Você está na página 1de 34

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA

Reitor Professora Conteudista


Gustavo Pereira da Costa Flávia Alexandra Pereira Pinto
Vice-Reitor Revisão de Linguagem
Walter Canales Sant´ana Aline Varela
Pró-Reitora de Graduação Designer de Linguagem
Zafira da Silva de Almeida Lucirene Ferreira Lopes
Núcleo de Tecnologias para Educação Designer Pedagógica
Ilka Márcia Ribeiro S. Serra - Coordenadora Geral Aline Varela
Sistema Universidade Aberta do Brasil Projeto Gráfico e Diagramação
Ilka Márcia R. S. Serra - Coord. Geral Tonho Lemos Martins
Maria das Graças Neri Ferreira - Coord. Adjunta | Coord.
Capa
de Curso
Yuri Almeida
Coordenação do Setor Design Educacional
Cristiane Peixoto - Coord. Administrativa
Danielle Martins Leite Fernandes Lima - Coord. Pedagógica

Pinto, Flávia Alexandra Pereira


Português instrumental [ebook]. / Flávia Alexandra
Pereira Pinto. – São Luís: UEMA; UEMAnet, 2021.

34 f.
ISBN: 9788584621101
1.Português. 2.Instrumental. I.Título.
CDU: 811.134.3’36
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

UNIDADE 1 COMUNICAÇÃO, LINGUAGEM E TEXTUALIDADE 5

1.1 Comunicação humana, língua e linguagem..................................... 5


1.2 Produção e circulação de textos...................................................... 12
Referências...................................................................................... 15

UNIDADE 2 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 16

2.1 A complexidade do ato de ler............................................................. 16


2.2 Estratégias de leitura....................................................................... 21
2.3 Interpretação e compreensão de textos.......................................... 22
Referências...................................................................................... 24

UNIDADE 3 A LÍNGUA PORTUGUESA NO CONTEXTO TÉCNICO


E CIENTÍFICO 26

3.1 Redação de documentos oficiais e comerciais.................................. 26


3.2 Produção de textos acadêmicos e científicos.................................... 29
3.3 Redação Técnica: as qualidades essenciais da redação técnica
e científica.......................................................................................... 32
Referências........................................................................................ 34
APRESENTAÇÃO

Caro(a) estudante,

S
ejam todos bem-vindos à disciplina de Português Instrumental.
Nosso objetivo principal é mostrar como os conhecimentos relacionados
à língua portuguesa serão essenciais na sua na sua atuação profissional
como técnico, demonstrando como uma boa comunicação nas relações sociais
podem contribuir para melhorar os resultados alcançados.

Compreender os fundamentos da língua possibilita ao falante o desenvolvimento


de diferentes habilidades, como: reconhecer informações, elaborar melhor
suas ideias, inferir, relacionar conceitos e fatos, desenvolver reflexões mais
abrangentes, argumentar e defender seus pontos de vista e, principalmente,
possibilita-lhe ser um autor/leitor/produtor mais completo e consciente do uso
das palavras.

Ressaltamos que muitos dos temas que abordaremos aqui já devem ter sido
vistos por vocês de outras formas. A disciplina tem um caráter mais instrumental,
porque a ideia é aproveitar os conhecimentos acumulados.

Este e-Book está dividido em três Unidades, a saber: Comunicação, Linguagem


e Textualidade; Leitura e Interpretação de Textos e a Língua Portuguesa no
contexto do trabalho, nas quais constam os objetivos de cada uma, os assuntos
abordados e sugestões de links para leitura e estudos.

Vamos ler, escrever, compreender e interpretar!

Então, mãos à obra!

Prof. Ma. Flávia Alexandra Pereira Pinto


1
UNIDADE
COMUNICAÇÃO, LINGUAGEM
E TEXTUALIDADE

OBJETIVOS:

Compreender o conceito de texto e sua relação com a coerência e coesão


textuais;
Reconhecer adequadamente os requisitos da coerência e da coesão textual;
Utilizar adequadamente os requisitos de coerência e coesão textuais na
elaboração de textos formais e informais.

O
principal objetivo aqui é que você reflita sobre a importância da linguagem
para a comunicação humana e reconheça os principais elementos que
constituem o processo comunicativo. Ao ler o texto que segue, esperamos
que você apreenda os conceitos fundamentais de linguagem, língua, fala e de
gramática, percebendo a importância destes aspectos linguísticos para que o
processo comunicativo aconteça de maneira eficiente.

1.1 Comunicação humana, língua e linguagem

Na sociedade de hoje é de fundamental que se saiba comunicar de forma


clara e eficiente. Comunicação, pensamento e linguagem são fatores que se
complementam e até se relacionam, já que a linguagem é a materialização do
pensamento e estamos todo tempo nos comunicando, seja por meio da fala, da
escrita, de gestos, de expressões faciais, da leitura de um texto, de um documento,
de revistas e jornais, de mídias sociais etc. É preciso ter em mente que só através
de uma comunicação clara, segura e objetiva podemos nos aprofundar nos níveis
de conhecimento pessoal, profissional, tecnológico e social.
A comunicação é o processo pelo qual acontecem as trocas de informações
entre os sujeitos, tendo como objetivo central que a mensagem seja inteligível,

Português Instrumental 5
devendo ter como pressuposto importante a escolha do código e canal de
comunicação utilizados. A comunicação deve acontecer de maneira lógica,
clara e coerente, pois ela é a base das relações entre os homens que, a partir
e por meio dela, se tornam agentes do processo, influenciam o meio em que
vivem e afetam as pessoas que estão à sua volta, o ambiente social, de trabalho
e a si mesmos, produzindo reações.
Para que uma mensagem seja transmitida com sucesso, é preciso que o
falante esteja atento a vários fatores, como habilidade comunicativa, atitude,
nível de conhecimento do ouvinte e as posições ocupadas dentro do processo
comunicativo. Assim, ele deverá produzir uma mensagem adequada ao contexto,
ao grupo social do receptor e ao momento em que ocorre a comunicação. Para
uma mensagem que chame a atenção do receptor, o falante deverá utilizar
signos que sejam do seu conhecimento e também do conhecimento do receptor
que ficará interessado na informação.
O processo de comunicação é o fenômeno que ocorre quando o emissor (a
pessoa que fala, o codificador) emite uma mensagem (informação ou sinal) ao
receptor (a pessoa que ouve ou decodificador) através de um canal (instrumento
ou meio). O receptor interpretará a mensagem e, a partir daí, dará a resposta
que demonstrará se as informações foram captadas (feedback), completando o
processo de comunicação. (QUEIROZ et al., 2015).
Para comunicar-se, o homem utiliza a linguagem que é o conjunto de símbolos
significativos somado a métodos também significativos de combiná-los. Esses
símbolos são diferentes de um idioma para outro, variando de acordo com cada
cultura. O homem criou a linguagem para exprimir seus sentimentos e suas
intenções, fazendo com que as pessoas interajam e convivam em sociedade,
permitindo a construção de conhecimentos.
Veja o vídeo abaixo e perceba como a comunicação oral e escrita está presente
em nosso dia a dia. Perceba como é importante melhorar nossas técnicas de
comunicação oral e escrita, seja no trabalho, em casa, nas redes sociais, nas
seleções, enfim, em todas as situações onde a troca de informações precise
acontecer.

