal
pelo valor fixado no regulamento. de deliberação coletiva será fixada em lei.
§ 1º - A diária é integral quando o afastamento se der por mais
de doze horas e exigir pousada paga pelo funcionário. Art. 148 - A gratificação pela prestação de serviço extraordi-
§ 2º - Ocorrendo afastamento por até doze horas, é devida nário, que não poderá, em hipótese alguma, exceder ao vencimen-
apenas a parcela da diária relativa a alimentação. to do funcionário, será:
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 7.179, de a) previamente arbitrada pelo Secretário de Estado ou Dire-
19/12/1977.) tor de Departamento diretamente subordinado ao Governador do
Estado;
Art. 141 - É vedado o pagamento de diária cumulativamente b) paga por hora de trabalho prorrogado ou antecipado.
com qualquer outra retribuição de caráter indenizatório de despesa § 1º - No caso da alínea «b», a gratificação será paga por hora
com alimentação e pousada. de trabalho antecipado ou prorrogado, salvo quando a prorrogação
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 7.179, de for apenas de uma hora e tiver corrido apenas duas vezes no mês,
19/12/1977.) caso em que não será remunerada.
§ 2º - Entende-se por serviço extraordinário todo e qualquer
Art. 142 - Constitui infração disciplinar grave, punível na for- trabalho previsto em regimento ou regulamento, executado fora
ma da lei, conceder ou receber diária indevidamente. da hora do expediente regulamentar da repartição e previamente
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 7.179, de autorizado pelo Secretário de Estado ou Diretor de Departamento
19/12/1977.) diretamente subordinado ao Governador do Estado.
Didatismo e Conhecimento 65
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 3º - O pagamento de que trata este artigo será efetuado me- CAPÍTULO X
diante folha especial previamente aprovada pela autoridade a que Das Férias-Prêmio
se refere o parágrafo anterior e publicado no órgão oficial, da qual
constem o nome do funcionário, cargo, o vencimento mensal, e o Art. 156 - O funcionário gozará férias-prêmio correspondente
número de horas de serviço extraordinário, a gratificação arbitra- a decênio de efetivo exercício em cargos estaduais na base de qua-
da, se for o caso, e a importância total de despesa. tro meses por decênio.
§ 1º - As férias-prêmio serão concedidas com o vencimento
Art. 149 - O funcionário perceberá honorário quando desig- ou remuneração e todas as demais vantagens do cargo, excetuadas
nado para exercer, fora do período normal ou extraordinário de somente as gratificações por serviços extraordinários, e sem perda
trabalho, as funções de auxiliar ou membro de bancas e comissões da contagem de tempo para todos os efeitos, como se estivesse em
de concursos ou provas, de professor ou auxiliar de cursos legal- exercício.
mente instituídos. § 2º - Para tal fim, não se computará o afastamento do exercí-
cio das funções, por motivo de:
CAPÍTULO VIII a) gala ou nojo, até 8 dias cada afastamento;
Da Função Gratificada b) férias anuais;
c) requisição de outras entidades públicas, com afastamento
Art. 150 - Função gratificada é a instituída em lei para atender autorizado pelo Governo do Estado;
os encargos de chefia e outros que a lei determinar. d) viagem de estudo, aperfeiçoamento ou representação fora
(Vide inciso V do § 11 do art. 14 da Constituição do Estado da sede, autorizada pelo Governo do Estado;
de Minas Gerais.) e) licença para tratamento de saúde até 180 dias;
f) júri e outros serviços obrigatórios por lei;
Art. 151 - Não perderá a gratificação o funcionário que deixar g) exercício de funções de governo ou administração em qual-
de comparecer ao serviço em virtude de férias, luto, casamento, quer parte do território estadual, por nomeação do Governo do
doença comprovada, serviços obrigatórios por lei. Estado.
§ 3º - O servidor público terá, automaticamente, contado em
(Vide inciso V do § 11 do art. 14 da Constituição do Estado
dobro, para fins de aposentadoria e vantagens dela decorrentes, o
de Minas Gerais.)
tempo de férias-prêmio não gozadas.
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 3.579, de
CAPÍTULO IX
19/11/1965.)
Das Férias
(Vide § 4º do art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
(Vide art. 12 da Lei nº 18185, de 4/6/2009.)
Art. 157 - O pedido de concessão de férias-prêmio deverá ser
instruído com certidão de contagem de tempo fornecida pela re-
Art. 152 - O funcionário gozará, obrigatoriamente, por ano partição competente.
vinte e cinco dias úteis de férias, observada a escala que for organi- Parágrafo único - Considera-se repartição competente para tal
zada de acordo com conveniência do serviço, não sendo permitida fim aquela que dispuser de elementos para certificar o tempo de
a acumulação de férias. serviço mediante fichas oficiais cópias de folhas de pagamento ou
§ 1º - Na elaboração da escala, não será permitido que entrem registro de ponto.
em gozo de férias, em um só mês, mais de um terço de funcioná- (Vide § 4º do art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
rios de uma seção ou serviço.
§ 2º - É proibido levar à conta de férias qualquer falta ao tra- CAPÍTULO XI
balho. Das Licenças
§ 3º - Ingressando no serviço público estadual, somente de- SEÇÃO I
pois do 11º mês de exercício poderá o funcionário gozar férias. Disposições Gerais
(Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.)
(Vide art. 17 da Lei Complementar nº 102, de 17/1/2008.) Art. 158 - O funcionário poderá ser licenciado:
I - para tratamento de saúde;
Art. 153 - Durante as férias, o funcionário terá direito ao ven- II - quando acidentado no exercício de suas atribuições ou ata-
cimento ou remuneração e a todas as vantagens, como se estivesse cado de doença profissional;
em exercício exceto a gratificação por serviço extraordinário. III - por motivo de doença em pessoa de sua família;
IV - no caso previsto no art. 175;
Art. 154 - O funcionário promovido, transferido ou removido, V - quando convocado para serviço militar;
quando em gozo de férias, não será obrigado a apresentar-se antes VI - para tratar de interesses particulares;
de terminá-las. VII - no caso previsto no art. 186.
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 155 - É facultado ao funcionário gozar férias onde lhe
convier, cumprindo-lhe, entretanto, antes do seu início, comunicar Art. 159 - Aos funcionários interinos e aos em comissão não
o seu endereço eventual ao chefe da repartição ou serviço a que será concedida licença para tratar de interesses particulares.
estiver subordinado. (Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Didatismo e Conhecimento 66
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 160 - A competência para a concessão de licença para Art. 169 - O funcionário licenciado para tratamento de saúde
tratamento de saúde será definida em regulamento próprio. não poderá dedicar-se a qualquer atividade remunerada.
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) (Artigo com redação dada pelo art. 7º da Lei nº 937, de
18/6/1953.)
Art. 161 - A licença dependente de inspeção médica será con- (Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
cedida pelo prazo indicado no respectivo laudo.
Parágrafo único - Antes de findo esse prazo o funcionário será Art. 170 - Quando licenciado para tratamento de saúde, aci-
submetido a nova inspeção e o laudo médico concluirá pela sua dente no serviço de suas atribuições, ou doença profissional, o fun-
volta ao serviço, pela prorrogação da licença ou pela aposentado- cionário receberá integralmente o vencimento ou a remuneração e
ria. demais vantagens.
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 162 - Finda a licença, o funcionário deverá reassumir, Art. 171 - O funcionário licenciado para tratamento de saúde
imediatamente, o exercício do cargo, se assim concluir o laudo de é obrigado a reassumir o exercício, se for considerado apto em
inspeção médica “ex-officio”.
inspeção médica, salvo caso de prorrogação, mesmo sem o despa-
Parágrafo único - O funcionário poderá desistir da licença
cho final desta.
desde que, mediante inspeção médica, seja julgado apto para o
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
exercício.
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 163 - As licenças concedidas dentro de sessenta dias con-
tados da terminação da anterior serão consideradas como prorro- Art. 172 - O funcionário atacado de tuberculose ativa, cardio-
gação. patia descompensada, alienação mental, neoplasia maligna, leuce-
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) mia, cegueira, lepra, pênfigo foliáceo ou paralisia que o impeça de
locomover-se, será compulsoriamente licenciado, com vencimen-
Art. 164 - O funcionário não poderá permanecer em licença to ou remuneração integral e demais vantagens.
por prazo superior a 24 meses salvo o portador de tuberculose, Parágrafo único - Para verificação das moléstias referidas nes-
lepra ou pênfigo foliáceo, que poderá ter mais três prorrogações de te artigo, a inspeção médica será feita obrigatoriamente por uma
12 meses cada uma, desde que, em exames periódicos anuais, não junta médica oficial, de três membros, todos presentes.
se tenha verificado a cura. (Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
(Artigo com redação dada pelo art. 6º da Lei nº 937, de
18/6/1953.) Art. 173 - O funcionário, durante a licença, ficar obrigado a
(Vide arts. 6º e 13 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) seguir rigorosamente o tratamento médico adequado à doença, sob
pena de lhe ser suspenso o pagamento de vencimento ou remune-
Art. 165 - Decorrido o prazo estabelecido no artigo anterior, o ração.
funcionário será submetido a inspeção médica e aposentado, se for § 1º - No caso de alienado mental, responderá o curador pela
considerado definitivamente inválido para o serviço público em obrigação de que trata este artigo.
geral. § 2º - A repartição competente fiscalizará a observância do
(Vide art. 6º e 13 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) disposto neste artigo.
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 166 - O funcionário poderá gozar licença onde lhe con-
vier, ficando obrigado a comunicar, por escrito, o seu endereço ao Art. 174 - A licença será convertida em aposentadoria, na for-
chefe a que estiver imediatamente subordinado. ma do art. 165, e antes do prazo nele estabelecido, quando assim
opinar a junta médica, por considerar definitiva, para o serviço pú-
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
blico em geral, a invalidez do funcionário.
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 167 - O funcionário acidentado no exercício de suas atri-
buições terá assistência hospitalar, médica e farmacêutica dada a SEÇÃO III
custa do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Mi- Licença à Funcionária Gestante
nas Gerais.
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) Art. 175 - À funcionária gestante será concedida, mediante
inspeção médica, licença, por três meses, com vencimento ou re-
SEÇÃO II muneração e demais vantagens.
Licença para Tratamento de Saúde § 1º - A licença só poderá ser concedida para o período que
compreenda, tanto quanto possível, os últimos quarenta e cinco
Art. 168 - A licença para tratamento de saúde será concedida a dias da gestação e o puerpério.
pedido do funcionário ou “ex-officio”. § 2º - A licença deverá ser requerida até o oitavo mês da gesta-
Parágrafo único - Num e noutro caso de que cogita este artigo ção, competindo à junta médica fixar a data do seu início.
é indispensável a inspeção médica, que deverá realizar-se, sempre § 3º - O pedido encaminhado depois do oitavo mês da gesta-
que necessária, na residência do funcionário. ção será prejudicado quanto à duração da licença, que se reduzirá
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) dos dias correspondentes ao atraso na formulação do pedido.
Didatismo e Conhecimento 67
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 4º - Se a criança nascer viva, prematuramente, antes que a Art. 180 - Não será concedida licença para tratar de interesses
funcionária tenha requerido a licença, o início desta será a partir particulares ao funcionário nomeado, removido ou transferido, an-
da data do parto. tes de assumir o exercício.
(Vide arts. 17 e 70 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
SEÇÃO IV Art. 181 - Não será, igualmente, concedida licença para tra-
Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família tar de interesses particulares ao funcionário que, a qualquer título,
estiver ainda obrigado a indenização ou devolução aos cofres pú-
Art. 176 - O funcionário poderá obter licença por motivo de blicos.
doença na pessoa do pai, mãe, filhos ou cônjuge de que não esteja (Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
legalmente separado.
§ 1º - (Vetado). Art. 182 - (Revogado pelo art. 42 da Lei nº 5.945, de
§ 2º - Provar-se-á a doença mediante inspeção médica, na for- 11/7/1972.)
ma prevista em lei, para a licença de que trata o artigo. Dispositivo revogado:
§ 3º - (Vetado). “Art. 182 - Só poderá ser concedida nova licença para tratar
de interesses particulares, depois de decorridos dois anos da termi-
SEÇÃO V nação da anterior.”
Licença para Serviço Militar (Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 177 - Ao funcionário que for convocado para o serviço Art. 183 - O funcionário poderá, a qualquer tempo, reassumir
militar e outros encargos de segurança nacional, será concedida o exercício desistindo da licença.
licença com vencimento ou remuneração e demais vantagens, des- (Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
contada mensalmente a importância que receber na qualidade de
incorporado. Art. 184 - A autoridade que houver concedido a licença pode-
rá, a todo tempo, desde que o exija o interesse do serviço público,
§ 1º - A licença será concedida mediante comunicação do fun-
cassá-la, marcando razoável prazo para que o funcionário licencia-
cionário ao chefe da repartição ou do serviço, acompanhada de
do reassuma o exercício.
documento oficial de que prove a incorporação.
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
§ 2º - O funcionário desincorporado reassumirá imediatamen-
te o exercício, sob pena de perda do vencimento ou remuneração
Art. 185 - (Vetado).
e, se a ausência exceder a trinta dias, de demissão, por abandono
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
do cargo.
§ 3º - Tratando-se de funcionário cuja incorporação tenha per-
SEÇÃO VII
durado pelo menos um ano, o chefe da repartição ou serviço a que Licença à Funcionária Casada com Funcionário
tiver de se apresentar o funcionário poderá conceder-lhe o prazo de
quinze dias para reassumir o exercício, sem perda de vencimento Art. 186 - A funcionária casada com funcionário estadual, fe-
ou remuneração. deral ou militar, terá direito a licença, sem vencimento ou remu-
§ 4º - Quando a desincorporação se verificar em lugar diverso neração, quando o marido for mandado servir, independentemente
do exercício, os prazos para a apresentação do funcionário à sua de solicitação, em outro ponto do Estado ou do território nacional
repartição ou serviço serão os marcados no artigo 70. ou no estrangeiro.
Parágrafo único - A licença será concedida mediante pedido,
Art. 178 - Ao funcionário que houver feito curso para oficial devidamente instruído, e vigorará pelo tempo que durar a comis-
da reserva das forças armadas, será também concedida licença são ou nova função do marido.
com vencimento ou remuneração e demais vantagens durante os
estágios prescritos pelos regulamentos militares, quando por estes CAPÍTULO XII
não tiver direito àquele pagamento, assegurado, em qualquer caso, Da Estabilidade
o direito de opção.
Art. 187 - O funcionário adquirirá estabilidade depois de:
SEÇÃO VI I - dois anos de exercício, quando nomeado em virtude de
Licença para Tratar de Interesses Particulares concurso;
(Vide art. 35 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
Art. 179 - Depois de dois anos de exercício, o funcionário II - cinco anos de exercício, o efetivo nomeado sem concurso.
poderá obter licença, sem vencimento ou remuneração, para tratar Parágrafo único - Não adquirirão estabilidade, qualquer que
de interesses particulares. seja o tempo de serviço o funcionário interino e no cargo em que
§ 1º - A licença poderá ser negada quando o afastamento do estiver substituindo ou comissionado, o nomeado em comissão ou
funcionário for inconveniente ao interesse do serviço. em substituição.
§ 2º - O funcionário deverá aguardar em exercício a concessão (Vide art. 5° da Lei nº 9.938, de 26/7/1989.)
da licença. (Vide arts. 104 e 105 do Ato das Disposições Constitucionais
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) Transitórias.)
Didatismo e Conhecimento 68
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 188 - Para fins de aquisição de estabilidade, só será conta- Art. 195 - Os pedidos de reconsideração e os recursos que não
do o tempo de serviço efetivo, prestado em cargos estaduais. têm efeito suspensivo; os que forem providos, porém, darão lugar
Parágrafo único - Desligando-se do serviço público estadual e às retificações necessárias, retroagindo os seus efeitos à data do
sendo readmitido ou nomeado para outro cargo estadual, a conta- ato impugnado, desde que outra solução jurídica não determine a
gem de tempo será feita, para fim de estabilidade, na data da nova autoridade, quanto aos efeitos relativos ao passado.
posse.
(Vide art. 35 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) Art. 196 - O direito de pleitear na esfera administrativa pres-
(Vide arts. 104 e 105 do Ato das Disposições Constitucionais creverá, em geral, nos mesmos prazos fixados para as ações pró-
Transitórias.) prias cabíveis no judiciário, quanto à espécie.
Parágrafo único - Se não for o caso de direito que dê oportuni-
Art. 189 - Os funcionários públicos perderão o cargo:
I - quando vitalícios, somente em virtude de sentença judi- dade à ação judicial, prescreverá a faculdade de pleitear na esfera
ciária; administrativa, dentro de 120 dias a contar da data da publicação
II - quando estáveis, no caso do número anterior, no de extin- oficial do ato impugnado ou, quando este for da natureza reserva-
guir o cargo ou no de serem demitidos mediante processo adminis- da, da data da ciência do interessado.
trativo em que se lhes tenha assegurada ampla defesa.
Parágrafo único - A estabilidade não diz respeito ao cargo, res- Art. 197 - O funcionário que se dirigir ao Poder Judiciário
salvando-se à administração o direito de readaptar o funcionário ficará obrigado a comunicar essa iniciativa a seu chefe imediato
em outro cargo, removê-lo, transferi-lo ou transformar o cargo, no para que este providencie a remessa do processo, se houver, ao juiz
interesse do serviço. competente, como peça instrutiva da ação judicial.
(Vide art. 35 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
(Vide arts. 104 e 105 do Ato das Disposições Constitucionais Art. 198 - São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos
Transitórias.) neste capítulo.
CAPÍTULO XIII
Da Disponibilidade CAPÍTULO XV
Da Acumulação
Art. 190 - Quando se extinguir o cargo, o funcionário estável
ficará em disponibilidade remunerada, com vencimento ou remu- (Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
neração integrais e demais vantagens, até o seu obrigatório apro-
veitamento em outro cargo de natureza, vencimentos ou remune- Art. 199 - É vedada a acumulação de cargo, exceto as previs-
ração compatíveis com o que ocupava. tas nos artigos 61, número I e 137, da Constituição Estadual.
(Vide § 3º do inciso III do art. 35 da Constituição do Estado (Vide art. 25 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
de Minas Gerais.)
Art. 200 - É vedada, ainda, a acumulação de funções ou de
CAPÍTULO XIV cargos e funções do Estado, ou do Estado com os da União ou
Do Direito de Petição Município e com os das entidades autárquicas.
Parágrafo único - Não se compreende na proibição deste arti-
(Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
go a acumulação de cargo ou função com a gratificação de função.
Art. 191 - É assegurado ao funcionário o direito de requerer (Vide art. 25 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
ou representar.
CAPÍTULO XVI
Art. 192 - O requerimento será dirigido à autoridade compe- Das Concessões
tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que
estiver imediatamente subordinado o requerente. (Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
Art. 193 - O pedido de reconsideração será dirigido à autori- Art. 201 - Sem prejuízo do vencimento, remuneração ou qual-
dade que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, quer outro direito ou vantagem legal, o funcionário poderá faltar
não podendo ser renovado. ao serviço até oito dias consecutivos por motivo de:
Parágrafo único - O requerimento e o pedido de reconsidera- a) casamento;
ção de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no
b) falecimento do cônjuge, filhos, pais ou irmãos.
prazo de cinco dias e decididos dentro de trinta, improrrogáveis.
