Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O sintoma mais comum de um acidente vascular cerebral é uma súbita fraqueza da face e dos
membros superiores e inferiores, mais frequentes em um lado do corpo. Entre os sintomas, estão:
⓿Doenças
Aterosclerose
A aterosclerose é um quadro clínico no qual depósitos irregulares de material gorduroso
(ateromas ou placas ateroscleróticas) se desenvolvem nas paredes das artérias de médio e grande
porte, levando a um fluxo sanguíneo reduzido ou bloqueado. A aterosclerose pode afetar as artérias
de médio e grande porte do cérebro, coração, rins, outros órgãos vitais e pernas. Trata-se do tipo
mais importante e mais comum de arteriosclerose.
Ela é a principal causa de doença cardiovascular (DCV), como infarto agudo do miocárdio
(IAM) e acidente vascular cerebral (AVC), que são as duas principais causas de morte no mundo
ocidental. O processo aterosclerótico é identificado geralmente a partir da meia ou após algum
evento cardiovascular (IAM ou AVC), no entanto, estudos atuais indicam que o processo
aterosclerótico começa a se desenvolver na infância, progride durante a adolescência e a idade
adulta e acarreta doença cardiovascular em adultos ou idosos.
aterosclerose é uma doença silenciosa, que vai sendo desenvolvida durante anos para que o
paciente possa notar algum tipo de problema, muitas vezes, as pessoas só descobrem a formação de
placas de gordura quando uma artéria é obstruída completamente e necessitam de atendimento
imediato, sendo o caso de infartos, derrames e mesmo a morte súbita.
Quando apresenta sintomas, estes vão depender principalmente da localização da obstrução.
Quando afeta o coração, os mais frequentes são: Dores no peito (peso, aperto, queimação ou até
pontadas), Falta de ar, Sudorese. Quando afeta o cérebro, pode ocorrer: Cefaleias, Sudorese,
Náusea, Síncope (desmaio ou perda dos sentidos).
O Infarto do miocárdio, infarto cerebral e aneurisma aórtico são as maiores consequências
dessa doença. Além disso, a diminuição na irrigação pode levar à gangrena dos membros inferiores
ou à oclusão mesentérica.
Nos pacientes com aterosclerose, é importante calcular o risco cardiovascular, que se faz
principalmente por meio de escores. Esta ação ajuda orientar esforços preventivos, não pelos riscos
atribuíveis à elevação de fatores isolados, como a pressão arterial ou o colesterol, mas pelo
somatório de riscos decorrentes de múltiplos fatores, estimado em cada indivíduo com aterosclerose.
O principal utilizado no Brasil é o Escore de Framingham, que demonstra o risco do indivíduo
desenvolver um evento cardiovascular maior, definido por IAM, AVC ou morte por causa
cardiovascular, em 10 anos.
O tratamento para aterosclerose consiste na prevenção de eventos cardiovasculares maiores,
instituindo-se estilo de vida saudável. As mudanças no estilo de vida, que comprovadamente
diminuem o risco de doenças cardiovasculares, inclui rotina com exercícios físicos regulares,
alimentação balanceada, cessação do tabagismo e com baixo consumo de gorduras e sal, além do
controle dos fatores de risco para doenças como obesidade, diabetes, hipertensão e colesterol. Para
os pacientes com evento cardiovascular maior prévio, além da estatina, recomenda-se terapia com
aspirina dose protetora (100-300mg) em longo prazo.
Dislipidemias
A Dislipidemia é elevação de colesterol e triglicerídeos no plasma ou a diminuição dos níveis
de HDL que contribuem para a aterosclerose.
Terapia nutricional na hipercolesterolemia: É preconizada dieta com isenção de ácidos graxos
trans (por aumentarem a concentração de LDL-c e induzirem a intensa lesão aterosclerótica) e ainda,
consumo menor que 10% do calórico total de ácidos graxos saturados para indivíduos saudáveis, e
menor que 7% naqueles com maior risco cardiovascular (RCV). Lembrando que também é importante
a substituição dos saturados para os poli-insaturados, medida que ameniza o RCV, visto que reduz
colesterol total (CT) e LDL-c.