Por que estudar comunicação oral e escrita? Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=YZ8I83uTzHI>.

Português Instrumental 6
A transmissão do conhecimento ocorre porque o homem tem a capacidade de
criar formas de linguagem. É a linguagem falada e escrita, no que se refere à
língua enquanto idioma e instrumento de interação, que possibilita a comunicação.
As diferentes formas de linguagem são responsáveis pela manutenção das
manifestações culturais de um povo e pela elaboração de sua cultura. Para
Octávio Paz “A palavra é um símbolo que emite símbolos. O homem é homem
graças à linguagem, graças à metáfora original que o fez ser outro e o separou
do mundo natural. O homem é um ser que se criou ao criar uma linguagem. Pela
palavra, o homem é uma metáfora de si mesmo”. (PAZ, 2006, p.42)
Se a linguagem é a capacidade que os seres humanos têm para produzir,
desenvolver e compreender a língua e outras produções, como a pintura, a música
e outras manifestações artísticas, a língua é um conjunto organizado de signos
que possibilitam a comunicação. A língua corresponde ao sistema linguístico
empregado por uma determinada comunidade para a comunicação entre seus
membros. Os membros desta comunidade conhecem as regras e os elementos que
formam esse sistema e, a partir dos recursos finitos que possuem para combinar
tais elementos, é possível criar uma quase infinita quantidade de mensagens.
Para comunicarmos uma ideia fazemos uso uma língua, que é um sistema
de signos utilizado por um grupo de pessoas. As pessoas expressam seus
pensamentos por meio da palavra falada e escrita. A língua é dinâmica e está
sempre se modificando, já que algumas palavras são inseridas, outras entram em
desuso e outras, ainda, mudam de significado conforme sua utilização. É preciso
conhecer o significado das palavras e o contexto em que serão inseridas. Ao
elaborarmos uma comunicação, devemos levar em conta o tema a ser tratado,
o objetivo que se pretende atingir, o canal que será utilizado e quem serão os
leitores/receptores.
No que se refere aos usos da língua, podemos destacar as características de
suas modalidades de uso no Quadro 1, a seguir:

LÍNGUA ESCRITA LÍNGUA FALADA

 É usada em situações formais;  É empregada no cotidiano;

 Há a seleção cuidadosa das palavras;  Não obedece, necessariamente, à norma culta;

 Segue a norma culta;  É solta, com construções mais simples;

 É ensinada nas escolas.  Permite abreviaturas, diminutivos, gírias etc.

Fonte: Elaborado pela autora

Português Instrumental 7
Já a gramática refere-se ao conjunto de normas e elementos comuns a todas as
línguas e que estão estabelecidas na própria natureza do homem. Isto significa
que a capacidade da linguagem é inata e que se coloca como pressuposto da
condição do sujeito como produtor de sentido. Assim, todas as línguas existentes
compartilhariam uma série de princípios. A gramática representa a tentativa de
normatização desses usos.
Segundo a Linguística contemporânea, as alterações que os falantes realizam
no sistema linguístico (língua) não são deformações, como entende a gramática
normativa tradicional. O que ocorre, na verdade, é que as convenções linguísticas,
produzidas coletiva e historicamente, institucionalizam-se e transformam-se
sempre, independentemente da variedade a qual pertençam (padrão, regional,
etária, social etc.). A língua, por sua vez, é dinâmica e, da mesma forma, produto
das relações sociais. Assim, o sistema da língua é dotado de certa estabilidade
e sujeito às modificações operadas por seus falantes. Assim, uma língua não é
de nenhum modo idêntica, mas somente semelhante a qualquer etapa anterior.
Por isso, a gramática auxilia no sentido de manter certa estabilidade de uso,
sem deixar de lado o caráter múltiplo da própria língua.
Ícone Atenção!

OUTROS FENÔMENOS DA LÍNGUA


Variação Linguística: é o movimento comum e natural das línguas,

que variam sobretudo por fatores históricos, sociais e culturais. Modo
pelo qual elas se usam, sistemática e coerentemente, de acordo com o
contexto histórico, geográfico e sociocultural no qual os falantes dessa
língua se manifestam verbalmente;
Estrangeirismos:  palavra ou expressão estrangeira usada pela

comunidade linguística, incorporada ou não ao léxico da língua receptora;
Neologismos: emprego de palavras novas, derivadas ou formadas

de outras já existentes, na mesma língua ou não; atribuição de novos
sentidos a palavras já existentes.

Português Instrumental 8
Coerência e coesão textuais

O texto é uma mensagem que o emissor transmite ao receptor, produzindo


efeitos de sentido sobre ele. Pode ser em linguagem verbal (oral ou escrita),
não-verbal (outras linguagens) ou mista (verbal e não-verbal). Além disso, o texto
pode ser entendido como uma unidade linguística com propriedades estruturais
específicas, ou seja, que produz efeitos sobre quem o lê ou ouve, representando,
então, uma unidade de sentido. A partir da análise desse conceito, iremos abordar
os requisitos de textualidade: coerência e coesão textuais.
Segundo Costa Val (2004), o texto deve ser entendido como uma ocorrência
linguística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sócio
comunicativa, semântica e formal”. A textualidade, por sua vez, pode ser
pensada como “o conjunto de propriedades que uma manifestação da
linguagem humana deve possuir para ser um texto”. Assim, é necessário
que o leitor/ouvinte tenha determinadas habilidades para entender aquilo que lê
ou ouve. Essas habilidades abrangem alguns fatores que são responsáveis pela
textualidade, isto é, características que fazem um texto ter sentido para seus
interlocutores. Essas características são denominadas fatores de coerência e
de coesão textuais.
Geralmente, ao lermos um texto, emitimos um juízo de valor ao afirmar que
se faz sentido é coerente; se não faz sentido, é incoerente. Nesse sentido, a
coerência textual ocorre quando há uma relação harmoniosa entre as ideias
apresentadas no texto. Um texto coerente deve apresentar seu conteúdo de
forma ordenada e lógica, com início, meio e fim. Seus fatos também devem ser
apresentados de forma coerente e sem contradições, e a linguagem deve ser
adequada ao tipo de texto.
A coerência refere-se ao sentido que um texto deve apresentar, isto é, as partes
que o compõem devem-se ligar por uma continuidade de sentido, de modo
que não apresente contradições de ideias, que não seja ilógico. Este fator de
textualidade diz respeito à estruturação lógica e semântica que possibilita que
leitor/ouvinte compreenda o texto e lhe dê significado, portanto. É o resultado
das articulações das ideias que compõem o que se pretende dizer.
A coerência e coesão textuais compõem o texto e possibilitam o seu
entendimento. Nesses elementos reside a maior carga interpretativa de um
texto. No estabelecimento da coerência, em seu sentido mais amplo, outros
aspectos também são importantes porque

Português Instrumental 9
[...] a coerência está diretamente ligada à
possibilidade de estabelecer um sentido para
o texto, ou seja, ela é o que faz com que o
texto faça sentido para os usuários, devendo,
portanto, ser entendida como um princípio
de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade
do texto numa situação de comunicação e à
capacidade que o receptor tem para calcular o
sentido deste texto. Este sentido, evidentemente,
deve ser do todo, pois a coerência é global.
(KOCH, 2006, p.21).