Art. 194 - Caberá recurso: Art. 202 - Ao funcionário licenciado para tratamento de saúde
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; poderá ser concedido transporte, inclusive para as pessoas de sua
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. família, por conta do Estado, fora da sede de serviço, se assim o
§ 1º - O recurso será dirigido à autoridade imediatamente su- exigir o laudo médico oficial.
perior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão e, sucessi-
vamente, em escala ascendente, às demais autoridades. Art. 203 - Poderá ser concedido transporte à família do fun-
§ 2º - No encaminhamento do recurso observar-se-á o dispos- cionário, quando este falecer fora da sede de seus trabalhos, no
to na parte final do art. 192. desempenho de serviço.
Didatismo e Conhecimento 69
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 204 - (Revogado pelo art. 6º da Lei Complementar nº 70, Art. 210 - A responsabilidade penal abrange os crimes e con-
de 30/7/2003.) travenções imputados ao funcionário, nessa qualidade.
Dispositivo revogado: (Vide art. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de Minas Ge-
“Art. 204 - Ao cônjuge, ou, na falta deste, à pessoa que pro- rais.)
var ter feito despesas em virtude do falecimento do funcionário na
ativa ou em disponibilidade, será concedida, a título de funeral, Art. 211 - A responsabilidade administrativa resulta de atos ou
importância correspondente a um mês de vencimento ou remune- omissões praticados no desempenho do cargo ou função.
ração.
(Vide arts. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de Minas
§ 1º - A despesa correrá pela dotação própria do cargo, não
podendo, por esse motivo, o nomeado, para preenchê-lo, entrar Gerais.)
em exercício antes de decorridos trinta dias do falecimento do seu
antecessor. Art. 212 - As cominações civis, penais e disciplinares poderão
§ 2º - O pagamento será efetuado, pela respectiva repartição cumular-se, sendo umas e outras independentes entre si, bem as-
pagadora, no dia em que lhe forem apresentados o atestado de óbi- sim as instâncias civil, penal e administrativa.
to, se houver cônjuge, ou os comprovantes das despesas, em se (Vide arts. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de Minas
tratando de outra pessoa.” Gerais.)
(Artigo com redação dada pelo art. 27 da Lei n° 3.422, de
8/10/1965.) CAPÍTULO II
(Vide art. 24 da Lei nº 8.798, de 30/4/1985.) Da Prisão Preventiva e da Suspensão Preventiva
(Vide art. 68 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 213 - Cabe, dentro das respectivas competências, aos Se-
Art. 205 - O vencimento ou a remuneração do funcionário
cretários de Estado e aos Diretores de Departamentos diretamente
em atividade ou em disponibilidade e o provento atribuído ao que
estiver aposentado não poderão sofrer outros descontos que não subordinados ao Governador do Estado, ordenar a prisão adminis-
sejam previstos em lei. trativa de todo ou qualquer responsável pelos dinheiros e valores
pertencentes à Fazenda Estadual ou que se acharem sob a guarda
Art. 206 - A administração, em igualdade de condições, prefe- desta, nos casos de alcance ou omissão em efetuar as entradas nos
rirá para transferência ou remoção da localidade onde trabalha, o devidos prazos.
funcionário que não seja estudante. § 1º - A autoridade que ordenar a prisão comunicará o fato
imediatamente à autoridade judiciária competente, para os devidos
Art. 207 - Ao funcionário estudante matriculado em estabe- efeitos.
lecimento de ensino será concedido, sempre que possível, horário § 2º - Providenciará, ainda, no sentido de ser iniciado com ur-
especial de trabalho que possibilite a frequência regular às aulas. gência e imediatamente concluído o processo de tomada de contas.
Parágrafo único - Ao funcionário estudante será permitido fal- § 3º - A prisão administrativa não poderá exceder a noventa
tar ao serviço, sem prejuízo do vencimento, remuneração ou van- dias.
tagens decorrentes do exercício, nos dias de prova ou de exame.
TÍTULO VIII Art. 214 - Poderá ser ordenada, pelo Secretário de Estado e
Dos Deveres e da Ação Disciplinar Diretores de Departamentos diretamente subordinados ao Gover-
CAPÍTULO I nador do Estado, dentro da respectiva competência, a suspensão
Das Responsabilidades preventiva do funcionário, até trinta dias, desde que seu afasta-
(Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.) mento seja necessário para a averiguação de faltas cometidas, po-
dendo ser prorrogada até noventa dias, findos os quais cessarão
Art. 208 - Pelo exercício irregular de suas atribuições, o fun- os efeitos da suspensão, ainda que o processo administrativo não
cionário responde civil, penal e administrativamente. esteja concluído.
(Vide arts. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de Minas
Gerais.) Art. 215 - O funcionário terá direito:
I - à contagem de tempo de serviço relativo ao período da
Art. 209 - A responsabilidade civil decorre de procedimento prisão ou da suspensão, quando do processo não resultar punição,
doloso ou culposo, que importe em prejuízo da Fazenda Estadual,
ou de terceiro. ou esta se limitar às penas de advertências, multa ou repreensão;
§ 1º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda Estadual II - à diferença de vencimento ou remuneração e à contagem
no que exceder as forças da fiança, poderá ser liquidada mediante de tempo de serviço correspondente ao período de afastamento ex-
o desconto em prestações mensais não excedentes da décima parte cedente do prazo de suspensão efetivamente aplicada.
do vencimento ou remuneração, à míngua de outros bens que res-
pondam pela indenização. CAPÍTULO III
§ 2º - Tratando-se de dano causado a terceiro, responderá o Dos Deveres e Proibições
funcionário perante a Fazenda Estadual, em ação regressiva, pro-
posta depois de transitar em julgado a decisão de última instância Art. 216 - São deveres do funcionário:
que houver condenado a Fazenda a indenizar o terceiro prejudi- I - assiduidade;
cado. II - pontualidade;
(Vide arts. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de Minas III - discrição;
Gerais.) IV - urbanidade;
Didatismo e Conhecimento 70
CONHECIMENTOS GERAIS
V - lealdade às instituições constitucionais e administrativas (Artigo com redação dada pelo art. 8º da Lei nº 937, de
a que servir; 18/6/1953.)
VI - observância das normas legais e regulamentares; (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
VII - obediência às ordens superiores, exceto quando mani- rais.)
festamente ilegais; (Vide art. 10 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
VIII - levar ao conhecimento da autoridade superior irregula-
ridade de que tiver ciência em razão do cargo; Art. 219 - São competentes para determinar a instauração do
IX - zelar pela economia e conservação do material que lhe processo administrativo os Secretários de Estado e os Diretores
for confiado; de Departamentos diretamente subordinados ao Governador do
X - providenciar para que esteja sempre em ordem no assenta- Estado.
mento individual a sua declaração de família; (Vide art. 11 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
XI - atender prontamente: (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
a) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; rais.)
b) à expedição das certidões requeridas para a defesa de di-
Art. 220 - O processo administrativo constará de duas fases
reito.
distintas:
(Vide art. 172 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
a) inquérito administrativo;
b) processo administrativo propriamente dito.
Art. 217 - Ao funcionário é proibido: § 1º - Ficará dispensada a fase do inquérito administrativo
I - referir-se de modo depreciativo, em informação, parecer quando forem evidentes as provas que demonstrem a responsabili-
ou despacho, às autoridades e atos da administração pública, po- dade do indiciado ou indiciados.
dendo, porém, em trabalho assinado, criticá-los do ponto de vista § 2º - O inquérito administrativo se constituirá de averiguação
doutrinário ou da organização do serviço; sumária, sigilosa, de que se encarregarão funcionários designados
II - retirar sem prévia autorização da autoridade competente pelas autoridades a que se refere o art. 219 e deverá ser iniciado
qualquer documento ou objeto da repartição; e concluído no prazo improrrogável de 30 dias a partir da data de
III - promover manifestações de apreço ou desapreço e fazer designação.
circular ou subscrever lista de donativos no recinto da repartição; § 3º - Os funcionários designados para proceder ao inquérito,
IV - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal em detri- salvo autorização especial da autoridade competente, não poderão
mento da dignidade da função; exercer outras atribuições além das de pesquisas e averiguação in-
V - coagir ou aliciar subordinados com objetivos de natureza dispensável à elucidação do fato, devendo levar as conclusões a
partidária; que chegarem ao conhecimento da autoridade competente, com a
VI - participar da gerência ou administração de empresa co- caracterização dos indiciados.
mercial ou industrial, salvo os casos expressos em lei; § 4º - Nenhuma penalidade, exceto repreensão, multa e sus-
VII - exercer comércio ou participar de sociedade comercial, pensão, poderá decorrer das conclusões a que chegar o inquérito,
exceto como acionista, quotista ou comandatário; que é simples fase preliminar do processo administrativo.
VIII - praticar a usura em qualquer de suas formas; (Parágrafo vetado e com redação dada pelo art. 9º da Lei nº
IX - pleitear, como procurador ou intermediário, junto às re- 937, de 18/6/1953.)
partições públicas, salvo quando se tratar de percepção de venci- § 5º - Os funcionários encarregados do inquérito adminis-
mentos e vantagens, de parente até segundo grau; trativo dedicarão todo o seu tempo aos trabalhos do mesmo, sem
X - receber propinas, comissões, presentes e vantagens de prejuízo de vencimento, remuneração ou vantagem decorrente do
qualquer espécie em razão das atribuições; exercício.
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
XI - contar a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre-
rais.)
vistos em lei, o desempenho de encargo que lhe competir ou a seus
subordinados.
Art. 221 - O processo administrativo será realizado por uma
(Vide art. 173 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) comissão, designada pela autoridade que houver determinado a
sua instauração e composta de três funcionários estáveis.
CAPÍTULO IV § 1º - A autoridade indicará, no ato da designação, um dos fun-
Da apuração de irregularidades cionários para dirigir, como presidente, os trabalhos da comissão.
SEÇÃO I § 2º - O presidente designará um dos outros componentes da
Do processo administrativo comissão para secretariá-la.
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
(Vide art. 10 da Lei Complementar nº 71, de 30/7/2003.) rais.)
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 116, de 11/1/2011.)
Art. 222 - Os membros da comissão dedicarão todo o seu
Art. 218 - A autoridade que tiver ciência ou notícia da ocor- tempo aos trabalhos da mesma, ficando, por isso, automatica-
rência de irregularidades no serviço público é obrigado a promo- mente dispensados do serviço de sua repartição, sem prejuízo do
ver-lhe a apuração imediata por meio de sumários, inquérito ou vencimento, remuneração ou vantagens decorrentes do exercício,
processo administrativo. durante a realização das diligências que se tornarem necessárias.
Parágrafo único - O processo administrativo precederá sempre (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
à demissão do funcionário. rais.)
Didatismo e Conhecimento 71
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 223 - O processo administrativo deverá ser iniciado den- Art. 229 - Entregue o relatório da comissão, acompanhado do
tro do prazo, improrrogável, de três dias contados da data da desig- processo, à autoridade que houver determinado à sua instauração,
nação dos membros da comissão e concluído no de sessenta dias, essa autoridade deverá proferir o julgamento dentro do prazo im-
a contar da data de seu início. prorrogável de sessenta dias.
Parágrafo único - Por motivo de força-maior, poderá a autori- Parágrafo único - Se o processo não for julgado no prazo in-
dade competente prorrogar os trabalhos da comissão pelo máximo dicado neste artigo, o indiciado reassumirá, automaticamente, o
de 30 dias. exercício de seu cargo ou função, e aguardará em exercício o jul-
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge- gamento, salvo o caso de prisão administrativa que ainda perdure.
rais.) (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.)
Art. 224 - A comissão procederá a todas as diligências que
julgar convenientes, ouvindo, quando necessário, a opinião de téc- Art. 230 - Quando escaparem à sua alçada as penalidades e
nicos ou peritos. providências que lhe parecerem cabíveis, a autoridade que deter-
Parágrafo único - Terá o funcionário indiciado o direito de, minou a instauração do processo administrativo, propô-las-á den-
pessoalmente ou por procurador, acompanhar todo o desenvolver tro do prazo marcado para julgamento, à autoridade competente.
do processo, podendo, através do seu defensor, indicar e inquirir § 1º - Na hipótese deste artigo, o prazo para julgamento final
testemunhas, requerer juntada de documentos, vista do processo será de quinze dias, improrrogável.
em mãos da comissão e o mais que for necessário a bem de seu § 2º - A autoridade julgadora promoverá as providências ne-
interesse, sem prejuízo para o andamento normal do trabalho. cessárias à sua execução.
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge- (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.) rais.)
Art. 225 - Ultimado o processo, a comissão mandará, dentro Art. 231 - As decisões serão sempre publicadas no órgão ofi-
de quarenta e oito horas, citar o acusado para, no prazo de dez dias,
cial, dentro do prazo de oito dias.
apresentar defesa.
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
Parágrafo único - Achando-se o acusado em lugar incerto, a
rais.)
citação será feita por edital publicado no órgão oficial, durante oito
dias consecutivos. Neste caso, o prazo de dez dias para apresenta-
Art. 232 - Quando ao funcionário se imputar crime praticado
ção da defesa será contado da data da última publicação do edital.
na esfera administrativa, a autoridade que determinar a instauração
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
do processo administrativo providenciará para que se instaure si-
rais.)
multaneamente o inquérito policial.
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
Art. 226 - No caso de revelia, será designado, “ex-officio”,
pelo presidente da comissão, um funcionário para se incumbir da rais.)
defesa.
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge- Art. 233 - Quando a infração estiver capitulada na lei penal,
rais.) será remetido o processo à autoridade competente, ficando traslado
na repartição.
Art. 227 - Esgotado o prazo referido no art. 225, a comissão (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
apreciará a defesa produzida e, então, apresentará o seu relatório, rais.)
dentro do prazo de dez dias.
§ 1º - Neste relatório, a comissão apreciará em relação a cada Art. 234 - No caso de abandono do cargo ou função, de que
indiciado, separadamente, as irregularidades de que forem acusa- cogita o art. 249, II, deste Estatuto, o presidente da comissão de
dos, as provas colhidas no processo, as razões de defesa, propon- processo promoverá a publicação, no órgão oficial, de editais de
do, então, justificadamente, a absolvição ou a punição, e indican- chamamento, pelo prazo de vinte dias, se o funcionário estiver au-
do, neste caso, a pena que couber. sente do serviço, em edital de citação, pelo mesmo prazo, se já
§ 2º - Deverá, também, a comissão em seu relatório, sugerir tiver reassumido o exercício.
quaisquer outras providências que lhe pareçam de interesse do ser- Parágrafo único - Findo o prazo fixado neste artigo, será dado
viço público. início ao processo normal, com a designação de defensor “ex-of-
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge- ficio”, se não comparecer o funcionário, e, não tendo sido feita a
rais.) prova da existência de força-maior ou de coação ilegal, a comissão
proporá a expedição do decreto de demissão, na conformidade do
Art. 228 - Apresentado o relatório, os componentes da comis- art. 249, item II.
são assumirão o exercício de seus cargos, mas ficarão à disposição (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
da autoridade que houver mandado instaurar o processo para a rais.)
prestação de qualquer esclarecimento julgado necessário.
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.)
Didatismo e Conhecimento 72
CONHECIMENTOS GERAIS
SEÇÃO II Art. 243 - Quando o acusado pertencer ou houver pertencido
Revisão do Processo Administrativo a órgão diretamente subordinado ao Governador do Estado, ao Se-
(Vide art. 10 da Lei Complementar nº 71, de 30/7/2003.) cretário de Estado dos Negócios do Interior, competirá despachar
o requerimento de revisão e julgá-lo, afinal.
Art. 235 - A qualquer tempo pode ser requerida a revisão de
processo administrativo, em que se impôs a pena de suspensão, CAPÍTULO V
multa, destituição de função, demissão a bem do serviço público, Das Penalidades
desde que se aduzam fatos ou circunstâncias susceptíveis de justi-
ficar a inocência do acusado. (Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
Parágrafo único - Tratando-se de funcionário falecido ou de-
saparecido, a revisão poderá ser requerida por qualquer pessoa re- Art. 244 - São penas disciplinares:
lacionada no assentamento individual. I - Repreensão;
(Vide Lei nº 14.184, de 31/1/2002. II - Multa;
III - Suspensão;
IV - Destituição de função;
Art. 236 - Além das peças necessárias à comprovação dos fa-
V - Demissão;
tos arguidos, o requerimento será obrigatoriamente instruído com
VI - Demissão a bem do serviço público.
certidão do despacho que impôs a penalidade.
Parágrafo único - A aplicação das penas disciplinares não se
Parágrafo único - Não constitui fundamento para revisão a sujeita à sequência estabelecida neste artigo, mas é autônoma, se-
simples alegação de injustiça da penalidade. gundo cada caso e consideradas a natureza e a gravidade da infra-
ção e os danos que dela provierem para o serviço público.
Art. 237 - O requerimento será dirigido ao Governador do Es- (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
tado, que o despachará à repartição onde se originou o processo. Minas Gerais.)
Parágrafo único - Se o Governador do Estado julgar insufi-
cientemente instruído o pedido de revisão, indeferi-lo-á “in limi- Art. 245 - A pena de repreensão será aplicada por escrito em
ne”. caso de desobediência ou falta de cumprimento de deveres.
Parágrafo único - Havendo dolo ou má-fé, a falta de cumpri-
Art. 238 - Recebido o requerimento despachado pelo Gover- mento de deveres, será punida com a pena de suspensão.
nador do Estado, o chefe da repartição o distribuirá a uma comis- (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
são composta de três funcionários de categoria igual ou superior à Minas Gerais.)
do acusado, indicando o que deve servir de presidente, para pro-
cessar a revisão. Art. 246 - A pena de suspensão será aplicada em casos de:
I - Falta grave;
Art. 239 - O requerimento será apenso ao processo ou à sua II - Recusa do funcionário em submeter-se à inspeção médica
cópia (art. 233) marcando-se ao interessado o prazo de dez dias quando necessária;
para contestar os fundamentos da acusação constantes do mesmo III - Desrespeito às proibições consignadas neste Estatuto;
processo. IV - Reincidência em falta já punida com repreensão;
§ 1º - É impedido de funcionar na revisão quem compôs a V - Recebimento doloso e indevido de vencimento, ou remu-
comissão do processo administrativo. neração ou vantagens;
§ 2º - Se o acusado pretender apresentar prova testemunhal VI - Requisição irregular de transporte;
deverá arrolar os nomes no requerimento de revisão. VII - Concessão de laudo médico gracioso.
§ 3º - O presidente da comissão de revisão designará um de § 1º - A pena de suspensão não poderá exceder de noventa
dias.
seus membros para secretariá-la.