Terapia nutricional na hipertrigliceridemia: Devido à sensibilidade a variações de peso e
composição da dieta, nesse caso é fundamental a redução da gordura, que deve ser no máximo 10%
do valor calórico, além de eliminação de ácidos graxos trans, controle do consumo de saturados,
priorizando poli-insaturados, diminuição do consumo de açúcar e inclusão de carnes magras, grãos,
hortaliças e frutas na dieta.
A substituição parcial de ácidos graxos saturados é um importante aliado também nos casos
de hipertrigliceridemia porque eles aumentam a lipogênese hepática e o colesterol com lipoproteínas
de muito baixa densidade (VLDL-c). E, em casos de TG muito alto, a American Heart Association (AHA)
recomenda redução acentuada no consumo para evitar desenvolvimento de pancreatite.
Outra medida importante é a redução de carboidratos e açúcares. O consumo máximo
indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 5% deKcal da dieta através de sacarose e
xarope de milho. Importante destacar que a frutose também entra como consumo controlado visto
que gera ácidos graxos de forma ainda mais rápida que a glicose, levando ao aumento de depósito de
gordura hepática e produção de VLDL-c, além de que o consumo maior que 50 gramas de frutose ao
dia eleva o TG pós-prandial.
Além disso, estudos com ômega 3, poli-insaturado e derivados de origem animal, mostram
que o fornecimento de eicosapentaenoico (EPA), docosahexaenoico (DHA), alfa-linolênico (ALA) são
associados com proteção cardiovascular graças a redução de marcadores inflamatórios e da
agregação plaquetária, redução de TG e da pressão arterial e melhora da função endotelial.
Recomenda-se a inclusão de pelo menos duas porções de alimentos ricos em ômega 3 por semana.
O uso de fitoesteróis são indicados para pacientes com colesterol alto e RCV baixo ou moderado, que
não se enquadram notratamento farmacológico. Podem ser ingeridos através da alimentação ou sob
a forma de cápsulas.
Controle de peso corporal: A perda de peso pode contribuir com redução de cerca de 20% da
concentração plasmática de triglicerídeos (TG). Além do controle do valor plasmático, também está
relacionado com controle de obesidade através de fatores influentes na saciedade, lipogênese
hepática, resposta insulínica, gasto energético, adipogênese e microbiota.
Hipertensão arterial sistêmica (HAS)
A hipertensão, também chamada de hipertensão arterial sistêmica ou pressão alta, é uma
doença caracterizada por uma pressão arterial acima de 140 x 90 mmHg, que se mantém em várias
medições, feitas em dias diferentes. Esse aumento da pressão arterial ocorre quando os vasos
sanguíneos ficam mais estreitos ou perdem a elasticidade, o que faz com que o coração precise fazer
mais força para bombear o sangue por todo o corpo.
Os sintomas de hipertensão, apesar de pouco frequentes, podem surgir quando a pressão é
muito superior à normal, incluindo enjoos, tonturas, cansaço excessivo, visão embaçada, dificuldade
para respirar ou dor no peito, por exemplo.
Principais sintomas: Os sintomas de hipertensão são raros e, por isso, essa doença é
considerada silenciosa. No entanto, existem alguns sintomas que podem aparecer durante uma crise
hipertensiva, que é quando a pressão sobe rapidamente de uma hora para outra, caracterizando-se
por: Enjoo; Tontura; Dor de cabeça forte; Sangramento pelo nariz; Zumbido nos ouvidos; Dificuldade
para respirar; Cansaço excessivo; Visão embaçada; Dor no peito; Perda de consciência; Ansiedade
excessiva.
A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) foi elaborada com o objetivo de
investigar se um padrão alimentar “saudável” é capaz de reduzir os níveis de PA, independentemente
de alguns fatores dietéticos que afetam a PA (ex.: ingestão de sódio, peso corporal e consumo de
álcool). O padrão alimentar da dieta DASH é rico em frutas e hortaliças (4 a 5 porções/dia) e laticínios
com baixo teor de gordura (2 a 3 porções/ dia), cereais integrais, frango, peixe e frutas oleaginosas; e
pobre em doces, bebidas adoçadas e carne vermelha. Portanto, esta dieta é rica em potássio,
magnésio, cálcio e fibras dietéticas, além de apresentar baixo teor de gordura (total e saturada) e
colesterol.29 Já foi demonstrado que a dieta DASH é capaz de reduzir significativamente a PA, sendo
recomendada a adoção desse padrão alimentar por indivíduos hipertensos e para a prevenção da
hipertensão.1,2,10 Os benefícios sobre a PA têm sido atribuídos ao alto consumo de potássio,
magnésio e cálcio. Estima-se que a adoção da dieta DASH pode reduzir a PA sistólica em 8–14
mmHg.1
RECOMENDAÇÕES DIETÉTICAS
Ingestão balanceada de calorias e atividade física para atingir ou manter o peso corporal
saudável.