A coerência é apontada como fator fundamental da textualidade. Além desse


fator, consideramos a coesão como característica essencial de um texto bem
produzido, sobretudo no texto escrito. Para Costa Val (2004), um texto coerente e
coeso satisfaz a cinco requisitos: continuidade, progressão, não-contradição,
articulação e informatividade. Observe:
Continuidade temática: este fator diz respeito à adequada e necessária

retomada de elementos no decorrer do texto. Assim, uma sequência de frases
que aborde a cada passo um tema diferente obviamente não será aceita como
texto. No plano da coerência, esse requisito se manifesta pela retomada de
conceitos, de ideias. No plano da coesão, é preciso atentar se esses conceitos
e ideias são retomados convenientemente pelos recursos adequados;
Progressão temática: o texto precisa retomar seus conceitos e ideias, mas

não pode se limitar a essa repetição. É necessário que apresente novas
informações a propósito dos elementos retomados;
Quanto à coerência, verifica-se a progressão pela soma de ideias novas às
que já vinham sendo tratadas. Quanto à coesão, a língua portuguesa oferece
mecanismos específicos para manifestar as relações entre o dado e o novo. A
progressão pode se fazer pelo acréscimo de novos comentários a um mesmo
tópico, ou pela transformação dos comentários em novos tópicos. Existe, no
português, construções, palavras e locuções que servem para destacar de
maneira especial o tópico de uma passagem, colocando-o em posição de foco:
quanto a, a respeito de, no que se refere a, é que, até, mesmo, o próprio, a
propósito de, a fim de etc.
Não-contradição: para ser coerente, o texto precisa respeitar princípios

lógicos elementares. Seus conceitos e ideias não podem se contradizer, têm
de ser compatíveis entre si. O mundo textual tem que ser compatível com o
mundo que o texto representa;

Português Instrumental 10
Articulação entre ideias: refere-se à maneira como os fatos e conceitos

apresentados no texto se encadeiam, como se organizam, que papéis
exercem uns com relação aos outros, que valores assumem uns em relação
aos outros. Dessa forma, a articulação de ideias em um texto consiste em
estabelecer um tipo específico de relação entre elas;
Além disso, a língua dispõe de recursos específicos que têm por finalidade
estabelecer a coesão num texto articulado.
Entre eles podem-se mencionar os mecanismos de junção (tradicionalmente
chamados de conjunção), os articuladores lógicos do discurso (expressões
como por exemplo, dessa forma, por outro lado etc.) e os recursos linguísticos
que permitem estabelecer relações temporais entre os elementos do texto (a
ordem linear de apresentação desses elementos, as conjunções temporais,
alguns advérbios e expressões de valor adverbial, os numerais ordinais e alguns
adjetivos, como anterior, posterior, subsequente). (COSTA VAL, 2004, p. 28).
Informatividade: A informatividade é entendida como a capacidade do texto de

acrescentar ao conhecimento do receptor informações novas e inesperadas.
Logo, para ser informativo, o texto precisa apresentar todos os elementos
necessários à sua compreensão, ou seja, suficiência de dados. O texto não
pode apresentar ideias previsíveis, porque, consequentemente, terá baixa
informatividade, tais como o uso de clichês e estereótipos, as frases feitas,
as informações sobre o óbvio. Em oposição a isto, o texto deve equilibrar a
novidade com ideias previsíveis, conquistando a aceitabilidade do receptor.
Seguindo esses aspectos, ao ler um texto, espera-se um fluxo lógico de ideias
bem concatenadas e relacionadas. Para isso, existem pistas deixadas pelo
autor na superfície textual: os elementos coesivos. Esses elementos linguísticos
permitem que o leitor perceba as ligações entre as informações apresentadas
no texto, o que serve para orientar sua leitura. Por outro lado, um mau uso
desses elementos pode gerar interpretações erradas: analisar uma causa como
consequência, um contraste como semelhança ou não perceber com exatidão
que palavra um pronome retoma no texto, pode causar problemas sérios de
comunicação.
A importância da coesão para elaboração e transmissão de uma mensagem
está na própria palavra texto, que a noção de tessitura. Assim como em um
tecido não basta haver uma justaposição dos fios, um texto precisa de que suas
partes se entrelacem. Nessas relações entre as informações é que encontramos
os mecanismos coesivos, que explicitam o encadeamento entre as ideias.

Português Instrumental 11
A coesão textual refere-se à microestrutura de um texto. Ela é realizada pelas
relações semânticas e pelas relações gramaticais, cujos elementos da língua tem
por função estabelecer relações textuais. Os recursos de coesão textual exigem
que empreguemos vários elementos de forma adequada. É por meio desses
mecanismos que se vai “tecendo” o texto, isto é, os “[...] mecanismos formais
de uma língua que permitem estabelecer, entre os elementos linguísticos do
texto, relações de sentido” (KOCH, 2003, p.17). Os recursos de coesão textual
demandam os seguintes aspectos:
Emprego adequado de tempos e modos verbais;

Emprego adequado de pronomes, conjunções, preposições e artigos;

Emprego adequado de construções frasais por coordenação e subordinação;

Emprego adequado dos discursos direto, indireto e indireto livre.

1.2 Produção e circulação de textos

Para produzir um texto com eficiência, não basta apenas ter boas ideias ou bom
vocabulário. É preciso transformá-las em enunciados que, unidos a outros enunciados,
vão lentamente construindo uma textura de conexões lógicas e semânticas que
configuram o texto. Quando isso ocorre dizemos que o texto possui textualidade,
isto é, apresenta adequada articulação de ideias (coerência) e articulação gramatical
entre palavras, orações, frases e partes maiores do texto (coesão).
Quando falamos ou escrevemos produzimos discursos, porque realizamos uma
interação com o receptor. O discurso é um ato de linguagem que representa
uma interação entre o produtor do texto e o seu receptor. Porém, o simples
conhecimento das normas da escrita não garante o sucesso de um texto, pois
o produtor precisa organizar seu texto como um discurso, tendo em mente o
processo de interação entre os interlocutores e a finalidade do texto.
O processamento do texto depende não só das características internas do
texto, como também do conhecimento dos usuários, pois é esse conhecimento
que define as estratégias a serem utilizadas na produção e na recepção do
texto. Todo e qualquer processo de produção de textos caracteriza-se como um
processo ativo e contínuo de produção de sentido, e liga-se a toda uma rede de
fatores, ativados de acordo com um dado contexto sociocultural. Dessa forma,
pode-se inferir que a construção do sentido só ocorre num dado contexto.