§ 2º - O funcionário suspenso perderá todas as vantagens e
(Vide art. 10 da Lei Complementar nº 71, de 30/7/2003.)
direitos decorrentes do exercício do cargo.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
Art. 240 - Concluída a instrução do processo, será ele, dentro Minas Gerais.)
de dez dias, encaminhado com relatório da comissão ao Governa-
dor do Estado, que o julgará. Art. 247 - A pena de multa será aplicada na forma e nos casos
Parágrafo único - Para esse julgamento, o Governador do expressamente previstos em lei ou regulamento.
Estado terá o prazo de vinte dias, podendo antes determinar di- (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
ligências que entenda necessárias ao melhor esclarecimento do Minas Gerais.)
processo.
Art. 248 - A destituição de função dar-se-á:
Art. 241 - Julgando procedente a revisão, o Governador do I - quando se verificar a falta de exação no seu desempenho;
Estado tornará sem efeito as penalidades aplicadas ao acusado. II - quando se verificar que, por negligência ou benevolência,
o funcionário contribuiu para que se não apurasse, no devido tem-
Art. 242 - O julgamento favorável do processo implicará tam- po, a falta de outro.
bém o restabelecimento de todos os direitos perdidos em conse- (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
quência da penalidade aplicada. Minas Gerais.)
Didatismo e Conhecimento 73
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 249 - A pena de demissão será aplicada ao servidor que: Parágrafo único - A aplicação da pena de destituição de função
I - acumular, ilegalmente, cargos, funções ou cargos com fun- caberá à autoridade que houver feito a designação.
ções; (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
II - incorrer em abandono de cargo ou função pública pelo Minas Gerais.)
não comparecimento ao serviço sem causa justificada por mais de
trinta dias consecutivos ou mais de noventa dias não consecutivos Art. 253 - Deverão constar do assentamento individual todas
em um ano; as penas impostas ao funcionário, inclusive as decorrentes da falta
III - aplicar indevidamente dinheiros públicos; de comparecimento às sessões do júri para que for sorteado.
IV - exercer a advocacia administrativa; § 1º - Além da pena judicial que couber, serão considerados
V - receber em avaliação periódica de desempenho: como de suspensão os dias em que o funcionário deixar de atender
a) dois conceitos sucessivos de desempenho insatisfatório; às convocações do juiz, sem motivo justificado.
b) três conceitos interpolados de desempenho insatisfatório § 2º - O funcionário poderá requerer reabilitação administra-
em cinco avaliações consecutivas; ou tiva, que consiste na retirada, dos registros funcionais, das anota-
c) quatro conceitos interpolados de desempenho insatisfatório ções das penas de repreensão, multa, suspensão e destituição de
função, observado o decurso de tempo assim estabelecido:
em dez avaliações consecutivas.
1 - três (3) anos para as penas de suspensão compreendidas
Parágrafo único. Receberá conceito de desempenho insatis-
entre sessenta (60) a noventa (90) dias ou destituição de função;
fatório o servidor cuja avaliação total, considerados todos os cri- 2 - dois (2) anos para as penas de suspensão compreendidas
térios de julgamento aplicáveis em cada caso, seja inferior a 50% entre trinta (3) e sessenta (60) dias;
(cinquenta por cento) da pontuação máxima admitida. 3 - um (1) ano para as penas de suspensão de um (1) a trinta
(Artigo com redação dada pelo art. 8º da Lei Complementar (30) dias, repreensão ou multa.
nº 71, de 30/7/2003.) § 3º - Os prazos a que se refere o parágrafo anterior serão
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de contados a partir do cumprimento integral das respectivas pena-
Minas Gerais.) lidades.
(Vide art. 24 da Lei Complementar nº 81, de 10/8/2004.) § 4º - A reabilitação administrativa estende-se ao aposentado,
desde que ocorram os requisitos a ela vinculados.
Art. 250 - Será aplicada a pena de demissão a bem do serviço § 5º - Em nenhum caso a reabilitação importará direito a res-
ao funcionário que: sarcimento, restituição ou indenização de vencimentos ou vanta-
I - for convencido de incontinência pública e escandalosa, de gens não percebidos no período de duração da pena.
vício de jogos proibidos e de embriaguez habitual; § 6º - A reabilitação será concedida uma única vez.
II - praticar crime contra a boa ordem e administração pública § 7º - Os procedimentos para o instituto da reabilitação serão
e a Fazenda Estadual; definidos em decreto.
III - revelar segredos de que tenha conhecimento em razão § 8º - É da competência do Secretário de Administração deci-
do cargo ou função, desde que o faça dolosamente e com prejuízo dir sobre a reabilitação, ouvido, previamente, o titular da reparti-
para o Estado ou particulares; ção de exercício do funcionário.
IV - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcionários (Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 9.442, de
ou particulares, salvo se em legítima defesa; 22/10/1987.)
V - lesar os cofres públicos ou delapidar o patrimônio do Es- (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
tado; Minas Gerais.)
VI - receber ou solicitar propinas, comissões, presentes ou
vantagens de qualquer espécie. Art. 254 - Verificado, em qualquer tempo, ter sido gracioso
o laudo da junta médica, o órgão competente promoverá a puni-
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
ção dos responsáveis, incorrendo o funcionário, a que aproveitar a
Minas Gerais.)
fraude, na pena de suspensão, e, na reincidência, na de demissão, e
os médicos em igual pena, se forem funcionários sem prejuízo da
Art. 251 - O ato que demitir o funcionário mencionará sempre ação penal que couber.
a disposição legal em que se fundamenta. (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
Parágrafo único - Uma vez submetidos a processo administra- Minas Gerais.)
tivo, os funcionários só poderão ser exonerados depois da conclu-
são do processo e de reconhecida a sua culpabilidade. Art. 255 - O funcionário que não entrar em exercício dentro do
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de prazo será demitido do cargo ou destituído da função.
Minas Gerais.) (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
Minas Gerais.)
Art. 252 - Para aplicação das penas do art. 244 são compe-
tentes: Art. 256 - Terá cassada a licença e será demitido do cargo o
I - o chefe do Governo, nos casos de demissão; funcionário licenciado para tratamento de saúde que se dedicar a
II - os Secretários de Estado e Diretores de Departamentos qualquer atividade remunerada.
diretamente subordinados ao Governador do Estado, nos casos de (Artigo com redação dada pelo art. 10 da Lei nº 937, de
suspensão por mais de trinta dias; 18/6/1953.)
III - os chefes de Departamentos, nos casos de repreensão e (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
suspensão até trinta dias. Minas Gerais.)
Didatismo e Conhecimento 74
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 257 - Será cassada, por decreto do Governador do Estado, Art. 263 - O funcionário que processar o pagamento de ser-
a aposentadoria ou disponibilidade, se ficar provado, em processo, viço extraordinário, sem observância do disposto nesta lei, ficará
que o aposentado ou funcionário em disponibilidade: obrigado a recolher aos cofres do Estado a importância respectiva.
I - praticou, quando em atividade, qualquer dos atos para os (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
quais é cominada neste Estatuto a pena de demissão, ou de demis- Minas Gerais.)
são a bem do serviço público;
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
Art. 264 - Será punido com a pena de suspensão e, na reinci-
III - aceitou representação de Estado estrangeiro, sem prévia
autorização do Governador do Estado; dência, com a de demissão a bem do serviço público, o funcionário
IV - praticou a usura, em qualquer de suas formas. que atestar falsamente a prestação de serviço extraordinário.
Parágrafo único - Será igualmente cassada a disponibilidade Parágrafo único - O funcionário que se recusar, sem justo mo-
do servidor que não assumir, no prazo legal, o cargo ou função em tivo, à prestação de serviço extraordinário será punido com a pena
que for aproveitado. de suspensão.
(Artigo com redação dada pelo art. 4º da Lei nº 2.364, de (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
13/1/1961.) Minas Gerais.)
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
Minas Gerais.)
Art. 265 - Comprovada a flagrante desnecessidade da anteci-
Art. 258 - As penas de repreensão, multa e suspensão pres- pação ou prorrogação do período de trabalho, o chefe da reparti-
crevem no prazo de dois anos e a de demissão, por abandono do ção que o tiver ordenado responderá pecuniariamente pelo serviço
cargo, no prazo de quatro anos. extraordinário.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
Minas Gerais.) Minas Gerais.)
Art. 259 - No caso do art. 249, item I, provada a boa-fé, pode- Art. 266 - Da infração do disposto no art. 119 resultará demis-
rá o servidor optar, obedecidas as seguintes normas:
são do funcionário por procedimento irregular, e imediata reposi-
a) tratando-se do exercício acumulado de cargo, funções ou
cargos e funções do Estado, mediante simples requerimento, de ção aos cofres públicos da importância recebida, pela autoridade
próprio punho e firma reconhecida, dirigido ao Governador do Es- ordenadora do pagamento.
tado; (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
b) quando forem os cargos ou funções acumulados de esferas Minas Gerais.)
diversas da Administração - União, Estado, Município ou entidade
autárquica, mediante requerimento, na forma da alínea anterior, e Art. 267 - Serão considerados como falta os dias em que o
dada ciência imediata do fato à outra entidade interessada. funcionário licenciado para tratamento de saúde, considerado apto
Parágrafo único - Se não for provada em processo adminis- em inspeção médica “ex-officio”, deixar de comparecer ao serviço.
trativo a boa-fé, o servidor será demitido do cargo ou destituído
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
da função estadual, sendo cientificado também, neste caso, a outra
entidade interessada e ficando o servidor ainda inabilitado, pelo Minas Gerais.)
prazo de 5 anos, para o exercício de cargos ou funções do Estado.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de Art. 268 - O responsável por alcance ou desvio de material
Minas Gerais.) não ficará isento da ação administrativa e criminal que couber, ain-
da que o valor da fiança seja superior ao prejuízo verificado.
Art. 260 - O funcionário que indevidamente receber diária (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
será obrigado a restituir, de uma só vez, a importância recebida, Minas Gerais.)
ficando ainda sujeito a punição disciplinar a que se refere o art.
246, item V.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de Art. 269 - Nos casos de indenização à Fazenda Estadual, o
Minas Gerais.) funcionário será obrigado a repor, de uma só vez, a importância do
prejuízo causado em virtude de alcance, desfalque ou omissão em
Art. 261 - Será punido com a pena de suspensão, e, na rein- efetuar recolhimento ou entradas nos prazos legais.
cidência, com a de demissão, o funcionário que, indevidamente, (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
conceder diárias, com o objetivo de remunerar outros serviços ou Minas Gerais.)
encargos, ficando ainda obrigado à reposição da importância cor-
respondente. Art. 270 - Fora dos casos incluídos no artigo anterior, a im-
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
portância da indenização poderá ser descontada do vencimento ou
Minas Gerais.)
remuneração, não excedendo o desconto à quinta parte de sua im-
Art. 262 - Será responsabilizado pecuniariamente, sem pre- portância líquida.
juízo da sanção disciplinar que couber, o chefe de repartição que Parágrafo único - O desconto poderá ser integral, quando o
ordenar a prestação de serviço extraordinário, sem que disponha funcionário, para se esquivar ao ressarcimento devido, solicitar
do necessário crédito. exoneração ou abandonar o cargo.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de
Minas Gerais.) Minas Gerais.)
Didatismo e Conhecimento 75
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 271 - Será suspenso por noventa dias, e, na reincidência Art. 280 - Os prazos previstos neste Estatuto serão, todos,
demitido o funcionário que fora dos casos expressamente previstos contados por dias corridos, salvo as exceções previstas em lei.
em lei, regulamentos ou regimentos, cometer à pessoas estranhas
às repartições, o desempenho de encargos que lhe competirem ou Art. 281 - O provimento nos cargos e transferências, a substi-
aos seus subordinados. tuição e as férias, bem como o vencimento e as demais vantagens
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de dos cargos de Magistério e do Ministério Público continuam a ser
Minas Gerais.) reguladas pelas respectivas leis especiais, aplicadas subsidiaria-
mente às disposições deste Estatuto.
Art. 272 - A infração do disposto no art. 162 importará a perda
total do vencimento ou remuneração e, se a ausência exceder a Art. 282 - Nenhum imposto ou taxa estadual gravará venci-
trinta dias, a demissão por abandono do cargo. mento, remuneração ou gratificação do funcionário, o ato de sua
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de nomeação, bem como os demais atos, requerimentos, recursos ou
Minas Gerais.) títulos referentes à sua vida funcional.
Parágrafo único - O vencimento da disponibilidade e o pro-
Art. 273 - A responsabilidade administrativa não exime o fun- vento da aposentadoria não poderão, igualmente, sofrer qualquer
cionário da responsabilidade civil ou criminal que no caso couber, desconto por cobrança de impostos ou taxas estaduais.
nem o pagamento da indenização a que ficar obrigado o exime da
pena disciplinar em que incorrer. Art. 283 - Para os efeitos do art. 111, será contado o tempo
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de de efetivo exercício prestado pelo servidor em cargo ou função de
Minas Gerais.) chefia anteriormente à vigência da Lei 858, de 29 de dezembro de
1951.
Art. 274 - A autoridade que deixar de proferir o julgamento
em processo administrativo no prazo marcado no art. 229, será Art. 284 - Nas primeiras promoções que se verificarem após a
responsabilizada pelos prejuízos que advierem do retardamento da vigência desta lei, será observado o disposto no art. 46 da Lei 858,
decisão. de 29 de dezembro de 1951.
(Vide §§ 1º e 4º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) Art. 285 - Os decretos de provimento de cargos públicos, as
designações para função gratificada, bem como todos os atos ou
TÍTULO IX portarias relativas a direitos, vantagens, concessões e licenças só
Das Disposições Finais e Transitórias produzirão efeito depois de publicados no órgão oficial.
Art. 275 - A nomeação de funcionário obedecerá a ordem de Art. 286 - (Revogado pelo art. 1º da Lei Complementar nº
classificação dos candidatos habilitados em concurso. 70,de 30/7/2003.)
Dispositivo revogado:
Art. 276 - É vedado ao funcionário trabalhar sob as ordens “Art. 286 - Ao funcionário licenciado há mais de dez meses
de parentes até segundo grau, salvo quando se tratar de função de para tratamento de saúde, é assegurado o direito, a título de auxí-
imediata confiança e de livre escolha, não podendo exceder a dois lio-doença, à percepção de um mês de vencimento.
o número de auxiliares nessas condições. Parágrafo único - Quando se tratar de moléstia profissional
ou de acidente, nos termos do artigo 170, o auxílio-doença será
Art. 277 - Poderá ser estabelecido o regime do tempo integral devido após três meses de licenciamento, sendo repetido quando
para os cargos ou funções que a lei determinar. este atingir um ano.”
(Vide art. 22 da Lei n° 3.422, de 8/10/1965.) (Vide art. 24 da Lei nº 8.798, de 30/4/1985.)
(Vide art. 68 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 278 - O órgão competente fornecerá ao funcionário uma
caderneta de que constarão os elementos de sua identificação e Art. 287 - Aos funcionários que trabalham ou tenham traba-
onde se registrarão os atos e fatos de sua vida funcional, essa ca- lhado pelo menos cinco anos nas oficinas do “Minas Gerais”, em
derneta valerá como prova de identidade, para todos os efeitos, e serviço noturno, abonar-se-ão setenta e dois dias, para efeito de
será gratuita. aposentadoria, em cada ano que for apurado.
Parágrafo único - Consideram-se funcionários das oficinas do
Art. 279 - Considerar-se-ão da família do funcionário, desde “Minas Gerais”, para os fins deste artigo, os pertencentes à:
que vivam às suas expensas e constem do seu assentamento indi- a) revisão;
vidual: b) composição;
I - o cônjuge; c) impressão;
II - as filhas, enteadas, sobrinhas e irmãs solteiras e viúvas; d) expedição.
III - os filhos, enteados, sobrinhos e irmãos menores de 18
anos ou incapazes; Art. 288 - Os funcionários da Polícia Civil, que trabalhem em
IV - os pais; serviço de natureza estritamente policial, terão direito à aposenta-
V - os netos; doria com o vencimento integral e a incorporação das vantagens a
VI - os avós; que se refere o art. 116 desta lei, quando completarem 25 anos de
VII - os amparados pela delegação do pátrio poder. serviço dedicado exclusivamente às aludidas atividades policiais.
Didatismo e Conhecimento 76
CONHECIMENTOS GERAIS
Parágrafo único - Consideram-se atividades policiais, para os Mando, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhe-
fins deste artigo, as exercidas por: cimento e execução desta lei pertencer, que a cumpram e façam
a) Delegados de polícia; cumprir, tão inteiramente como nela se contém.
b) médicos legistas;
c) investigadores; Dada no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, 5 de julho
d) guardas civis; de 1952.
e) fiscais e inspetores de trânsito;
f) escrivães e escreventes da polícia;
g) peritos do Departamento da Polícia Técnica.
Art. 289 - Tem direito à aposentadoria com 25 anos de traba- LEI FEDERAL N.º 7.210, DE 11 DE JULHO
lho o funcionário que, durante este período, trabalhou 12 anos e DE 1984 (INSTITUI A LEI DE EXECUÇÃO
seis meses, pelo menos, com Raio X, substâncias radioativas ou PENAL) E ALTERAÇÕES POSTERIORES;
substâncias químicas de emanações corrosivas.
Art. 295 - A presente lei entrará em vigor na data de sua publi- Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de
cação, revogadas as disposições em contrário. Classificação que elaborará o programa individualizador da pena
(Artigo renumerado e com redação dada pelo art. 13 da Lei nº privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório.
937, de 18/6/1953.) (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
Didatismo e Conhecimento 77
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em SEÇÃO II
cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no Da Assistência Material
mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um)
psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado con-
à pena privativa de liberdade. sistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações
higiênicas.
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto
ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social. Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e serviços
que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de
Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não
liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminoló- fornecidos pela Administração.
gico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada
classificação e com vistas à individualização da execução. SEÇÃO III
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser Da Assistência à Saúde
submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de li-
berdade em regime semi-aberto. Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de ca-
ráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico,
farmacêutico e odontológico.
Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reve- § 1º (Vetado).
ladores da personalidade, observando a ética profissional e tendo § 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado
sempre presentes peças ou informações do processo, poderá: para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em
I - entrevistar pessoas; outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento.
II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, § 3o Será assegurado acompanhamento médico à mulher,
dados e informações a respeito do condenado; principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-
III - realizar outras diligências e exames necessários. nascido. (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)
Didatismo e Conhecimento 78
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 1o O ensino ministrado aos presos e presas integrar-se-á ao VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios
sistema estadual e municipal de ensino e será mantido, adminis- da Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho;
trativa e financeiramente, com o apoio da União, não só com os VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do pre-
recursos destinados à educação, mas pelo sistema estadual de jus- so, do internado e da vítima.
tiça ou administração penitenciária. (Incluído pela Lei nº 13.163,
de 2015) SEÇÃO VII
§ 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às presas Da Assistência Religiosa
cursos supletivos de educação de jovens e adultos. (Incluído pela
Lei nº 13.163, de 2015) Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será
§ 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal prestada aos presos e aos internados, permitindo-se-lhes a parti-
incluirão em seus programas de educação à distância e de utiliza- cipação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem
ção de novas tecnologias de ensino, o atendimento aos presos e às como a posse de livros de instrução religiosa.
presas. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) § 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cul-
tos religiosos.