Consumir dieta rica em vegetais e frutas.
Escolher grãos integrais e alimentos ricos em fibras.
Consumir peixe pelo menos duas vezes por semana.
Limitar a ingestão de gordura saturada para <7% da energia, gordura trans para <1% da
energia e colesterol para <300 mg/dia:
Escolhendo alternativas de carnes magras e vegetais.
Selecionando produtos sem gordura (desnatado), 1% de gordura e
laticínios com baixo teor de gordura.
Minimizando a ingestão de gorduras parcialmente hidrogenadas.
Minimizar a ingestão de bebidas e alimentos com adição de açúcar.
Escolher e preparar alimentos com pouca ou nenhuma quantidade de sal.
Quando consumir álcool, fazê-lo com moderação.
Quando consumir alimentos preparados fora de casa, seguir as recomendações de dieta de
vida da American Hert Association (AHA)
⓿Dietas
Os padrões alimentares associados à redução do risco cardiovascular são denominados de
cardioprotetores. Dentre eles, a dieta mediterrânea ganha destaque, não apenas na redução do risco
cardiovascular, mas na prevenção e tratamento de outras doenças e agravos crônicos não transmissíveis
(DCNT), como a DCV. É caracterizada pelo consumo elevado de frutas, vegetais, nozes, cereais integrais e
azeite de oliva (> 20% do VET na forma de ácidos graxos monoinsaturados); pela ingestão moderada/alta de
peixes; pela ingestão moderada/baixa de frango e laticínios (principalmente queijo e iogurte); pela baixa
ingestão de ácidos graxos saturados, carne vermelha e embutidos; e pela ingestão regular, mas moderada, de
álcool (vinho) durante as refeições. A maior adesão a esse padrão alimentar foi associada à prevenção
cardiovascular.
Outro padrão alimentar considerado cardioprotetor é o baseado na dieta tipo DASH (Dietary
Approaches to Stop Hypertension), que recomenda um plano alimentar com baixo teor de gordura total,
gordura saturada, colesterol dietético e sódio, enfatizando o consumo de frutas, verduras, legumes, leite e
derivados desnatados, assim como o de alimentos fontes de magnésio e potássio. Tanto o padrão alimentar
DASH quanto o mediterrâneo são adotados como referência pelas Diretrizes Brasileiras para controle dos
fatores de risco cardiovascular, porém apresentam características alimentares diferentes dos hábitos e
costumes brasileiros, o que pode limitar a adesão a esses padrões dietéticos no Brasil.
A Alimentação Cardioprotetora Brasileira, apresentada no capítulo a seguir, tem como característica
principal o desdobramento das recomendações nutricionais das diretrizes em práticas alimentares condizentes
com a realidade da população brasileira. Para tanto, prioriza-se o fácil acesso aos alimentos, além da
valorização da cultura alimentar regional brasileira.
Não existe na literatura uma única diretriz que oriente de modo global a recomendação dietética para
indivíduos com DCV ou múltiplos fatores de risco. Integrar todas as recomendações em um único padrão
alimentar que respeite os hábitos alimentares e ainda contribua para o tratamento da DCV e promova o
controle dos fatores de risco relacionados à alimentação torna-se um grande desafio. Há diversas diretrizes
que estabelecem recomendações isoladas para o tratamento de cada fator de risco, como dislipidemia,
diabetes, hipertensão arterial sistêmica e excesso de peso, cabendo ao profissional de saúde unificar estas
recomendações numa única orientação.
A Alimentação Cardioprotetora Brasileira procura incorporar todas as recomendações nutricionais
para garantir que o indivíduo, em seu cuidado com a saúde cardiovascular, tenha a melhor composição de
alimentos e distribuição de nutrientes.