Português Instrumental 12
Um expressivo fator de dificuldade para a produção de sentido pode ser a diferença
entre o contexto (circunstâncias) de produção e o contexto (circunstâncias)
de uso. Daí a importância da argumentação na produção de textos, além das
condições de produção e dos espaços de circulação.
No que se refere às condições de produção e aos espaços de circulação dos
textos, devemos levar em consideração:
Finalidades diferentes: manifestar a forma de pensar a respeito de

determinado assunto; divulgar determinados serviços; convencer a respeito
de determinadas interpretações de dados; obter notícias sobre um ente
querido; informar sobre sua qualificação profissional;
Interlocutores diversos: leitores de um determinado veículo da mídia impressa

(jornal, revista); leitores de determinada revista acadêmico-científica ou de
determinado tipo de livro; um possível contratante;
Lugares de circulação determinados: mídia impressa; academia; determinada

empresa (esfera profissional); vias públicas de grande circulação de veículos
e pessoas;
Gêneros textuais específicos: carta de leitores; anúncio; folheto de propaganda;

outdoor; artigo acadêmico-científico; carta pessoal; currículo, ofício etc.
Diante do exposto e das necessidades de comunicação cotidianas, fica demonstrado
que finalidades diferentes resultam em textos não semelhantes no que se refere à
forma e ao conteúdo, pois o emissor cria o seu texto a partir de seu objetivo e de
seu receptor. Por isso, existem diferenças entre um texto publicitário e um texto
jornalístico, por exemplo, mesmo quando abordam um assunto parecido. O texto
publicitário tem por objetivo vender um produto, enquanto que o texto jornalístico
pretende informar sobre um fato verídico, assim como o texto técnico-científico
traz conhecimentos específicos de uma dada área do saber, ou seja, finalidades
diferentes resultam em textos diferentes. Observe no Quadro 2, a seguir.
Quadro 2 – Tipos de texto/Gêneros orais e escritos
Tipos de texto Gêneros orais e escritos
Narração Conto, fábula, lenda, mito, biografia, romance, novela, piada, crônica, notícia, relato, etc.
Argumentação Editorial, carta de leitor, assembleia, debate, resenha, ensaio, texto de opinião, etc.
Exposição Artigo científico, seminário, palestra, verbete, reportagem, resumo, fichamento, etc.
Injunção Manual de instruções, receita de bolo, regulamento, regras de jogo, receita médica, etc.
Descrição Laudo, guia de viagem, perfil em comunidade virtual, relatório, texto publicitário, etc.
Fonte: Voltre (2011)

Português Instrumental 13
No Quadro 2 destacamos os tipos de texto, alguns gêneros textuais e a relação
dos gêneros com os tipos textuais. Um tipo textual envolve a seleção do caráter
da informação a ser apresentada em um texto, bem como a maneira de produzir
esse texto. Enquanto o gênero é condicionado por fatores externos, como tempo,
lugar, canal e objetivo do que se precisa comunicar, o tipo textual é definido a
partir das características internas do texto: os dados que ele veicula e as palavras
e frases que o constituem. É preciso atentar, entretanto, para o fato de que um
gênero textual muitas vezes é composto por mais de um tipo textual, como,
por exemplo, documentos oficiais e comerciais, textos jornalísticos, científicos e
acadêmicos.
No vídeo a seguir, observe a analise alguns defeitos bastante comuns e que
empobrecem o texto, a partir da explicação proposta na videoaula. Aproveite para
relacionar o que está sendo discutido no vídeo com situações de comunicação
que você já tenha vivido. Bons estudos!

Produção de Texto (Defeitos de um texto). Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=FoJ6dBCgoeg>.

Resumo

Nesta Unidade abordamos, a importância da linguagem para a comunicação


humana e os elementos que constituem o processo comunicativo. Abordamos
também, os fatores responsáveis pela textualidade, ou seja, coerência e
coesão textuais e seus requisitos fundamentais. Esperamos que você tenha
compreendido a relevância destes aspectos linguísticos para que o processo
comunicativo, bem como a relação de todos esses aspectos na produção e
circulação de textos.

Português Instrumental 14
Referências

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo:


Parábola Editorial, 2003.
CEREJA, Willian Roberto e COCHAR, Thereza. Português: Linguagens.
Literatura, Produção de Texto e Gramática. V. Único. São Paulo: Atual Editora,
2012.
CEREJA, Willian Roberto. Gramática: interação, texto e reflexão – uma proposta
de ensino e aprendizagem de língua portuguesa nos ensinos fundamental e
médio. In: BASTOS, Neusa Barbosa (Org.). Língua Portuguesa: uma visão em
mosaico. São Paulo: IP-PUC-SP/EDUC, 2002. p. 247-254.
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. 11. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2004.
KOCH, Ingedore G. Villaça. A Coesão Textual. 18. ed. São Paulo: Contexto,
2003.
KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e Coerência. 6.
ed. São Paulo: Contexto, 2006.
KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A Coerência Textual.
17. ed. São Paulo: Contexto, 2006.
KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Ler e compreender os
sentidos do texto. 2. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2006.
OLIVEIRA, Edmon Neto de et al. Português Instrumental. Rio de Janeiro:
Fundação CECIERJ, 2009.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino
de gramática. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

Português Instrumental 15
2
UNIDADE
LEITURA E INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS

OBJETIVOS:
Reconhecer a importância da leitura e os principais tipos de leitura;
Ler e interpretar diversos gêneros textuais em situações de comunicação distintas;
Diferenciar as funções dos principais tipos de leituras.

O
principal objetivo desta Unidade é que você reflita sobre a importância
da leitura, sobre a necessidade de desenvolver ou melhorar o hábito
de ler, a partir do aprimoramento de técnicas e conceitos necessários
à formação de leitores competentes. Ao ler o texto que segue, esperamos que
você possa compreender a importância da leitura na vida cotidiana e apreenda
as especificidades da leitura no mundo do trabalho. Vamos mostrar que ler
significa decodificar, compreender, interpretar, conhecer e, para que o processo
de leitura se dê satisfatoriamente, é necessário que o leitor interaja com o texto,
buscando retirar informações que lhe possibilitem construir seu significado por
meio das estratégias de leitura.

2.1 A complexidade do ato de ler

Figura 1 – A Leitura e suas possíveis interpretações

Fonte: (KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos, 2006, p.11)

Português Instrumental 16
Faça a relação da imagem acima com o texto a seguir. Faça a chamada da
imagem no texto.
A leitura da tirinha acima nos traz uma lembrança importante sobre a necessidade
de fazermos várias relações para entender um texto: ler é um ato complexo
e envolve vários fatores. Por isso, todos concordam sobre a importância da
leitura, sobre a necessidade de desenvolver ou melhorar o hábito de ler, a
partir do aprimoramento de técnicas e conceitos necessários para formação
de leitores competentes, já o mundo do trabalho exige, muitas vezes, que a
formação técnica abranja também esses aspectos.
O mundo é complexo porque está baseado nas diferentes formas de compreender
e interpretar a realidade, e nos valores e costumes de cada região, sociedade
e época. Como cada região é distinta e cada época guarda suas marcas,
as diferenças são inevitáveis e, portanto, determinam a maneira pela qual
a realidade é compreendida. Isso se reflete, também, na leitura, produção e
interpretação de textos.
Quando pensamos no âmbito técnico e acadêmico, alguns aspectos devem ser
considerados:
A leitura deve ser praticada como atividade prazerosa e significativa desde o

início do processo de letramento;
A leitura não deve ser vista apenas como decodificação, mas como um

processo interativo de coprodução de sentidos;
A leitura deve ser considerada como atividade constitutiva da vida dos leitores

em sentido amplo. Assim, na imagem a seguir, vemos que a falta de leitura e
de conhecimento traz a falta de entendimento, veja!
Figura 2 – Processo de Compreensão do leitor

