Você está na página 1de 3

O artigo escrito por Nelma Karla Waideman Fukuoka e Victor Hugo de

Almeida, A (Des) Necessidade de Regulamentação da Dispensa Coletiva no


Brasil: Uma análise sob a ótica do Valor Social do Trabalho e da Dignidade da
Pessoa Humana traz aos leitores uma visão sobre a regulamentação da
dispensa coletiva no nosso país correlacionada ao valor social do trabalho e a
efetivação do princípio da dignidade humana.
Segundo os autores, um dos grandes problemas que assolam a nossa
sociedade é o desemprego, pois é uma grande característica decorrente da
globalização. Neste sentido, podemos observar que o Toyotismo foi um grande
marco para este problema, uma vez que exigia do empregado uma extrema
qualificação e trazia a imagem do trabalhador apenas como um operador de
lucros para a sua empresa, haja visto que cada um possuía sua única função,
com seu tempo cronometrado nas tarefas, a fim de torná-los máquinas
humanas.
Podemos observar na fala de Orlando Teixeira da Costa
“Através do uso da tecnologia e da exigência de
trabalhadores extremamente qualificados, o modelo
toyotista criou um exército de reserva, pronto para ocupar
postos de trabalho, cada vez mais raros, elevando as
taxas de desemprego no contexto global.” (COSTA, 1991)
Deste modo, dar-se concordância aos autores, haja visto que também
precisamos ressaltar que com a evolução tecnológica os trabalhadores
necessitaram se atualizar sempre para se manter no mercado de trabalho, uma
vez que, os empresários sempre objetivando os lucros preferem trazer para
suas empresas máquinas independentes, para que assim a mão de obra não
seja necessária, diminuindo seus gasto, uma vez que não será mais
necessário, neste cenário, o cumprimento de leis trabalhistas, pagamentos com
salários e direitos dos funcionários. Importante ressaltar também que essas
atualizações propostas para os funcionários geram uma maior competitividade,
uma vez que o cidadão precisa estudar mais, se cobrar mais, pela escassez de
vagas no mercado de trabalho por culpa das máquinas. Essa cobrança ainda
pode acarretar doenças psicológicas, outra grande problemática enfrentada
pela nossa sociedade.
Observamos o enfoque dos autores sobre a falta de regulamentação
devido as despensas coletivas no nosso país. É de grande importância
ressaltar, de antemão que a Consolidação das Leis do Trabalho, CLT no artigo
2º “considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo
os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação
pessoal de serviço.”, ou seja, o empregado não pode ser responsabilizado
pelas eventuais crises da empresa. Porém, o que mais podemos ver no
cotidiano são empresas entrando em estado de falência descumprindo os
direitos dos empregados e com manifestação unilateral fazendo com que se
observe uma grande necessidade da regulamentação da dispensa coletiva.
Observa-se que está falta de regulamentação vem sendo suprida com
acordos e negociações, porém faz-se necessário algo mais concreto para a
segurança de diretos dos trabalhadores, pois o princípio da dignidade da
pessoa humana propõe a garantia das necessidades vitais de cada indivíduo,
onde está prevista no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
Neste sentido, Fukuoka e Almeida nos alerta sobre a grande importância e
influência do pleno emprego para a erradicação da pobreza e fome no país, ou
seja, como o indivíduo possui a garantia das necessidades vitais, é necessário
a segurança financeira do trabalhador para que essas garantias sejam
efetivadas.
Por fim os autores ainda nos trazem possibilidade para que empresas
não recorram somente na dispensa em massa sem uma justa causa. Existem
formas legais como o Plano de Proteção a Empresa – PPE, que permite a
diminuição da jornada de trabalho e assim não se faz necessário a demissão
do empregado.
E neste modo, aconselha-se que ocorra uma transformação no Direito
Coletivo do Trabalho no Brasil para que possam garantir aos empregados a
efetiva segurança aos seus direitos, fazendo com que o indivíduo também
possua uma maior inclusão na sociedade, sendo essa garantia uma justiça
social para os mais fracos diante ao mais forte.

Referências:
FUKUOKA, Nelma Karla Waideman e ALMEIDA, Victor Hugo de. A (Des)
Necessidade de Regulamentação da Dispensa Coletiva no Brasil: Uma análise
sob a ótica do Valor Social do Trabalho e da Dignidade da Pessoa Humana. In:
Revista Eletrônica do Curso de Direito. V. 12, n. 1. 2017. p. 104- 134.
Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/revistadireito/article/view/23705>.
Acesso em: 29 de setembro de 2021.

BRASIL. Constituição (1988). In: CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA


FEDERATIVA DO BRASIL. Brasília, DF, out. 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em: 29 de setembro de 2021.

COSTA, Orlando Teixeira da. Direito coletivo do trabalho e crise econômica.


São Paulo: LTr, 1991.

Você também pode gostar