A Dieta Cardioprotetora foi idealizada a partir de recomendações das diretrizes brasileiras, por meio
do Ministério da Saúde. Os alimentos são separados por três grupos: verde, A dieta é composta por nutrientes
cardioprotetores distribuídos de forma equilibrada e de acordo com as necessidades de cada indivíduo,
priorizando os alimentos mais comuns e acessíveis aos brasileiros. Entre eles, o consumo de frutas, verduras e
legumes. As refeições privilegiam o alto teor de fibras, a baixa densidade de energia e o equilíbrio entre as
gorduras poli, monoinsaturadas, saturadas e o colesterol.amarelo e azul, de acordo com a densidade dos
nutrientes e o grau de processamento de cada alimento.
Os alimentos do grupo verde devem ser a base da alimentação diária e devem ser ingeridos em
proporção maior em relação aos outros grupos. São eles: verduras, frutas, legumes, feijões, leite e iogurtes
desnatados. Os alimentos do grupo amarelo devem ser consumidos de forma moderada. São eles: pães,
cereais, macarrão, tubérculos cozidos, farinhas, castanhas e óleos vegetais. Já o grupo azul é composto pelos
seguintes alimentos: carnes, queijos, ovos e manteiga – os quais devem ser consumidos em menor
quantidade.
Além destes, também existe o grupo vermelho, que é composto por alimentos que devem ser
evitados, pois são ultraprocessados, com baixa qualidade nutricional, alto valor calórico, rico em gordura trans
e elevada quantidade de sal. "São aqueles produtos prontos e congelados, embutidos, bolachas e salgadinhos
de pacote, doces industrializados, macarrão e sopas instantâneos e refrigerantes.
A situação socioeconômica e outros fatores de risco, como tabagismo e sedentarismo, são aspectos
importantes a examinar no cuidado de indivíduos com doenças crônicas, especialmente com problemas
cardiovasculares.
Dessa forma, o cuidado de indivíduos com enfermidades crônicas deve ser realizado por equipe
multiprofissional, a fim de garantir abordagens efetivas para prevenção e tratamento das DCNTs. Tendo em
vista que a alimentação é um importante fator envolvido na prevenção e tratamento das DCVs e seus fatores
de risco, é de responsabilidade dos diferentes profissionais atuantes, especialmente na Atenção Básica, seguir
as orientações nesse sentido.
A Alimentação Cardioprotetora Brasileira foi elaborada para pessoas com DCV que já sofreram um
evento cardiovascular (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou doença vascular periférica). Esta
orientação não inclui as demais doenças cardíacas, como a insuficiência cardíaca e as arritmias.
Pode também ser indicada para indivíduos com fatores de risco cardiovascular relacionados à
alimentação, como hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, diabetes tipo 2, sobrepeso e obesidade. Para
os portadores de diabetes tipo 1, a orientação também pode ser utilizada, porém com algumas adaptações,
conforme terapia medicamentosa, contagem de carboidrato, horário e dose de insulina.
Por exemplo, no caso do paciente portador de hipertrigliceridemia, deve-se salientar a importância do
consumo dos carboidratos integrais e adequar os alimentos do grupo amarelo. No caso de hipertensos,
atentar ao controle do consumo de sal.
A alimentação Cardioprotetora é recomendada para pessoas com: • Sobrepeso; • Obesidade; •
Hipertensão arterial sistêmica controlada; • Diabetes mellitus tipo 2 compensada; • Dislipidemias; • Doenças
Cardiovasculares.
⓿Fatores Dietéticos Importantes Nas DCV
Lipídios – Embora ainda existam controvérsias, a redução de lipídios para no máximo 30% do valor
calórico total já resulta em benefícios no controle dos FR das DCV. Os lipídios que mais contribuem para o
aumento da LDL-c são os ácidos graxos saturados, os ácidos graxos transisômeros, e, em menor extensão, o
colesterol dietético8 .