Fonte: https://pedagogiaaopedaletra.com/wp-content/uploads/2011/04/PRECONCEITO.jpg

Português Instrumental 17
Segundo Kleiman (2007), a leitura é uma atividade que merece ter lugar central
na prática escolar e, assim, ser ensinada por todo professor, qualquer que seja
a disciplina. Ler significa decodificar, compreender, interpretar, conhecer e, para
que o processo de leitura se dê satisfatoriamente, é necessário que o leitor
interaja com o texto, buscando retirar informações que lhe possibilitem construir
seu significado através das estratégias de leitura.
O ato de ler caracteriza-se pelo processo de construir significados a partir de
um texto. Esse processo se torna possível por causa da interação entre os
elementos textuais e os conhecimentos do leitor. Quanto maior essa interação,
maiores as possibilidades de sucesso na leitura.

No vídeo “A importância de leitura” a seguir, podemos compreender a


importância da leitura para a construção do conhecimento. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=3UuQzUKUU-M>.

Um texto é uma unidade básica de comunicação que possui vários sentidos, isto
é, polissêmico, permitindo, portanto, que cada leitor possa ter uma interpretação
de acordo com o seu conhecimento de mundo. É claro que essa interpretação
será limitada pelos aspectos formais que compõem o texto, como o léxico
utilizado e os elementos coesivos que não permitirão que o leitor fuja dos limites
do texto. Não é qualquer sentido que pode ser dado a qualquer texto, já que os
requisitos de coerência e coesão precisam ser respeitados, bem como a relação
produtor-texto-contexto-leitor.
Numa concepção interacional e dialógica da língua, autor e leitor são sujeitos
sociais ativos, construtores e construídos no texto. O texto é visto como lugar da
interação e da constituição dos interlocutores, e não como algo independente
e preexistente. A leitura se torna, então, uma atividade interativa, complexa, de
produção de sentidos, que mobiliza não só os elementos linguísticos, mas também
vários outros saberes envolvidos no evento comunicativo. Veja na imagem a
seguir a concepção de interação e diálogo da língua. Será que podemos dizer
que há interação no contexto a seguir caro (a) estudante?

Português Instrumental 18
Fonte: https://brainly.com.br/tarefa/10330157

O foco da leitura se coloca, portanto, na interação autor-leitor mediada pelo texto.


O leitor, na interação com o texto, não só decodifica informações explícitas, mas
participa ativamente da construção do sentido. A leitura de um texto leva em
conta, portanto, outras experiências do leitor, e não apenas o conhecimento do
código linguístico.
Nesse sentido, o ato de ler não pode ser entendido como um processo mecânico
de decodificação. A prática de leitura vai muito além disso, pois trata-se da
associação de ideias, da produção de sentidos, que, por sua vez, requer uma
dinâmica interacional para que de fato ela ocorra.
Conforme Kleiman (2007), o conhecimento prévio é o elemento indispensável
para a compreensão de todo e qualquer texto. Conhecimentos prévios são os
saberes ou as informações que temos guardados em nossa mente e que podemos
acionar quando precisamos. Kleiman afirma ainda que “[...] a compreensão de
um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento
prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao
longo de sua vida”. (KLEIMAN, 2007, p.13). Ela classifica as três categorias
de conhecimento em: conhecimento de mundo, conhecimento linguístico e
conhecimento textual.
O conhecimento linguístico consiste nos saberes acumulados sobre determinada
língua, como, por exemplo, a Língua Portuguesa. Refere-se ao ato de conhecer o
vocabulário, as regras da língua e o seu uso, desempenhando função essencial
na construção de significados para o texto.

Português Instrumental 19
Denomina-se conhecimento textual o conjunto de noções e conceitos sobre o texto,
importantes para a sua compreensão, ou seja, trata-se do entendimento da estrutura
composicional do texto, do seu funcionamento. Quanto mais conhecimento se tem
sobre o gênero utilizado, maior a probabilidade de entendê-lo.
O conhecimento de mundo também pode ser denominado conhecimento
enciclopédico, pode ser adquirido formal ou informalmente. Abrange desde
o domínio mais técnico das diversas áreas de formação e atuação, até
conhecimentos do cotidiano. Assim, situações do cotidiano nos acrescentam
informações que poderão auxiliar na compreensão da leitura.
Os conhecimentos variam de leitor para leitor, o que possibilita uma pluralidade
de sentidos construídos para um mesmo texto. O próprio texto mantém uma
abertura para a produção de novos sentidos. Autor e leitor precisam compartilhar,
em escala adequada, o conhecimento dos elementos linguísticos, esquemas
cognitivos, bagagem cultural e circunstâncias de produção do texto. Na imagem
a seguir, é necessário o conhecimento de mundo do leitor para a construção de
sentido, perceba!

Fonte: https://www.umsabadoqualquer.com/tira-do-leitor-pescaria-3/

Como podemos observar, ler é comunicar informações, desenvolver raciocínio,


compreender o mundo, interpretar e analisar os fatos de modo crítico. Logo, a
leitura é um processo através do qual se pode observar, perceber, descobrir
e refletir sobre o mundo, interagindo com o outro através do uso funcional da
linguagem. Aprender a ler é um processo social de construção de significados.
Este processo possibilita:
Acesso à produção cultural da humanidade;

Interação com pessoas, acontecimentos e ideias;

Português Instrumental 20
Desenvolvimento do raciocínio lógico, da competência comunicativa e das

condições de análise crítica e resolução de problemas do dia a dia;
Participação mais ativa na sociedade e armazenamento de informações.

Portanto, o ato da leitura exige do leitor a interação entre texto e leitor. Assim, à
medida que se capta os signos (palavras, números, sinais gráficos etc.), essas
informações são levadas para o nosso cérebro, que vai interpretá-las e organizá-
las de acordo com o conhecimento de mundo. O conteúdo lido é assimilado e as
informações serão relacionadas ao nosso cotidiano.
A interação estabelecida entre o leitor e o texto escrito é diferente da interação
que se estabelece entre duas pessoas quando conversam pessoalmente, porque
na conversa o falante não somente utiliza palavras, como também gestos,
repetições, expressões faciais e corporais, entonação da voz etc. Já na leitura, o
leitor está diante de palavras, escritas por um autor que não está presente para
complementar as informações. Assim, é natural que o leitor forneça ao texto
informações enquanto lê, preenchendo os “espaços vazios”.

