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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT


FÍSICA EXPERIMENTAL 3 – FEX 3
Professor Abel André Cândido Recco

Andrey Kohls

Experimento 3
CURVAS CARACTERÍSTICA DE RESISTORES

JOINVILLE
DEZEMBRO DE 2020
1. INTRODUÇÃO
Circuitos elétricos tem uma vasta utilidade no nosso dia-a-dia, em todos equipamentos
eletrônicos para qualquer atividade onde a tecnologia se faz presente. Os circuitos são
formados, de forma geral, inicialmente por uma fonte de tensão, algum material condutor
que conecte os dispositivos e uma carga elétrica.
A fonte de tensão serve para movimentar essas cargas (Q) do circuito com uma energia
diretamente proporcional à diferença de potencial (V) gerada pela fonte, sempre na direção
do polo positivo para o negativo, a esse movimento de cargas em um intervalo de tempo,
damos o nome de corrente elétrica (i), conforme a equação (1):

𝑑𝑄
𝑖= (1)
𝑑𝑡

Essa corrente elétrica tem como unidade o Coulumb por segundo, que é uma das
unidades de medidas fundamentais do SI, o Ampére (A). Outro elemento importante dos
circuitos são os resistores, quando a corrente elétrica corre através de um material mais
ocorre um choque das cargas com as partículas deste material, que gera uma dificuldade de
movimento das cargas, a essa capacidade de resistir ao movimento das cargas damos o nome
de Resistência (R), e cada material tem um valor específico para sua resistência, porém há
uma classificação mais geral, que divide os materiais em condutores, semicondutores e
isolantes. Essa resistência pode ser determinada a partir da equação (2):

𝑉
𝑅= (2)
𝑖

Resistência é determinada pela diferença de potencial aplicada ao dispositivo e a corrente


elétrica que passa por ele, e a unidade de medida é o Volt por Ampére ou o Ohm (Ω). Além
disso existe uma lei que também recebe esse nome, a Lei de Ohm, que diz que: se um
componente é “Ohmico”, ou seja, obedece a lei de Ohm, a sua resistência não depende do
valor absoluto e nem da polaridade da tensão aplicada nele.

2. MATERIAIS

• Fonte de Tensão;
• Dois Multímetros Digitais ICEL-MD6111;
• Uma lâmpada Incandescente de 12V;
• Um resistor de 470Ω;
• Uma chave de circuito;
• Uma mesa de fixação dos dispositivos;
• Cabos.
3. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Figura 1 Figura 2

A montagem do circuito para o experimento deve montado conforme a Figura 2, se


baseando no circuito modelo da Figura 2. A entrada negativa da fonte de tensão deve estar
conectada ao resistor, e a positiva da fonte deve se conectar a chave, da chave deve ir ao
ponto comum do multímetro digital, que então deve sair do terminal de corrente do mesmo
multímetro e ir até o resistor. Em seguida ajusta-se o fundo de escala do multímetro para
200mA. Após o circuito ter sido montado deve-se conectar o segundo multímetro que fará as
medidas de tensão da seguinte forma, o terminal da tensão deste segundo multímetro deve
estar conectado a uma entrada do resistor e o terminal comum à outra entrada do resitor,
para ser feita a medida da tensão elétrica que passa pelo resistor, e por fim ajusta-se o fundo
de escala do segundo multímetro para 20V.
Para a coleta de dados será ajustado a fonte de tensão em, inicialmente, 1V, e feito um
acréscimo de 1V, até que alcance 12V, e em cada medida da diferença de potencial é coletado
o valor da corrente elétrica passando pelo resistor de 470Ω. Depois é feito o mesmo
procedimento trocando o resistor de 470Ω pela lâmpada de 12V. Os dados coletados podem
ser observados nas tabelas da figura 3 a seguir, juntamente com os erros de desvio atribuídos
a cada medida, conforme as equações (3), (4) e (5) retiradas do manual do multímetro na
figura 4, também a seguir:

∆𝑉 = ±(0,5% ∙ 𝑉𝑚 + 3𝑑) (3)