Gorduras saturadas – A gordura saturada é a principal causa alimentar de elevação de colesterol
plasmático8, pois reduz os receptores celulares B-E, inibindo a remoção plasmática das partículas de LDL-c,
permitindo, além disso, maior entrada de colesterol nas partículas de LDL-c4 . Os ácidos graxos saturados
estão presentes principalmente na gordura animal (carnes gordurosas, leite integral e derivados), polpa de
coco e alguns óleos vegetais (dendê e coco). Os peixes, pobres em gorduras saturadas11, vêm sendo uma boa
opção na diminuição do consumo destas.
Ácidos graxos transisômeros – Estão presentes naturalmente em baixas quantidades em algumas
carnes e laticínios gordurosos, como um resultado da fermentação bacteriana em animais ruminantes. Mas
ocorrem principalmente nos alimentos industrializados, (margarinas, biscoitos, bolos, pães, pastéis, batatas
chips e sorvetes cremosos)12.
Colesterol dietético – Encontrado somente em alimentos de origem animal, o colesterol dietético,
embora eleve as concentrações sanguíneas de LDL-c13, possui menor efeito sobre a colesterolemia, quando
comparado com a gordura saturada. Para reduzir sua ingestão, deve-se restringir o consumo de vísceras,
frutos do mar, gema de ovo (225mg/ unidade), pele de aves, embutidos e frios4.
Ácidos graxos monoinsaturados – Encontrados no azeite, óleo de canola, azeitonas, avelã, amêndoa e
abacate14, as gorduras monoinsaturadas são mais resistentes ao estresse oxidativo e uma dieta rica nestes
ácidos graxos faz com que as partículas de LDL-c fiquem enriquecidas com eles, tornando-as menos suscetíveis
à oxidação3. Na substituição de gorduras saturadas por monoinsaturadas, as concentrações de colesterol total
são reduzidas e as de HDLc possivelmente aumentadas14. Por outro lado, resultados do estudo multicêntrico
DELTA (Dietary Effects on Lipoproteins and Thrombogenic Activities) mostraram que a redução da gordura
saturada e da gordura total quando substituída por carboidratos promoveu diminuição nas concentrações da
HDL-c15, além de aumento nas taxas de triglicerídeos séricos. Portanto, a dieta deveria ser prescrita
analisando-se o perfil lipídico do paciente, assim como seu histórico pessoal e familiar de DCV e a presença de
outros FR3.
Ômega-6 e ômega-3 – As gorduras poliinsaturadas subdividem-se em ácidos graxos ômega-6 e ômega-
3. Os ômega-6 são encontrados em óleos vegetais como o de milho e soja, e, embora não prejudiciais, são
mais suscetíveis à oxidação3 e talvez reduzam as concentrações da HDL-c14, tornando os cientistas mais
prudentes em relação a eles. Contudo, os ômega-3 vêm sendo alvo de diversos estudos epidemiológicos, pois
reduzem os triglicerídeos séricos, melhoram a função plaquetária e promovem ligeira redução na pressão
arterial (PA) em pacientes hipertensos10, sendo encontrados principalmente nos óleos de peixes de águas
frias e profundas como o salmão, arenque, atum e sardinhas3.
Frutos oleaginosos – As castanhas, amêndoas, avelãs, pistácios, nozes, talvez por seu alto teor de
gordura, não são freqüentes na dieta ocidental. Diversos estudos16,17 vêm indicando que seu consumo
freqüente está associado a risco reduzido de doenças coronarianas. Ainda que 73 a 95% de suas calorias sejam
provenientes dos lipídios, eles são pobres em gorduras saturadas, sendo 60% das calorias compostas por
ácidos graxos monoinsaturados, o que auxilia a redução do colesterol total e da LDL-c, sem, no entanto,
reduzir a HDL-c18. Sabaté et al.19 mostraram num estudo clínico que a adição de uma quantidade moderada
de nozes, numa dieta com teor reduzido de gordura e manutenção das calorias, poderia modificar
favoravelmente o perfil lipídico de homens saudáveis. No entanto, Kris-Etherton et al.20 observaram que a
redução de colesterol sérico promovida pelas dietas-teste que incluíram castanhas era maior do que a prevista
pelas equações, sugerindo com isso que, possivelmente, existem compostos não lipídicos possivelmente
benéficos no controle do colesterol.
Fitosteróis – Desempenham nos vegetais funções análogas ao colesterol nos tecidos animais4.