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de ini- § 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a partici-
ciação ou de aperfeiçoamento técnico. par de atividade religiosa.
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional
adequado à sua condição. SEÇÃO VIII
Da Assistência ao Egresso
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de con-
vênio com entidades públicas ou particulares, que instalem escolas Art. 25. A assistência ao egresso consiste:
ou ofereçam cursos especializados. I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade;
II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação,
Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses.
estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser
de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos. prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do assis-
tente social, o empenho na obtenção de emprego.
Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar: (Incluído
pela Lei nº 13.163, de 2015) Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei:
I - o nível de escolaridade dos presos e das presas; (Incluído I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da
pela Lei nº 13.163, de 2015) saída do estabelecimento;
II - a existência de cursos nos níveis fundamental e médio II - o liberado condicional, durante o período de prova.
e o número de presos e presas atendidos; (Incluído pela Lei nº
13.163, de 2015) Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com o
III - a implementação de cursos profissionais em nível de ini- egresso para a obtenção de trabalho.
ciação ou aperfeiçoamento técnico e o número de presos e presas
atendidos; (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) CAPÍTULO III
IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu acervo; Do Trabalho
(Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) SEÇÃO I
V - outros dados relevantes para o aprimoramento educacio- Disposições Gerais
nal de presos e presas. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)
Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e con-
SEÇÃO VI dição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.
Da Assistência Social § 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as
precauções relativas à segurança e à higiene.
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o pre- § 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Conso-
so e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade. lidação das Leis do Trabalho.
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante pré-
I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames; via tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário
II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os pro- mínimo.
blemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido; § 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender:
III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que
saídas temporárias; determinados judicialmente e não reparados por outros meios;
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, b) à assistência à família;
a recreação; c) a pequenas despesas pessoais;
V - promover a orientação do assistido, na fase final do cum- d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a
primento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno manutenção do condenado, em proporção a ser fixada e sem pre-
à liberdade; juízo da destinação prevista nas letras anteriores.
Didatismo e Conhecimento 79
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a SEÇÃO III
parte restante para constituição do pecúlio, em Caderneta de Pou- Do Trabalho Externo
pança, que será entregue ao condenado quando posto em liberdade.
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em
Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à regime fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas
comunidade não serão remuneradas. por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades pri-
vadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da
disciplina.
SEÇÃO II
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez
Do Trabalho Interno
por cento) do total de empregados na obra.
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empre-
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obri- sa empreiteira a remuneração desse trabalho.
gado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. § 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é consentimento expresso do preso.
obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabeleci-
mento. Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela
direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e res-
Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em con- ponsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto)
ta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do da pena.
preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado. Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho ex-
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato terno ao preso que vier a praticar fato definido como crime, for
sem expressão econômica, salvo nas regiões de turismo. punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos re-
§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupa- quisitos estabelecidos neste artigo.
ção adequada à sua idade.
CAPÍTULO IV
§ 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão ativi- Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina
dades apropriadas ao seu estado. SEÇÃO I
Dos Deveres
Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6
(seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais
e feriados. inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de execução da
Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de tra- pena.
balho aos presos designados para os serviços de conservação e ma-
nutenção do estabelecimento penal. Art. 39. Constituem deveres do condenado:
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sen-
Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou tença;
empresa pública, com autonomia administrativa, e terá por objeti- II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com
quem deva relacionar-se;
vo a formação profissional do condenado.
III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;
§ 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora pro- IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos
mover e supervisionar a produção, com critérios e métodos empre- de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;
sariais, encarregar-se de sua comercialização, bem como suportar V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
despesas, inclusive pagamento de remuneração adequada. (Renu- VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
merado pela Lei nº 10.792, de 2003) VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
§ 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão cele- VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas
brar convênio com a iniciativa privada, para implantação de ofici- realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional
nas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios. (Incluí- da remuneração do trabalho;
do pela Lei nº 10.792, de 2003) IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
X - conservação dos objetos de uso pessoal.
Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta da Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber,
União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municípios ad- o disposto neste artigo.
quirirão, com dispensa de concorrência pública, os bens ou produ-
SEÇÃO II
tos do trabalho prisional, sempre que não for possível ou recomen- Dos Direitos
dável realizar-se a venda a particulares.
Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com as Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integri-
vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública a que dade física e moral dos condenados e dos presos provisórios.
alude o artigo anterior ou, na sua falta, do estabelecimento penal.
Art. 41 - Constituem direitos do preso:
I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
Didatismo e Conhecimento 80
CONHECIMENTOS GERAIS
III - Previdência Social; da pena ou da prisão, será cientificado das normas disciplinares.
IV - constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o traba- Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa de
lho, o descanso e a recreação; liberdade, será exercido pela autoridade administrativa conforme
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artís- as disposições regulamentares.
ticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a exe-
cução da pena; Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o poder
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, so- disciplinar será exercido pela autoridade administrativa a que esti-
cial e religiosa; ver sujeito o condenado.
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; ao Juiz da execução para os fins dos artigos 118, inciso I, 125, 127,
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei.
em dias determinados;
XI - chamamento nominal; SUBSEÇÃO II
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da Das Faltas Disciplinares
individualização da pena;
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, mé-
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em de- dias e graves. A legislação local especificará as leves e médias,
fesa de direito; bem assim as respectivas sanções.
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspon- Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspon-
dência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não dente à falta consumada.
comprometam a moral e os bons costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de
pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente. (In- liberdade que:
cluído pela Lei nº 10.713, de 2003) I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV ou a disciplina;
poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do II - fugir;
diretor do estabelecimento. III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a
integridade física de outrem;
Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medi- IV - provocar acidente de trabalho;
da de segurança, no que couber, o disposto nesta Seção. V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do
Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico de con- artigo 39, desta Lei.
fiança pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambu- VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefô-
latorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e nico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
acompanhar o tratamento. presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei nº 11.466,
Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial e o de 2007)
particular serão resolvidas pelo Juiz da execução. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que
couber, ao preso provisório.
SEÇÃO III
Da Disciplina Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de
SUBSEÇÃO I direitos que:
Disposições Gerais I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação
Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na imposta;
obediência às determinações das autoridades e seus agentes e no III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do ar-
desempenho do trabalho. tigo 39, desta Lei.
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à
pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso pro- Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui
visório. falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina
internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
e anterior previsão legal ou regulamentar. características: (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo
física e moral do condenado. de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie,
§ 2º É vedado o emprego de cela escura. até o limite de um sexto da pena aplicada; (Incluído pela Lei nº
§ 3º São vedadas as sanções coletivas. 10.792, de 2003)
II - recolhimento em cela individual; (Incluído pela Lei nº
Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da execução 10.792, de 2003)
Didatismo e Conhecimento 81
CONHECIMENTOS GERAIS
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as sanções pre-
com duração de duas horas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) vistas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei. (Redação dada pela
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para Lei nº 10.792, de 2003)
banho de sol. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
§ 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abri- Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de direitos não
gar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipótese do regime dis-
que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabe- ciplinar diferenciado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
lecimento penal ou da sociedade. (Incluído pela Lei nº 10.792, de Parágrafo único. O isolamento será sempre comunicado ao
2003) Juiz da execução.
§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferen-
ciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fun- SUBSEÇÃO V
dadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, Do Procedimento Disciplinar
em organizações criminosas, quadrilha ou bando. (Incluído pela
Lei nº 10.792, de 2003) Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o
procedimento para sua apuração, conforme regulamento, assegu-
SUBSEÇÃO III rado o direito de defesa.
Das Sanções e das Recompensas Parágrafo único. A decisão será motivada.
Art. 53. Constituem sanções disciplinares: Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o isola-
I - advertência verbal; mento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez dias. A inclusão
II - repreensão; do preso no regime disciplinar diferenciado, no interesse da dis-
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo ciplina e da averiguação do fato, dependerá de despacho do juiz
único); competente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão preven-
estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o tiva no regime disciplinar diferenciado será computado no período
disposto no artigo 88 desta Lei. de cumprimento da sanção disciplinar. (Redação dada pela Lei nº
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. (Incluído pela 10.792, de 2003)
Lei nº 10.792, de 2003)
TÍTULO III
Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplica- Dos Órgãos da Execução Penal
das por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso CAPÍTULO I
V, por prévio e fundamentado despacho do juiz competente. (Re- Disposições Gerais
dação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
§ 1o A autorização para a inclusão do preso em regime disci- Art. 61. São órgãos da execução penal:
plinar dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo I - o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária;
diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. (In- II - o Juízo da Execução;
cluído pela Lei nº 10.792, de 2003) III - o Ministério Público;
§ 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime dis- IV - o Conselho Penitenciário;
ciplinar será precedida de manifestação do Ministério Público e da V - os Departamentos Penitenciários;
defesa e prolatada no prazo máximo de quinze dias. (Incluído pela VI - o Patronato;
Lei nº 10.792, de 2003) VII - o Conselho da Comunidade.
VIII - a Defensoria Pública. (Incluído pela Lei nº 12.313, de
Art. 55. As recompensas têm em vista o bom comportamento 2010).
reconhecido em favor do condenado, de sua colaboração com a
disciplina e de sua dedicação ao trabalho. CAPÍTULO II
Do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
Art. 56. São recompensas:
I - o elogio; Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e Peniten-
II - a concessão de regalias. ciária, com sede na Capital da República, é subordinado ao Minis-
Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos estabe- tério da Justiça.
lecerão a natureza e a forma de concessão de regalias.
Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e Peniten-
SUBSEÇÃO IV ciária será integrado por 13 (treze) membros designados através de
Da Aplicação das Sanções ato do Ministério da Justiça, dentre professores e profissionais da
área do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências
Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão correlatas, bem como por representantes da comunidade e dos Mi-
em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequên- nistérios da área social.
cias do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão. Parágrafo único. O mandato dos membros do Conselho terá
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um terço) em cada ano.
Didatismo e Conhecimento 82
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
tenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito federal ou g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra
estadual, incumbe: comarca;
I - propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção do h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do
delito, administração da Justiça Criminal e execução das penas e artigo 86, desta Lei.
das medidas de segurança; i) (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de desenvol- VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de
vimento, sugerindo as metas e prioridades da política criminal e segurança;
penitenciária; VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais,
III - promover a avaliação periódica do sistema criminal para tomando providências para o adequado funcionamento e promo-
a sua adequação às necessidades do País; vendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica; VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal
V - elaborar programa nacional penitenciário de formação e que estiver funcionando em condições inadequadas ou com infrin-
aperfeiçoamento do servidor; gência aos dispositivos desta Lei;
VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção de es- IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
tabelecimentos penais e casas de albergados; X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir. (Incluído
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da estatística pela Lei nº 10.713, de 2003)
criminal;
VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, bem CAPÍTULO IV
assim informar-se, mediante relatórios do Conselho Penitenciário, Do Ministério Público
requisições, visitas ou outros meios, acerca do desenvolvimento
da execução penal nos Estados, Territórios e Distrito Federal, pro- Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da pena
pondo às autoridades dela incumbida as medidas necessárias ao e da medida de segurança, oficiando no processo executivo e nos
seu aprimoramento; incidentes da execução.
IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade admi-
nistrativa para instauração de sindicância ou procedimento admi-
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:
nistrativo, em caso de violação das normas referentes à execução
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento
penal;
e de internamento;
X - representar à autoridade competente para a interdição, no
II - requerer:
todo ou em parte, de estabelecimento penal.
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do
processo executivo;
CAPÍTULO III
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de exe-
Do Juízo da Execução
cução;
Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei c) a aplicação de medida de segurança, bem como a substitui-
local de organização judiciária e, na sua ausência, ao da sentença. ção da pena por medida de segurança;
d) a revogação da medida de segurança;
Art. 66. Compete ao Juiz da execução: e) a conversão de penas, a progressão ou regressão nos regi-
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer mes e a revogação da suspensão condicional da pena e do livra-
modo favorecer o condenado; mento condicional;
II - declarar extinta a punibilidade; f) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situa-
III - decidir sobre: ção anterior.
a) soma ou unificação de penas; III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade
b) progressão ou regressão nos regimes; judiciária, durante a execução.
c) detração e remição da pena; Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visitará men-
d) suspensão condicional da pena; salmente os estabelecimentos penais, registrando a sua presença
e) livramento condicional; em livro próprio.
f) incidentes da execução.
IV - autorizar saídas temporárias; CAPÍTULO V
V - determinar: Do Conselho Penitenciário
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e
fiscalizar sua execução; Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e fiscali-
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em zador da execução da pena.
privativa de liberdade; § 1º O Conselho será integrado por membros nomeados pelo
c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de Governador do Estado, do Distrito Federal e dos Territórios, dentre
direitos; professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual
d) a aplicação da medida de segurança, bem como a substitui- Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como por represen-
ção da pena por medida de segurança; tantes da comunidade. A legislação federal e estadual regulará o
e) a revogação da medida de segurança; seu funcionamento.
Didatismo e Conhecimento 83
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 2º O mandato dos membros do Conselho Penitenciário terá SEÇÃO III
a duração de 4 (quatro) anos. Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Penais
Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário: Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de estabelecimento
I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, excetua- deverá satisfazer os seguintes requisitos:
da a hipótese de pedido de indulto com base no estado de saúde do I - ser portador de diploma de nível superior de Direito, ou
preso; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou Serviços So-
II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais; ciais;
III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano, ao II - possuir experiência administrativa na área;
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, relatório III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o desem-
dos trabalhos efetuados no exercício anterior; penho da função.
IV - supervisionar os patronatos, bem como a assistência aos Parágrafo único. O diretor deverá residir no estabelecimento,
egressos. ou nas proximidades, e dedicará tempo integral à sua função.
Didatismo e Conhecimento 84
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade: V - visitar os estabelecimentos penais, tomando providências
I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimentos pe- para o adequado funcionamento, e requerer, quando for o caso, a
nais existentes na comarca; apuração de responsabilidade; (Incluído pela Lei nº 12.313, de
II - entrevistar presos; 2010).
III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução e ao VI - requerer à autoridade competente a interdição, no todo ou
Conselho Penitenciário; em parte, de estabelecimento penal. (Incluído pela Lei nº 12.313,
IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos de 2010).
para melhor assistência ao preso ou internado, em harmonia com a Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará pe-
direção do estabelecimento. riodicamente os estabelecimentos penais, registrando a sua presen-
ça em livro próprio. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
CAPÍTULO IX
DA DEFENSORIA PÚBLICA TÍTULO IV
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). Dos Estabelecimentos Penais
CAPÍTULO I
Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular execução Disposições Gerais
da pena e da medida de segurança, oficiando, no processo execu-
tivo e nos incidentes da execução, para a defesa dos necessitados Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condena-
em todos os graus e instâncias, de forma individual e coletiva. (In- do, ao submetido à medida de segurança, ao preso provisório e ao
cluído pela Lei nº 12.313, de 2010). egresso.
§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, se-
Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: (Incluído rão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condi-
pela Lei nº 12.313, de 2010). ção pessoal. (Redação dada pela Lei nº 9.460, de 1997)
I - requerer: (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). § 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabe-
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do lecimentos de destinação diversa desde que devidamente isolados.
processo executivo; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que de qual- Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza,
deverá contar em suas dependências com áreas e serviços desti-
quer modo favorecer o condenado; (Incluído pela Lei nº 12.313,
nados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática
de 2010).
esportiva.
c) a declaração de extinção da punibilidade; (Incluído pela Lei
§ 1º Haverá instalação destinada a estágio de estudantes uni-
nº 12.313, de 2010).
versitários. (Renumerado pela Lei nº 9.046, de 1995)
d) a unificação de penas; (Incluído pela Lei nº 12.313, de
§ 2o Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão
2010).
dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus
e) a detração e remição da pena; (Incluído pela Lei nº 12.313,
filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de
de 2010). idade. (Redação dada pela Lei nº 11.942, de 2009)
f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execu- § 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste artigo de-
ção; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). verão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na segu-
g) a aplicação de medida de segurança e sua revogação, bem rança de suas dependências internas. (Incluído pela Lei nº 12.121,
como a substituição da pena por medida de segurança; (Incluído de 2009).
pela Lei nº 12.313, de 2010). § 4o Serão instaladas salas de aulas destinadas a cursos do
h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a suspen- ensino básico e profissionalizante. (Incluído pela Lei nº 12.245,
são condicional da pena, o livramento condicional, a comutação de de 2010)
pena e o indulto; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). § 5o Haverá instalação destinada à Defensoria Pública. (In-
i) a autorização de saídas temporárias; (Incluído pela Lei nº cluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
12.313, de 2010).
j) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situa- Art. 83-A. Poderão ser objeto de execução indireta as ativi-
ção anterior; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). dades materiais acessórias, instrumentais ou complementares de-
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra senvolvidas em estabelecimentos penais, e notadamente: (Incluído
comarca; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). pela Lei nº 13.190, de 2015).
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1o do art. I - serviços de conservação, limpeza, informática, copeira-
86 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). gem, portaria, recepção, reprografia, telecomunicações, lavanderia
II - requerer a emissão anual do atestado de pena a cumprir; e manutenção de prédios, instalações e equipamentos internos e
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). externos; (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015).
III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade II - serviços relacionados à execução de trabalho pelo preso.
judiciária ou administrativa durante a execução; (Incluído pela Lei (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015).
nº 12.313, de 2010). § 1o A execução indireta será realizada sob supervisão e fisca-
IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade admi- lização do poder público. (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015).
nistrativa para instauração de sindicância ou procedimento admi- § 2o Os serviços relacionados neste artigo poderão compreen-
nistrativo em caso de violação das normas referentes à execução der o fornecimento de materiais, equipamentos, máquinas e profis-
penal; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). sionais. (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015).
Didatismo e Conhecimento 85
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 83-B. São indelegáveis as funções de direção, chefia e § 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento da autoridade
coordenação no âmbito do sistema penal, bem como todas as ativi- administrativa definir o estabelecimento prisional adequado para
dades que exijam o exercício do poder de polícia, e notadamente: abrigar o preso provisório ou condenado, em atenção ao regime e
(Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015). aos requisitos estabelecidos. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
I - classificação de condenados; (Incluído pela Lei nº 13.190,
de 2015). CAPÍTULO II
II - aplicação de sanções disciplinares; (Incluído pela Lei nº Da Penitenciária
13.190, de 2015).
III - controle de rebeliões; (Incluído pela Lei nº 13.190, de Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à pena de
2015).
reclusão, em regime fechado.
IV - transporte de presos para órgãos do Poder Judiciário, hos-
Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito Fede-
pitais e outros locais externos aos estabelecimentos penais. (Incluí-
do pela Lei nº 13.190, de 2015). ral e os Territórios poderão construir Penitenciárias destinadas, ex-
clusivamente, aos presos provisórios e condenados que estejam em
Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado por regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos
sentença transitada em julgado. termos do art. 52 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
§ 1o Os presos provisórios ficarão separados de acordo com os
seguintes critérios: (Redação dada pela Lei nº 13.167, de 2015) Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que con-
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou equiparados; terá dormitório, aparelho sanitário e lavatório.
(Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:
II - acusados pela prática de crimes cometidos com violência a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de
ou grave ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à exis-
III - acusados pela prática de outros crimes ou contravenções tência humana;
diversos dos apontados nos incisos I e II. (Incluído pela Lei nº b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).
13.167, de 2015)
§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da Ad- Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a peniten-
ministração da Justiça Criminal ficará em dependência separada. ciária de mulheres será dotada de seção para gestante e parturien-
§ 3o Os presos condenados ficarão separados de acordo com te e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e
os seguintes critérios: (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou equipara-
desamparada cuja responsável estiver presa. (Redação dada pela
dos; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
II - reincidentes condenados pela prática de crimes cometidos Lei nº 11.942, de 2009)
com violência ou grave ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da creche
13.167, de 2015) referidas neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)
III - primários condenados pela prática de crimes cometidos I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as di-
com violência ou grave ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei nº retrizes adotadas pela legislação educacional e em unidades autô-
13.167, de 2015) nomas; e (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)
IV - demais condenados pela prática de outros crimes ou con- II – horário de funcionamento que garanta a melhor assistên-
travenções em situação diversa das previstas nos incisos I, II e III. cia à criança e à sua responsável. (Incluído pela Lei nº 11.942, de
(Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) 2009)
§ 4o O preso que tiver sua integridade física, moral ou psico-
lógica ameaçada pela convivência com os demais presos ficará se- Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em local
gregado em local próprio. (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) afastado do centro urbano, à distância que não restrinja a visitação.
Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação compatí- CAPÍTULO III
vel com a sua estrutura e finalidade. Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária determinará o limite máximo de capacidade do esta-
Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se
belecimento, atendendo a sua natureza e peculiaridades.
ao cumprimento da pena em regime semiaberto.
Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela Jus-
tiça de uma Unidade Federativa podem ser executadas em outra Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compartimento
unidade, em estabelecimento local ou da União. coletivo, observados os requisitos da letra a, do parágrafo único,
§ 1o A União Federal poderá construir estabelecimento penal do artigo 88, desta Lei.
em local distante da condenação para recolher os condenados, Parágrafo único. São também requisitos básicos das depen-
quando a medida se justifique no interesse da segurança pública ou dências coletivas:
do próprio condenado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) a) a seleção adequada dos presos;
§ 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele poderão b) o limite de capacidade máxima que atenda os objetivos de
trabalhar os liberados ou egressos que se dediquem a obras públi- individualização da pena.
cas ou ao aproveitamento de terras ociosas.
Didatismo e Conhecimento 86
CONHECIMENTOS GERAIS
CAPÍTULO IV Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo será
Da Casa do Albergado instalado próximo de centro urbano, observando-se na construção
as exigências mínimas referidas no artigo 88 e seu parágrafo único
Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de desta Lei.
pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de limi-
tação de fim de semana. TÍTULO V
Da Execução das Penas em Espécie
Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, separado CAPÍTULO I
dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de Das Penas Privativas de Liberdade
obstáculos físicos contra a fuga. SEÇÃO I
Disposições Gerais
Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Al-
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena
bergado, a qual deverá conter, além dos aposentos para acomodar
privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz
os presos, local adequado para cursos e palestras. ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução.
Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações para os
serviços de fiscalização e orientação dos condenados. Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escrivão, que a
rubricará em todas as folhas e a assinará com o Juiz, será remetida
CAPÍTULO V à autoridade administrativa incumbida da execução e conterá:
Do Centro de Observação I - o nome do condenado;
II - a sua qualificação civil e o número do registro geral no
Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os exames órgão oficial de identificação;
gerais e o criminológico, cujos resultados serão encaminhados à III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória,
Comissão Técnica de Classificação. bem como certidão do trânsito em julgado;
Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas pesquisas IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de instrução;
criminológicas. V - a data da terminação da pena;
VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao
Art. 97. O Centro de Observação será instalado em unidade adequado tratamento penitenciário.
autônoma ou em anexo a estabelecimento penal. § 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de recolhi-
mento.
§ 2º A guia de recolhimento será retificada sempre que so-
Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comissão Téc-
brevier modificação quanto ao início da execução ou ao tempo de
nica de Classificação, na falta do Centro de Observação.
duração da pena.
§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era funcionário da Ad-
CAPÍTULO VI ministração da Justiça Criminal, far-se-á, na guia, menção dessa
Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico circunstância, para fins do disposto no § 2°, do artigo 84, desta Lei.
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento de pena
destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no artigo privativa de liberdade, sem a guia expedida pela autoridade judi-
26 e seu parágrafo único do Código Penal. ciária.
Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber, o dis- § 1° A autoridade administrativa incumbida da execução pas-
posto no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei. sará recibo da guia de recolhimento para juntá-la aos autos do pro-
cesso, e dará ciência dos seus termos ao condenado.
Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames necessá- § 2º As guias de recolhimento serão registradas em livro es-
rios ao tratamento são obrigatórios para todos os internados. pecial, segundo a ordem cronológica do recebimento, e anexadas
ao prontuário do condenado, aditando-se, no curso da execução, o
Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo 97, se- cálculo das remições e de outras retificações posteriores.
gunda parte, do Código Penal, será realizado no Hospital de Custó-
dia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro local com dependência Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental será
internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico.
médica adequada.
Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será posto
CAPÍTULO VII em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por outro motivo não
Da Cadeia Pública estiver preso.
Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento de pre- SEÇÃO II
sos provisórios. Dos Regimes
Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia pú- Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o
blica a fim de resguardar o interesse da Administração da Justiça condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade,
Criminal e a permanência do preso em local próximo ao seu meio observado o disposto no artigo 33 e seus parágrafos do Código
social e familiar. Penal.
Didatismo e Conhecimento 87
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará
no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos
regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou uni- regimes mais rigorosos, quando o condenado:
ficação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
remição. II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada
Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execu- ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo
ção, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, 111).
para determinação do regime. § 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além
das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente im-
forma progressiva com a transferência para regime menos rigo- posta.
roso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido § 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá
ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom ser ouvido previamente o condenado.
comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabele-
cimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas com-
dada pela Lei nº 10.792, de 2003) plementares para o cumprimento da pena privativa de liberdade
§ 1o A decisão será sempre motivada e precedida de manifes- em regime aberto (artigo 36, § 1º, do Código Penal).
tação do Ministério Público e do defensor. (Redação dada pela Lei
nº 10.792, de 2003) SEÇÃO III
§ 2o Idêntico procedimento será adotado na concessão de li- Das Autorizações de Saída
vramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados SUBSEÇÃO I
os prazos previstos nas normas vigentes. (Incluído pela Lei nº Da Permissão de Saída
10.792, de 2003)
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fecha-
Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto supõe do ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão
a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo Juiz. para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um
dos seguintes fatos:
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, as-
Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o con-
cendente, descendente ou irmão;
denado que:
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do ar-
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê
tigo 14).
-lo imediatamente;
Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo di-
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos
retor do estabelecimento onde se encontra o preso.
exames a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajus-
tar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá
regime. a duração necessária à finalidade da saída.
Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho as pes-
soas referidas no artigo 117 desta Lei. SUBSEÇÃO II
Da Saída Temporária
Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a
concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes condições Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime se-
gerais e obrigatórias: miaberto poderão obter autorização para saída temporária do esta-
I - permanecer no local que for designado, durante o repouso belecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos:
e nos dias de folga; I - visita à família;
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados; II - frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como
III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Exe-
judicial; cução;
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas ati- III - participação em atividades que concorram para o retorno
vidades, quando for determinado. ao convívio social.
Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabelecidas, utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo conde-
de ofício, a requerimento do Ministério Público, da autoridade ad- nado, quando assim determinar o juiz da execução. (Incluído pela
ministrativa ou do condenado, desde que as circunstâncias assim Lei nº 12.258, de 2010)
o recomendem.
Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração
de regime aberto em residência particular quando se tratar de: penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos; I - comportamento adequado;
II - condenado acometido de doença grave; II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o con-
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; denado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente;
IV - condenada gestante. III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
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Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior § 5o O tempo a remir em função das horas de estudo será
a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino funda-
durante o ano. mental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde
§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao benefi- que certificada pelo órgão competente do sistema de educação.(In-
ciário as seguintes condições, entre outras que entender compatí- cluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
veis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do conde- § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou se-
nado: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) miaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visi- frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional,
tada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, ob-
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) servado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.(Incluído pela
II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; Lei nº 12.433, de 2011)
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) § 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabeleci- cautelar.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
mentos congêneres. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) § 8o A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos
§ 2o Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, o Ministério Público e a defesa. (Incluído pela Lei nº 12.433, de
de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será 2011)
o necessário para o cumprimento das atividades discentes. (Renu-
merado do parágrafo único pela Lei nº 12.258, de 2010) Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até
§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída somente po- 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57,
derão ser concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.
dias de intervalo entre uma e outra. (Incluído pela Lei nº 12.258, (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
de 2010)
Art. 128. O tempo remido será computado como pena cum-
Art. 125. O benefício será automaticamente revogado quando prida, para todos os efeitos.(Redação dada pela Lei nº 12.433, de
o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido 2011)
por falta grave, desatender as condições impostas na autorização
Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará mensal-
ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso.
mente ao juízo da execução cópia do registro de todos os conde-
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída temporária
nados que estejam trabalhando ou estudando, com informação dos
dependerá da absolvição no processo penal, do cancelamento da
dias de trabalho ou das horas de frequência escolar ou de ativida-
punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do con-
des de ensino de cada um deles. (Redação dada pela Lei nº 12.433,
denado.
de 2011)
§ 1o O condenado autorizado a estudar fora do estabelecimen-
SEÇÃO IV
to penal deverá comprovar mensalmente, por meio de declaração
Da Remição da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento
escolar. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado § 2o Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias remidos.
ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
tempo de execução da pena. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de
2011). Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código Penal
§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim de ins-
de: (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) truir pedido de remição.
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência
escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive pro- SEÇÃO V
fissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissio- Do Livramento Condicional
nal - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei nº
12.433, de 2011) Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido pelo
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. (Incluí- Juiz da execução, presentes os requisitos do artigo 83, incisos e
do pela Lei nº 12.433, de 2011) parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o Ministério Público e
§ 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo Conselho Penitenciário.
poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia
de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições
educacionais competentes dos cursos frequentados. (Redação dada a que fica subordinado o livramento.
pela Lei nº 12.433, de 2011) § 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obri-
§ 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas gações seguintes:
diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se com- a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto
patibilizarem. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) para o trabalho;
§ 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução,
(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) sem prévia autorização deste.
Didatismo e Conhecimento 89
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§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre I - fazer observar o cumprimento das condições especificadas
outras obrigações, as seguintes: na sentença concessiva do benefício;
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à auto- II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas
ridade incumbida da observação cautelar e de proteção; obrigações e auxiliando-o na obtenção de atividade laborativa.
b) recolher-se à habitação em hora fixada; Parágrafo único. A entidade encarregada da observação cau-
c) não frequentar determinados lugares. telar e da proteção do liberado apresentará relatório ao Conselho
d) (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) Penitenciário, para efeito da representação prevista nos artigos 143
e 144 desta Lei.
Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da comarca
do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da sentença do livramen- Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-se-á nas
to ao Juízo do lugar para onde ele se houver transferido e à autori- hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do Código Penal.
dade incumbida da observação cautelar e de proteção. Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na hipó-
tese da revogação facultativa, o Juiz deverá advertir o liberado ou
Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de apresen- agravar as condições.
tar-se imediatamente às autoridades referidas no artigo anterior.
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal ante-
Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livramento, rior à vigência do livramento, computar-se-á como tempo de cum-
os autos baixarão ao Juízo da execução, para as providências ca- primento da pena o período de prova, sendo permitida, para a con-
bíveis. cessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de li- Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se com-
vramento com a cópia integral da sentença em 2 (duas) vias, reme- putará na pena o tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco
tendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da execução se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento.
e outra ao Conselho Penitenciário.
Art. 143. A revogação será decretada a requerimento do Mi-
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realiza- nistério Público, mediante representação do Conselho Penitenciá-
da solenemente no dia marcado pelo Presidente do Conselho Pe- rio, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado.
nitenciário, no estabelecimento onde está sendo cumprida a pena,
observando-se o seguinte: Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Pú-
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais blico, da Defensoria Pública ou mediante representação do Conse-
condenados, pelo Presidente do Conselho Penitenciário ou mem- lho Penitenciário, e ouvido o liberado, poderá modificar as condi-
bro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz; ções especificadas na sentença, devendo o respectivo ato decisório
II - a autoridade administrativa chamará a atenção do liberan- ser lido ao liberado por uma das autoridades ou funcionários in-
do para as condições impostas na sentença de livramento; dicados no inciso I do caput do art. 137 desta Lei, observado o
III - o liberando declarará se aceita as condições. disposto nos incisos II e III e §§ 1o e 2o do mesmo artigo. (Redação
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito dada pela Lei nº 12.313, de 2010).
por quem presidir a cerimônia e pelo liberando, ou alguém a seu
rogo, se não souber ou não puder escrever. Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da exe- poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o
cução. Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicio-
nal, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe
-á entregue, além do saldo de seu pecúlio e do que lhe pertencer, Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do
uma caderneta, que exibirá à autoridade judiciária ou administrati- Ministério Público ou mediante representação do Conselho Peni-
va, sempre que lhe for exigida. tenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o
§ 1º A caderneta conterá: prazo do livramento sem revogação.
a) a identificação do liberado;
b) o texto impresso do presente Capítulo; Seção VI
c) as condições impostas. Da Monitoração Eletrônica
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo- (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
conduto, em que constem as condições do livramento, podendo
substituir-se a ficha de identificação ou o seu retrato pela descrição Art. 146-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.258, de
dos sinais que possam identificá-lo. 2010)
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver espaço
para consignar-se o cumprimento das condições referidas no artigo Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da
132 desta Lei. monitoração eletrônica quando: (Incluído pela Lei nº 12.258, de
2010)
Art. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas por I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
serviço social penitenciário, Patronato ou Conselho da Comunida- II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto; (In-
de terão a finalidade de: cluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
Didatismo e Conhecimento 90
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III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) SEÇÃO II
IV - determinar a prisão domiciliar; (Incluído pela Lei nº Da Prestação de Serviços à Comunidade
12.258, de 2010)
V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.258, Art. 149. Caberá ao Juiz da execução:
de 2010) I - designar a entidade ou programa comunitário ou estatal,
devidamente credenciado ou convencionado, junto ao qual o con-
Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados denado deverá trabalhar gratuitamente, de acordo com as suas ap-
que deverá adotar com o equipamento eletrônico e dos seguintes tidões;
deveres: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) II - determinar a intimação do condenado, cientificando-o da
I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração entidade, dias e horário em que deverá cumprir a pena;
eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações; III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às modifi-
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) cações ocorridas na jornada de trabalho.
II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar § 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais e será
de qualquer forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em dias úteis, de
permitir que outrem o faça; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho, nos horários
III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) estabelecidos pelo Juiz.
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previs- § 2º A execução terá início a partir da data do primeiro com-
tos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz da execução, ou- parecimento.
vidos o Ministério Público e a defesa: (Incluído pela Lei nº 12.258,
de 2010) Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de serviços
I - a regressão do regime; (Incluído pela Lei nº 12.258, de encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução, relatório circuns-
2010) tanciado das atividades do condenado, bem como, a qualquer tem-
II - a revogação da autorização de saída temporária; (Incluído po, comunicação sobre ausência ou falta disciplinar.
pela Lei nº 12.258, de 2010)
III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) SEÇÃO III
IV - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
Da Limitação de Fim de Semana
V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
VI - a revogação da prisão domiciliar; (Incluído pela Lei nº
Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a intimação
12.258, de 2010)
do condenado, cientificando-o do local, dias e horário em que de-
VII - advertência, por escrito, para todos os casos em que o
verá cumprir a pena.
juiz da execução decida não aplicar alguma das medidas previstas
Parágrafo único. A execução terá início a partir da data do
nos incisos de I a VI deste parágrafo. (Incluído pela Lei nº 12.258,
primeiro comparecimento.
de 2010)
Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revogada: Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) tempo de permanência, cursos e palestras, ou atribuídas atividades
I - quando se tornar desnecessária ou inadequada; (Incluído educativas.
pela Lei nº 12.258, de 2010) Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a
II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do
sujeito durante a sua vigência ou cometer falta grave. (Incluído agressor a programas de recuperação e reeducação. (Incluído pela
pela Lei nº 12.258, de 2010) Lei nº 11.340, de 2006)
Didatismo e Conhecimento 91
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Art. 155. A autoridade deverá comunicar imediatamente ao Art. 160. Transitada em julgado a sentença condenatória, o
Juiz da execução o descumprimento da pena. Juiz a lerá ao condenado, em audiência, advertindo-o das conse-
Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo poderá quências de nova infração penal e do descumprimento das condi-
ser feita por qualquer prejudicado. ções impostas.
CAPÍTULO III Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo
Da Suspensão Condicional de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer injustificadamente à au-
diência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será executa-
Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2 (dois) da imediatamente a pena.
a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa de liberdade, não
superior a 2 (dois) anos, na forma prevista nos artigos 77 a 82 do Art. 162. A revogação da suspensão condicional da pena e a
Código Penal. prorrogação do período de prova dar-se-ão na forma do artigo 81 e
respectivos parágrafos do Código Penal.
Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena
privativa de liberdade, na situação determinada no artigo anterior, Art. 163. A sentença condenatória será registrada, com a nota
deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão condi- de suspensão em livro especial do Juízo a que couber a execução
cional, quer a conceda, quer a denegue. da pena.
§ 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o fato aver-
Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especificará as condi- bado à margem do registro.
ções a que fica sujeito o condenado, pelo prazo fixado, começando § 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo para efeito
este a correr da audiência prevista no artigo 160 desta Lei. de informações requisitadas por órgão judiciário ou pelo Ministé-
§ 1° As condições serão adequadas ao fato e à situação pessoal rio Público, para instruir processo penal.
do condenado, devendo ser incluída entre as mesmas a de prestar
serviços à comunidade, ou limitação de fim de semana, salvo hipó- CAPÍTULO IV
Da Pena de Multa
tese do artigo 78, § 2º, do Código Penal.
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a requeri-
Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com
mento do Ministério Público ou mediante proposta do Conselho
trânsito em julgado, que valerá como título executivo judicial, o
Penitenciário, modificar as condições e regras estabelecidas na
Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do
sentença, ouvido o condenado.
condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, reguladas
ou nomear bens à penhora.
nos Estados, Territórios e Distrito Federal por normas supletivas,
§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou o depó-
será atribuída a serviço social penitenciário, Patronato, Conselho
sito da respectiva importância, proceder-se-á à penhora de tantos
da Comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de ser-
bens quantos bastem para garantir a execução.
viços, inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério § 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior execução
Público, ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por ato, a seguirão o que dispuser a lei processual civil.
falta das normas supletivas.