∆𝐴 = ±(0,8% ∙ 𝐼𝑚 + 4𝑑) (4)
∆𝐴 = ±(1,2% ∙ 𝐼𝑚 + 4𝑑) (5)
RESISTOR 470Ω LÂMPADA 12V
Tensão(V) Fundo de Escala Desvio(V) Corrente(mA) Fundo de Escala Desvio(mA) Tensão(V) Fundo de Escala Desvio(V) Corrente(mA) Fundo de Escala Desvio(mA)
1,009 2V 0,008 2,13 20mA 0,02 1,002 2V 0,008 24,2 200mA 0,3
1,99 20V 0,04 4,27 20mA 0,03 2,00 20V 0,04 36,2 200mA 0,4
3,03 20V 0,05 6,49 20mA 0,05 3,00 20V 0,05 45,8 200mA 0,6
4,02 20V 0,05 8,60 20mA 0,07 4,00 20V 0,05 54,1 200mA 0,6
5,01 20V 0,06 10,74 20mA 0,09 5,03 20V 0,06 61,9 200mA 0,7
6,01 20V 0,06 12,88 20mA 0,10 6,01 20V 0,06 68,5 200mA 0,8
7,00 20V 0,07 15,00 20mA 0,12 7,00 20V 0,07 75,2 200mA 0,9
8,02 20V 0,07 17,18 20mA 0,14 8,00 20V 0,07 81,5 200mA 1,0
9,03 20V 0,07 19,34 20mA 0,15 9,00 20V 0,08 87,2 200mA 1,0
10,01 20V 0,08 21,4 200mA 0,30 10,01 20V 0,08 92,8 200mA 1,1
11,00 20V 0,09 23,5 200mA 0,30 11,04 20V 0,09 98,2 200mA 1,2
12,04 20V 0,09 25,7 200mA 0,30 11,80 20V 0,09 102,0 200mA 1,2
Figura 3

Figura4
4. Tratamento dos dados
4.1. Resistor Linear
Como observado na tabela dos dados do resistor, os dados aparentam ser lineares,
podemos assim fazem um gráfico plotando os dados da corrente elétrica em função da
tensão conforme a figura 5 abaixo:

Gráfico da Tensão x Corrente - Resistor y = 2,1366x + 0,0176


30,00
25,00
Corrente (mA)

20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
0,000 2,000 4,000 6,000 8,000 10,000 12,000 14,000
Tensão (V)

Figura 5
Utilizamos o software Excel para fazer gráfico, e utilizando a ferramenta de regressão
linear o software já proporciona a equação da reta (y=Ax+B) com seus respectivos parâmetros
A e B:
𝑉 1
𝑖= ; 𝑦 = 𝑖 ; 𝑥 = 𝑉; 𝐴 = ; 𝐵 = 0; 𝑦 = 2,1366. 10−3 𝑥 + 0,0176. 10−3
𝑅 𝑅
Porém, apesar do B ser próximo de zero, sabemos que ele é exatamente igual a zero,
portanto iremos determinar a reta y com seu parâmetro A da maneira tradicional, utilizando
dois pontos do gráfico, P1(7,00 (V); 15,0 (mA)) e P2(10,50 (V); 22,5 (mA)) pertencentes a reta:

𝛥𝑦 (22,5 − 15,0).10−3 1 1
𝐴= = = 2,143. 10−3 = ; 𝑅= = 466,7𝛺
𝛥𝑥 10,50 − 7,00 𝑅 2,143. 10−3
𝑦 = 2,143. 10−3 𝑥
Portanto, determinamos o valor do parâmetro A mais aproximado, e com ele foi
possível determinar a resistência do dispositivo utilizado, muito próxima da resistência
original que o dispositivo indica. Agora devemos calcular o erro dessa medida da resistência
da seguinte forma utilizando a equação (6):
1
∆𝑅 = (𝐼₂−𝐼₁) [(∆𝑉₂ + ∆𝑉₁) + 𝑅(∆𝐼₂ + ∆𝐼₁)] (6)

1
∆𝑅 = [(0,04 + 0,08) + 466,7(0,04 + 0,3).10−3 ] = 37,1Ω
(22,5 − 15,0). 10−3
𝑅 = (467 ± 37)Ω ; 𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑑𝑒 8%
4.2. Resistor não linear – lâmpada 12V.
Agora utilizando os dados referentes aos valores da corrente passando pela lâmpada de
12V, podem montar o gráfico da figura 6 abaixo, que se pode perceber que não é linear
como o anterior:

Gráfico da Tensão x Corrente Lâmpada 12V


120,0

100,0
Corrente (mA)

80,0

60,0

40,0

20,0

0,0
0,000 2,000 4,000 6,000 8,000 10,000 12,000 14,000
Tensão (V)