Acredita-se que competem com o colesterol no momento da absorção intestinal, reduzindo, portanto, a
concentração plasmática deste21. O beta-sitosterol é o principal fitosterol encontrado nos alimentos; é
extraído dos óleos vegetais e sua esterificação melhorou sua solubilidade, possibilitando que fosse adicionado
aos alimentos. A saturação do beta-sitosterol forma o sitostanol-éster e acredita-se que ambos reduzam a
colesterolemia. Uma dieta balanceada com quantidades adequadas de vegetais fornece 200 a 400mg de
fitosteróis, mas a ingestão de 3 a 4g/dia destes promove a redução da LDL-c ao redor de 10% a 15% em média,
ainda que não influencie as concentrações séricas de HDL-c e de triglicerídeos4.
Sal – A influência do cloreto de sódio (NaCl) na pressão arterial aumenta com a idade, e, no caso de
indivíduos normotensos, com o histórico familiar de HAS23. Embora presente naturalmente em diversos
alimentos, em quantidades que atendem às recomendações humanas, a maior parte do sódio da dieta é
proveniente dos compostos sódicos adicionados no processamento dos alimentos ou, em menor escala, do sal
de mesa25. Além do excesso de sódio, a carência de certos minerais como potássio, cálcio e possivelmente
magnésio vem sendo associada a níveis mais altos de PA, o que reforça a necessidade de dietas que
contenham quantidades adequadas de frutas, vegetais e laticínios desnatados ou com baixo teor de
gordura26. Apesar de não terem sido especificadas, a American Heart Association recomenda que os
indivíduos não consumam mais que 2.400mg de sódio por dia, que equivaleria a 6g ou a 1 ½ colher de chá de
sal de mesa. No entanto, deve-se levar em consideração o alto teor de sódio adicionado aos alimentos
industrializados, assim como aos diversos medicamentos8.
Álcool – O consumo moderado de álcool vem-se mostrando benéfico na redução de risco para doenças
cardíacas e, segundo Pearson27, no estudo de Framingham, indivíduos com ingestão moderada (um a dois
drinks diários) tinham menor taxa de mortalidade do que abstêmios e do que os que bebiam maior
quantidade27.
Antioxidantes – A lesão oxidativa dos lipídios nas paredes dos vasos sanguíneos parece ser um fator
decisivo no desenvolvimento da aterosclerose37, já que a oxidação da LDL-c a transforma numa partícula
reativa potencialmente letal para as artérias25. Populações com dietas ricas em substâncias antioxidantes
apresentam baixa incidência de aterosclerose coronária25, já que os antioxidantes aumentam a resistência da
LDL-c à oxidação e vêm sendo associados com a redução de risco para coronariopatias5. Acredita-se que os
antioxidantes são os principais responsáveis pelos efeitos benéficos do consumo diário das frutas e
verduras25,37. Os principais antioxidantes são a vitamina E, pigmentos carotenóides, a vitamina C, flavonóides
e outros compostos fenólicos37.
Soja e outros grãos integrais – A substituição das proteínas animais pelas vegetais vem sendo
correlacionada com redução no risco de coronariopatias, implicando diminuição natural no consumo de
gorduras saturadas. Dentre as proteínas vegetais, a da soja vem sendo a mais estudada3 e alguns resultados
apontam seu efeito redutor do colesterol, especialmente em indivíduos hipercolesterolêmicos52. Na proteína
de soja, as isoflavonas são as substâncias que vêm atraindo maior atenção dos cientistas, por seus efeitos
benéficos nos lipídios séricos53, assim como por seus efeitos estrogênicos54. Acredita-se, ainda, que o efeito
redutor dos lipídios séricos já citado talvez esteja relacionado a essa ação estrogênica, visto que estudos com
animais indicaram que, na remoção dos estrogênios da proteína de soja, a redução de lipídios séricos era
minimizada3.
Ácido fólico e homocisteína – Inúmeros pesquisadores já evidenciaram a implicação das concentrações
aumentadas de homocisteína no sangue dos indivíduos com as DCV5,14,57, mas os mecanismos patogênicos
dessa associação ainda não foram definidos com total clareza14,58, ainda que vários estudos sugiram como
causa dessa associação os efeitos pró-coagulantes ou de lesão endotelial da hiperhomocisteinemia5,58.