§ 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à entidade Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos aparta-
fiscalizadora, para comprovar a observância das condições a que dos serão remetidos ao Juízo Cível para prosseguimento.
está sujeito, comunicará, também, a sua ocupação e os salários ou
proventos de que vive. Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-se-á prosse-
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar imediatamente guimento nos termos do § 2º do artigo 164, desta Lei.
ao órgão de inspeção, para os fins legais, qualquer fato capaz de
acarretar a revogação do benefício, a prorrogação do prazo ou a Art. 167. A execução da pena de multa será suspensa quando
modificação das condições. sobrevier ao condenado doença mental (artigo 52 do Código Pe-
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será feita co- nal).
municação ao Juiz e à entidade fiscalizadora do local da nova resi-
dência, aos quais o primeiro deverá apresentar-se imediatamente. Art. 168. O Juiz poderá determinar que a cobrança da multa se
efetue mediante desconto no vencimento ou salário do condenado,
Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena for con- nas hipóteses do artigo 50, § 1º, do Código Penal, observando-se
cedida por Tribunal, a este caberá estabelecer as condições do be- o seguinte:
nefício. I - o limite máximo do desconto mensal será o da quarta parte
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal modifi- da remuneração e o mínimo o de um décimo;
car as condições estabelecidas na sentença recorrida. II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a quem de
§ 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional da pena, direito;
poderá, todavia, conferir ao Juízo da execução a incumbência de III - o responsável pelo desconto será intimado a recolher
estabelecer as condições do benefício, e, em qualquer caso, a de mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a importância determi-
realizar a audiência admonitória. nada.
Didatismo e Conhecimento 92
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Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o artigo 164 I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de expirar
desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz o pagamento da o prazo de duração mínima da medida, remeterá ao Juiz minucioso
multa em prestações mensais, iguais e sucessivas. relatório que o habilite a resolver sobre a revogação ou permanên-
§ 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar diligências cia da medida;
para verificar a real situação econômica do condenado e, ouvido o II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;
Ministério Público, fixará o número de prestações. III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as diligências,
§ 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de situação serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério Público e o curador
econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Pú- ou defensor, no prazo de 3 (três) dias para cada um;
blico, revogará o benefício executando-se a multa, na forma pre- IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente que
vista neste Capítulo, ou prosseguindo-se na execução já iniciada. não o tiver;
V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes,
Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada cumulativa- poderá determinar novas diligências, ainda que expirado o prazo
mente com pena privativa da liberdade, enquanto esta estiver sen-
de duração mínima da medida de segurança;
do executada, poderá aquela ser cobrada mediante desconto na
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se
remuneração do condenado (artigo 168).
refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, no prazo de
§ 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de liberdade ou
obtiver livramento condicional, sem haver resgatado a multa, far- 5 (cinco) dias.
se-á a cobrança nos termos deste Capítulo.
§ 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos casos Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo mí-
em que for concedida a suspensão condicional da pena. nimo de duração da medida de segurança, poderá o Juiz da execu-
ção, diante de requerimento fundamentado do Ministério Público
TÍTULO VI ou do interessado, seu procurador ou defensor, ordenar o exame
Da Execução das Medidas de Segurança para que se verifique a cessação da periculosidade, procedendo-se
CAPÍTULO I nos termos do artigo anterior.
Disposições Gerais
Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a cessação
Art. 171. Transitada em julgado a sentença que aplicar medida da periculosidade, observar-se-á, no que lhes for aplicável, o dis-
de segurança, será ordenada a expedição de guia para a execução. posto no artigo anterior.
Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Custódia e Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de liberação (ar-
Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamento ambulatorial, tigo 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á o disposto nos artigos
para cumprimento de medida de segurança, sem a guia expedida 132 e 133 desta Lei.
pela autoridade judiciária.
Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá
Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento ambulato- ordem para a desinternação ou a liberação.
rial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a
subscreverá com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa TÍTULO VII
incumbida da execução e conterá: Dos Incidentes de Execução
I - a qualificação do agente e o número do registro geral do CAPÍTULO I
órgão oficial de identificação; Das Conversões
II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver aplicado
a medida de segurança, bem como a certidão do trânsito em jul-
Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois)
gado;
III - a data em que terminará o prazo mínimo de internação, ou anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos, desde que:
do tratamento ambulatorial; I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto;
IV - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto) da pena;
adequado tratamento ou internamento. III - os antecedentes e a personalidade do condenado indi-
§ 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia de reco- quem ser a conversão recomendável.
lhimento e de sujeição a tratamento.
§ 2° A guia será retificada sempre que sobrevier modificações Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em pri-
quanto ao prazo de execução. vativa de liberdade nas hipóteses e na forma do artigo 45 e seus
incisos do Código Penal.
Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de segurança, § 1º A pena de prestação de serviços à comunidade será con-
naquilo que couber, o disposto nos artigos 8° e 9° desta Lei. vertida quando o condenado:
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido,
CAPÍTULO II ou desatender a intimação por edital;
Da Cessação da Periculosidade b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou progra-
ma em que deva prestar serviço;
Art. 175. A cessação da periculosidade será averiguada no fim c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe
do prazo mínimo de duração da medida de segurança, pelo exame foi imposto;
das condições pessoais do agente, observando-se o seguinte: d) praticar falta grave;
Didatismo e Conhecimento 93
CONHECIMENTOS GERAIS
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liber- damentos da sentença condenatória, a exposição dos antecedentes
dade, cuja execução não tenha sido suspensa. do condenado e do procedimento deste depois da prisão, emitindo
§ 2º A pena de limitação de fim de semana será convertida seu parecer sobre o mérito do pedido e esclarecendo qualquer for-
quando o condenado não comparecer ao estabelecimento designa- malidade ou circunstâncias omitidas na petição.
do para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade
determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com documen-
letras «a», «d» e «e» do parágrafo anterior. tos e o relatório do Conselho Penitenciário, a petição será submeti-
§ 3º A pena de interdição temporária de direitos será conver- da a despacho do Presidente da República, a quem serão presentes
tida quando o condenado exercer, injustificadamente, o direito in- os autos do processo ou a certidão de qualquer de suas peças, se
terditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras «a» e «e», ele o determinar.
do § 1º, deste artigo.
Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do
Art. 182. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1996) decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou ajustará a execução aos
termos do decreto, no caso de comutação.
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa
de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto coleti-
mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da vo, o Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério
Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá deter- Público, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário ou da autori-
minar a substituição da pena por medida de segurança. (Redação dade administrativa, providenciará de acordo com o disposto no
dada pela Lei nº 12.313, de 2010). artigo anterior.
Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em TÍTULO VIII
internação se o agente revelar incompatibilidade com a medida. Do Procedimento Judicial
Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de interna-
ção será de 1 (um) ano. Art. 194. O procedimento correspondente às situações previs-
tas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante o Juízo da
CAPÍTULO II
execução.
Do Excesso ou Desvio
Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício, a
Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução sempre que
requerimento do Ministério Público, do interessado, de quem o
algum ato for praticado além dos limites fixados na sentença, em
represente, de seu cônjuge, parente ou descendente, mediante pro-
normas legais ou regulamentares.
posta do Conselho Penitenciário, ou, ainda, da autoridade admi-
Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou desvio de nistrativa.
execução:
I - o Ministério Público; Art. 196. A portaria ou petição será autuada ouvindo-se, em 3
II - o Conselho Penitenciário; (três) dias, o condenado e o Ministério Público, quando não figu-
III - o sentenciado; rem como requerentes da medida.
IV - qualquer dos demais órgãos da execução penal. § 1º Sendo desnecessária a produção de prova, o Juiz decidirá
de plano, em igual prazo.
CAPÍTULO III § 2º Entendendo indispensável a realização de prova pericial
Da Anistia e do Indulto ou oral, o Juiz a ordenará, decidindo após a produção daquela ou
na audiência designada.
Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a requerimento
do interessado ou do Ministério Público, por proposta da autorida- Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de
de administrativa ou do Conselho Penitenciário, declarará extinta agravo, sem efeito suspensivo.
a punibilidade.
TÍTULO IX
Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado por peti- Das Disposições Finais e Transitórias
ção do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do Conse-
lho Penitenciário, ou da autoridade administrativa. Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da execução penal,
e ao servidor, a divulgação de ocorrência que perturbe a segurança
Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos documentos e a disciplina dos estabelecimentos, bem como exponha o preso à
que a instruírem, será entregue ao Conselho Penitenciário, para a inconveniente notoriedade, durante o cumprimento da pena.
elaboração de parecer e posterior encaminhamento ao Ministério
da Justiça. Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado por decreto
federal. (Regulamento)
Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do pro-
cesso e do prontuário, promoverá as diligências que entender ne- Art. 200. O condenado por crime político não está obrigado
cessárias e fará, em relatório, a narração do ilícito penal e dos fun- ao trabalho.
Didatismo e Conhecimento 94
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o cumpri- II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
mento da prisão civil e da prisão administrativa se efetivará em com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
seção especial da Cadeia Pública. físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
de caráter preventivo.
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha Pena - reclusão, de dois a oito anos.
corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à con- sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
denação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
penal ou outros casos expressos em lei. de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar da publicação tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
desta Lei, serão editadas as normas complementares ou regulamen- de um a quatro anos.
tares, necessárias à eficácia dos dispositivos não autoaplicáveis. § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
§ 1º Dentro do mesmo prazo deverão as Unidades Federati- a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu-
vas, em convênio com o Ministério da Justiça, projetar a adap- são é de oito a dezesseis anos.
tação, construção e equipamento de estabelecimentos e serviços § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
penais previstos nesta Lei. I - se o crime é cometido por agente público;
§ 2º Também, no mesmo prazo, deverá ser providenciada a II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador
aquisição ou desapropriação de prédios para instalação de casas de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Reda-
de albergados. ção dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo poderá ser III - se o crime é cometido mediante sequestro.
ampliado, por ato do Conselho Nacional de Política Criminal e § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em-
Penitenciária, mediante justificada solicitação, instruída com os prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo
projetos de reforma ou de construção de estabelecimentos. da pena aplicada.
§ 4º O descumprimento injustificado dos deveres estabeleci- § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
dos para as Unidades Federativas implicará na suspensão de qual- ou anistia.
quer ajuda financeira a elas destinada pela União, para atender às § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipó-
despesas de execução das penas e medidas de segurança. tese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Art. 204. Esta Lei entra em vigor concomitantemente com a Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime
lei de reforma da Parte Geral do Código Penal, revogadas as dispo- não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima
sições em contrário, especialmente a Lei nº 3.274, de 2 de outubro brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição bra-
de 1957. sileira.
Brasília, 11 de julho de 1984; 163º da Independência e 96º da
República. Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Didatismo e Conhecimento 95
CONHECIMENTOS GERAIS
TÍTULO I CAPÍTULO II
Disposições Preliminares Da Observação Psicossocial
Art. 1º – Esta lei regula a execução das medidas privativas Art. 14 – A observação médico-psicossocial compreende os
de liberdade e restritivas de direito, bem como a manutenção e a exames biológico, psicológico e complementares e o estudo social
custódia do preso provisório. do sentenciado.
Art. 2º – A execução penal destina-se à reeducação do senten- Art. 15 – A observação empírica se realizará no trabalho, na
ciado e à sua reintegração na sociedade. sala de aula, no refeitório, na praça de esportes e em todas as situa-
§ 1º – A execução penal visa, ainda, a prevenir a reincidência, ções da vida cotidiana do sentenciado.
para proteção e defesa da sociedade.
(Parágrafo renumerado pelo art. 1º da Lei nº 19.478, de Art. 16 – O exame criminológico será realizado no centro de
12/1/2011.) observação ou na seção de observação do estabelecimento peni-
§ 2° O controle da execução penal será realizado com o auxí- tenciário ou por especialista da comunidade.
lio de programas eletrônicos de computador.
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 19.478, de Art. 17 – A equipe de observação se reunirá semanalmente
12/1/2011.) para apreciar o resultado de cada exame e, afinal, redigir o relató-
rio social de síntese.
Art. 3º – Ao sentenciado é garantido o exercício de seus di-
reitos civis, políticos, sociais e econômicos, exceto os que forem Art. 18 – O relatório social de síntese, de caráter interdiscipli-
incompatíveis com a detenção ou com a condenação. nar, será levado à Comissão Técnica de Classificação, que elabora-
rá o programa de tratamento.
Art. 4º – No regime e no tratamento penitenciário serão obser-
vados o respeito e a proteção aos direitos do homem. CAPÍTULO III
Da Classificação
Art. 5º – O sentenciado deve ser estimulado a colaborar volun-
tariamente na execução de seu tratamento reeducativo.
Art. 19 – Cada estabelecimento penitenciário contará com
uma Comissão Técnica de Classificação, à qual incumbe elaborar
Art. 6º – O Estado e a comunidade são co-responsáveis na
o programa de tratamento reeducativo e acompanhar a evolução
realização das atividades de execução penal.
da execução da pena.
Art. 7º – Na execução penal não haverá distinção de caráter
Art. 20 – A Comissão Técnica de Classificação é presidida
racial, religioso ou político.
pelo Diretor do estabelecimento e composta de, no mínimo, um
TÍTULO II psiquiatra, um psicólogo, um assistente social, um chefe da Seção
Do Tratamento Reeducativo de Educação e Disciplina e um representante de obras sociais da
CAPÍTULO I comunidade.
Da Individualização do Tratamento
Art. 21. Compete à Comissão Técnica de Classificação opinar
Art. 8º – O tratamento reeducativo consiste na adoção de um sobre a progressão ou a regressão do regime de cumprimento da
conjunto de medidas médico-psicológicas e sociais, com vistas à pena, a remição da pena, o monitoramento eletrônico, o livramento
reeducação do sentenciado e à sua reintegração na sociedade. condicional e o indulto.
(Caput com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 19.478, de
Art. 9º – O tratamento reeducativo será individualizado e le- 12/1/2011.)
vará em conta a personalidade de cada sentenciado. Parágrafo único – No caso de progressão ou regressão de
regime, as reuniões da Comissão Técnica de Classificação serão
Art. 10 – O sentenciado está sujeito ao exame criminológico presididas pelo Juiz da Execução, presente o Ministério Público.
para verificação de carência físico-psíquica e outras causas de ina-
daptação social. Art. 22 – A Comissão Técnica de Classificação proporá o pro-
grama de tratamento reeducativo, com base na sentença condena-
Art. 11 – Com base no exame criminológico, serão realizados tória e no relatório social de síntese do Centro de Observação ou
a classificação e o programa de tratamento do sentenciado. da equipe interdisciplinar.
Art. 12 – A colaboração do sentenciado no processo de sua Art. 23 – O programa individual de tratamento compreende-
observação psicossocial e de seu tratamento é voluntária. rá a indicação do regime de cumprimento da pena, do estabeleci-
mento penitenciário adequado, da escolarização, do trabalho e da
Art. 13 – A observação do sentenciado se fará do início ao fim orientação profissional, das atividades culturais e esportivas e das
da execução da pena. medidas especiais de assistência ou tratamento.
Didatismo e Conhecimento 96
CONHECIMENTOS GERAIS
CAPÍTULO IV Art. 34 – A penitenciária pode firmar convênio com entidade
Dos Elementos do Tratamento Penitenciário pública ou privada para a realização de curso profissional ou su-
pletivo.
Art. 24 – O tratamento penitenciário realiza-se através do de- § 1º – O detento poderá inscrever-se nos exames supletivos
senvolvimento de atividades relacionadas com: instrução, traba- aplicados pelo Estado, com direito a isenção de taxa.
lho, religião, disciplina, cultura, recreação e esporte, contato com § 2º – Os cursos supletivos poderão ser ministrados por volun-
o mundo exterior e relações com a família. tário cadastrado pela Secretaria de Estado da Educação e autoriza-
do pela Secretaria de Estado da Justiça.
SEÇÃO I (
Da Instrução Art.go com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 14.390, de
31/10/2002.)
Art. 25 – Serão organizados, nas penitenciárias, cursos de for-
mação cultural e profissional, que se coordenarão com o sistema Art. 35 – Ao sentenciado será fornecido diploma ou certifi-
de instrução pública. cado de conclusão de curso, que não mencionará sua condição de
sentenciado.
Art. 26 – O ensino fundamental é obrigatório para todos os
Art. 36 – As penitenciárias contarão com biblioteca organiza-
detentos que não o tiverem concluído.
da com livros de conteúdos informativo, educativo e recreativo,
(
adequados às formações cultural, profissional e espiritual do sen-
Art.go com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 14.390, de tenciado.
31/10/2002.) Parágrafo único – Será livre a escolha da leitura, e serão pro-
porcionadas condições para o estudo, a pesquisa e a recreação.
Art. 27 – O estabelecimento penitenciário disporá de classe
especial para os infratores, dando-se ênfase à escolarização fun- Art. 37 – Os programas de atividades de cultura, de lazer e de
damental. desporto serão articulados de modo a favorecer a expressão das
( aptidões dos sentenciados.
Art.go com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 14.390, de
31/10/2002.) Art. 38 – Serão ministradas, nas penitenciárias, a instrução
musical e a educação física.
Art. 28 – O efetivo da classe normal não excederá 30 (trinta) Parágrafo único – A parte prática do ensino musical será rea-
alunos, e o da classe especial, 15 (quinze). lizada por meio de participação em banda, fanfarra, conjunto ins-
trumental e grupo coral.
Art. 29 – Dar-se-á especial atenção ao ensino fundamental, à
preparação profissional e à formação do caráter do jovem adulto. SEÇÃO II
( Do Trabalho
Art.go com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 14.390, de
31/10/2002.) Art. 39 – O trabalho é obrigatório para o sentenciado, ressal-
vado o disposto no art. 58.
Art. 30 – Os sentenciados trabalharão em oficina de apren- § 1º – O trabalho penitenciário será estabelecido segundo cri-
dizagem industrial e artesanato rural ou em serviço agrícola do térios pedagógicos e psicotécnicos, tendo-se em conta as exigên-
estabelecimento, conforme suas preferências, origem urbana ou cias do tratamento, e procurará aperfeiçoar as aptidões de trabalho
rural, aptidão física, habilidade manual, inteligência e nível de es- e a capacidade individual do sentenciado, de forma a capacitá-lo
colaridade. para o desempenho de suas responsabilidades sociais.
§ 2º – O trabalho será exercido de acordo com os métodos
empregados nas escolas de formação profissional do meio livre.
Art. 31 – Pode ser instituída, nas penitenciárias, escola de en-
§ 3º – Na contratação de obras e de serviços pela adminis-
sino médio.
tração pública direta ou indireta do Estado serão reservados para
( sentenciados até 10% (dez por cento) do total das vagas existentes.
Art.go com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 14.390, de (Parágrafo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 18.725, de
31/10/2002.) 13/1/2010.)