Figura 6
Analisando a curva sabem que se trata de um resistor não linear. Portanto devemos
linearizar essa curva utilizando a equação 7 a seguir:
𝐼(𝑉) = 𝑘. 𝑉 𝑟 (7)
Onde k e r serão as constantes que devemos determinar, o primeiro passo para a
linearização é aplicar o logaritmo dos dois lados da igualdade para podermos tirar a
influência de potenciação da equação, e em seguida podemos comparar os termos da nova
equação com os termos de um reta (y=Ax+B):
𝑙𝑜𝑔(𝐼) = 𝑙𝑜𝑔(𝑘. 𝑉 𝑟 ) = 𝑙𝑜𝑔(𝑘) + 𝑙𝑜𝑔(𝑉 𝑟 ) = 𝑙𝑜𝑔(𝑘) + 𝑟. 𝑙𝑜𝑔(𝑉)
𝑦 = 𝑙𝑜𝑔(𝐼) ; 𝐵 = 𝑙𝑜𝑔(𝑘) ; 𝐴 = 𝑟 ; 𝑥 = 𝑙𝑜𝑔(𝑉)
Portanto aplicando o log nos valores da corrente e da tensão obtidos experimentalmente,
podemos obter os dados ta tabela da figura 7 a seguir, e com estes plotar o gráfico linearizado
juntamente com a equação da reta a partir da regressão linear do Excel, na figura 8:
LÂMPADA 12V
log(Tensão(V)) log(Corrente(mA))
Gráfico linearizado - Lâmpada 12V y = 0,5842x + 1,3825
0,001 1,384 2,500
0,301 1,559
2,000
0,477 1,661
0,602 1,733 1,500

log(I)
0,702 1,792
0,779 1,836 1,000
0,845 1,876
0,903 1,911 0,500

0,954 1,941
0,000
1,000 1,968 0,000 0,200 0,400 0,600 0,800 1,000 1,200
1,043 1,992 log(V)
1,072 2,009
Figura 7 Figura 8

E com a equação determinada pelo Excel no gráfico da figura 8, que será a equação 8, já
podemos retirar os valores dos elementos da nossa reta y=Ax+B e com eles determinar os
valores de k e r:
𝑦 = 0,5842. 𝑥 + 1,3825 (8)
𝑦 = 𝑙𝑜𝑔(𝐼); 𝐵 = 𝑙𝑜𝑔(𝑘); 𝐴 = 𝑟; 𝑥 = 𝑙𝑜𝑔(𝑉)
𝐵 = 𝑙𝑜𝑔(𝑘) = 1,3825 − − − −> 𝑘 = 101,3825 = 24,1 𝐴/𝑉
𝐴 = 𝑟 = 0,5842
Agora de maneira tradicional podemos selecionar dois pontos da reta formada no gráfico,
P1(1,259V ; 27,6mA) e P2(3,16V; 47,3mA), e com eles determinar o valor de r já que será o
mesmo valor de A. E para determinar o k utilizaremos mais um ponto da reta, P3(6,31V ;
70,8mA).
47,3
𝑙𝑜𝑔(𝐼 2 ) − 𝑙𝑜𝑔(𝐼1 ) 𝑙𝑜𝑔 (27,6)
𝐴=𝑟= = = 0,688
𝑙𝑜𝑔(𝑉 2 ) − 𝑙𝑜𝑔(𝑉 1 ) 𝑙𝑜𝑔 ( 3,16 )
1,259
𝐼₃ 70,8. 10−3 𝐴
𝑘= = 0,688
= 19,9𝑚
𝑉₃ 6,31 𝑉
Os valores chegaram próximos dos valores determinados pelo Excel. Portanto, a equação7
pode ser escrita da seguinte forma:
𝐼(𝑉) = (19,9). 𝑉 0,688 (7)
5. DISCUSSÃO
5.1. MEDIDA DA RESISTÊNCIA ELÉTRICA DE UM RESISTOR LINEAR
O valor do erro relativo do resistor linear pode ser determinado a partir da equação 9 a
seguir:
𝛥𝑅 16
𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑅𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 = = 467 = 0,034 = 3,4% (9)
𝑅

E o erro experimental a partir da equação 10 se seguir:


|𝑅ₒ−𝑅ₑ| |470 − 467|
𝐸𝑟𝑟𝑜 𝐸𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 = = . 100 = 0,64% (10)
𝑅ₒ 470

Pode-se notar que o erro é bem baixo, o que indica que os dados foram bem coletados e
as medidas bem feitas.

6. CONCLUSÃO
Pelos resultados obtidos, podemos concluir que o experimento ocorreu bem,
principalmente devido ao baixo valor para o erro, e com o experimento foi possível
identificar algumas das diferenças entre um resistor linear e um não linear, assim como
seus efeitos práticos em relação ao funcionamento relativo às correntes e tensão,
assim como a dissipação de energia que acontece em um sistema como estes, nesse
caso na dissipação de energia por calor, na lâmpada de 12V, assim como na maioria
dos equipamentos eletrônicos.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Apostila de Física Experimental – CCT-UDESC.

ICEL MANAUS. Manual de instruções do multímetro digital modelo MD-6111. 2016. 20 p.

RESNICK, Robert; HALLIDAY, David; WALKER, Jearl. Fundamentos de física. Grupo Patria
Cultural SA DE CV, 2001.

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