2.1 Estratégias de leitura

Nos diversos modelos cognitivos, as estratégias de leitura são vistas como um


conceito-chave para o desenvolvimento da leitura eficiente. Essas estratégias
se definem como operações mentais de que o leitor lança mão para processar a
informação visual, utilizando, de forma interativa, os conhecimentos necessários
para a atribuição de sentido ao que lê. A leitura e a produção de sentido são
atividades orientadas por nossos conhecimentos sócio cognitivos (língua,
lugares sociais, valores e vivências).
As estratégias de leitura podem ser puramente cognitivas, de natureza interna
e inconsciente. No geral, as estratégias cognitivas são de difícil observação e
controle. O desenvolvimento dessas estratégias se dá com a aprendizagem
da leitura, aperfeiçoando-se com o tempo e a prática. O resultado disso é a
automatização parcial do processamento dos textos por parte do leitor.
Desse leitor espera-se, também, que processe, critique, analise ou avalie as
informações presentes no texto, que dê sentido ao que lê.
Essa concepção de leitura, que põe em foco o leitor e seus conhecimentos em
interação com o autor e o texto para a construção de sentido, vem merecendo

Português Instrumental 21
a atenção de estudiosos do texto e alimentando muitas pesquisas e discussões
sobre a sua importância para o ensino da leitura. (KOCH; ELIAS, 2006, p.13)
Depois de escrito, o texto existe independente do seu autor, que já não pode ser
consultado para dar conta de sua “intenção”. Para buscar a compreensão desses
textos, lançamos mão de algumas estratégias de leitura, com destaque para:
Antecipação – a capacidade que o leitor tem de antecipar-se ao texto à

medida que vai processando a sua compreensão;
Seleção – a habilidade de selecionar apenas os itens relevantes para a

compreensão e propósitos da leitura;
Inferência – estratégia pela qual o leitor complementa a informação textual,

valendo-se de seu conhecimento de mundo, conhecimento linguístico e
esquemas cognitivos diversos para interpretar o texto;
Verificação – utilizada para verificar se as predições e inferências estão

corretas ou precisam ser reformuladas;
Correção – se a antecipação não se confirma, o leitor retrocede no texto

buscando outras pistas e levantando outras hipóteses para a compreensão.

2.3 Interpretação e compreensão de textos

Fonte: (KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos, 2006, p.20)

Português Instrumental 22
Depois de escrito, o texto existe independente do seu autor, que já não pode
ser consultado para dar conta de sua “intenção” comunicativa. A charge acima
demostra isso! Neste caso, um expressivo fator de dificuldade para a produção
de sentido pode ser a diferença entre o contexto (circunstâncias) de produção
e o contexto (circunstâncias) de uso, já o texto pode ser lido em tempo e lugar
muito diferentes de seu contexto original.
Além disso, entendida a língua como instrumento de comunicação, organizada
e estruturada, o produtor tem um papel importante, porém o objetivo de alcançar
o leitor não pode ser perdido de vista. O texto não é meramente como produto
da codificação de um emissor; o papel do leitor é na sua atuação é fundamental.
A leitura, portanto, exige do leitor o reconhecimento do sentido das palavras
e estruturas do texto e, para além disso, exige interatividade na produção de
sentidos. A leitura é uma atividade de reconhecimento e produção de sentidos
acima de tudo, e não de simples decodificação.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000) afirmam que a leitura é o processo
no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto,
a partir de seus objetivos, de seu conhecimento prévio sobre o assunto, autor,
linguagem, tipo de texto etc. Não se trata de extrair informação, decodificando
palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção,
antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível compreensão.
É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido
permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na
busca de esclarecimentos, validar no texto suposições, interpretar o texto.
São considerados fatores essenciais para compreensão da leitura:
Pluralidade de leituras e sentidos – os conhecimentos variam de leitor para

leitor, o que possibilita uma pluralidade de sentidos construídos para um
mesmo texto. O próprio texto mantém uma abertura para a produção de
novos sentidos;
Fatores relativos ao autor/leitor – autor e leitor precisam compartilhar, em

escala adequada, o conhecimento dos elementos linguísticos, esquemas
cognitivos, bagagem cultural e circunstâncias de produção do texto;
Fatores relacionados com o texto – dizem respeito à legibilidade do texto,

envolvendo aspectos materiais e linguísticos, como tamanho e clareza das
letras, cor e textura do papel, fonte utilizada, léxico (vocabulário), estruturas
sintáticas complexas, frases longas, pontuação, tamanho dos parágrafos etc.

Português Instrumental 23
No vídeo a seguir, são apresentados vários aspectos que ajudam na interpretação
de textos, desde o entendimento dos tipos de linguagem até as formas de
utilização da gramática e outras normas da língua.

Interpretação de Texto. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=P6dFGN3b5LI>.

Resumo

Nesta Unidade, estudamos a importância da leitura, a partir do aprimoramento


de técnicas necessárias à formação de leitores competentes. Abordamos as
principais estratégias de leitura e os aspectos essenciais na interpretação
e compreensão de textos, além das especificidades da leitura no mundo do
trabalho. Mostramos também os papéis do produtor, do leitor e do contexto, de
forma a enfatizar que a interação de todos esses elementos com o texto é que
possibilita construir o seu significado.

Referências

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo:


Parábola Editorial, 2003.
CEREJA, Willian Roberto e COCHAR, Thereza. Português: Linguagens.
Literatura, Produção de Texto e Gramática. V. único. São Paulo: Atual Editora,
2012.
CEREJA, Willian Roberto. Gramática: interação, texto e reflexão – uma proposta
de ensino e aprendizagem de língua portuguesa nos ensinos fundamental e
médio. In: BASTOS, Neusa Barbosa (Org.). Língua Portuguesa: uma visão em
mosaico. São Paulo: IP-PUC-SP/EDUC, 2002. p. 247-254.
KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 10. ed.
Campinas: Pontes, 2007.

Português Instrumental 24
KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e Coerência. 6.
ed. São Paulo: Contexto, 2006.
KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Ler e compreender os
sentidos do texto. 2. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2006.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino
de gramática. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

Português Instrumental 25
3
UNIDADE
A LÍNGUA PORTUGUESA NO
CONTEXTO TÉCNICO E CIENTÍFICO

OBJETIVOS:

Produzir adequadamente documentos oficiais, comerciais e textos acadêmicos;


Reconhecer e utilizar de forma coerente as características da linguagem técnica
e acadêmica;
Diferenciar os documentos oficiais e comerciais nas situações de trabalho.

O
principal objetivo desta Unidade é que você entenda a importância da
linguagem utilizada em ambientes oficiais e comerciais, bem como observe
e analise as características dos diversos tipos de textos acadêmicos que
circulam e possibilitam a comunicação entre instituições públicas, privadas e de
ensino e entre indivíduos. Para tanto, serão apresentados os tipos mais comuns
de textos técnicos e acadêmicos utilizados por organizações e/ou instituições de
ensino no processo comunicativo, bem como suas características linguísticas e
estruturais.