§ 4º – Para fins do disposto no § 3º deste artigo, será dada
Art. 32 – Serão oferecidas facilidades e estímulos ao senten- preferência aos sentenciados:
ciado, nos termos da lei, para fazer curso universitário. I – que cumpram pena na localidade em que se desenvolva a
Parágrafo único – A direção da penitenciária manterá contato atividade contratada;
com as autoridades acadêmicas para a admissão do sentenciado no II – que apresentem melhores indicadores com relação à apti-
curso de que trata este artigo. dão, à habilitação, à experiência, à disciplina, à responsabilidade e
ao grau de periculosidade, apurados pelo poder público e registra-
Art. 33 – É permitido ao sentenciado participar de curso por dos em cadastro próprio.
correspondência, rádio e televisão, sem prejuízo da disciplina e da (Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 16.940, de
segurança. 16/8/2007.)
Didatismo e Conhecimento 97
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 40 – A jornada diária de trabalho do sentenciado não ex- § 2º – A remuneração do sentenciado que tiver concluído cur-
cederá 8 (oito) horas. so de formação profissional, bem como a do que tiver bom com-
portamento e progresso na sua recuperação, será acrescida de 1/4
Art. 41 – A resistência ao trabalho ou a falta voluntária em sua (um quarto) do seu valor.
execução constituem infração disciplinar, cuja punição será anota-
da no prontuário do sentenciado. Art. 52 – A prestação de serviço pelo sentenciado será de
cunho exclusivamente pedagógico, com vistas a sua reintegração
Art. 42 – A classificação para o trabalho atenderá às capacida- na sociedade, não implicando vínculo empregatício, ressalvado o
des física e intelectual e à aptidão profissional do sentenciado, com trabalho industrial exercido em fundação, empresa pública com
vistas à sua ressocialização e formação profissional. autonomia administrativa ou entidade privada, o qual terá remune-
ração igual à do trabalhador livre.
Art. 43 – Aplica-se no estabelecimento penitenciário a legisla- (Vide art. 4º da Lei nº 15.457, de 12/1/2005.)
ção relativa à higiene e à segurança do trabalhador.
Art. 53 – O contrato de prestação de serviços para o trabalho
Art. 44 – Para a prestação do trabalho externo, serão conside- externo do sentenciado será celebrado entre o Diretor do estabe-
rados, segundo parecer da Comissão Técnica de Classificação, a lecimento penitenciário, ouvida a Comissão Técnica de Classifi-
personalidade, os antecedentes e o grau de recuperação do senten- cação, e o estabelecimento tomador do serviço, dependendo do
ciado que assegurem sua regular e efetiva aplicação ao trabalho, consentimento expresso do sentenciado, nos termos do § 3º do art.
bem como o respeito à ordem pública. 36 da Lei Federal nº 7.210, de 11 de junho de 1984.
(Vide Lei nº 18.401, de 28/9/2009.) Parágrafo único – Nas licitações para obras de construção,
reforma, ampliação e manutenção de estabelecimento prisional, a
Art. 45 – O sentenciado em regime semiaberto poderá, com proposta de aproveitamento, mediante contrato, de mão-de-obra
autorização judicial, frequentar, na comunidade, estabelecimento de presos, nos termos deste artigo, poderá ser considerada como
de ensino ou de formação profissional, ouvida a Comissão Técnica fator de pontuação, a critério da administração.
de Classificação, observado o disposto nos arts. 122 a 125 da Lei (Parágrafo único acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 12.921,
Federal n° 7.210, de 11 de julho de 1984. de 29/6/1998.)
( (Vide Lei nº 18.401, de 28/9/2009.)
Art.go com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 19.478, de
12/1/2011.) Art. 54 – A remuneração auferida pelo sentenciado no traba-
lho externo será empregada:
Art. 46 – O trabalho externo será supervisionado pelo serviço I – na indenização dos danos causados pelo delito, desde que
social penitenciário mediante visita de inspeção ao local de traba- determinados judicialmente e não reparados por outro meio;
lho. II – na assistência à família do sentenciado, segundo a lei civil;
(Vide Lei nº 18401, de 28/9/2009.) III – cumprido o disposto nos incisos anteriores e ressalvadas
outras aplicações legais, na constituição de pecúlio, na forma de
Art. 47 – O trabalho externo pode ser prestado nos termos da depósito em caderneta de poupança mantida por estabelecimento
Lei Federal nº 7.210, de 11 de junho de 1984. oficial, o qual será entregue ao sentenciado no ato de sua liberta-
(Vide Lei nº 18.401, de 28/9/2009.) ção.
Didatismo e Conhecimento 98
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 59 – Será concedido descanso de até 1 (um) mês ao sen- § 2° – O direito estabelecido no caput abrange relações oriun-
tenciado não perigoso, de bom comportamento, após 12 (doze) das de casamento, união estável, união homoafetiva e parentesco.
meses contínuos de trabalho, dedicação e produtividade. (
Art.go com redação dada pelo art. 5º da Lei nº 19.478, de
SEÇÃO III 12/1/2011.)
Da Religião
Art. 67 – O sentenciado e o preso provisório têm direito a vi-
Art. 60 – O sentenciado tem direito à liberdade de crença e sita íntima, com periodicidade duração, horários e procedimentos
culto, permitida a manifestação religiosa pelo aprendizado e pelo definidos pela autoridade competente.
exercício do culto, bem como a participação nos serviços organi- § 1° – A visita ocorrerá em local específico, adequado à sua
zados no estabelecimento penitenciário, a posse de livro de instru- finalidade e compatível com a dignidade humana.
ção religiosa e a prática da confissão, sem prejuízo da ordem e da § 2° – O sentenciado indicará cônjuge ou companheiro, para
disciplina. fins de registro e controle pelo estabelecimento prisional, e forne-
Parágrafo único – A manifestação religiosa se dará sem prejuí- cerá a devida documentação comprobatória do casamento, união
zo da ordem e da disciplina exigidas no estabelecimento. estável ou união homoafetiva.
§ 3° – A indicação realizada nos termos do § 2° poderá ser
Art. 61 – (Revogado pelo art. 4º da Lei nº 14.505, de cancelada a qualquer tempo, mediante comprovação de rompi-
20/12/2002.) mento do vínculo.
Dispositivo revogado: § 4° – Na hipótese do § 3°, somente seis meses após o cancela-
“ mento poderá ocorrer nova indicação de cônjuge ou companheiro
Art. 61 – É permitida, nas penitenciárias, nos termos do regu- para fins de visita íntima.
lamento desta lei, a presença de representante religioso, com auto- § 5° – Poderá ser atribuído ao visitante documento de identifi-
rização para organizar serviços litúrgicos e fazer visita pastoral aos cação específico, exigível para a realização da visita íntima.
adeptos de sua religião.” § 6° – Somente se admitirá visitante menor de dezoito anos
quando legalmente casado e, nos demais casos, quando devida-
SEÇÃO IV mente autorizado pelo juízo competente.
§ 7° – O sentenciado receberá atendimento médico e informa-
Das Atividades Culturais, Recreativas e Esportivas
ções com o objetivo de evitar contato sexual de risco.
§ 8° – A visita íntima poderá ser suspensa ou restringida, por
Art. 62 – Para os bem-estares físico e mental do sentenciado,
tempo determinado, por ato motivado da autoridade competente,
serão organizadas, nos estabelecimentos penitenciários, atividades
nas seguintes hipóteses:
culturais, recreativas e esportivas.
I – sanção disciplinar, nos termos do inciso VII do art. 143;
II – registro de ato de indisciplina ou atitude inconveniente
Art. 63 – Os programas de atividades esportivas destinam-se praticados pelo visitante, apurados em procedimento administra-
em particular ao jovem adulto, podendo ser solicitada, à Diretoria tivo;
de Esportes e a outros órgãos da comunidade, a colaboração em III – risco à segurança do sentenciado, de preso provisório ou
seu desenvolvimento. de terceiros, ou à disciplina do estabelecimento prisional provoca-
do pela visita;
Art. 64 – O professor de Educação Física e o recreacionista IV – solicitação do preso.
organizarão sessões de educação física e atividades dirigidas para (
grupos de condenados, devendo observar-lhes o comportamento, Art.go com redação dada pelo art. 5º da Lei nº 19.478, de
para fins de anotação. 12/1/2011.)
CAPÍTULO V
SEÇÃO V Da Evolução do Tratamento
Do Contato com o Exterior e da Relação com a Família
Art. 68 – O programa de tratamento será avaliado durante sua
Art. 65 – Será estimulado o contato do sentenciado com o evolução, para fins de progressão ou regressão.
mundo exterior pela prática das medidas de semiliberdade e pelo Parágrafo único – A avaliação periódica do tratamento pela
trabalho com pessoas da sociedade, com o objetivo de conscienti- Comissão Técnica de Classificação e sua homologação pelo Juiz
zá-lo de sua cidadania e de sua condição de parte da comunidade da Execução Penal determinarão a progressão ou a regressão do
livre. regime de cumprimento de pena, no mesmo estabelecimento ou
Parágrafo único – O contato com o meio exterior será progra- em outro.
mado pelo serviço social, ouvida a Comissão Técnica de Classifi-
cação. Art. 69 – A progressão depende da evolução favorável do tra-
(Parágrafo acrescentado pelo art. 4º da Lei nº 19.478, de tamento, e a regressão, da evolução desfavorável.
12/1/2011.)
Art. 70 – No término do tratamento ou na proximidade do
Art. 66 – O sentenciado tem direito a manter relações familia- livramento condicional, a Comissão Técnica de Classificação ela-
res, incluindo visitas periódicas da família. borará relatório final, no qual constarão o resultado do tratamento,
§ 1° – Compete ao serviço social assistir e orientar o senten- a prognose favorável quanto à vida futura do sentenciado, bem
ciado em suas relações familiares. como informação sobre o pedido de livramento condicional.
Didatismo e Conhecimento 99
CONHECIMENTOS GERAIS
TÍTULO III estar ameaçado em sua integridade física, bem como para interna-
Dos Estabelecimentos Penitenciários mento de condenado por crime hediondo e de rebelde ou opositor
CAPÍTULO I ao regime do estabelecimento.
Disposições Gerais (Caput com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 13.661, de
14/7/2000.)
Art. 71 – Os estabelecimentos penitenciários destinam-se ao § 1º – Será obrigatória a existência das seções previstas no
cumprimento do disposto nos incisos XLVI, “a”, XLVIII, XLIX e «caput» para a guarda de condenados que forem considerados de
L do art. 5º da Constituição Federal e compreendem: alta periculosidade e de difícil recuperação.
I – presídio e cadeia pública, destinados à custódia dos presos § 2º – Haverá seção aberta, independente, no estabelecimento
à disposição do Juiz processante; de regime fechado ou semi-aberto, para atividades de reintegração
II – penitenciária, para o sentenciado em regime fechado; na sociedade.
III – colônia agrícola, industrial ou similar, para o sentenciado
em regime semi-aberto; Art. 76 – O complexo penitenciário será constituído de pavi-
IV – casa do albergado, para o sentenciado em regime aberto; lhões separados, para a execução progressiva dos regimes fechado,
V – centro de reeducação do jovem adulto, para o sentenciado semi-aberto e aberto.
em regime aberto ou semi-aberto;
VI – centro de observação, para realização do exame Art. 77 – A Comissão Técnica de Classificação do estabele-
criminológico de classificação; cimento penitenciário formará grupos de sentenciados segundo as
VII – hospital de custódia e tratamento psiquiátrico para inim- necessidades de tratamento, a progressão dos regimes, a concessão
putáveis e semi-imputáveis, indicados no art. 26 do Código Penal. ou a revogação de benefícios, a autorização de saída, a remição da
(Vide art. 7º da Lei nº 18.030, de 12/1/2009.) pena, o pedido de livramento condicional e a aplicação de sanção
disciplinar.
Art. 72 – Os estabelecimentos penitenciários disporão de casa, (
sistema de energia, reservatório de água, quadras poliesportivas, Art.go com redação dada pelo art. 6º da Lei nº 19.478, de
locais para a guarda militar e para os agentes prisionais, dependên- 12/1/2011.)
cias para administração, assistência médica, assistência religiosa,
gabinete odontológico, ensino, serviços gerais, visita de familiares Art. 78 – Os estabelecimentos de regime fechado terão a lota-
e visita íntima, bem como de almoxarifado, celas individuais, alo- ção máxima de 500 (quinhentos) sentenciados; os de regime semi
jamento coletivo, biblioteca e salas equipadas para a realização de -aberto, de 300 (trezentos); os de regime aberto, de 50 (cinquenta)
videoaudiências e prestação de assistência jurídica. semilivres; o presídio, de 400 (quatrocentos) acusados e a cadeia
(Caput com redação dada pelo art. 6º da Lei nº 19.478, de pública, de 50 (cinquenta) presos.
12/1/2011.) (Vide § 1º do art. 1º da Lei nº 12.985, de 30/7/1998.)
§ 1º – As penitenciárias disporão ainda de locutório para ad-
vogados, salas para autoridades, salas de estágio para estudantes Art. 79 – Para a localização do estabelecimento de regime
universitários e gabinete para equipe interdisciplinar de observa- fechado, levar-se-ão em conta as facilidades de acesso e comuni-
ção ou de tratamento. cação, a viabilidade do aproveitamento de serviços básicos exis-
(Parágrafo renumerado pelo art. 1º da Lei nº 13.661, de tentes, as condições necessárias ao adequado internamento, além
14/7/2000.) da existência de áreas destinadas a instalações de aprendizagem
§ 2º – A pessoa recolhida em prisão provisória que ao tempo profissional, à prática de esportes e recreação, a visitas, ao ensino
do delito era policial civil ou militar do Estado ficará em depen- e à assistência especializada.
dência distinta e isolada da dos demais presos. § 1º – Para o estabelecimento de regimes aberto e semi-aberto,
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 13.661, de será considerada ainda a proximidade de locais de trabalho, de cur-
14/7/2000.) sos de instrução primária e formação profissional e de assistências
§ 3º – A garantia prevista no § 2º deste artigo estende-se ao hospitalar e religiosa.
condenado em sentença transitada em julgado que ao tempo do § 2º – O presídio e a cadeia pública se localizarão no meio
delito era policial civil ou militar do Estado. urbano, respectivamente, na Capital e em sedes de comarca com
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 13.661, de fácil acesso ao fórum local ou a varas criminais.
14/7/2000.)
CAPÍTULO II
Art. 73 – As oficinas e instalações agrícolas devem reunir con- Do Presídio e da Cadeia Pública
dições semelhantes às da comunidade livre, observadas as normas
legais para a proteção do trabalho e a prevenção de acidente. Art. 80 – O presídio e a cadeia pública, estabelecimentos de
regime fechado, destinam-se à custódia do preso provisório e à
Art. 74 – Será construído pavilhão de observação, de regime execução da pena privativa de liberdade para o preso residente e
fechado, onde não houver centro de observação como unidade au- domiciliado na comarca.
tônoma.
Art. 81 – No presídio e na cadeia pública, haverá unidades
Art. 75 – Podem ser previstas seções independentes, de segu- independentes para a mulher, para o jovem adulto, para o preso
rança reforçada, para internamento de condenado que tenha exer- que tenha exercido função policial e para o cumprimento de pena
cido função policial e que, por esta condição, esteja ou possa vir a privativa de liberdade e de limitação de fim-de-semana.
Art. 99 – No centro de reeducação do jovem adulto, será in- Art. 109 – A administração penitenciária poderá firmar con-
tensiva a ação educativa, com a adoção de métodos pedagógicos e vênio com hospital psiquiátrico da comunidade para o tratamento
psicopedagógicos. de sentenciado destinado ao hospital de custódia e tratamento psi-
quiátrico.
Art. 100 – Para individualização do tratamento, as seções se-
paradas conterão de 20 (vinte) a 30 (trinta) sentenciados. TÍTULO IV
Do Regime Penitenciário
Art. 101 – O pessoal do centro terá especialização profissio- CAPÍTULO I
nal, com atualização em cursos especiais promovidos pela admi- Da Admissão e do Registro
nistração penitenciária.
Art. 110 – A admissão do sentenciado ou do preso provisório
CAPÍTULO VII se fará à vista de ordem da autoridade competente.
Do Centro de Observação
Art. 111 – O registro de detenção ou internação será feito em
Art. 102 – O centro de observação, estabelecimento de regime livro próprio ou em meio eletrônico, e nele constarão:
fechado, tem por objetivo estudar a personalidade do delinquente (Caput com redação dada pelo art. 7º da Lei nº 19.478, de
nos planos físico, psíquico e social, para sua afetação ao estabele- 12/1/2011.)
I – a identidade do sentenciado ou do preso provisório;
cimento adequado ao regime penitenciário, indicando as medidas
II – os motivos da detenção ou da internação e a autoridade
de ordem escolar, profissional, terapêutica e moral que fundamen-
que a determinou;
tarão a elaboração do programa de tratamento reeducativo.
III – o dia e a hora da admissão e da saída.
Art. 103 – O centro de observação, além do pessoal de segu-
Art. 112 – Inicia-se, no ato do registro, o prontuário pessoal do
rança, vigilância e administração, contará com equipe interdisci-
sentenciado, que o seguirá nas transferências.
plinar de observação, constituída de psicólogo, psiquiatra, clínico
Parágrafo único – O prontuário conterá uma parte judiciária,
geral, assistente social, educador e criminólogo.
uma parte penitenciária e uma parte social.
CAPÍTULO VIII Art. 113 – O sentenciado será informado sobre a legislação
Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico pertinente e sobre o regime interno do estabelecimento.
Art. 104 – O hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, Art. 114 – O sentenciado tem o direito de informar sua situa-
de regime semi-aberto, destina-se aos inimputáveis e semi-impu- ção ao Juiz e ao seu advogado ou à pessoa por ele indicada.
táveis indicados no art. 26 e seu parágrafo único do Código Penal.
§ 1º – Haverá seções independentes de regime fechado, se- Art. 115 – O preso provisório será informado de seus direitos,
gundo as exigências do tratamento psiquiátrico, no caso de extre- assegurada a comunicação com a família e com seu defensor e o
ma periculosidade do sentenciado. respeito ao princípio da presunção de inocência.
§ 2º – As seções de regime aberto destinam-se ao tratamento
ambulatorial e à preparação para o reingresso na sociedade. Art. 116 – Efetuada a admissão, proceder-se-á à separação
do sentenciado segundo o sexo, a idade, os antecedentes, o estado
Art. 105 – No estabelecimento psiquiátrico, haverá, além das físico e mental e a necessidade de tratamento reeducativo ou psi-
dependências da administração, segurança e vigilância, seções de quiátrico.
observação normal, de praxiterapia, esporte e recreação, observan-
do-se, no que for aplicável, o art. 83 da Lei Federal nº 7.210, de 11 Art. 117 – A agenda diária das atividades da vida em comum
de junho de 1984. dos sentenciados será elaborada pela Comissão Técnica de Clas-
sificação.
Art. 106 – No hospital, além do exame psiquiátrico, serão rea- CAPÍTULO II
lizados o exame criminológico e os exames necessários aos tra- Do Alojamento
tamentos terapêutico e reeducativo, com respeito e proteção aos
direitos da pessoa do sentenciado. Art. 118 – Aos sentenciados serão destinadas celas indivi-
duais.
Art. 107 – O pessoal profissional e não profissional do es- Parágrafo único – Em caso de necessidade, a administração da
tabelecimento psiquiátrico deverá ser selecionado e qualificado, penitenciária poderá autorizar a colocação de mais de um senten-
com especial atenção às exigências peculiares ao tratamento dos ciado na cela ou no quarto individual, adequadamente selecionado,
sentenciados. vedada, nesse caso, a ocupação apenas por dois sentenciados.
Art. 136 – Os condenados que cumprem pena em regime fe- Art. 141 – A infração disciplinar e a respectiva sanção disci-
chado ou semiaberto e os presos provisórios poderão obter per- plinar serão estabelecidas em lei ou regulamento.
missão de saída, mediante escolta, nos casos devidamente com-
provados de necessidade de tratamento médico e falecimento ou Art. 142 – Constituem infrações disciplinares:
doença grave de cônjuge, companheiro, ascendente, descendente I – negligência na limpeza e na ordem da cela e no asseio
ou irmão. pessoal;
§ 1° – A permissão de saída será concedida pelo Diretor do II – abandono voluntário do local de tratamento;
estabelecimento. III – descumprimento das obrigações do trabalho;
§ 2° – A permanência do detento fora do estabelecimento pe- IV – atitude molesta para com os companheiros;
nal terá a duração necessária à finalidade da saída. V – linguagem injuriosa;
( VI – jogos e atividades proibidas pelo Regimento Interno;
Art.go com redação dada pelo art. 8º da Lei nº 19.478, de VII – simulação de doença;
12/1/2011.) VIII – posse ou tráfico de bens não permitidos;
IX – comunicação proibida com o exterior ou, no caso de iso-
Art. 137 – Os condenados que cumprem pena em regime se- lamento, com o interior;
miaberto poderão obter autorização para saída temporária do esta- X – atos obscenos ou contrários ao decoro;
belecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: XI – falsificação de documento da administração;
I – visita à família; XII – apropriação ou danificação de bem da administração;
II – frequência a curso supletivo profissionalizante bem como XIII – posse ou tráfico de arma ou de instrumento de ofensa;
de instrução do segundo grau ou superior, na Comarca do Juízo da XIV – atitude ofensiva ao Diretor, a funcionário do estabele-
Execução; cimento ou a visitante;
III – participação em atividades que concorram para o retorno XV – inobservância de ordem ou prescrição e demora injusti-
ao convívio social. ficada no seu cumprimento;
Parágrafo único – A autorização de saída será concedida ou
XVI – participação em desordem ou motim;
revogada por ato motivado do Juiz da execução, observado o dis-
XVII – evasão;
posto nos arts. 123 a 125 da Lei Federal n° 7.210.
XVIII – fato previsto como crime, cometido contra compa-
(
nheiro, funcionário do estabelecimento ou visitante;
Art.go com redação dada pelo art. 8º da Lei nº 19.478, de
12/1/2011.) XIX – realização ou contribuição para a realização de visi-
ta íntima em desacordo com esta lei ou com o ato da autoridade
Art. 138 – Com base em parecer da equipe interdisciplinar e competente.
como preparação para a liberação, será autorizada, pelo Juiz da (Inciso acrescentado pelo art. 9º da Lei nº 19.478, de
execução que tenha participado de seu processo de reeducação, 12/1/2011.)
a saída do sentenciado que cumpra pena nos regimes aberto e se-
miaberto, após cumpridos seis meses da pena, por até sete dias, Art. 143 – Constituem sanções disciplinares:
limitada ao total de trinta e cinco dias por ano. I – admoestação;
Parágrafo único – A autorização de saída será concedida ou II – privação de autorização de saída por até dois meses;
revogada por ato motivado do Juiz da execução. (Inciso com redação dada pelo art. 10 da Lei nº 19.478, de
( 12/1/2011.)
Art.go com redação dada pelo art. 8º da Lei nº 19.478, de III – limitação do tempo previsto para comunicação oral du-
12/1/2011.) rante 1 (um) mês;
IV – privação do uso da cantina, de autorização de saída e de
Art. 138-A – No caso de nascimento de filho ou outro motivo atos de recreação por até um mês;
comprovadamente relevante, será autorizada, pelo Diretor do esta- (Inciso com redação dada pelo art. 10 da Lei nº 19.478, de
belecimento, a saída do sentenciado ou do preso provisório, com 12/1/2011.)
as medidas de custódia adequadas. V – isolamento em cela individual por até 15 (quinze) dias;
Parágrafo único – A autorização de saída será concedida ou VI – isolamento em cela disciplinar por até 1 (um) mês;
revogada por ato motivado do Diretor do estabelecimento. VII – suspensão ou restrição à visita íntima
( (Inciso acrescentado pelo art. 10 da Lei nº 19.478, de
Art.go acrescentado pelo art. 8º da Lei nº 19.478, de 12/1/2011.)
12/1/2011.) § 1º – As sanções previstas nos incisos I e II são de compe-
tência do Diretor do estabelecimento e as demais, da Comissão
Art. 139 – O sentenciado, a vítima e as respectivas famílias Técnica de Classificação.
contarão com o apoio do serviço penitenciário e do Conselho da § 2° – A execução da sanção disciplinar está sujeita a sursis e
Comunidade. a remição.
( Art.go com redação dada pelo art. 8º da Lei nº 19.478, de (Parágrafo com redação dada pelo art. 10 da Lei nº 19.478, de
12/1/2011.) 12/1/2011.)
Grau
Nível de
escolaridade Nível A B C D E F G H I
Intermediário I 1.055,39 1.087,05 1.119,67 1.153,26 1.187,85 1.223,49 1.260,19 1.298,00 1.336,94
Intermediário II 1.102,59 1.135,67 1.169,74 1.204,83 1.240,98 1.278,21 1.316,55 1.356,05 1.396,73
Intermediário III 1.151,97 1.186,53 1.222,13 1.258,79 1.296,55 1.335,45 1.375,51 1.416,78 1.459,28
Superior IV 1.336,29 1.376,37 1.417,67 1.460,20 1.504,00 1.549,12 1.595,59 1.643,46 1.692,77
Superior V 1.550,09 1.596,59 1.644,49 1.693,83 1.744,64 1.796,98 1.850,89 1.906,42 1.963,61
O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos crimes funcionais, praticados por determinado grupo de pessoas no exercício de
sua função, associado ou não com pessoa alheia aos quadros administrativos, prejudicando o correto funcionamento dos órgãos do Estado.
A Administração Pública deste modo, em geral direta, indireta e empresas privadas prestadoras de serviços públicos, contratadas ou
conveniadas será vítima primária e constante, podendo, secundariamente, figurar no polo passivo eventual administrado prejudicado.
O agente, representante de um poder estatal, tem por função principal cumprir regularmente seus deveres, confiados pelo povo. A
traição funcional faz com que todos tenhamos interesse na sua punição, até porque, de certa forma, somos afetados por elas. Dentro desse
espírito, mesmo quando praticado no estrangeiro, logo, fora do alcance da soberania nacional, o delito funcional será alcançado, obrigato-
riamente, pela lei penal.
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
vantagem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência fronteira:
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de prati- Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
car qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido
ou influência de outrem: Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa-
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori-
zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido,
Facilitação de contrabando ou descaminho substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática
de contrabando ou descaminho (art. 334): Violação de sigilo funcional
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Prevaricação Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
não constitui crime mais grave.
de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para sa-
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
tisfazer interesse ou sentimento pessoal: I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente pú- Administração Pública;
blico, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração
outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº Pública ou a outrem:
11.466, de 2007). Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Violação do sigilo de proposta de concorrência
Condescendência criminosa
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pú-
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de respon- blica, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
sabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimen-
to da autoridade competente: Funcionário público
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exer-
Advocacia administrativa ce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri- emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
vado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
funcionário: execução de atividade típica da Administração Pública.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pú-
Violência arbitrária blica ou fundação instituída pelo poder público.
Art. 630. As concessões de benefícios têm em vista a não Art. 639. As faltas disciplinares, segundo sua natureza, classi-
ocorrência de faltas disciplinares, o comportamento do preso, sua ficam-se em leves, médias e graves.
colaboração com a disciplina e a sua dedicação ao trabalho e ao
estudo. Art. 640. São consideradas faltas disciplinares leves as se-
guintes:
Art. 631. A Comissão Técnica de Classificação, por proposta I - utilizar bem material, ferramenta ou utensilio da Unidade
escrita de Diretor ou funcionário da Unidade Prisional, avaliará a Prisional sem a devida autorização;
concessão do elogio ao preso que se destacar, bem como o com- II - transitar pelas dependências da Unidade Prisional desobe-
portamento do preso. decendo às normas estabelecidas;
Parágrafo único. A publicidade do elogio deverá levar em III - retirar a atenção de outros presos, propositadamente, du-
conta a integridade física do preso. rante estudo ou quaisquer outras atividades;
IV - descuidar da higiene pessoal;
Art. 632. O Diretor Geral da Unidade Prisional, levando em V - estar indevidamente trajado; e
consideração a conduta e disciplina do preso, poderá fazer as se- VI – estender, lavar ou secar roupa em local não permitido.
guintes concessões e regalias: Parágrafo único. Na reincidência, em 03 (três) ou mais faltas
I - visitas extraordinárias; leves, o Conselho Disciplinar apreciará e julgará a possibilidade de
II - participação em práticas e espetáculos educativos e recrea- aplicação de 01 (um) a 10 (dez) dias de isolamento, observado o
tivos promovidos pela Unidade Prisional, tais como: prazo previsto no artigo 659 deste Regulamento.
Seção IV - DO REGIME DISCIPLINAR Art. 660. Todo isolamento deverá ser sempre comunicado ao
DIFERENCIADO – RDD juiz competente.
Art. 655. A prática de fato previsto como crime doloso cons- Art. 661. As sanções disciplinares poderão ser aplicadas iso-
titui falta grave quando ocasionar subversão da ordem ou da disci- ladas ou cumulativamente.
plina interna e sujeita o preso provisório ou condenado, sem pre-
juízo da sanção penal, ao Regime Disciplinar Diferenciado com as Art. 662. São circunstâncias que atenuam a sanção:
seguintes características: I- ausência de falta anterior;
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo II - a pouca importância da participação do preso na falta;
de repetição da sanção por nova falta grave da mesma espécie, até III - a confissão espontânea;
o limite de um sexto da pena aplicada; IV - colaboração para a elucidação da falta; e
II - recolhimento em cela individual; V – ter cometido a falta por motivo de relevante valor social
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, ou moral.
com duração de duas horas; e
IV - o preso terá direito à saída da cela por 02 (duas) horas Art. 663. São circunstâncias que agravam a sanção:
diárias para banho de sol. I - a reincidência;
§ 1º O Regime Disciplinar Diferenciado também poderá abri- II - a coação ou indução de outros presos à prática da falta;
gar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, III - a prática de falta pelo preso em virtude de confiança nele
que apresentem alto risco para a ordem e para a segurança da Uni- depositada;
dade Prisional ou da sociedade. IV - a ação em concurso com outro preso; e
§ 2º Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferen- V - a prática da falta em local público.
ciado o preso provisório ou o condenado sobre o qual recaiam fun- Parágrafo único. Será considerado reincidente o preso que
dadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, tiver cometido qualquer outra falta disciplinar.
em organizações criminosas, quadrilhas ou bando.
Art. 664. Extingue-se a punibilidade da sanção disciplinar, no
Art. 656. Observar-se-á, quando da introdução do Regime âmbito administrativo, no prazo de 12 (doze) meses, a partir da
Disciplinar Diferenciado, no mínimo, os seguintes aspectos: data do conhecimento do fato.
Art. 695. O presidente do Conselho Disciplinar, nas sanções Art. 702. Nos casos omissos, o Direito Penal e o Processual
serão fontes subsidiárias deste Regulamento, bem como as Nor-
de isolamento e restrição de direitos obedecerá aos seguintes cri-
mas Constitucionais e os Princípios Gerais do Direito.
térios:
I – a dosimetria da sanção disciplinar partirá das punições mí-
Art. 703. As dúvidas surgidas na aplicação deste Regulamento
nimas previstas nos artigos 671 e 672, deste Regulamento; e serão solucionadas pela Subsecretaria de Administração Prisional.
II - aplicam-se as atenuantes e agravantes.
§ 1º As atenuantes e as agravantes possuem o mesmo valor, Art. 704. A Subsecretaria de Administração Prisional deverá
devendo a pena ser aumentada ou diminuída em 02 (dois) dias para adotar providências necessárias para a garantia da segurança cole-
cada atenuante e agravante; e tiva e individual dos presos que estiverem sob a sua custódia.
§ 2º Na hipótese do concurso de infrações disciplinares, apli-
ca-se a pena da mais grave, somando para a outra infração no caso Art. 705. Todos os atos privativos do Diretor Geral, descritos
de falta grave 05 (cinco) dias, falta média 03 (três) dias e para falta nesse Regulamento, são exercidos obrigatoriamente quando de sua
leve 02 (dois) dia, observando-se sempre o limite máximo de 30 ausência pelo seu substituto indicado formalmente.
dias de isolamento.
Exercícios
Art. 696. Após a sessão de julgamento, o Conselho Discipli-
nar terá o prazo máximo de 03 (três) dias úteis para concluir os 1. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre o conceito de
procedimentos e demais providências cabíveis. Constituição, assinale a alternativa CORRETA.
Parágrafo único. A Unidade Prisional deverá comunicar aos (A) É o estatuto que regula as relações entre Estados sobe-
familiares credenciados para visitar, por qualquer meio de contato, ranos.
o motivo, a duração da sanção, bem como sobre eventual suspen- (B) É o conjunto de normas que regula os direitos e deveres
são de visita e o período, consignando no procedimento a identifi- de um povo.
cação e parentesco da pessoa que receber a informação. (C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém
normas referentes à estruturação, à formação dos poderes públi-
Seção IV - DO RECURSO DISCIPLINAR cos, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.
(D) É a norma maior de um Estado, que regula os direitos e
Art. 697. A parte que insurgir quanto ao resultado do Conse- deveres de um povo nas suas relações.
lho Disciplinar poderá solicitar a reconsideração, no prazo de 10
2. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Dentre as formas de clas-
dias.
sificação das Constituições, uma delas é quanto à origem.
Em relação às características de uma Constituição quanto à
Art. 698. O recurso de que trata o artigo anterior será dirigido sua origem, assinale a alternativa CORRETA.
ao Diretor da Diretoria de (A) Dogmáticas ou históricas.
Art.culação do Atendimento Jurídico e Apoio Operacional (B) Materiais ou formais.
- DAJ da Superintendência de Atendimento ao Preso - SAPE, e (C) Analíticas ou sintéticas.
deverá ser enviado através de cópia digitalizada de todo o proce- (D) Promulgadas ou outorgadas.
dimento para o e-mail: dapsase@defesasocial.mg.gov.br, que terá
o prazo de 10 (dez) dias úteis a contar da data do recebimento 3. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a supremacia da
para decidir sobre o recurso, podendo ser conferido caráter devo- Constituição da República, assinale a alternativa CORRETA.
lutivo ou suspensivo conforme o caso, bem como comunicando, (A) A supremacia está no fato de o controle da constitucio-
imediatamente, sua decisão, devidamente fundamentada, a parte nalidade das leis só ser exercido pelo Supremo Tribunal Federal.
recorrente, que assinará cópia a ser juntada aos autos de apuração. (B) A supremacia está na obrigatoriedade de submissão das
Parágrafo único. Não poderá haver aumento de pena, nos leis aos princípios que norteiam o Estado por ela instituído.
casos em que o preso recorrer da decisão punitiva. (C) A supremacia está no fato de a interpretação da consti-
tuição não depender da observância dos princípios que a norteiam.
Art. 699. Somente após tornar-se definitiva, será a punição (D) A supremacia está no fato de que os princípios e funda-
registrada no prontuário do preso. mentos da constituição se resumam na declaração de soberania.
23. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) Com 28. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que concer-
referência à CF, aos direitos e garantias fundamentais, à organi- ne às condições de elegibilidade para o cargo de prefeito previstas
zação político-administrativa, à administração pública e ao Poder na CRFB/88, assinale a opção correta.
Judiciário, julgue os itens subsecutivos. (A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias antes
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e determina da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo de prefeito.
que cabe à lei definir os serviços ou atividades essenciais e dispor
(B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candidatar-se,
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
pela primeira vez, ao cargo de prefeito.
Certo ( )
(C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá candida-
Errado ( )
tar-se ao cargo de prefeito.
24. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a alter- (D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, mas que
nativa correta. não pretende e nem irá afastar-se das atividades militares, poderá
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e seguintes candidatar-se ao cargo de prefeito.
é exaustivo.
(B) É vedada a redução proporcional do salário do trabalha- 29. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alternativa
dor sob qualquer hipótese. correta a respeito dos partidos políticos.
(C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias anuais re- (A) É vedado a eles o recebimento de recursos financeiros
muneradas com, no mínimo, um terço a mais do que o salário nor- por parte de empresas transnacionais.
mal. (B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propaganda no rá-
(D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá- dio e na televisão, exceto aqueles que não possuam representação
rio, não está constitucionalmente prevista, mas é determinada pela no Congresso Nacional.
CLT. (C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter nacio-
(E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do emprego nal.
e do salário, não está constitucionalmente previsto, mas é determi- (D) Os partidos devem, após cada campanha, apresentar ao
nado pela CLT. Congresso Nacional a sua prestação de contas para aprovação.
(E) Em razão de sua importante função institucional, os par-
25. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - tidos políticos possuem natureza jurídica de direito público.
FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasileiro no
ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou cometendo um crime 30. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES-
de roubo, cuja autoria foi apurada apenas no ano de 2013, sendo PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organização po-
instaurada a competente ação penal, culminando com a condena- lítico-administrativa da República Federativa do Brasil.
ção de Pietro, pela Justiça Pública, ao cumprimento da pena de 05 O poder constituinte dos estados, dada a sua condição de ente
anos e 04 meses de reclusão, em regime inicial fechado, por sen- federativo autônomo, é soberano e ilimitado.
tença transitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
Certo ( )
pela Constituição federal, Pietro
Errado ( )
(A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quantidade
de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário.
(B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi cometido an- 31. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES-
tes da sua naturalização. PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organização po-
(C) poderá ser extraditado. lítico-administrativa da República Federativa do Brasil.
(D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu crime he- A despeito de serem entes federativos, os territórios federais
diondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afim. carecem de autonomia.
(E) não poderá ser extraditado, pois a sentença condenatória Certo ( )
transitou em julgado após a naturalização. Errado ( )
26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É priva- 32. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
tivo de brasileiro nato o cargo de 23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a alternativa
(A) Ministro do Supremo Tribunal Federal. INCORRETA:
(B) Senador. (A) A administração pública direta e indireta de qualquer dos
(C) Juiz de Direito. Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
(D) Delegado de Polícia. pios obedecerá aos princípios de legalidade, moralidade, publici-
(E) Deputado Federal. dade, eficiência e impessoalidade.