3.1 Redação de documentos oficiais e comerciais

A Redação Oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos
e comunicações. Já a redação comercial trata das formas adequadas para
redigir documentos e comunicações no âmbito de empresas e outras instituições
privadas e particulares.
Segundo a Constituição Federal (BRASIL, 1988), são princípios fundamentais
de toda a Administração Pública, a legalidade, a impessoalidade, a moralidade,
a publicidade e a eficiência, sendo inadmissível que um documento expedido
pelo Poder Público esteja redigido de maneira obscura ou ambígua. Dessa
forma, impessoalidade, clareza, concisão, formalidade, uniformidade e o uso do

Português Instrumental 26
padrão culto da linguagem deverão ser características norteadoras da redação
de documentos e correspondências oficiais, a fim de produzir-se um texto
transparente e inteligível para todo o conjunto de cidadãos. (MENDES; FOSTER
Jr., 2002). Estas características também norteiam a redação de documentos
comerciais.
A redação comercial caracteriza-se também pela impessoalidade, uso da
norma padrão da linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. Em
empresas privadas, a redação comercial é utilizada na elaboração de cartas
comerciais, contratos, memorandos, circulares, avisos, procurações, relatórios
e documentos em geral.
Documentos mais utilizados por órgãos públicos e empresas privadas:
a) Carta comercial: é a correspondência oriunda de razões de negócios utilizada
pelas indústrias e entidades comerciais;
b) Requerimento: é o instrumento utilizado para os mais diferentes tipos de
solicitações às autoridades ou órgãos públicos;
c) Ofício: é um tipo de correspondência de natureza externa, com fins de troca
de informações entre órgãos da Administração Pública ou entre entidades
particulares; o ofício é o tipo mais comum de correspondência oficial expedido
por órgãos públicos, em objeto de serviço. Seu destinatário, no entanto, além
de outro órgão público pode ser também um particular. O conteúdo do ofício é
matéria administrativa, mas pode tratar também de matéria de caráter social,
oriunda do relacionamento da autoridade em virtude de seu cargo ou função;
d) Memorando: também denominado de comunicação interna ou circular (CI),
é um veículo de comunicação rápida entre departamentos de uma mesma
empresa, ou entre a matriz e suas filiais e vice-versa, ou entre as filiais; tem
o objetivo de transmitir normas, ordens, avisos, pedidos, ou seja, de delimitar
comportamentos e homogeneizar condutas de um grupo de colaboradores
de uma empresa;
e) Ata: é um documento de registro do desenvolvimento de uma reunião,
assembleia ou sessão. Deve ser escrita de forma resumida, em um só
parágrafo. Os numerais (data, local e hora; presenças; composição da
mesa etc.) devem ser grafados por extenso e não devem conter rasuras.
Se houver necessidade de correção, usa-se a expressão digo, aliás ou
melhor. Se o erro for percebido após redigido o texto, faz-se a correção
utilizando “em tempo”.

Português Instrumental 27
e) Atestado: documento firmado por servidor público em razão do cargo que
ocupa ou função que exerce, declarando um fato existente, do qual tem
conhecimento, a favor de outra pessoa;
f) Aviso: é a comunicação pela qual os titulares de órgãos e entidades públicas
comunicam ao público assunto de seu interesse e solicitam a sua participação
nas atividades necessárias à sua atuação como cidadãos;
g) Certidão: é uma declaração feita por escrito, objetivando comprovar ato
constante de processo, livro ou documento que se encontre em instituições
públicas. Podem ser de inteiro teor - transcrição integral - ou resumidas,
desde que exprimam fielmente o conteúdo do original;
h) Despacho: é um tipo de documento do gênero ato administrativo ordinatório.
Os despachos podem ser informativos (ordinatórios ou de mero expediente) ou
decisórios. Podem ter conteúdo de mera informação para dar prosseguimento
a um processo ou expediente ou conter uma decisão administrativa;
i) Declaração: é um documento de manifestação administrativa, declaratório
da existência ou não de um direito ou de um fato;
j) Ordem de Serviço: é um ato pelo qual se baixam instruções a respeito de
normas de serviço ou de administração de pessoal. São objeto de ordens de
serviço, datadas e numeradas, as determinações administrativas de caráter
específico e as decisões relativas a pessoal;
k) Pauta de Reunião: relação dos assuntos a serem tratados em reunião. Deve
ser dada a público alvo com antecedência, quando se tratar de assuntos
de interesse de terceiros, para que esses possam se manifestar. Nela deve
constar, também, data, horário e endereço do local em que se realizará a
reunião, além do quorum necessário, se for o caso;
l) Procuração: é o instrumento pelo qual uma pessoa recebe poderes para, em
nome de outra pessoa, praticar atos ou administrar deveres;
m) Relato de Reunião: é a forma simplificada do relato de fatos e decisões de
reuniões para assuntos de rotina, porém de procedimento padronizado.

Português Instrumental 28
3.2 Produção de textos acadêmicos e científicos

Após o desenvolvimento do processo de pesquisa, de um estágio curricular ou


uma atividade em laboratório, faz-se necessário a divulgação dos resultados
alcançados. Em geral, o produto final desses resultados assume a forma de
relatórios, artigos, monografia, projetos, TCC e outros. Em se tratando da
redação de trabalho científico, este deve ser redigido de maneira compreensível
para que o texto alcance um nível de qualidade.
Assim, os textos científicos devem ser planejados e devidamente revisados. O
produtor não pode esquecer também de adotar o estilo e as expressões que
são próprias da linguagem científica. Sabe-se que cada autor/produtor possui
sua própria forma de escrever, mas obedecer ao estilo e às propriedades da
linguagem científica se torna essencial para alcançar os objetivos desse gênero
textual.

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DE UM TEXTO CIENTÍFICO:


 Qualidade: não afirme o que crê ser falso;
 Quantidade: não informe além do necessário;
 Relevância: seja relevante, isto é, diga o que for pertinente ao objetivo
proposto;
 Clareza e concisão: evite obscuridade de expressão e ambiguidade. O texto
deve ser ordenado, claro e breve.
Além dessas características, outros aspectos devem ser levados em consideração
no momento da redação de trabalhos acadêmicos:
Brevidade – usar palavras, frases e parágrafos curtos, pois são mais fáceis de

serem compreendidos e, por outro lado, ajudam a evitar erros de gramática;
Concretude – expor claramente o tema, para reduzir interpretações vagas.

Isto se obtém evitando substantivos abstratos, sentenças ambíguas e figuras
de linguagem;
Consistência – utilizar termos correntes e aceitos pela comunidade acadêmica

é sempre o ideal. Isso se adquire pelo uso de terminologia adequada;
Linguagem formal – evitar linguagem coloquial, gírias;

Português Instrumental 29
Fluência – utilizar com fluidez vocabulário, regras gramaticais, pontuação e

composição. Para isso, se faz necessário a leitura de bons textos, uso do
dicionário e de jargões adequados;
Impessoalidade – apresentar a visão objetiva dos fenômenos, dados ou

eventos, evitando fazer referências pessoais como: “meu trabalho”, “meus
estudos”, “meu estágio”, substituindo-as por “propõe-se apresentar...”. Deve-
se usar a terceira pessoa do singular ou a primeira do plural, tendo, porém, o
cuidado de manter a mesma forma em todo o trabalho;
Lógica – conduzir as ideias e os argumentos sempre pelo raciocínio lógico,

evitando frases dependentes para expressar situações que são independentes;
Precisão – usar linguagem precisa, as definições exatas apoiadas quando

conveniente em dados numéricos, relatos ou citações;
Objetividade – o princípio da objetividade se dá pela isenção da ambiguidade

ou imprecisão. Expressões como: “eu acho”, “parece que”, “eu penso” e outras
similares são incoerentes com a linguagem científica.

a) Relatório de Estágio
O estágio curricular, também denominado prática profissional, é obrigatório para
vários cursos e exige um relatório ao seu final. Algumas instituições e cursos o adotam
como forma de oportunizar a vivência profissional em situações reais. O relatório de
estágio é um documento que contém um relato de experiências vivenciadas, ações
desenvolvidas, resultados alcançados, análise comparativa da teoria com a prática,
sugestões de melhoria e outras informações exigidas pelo curso.

b) Relatório de Pesquisa
Ao pesquisador é solicitado apresentar Relatório de andamento ou de conclusão da
pesquisa que vem fazendo ou que está concluindo. Trata-se de exigência institucional,
seja de agências de fomento – no caso de bolsas ou de financiamento de projetos
– seja de órgãos da própria instituição a que o pesquisador esteja vinculado.

c) Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


O Trabalho de Conclusão de Curso é parte integrante da atividade adequada e
de extrema importância para o processo de aprendizagem dos alunos. Para a

Português Instrumental 30
maioria dos estudantes, ele representa a primeira experiência de realização de
uma pesquisa. Deve ser entendido e praticado como um trabalho científico.
Pode ser um trabalho teórico, documental ou de campo. Quaisquer que sejam as
perspectivas de abordagem, a atividade visa a articular e consolidar o processo
formativo do aluno pela construção do conhecimento científico em sua área. O
texto final do trabalho tem estrutura e apresentação de acordo com os padrões
gerais de todo trabalho científico, complementadas por eventuais diretrizes
específicas definidas pela própria instituição do curso.

d) Artigo Científico
O artigo científico consiste na apresentação concisa dos resultados de pesquisas
ou estudos realizados sobre um assunto específico. Contém ideias novas
ou abordagens que complementam estudos já realizados, observando a sua
apresentação em tamanho reduzido. Os artigos são publicados em revistas ou
em periódicos especializados e formam a seção principal deles. Por intermédio do
periódico científico, a pesquisa é formalizada, o conhecimento torna-se público e
promove-se a comunicação dos resultados. Concluído um trabalho de pesquisa
(documental, bibliográfico ou de campo) para que eles sejam conhecidos, faz-se
necessária a sua elaboração e posterior publicação.
Esse tipo de trabalho proporciona não só a ampliação de conhecimentos, como
também a compreensão de certas questões. Os artigos científicos, por serem
completos, permitem ao leitor, mediante a descrição da metodologia empregada,
do processamento utilizado e dos resultados obtidos, repetir a experiência
(PRODANOV; FREITAS, 2013). A linguagem deve ser correta e precisa, deve
haver coerência na argumentação, clareza na exposição das ideias, objetividade,
concisão e fidelidade às fontes citadas.

As normas reconhecem dois tipos de artigos:


Artigo original é aquele que apresenta temas ou abordagens próprias,

geralmente relatando resultados de pesquisas inéditas;
Artigo de revisão, em geral, resultado de pesquisa bibliográfica, caracteriza-

se por analisar e discutir informações já publicadas.

Português Instrumental 31
3.3 Redação Técnica: as qualidades essenciais da redação
técnica e científica

A redação oficial e comercial exige planejamento e relação direta com as


diretrizes das instituições, assim como com o interesse no leitor. Para atingir este
grau de comunicação, existem qualidades essenciais que devem estar sempre
presentes ao se elaborar um texto técnico.
Objetividade, Clareza, Precisão e Concisão são qualidades centrais em todos

os textos, quer oficiais, comerciais e acadêmico-científicos;
Dignidade – a compostura e o respeito são fatores essenciais em textos

profissionais. Isto se obtém quando se dá atenção aos elementos de
autoridade, de fluência, de frescor, de naturalidade, componentes do bom
estilo na redação comercial;
Direção - deve-se indicar o caminho que deseja seguir também em documentos.

Para isso precisa da organização, da inteireza e, principalmente, da unidade
de pensamento;
Eticalidade – a ética é um aspecto que denota responsabilidade de quem escreve,

pois, a conformidade com as normas é fator relevante da boa redação técnica;
Inteireza – os textos oficiais e comerciais devem ser produtos acabados, sem

nenhuma parte abreviada, velada ou subentendida;

Os textos acadêmico-científicos também apresentam propriedades específicas:


Acabamento – um trabalho bem organizado, demonstra que houve as devidas

revisões e correções;
Clareza – a apresentação de um texto inteligível, linguisticamente adequado,

ou seja, é a redação clara, com sentido direto e objetivo;
Coerência – as partes do texto aparecem devidamente interligadas, conferindo

sustentação à estrutura de sentido;
Controle – o autor comunica dados, fatos e não expressa emoções, nem

quer despertá-las no leitor, portanto, os exageros e subtendidos devem ser
evitados;

Português Instrumental 32
Objetividade – o princípio da objetividade se dá pela isenção da ambiguidade

ou imprecisão. Expressões como: “eu acho”, “parece que”, “eu penso” e outras
similares são incoerentes com a linguagem científica;
Seletividade – o autor se atém apenas em materiais importantes, dando maior

ênfase naquilo que é principal em detrimento do que é secundário;
Veracidade – a verdade deve ser a base de todo texto científico. A obtenção

desse aspecto se dá quando o autor se atém aos fatos, evitando equívocos
e evasivas.
No vídeo a seguir, você deve observar e analisar, com os exemplos
propostos, os princípios que devem nortear a redação técnico-científica, e
as diferenças entre os tipos de linguagem que são normalmente utilizadas.
Aproveitem as dicas!

Redação Técnico-Científica. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=QrQcTB7D1Qs>.

Resumo

Nesta Unidade, estudamos aspectos relevantes da redação de documentos


oficiais e comerciais, bem como dos diversos tipos de textos acadêmicos que
circulam e possibilitam a comunicação entre instituições públicas, privadas e
de ensino. Foram apresentados os tipos mais comuns de textos técnicos e
acadêmicos utilizados por organizações e/ou instituições de ensino, além das
características linguísticas e estruturais desses textos.

Português Instrumental 33

Referências

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo:


Parábola Editorial, 2003.
CEREJA, Willian Roberto e COCHAR, Thereza. Português: Linguagens.
Literatura, Produção de Texto e Gramática. V. único. São Paulo: Atual Editora,
2012.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Oficina de texto. 3. ed.Petrópolis:
Vozes,2004.
GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. 23. ed. Rio de Janeiro:
FCV, 2003.
KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 10. ed.
Campinas: Pontes, 2007.
KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e Coerência. 6.
ed. São Paulo: Contexto, 2006.
KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Ler e compreender os
sentidos do texto. 2. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2006.
MARCONI, Eva Maria; LAKATOS, Marina de Andrade. Fundamentos de
metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

Português Instrumental 34

Você também pode gostar